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Manual de Biossegurança em Estética

A biossegurança em estética requer atenção e consciência para ações de


prevenção de doenças no ambiente de trabalho. Diante de uma realidade onde o
mercado de clínicas de estética e os salões de beleza não para de crescer, devemos
redobrar a atenção e cuidado neste sentido. De acordo com informações da
Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos
(Abihpec), o Brasil é o terceiro maior mercado de beleza, atrás apenas dos Estados
Unidos e Japão. O significado etimológico da palavra Biossegurança é Vida e
Segurança. A Biossegurança em Estética consiste em ações voltadas a prevenção de
doenças neste ambiente de trabalho. Na relação entre profissional e cliente existem
riscos, pela proximidade e contato físico que muitas vezes são necessários para os
tratamentos – como a limpeza de pele. De acordo com normas da Centro de Vigilância
Sanitária do Estado de São Paulo, os profissionais que atuam na área de estética e
beleza devem fazer uso de equipamentos de proteção individual durante
procedimentos de: manicure, pedicure, podologia, depilação, limpeza de pele, corte de
cabelo, retirada de barba, aplicação de produtos químicos pois ficam expostos a
patógenos causadores de doenças, entre elas, hepatite B e C, herpes, gripe,
tuberculose, micoses, AIDS e também a produtos que exalam odores tóxicos e que
podem causar doenças.

NORMAS E CUIDADOS NO LOCAL DE TRABALHO


A limpeza e desinfecção do ambiente devem ser diárias, alternando os
produtos utilizados para que os microrganismos não se proliferem e desenvolvam
resistência. Cada estabelecimento de beleza deve elaborar e implantar seu próprio
plano de limpeza e desinfecção do ambiente, adequando os processos e produtos
químicos de sua realidade. Infelizmente, muitas vezes, o profissional de beleza está tão
sobrecarregado ou desconhece as normas de higiene, que não faz medidas básicas,
como limpar o ambiente de trabalho, fazer esterilização dos instrumentos, utilizar
descartáveis e fazer a higienização das mãos. Todo estabelecimento deve respeitar e
se adequar à legislação sanitária vigente. De acordo com o decreto no 23.915 da
COVISA (Vigilância Sanitária Municipal), os profissionais de beleza deve seguir as
seguintes normas sanitárias:

Possuir paredes e pisos lisos e impermeáveis para não acumular


microorganismos, poeira ou resquícios de secreções;
Deve ter: lixeira de pedal com saco plástico para descarte de material
contaminado, lavatório com sabonete líquido e papel toalha.
Maca com superfície lisa ou lavável, forrada de lençol TNT ou papel branco
(resistente). Todos descartáveis devem ser trocados a cada cliente.
Mesa auxiliar (carrinho) com superfície lisa e lavável, para acomodar bandeja
forrada com papel toalha para os materiais de uso;
Touca e faixas devem ser descartáveis;
Utilizar instrumentos esterilizados ou descartáveis.
Na cabine de estética ou na clínica, a esteticista deve estar atenta para
higienização de materiais.
CUIDADOS COM TOALHAS E LENÇÓIS DE TECIDO
As toalhas e lençóis de tecido devem estar limpas, podendo ser lavadas em
lavanderia ou de forma doméstica, com água e sabão. Na primeira lavagem, deve-se
deixar por 10 minutos em solução com água sanitária na proporção de 200 ml para 20
L de água ou realizar a última lavagem em ácido peracético a 0,03% e passadas a ferro
quente. Ao serem guardados, as toalhas e lençóis de tecido devem ficar de forma
organizada em local limpo, seco e arejado (o ideal é embalar individualmente em saco
plástico e selar).

ANTES DOS TRATAMENTOS, O PROFISSIONAL DEVE:


Encapar as abas do carrinho de auxílio e lupa com filme plástico. Estes devem
ser trocados a cada cliente.
Lavar as próprias mãos adequadamente antes de atender o cliente.
Fazer anti-sepsia das mãos do cliente antes do procedimento para evitar
infecções.
Quando for necessário o uso de luvas, usar as descartáveis e retirá-las somente
quando concluir o serviço.
ATENÇÃO: Para cada cliente, as toalhas e lençóis devem ser de uso exclusivo
para aquela pessoa durante o atendimento. Não pode usar a mesma toalha ou o
mesmo lençol em dois clientes. Ao final do atendimento o profissional deve lavar as
mãos e jogar no lixo os materiais descartáveis ou de uso único (como a espátula
descartável). No caso do uso de agulhas, utilizadas em limpeza de pele, as mesmas
devem ser descartadas em caixa Descarpack.

Antes de atender novo cliente, a esteticista deve realizar assepsia dos


equipamentos e acessórios, conforme orientação do fabricante.
Para instrumentos que tenham contato com sangue ou secreções como cureta ou
pinça, é preciso fazer a descontaminação por esterilização.
Lavar e desinfetar as cubetas e outros itens reutilizáveis.

PROTEÇÃO INDIVIDUAL DO PROFISSIONAL


As medidas de segurança vão desde o uso de luvas – fundamental caso haja
contato com sangue, fluídos corpóreos, pele não íntegra e também para manuseios de
materiais ou superfícies sujas com sangue e fluídos, independente do diagnóstico do
cliente (ANVISA, 2000); além de óculos, avental, touca e principalmente a higiene das
mãos. Um ambiente limpo e organizado, mesmo em instalações físicas simples,
proporciona o bem estar tanto para o cliente quanto para a equipe de trabalho. Alguns
equipamentos de Proteção Individual são imprescindíveis para prevenção de
contaminação por microrganismos:

luvas descartáveis (devem ser retiradas após a conclusão de serviço)


máscara descartável
touca descartável
jaleco de tecido resistente.
HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS
A higienização das mãos é a medida individual mais simples para prevenir a
propagação de infecções relacionadas à saúde. Antes chamada de “lavagem das
mãos”, foi substituída pelo termo “higienização” por ser mais abrangente. Trata-se do
ato de higienizar as mãos com água e sabão, visando a remoção de bactérias
transitórias ou residentes, como também células escamativas, pelo suor, sujidade e
oleosidade da pele (APEHIC, 2003) Esta prática evita transmissão de doenças e
possíveis patógenos. De acordo com o Manual Higienização das Mãos em Serviços de
Saúde da ANVISA, publicado em 2007, as mãos constituem a principal via de
transmissão de microorganismos durante a assistência prestada aos pacientes, pois a
pele é um possível reservatório de diversos microorganismos, que podem se transferir
de uma superfície a outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto,
através de contato com objetos e superfícies contaminados. Higienizar as mãos
previne e reduz infecções causadas pelas transmissões cruzadas. As técnicas de
higienização das mãos podem variar, dependendo do objetivo ao qual se destinam.

PASSO A PASSO DE COMO HIGIENIZAR CORRETAMENTE AS MÃOS


O profissional deve retirar anéis, pulseiras e relógio, pois sob tais objetos
podem acumular-se microorganismos. A finalidade da higienização simples das mãos é
remover os microorganismos que colonizam as camadas superficiais da pele e retirar a
sujidade propícia à permanências e proliferação destes microorganismos. O
procedimento deve ter duração de 40 a 60 segundos. Algumas ações são importantes:
no caso de contato com as torneiras, o contato manual para fechamento deve ser
realizado com papel toalha. O local necessita ter papel toalha – pois o uso coletivo de
toalhas de tecido é contra-indicado pois permanecem úmidas, favorecendo a
proliferação bacteriana. E deve-se evitar água muito quente ou muito fria para
prevenir o ressecamento da pele.
- Abrir a torneira e molhas as mãos, evitando encostar na pia
- Aplicar na palma da mão quantidade suficiente de sabão líquido para cobrir toda
superfície das mãos.
- Ensaboar as palmas das mãos, friccionando-as entre si
- Esfregar a palma da mão direita conta o dorso da mão esquerda entrelaçando os
dedos e vice-versa.
- Entrelaçar os dedos e friccionar os espaços interdigitais
- Esfregar o dorso dos dedos de uma mão com a palma da mão oposta, segurando os
dedos, com movimento de vai-e-vem e vice-versa
- Esfregar o polegar direito com o auxílio da palma da mão esquerda e vice-versa
- Friccionar as polpas digitais e unhas da mão esquerda contra a palma da mão direita,
fazendo um movimento circular e vice-versa
- Friccionar os punhos com movimentos circulares
- Enxaguar as mãos, retirando os resíduos de sabão, no sentido dos dedos para os
punhos. Evitar o contato das mãos com sabão com a torneira.
Secar as mãos em papel toalha

Biossegurança na estética – Faz bem saber:


Limpeza: Remoção física de sujidades com a finalidade de manter o asseio e higiene do
ambiente. A lavagem pode ser com água e sabão ou detergente.
Esterilização: Destruição de todos os tipos de germes através de agentes físicos ou
químicos.
Desinfecção: Remoção de agentes infecciosos, na forma vegetativa, de uma superfície
inerte, mediante a aplicação de agentes químicos ou físicos.
Assepsia: Conjunto de medidas adotadas para impedir a introdução de agentes
patogênicos no organismo.
Antissepsia: Utilização de produtos sobre o tecido vivo (pele) com o objetivo de
reduzir os micro-organismos.

Referências Bibliográficas
Manual de Limpeza de Desinfecção de Superfícies – ANVISA, 2010.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Higienização das Mãos em Serviços


de Saúde. Brasília. ANVISA, 2007.
Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Curso Básico de Controle de Infecção
Hospitalar: caderno C: métodos de proteção anti-infeciosa . Brasília. ANVISA, 2000.

Agência Nacional de Vigilância Sanitária, Higienização das Mãos em Serviços de Saúde.


Brasília. ANVISA, 2007.

Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar. Limpeza,


desinfecção de artigos e áreas hospitalares e antissepsia. São Paulo: APEHIC, 1999.

SCHMIDLIN, K. C. S. Biossegurança na estética: Equipamento de Proteção Individual.


Personalité, n° 44, São Paulo, janeiro 2006, p. 80-101.

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