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BIOSSEGURANÇA

Definição: são normas e medidas preventivas para reduzir o risco de transmissão de


doenças infectocontagiosas relacionadas com o trabalho do emergencista no que se
refere à saúde e à segurança.

• NR 6: Regulamenta os Equipamentos de Proteção Individual (EPI).

➢ Estabelece as diretrizes básicas sobre os EPIs: classificação, tipos,


responsabilidades do empregador e do empregado, procedimentos,
capacitação etc.
➢ Todo dispositivo de uso individual destinado a proteger a saúde e a
integridade física do trabalhador.

• Os principais EPIs preconizados para o atendimento pré-hospitalar são:

➢ Capacete;

➢ Óculos de proteção;

➢ Máscara facial;

➢ Luvas;

➢ Avental;

➢ Farda Operacional

Classificação dos Riscos Ambientais:

1. Físicos

2. Químicos

3. Ergonômicos

4. Psicossociais

5. Radiológicos

6. Biológicos
Físicos

• Ruídos, vibrações, pressões anormais, radiações ionizantes ou não, ultra e


infra-som (NR 09 e 15).

Químicos

• Substâncias, compostos ou produtos que podem penetrar no organismo por via


respiratória, absorvidos pela pele ou por ingestão, na forma de gases, vapores,
neblinas, poeiras ou fumos (NR 09, 15 e 32).

Ergonômicos

• São elementos físicos e organizacionais que interferem no conforto da


atividade laboral e consequentemente, nas características psicofisiológicas do
trabalhador (NR 17).

Psicossociais

• Características do trabalho que funcionam como “estressores” ou seja,


implicam em grandes exigências no trabalho, combinadas com recursos
insuficientes.

Radiológico

• Os compostos radioativos não podem ser vistos e são isentos de cheiro, não
se manifestando os seus efeitos de imediato.

Biológico

• Caracterizado pela contaminação por bactérias, fungos, bacilos, parasitas,


protozoários, vírus etc. (NR 09).

Doenças Infectocontagiosas

• Definição: São enfermidades causadas por micro-organismos (vírus,


bactérias, fungos ou protozoários – os chamados parasitas), que são
transmitidos a outra pessoa através da água, alimentos, ar, sangue, fezes,
fluidos corporais (saliva, muco ou vômito), pela picada de insetos
transmissores de doenças ou, ainda, através de objetos contaminados (roupas,
equipamentos, etc.)

• Principais doenças transmissíveis no APH:

➢ Vias aéreas: tuberculose, rubéola, sarampo, influenza, viroses respiratórias,


meningite.

➢ Exposição ao sangue e fluidos orgânicos : HIV, hepatite B (inflamação do


fígado de forma aguda, crônica e persistente) e hepatite C (inflamação do
fígado na sua forma mais branda/leve).

➢ Transmissão fecal-oral: hepatite A (inflamação do fígado na sua fase


intermediária), poliomielite, gastroenterite, cólera.

➢ Contato com o paciente: contato com pele com dermatite ou feridas


abertas.

• Principais meios de contágio das doenças infectocontagiosas na atividade de


atendimento pré-hospitalar:

➢ Contaminação das mãos do socorrista no contato indireto por rádio de


comunicação, maçanetas, alça de mochila de aph, puxadores de portas,
macas;

➢ Exposição direta dos olhos, boca e mãos do socorrista às secreções


eliminadas pela vítima;

➢ Inalação de vírus e bactérias no ambiente onde a vítima se encontra;

➢ Acidente com perfuro-cortante no interior de viatura de Resgate;

➢ Inobservância de normas de biossegurança durante o próprio processo de


descontaminação dos materiais.

Condutas para reduzir o risco de contaminação :

• A PREVENÇÃO da exposição ao sangue ou a outros materiais biológicos ;

• Ter a máxima atenção durante a realização dos procedimentos;


• Ações educativas permanentes e medidas de proteção individual e coletiva são
fundamentais;

• Manter a vacinação em dia – programas de imunização;

Higienização das Mãos

❑ Objetivo: evitar a propagação de microorganismos de um indivíduo para outro,


através das mãos, removendo os microrganismos que colonizam as camadas
superficiais da pele, assim como o suor, a oleosidade e as células mortas,
retirando a sujidade propícia à permanência e à proliferação de
microrganismos.

❑ Materiais necessários: pia comum com torneira (preferência - com sensor


ou acionamento tipo pedal ou similar), sabão liquido, toalha de papel.

• Agir diretamente na flora transitória, localizada na superfície da pele, que é


formada por microrganismos que adquirimos no contato com o ambiente.

• Antes de iniciar a lavagem das mãos, devem ser retirados objetos como anéis,
pulseiras e relógio de punho, pois sob tais objetos podem acumular
microrganismos;

• Após o processo enxaguar as mãos em água corrente, mas posicioná-las sob a


torneira com os dedos voltados para cima, de modo que a água escorra das
mãos para os punhos;

• No caso de torneiras com contato manual para fechamento, sempre utilize


papel-toalha.

• O uso coletivo de toalhas de tecido é contra-indicado, pois estas permanecem


úmidas, favorecendo a proliferação bacteriana.

Higienização Antisséptica das Mãos

• Antisséptico degermante: sabão líquido contendo um agente antisséptico em


sua formulação; se destina à degermação (redução considerável da carga
microbiana) da pele. Exemplo: Clorexidina degermante a 4%; Povidine Tópico
(PvPi).
• Agir na flora residente , que é formada por micro-organismos que vivem e se
multiplicam em camadas profundas da pele, e que não são retiradas com a
lavagem básica das mãos;

• A técnica de higienização antisséptica é igual àquela utilizada para


higienização simples das mãos, substituindo o sabão por um antisséptico.

Higienização Antisséptica das Mãos com Preparações Alcoólicas

• Reduzir a carga microbiana das mãos (não há remoção de sujidades);

• Pode substituir a higienização com água e sabão quando as mãos não


estiverem visivelmente sujas;

• Realizar antes e depois de tocar o paciente;

• Após remover as luvas;

• Depois de higienizar as mãos com preparação alcoólica, deixe que elas


sequem completamente (sem utilização de papel-toalha).

LIMPEZA E DESINFECÇÃO DE VIATURAS E ARTIGOS

ARTIGOS

• Compreendem instrumentos de natureza diversa (tesouras, cânulas


orofaríngeas, pranchas curtas etc.). São classificados quanto ao potencial de
transmissão de infecção para o paciente em: críticos, semicríticos e não-
críticos.

• São divididos em três classes:

1. Artigos críticos:
São instrumentos ou objetos utilizados em intervenções invasivas, que
irão penetrar nos tecidos epiteliais, sistema vascular. Estes materiais
devem ser esterilizados.

Ex: Bisturi, agulhas, instrumentos cirúrgicos, mangueira para aspiração,


etc.
2. Artigos semicríticos:
São todos os artigos ou objetos que entram em contato com a pele não-íntegra
ou com mucosa íntegra. Estes materiais devem ser desinfectados ou
esterilizados, de acordo com seu uso.
Ex: Cânulas orofaríngeas, máscara de O2 etc, * colar cervical com sangue ou
outros fluídos corpóreos .

3. Artigos não – críticos:


São todos os artigos ou objetos que entram em contato com a pele íntegra e os
que não entram em contato com o paciente. Estes artigos devem ser
limpos e desinfetados.
Ex: *Colar cervical, termômetro, estetoscópio, luvas de raspa, bolsa de aph,
etc.

Processamento de Materiais:

* Descontaminação Prévia:

Objetivo:

✓ proteger as pessoas que irão proceder à limpeza desses artigos;

✓ reduzir a carga biológica, tornando a limpeza, desinfecção e esterilização mais


fáceis e menos dispendiosas;

• Processo químico:

✓ Aplicação de hipoclorito de sódio 1% nos locais onde existir sangue e


secreções, deixando agir por dez minutos;

✓ Antes de iniciar o processo de limpeza em artigos contaminados por matéria


orgânica (sangue, pus, secreções corpóreas) para a destruição de
microorganismos patogênicos ou não na forma vegetativa (não esporulada).
1) Limpeza:

• Consiste na lavagem, enxágue e secagem do material, tendo por objetivo


remover totalmente a matéria orgânica dos artigos, com utilização de soluções
como detergentes enzimáticos ou detergentes químicos.

• Para este procedimento são utilizadas água, detergente enzimático (sobre a


matéria orgânica, a degrada e dissolve em poucos minutos) ,
detergentes/sabão líquido, ou desincrustantes (água oxigenada).

• No CBMES utiliza-se usualmente o processo manual com o auxílio de panos ,


escovas, detergentes/sabão líquido e água corrente.

2) Desinfecção:

• É o processo de destruição ou inativação de microorganismos na forma


vegetativa (não-esporulada), com o objetivo de evitar que a próxima pessoa ao
utilizar o material seja contaminada, oferecendo segurança ao usuário. O artigo
deve estar totalmente seco antes de se iniciar o processo, independente de
qual processo seja.

• Para este procedimento são utilizadas soluções de hipoclorito de sódio a 1%


ou álcool a 70%.

• Processo Químico :

➢ Deixar o material imerso em um balde opaco e com tampa, com


hipoclorito a 1% por exatamente 30 minutos. É necessário enxaguar
abundantemente após o período de imersão, para que o material não
seja danificado.
➢ Em se tratando de superfície, é necessário que a desinfecção seja feita
com álcool 70%, em aplicação unidirecional, com uma repetição de três
aplicações, intercaladas por secagem completa.
3) Esterilização:

• É o procedimento utilizado para a destruição de todas as formas de vida


microbiana – vegetativa e esporulada - isto é, bactérias, fungos, vírus,
protozoários e esporos, com o objetivo de evitar que os usuários sejam
contaminados quando submetidos ao uso de algum material.
• processos químicos (soluções esterelizantes – formaldeído 38%);

• físicos (calor - autoclave);

• químico-físicos autorizados no Brasil, mas estes devem ser realizados em


Centro de Material Esterilizado (CME).

• Produtos Utilizados para limpeza e Desinfecção:

A. Detergentes Comuns/Sabão Líquido – Neutro

➢ São utilizados para limpeza de materiais, superfícies e para lavagem das


mãos;

➢ Facilitam a penetração nos artigos, auxiliando a remove-los;

➢ Sua fórmula é específica para isso, conservando os instrumentais e


artigos por muito mais tempo.

➢ Após sua utilização, remover completamente o detergente em água


corrente.

B. Hipoclorito De Sódio

➢ É usada como desinfetante e como agente alvejante, utilizado nos


processos de descontaminação prévia e desinfecção dos materiais.
Eficaz contra diversas bactérias e alguns vírus.

➢ É o desinfetante mais amplamente utilizado. Apresenta ação rápida e


baixo custo.

➢ Para a desinfecção de equipamentos e superfícies contaminados com


material biológico, utiliza-se soluções de hipoclorito de sódio de 1% de
cloro ativo estável.

➢ Remoção do excesso de matéria orgânica.

➢ A solução é corrosiva e, após seu uso, precisa ser completamente


removida.

➢ O uso de hipoclorito de sódio não é recomendado em metais, devido à


sua ação corrosiva.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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