Você está na página 1de 42

m

co
s.

eo

P R O F . B Á R B A R A D ’ A L E G R I A
o
ub
ro
id
é
o

E S TAT Í S T I CA M É D I CA
a
dv
pi

me
MEDICINA PREVENTIVA Prof. Bárbara D’Alegria | Estatística Médica 2

APRESENTAÇÃO:

m
PROF. BÁRBARA

coD’ALEGRIA
s.
Olá, Estrategista! Tudo bem com você? Espero que sim!
Seja muito bem-vindo ao resumo de Estatística Médica!
Esse é um tema que deixa muitas pessoas de “cabelos em pé”,

eo

mas fique calmo! Esse tema não é tão difícil quanto parece! Nas próximas
o

páginas, você encontrará um material muito didático que vai direto ao


ub

ponto! Tudo para ajudá-lo a realizar seu grande sonho de ser R1!
ro

Vamos começar? Vejo você no próximo tópico!


id
é

Um forte abraço,
o

Bárbara D’Alegria.
a
dv
pi

me

@prof.barbaradalegria Estratégia MED

@estrategiamed t.me/estrategiamed

@estrategiamed

/estrategiamed

Estratégia
MED
MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

SUMÁRIO

1.0 ENGENHARIA REVERSA 4


2.0 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEL 5
3.0 NATUREZA DAS VARIÁVEIS 5
4.0 MEDIDAS-RESUMO 9
4 .1 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL 9

4.1.1 MODA 10

m
4.1.2 MÉDIA ARITMÉTICA 11

co
4.1.3 MEDIANA 12

4 .2 MEDIDAS DE DISPERSÃO 13

5.0 PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DAS VARIÁVEIS 22


s.
6.0 PRINCÍPIO DA HIPÓTESE NULA, TIPOS DE ERROS E VALOR P 27
7.0 TESTES ESTATÍSTICOS 33
8.0 LISTA DE QUESTÕES 40

eo

9.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 41


o
ub

10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 41


ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 3


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

CAPÍTULO

1.0 ENGENHARIA REVERSA


A engenharia reversa mostrou que a Estatística Médica testes estatísticos (20,98%), as medidas-resumo (20,28%) e
totaliza 3,5% das questões do bloco de Medicina Preventiva. a natureza das variáveis (13,99%). Observe que esses quatro
Portanto, não é um dos temais mais prevalentes, mas também não tópicos contemplam, juntos, quase 80% das questões de
é insignificante! Estatística Médica! Por isso, vamos priorizá-los!
Em relação aos tópicos mais cobrados, o princípio da Além disso, vamos revisar também os padrões de
hipótese nula (que inclui o valor p) assume o primeiro lugar, com distribuição de uma variável (como a distribuição normal).
24,48% do total das questões de Estatística! A seguir, temos os Sendo assim, esse resumo contemplará 83,33% da matéria!

m
co
Princípio da hipótese nula
(erros e valor p)

Testes estatísticos
s.
Medidas-resumo

Natureza das variáveis


Cálculo do intervalo
eo

de confiança
o
ub

Escala de variáveis
ro
id
é

Distribuição normal
o

Amostragem
a
dv

Representação
pi

0 5 10 15 20 25
me

Gráfico 1. Distribuição do tema “Estatística Médica”.

— Bárbara, e os demais tópicos?


Os tópicos menos prevalentes, como representação gráfica das variáveis e amostragem, não serão revisados aqui, pois o resumo é
uma estratégia para facilitar a memorização dos tópicos mais importantes na reta final para sua prova! Por isso, para o estudo completo da
matéria, é necessário que você leia seu livro digital integrado, ok?
E então? Preparado para entrar no fascinante mundo da estatística? Vejo você no próximo capítulo!

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 4


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

CAPÍTULO

2.0 DEFINIÇÃO DE VARIÁVEL


Vamos começar diferenciando dois conceitos fundamentais:
dado e variável. Como o próprio nome sugere, variável é tudo
aquilo que varia! Portanto, é toda característica para a qual
podemos atribuir valores, ou melhor, um espectro de valores, que
também são conhecidos como dados.
Por exemplo, o peso corporal é uma característica que varia
de um indivíduo para outro, podendo assumir uma série de valores
diferentes, já que temos pessoas com 70 kg, outras beirando os 120
kg e assim por diante... Portanto, é uma variável! Já o valor em si do

m
Figura 1. Diferença entre dado e variável. Observe que variável é a característica para
a qual atribuímos um determinado valor, enquanto o dado é o valor propriamente
peso corporal (70 kg ou 120 kg) é um dado. dito. Na imagem acima, a variável é o peso corporal, enquanto os dados são os

co
pesos de cada indivíduo, respectivamente, 120 e 70 kg. Fonte: Shutterstock.

Variável: é a propriedade ou característica propriamente dita. Em outras palavras, é toda característica que pode
apresentar variações entre os elementos de uma mesma natureza, e tais variações compõem o espectro de valores que a
s.
variável pode assumir.
Dado: é o valor que aquela característica pode assumir em determinado indivíduo ou objeto.

eo
o

As variáveis podem ser classificadas com base em sua natureza, sendo essa classificação fundamental para direcionar toda e qualquer
ub

análise estatística. É o que veremos a seguir.


ro
id
é

CAPÍTULO
o

3.0 NATUREZA DAS VARIÁVEIS


a
dv
pi

Uma variável pode ser classificada em duas naturezas fundamentais: quantitativa e qualitativa.

As variáveis quantitativas, que também podem ser chamadas de numéricas, são aquelas que podem ser mensuradas ou quantificadas
por meio de NÚMEROS. Por sua vez, esse tipo de variável pode ser subdividido, ainda, em mais duas naturezas: contínua ou discreta.
me

As variáveis contínuas são aquelas cuja mensuração admite valores decimais e que formam, como o próprio nome diz,
um intervalo contínuo de valores. Um exemplo desse tipo de variável é o peso corporal (exemplos: 51,5 kg, 54,6 kg, 68,9 kg
e assim por diante...).
Já as variáveis discretas são aquelas cujas mensurações não admitem “casas decimais”, limitando-se a uma quantidade
de valores. Por exemplo, o número de filhos é uma variável discreta, porque ninguém tem “1,5 filho”; afinal, um filho (ou uma
pessoa) não pode ser fracionado, ele é um inteiro. Assim, essa variável é expressa por meio de números inteiros, como 1, 2,
3 e assim por diante.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 5


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Em contrapartida, as variáveis qualitativas, que também podem ser chamadas de categóricas, são aquelas em que NÃO podemos
atribuir valores numéricos, pois elas expressam uma qualidade ou característica do indivíduo. Por exemplo, a cor dos olhos (azul, verde,
castanho-claro, castanho-escuro ou preto1) e a gravidade de uma queimadura (leve, moderada e grave) são exemplos de variáveis qualitativas.
Por sua vez, assim como vimos para as variáveis numéricas, as variáveis categóricas também podem ser subdivididas em mais duas naturezas:
nominal ou ordinal.

Uma variável nominal é aquela que nomeia a característica (por isso, o termo nominal). Por exemplo, temos algumas categorias
ou alguns nomes que caracterizam as cores dos olhos, como azul, verde, preto... De igual forma, os grupos sanguíneos também variam
entre os indivíduos, e cada um deles também recebe um nome: A, B, AB e O.

Já a variável ordinal é aquela em que a característica analisada apresenta categorias que, por sua vez, apresentam uma ordem

m
ou hierarquia entre si – por isso o termo ordinal, que significa ordenado ou em ordem. Por exemplo, a profundidade histológica de
uma queimadura pode variar em 1º, 2º e 3º graus, sendo a de 3º grau mais profunda do que a de 2º, que, por sua vez, é mais profunda

co
do que a de 1º. Portanto, existe uma ordem entre elas. De igual forma, os episódios depressivos podem ser classificados em leves,
moderados ou graves, e tais categorias também apresentam uma gradação ou ordem de intensidade: grave > moderado > leve.
Portanto, podemos ordená-las!
s.

eo

Contínua
o
ub

Quantitativa
ro

Discreta
id
é
o

Natureza das
variáveis
a
dv
pi

Nominal

Qualitativa
me

Ordinal

Figura 2. Natureza das variáveis. Podemos classificar as variáveis em quatro grupos principais: quantitativa (ou numérica) contínua, quantitativa (ou numérica) discreta,
qualitativa (ou categórica) nominal e qualitativa (ou categórica) ordinal.

1 Para esse resumo, consideramos essas cinco cores básicas para a pigmentação da íris. Porém, a sugestão de espectro de cores possíveis para a íris humana pode variar de acordo com a referência bibliográfica.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 6


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Veja, a seguir, uma lista de variáveis que já apareceram nas provas de Residência Médica, com suas respectivas naturezas.

Variável Natureza

Estado civil Nominal

Idade Contínua

Classe social Ordinal

Peso Contínua

m
Estatura Contínua

Glicemia

co Contínua
s.
Pressão arterial (sistólica ou diastólica) Contínua

Anos de escolaridade* Discreta



eo

Sexo/gênero Nominal
o
ub
ro

Doses de vacinas Discreta


id
é

Número de pessoas em uma fila de espera Discreta


o

IMC Contínua
a
dv
pi

Número de filhos Discreta

Tipo sanguíneo/grupo sanguíneo Nominal


me

Albumina sérica Contínua

Grau de queimadura Ordinal

Grau de dor Ordinal

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 7


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Nacionalidade Nominal

Tabagismo Nominal

Número de maços de cigarros ou cigarros consumidos** Contínua ou discreta

Etnia Nominal

Número de irmãos Discreta

m
Temperatura corporal Contínua

co
Paridade Discreta

Ocupação Nominal
s.
Tabela 1. Variáveis cujas naturezas já foram questionadas nas provas, segundo a engenharia reversa.
* A escolaridade pode ser classificada como variável numérica discreta caso a banca mencione “anos completos de escolaridade”, subentendendo-se que
são anos inteiros (isto é, sem o fracionamento em meses).
** Depende das informações que a banca fornecer, conforme mencionado anteriormente.

eo
o

— Bárbara, mesmo com essa lista, ainda estou inseguro... Existe alguma estratégia que eu possa utilizar na hora da prova para
ub

identificar a natureza da variável?


ro

Sim, existe! Na hora da prova, basta seguir os três passos a seguir para concluir qual é a natureza da variável.
id
é
o

A variável pode
ser quantificada?

a
dv
pi

S N

Variável quantitativa Variável qualitativa


ou numérica ou categórica
me

A variável pode Existe uma ordem


ser fracionada? entre as categorias

S N S N

Variável Variável Variável Variável


contínua discreta ordinal nominal

Figura 3. Algoritmo de decisão acerca da natureza de uma variável. Primeiro, questione: “essa variável pode ser quantificada?”. Em caso positivo, você estará diante de uma
variável quantitativa ou numérica. Em caso negativo, então a variável é qualitativa (ou categórica). Ainda, as variáveis numéricas que podem ser fracionadas são chamadas de
contínuas. Paralelamente, as variáveis categóricas cujas classes apresentam uma ordem, ou hierarquia entre si, são ditas ordinais. Legenda: S: sim; N: não. .

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 8


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Por exemplo, suponha que o objetivo é descobrir a natureza categorias da variável”. Em outras palavras: podemos estabelecer
da variável etnia. Primeiro, questione: “essa variável pode ser uma hierarquia entre elas? Em caso positivo, estaremos diante de
quantificada?”. Em caso positivo, você estará diante de uma uma variável ordinal. Em caso negativo, será uma variável nominal.
variável quantitativa ou numérica. Em caso negativo, então a Veja bem: estabelecer uma hierarquia entre caucasianos,
variável é qualitativa (ou categórica). Observe que não é possível afrodescendentes, asiáticos, e assim por diante, seria uma
quantificarmos a etnia, portanto trata-se de uma variável categórica. verdadeira afronta aos direitos humanos, concorda? Portanto,
Segundo o algoritmo, quando a variável é categórica, o como não é possível estabelecer uma ordem, essa é uma variável
segundo passo é questionar se “existe uma ordem entre as categórica do tipo nominal.

m
Uma outra classificação que pode aparecer na prova é a seguinte: as variáveis qualitativas ou categóricas podem ser classificadas
de acordo com o número de classes que apresentam. Quando elas apresentam apenas duas classes, são chamadas de dicotômicas ou

co
binárias; no entanto, caso apresentem três classes ou mais, são chamadas de não dicotômicas ou politômicas. Por isso, fique atento!
s.
CAPÍTULO

4.0 MEDIDAS-RESUMO

eo

Este é um dos capítulos mais importantes deste resumo, uma vez que as medidas-resumo são o
o
ub

terceiro tópico mais cobrado dentro de Estatística Médica!


ro

— Certo, Bárbara, e o que são medidas-resumo?


São medidas que tentam resumir um determinado conjunto de dados a um único valor, bem como
id
é

procuram entender como os dados variam entre si (isto é, como é a variabilidade entre os elementos do
o

grupo). São formadas principalmente pelas medidas de tendência central, medidas de dispersão e medidas
de posição. Vamos revisar as duas primeiras, pois são as mais prevalentes nas provas! Para mais detalhes
a
dv

sobre as medidas de posição (que são menos prevalentes), não deixe de consultar seu livro digital integrado.
pi

me

4. 1 MEDIDAS DE TENDÊNCIA CENTRAL

São medidas que resumem os dados de um conjunto, grupo ou amostra em um único número representativo.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 9


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Por exemplo, suponha que temos uma caixa com 7 bolas e que cada bola está numerada com um determinado número.

9
8
10
2 7
9
4

m
co
Figura 4. Caixa contendo 7 bolas (ou 7 elementos), e todas estão numeradas aleatoriamente. Essa caixa será nossa referência para os exemplos a seguir.

Agora, suponha que precisamos escolher uma única bola agora, como escolher a melhor representante?
s.
que seja representativa de todas as que estão dentro da caixa. Pois bem! Essa escolha não é feita de forma aleatória. Pelo contrário,
Isso mesmo! Foi-nos dada a missão de escolher uma espécie de existem três maneiras por meio das quais podemos fazer essa escolha: a
representante de turma e precisamos fazer isso o quanto antes... E moda, a mediana e a média. Vamos discutir cada uma delas a seguir.

eo
o
ub

4.1.1 MODA
ro

A moda é a medida de tendência central que parte do pressuposto de que o melhor representante de turma é o número que mais se
id

repetiu no conjunto de dados. Portanto:


é
o

A moda é o elemento que mais se repete em um grupo de dados.


a
dv
pi

Para encontrá-la, precisamos colocar as bolas em ordem crescente e, a partir disso, verificar qual foi a numeração com maior número
de repetições (ou maior número de observações). No nosso caso, foi a bola de número 9.
me

MODA 2 4 7 8 9 9 10

Figura 5. Organização das bolas que estavam na caixa anterior em ordem crescente. Observe que temos duas bolas de número 9, portanto essa é a moda desse conjunto
de dados.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 10


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Fique atento ao seguinte: então estaremos diante de um intervalo bimodal. É o que


• É possível que o examinador forneça um intervalo de dados acontece na sequência 2-4-4-4-7-7-8-9-9-9-10, na qual temos
que contenha outros elementos que se repetiram. Quando isso três números que se repetem: 4, 7 e 9. Porém, os números 4
acontecer, a moda é o elemento que apresentou o maior número e 9 são aqueles que mais se repetiram, com três repetições
de repetições ou observações. Por exemplo, na sequência 2-4-4- cada.
5-7-8-8-8-9-10-10-10-10, temos três números que se repetem: 4, • Se o intervalo apresentar três modas, ele será chamado de
8 e 10. Porém, o que mais se repetiu foi o 10, com frequência trimodal e, se apresentar quatro modas ou mais, será chamado
igual a 4. Portanto, ele é a moda. de multimodal.
• Se o intervalo de dados apresentar números com a mesma • Intervalos que não contêm nenhuma moda são ditos
quantidade de repetições, então teremos mais de uma moda! amodais, enquanto aqueles que apresentam uma única moda
Por exemplo, se o conjunto de dados apresentar duas modas, são unimodais.

m
co
4.1.2 MÉDIA ARITMÉTICA

A média aritmética é a medida de tendência central mais utilizada em Estatística e tem por objetivo condensar todos os valores do
s.
conjunto de dados em um único número. Para seu cálculo, basta somar todos os números e dividir pela quantidade total de elementos.
Voltando para a caixa de bolas anterior, veja que a média será igual a 7:

eo
o
ub

MÉDIA 2 4 7 8 9 9 10
ro
id
é
o

Média = (2 + 4 + 7 + 8 + 9 + 9 + 10) / 7

a

Média = 49 / 7 = 7.
dv
pi

Figura 6. A média aritmética é uma das medidas de tendência central mais famosas da estatística. Por sorte, apresenta baixa dificuldade matemática e faz parte do nosso
dia a dia.
me

Algumas propriedades da média aritmética já foram questionadas em prova, por isso é importante que você as conheça:
• Se todos os dados do intervalo forem multiplicados por um mesmo número, a média também será automaticamente multiplicada
por esse número. Por exemplo, se multiplicarmos o intervalo acima por 4, então a média também será multiplicada por 4:

X = (2 x 4) + (4 x 4) + ( 7 x 4) + (8 x 4) + (9 x 4) + (9 x 4) + (4 x 10) = 196 = 28.


7 7

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 11


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

• O mesmo acontece se dividirmos, diminuirmos ou somarmos todos os dados do intervalo por um determinado número “y”: o valor
da média também será, respectivamente, dividido, diminuído ou somado a esse mesmo número “y”.
• A média é afetada por valores extremos. Por exemplo, se substituirmos as bolas 2 e 10 por valores mais extremos, como 0 e 26,
perceberemos que a média se deslocará em direção à extremidade de maior valor.

Média Média
antiga nova

MÉDIA 0 4 7 8 9 9 26

m
co
Média = (0 + 4 + 7 + 8 + 9 + 9 + 26) / 7
Média = 63 / 7 = 9.
s.
Figura 7. A média aritmética é afetada por valores extremos e desloca-se em direção ao maior valor. Por exemplo, se substituirmos as bolas de número 2 e 10 por novas
bolas (0 e 26), teremos o deslocamento da média em direção ao 26, já que esse valor extremo é maior do que a bola de número 0.

eo
o
ub

4.1.3 MEDIANA
ro
id

A mediana é o elemento que ocupa a posição central em Caso contrário, vamos errar na escolha! A partir disso, basta checar
é

um conjunto de dados, de forma que essa posição privilegiada faz quem ocupou a posição almejada!
o

com que ela consiga dividir esse conjunto em dois subgrupos com a
mesma quantidade de elementos!
a
dv
pi

Por exemplo, considere nossa caixa com as 7 bolas. Veja que,


9

se existem 7 elementos, então, aquele que ocupa a 4ª posição é 8


10
quem vai dividir exatamente aquele grupo em 2 conjuntos com 3
2 7
elementos cada!
me

9
Mas, afinal, qual é a bola que ocupa a 4ª posição? Não 4
sabemos, pois as bolas estão embaralhadas na caixa! Portanto,
precisamos colocá-las em fileira. MEDIANA 2 4 7 8 9 9 10
Porém, não basta organizá-las aleatoriamente e, então,
verificar quem, por acaso, ficou na 4ª posição. Em outras palavras,
escolher a mediana não é uma função do acaso! Figura 8. Cálculo da mediana em um conjunto de dados com número ímpar de
elementos. Quando o número de elementos é ímpar, a mediana é o elemento
Para escolhermos a mediana correta, precisamos organizar
central do conjunto. Porém, atenção: para encontrá-la, é preciso que os dados
as bolas em ordem crescente de valores. Isso é muito importante! estejam em ordem crescente. Fonte: Estratégia MED.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 12


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Veja que a bola de número 8 é aquela que ocupou a 4ª apresentar um número par de elementos, a mediana será a
posição após a organização das bolas em ordem crescente, média aritmética dos dois elementos centrais. Por exemplo,
portanto o número 8 é a mediana! Ainda, observe que a mediana suponha que, em vez de 7, existissem 10 bolas, como na
não pertence a nenhum dos subconjuntos formados. Ela ocupa a sequência a seguir. Veja que os elementos centrais, que serão
posição central, sem desviar para a esquerda ou para a direita. aqueles que estão na 5ª e 6ª posições, dão origem à mediana
Agora, preste atenção: quando o conjunto de dados por meio da média aritmética:

Posições: 1ª 2ª 3ª 4ª 5ª 6ª 7ª 8ª 9ª 10ª

Dados: 1 2 4 5 7 8 9 9 9 10

m
co
Mediana = (7 + 8) = 7,5
2
Figura 9. Cálculo da mediana em um conjunto de dados com número par de elementos: a mediana será a média aritmética dos dois elementos centrais. Nesse caso, a
s.
mediana pode ser um número que não pertencia inicialmente ao conjunto. Fonte: Estratégia MED.

eo

A mediana tem como principal vantagem o fato de não ser afetada por valores
o

extremos nem pela mudança deles. Por exemplo, no intervalo acima, a mediana continuaria
ub

7,5 independentemente da mudança dos números 1 ou 10. Fique ligado, porque essa
ro

vantagem despenca nas provas!


id
é
o

4. 2 MEDIDAS DE DISPERSÃO
a
dv
pi

Em estatística, não basta encontrarmos um único número de “X9”, que vão informar se aquele representante está realmente
para representar todo o conjunto de dados; precisamos saber se apto ao cargo.
esse número está adequado! Afinal, os dados do intervalo podem Portanto:
me

ser muito diferentes entre si, o que faz com que aquele número
escolhido não seja tão representativo... As medidas de dispersão informam quanto cada
Em outras palavras: será que a medida de tendência central elemento do conjunto está afastado da medida de tendência
escolhida realmente representa aquele conjunto de dados? central, que, na maioria das vezes, é a média aritmética.
Essa pergunta será respondida pelas medidas de dispersão! Nesse sentido, quanto maior for esse afastamento, menos
A função primordial delas é informar quanto os dados estão homogêneo é o conjunto de dados e menos representativa
dispersos em relação à medida de tendência central que foi será a média.
escolhida. É como se as medidas de dispersão fossem uma espécie

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 13


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

— Mas como eu calculo essas medidas de dispersão?


O primeiro ponto fundamental é você conhecer o conceito de desvio. Por exemplo, suponha que temos uma nova caixa, agora com 6
bolas. Suponha, ainda, que escolhemos a média aritmética para representá-las. Nesse sentido, a média delas é igual a 7:

9
8 10
4 2 4 8 9 9 10

m
2 9 Média = 2 + 4 + 8 + 9 + 9 + 10 = 42 = 7
6 6

co
Figura 10. Caixa de bolas contendo 6 bolas numeradas aleatoriamente. Essa é a caixa que servirá de referência para os exemplos a seguir. Ainda, observe que a média
aritmética desse conjunto é igual a 7.
s.
Agora, vamos checar se a média é uma boa representante de turma!
Primeiro, veja que cada bola está afastada da média a uma distância própria chamada d. Em estatística, chamamos essa distância de
desvio, uma vez que ele informa quanto aquele número se desviou da média que foi calculada. Na imagem a seguir, temos pelo menos 6

eo

desvios diferentes, já que temos 6 bolas distribuídas ao redor da média aritmética.


o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Figura 11. Dispersão das bolas numeradas ao longo da média. Veja que cada bola apresenta uma distância “d”. As bolas de numeração inferior à média (2 e 4) posicionam-
se à esquerda dela, enquanto as bolas com numeração superior se posicionam à direita da média calculada. Essa distância recebe o nome de desvio.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 14


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Agora vem o voo da coruja:


Para descobrirmos a média de dispersão das bolas (isto é, quanto cada bola está afastada, em média, da própria média), é necessário
calcular a média aritmética dos desvios, concorda? Esse cálculo chama é denominado desvio-médio (ou média dos desvios) e está descrito
na imagem a seguir:

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Figura 12. Cálculo do desvio-médio, que é a média aritmética dos desvios. Basta somarmos todos os desvios e dividirmos pelo número de elementos que estão distribuídos
ao longo da média.

Só que existe um grande problema: não podemos tratar esses desvios como se fossem todos “positivos”. Na realidade, para que isso
fique correto do ponto de vista matemático, os desvios que estão à esquerda da medida de tendência central devem receber o sinal negativo,
enquanto os desvios que estão à direita permanecem com o sinal positivo. É como se a média aritmética fosse um grande “marco zero”.
Portanto, tudo aquilo que se desvia para a direita é positivo e, em contrapartida, tudo aquilo que se afasta no sentido da esquerda é negativo
(veja a imagem a seguir).

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 15


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

Figura 13. O somatório dos desvios é matematicamente igual a zero. Essa condição impossibilita o cálculo matemático da média dos desvios, também conhecida como
desvio-médio. Fonte: Estratégia MED.
me

Agora, veja o problemão que temos: observe que o somatório das distâncias que estão à esquerda é igual ao somatório das distâncias
que estão à direita (-8 de um lado e +8 do outro). Isso acontece com qualquer distribuição de dados ao redor da média: as distâncias do lado
esquerdo anulam as distâncias do lado direito!
Nesse sentido, quando vamos calcular a média de dispersão, ou desvio-médio, encontramos um numerador igual a zero! Por isso, o
cálculo do desvio-médio não é “matematicamente” possível.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 16


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Média dos desvios ou desvio-médio = (-3) + (-5) + (1) + (2) + (2) + (3) = - 8 + 8 = 0
6 6 6
Impossibilidade matemática!

— Eita, professora! E agora? Como conseguiremos calcular essa média de dispersão?


É agora que vou contar para você a história de três amigos que quebraram a cabeça para resolver essa impossibilidade matemática.
Cada um tinha uma nacionalidade diferente: o primeiro era argentino (Leonel), o segundo era americano (Scott) e o terceiro era brasileiro (João).

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

Figura 14. Os três amigos e a história das medidas de dispersão. Leonel, Scott e João são três amigos que tentaram resolver o problema do somatório nulo dos desvios! É
claro que houve muita discussão, mas a vitória é brasileira! Só aqui no Estratégia MED você estuda Medicina Preventiva de maneira lúdica e, ao mesmo tempo, “aquece”
a

para a Copa do Mundo de 2022 (risos)! Só que eu tenho uma notícia: você vai assistir aos jogos no hospital, pois você será R1! Fonte: Estratégia MED.
dv
pi

Pois bem! Vendo a impossibilidade matemática que ocorreu acima, o argentino teve a seguinte ideia:

— Pessoal, vamos fazer o seguinte: vamos ignorar esses sinais negativos! Se nós utilizarmos o módulo matemático, conseguiremos
me

calcular a média de dispersão!


O americano quis saber:
— Módulo matemático? Como assim, Leonel?
— É! Em Matemática, quando usamos um módulo, não nos preocupamos com o sinal negativo. Por
exemplo, o módulo de -5 é |5|, sem o sinal! – explicou Leonel.

E foi assim que nasceu o desvio-médio absoluto.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 17


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

DESVIO-MÉDIO ABSOLUTO
É a utilização de módulos matemáticos para que a média de dispersão seja calculada. No nosso exemplo acima, o cálculo ficaria da
seguinte forma:

Desvio-médio absoluto = |3| + |5| + |1| + |2| + |2| + |3| = 16 = 2,66


6 6
Em média, cada valor está distante da média em 2,66 unidades.

Porém, o americano viu a conta acima e achou um absurdo!

m
— Leonel! Você não pode fazer isso! Isso é trapacear! Você não pode simplesmente forçar a barra, utilizar o módulo e fingir

co
que o sinal negativo não existe! Eu tenho uma ideia melhor! Vamos elevar todo mundo ao quadrado! Afinal, sempre que um número
negativo é elevado ao quadrado, o resultado é positivo! Por exemplo: (-2)2 é +4.

E foi assim que nasceu a variância.


s.
VARIÂNCIA

Na variância, que geralmente é representada por s2, todos os desvios-médios são elevados ao quadrado – dessa forma, os sinais negativos
eo
o

dos desvios que ficam à esquerda são eliminados. Por isso, cada desvio passa a ser chamado de desvio-médio quadrático. Considerando o
ub

exemplo acima, o nosso cálculo ficaria da seguinte forma:


ro
id
é

Variância = (d1)2 + (d2) 2 + (d3) 2 + (d4) 2 + (d5) 2 + (d6) 2


o

n
Variância = (-3)2 + (-5)2 + (1)2 + (2)2 + (2)2 + (3)2 = (9) + (25) + (1) + (4) + (4) + (9) = 8,66 unidades2.
a
dv
pi

6 6

Em média, cada valor está distante da média em 8,66 unidades ao quadrado. Esse detalhe é importante! Na variância, as
unidades também são elevadas ao quadrado! Fique atento, pois isso já apareceu em prova e a banca queria que o candidato sinalizasse
me

isso.

De forma geral, o denominador é n-1, no caso, 5. Isso acontece porque envolve um conceito chamado graus de liberdade,
que foge ao nosso escopo. Ainda, apenas uma questão sobre variância, que envolve n-1, foi cobrada nas provas. O que eu quero é
que você pegue “a visão” de que a variância é elevada ao quadrado.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 18


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Agora, quem achou isso um absurdo foi o Leonel, o argentino:

— Ah, que ótimo, Scott! Você elevou todo mundo ao quadrado e, agora, temos uma média de dispersão que superestimou a
distância! Fica parecendo que nós não soubemos escolher um representante de turma adequado!!! Não gostei disso e não concordo!
De repente, eles começaram a discutir, uma gritaria, “tiro, porrada e bomba”, até que João, nosso querido brasileiro, chega...
— Oxente! O que está acontecendo? – perguntou João.
— Scott teve a brilhante ideia de elevar todos os desvios ao quadrado! Agora parece que somos
incompetentes, pois a média de dispersão também ficou ao quadrado... – explicou Leonel.
— Oxente! Mas isso é fácil de resolver... é só a gente tirar a raiz quadrada! – exclamou nosso querido brasileiro!

m
E foi assim que nasceu o desvio-padrão! A NASA precisa estudar o nosso povo, não é mesmo?

DESVIO-PADRÃO
co
s.
No desvio-padrão, nós efetuamos a raiz quadrada da variância! No exemplo acima, o cálculo ficaria da seguinte forma:

Desvio-padrão = √variância
eo
o

Desvio-padrão = √2,94 unidades*.


ub

Portanto, os dados estão cerca de 2,94 unidades dispersos em relação à média.


ro

Esteja atento, pois a unidade também passa pela raiz quadrada! Por exemplo, se 36 kg2/m4, então o desvio-padrão é igual a 6
id

kg/m2! Isso já foi cobrado em uma prova discursiva da UNIFESP!


é
o

a
dv
pi

Observe que o desvio-padrão (DP) superestima muito de dados) é aquele com menor desvio-padrão!

pouco o desvio-médio absoluto, que seria o mais próximo da Como desvantagem, existe o fato de só conseguirmos
média de dispersão real. Nos exemplos que usamos, teríamos, compreender se um desvio-padrão é alto ou baixo se olharmos para
respectivamente, 2,94 e 2,66! Portanto, o DP é uma medida que a média! Portanto, não temos como “olhar apenas para ele” e saber
me

nos informa a média de dispersão sem superestimá-la de forma “de cara” se os dados estão dispersos. Por exemplo, um desvio-padrão
significativa (e sem que exista o problema dos desvios com sinais igual a 10 pode ser muito pequeno se a média for igual 200 (por
negativos)! exemplo, 200 ± 10); Porém, pode ser muito alto se a média for igual a
Ainda, o desvio-padrão é muito utilizado para compararmos 20 (20 ± 10) (MEDRONHO et al., 2009). Por isso, outras medidas foram
grupos com a mesma média. Quando as médias são iguais, o grupo desenvolvidas no sentido de aprimorar essa informação, como é o caso
mais homogêneo ou regular (isto é, aquele com menor dispersão do coeficiente de variação, que veremos a seguir.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 19


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Resumindo:

Para descobrir quanto, em média, os dados estão dispersos em relação à própria média, o ideal seria fazer uma média aritmética
das distâncias (desvio-médio). Porém, isso não é possível, pois o somatório das distâncias resulta em zero. Uma das soluções é utilizar
o módulo matemático, muito criticado porque o sinal negativo é retirado de forma arbitrária. A variância surge com a proposta de
eliminar os sinais negativos ao elevar os números ao quadrado, porém, ela acaba superestimando a média de dispersão. E o desvio-
padrão surge como tentativa de “ajudar a variância” ao extrair a raiz quadrada dela para que essa superestimativa seja corrigida!

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é

Figura 15. Resumo das principais medidas de dispersão. As diversas medidas de dispersão são estratégias matemáticas para entendermos quanto, em média, os dados
o

estão afastados da média aritmética.



a

Gostou da história dos três amigos? Conseguiu compreender bem as medidas de dispersão? Conte-me depois, quero saber! A ideia,
dv
pi

aqui, é facilitar ao máximo seu aprendizado!


Existem outras medidas de dispersão que podem aparecer na prova. Veja a seguir:
me

• Coeficiente de variação (CV) ou coeficiente de dispersão (CD): é calculado por meio da seguinte fórmula: (desvio-padrão/média
aritmética) x 100. No exemplo anterior, como o desvio-padrão foi igual a 2,94 e a média foi igual a 7, temos um coeficiente de
variação igual a 42% – isto é, [(2,94/7)] x 100.
• Amplitude: é a distância entre os extremos do intervalo de dados. Ela não se baseia em nenhuma medida de tendência central,
apenas avalia a extensão máxima do conjunto. Por exemplo, considere o seguinte intervalo de dados: 2, 4, 8, 9, 9 e 10. A
amplitude seria igual a 10 - 2 = 8.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 20


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Distância interquartílica (DI): é uma medida de amplitude que utilizamos quando consideramos a mediana como medida de
tendência central. Porém, é uma amplitude modificada, já que consideraremos os 50% de dados no centro do conjunto, ao invés de
considerarmos os extremos (MEDRONHO et al., 2009). Por exemplo, considere o seguinte intervalo de dados: 1, 2, 3, 4, 8, 9 e 10. A
mediana será igual a 4, que corresponde ao percentil 50. A DI será a distância entre o percentil 25 e o percentil 75.

1º quartil 2º quartil 3º quartil


P25 P50 P75

m
1 2 3 4 8 9 10

Distância co
s.
=9-2=7
interquartica

Figura 16. A distância interquartílica é considerada uma variação da amplitude, englobando 50% dos dados ao redor da mediana. Veja, portanto, que a medida

eo

de tendência central levada em consideração não é a média aritmética.


o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 21


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

CAPÍTULO

5.0 PADRÕES DE DISTRIBUIÇÃO DAS VARIÁVEIS

Dependendo da forma como seus valores se distribuem na população, uma variável pode assumir dois padrões fundamentais:
simétrico e assimétrico. Vamos falar sobre isso a seguir.

A distribuição simétrica, gaussiana ou normal é aquela Ainda, para esse tipo de distribuição, a média aritmética é
em que a maioria dos indivíduos da população apresenta valores igual a mediana, que por sua vez é igual à moda. Observe que
que coincidem com a média aritmética da população. Os demais o gráfico formado se assemelha à um sino e que a sua metade

m
distribuem-se simetricamente para valores muito elevados ou esquerda é simétrica à metade direita. Essa curva é conhecida
muito baixos da escala da variável. também como curva de Gauss.

co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Figura 17. Curva de distribuição normal, também conhecida como curva de Gauss. Observe que a maioria dos indivíduos apresenta valores intermediários da variável (no
caso acima, representado pelos valores “e” e “f”), enquanto a minoria apresenta valores baixos e altos. Além disso, nesse tipo de distribuição, a média é igual à moda,
que, por sua vez, é igual à mediana.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 22


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Em contrapartida, como o próprio nome sugere, a distribuição assimétrica é aquela que não tem simetria (o prefixo a- significa
ausência). Nesse tipo de comportamento, o maior número de observações será concentrado no menor valor ou no maior valor da escala
(respectivamente, assimetrias positiva e negativa).
Dizemos que a assimetria é positiva quando a maioria dos indivíduos apresenta baixos valores da variável. Em contrapartida, a
assimetria é dita negativa quando a maioria dos indivíduos apresenta altos valores da variável.

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Figura 18. Curva com distribuições assimétricas. Primeiro, é possível visualizarmos uma curva assimétrica positiva, em que a maioria dos indivíduos está concentrada
nos baixos valores da variável. Em contrapartida, na assimetria negativa, a maior parte dos indivíduos apresenta valores elevados.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 23


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Em relação à média, à moda e à mediana, a ordem entre elas vai depender se a assimetria é positiva ou negativa. Por exemplo, nas
assimetrias positivas, o valor da moda é inferior ao da mediana, que, por sua vez, é inferior ao da média (média > mediana > moda ou z > y >
x). Em contrapartida, na assimetria negativa, é justamente o contrário: o valor da média é inferior ao da mediana, que, por sua vez, é inferior
ao da moda (média < mediana < moda ou z < y < x).

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id

Figura 19. Posição da moda, mediana e média nas assimetrias. Nesses tipos de distribuições, temos a moda maior do que a mediana, que, por sua vez, é maior do que
é

a média. Fique atento apenas à ordem em que elas aparecem nos gráficos. Na assimetria positiva, a ordem é moda-mediana-média. Na assimétrica negativa, média-
o

mediana-moda.

a
dv
pi

Agora, veja que interessante: quando estamos diante de uma observações de PAS daquela população?
distribuição simétrica, se conhecermos a média da população e seu — Misericórdia! Não sei responder isso!
desvio-padrão, somos capazes de conhecer quantos indivíduos Então, vamos lá! Observe a imagem a seguir. Veja que,
me

estão dentro de determinados valores! para distribuições simétricas, 68,3% da população apresentará
— Como assim, Bárbara? Agora complicou... valores que estão entre -1 e +1 desvio-padrão. De igual forma,
Por exemplo, suponha que um determinado pesquisador 95,5% da população apresentará valores que estão entre -1,96
avaliou a população de Arumã e descobriu que os adultos e +1,96 desvio-padrão. Portanto, ao conhecermos a média e
apresentam uma média de pressão arterial sistólica (PAS) igual a o desvio-padrão, somos capazes de calcular os intervalos de
117 mmHg. Considerando que o desvio-padrão foi igual a 11 mmHg, valores em que 68,3% ou 95,5% da população, ou até mesmo
qual é o intervalo em que será possível encontrarmos 95,5% das 99,7%, está incluída!

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 24


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

m
co
s.
Figura 20. Distâncias dos desvios-padrão em relação à média e número de observações incluídas em cada intervalo. Observe que o total de 68,3% das observações fica
entre ±1 desvio-padrão quando a distribuição é dita normal, assim como 95% das observações ficam entre ±1,96 desvio-padrão e assim por diante. O intervalo mais

utilizado é aquele que contempla 95% das observações ou ±1,96 desvio-padrão.


eo
o
ub
ro

• 68,3% (ou 2/3) das observações estarão entre a média ±1 desvio-padrão.


id

95,5% das observações estarão entre a média ±2 desvios-padrão.


é


99,7% das observações estarão entre a média ±3 desvios-padrão.
o


No nosso exemplo, a média aritmética de pressão arterial sistólica foi igual a 117 mmHg. Como o desvio-padrão foi igual a 11 mmHg e
a
dv
pi

queremos descobrir o intervalo de valores em que encontraremos 95,5% da população de Arumã, temos que:

• O limite mínimo do intervalo = média - número de desvios-padrão.


• O limite máximo do intervalo = média - número de desvios-padrão.
me

Portanto:

Limite superior = média + (1 x desvio-padrão) = 117 + (1 x 11) = 128 mmHg.


Limite inferior = média - (1 x desvio-padrão) = 117 - (1 x 11) = 106 mmHg.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 25


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Logo, 95,5% dos adultos observados em Arumã apresentam compreende 68,3%, 95,5% ou 99,7% da população! Observe
uma pressão arterial sistólica que varia entre 106 e 128 mmHg! Em que são percentuais com casas decimais. Se quisermos calcular o
outras palavras, esse é o intervalo considerado normal para aquela intervalo para exatos 95% e 99%, por exemplo, basta ajustarmos
população. os desvios-padrão. Por exemplo, para 95%, basta multiplicarmos
Agora, fique atento ao seguinte: na curva anterior, falamos por 1,96 desvio-padrão; para 99%, basta multiplicarmos por 2,576
sobre o cálculo que permite conhecer o intervalo de valores que desvios-padrão, conforme demonstrado a seguir.

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

Figura 21. Distribuições de probabilidades segundo a curva de Gauss. Em (A), marcamos apenas as distâncias inteiras dos desvios-padrão. Um intervalo que compreende
a
dv

±1 desvio-padrão a partir da média inclui 68,3% das observações da população estudada. Em contrapartida, um intervalo que compreende ±3 desvios-padrão compreende
pi

quase 100% das observações (99,7%), ficando apenas 0,3% fora desse intervalo. Em (B), marcamos os desvios-padrão fracionados, que são os mais solicitados nas provas

de Residência Médica. O principal deles é o intervalo entre ±1,96 desvio-padrão, que corresponde a 95% das observações.
me

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 26


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

CAPÍTULO

6.0 PRINCÍPIO DA HIPÓTESE NULA, TIPOS DE ERROS E


VALOR P

A engenharia reversa mostrou que o princípio da hipótese nula é o tópico mais cobrado nas questões
de Estatística Médica. Por isso, preciso que você tenha atenção máxima neste capítulo.
Temos pela frente uma leitura um pouco mais densa, justamente porque vamos estudar alguns
conceitos que, de forma geral, são difíceis para nós que não somos estatísticos. É o caso do valor p.
A boa notícia é que a compreensão deles vai ajudar você não só a conquistar sua vaga de Residência

m
Médica, mas também será essencial para que você entenda a medicina baseada em evidências, que é uma
ferramenta que levamos “para a vida”. Então, vamos lá?

co
s.
Para que você entenda o princípio da hipótese nula, considere A desconfiança dos outros pesquisadores nada mais é do
o seguinte exemplo: suponha que um renomado pesquisador, que que o princípio da hipótese nula!
vamos chamar de Dr. José, desenvolveu uma nova medicação

eo

para o tratamento de diabetes mellitus tipo 2. Essa medicação Esse postulado refere-se à negativa inicial em aceitar
o

promete diminuir a glicemia de jejum dos pacientes em até 20%, que um determinado fenômeno existe!
ub

mantendo-a estável ao longo do dia, mesmo após refeições com Em outras palavras, sempre partimos do pressuposto
ro

razoáveis quantidades de carboidratos simples. de que o fenômeno não existe. Por isso, para acreditarmos
id
é

Além disso, o novo medicamento tem uma ótima nele, ele precisa ser provado cientificamente.
o

posologia: basta 1 comprimido cerca de 30 minutos antes do


café da manhã, e bingo! A mágica acontece por 24 horas! Por


isso, o referido fármaco foi batizado com a sigla CIG: Controlador
a

E, para provar que um fenômeno é verdadeiro, devemos


dv
pi

Ideal de Glicemia. rejeitar a hipótese nula!


Quando Dr. José contou sobre os resultados preliminares — A hipótese nula é aquela que afirma que o
para os colegas de laboratório, a desconfiança foi generalizada. fenômeno não existe?
me

Exatamente! Vamos a um exemplo prático para que você


entenda completamente!
— Não é possível, José! É muito bom para ser Suponha que Dr. José ficou bem chateado com a desconfiança
verdade! – exclamou o chefe do departamento de dos seus pares e resolveu provar que estava falando a verdade. Para
pesquisa! isso, ele escolheu dois grupos de pacientes diabéticos. O primeiro,
— Eu também não acredito, José! Você vai de que chamado grupo 1, ou grupo CIG, recebeu a nova medicação.
provar! – disse um outro colega! O segundo, chamado grupo 2, ou grupo controle, recebeu o
tratamento tradicional.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 27


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Veja que existem duas hipóteses:

Hipótese nula ou H0 (lê-se “agá zero”): a medicação CIG não tem efeito sobre a glicemia quando comparada ao tratamento
tradicional (isto é, o fenômeno não existe).
Hipótese alternativa ou H1 (lê-se “agá um”): a medicação CIG diminui a glicemia de forma importante quando comparada ao
tratamento tradicional (isto é, o fenômeno existe).

Observe que, a partir disso, quatro situações podem ocorrer: grupos! Portanto, embora a hipótese nula seja a verdadeira, ela
é rejeitada erroneamente em prol da hipótese alternativa. Em

m
1. Na vida real, a medicação CIG não tem efeito na glicemia, outras palavras, o pesquisador acredita que existe diferença, mas a
e o estudo não encontra diferença entre os grupos. Portanto, a verdade é que não existe. Quando isso acontece, temos um erro do

co
hipótese nula é a verdadeira, e o estudo realizado pelo Dr. José tipo alfa, também conhecido como erro tipo I.
demonstra exatamente isso.
4. Na vida real, a medicação CIG influencia na glicemia.
2. Na vida real, a medicação CIG diminui a glicemia, e o estudo Porém, o estudo não encontra diferença entre os grupos – veja
s.
consegue demonstrar que há diferença entre os grupos. Portanto, que é o oposto da situação anterior! Portanto, embora a hipótese
a hipótese alternativa é a verdadeira, e o estudo demonstra esse alternativa seja a verdadeira, ela é rejeitada erroneamente em
fato. prol da hipótese nula. Em outras palavras, o pesquisador acredita
que não existe diferença, mas a verdade é que existe. Quando isso

eo

3. Na vida real, a medicação CIG não influencia na glicemia. acontece, temos um erro do tipo beta, também conhecido como
o
ub

Porém, o estudo de Dr. José encontra diferença entre os dois erro tipo II.
ro
id
é
o

A diferença entre os grupos existe no mundo real?



a

SIM NÃO
dv
pi

SIM Não há erro. Erro tipo I ou erro alfa.


O estudo encontrou diferença
entre os grupos?
Erro tipo 2 ou erro beta. Não há erro.
me

NÃO

Tabela 2. Tipos de erros que podem ocorrer na avaliação das hipóteses nula e alternativa. Tabela adaptada a partir de Fletcher e colaboradores, em Epidemiologia clínica
– elementos essenciais (5ª edição, Editora Artmed).

Veja que interessante: quando realizamos uma pesquisa, desconhecemos se o fenômeno existe ou não, certo? O que fazemos
é justamente inferir (ou deduzir) que ele existe por meio dos dados obtidos com as nossas amostras!
Então, como devemos proceder para não cometermos um erro alfa ou um erro beta?

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 28


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Pois bem! Vamos voltar para os estudos de Dr. José. Suponha que ele tenha encontrado as seguintes médias de glicemia de jejum para
cada grupo estudado:

GLICEMIA DE JEJUM (em mg/dL)

SIM (GRUPO 1 ou CIG) 117 ± 3


TRATAMENTO COM CIG
NÃO (GRUPO 2 ou controle) 138 ± 7

Tabela 3. Resultados dos experimentos de Dr. José. Observe que a glicemia de jejum do grupo tratado com o CIG (grupo 1) é inferior à do grupo que realizou o tratamento
convencional (grupo 2), e essa diferença é de 21 mg/dL. Fonte: Estratégia MED.

m
co
Veja que a média glicêmica do grupo tratado é bem menor: 21 É agora que vem o voo da coruja!
mg/dL a menos! Essa diferença é chamada de tamanho do efeito! Antes de realizar o estudo propriamente dito, Dr. José
estabeleceu a probabilidade máxima de erro tipo I que ele aceitaria
Tamanho do efeito ou magnitude do efeito é a cometer. Nesse sentido, ele combinou “com ele mesmo” que essa
s.
diferença encontrada entre os grupos comparados. Quanto probabilidade seria de até 5%. Portanto, o nível de significância
maior for essa diferença, maior é a probabilidade de que ela estatística adotado por ele foi igual a 5%.
realmente seja verdadeira (VIEIRA, 2018; SUCHMACHER; — Mas calma aí, professora! O nível de significância
GELLER, 2019). estatística é o erro alfa?

eo

Bingo! É isso mesmo!


o
ub

— Ah, professora! Então Dr. José estava certo! Agora, é


ro

só mostrar para os colegas do laboratório que a medicação CIG O nível de significância estatística, também
realmente funciona! conhecido como alfa, nada mais é do que a probabilidade
id
é

Na realidade, Dr. José ainda precisa fazer mais alguns cálculos de afirmarmos que há diferença entre os grupos estudados
o

antes de finalizar o estudo. Embora o tamanho do efeito seja bem quando, na realidade, essa diferença não existe.
animador, ainda assim é possível que ele esteja diante daquela Em outras palavras, é a probabilidade de rejeitarmos
a
dv

situação 3 que vimos lá em cima, lembra? a hipótese nula quando ela é verdadeira ou de cometermos
pi

um erro tipo I.

“3. Na vida real, a medicação CIG não influencia na Portanto: nível de significância estatística =
glicemia. Porém, o estudo de Dr. José encontra diferença probabilidade de erro tipo I.
me

entre os dois grupos! Portanto, embora a hipótese nula Em estatística, essa probabilidade é escolhida de
seja a verdadeira, ela é rejeitada erroneamente em prol forma arbitrária e costuma ser fixada em 5%, o que significa
da hipótese alternativa. Em outras palavras, o pesquisador 1 erro a cada 20 experimentos realizados (1:20).
acredita que existe diferença, mas a verdade é que não
existe. Quando isso acontece, temos um erro do tipo alfa, Após estabelecer o nível de significância estatística, Dr. José
também conhecido como erro tipo I.” precisa comparar as médias dos dois grupos por meio de um teste
estatístico. Esse teste precisa ter poder suficiente para detectar a
— E como saber se ele está diante da situação 3?! diferença entre os grupos!

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 29


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Poder do teste estatístico é a capacidade que o teste tem de encontrar diferença entre os grupos estudados quando o
fenômeno realmente existe. É como se o teste fosse um grande juiz e apresentasse uma capacidade intrínseca de julgamento. Nesse
sentido, bons juízes fazem bons julgamentos, certo? Em contrapartida, juízes ruins podem atrapalhar... Por isso, a escolha do teste é
tão importante! Falaremos mais sobre eles no capítulo 10.

Dependendo do poder que tem, o teste “vai olhar” para o tamanho do efeito (isto é, para aquela diferença de 21 mg/dL) e vai “se
perguntar”:

“Seria possível encontrarmos essa diferença tão grande entre os grupos – ou até mesmo diferença maior – se a hipótese nula

m
fosse verdadeira?”

Se a resposta for sim, isto é, se a diferença encontrada também pode


ser vista quando o fenômeno não existe, então a medicação não funciona...
co verdadeira, então a medicação funciona! Afinal, a diferença só existiu
porque o medicamento atuou.
s.
Afinal, se essa diferença também ocorre sem que nenhum tratamento tenha No entanto, o teste não entrega essa resposta de forma
sido realizado, então o tratamento não fez o menor efeito naquela população. pronta, isto é, como um “sim” ou “não”; ele fornece um parecer
Porém, se a resposta for não, isto é, não é possível encontrarmos na forma de probabilidade!!! E sabe “quem é” esse parecer? Ele
essa diferença (ou até diferença maior) se a hipótese nula for mesmo! O famoso valor p!

eo
o
ub

O valor p é a probabilidade de encontrarmos uma diferença igual à que foi vista no estudo (ou até mesmo maior) caso a
ro

hipótese nula seja verdadeira (VIEIRA, 2018; WASSERSTEIN; LAZAR, 2016).


id
é
o

Suponha, então, que Dr. José encontrou um valor p igual a para o nível de significância estatística. Lembre-se de que Dr. José
a

0,03. Isso significa que a probabilidade de ele encontrar aquela estipulou um nível de significância igual a 5%. Como o valor p foi
dv
pi

diferença de 21 mg/dL caso a hipótese nula seja verdadeira é de inferior ao nível estipulado, então Dr. José rejeita a hipótese nula

3%! e bate o martelo afirmando que o fenômeno existe! Mas, se ele


— Muito baixa! estabelecesse um nível de significância em 1%, por exemplo, o valor
Calma que tem mais voo da coruja! Não é possível julgarmos p seria alto! Portanto, ele não rejeitaria a hipótese nula e teria de dar
me

“de cara” se essa probabilidade é alta ou baixa... Precisamos olhar “o braço a torcer” para os colegas de trabalho.

Se valor p < nível de significância preestabelecido, rejeitamos a hipótese nula.


Se valor p ≥ nível de significância preestabelecido, não rejeitamos2 a hipótese nula.

2 Os estatísticos afirmam que é errado falar em aceitar a hipótese nula. Veja o porquê no box “Indo mais fundo”, ao final do capítulo.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 30


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Observe que:

O valor p:
NÃO É a probabilidade de os resultados do estudo terem ocorrido ao acaso. A probabilidade de acaso é a probabilidade de
erro aleatório, a qual não pode ser prevista, controlada ou calculada. Só sabemos que quanto maior a amostra, menor será essa
probabilidade.
NÃO É a probabilidade de a hipótese nula ser verdadeira! Veja bem, quando o teste estatístico emite o parecer, ele o faz
considerando que a hipótese nula é 100% verdadeira, afinal ele verifica se aquele tamanho do efeito seria possível caso a hipótese
nula fosse verdadeira! É por isso que o valor p não pode ter esse significado.
NÃO É o nível de significância estatística! Essa é a probabilidade de a hipótese nula ter sido rejeitada erroneamente, isto é, o
erro tipo I, lembra?

m
NÃO É o tamanho do efeito! Esse é a diferença entre os grupos estudados e que vai ser analisada pelo teste estatístico.
Reforçando: o valor p é a probabilidade de encontrarmos uma diferença igual à que foi vista no estudo (ou até mesmo maior)

co
caso a hipótese nula seja verdadeira (VIEIRA, 2018).
E só por curiosidade: esses “nãos” são as diretrizes da Associação Americana de Estatística para o valor p e são seguidas por
grande parte da comunidade científica (TANHA et al., 2017; WASSERSTEIN; LAZAR, 2016; HUBBARD; BAYARRI, 2003).
s.
Em 2002, Smith e colaboradores afirmaram que o valor p poderia ser interpretado como “o menor nível de significância
estatística com a qual rejeitamos a hipótese nula” (SMITH et al., 2002). Muitas páginas de internet e fóruns estatísticos vêm repetindo
isso desde então. Como vimos acima, esse não é bem o conceito de valor p, mas fato é que tal afirmativa já caiu duas vezes em prova!

Por isso, fique atento.


eo
o
ub

Tudo o que foi dito acima vai servir para sua vida! Acredite! Poucas pessoas conhecem esse assunto da forma como deveriam! Agora,
ro

meu coração está mais tranquilo porque eu consegui mostrar a você os conceitos corretos do ponto de vista realmente estatístico.
id
é

Mas nem tudo é perfeito! O que a engenharia reversa mostrou é que algumas questões sobre valor p, infelizmente, vêm com
o

erro conceitual. Não são muitas, mas esteja atento a isso!


Geralmente, o erro conceitual é um destes a seguir:
a
dv
pi

• A questão afirma que o valor p é a probabilidade de rejeitarmos a hipótese nula quando ela é verdadeira – como vimos, esse é

o erro tipo I ou nível de significância estatística.


• A questão afirma que o valor p é a probabilidade de os resultados terem sido encontrados ao acaso. Como vimos, quando
falamos de acaso, estamos falando de erro aleatório, e esse tipo de erro é intrínseco ao processo de amostragem, não podendo
me

ser previsto ou calculado.

Em todas essas questões, caberia recurso!

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 31


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

— Bárbara, eu só fiquei com uma dúvida! Na hora em parecido. Ainda, como vimos, se Dr. José tivesse escolhido um
que Dr. José rejeita a hipótese nula, ele faz essa rejeição nível de significância de 1% em vez de 5%, o “p” não teria sido
com 3% de probabilidade de erro... Por que o valor p não significativo.
pode ser o erro tipo I? Afinal, se os 3% estiverem certos, Portanto, veja que a decisão em rejeitar a H0 envolve outros
Dr. José está rejeitando uma hipótese nula quando ela é fatores, o que altera a probabilidade de erro tipo I, uma vez que
verdadeira. também envolve o julgamento pessoal. Por isso, dizemos que o
valor p não é o erro tipo I. Além disso, Sellke e colaboradores (2001)
Excelente pergunta! Veja bem: o valor p é a probabilidade tentaram estimar a probabilidade de erro tipo I quando p é igual ou
de a diferença entre os grupos existir na vigência da hipótese inferior a 0,05. Eles verificaram que essa probabilidade pode chegar
nula, certo? Dr. José pode simplesmente olhar para essa a até 50%!
probabilidade e não rejeitar a hipótese nula, porque ele julga Que tal resolvermos algumas questões de anos anteriores

m
que o experimento pode ter tido algum erro de aferição ou erro para você ver como esse assunto é cobrado nas provas?

co
Lembra-se de que combinamos de resolver as questões sobre o intervalo de confiança após o capítulo de princípios de hipótese
s.
nula, já que as questões misturavam esses conceitos?
— Eu quase esqueci...
Ah, mas dessa vez eu lembrei! Chegou a hora! Veja as questões seguir!

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 32


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

CAPÍTULO

7.0 TESTES ESTATÍSTICOS


— Professora, entendi quem é o valor p! Mas como eu acho esse valor?
Excelente pergunta! Esse valor é calculado por meio dos testes estatísticos!

Um teste estatístico nada mais é do que uma ferramenta matemática que fornece o valor p! Esse valor, ao ser confrontado com
o nível de significância estatística, ajuda-nos a decidir se devemos rejeitar a hipótese nula!

m
Agora, o que você precisa saber efetivamente para acertar engenharia reversa mostrou que mais de 97% das questões têm
as questões de testes estatísticos? O primeiro ponto fundamental é como gabarito o teste t de Student ou o teste qui-quadrado (χ2)!

co
entender a diferença entre testes paramétricos e não paramétricos. Então, vamos relembrá-los rapidamente!
Os testes paramétricos são aqueles aplicados em amostras
suficientemente grandes, nas quais podemos pressupor que os dados TESTE T DE STUDENT
seguem a distribuição normal (curva de Gauss). Em contrapartida, os O teste t é utilizado quando temos uma variável numérica
s.
testes não paramétricos são aqueles aplicados em amostras pequenas e uma variável categórica, sendo a categórica do tipo dicotômica
ou naquelas situações em que não conseguimos prever se a variável (MEDRONHO et al., 2009).
segue uma distribuição normal. Portanto: Portanto, ele compara as médias de uma variável numérica

O segundo ponto fundamental é você conhecer os principais entre dois grupos fundamentais: aquele que tem a variável
eo
o

testes estatísticos que podem ser cobrados em sua prova. A categórica e aquele que não a tem!
ub
ro
id
é

VARIÁVEL NUMÉRICA
o

SIM (GRUPO 1) Média 1 ± desvio-padrão 1


a
dv
pi

VARIÁVEL CATEGÓRICA

NÃO (GRUPO 2) Média 2 ± desvio-padrão 2

Tabela 4. O teste t de Student é utilizado para verificarmos a associação entre uma variável numérica e uma variável categórica dicotômica. Fonte: Estratégia MED.
me

Por exemplo, o nosso querido Dr. José queria provar que seu Observe que a glicemia de jejum é uma variável numérica!
medicamento, o controlador ideal de glicemia (CIG), diminuía de Em contrapartida, o tipo de tratamento é uma variável categórica
forma eficaz a glicemia de indivíduos diabéticos, certo? Pois bem! dicotômica, uma vez que só existem duas possibilidades: ter usado
Para mostrar que o fármaco funciona, suponha que ele comparou a CIG ou não (tratamento convencional)!
média de glicemia de jejum dos pacientes que utilizaram o CIG com
a média de glicemia de jejum dos pacientes que permaneceram Resumindo: para sabermos se a medicação é eficaz, basta
com o tratamento convencional (isto é, que não utilizaram o CIG). compararmos as médias de glicemia entre os dois grupos!

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 33


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

GLICEMIA DE JEJUM (em mg/dL)

SIM (GRUPO 1) 117 ± 3


TRATAMENTO COM CIG
NÃO (GRUPO 2) 138 ± 7

Tabela 5. Média de glicemia de jejum nas duas amostras de pacientes diabéticos. Veja que o grupo 1 recebeu o CIG e apresentou uma média glicêmica de 117 mg/dL,
com desvio-padrão de 3 mg/dL. Em contrapartida, o grupo 2 não recebeu o CIG (isto é, o grupo fez o tratamento convencional), o que resultou em uma média glicêmica
de 138 mg/dL com desvio-padrão de 7 mg/dL. A pergunta é: será que essas médias são iguais do ponto de vista estatístico ou são diferentes? A resposta será fornecida
pelo teste t de Student.

m
Portanto:

co
• H0 (hipótese nula):
A média de glicemia do grupo CIG (117 mg/dL) não é estatisticamente diferente da média do grupo tradicional (138 mg/dL).
Logo, não há diferença entre os grupos e a medicação CIG não é superior ao tratamento tradicional3.
• H1 (hipótese alternativa):
s.
A média de glicemia do grupo CIG (117 mg/dL) é estatisticamente diferente da média de glicemia do grupo tradicional (138 mg/
dL). Logo, há diferença entre os grupos e a medicação CIG é superior ao tratamento tradicional.

eo

Agora, suponha que o nível de significância estatística adotado foi de 5%. Se, ao aplicar o teste t de Student, Dr. José encontrar um
o
ub

valor p igual a 0,03, então ele poderá rejeitar a hipótese nula! Portanto, existe diferença significativa entre os grupos!
ro

— Uau! Que incrível!


id

Pois é! Eu também acho (risos)!


é
o

As operações matemáticas por meio das quais o teste t de Student chega ao valor p fogem completamente ao escopo do nosso
a
dv
pi

estudo. Para as provas de Residência Médica, você só precisa entender quando o teste deve ser indicado.

TESTE T DE STUDENT PAREADO X NÃO PAREADO


me

Observe que Dr. José comparou as médias de dois grupos diferentes, mas o teste t de Student é tão versátil que pode, inclusive, ser
usado para comparar as médias de um único grupo ou amostra...
— Agora eu fiquei confuso, Bárbara! Como é possível uma única amostra ter duas médias?
Uma mesma amostra pode gerar duas médias se os indivíduos forem comparados em uma espécie de antes e depois. Por exemplo,
suponha que Dr. José separou uma nova amostra de pacientes. Agora, ao invés de usar um grupo separado para o tratamento convencional,
ele optou por comparar a própria glicemia de jejum dos pacientes antes e depois do tratamento. Nesse caso, teríamos duas médias, mas
apenas uma amostra!

3 A expressão “não funciona” é apenas para que você entenda o conceito de forma pedagógica. Na realidade, o correto a ser dito é “não é superior ao tratamento tradicional” nesse estudo.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 34


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Quando as médias são obtidas a partir de dois grupos ou amostras diferentes, optamos por usar o teste t de Student para amostras
independentes (ou não pareadas).
Em contrapartida, quando a amostra é única, utilizamos o teste t de Student para amostras dependentes (ou pareadas), já que cada
paciente é o próprio controle.

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

Figura 22. Uma amostra única é pareada na medida em que cada indivíduo gera duas medidas: uma antes do tratamento e uma depois. Nesse sentido, devemos usar o
teste t de Student pareado.
me

Além disso, o teste t pareado também pode ser utilizado para amostras diferentes, mas cujos indivíduos foram emparelhados de
alguma forma.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 35


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Por exemplo, suponha que temos duas amostras, chamadas grupo 1 e grupo 2. Se cada indivíduo do grupo 1 apresentar um
“par” no grupo 2, isto é, alguém com as mesmas características constitucionais que servirá de base de comparação, então as amostras
são ditas pareadas.

m
co
s.

eo
o
ub

Figura 23. Pareamento ou emparelhamento entre grupos. Observe que os indivíduos 1 e 5, por exemplo, estão pareados. Nesse sentido, se Dr. José optasse
ro

por realizar o estudo do controlador ideal de glicemia com amostras pareadas, considerando que o grupo 2 recebeu o tratamento e o grupo 1 não o recebeu,
então a média de glicemia do indivíduo 5 seria comparada especificamente com a do indivíduo 1.
id
é
o

a
dv
pi

Por último, é importante que você saiba que o teste t de Student é aplicado para distribuições normais! Portanto,
ele é um teste paramétrico! Se os dados fugirem da distribuição normal, a opção é utilizar o teste de Mann-Whitney,
me

que tem a mesma função do teste t, porém em amostras não paramétricas.


Ainda, quando o objetivo é comparar as médias de uma variável numérica em relação à uma variável
categórica com mais de duas classes (isto é, não dicotômica), utilizamos a famosa ANOVA – Análise de Variância.
Por exemplo, suponha que Dr. José agora deseja saber se há diferença entre as pressões intraoculares (PIO) de acordo
com a cor da íris dos olhos. Observe que, para cada categoria, existe uma média de PIO. Para descobrirmos se existe
diferença entre essas 5 médias, será necessário usar a ANOVA.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 36


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

PRESSÃO INTRAOCULAR (PIO) EM mmHg

AZUL 13 ± 3

VERDE 16 ± 7

COR DA ÍRIS DOS OLHOS CASTANHO-CLARO 15 ± 4

CASTANHO-ESCURO 15 ± 1

m
PRETO 14 ± 2

co
Tabela 6. Média de pressão intraocular (PIO) de acordo com a cor dos olhos4. Observe que temos uma variável numérica (PIO) e uma variável categórica do tipo
politômica (cor da íris). Portanto, o teste estatístico adequado é a ANOVA. Fonte: Estratégia MED.
s.
A engenharia reversa mostrou que o teste de Mann-Whitney nunca foi cobrado nas provas de Residência Médica. Já a ANOVA
foi cobrada uma única vez, como veremos a seguir.

eo
o
ub

Paralelamente, o qui-quadrado (χ2) é o teste de escolha para situações em que queremos verificar se existe associação entre duas
ro

variáveis categóricas do tipo dicotômicas! Para isso, comparamos as proporções de uma determinada variável y em dois grupos diferentes,
e esses grupos diferem em relação à presença de uma segunda variável, que chamaremos de x. Enquanto um grupo tem a variável x, o outro
id
é

não tem.
o

— Eita, professora! Esse tanto de variável me deixou confuso! Tem como explicar de novo?
Claro! Vamos usar um exemplo. Suponha que eu tenho duas amostras, sendo a primeira formada exclusivamente por indivíduos obesos
a
dv

(grupo 1) e a segunda por indivíduos eutróficos (grupo 2). Portanto, esses grupos diferem em relação à presença ou ausência de obesidade.
pi

Por sua vez, o diagnóstico dessa doença é considerado uma variável dicotômica! Afinal, só existem duas possibilidades: ser obeso ou não ser.

Ainda, digamos que a nossa suposição é a de que a obesidade está associada à hipertensão arterial sistêmica (HAS), podendo ser,
inclusive, uma de suas causas. Para verificarmos essa hipótese, precisamos comparar a proporção de hipertensos do grupo 1 (grupo dos
me

obesos) com a proporção de hipertensos do grupo 2 (grupo dos eutróficos). Se a nossa hipótese for verdadeira, então a proporção da HAS
no grupo 1 será significativamente maior do que a do grupo 2. Dessa forma, poderemos dizer que a obesidade está associada à hipertensão.
Agora vem o voo da coruja: observe que a HAS também é uma variável categórica dicotômica, uma vez que também só existem duas
possibilidades para o diagnóstico: ser hipertenso ou não ser. Portanto, o teste de escolha será o qui-quadrado!

4 A literatura oftalmológica aponta alguns estudos que mostraram uma incidência aumentada de glaucoma esfoliativo em indivíduos com a íris mais pigmentada. Em outras palavras, pessoas com olhos escuros
apresentariam maior risco de glaucoma do que aquelas com olhos claros. No entanto, estudos posteriores não confirmaram essa relação (KANG et al., 2012). Utilizamos esse exemplo, aqui, só para que você entenda
como seria relacionar uma variável numérica com uma categórica não dicotômica.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 37


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

DIAGNÓSTICO DE HAS

PROPORÇÃO DE
SIM NÃO TOTAL
HIPERTENSOS

SIM (GRUPO 1) 70 30 100 70/100 ou 70%


PRESENÇA DE
OBESIDADE
NÃO (GRUPO 2) 20 80 100 20/100 ou 20%

TOTAL 90 110 200 ---------

m
Tabela 7. Tabela de contingência 2 x 2 mostrando a proporção de hipertensos no grupo 1 (obesos) e no grupo 2 (eutróficos). Observe que, dos 100 obesos selecionados
para o estudo, 70 apresentam HAS. Em contrapartida, dos 100 eutróficos selecionados, apenas 20 são hipertensos. Se o teste qui-quadrado resultar em um valor p inferior
a 0,05 (para um nível de significância estatística a 5%), então poderemos dizer que existe diferença entre as proporções de HAS, sendo a obesidade, provavelmente,

co
a grande responsável por essa diferença.

• H0 (hipótese nula):
s.
A proporção de hipertensos no grupo dos obesos (70%) é estatisticamente igual à proporção de hipertensos no grupo dos
eutróficos (20%). Em outras palavras, não há diferença entre os grupos e a HAS não está associada à obesidade.
• H1 (hipótese alternativa):
A proporção de hipertensos no grupo dos obesos (70%) é estatisticamente diferente da proporção de hipertensos no grupo dos

eo

eutróficos (20%). Portanto, a obesidade e a hipertensão estão associadas.


o
ub
ro

Suponha que o nível de significância estatística escolhido foi igual a 5%. Se, ao aplicarmos o teste qui-quadrado, encontrarmos um valor
id
é

p igual a 0,02, então poderemos rejeitar a hipótese nula. Nesse sentido, podemos confirmar a associação entre a obesidade e a HAS!
o

a
dv
pi

Resumindo:
O qui-quadrado verifica se há associação entre duas variáveis categóricas dicotômicas. É importante frisar que ele é usado para

comparar proporções em dois grupos de observações independentes, isto é, as amostras não estão pareadas!
me

— Certo, professora! E se as amostras forem pareadas?


No caso de pareamento, utilizamos um o teste de McNemer (χ2 McNemer). A engenharia reversa mostrou que ele nunca foi cobrado
em prova!

O teste qui-quadrado é o teste estatístico mais cobrado nas questões de Estatística Médica!

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 38


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Se você entender o quadro a seguir, vai gabaritar praticamente 90% das questões de testes estatísticos!

TESTE T DE STUDENT: teste estatístico que verifica a associação entre uma variável numérica e uma variável categórica, e
essa última deve ser dicotômica! Ele compara médias! Se as amostras forem dependentes ou pareadas, usamos o teste t pareado; se
forem independentes, usamos o teste t não pareado.
TESTE DE MANN-WHITNEY: teste que tem a mesma função do teste t (variável numérica x variável categórica dicotômica),
porém os dados são não paramétricos.
ANOVA: teste estatístico que verifica a associação entre uma variável numérica e uma variável categórica com mais de duas
categorias.
TESTE QUI-QUADRADO (χ2): teste estatístico que verifica a associação entre duas variáveis categóricas dicotômicas! Compara

m
proporções! É utilizado para amostras independentes.
TESTE DE MCNEMER: teste que tem a mesma função do qui-quadrado, porém para amostras dependentes.

co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 39


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

Preparei uma lista exclusiva de questões com os temas dessa aula!


Acesse nosso banco de questões e resolva uma lista elaborada por mim, pensada para a sua aprovação.
Lembrando que você pode estudar online ou imprimir as listas sempre que quiser.

Resolva questões pelo computador

m
Copie o link abaixo e cole no seu navegador
para acessar o site

co
s. https://estr.at/juHb


eo
o
ub
ro
id
é

Resolva questões pelo app


o

Aponte a câmera do seu celular para


o QR Code abaixo e acesse o app
a
dv
pi

me

Baixe na Google Play Baixe na App Store

Baixe o app Estratégia MED


Aponte a câmera do seu celular para o
QR Code ou busque na sua loja de apps.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 40


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

CAPÍTULO

9.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Estrategista,
Chegamos ao final do nosso resumo de Estatística Médica! E veja que coisa boa: você não só sobreviveu, como também está cada vez
mais próximo de sua tão sonhada vaga de Residência Médica! Se você ficou com qualquer dúvida, pode mandar mensagem, pois eu estou a
sua disposição! O meu perfil no Instagram é @prof.barbaradalegria. Vejo você no próximo resumo de Medicina Preventiva! Vamos juntos!
Forte abraço,
Bárbara D’Alegria.

m
CAPÍTULO

10.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

co
Veja abaixo a lista de referências bibliográficas utilizadas para este resumo!

1. KANG, J.H. et al. Demographic and Geographic Features of Exfoliation Glaucoma in Two United States-based Prospective Cohorts.
s.
Ophthalmology. 2012 January ; 119(1): 27–35. doi:10.1016/j.ophtha.2011.06.018. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.
gov/21982415/. Acesso em 15/05/2021.
2. SUCHMACHER, M.; GELLER, M. Bioestatística passo a passo. 2ª edição. Editora Thieme Revinter, Rio de Janeiro, RJ, 2019.

3. VIEIRA, S. Fundamentos de estatística. 6ª edição. Grupo GEN - Editora Atlas, São Paulo, SP, 2019.
eo
o

4. VIEIRA, S. Bioestatística: tópicos avançados. 4ª edição. Editora Elsevier. Rio de Janeiro, RJ, 2018.
ub

5. LUIZ, R.R.; SZKLO, M. Capítulo 17: Introdução à análise exploratória de dados. In: Epidemiologia – 2ª edição. Organizado por Roberto
ro

Medronho e colaboradores, editora Atheneu, Rio de Janeiro (RJ), 2009.


id

6. PINHEIRO, R.S.; TORRES, T.Z.G. Capítulo 18: Análise exploratória de dados. In: Epidemiologia – 2ª edição. Organizado por Roberto Medronho
é

e colaboradores, editora Atheneu, Rio de Janeiro (RJ), 2009.


o

7. TORRES, T.Z.G. et al. Capítulo 22: Amostragem. In: Epidemiologia – 2ª edição. Organizado por Roberto Medronho e colaboradores, editora
Atheneu, Rio de Janeiro (RJ), 2009.
a
dv
pi

8. LUIZ, R.R. Capítulo 24: Associação estatística em Epidemiologia – Análise bivariada. In: Epidemiologia – 2ª edição. Organizado por Roberto

Medronho e colaboradores, editora Atheneu, Rio de Janeiro (RJ), 2009.


9. SELLKE, T. et al. Calibration of p Values for Testing Precise Null Hypotheses. The American Statistician. Vol. 55, N° 1, 2001.
10.WASSERSTEIN, R.; LAZAR, N.A. The ASA’s Statement on p-values: contexto, process and purpose. The American Statistician, Vol. 70, N° 2,
me

129-133, 2016.
11.HUBBARD, R.; BAYARRI, M.J. P Values are not Error Probabilities. Disponível em https://www.uv.es/sestio/TechRep/tr14-03.pdf.
12.TANHA, K. et al. P-value: What is and what is not. Medical Journal of Islamic Republic Iran: 1-2. September, 25, 2017. Disponível em
https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5804470/.
13.SMITH, R.A. et al. The High Cost of Complexity in Experimental Design and Data Analysis Type I and Type II Error Rates in Multiway ANOVA.
Human Communication Research, Vol. 28, N°. 4: 515–530, 2002.
14.NEYMAN, J. Outline of a Theory of Statistical Estimation based on the Classical Theory of Probability. Philosophical Transaction of the
Royal Society. Vol 236: 333-380, 1937. Disponível em: https://www.jstor.org/stable/91337?seq=1.

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 41


MEDICINA PREVENTIVA Estatística Médica Estratégia
MED

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Prof. Bárbara D’Alegria | Resumo Estratégico | 2023 42

Você também pode gostar