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Módulo 1 - Introdução à Biossegurança

Rosangela Góes Rabelo


Cirurgiã Dentista. Mestre e Doutora em Odontologia e Saúde pelo Programa de Pós-
Graduação da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia.
Professora nas disciplinas de Farmacoterapia Odontológica e Odontogeriatria da
Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia .
HISTÓRICO SOBRE O CONTROLE DE INFECÇÃO

PRIMÓRDIOS DA HUMANIDADE (EMPIRISMO)

1670 - Antoni van Leeuwemhoek descoberta dos microrganismos com pouca repercussão
1700- Bernardo Ramazzini originou o estudo de riscos biológicos aos profissionais de
saúde.
1830- Surgimento de medidas preventivas para infecções, devido a alta taxa de
mortalidade pós-amputação de pacientes internados.
1914 – Registro da contaminação de um médico no Brasil durante necropsia
1941 – Meyer e Eddie, 74 casos de brucelose associados a laboratório
1949 – Sulkin e Pike, 222 infecções virais
1951 – Sulkin e Pike,1.342 casos: brucelose mais freqüente e tuberculose, tifo, infecção
estreptocócica
Ignez Semmelweis Florence Nightingale

http://coc.fiocruz.br-ignaz-semmelweis; https://www.ebiografia.com/florence_nightingale/
 1864- Pasteur - Ciclo de Pasteur, Início da “Era Bacteriológica”
 1867- Joseph Lister tratou ferimentos cirúrgicos com fenol. Cirurgia antisséptica
 1876- Robert Koch descreveu o postulado de Koch.
 1960- Formação das primeiras diretrizes de Biossegurança, elaboradas pelo Center for
Diseases Control (CDC) e National Institute of Health (NIH).
 1967 - Hanson e colaboradores relataram 428 casos patentes de infecções de arbovírus
associados a laboratório
 1976- Incorporação dessas diretrizes pela comunidade científica brasileira.
 1988- Divulgação da primeira legislação de Biossegurança Brasileira.

Https://sites.Usp.Br/nepeciss/biosseguranca-em-laboratorios-de-microbiologia-histórico; FURTADO;SILVA, 2007;RABINOVICK;ARMÔA, 2010.


2005
Lei 1105 de
Biossegurança
CLASSIFICAÇÃO DE RISCOS

BRASIL.ANVISA ,2017
OS RISCOS OCUPACIONAIS, NO AMBIENTE DE TRABALHO
PODEM SER:

• Desconhecidos por desinformação, situação em que o profissional


trabalhador sequer suspeita da sua existência,

• Silenciosos, só se manifestam causando danos em situações de


emergência ou condições de estresse,

• Concretos, conhecidos de todos, porém, sem possibilidade de controle,


dado aos custos que representam para a instituição ou por falta de
vontade política.
Santos JLG, Vieira M, Assuiti LFC, Gomes D, Meirelles BHS, Santos SMA.,2012
OS RISCOS OCUPACIONAIS, NO AMBIENTE DE TRABALHO

Os riscos ocupacionais são associados mais fortemente à doença e morte


entre médicos; perfurocortante e perigo entre enfermeiros;
contaminação, doença, infecção e entre cirurgiões-dentistas.

Acrescento acidentes perfurocortantes a relevância entre os graduandos

Santos JLG, Vieira M, Assuiti LFC, Gomes D, Meirelles BHS, Santos SMA.,2012
RISCOS FÍSICOS

“Riscos provocados por algum tipo de energia”


• Equipamentos que geram calor ou chamas
• Equipamentos de baixa temperatura (frio)
• Radiação:
 Raio X
 Não ionizante

• Pressões anormais
• Umidade
• Ruídos e vibrações
• Campos elétricos
RISCOS QUÍMICOS

• Contaminantes do ar (poeira)
• Fumos, névoas, neblinas, gases, vapores
• Substâncias tóxicas (inalação, absorção ou ingestão)
• Substâncias explosivas e inflamáveis
• Substâncias irritantes e nocivas
• Substâncias oxidantes
• Substâncias corrosivas
• Líquidos voláteis
• Substâncias cancerígenas
• Degermantes: Iodo
RUSSO, E. M. A.,2003
CRITÉRIOS PARA AVALIAÇÃO DE RISCO DOS AGENTES
BIOLÓGICOS
a. Natureza do agente (organismo, partícula, fragmento)
b. Infectividade
c. Patogenicidade
d. Virulência dos agentes biológicos(capacidade de invadir o organismo, multiplicar e
disseminar em determinados sítios de infecção e tecidos do hospedeiro, considerando os
índices de morbi-mortalidade que ele produz)
e. Disponibilidade de medidas terapêuticas e profiláticas eficazes(Vacina, medicamento
especifico)
f. Modo de transmissão ( subsidia medidas de proteção)
g. Estabilidade do agente(manutenção do potencial infectante mesmo em situações adversas
)
h. Origem do material potencialmente patogênico(humana, animal)
i. Dose infectante( quanto do agente infectante é suficiente para fazer adoecer),
j. Manipulação do agente infectante
k. Eliminação do agente patogênico.

Brasil,2017
OS AGENTES BIOLÓGICOS QUE AFETAM O HOMEM EM CLASSES DE RISCO

CLASSE DE RISCO 1 CLASSE DE RISCO 3

Baixo risco individual para o trabalhador, baixo risco Risco individual elevado para o trabalhador, probabilidade

para a coletividade, baixa probabilidade de causar de disseminação para a coletividade, podem causar
infecções graves ao ser humano, e nem sempre existem
doença ao ser humano.
meios eficazes de profilaxia ou tratamento.

CLASSE DE RISCO 2 CLASSE DE RISCO 4


Risco individual elevado para o trabalhador, probabilidade
Risco moderado para o trabalhador, baixa probabilidade
elevada de disseminação para a coletividade, elevado
de disseminação para a coletividade, podem causar poder de transmissibilidade de um indivíduo a outro,
doenças ao ser humano, para as quais existem meios causam doenças graves ao ser humano, para as quais não
eficazes de profilaxia ou tratamento. existem meios eficazes de profilaxia ou tratamento.
CARACTERISTICAS DO TRABALHO DO CD E
DA EQUIPE DE SAÚDE BUCAL

• Proximidade com o paciente


• Trabalho na cavidade oral
• Diversidade da microbiota
• Manipulação de instrumentos perfurocortantes
• Utilização de instrumentos geradores de aerossois
MODOS DE TRANSMISSÃO DE UM AGENTE INFECCIOSO

TRANSMISSÃO DIRETA

É a transferência imediata do agente infeccioso de um hospedeiro ou reservatório


para uma porta de entrada através da qual a infecção poderá ocorrer.

• Toque social (aperto de mãos, beijo, abraço)


• Relação sexual
• Outros contatos (durante o parto, procedimentos médicos e odontológicos,
drogadição)
• Amamentação
• Aérea, curta distância (via gotículas, tosse, espirro, aerossóis )
• Transfusão (sangue)
• Transplacentária

Bonita, R.,2010
MODOS DE TRANSMISSÃO DE UM AGENTE INFECCIOSO

TRANSMISSÃO INDIRETA
• Veículos (alimentos contaminados, água, tecidos, vestuário,
instrumentais, utensílios, superfícies);
• Vetores (insetos, animais);
• Aérea, longa distância (poeira, gotículas, aerossóis);
• Parenteral (injeção com seringas contaminadas).

Bonita, R.,2010; https://www.abc.med.br


SARS-CoV e o MERS-CoV.

 Aço - a 21°C - 5 dias


 Alumínio - a 21°C - 4 a 8 horas
 Vidro - a 21°C - 5 dias
 Plástico - temperatura ambiente -
2 a 6 dias
 PVC - a 21°C - 5 dias
 Borracha de silicone - a 21°C - 5
dias
 Luva de látex - a 21°C - 8 horas

Universidade de Medicina de Greifswald, na Alemanha,2020.


ERGONÔMICOS

“Elementos físicos e organizacionais do ambiente de trabalho que interferem no


conforto e saúde”

• Postura inadequada no trabalho


• Iluminação e ventilação inadequadas
• Jornada de trabalho prolongada, monotonia
• Esforços físicos intensos repetitivos
• Assédio moral (efeito psicológico)
• Lesões: calor localizado, choques, dores, dormência,
formigamentos, fisgadas, inchaços, pele avermelhada, e perda
de força muscular.

• Mobiliário e equipamentos impróprios


• Condições ambientais dos postos de trabalho
• Organização do trabalho

ANVISA,2018
CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS DOS CIRURGIÕES DENTISTAS

• de dedos, limagem de conduto


• de dedos e punhos, preparação cavitária
• de dedos, punhos e cotovelos, para pegar pontas no equipo
• de todo o braço para abrir gavetas além do circulo funcional,
movimentos do corpo em torção.

BARROS,1991
A EQUIPE E O TRABALHO A 4 MÃOS

• Maior rendimento possível de trabalho dentro de um período de tempo


• Menor exposição a lesões
• Racionaliza o trabalho

• Elimina manobras não produtivas


• Produz mais e melhor
• Proporcionar maior conforto e segurança ao paciente
• Reduz o estresse físico e cognitivo
• Minimiza o risco de desenvolver LER/Dort

FINKBEINER, B.L,2000;MEDEIROS, Urubatan Vieira de & SEGATTO, Giane Ghisleni,2012


ANVISA,2018
BASE CONCEITUAL DA BIOSSEGURANÇA
HISTÓRICO SOBRE O CONTROLE DE INFECÇÃO

Biossegurança é um termo construído na década de 1970 na Califórnia, EUA, em uma


reunião científica, que deu início à discussão sobre o impacto da engenharia genética na
sociedade.

É compreendida pela “condição de segurança alcançada por um


conjunto de ações destinadas a prevenir, controlar, reduzir ou
eliminar riscos inerentes às atividades que possam comprometer a
saúde humana, animal e o meio ambiente”
BRASIL, 2010.
CONHECENDO A LEGISLAÇÃO
• Constituição Federal 1988
• Lei nº 8.080 de 19/09/90 – Lei Orgânica da Saúde.
• Lei Federal nº 8078 de 11/09/90 - Sobre o Código de proteção e defesa do
consumidor.
• A Lei nº 8.142/1990 dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema
Único de Saúde (SUS) e sobre as transferências intergovernamentais
• Resolução RDC nº 307, de 14/11/2002– Altera RDC 50, de 21/02/2002.
• Norma Regulamentadora nº 32
• RDC Nº 222/2018 COMENTADA GERENCIA DE REGULAMENTAÇÃO E CONTROLE
SANITÁRIO EM SERVIÇOS DE SAÚDE - GRECS/GERENCIA GERAL DE TECNOLOGIA
EM SERVIÇOS DE SAÚDE - GGTES/ANVISA. Revogada a RDC 306/2004.
CONHECENDO A LEGISLAÇÃO

• RDC 330/2019 (sendo acompanhada também por Instruções Normativas- IN nº 56/2019 de 20


de dezembro de 2019, referente a Radiologia Odontológica Extra - Oral e a IN nº 57 de 20 de
dezembro de 2019, que versa sobre a Radiologia Odontológica Intra Oral). Revogada a Portaria
453

• RDC nº 36, DE 25 DE JULHO DE 2013.Segurança do paciente em serviços de saúde

• http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/anvisa

• Anvisa. Cartilha de Proteção Respiratória contra Agentes Biológicos para Trabalhadores de


Saúde

• NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA nº 06/2020 ORIENTAÇÕES PARA A PREVENÇÃO E O


CONTROLE DAS INFECÇÕES PELO NOVO CORONAVÍRUS (sars-cov-2) EM PROCEDIMENTOS
CIRÚRGICOS (COMPLEMENTAR À NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA nº 04/2020)
CONHECENDO A LEGISLAÇÃO

• NORMA REGULAMENTADORA n° 32 do Ministério do Trabalho e Emprego;


• NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 04/2020;
• NOTA TÉCNICA Nº 12/2020/SEI/GGTES/DIRE1/ANVISA (Reprocessamento de
EPIs);
• NOTA TÉCNICA GVIMS/GGTES/ANVISA Nº 07/2020 - ORIENTAÇÕES PARA A
PREVENÇÃO DA TRANSMISSÃO DE COVID-19 DENTRO DOS SERVIÇOS DE
SAÚDE;
• NOTA TÉCNICA Nº 173/2020/SEI/GRECS/GGTES/DIRE1/ANVISA Esclarecimentos
sobre a reabertura de clínicas odontológicas;
• NOTA TÉCNICA Nº 18/2020-CGSB/DESF/SAPS/MS –(CEOs e LRPD);
• NOTA INFORMATIVA Nº 1/2020-CGSB/DESF/SAPS/MS “COLETA DE SWAB POR
CIRURGIÕES-DENTISTAS NO SUS”.

BRASIL, 2005
CONHECENDO A LEGISLAÇÃO
Biossegurança é consciência sanitária

Obrigada!
REFERÊNCIAS

NORMA ABNT 2010 ICS ISBN 978-85-07-Número de referência 13 páginas 13697 Equipamento de proteção respiratória —
Filtros para partículas Respiratory protective devices — Particle fi lters 2ª Edição 2010

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos. Departamento do Complexo Industrial e
Inovação em Saúde. Classifcação de risco dos agentes biológicos / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência, Tecnologia e
Insumos Estratégicos, Departamento do Complexo Industrial e Inovação em Saúde. – 3. ed. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017
48 p.

Bonita, R.Epidemiologia básica / R. Bonita, R. Beaglehole, T. Kjellström; [tradução e revisão científica Juraci A. Cesar]. - 2.ed. -
São Paulo, Santos. 2010

Santos JLG, Vieira M, Assuiti LFC, Gomes D, Meirelles BHS, Santos SMA. Risco e vulnerabilidade nas práticas dos profissionais de
saúde. Rev. Gaúcha Enferm., Porto Alegre (RS) 2012 jun;33(2):205-212.

Nichiata LYI, Bertolozzi MR, Takahashi RF,Fracolli LA. A utilização do conceito vulnerabilidade pela enfermagem. Rev Latino-Am
Enferm.2008;16(5):923-28.

https://www.abc.med.br/p/sinais.-sintomas-e-
doencas/1366428/quanto+tempo+o+coronavirus+sars+cov+2+permanece+nas+diferentes+superficies.htm

http://coc.fiocruz.br/index.php/pt/todas-as-noticias/1771-ignaz-semmelweis-as-licoes-que-a-historia-da-lavagem-das-maos
ensina.html#.XwYQcChKjIU
Referências

Brasil. Ministério do Trabalho e Emprego. Gabinete do Ministro. Norma Regulamentadora de Segurança e Saúde no Trabalho
em Estabelecimentos de Saúde 32. Portaria nº 485, de 11 de novembro de 2005.

Brasil. Ministério da Saúde. Biossegurança em saúde : prioridades e estratégias de ação / Ministério da Saúde, Organização
Pan-americana da Saúde. – Brasília : Ministério da Saúde, 2010.242 p. : il. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)

Pedro Teixeira, Silvio Valle. Biossegurança: uma abordagem multidisciplinar ISBN: 978-85-7541-202-2. 2ª reimpressão: 2017. 1ª
reimpressão (2ª edição): 2012. 2ª edição (revista e ampliada): 2010. 3ª reimpressão: 2002. 2ª reimpressão: 2000. 1ª reimpressão:
1998 (1ª edição: 1996).

Brasil. Ministério da Saúde. PORTARIA Nº 2.594, DE 1º DE OUTUBRO DE 2019.Dispõe sobre a Comissão de Biossegurança em
Saúde.

RDC nº 50, de 21 de fevereiro de 2002 – projetos físicos de estabelecimentos de saúde

Brasil. Anvisa. Biossegurança e Gerenciamento de Resíduos- Atualização .2018

Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde. Brasília:
Anvisa, 2017.

MEDEIROS, Urubatan Vieira de & SEGATTO, Giane Ghisleni . Lesões por esforços repetitivos (LER) e distúrbios osteomusculares
(Dort) em dentistas Injuries for repetitive strain (RSI) and work related músculos keletal disorders (WRMD) in dentists Rev. bras.
odontol., Rio de Janeiro, v. 69, n. 1, p. 49-54, jan./jun. 2012.

http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/lab_virtual/tipos_de_riscos.html

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