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RELATO DE EXPERI�NCIA

o USO DO COMPUTADOR COMO FERRAM ENTA PARA A IM PLEMENTAÇÃO DO


PROCESSO DE ENFERMAGEM - A EXPERIÊNCIA DO HOSPITAL SÃO PAU LO/U NIFESP

TH E U S E O F C O M P U T E RS AS A TOO L FOR N U RS I N G PROCESS I M P L E M E N TAT I O N : TH E


EXP E R I E N C E O F H O S P I TAL SÃO PAU L O/U N I F E S P

LA UTI L l ZAC I Ó N D E L A C O M P U TADORA C O M O H E RRAM I E NTA PA RA L A I M P L E M E NTAC I Ó N


D E L P R O C E S O D E E N F E R M E RíA - L A EXP E R I E N C IA D E L H O S P I TA L SÃO PAU LO/U N I F E S P

Alba Lúcia Botura Leite de Barros1


Flávio Trevisani Fakih2
Jeanne Liliane Marlene Michel3

RES UMO: O a rtigo relata o caminho util izado para elaboração de protótipo de um sistema informatizado de apoio à decisão
informatizado, utilizando as classificações de diagnósticos, i ntervenções e resultados de enfermagem (NANDA-NIC-NOC)
para auxiliar a inserção dos dados da sistematização da assistência de enfermagem no prontuário eletrônico dos pacientes
do Hospital São Paulo da U N I FESP.
PALAVRAS-CHAVE: i nformática , sistem a de apoio à decisão, classificações de enfermagem

ABSTRACT: This article reports the pathway u sed to build a prototype of a com puter n u rse's clinical decision making
su pport system , using NAN DA, N I C and NOC classifications, as an auxiliary tool i n the insertion of n u rsing data in the
computerized patient record of Hospital São Paulo/U N I FESP.
KEY WORDS: i nformatics , Decision making support system , N u rsing classifications

RES U M E N : Se relata en este a rtigo el cam i n o utilizado para la construcción de un prototipo de sistema de apoyo a la
decisión computadorizado, utilizando las clasificaciones de enfermería NAN DA, NIC Y NOC, para auxiliar en la inserción de
los datos de la sistematización de la asistencia de enfermería en el prontua rio electrón ico de los pacientes dei Hospital São
Paulo, de U N I FESP.
PALAB RAS CLAVE: informática , S i stema de apoyo a la decisión , Clasificaciones de enfermería

Recebido em 20/1 1 /2002


Aprovado em 06/03/2003

1 Enfermeira. Livre Docente. P rofessora Associada do Departamento de E nfermagem da U N I F ESP. Di retora de Enfermagem

do H ospital São Paulo d a U N I F E S P.


2 Enfermeiro . Espec i a l i sta em E nfermagem do Trabalho. M estra ndo do P ro g ra m a do Pós-Grad uação da E E RP-USP.

Assessor Técn ico da Di retoria de E nfermagem do H ospital São Paulo/U N I FESP.


3 M estre em E n fe rm a g e m . D o u t o ra n d a d o P rog ra m a de Pós-g ra d u ação d a U N I F E S P. P rofessora Assi ste nte d o

Departamento de Enfermagem da U N I F ES P. Coordenadora Técnico-Ad m i n i strativa da D i retoria d e E nfermagem do Hospita l São


Paulo.

714 Rev. Bras. E nferm . , B ras ília, v. 55, n . 6 , p . 7 1 4-7 1 9, nov.ldez. 2002
BARROS, A. L . B . L. de; FAK I H , F . T. ; M I C H E L , J . L . M .

INTRODUÇÃO fa se do p ro c e s s o de e n fe rm a g e m , o u s ej a , a fa s e
d iagnóstica .
Desde a d é c a d a d e 1 9 5 0 , os estu d i osos e m D e s d e e n tã o , p r o c u r o u - s e a p e rfe i ço a r e s t a
enfermagem vêm s e preocu pando e m evidenciar a ciência classificação, amparando-a em bases sólidas de sustentação
da Enfermagem , desenvolvendo, i n i cialmente , os modelos teórica e conceitua I .
teóri cos d e enfe r m ag e m , d ev i d o a o e n te n d i m e nto da N a década d e 1 98 0 , paralelamente a o desenvolvi­
necessidade de criação d e um corpo d e con heci mento mento das classificações d e d iagnósticos de enfermage m ,
próprio, com bases sólidas que o s u stente m . Desde então, surgiu a necessidade de evidenciar intervenções e resu ltados
d i versos modelos fo ra m p ro p o stos por teoristas em de enfermagem . A U n iversidade de I owa , através da sua
enfermagem de d iferentes partes d o m u ndo. Estes modelos e s c o l a de e n fe r m a g e m , ofe re c e u à s e n fe rm e i ra s a
t i v e r a m a s u a i m p o rt â n c i a c o m o m a rc o i n i c i a l d o c l a s s i f i c a ç ã o N I C ( N U R S I N G I N T E RV E N T I O N S
d e s e n v o l v i m e n t o d e ste c o r p o d e c o n h e c i m e n to d a C LAS S I F I CAT I O N ) , d e i nterv e n ções d e enfe r m a g e m
Enfermagem. (MCCLOS KEY; B U L E C H E K , 2000) e a classificação NOC
Na década de 1 970, i niciou-se nos EUA o movimento ( N U RS I N G O UTCOM E S CLASS I F I CATI ON), de resu ltados
dos diagnósticos de enfermagem, tendo como pano de fundo, de enfermagem (J O H N S O N ; MAAS ; MOORH EAD, 2000).
no princípio, a necessidade de explicitar para as seguradoras As classifi cações d e diag nósticos de enfermagem
de saúde daquele país o q u e as enfermeiras realizavam na da NAN DA, de i ntervenções ( N I C ) e de resu ltados (NOC)
sua prática assistencial . Este movi mento deu origem à North atu a l m ente são i nterl igadas e estruturadas de forma a
American N u rsing Diagnosis Association (NAN DA) a qual oferecer a possibilidade de que as enfermeiras, em diferentes
concebeu , então, a primeira taxonomia d e diagnósticos de c a m p o s d o c u i d a d o e e m d ife rentes especi a l i d a d e s ,
enfermagem, q u e se tornou a mai s conhecida e utilizada consigam utilizá-Ias d e maneira fácil e prática .
mundial mente (BARRO S , 1 998 , N Ó BREGA, 2000). Estas estrutu ra s , com suas bases conceitu a i s ,
Os diagnósticos foram li stados, i n icialmente , por possibilitam a construção d e instru mentos de coleta de
experls clínicas, sem a preocu pação d e colocá-los n u ma dados, o planej a mento d a assistência e o estabeleci mento
estrutu ra conceituai com bases sólidas. Estes diagnósticos, d o s res u lta d o s de e n fe rm a g e m obt idos , fa c i l ita n d o o
contendo suas evidências (sinais e sintomas) denominadas julgamento cl ínico realizado pelas enfermeiras e conduzindo­
de ca racte r í s t i c a s d e fi n i d o r a s e as s u a s ca u s a s , as a escol has d e d i a g n ósticos, intervenções e resu ltados
denominadas fatores relacionados, passaram a ser utilizados num processo contínuo de retroalimentação destas fases,
para apoiar o raciocínio clínico das enfermeiras na segunda garantin do assim a eficácia d o cuidado (Figura 1 ).

Figura 1 . Relação do con h ecimento de enfermagem para a tomada de decisão clínica d a enfermeira

Conhecimento clínico de Enfermagem

I
Classifi cação d e Classificação d e Classificação d e
D i a g n ósticos I ntervenções Res u lta d os

Tomada d e
decisão • Escol h a • Esco l h a • Escolha
cl í n i ca d a e nferme i ra

�t ----.
�t �t
D i a g n ósticos � I ntervenções
I �I Res u ltados

t i j
A enfe r m a g e m se e v i d e n c i a p e l o q u e e l a faz NAN DA/N I C/N OC como base para o p rontuário eletrônico
( i n t e rve n ç õ e s d e e nfe rm a g e m ) , b a s e a d a n o s s e u s de enfermagem d o H ospital São Paulo, que é o hospital­
diagnósticos , objetivando resu ltados passíveis de serem escola da U n iversidade Federal de São Pau lo. Trata-se de
alcançados, de acordo com a cond i ção clínica do paciente. uma i nstituição p rivada sem fins lucrativos, de grande porte
Apresenta mos aqui a seqüência de passos na qual e alta complexidade, q u e atende m ú ltiplas especialidades,
nos apoiamos, com a premissa da util ização do sistema sendo considerado d e ate n d i mento terciário, com ilhas de

Rev. Bras. E nferm . , B rasília, v. 55, n . 6 , p . 7 1 4-7 1 9 , nov./d ez. 2002 71 5


o uso do computador. . . .

atendimento quaternário. Figura 2 - Modelo assistencial de enfermagem do Hos pital


São Paulo
N íV E I S H I E RÁ R Q U I C O S D O S C O N C E I T O S E M
E N F E R M A G E M E A S C LA S S I F I C A Ç Õ E S D E
ENFERMAGEM

Segu ndo o dicionário Aurélio (FERREI RA , 1 998), a


definição de conceito é: "[Do lat. conceptu] . Representação
d u m o bj eto p e l o p e n s a m e n t o , p o r m e i o d e s u a s
características gerais. Ação de form ular u m a idéia por meio
d e palavra s ; d efi n i ç ã o , caracte rizaçã o . N oç ã o , i d é i a ,
concepção".
Ao s e e s t r u t u ra re m a s c l a s s i fi ca ç õ e s e m
enfermagem e m sól idas bases conceituai s, util izou-se a
classificação por n íveis hierá rq u i cos de conceitos, desde os
mais abstratos, que ordenam as classificações seg u ndo os
conceitos que estruturam u m a Disci p l i n a , até os m ai s
concretos , que evidenciam a aplicabilidade d a mesm a ,
possi bil itando a anál ise e o teste d o s conceitos inerentes
às ações executa d a s , ou sej a , a d efi n i ção d os seus FONTE: Ba rros ( 1 998)
problemas (diagnósticos) e a resolutividade das suas ações
(resultados), após a realização de suas ações (intervenções). E ste m o d e l o a s s i st e n c i a l fo i u t i l izado pa ra a
A n a l i s a n d o a exeq ü i b i l i d a d e d a u ti l ização d a s elaboração de i n stru mentos de coleta de dados, utilizados
classificações NAN DA, N I C e N O C para padronizar a pelas enfermeiras como base para o estabelecimento dos
li nguagem da sistematização da assistência de enfermagem diagnósticos de enfermagem dos pacientes, utilizando-se a
no Hospital São Paulo, verificamos da sua aplicabi lidade taxonomia da NAN DA. A fase de planejamento ainda é
ju nto aos nossos pacientes. Assim , quando se i niciaram os realizada com texto livre pelas enfermeiras, mas já estamos
trabalhos visando a i nserção dos dados de enfermagem no t ra b a l h a n d o na fa m i l i a ri z a ç ã o d a s m e s m a s com a s
prontuário eletrônico d o paciente em desenvolvimento na linguagens N I C e NOC.
institu ição, pensamos em d esenvolver u m protótipo que A partir desta experiênci a , foi concebido o protótipo
uti lizasse estas taxonomias. que apresentamos a seg u i r.
Para organ izar uma base de dados, utilizando estas
classifi cações , é preciso levar em contas as seg u i ntes P ROPOSTA D E U M M É TODO D E TRABALHO PARA A
impl icações: SISTEMATIZAÇÃO DA ASSIST Ê N CIA DE ENFERMAGEM
- Atender a Lei do Exercício Profissional (BRAS I L , (SAE) NO HOSPITAL S ÃO PAU LO
1 9 8 6 ) , q u e d i spõe s o b re o exerc í c i o p rofi s s i o n a l d a
Enfermagem de forma concreta , com evidências das ações Propomos u m método de trabalho, ou de raciocínio
e resultados alcançados pelas enfermeiras de acordo com cl ínico , onde a enfermeira possa identificar os diagnósticos
os diagnósticos referidos e não u m a mera execução de de enferm a g e m , uti l iza n d o a taxonomia da NANDA, e
papéis que tomam tempo, fru stram e não evidenciam a sua estabelecer as i ntervenções de enfermagem , com maior
razão de ser; seg u rança e rapidez. Esse método baseia-se na hipótese
- Poss i b i l itar a criação de u m a base d e dados de q u e a enfermeira poderá identificar os diagnósticos de
computadorizada conh eci d a , j á q u e o m u n d o atual não enfermagem a partir de um levantamento de problemas do
presci nde mais de computadores e da social ização das paciente, nos quais deve i ntervir.
informações; I de a l i za m o s , a i n d a , o d esenvolvi mento de u m
- Possi bil itar a ava l iação da eficácia e da efi ciência sistema i nformatizado d e apoio à decisão q u e contemple o
das nossas atividades, visto que a ciência caminha a passos método proposto e , assi m , venha a subsidiar a enfermeira
largos para a busca de evidências científicas para o cu idado em cada um a das fases da SAE .
e a di m i nu ição do custo d o mesmo;
Possibilitar a contrib u i ção para o d esenvolvi mento HIP ÓTESE
da ciência da E nfermagem .
A enfermeira poderá , levando-se em conta a sua
O MODELO DA SISTEMATIZAÇÃO DA ASSIST Ê NCIA DE experiência clínica , identificar os diagnósticos de enfermagem
E N FERMAGEM UTILIZADO NO HOSPITAL SÃO PAU LO a partir do levantamento de problemas do paciente.
Para tanto , ela deverá relacionar cada problema
A implantação da Si stematização da Assistência identificado a um ou m ais conceitos diagnósticos, segundo
de Enfermagem no Hospital São Paulo foi real izada a partir a lista apresentada para o eixo 1 da Taxonomia II da NANDA
da elaboração de u m modelo assistenci a l , que está apoiado (NANDA, 2000) . Cada conceito d iagnóstico relaciona-se a
nos modelos conceituais de H o rta , O re m , Epidemiológico um ou mais diagnósticos. A enfermeira irá , então, selecionar
de Risco e modelo Biomédico ( BARRO S , 1 998), conforme cada diagnóstico baseando-se , tam bém , na sua Defin ição,
il ustrado na figura 2. Características Defi n idoras (sinais e si ntomas) e Fatores

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BARROS, A. L . B . L . de; FAK I H , F. T. ; M I C H EL, J . L . M.

Relacionados (causas) ou Fatores de Risco . Assim , cabe à C o n ce itos D i a g n ósticos a p o n t a d o s . Na s e l e ção d o s


enfermeira o ju lgamento e a escol ha do diagnóstico. diagnósticos, a enfermeira foi orientada, ainda, a verificar as
A partir da seleção dos diag nósticos, a enfermeira características d efi n idoras e os fatores relacionados ou
deverá apresentar, para cad a u m deles, u m conj u nto de fatores d e risco d e cada diagnóstico, a fim de garantir a
i ntervenções - ações d e e n fe r m a g e m ( p rescrição d e exatidão e adequação d a escolha de cada diagnóstico.
enfermagem) baseadas na N I C e em protocolos i nternos ­
além de estabelecer a freqüência e o a prazamento das TESTE 1
mesmas. A última etapa desse m étodo prevê a aval iação
dos resu ltados das i ntervenções, a partir de ind icadores U nidade: Gastrociru rgia
escolhidos seg undo os resu ltados propostos na NOC e Fases da SAE ap l icadas atual mente na u nidade: Histórico
protocolos i nternos. e Prescrição de Enfermagem
Caso c l í n ico a n a l i s a d o : Paciente s u b metid o a
TESTE DA H I P ÓTESE Colecistectom i a (2° P O )
PROBLEMAS
�7: C��
G COS
D I A G N Ó S T I C O S A PROVA D O S

Para testarmos a nossa hipótese, selecionamos três I napetência N utrição


00002 - N utrição des e q u i librada: menos do
u e as necessidades comOTais
tipos d i sti ntos de u n i d a d e s de assistência a pacientes
H i dratação oral deficiente ������� de 0002S Risco pura volume de l í q u idos

adu ltos: uma u n idade d e cl í n i ca médica , uma u n idade de deficiente

000 1 3 - DiulTeia
c l í n ica cirúrgica e u m a u n i d a d e de tera p i a i nte nsiva . D i arré ia D i arrei a

Selecionamos também as enfermeiras que participariam do Insônia Padrão de sono 00095 - Padrão de sono perturbado

teste , seg u n d o os seg u i ntes critérios : ter experi ê n ci a D i ficuldade de


locomocão
M ob i l idade 00085 � M o b i l idade !isca prejudicada

assistencial de pelo menos três anos e ter ou não experiência D ific u l d ade para banhar 00 1 08 - Déficit no autocuidado para
f.'S:::.
C_ . ____----j Autocuidado banho/h igiene
com Sistematização da Assistência d e E nfermagem - SAE 00 1 09 - Défi c it no autocuidado para "cslir-e/
D i ficuldade para vcstif-sC
e/ou Diagnóstico de E nfermagem segu ndo a taxonomia da arumar-se

0005 1
Comunica çào
NANDA. Pouco comunicativo
verbal
- Comunicação verbal prejudicada

P a ra a a m o s t ra d e c a s o s c l í n i co s , fo r a m Vcnoc l i sc cm M S D
f------l l n fecçào 00004- R isco para infecção
selecionados o s pacientes cujos diagnósticos médicos eram
os mais comuns nas respectivas u n idades. Para a u nidade Ferida c irúrgica
I ntegridade da pele 00046- In tegridade da pck prejudicada
cirúrgica , consideramos apenas os pacientes pós-operados.
Icterícia Protcçào 00043 Protcçào ineficaz
Ass i m , trabalhamos com três u n idades: Gastrociru rg i a ,
-

00007 - H ipcrtermia
Card iologia e UTI de Pneumologia e u m a enfermeira de cada Febrc Termorregulação

To lerância à
uma dessas unidades. Foi escolhido, pela própria enfermeira , atividude
00094 · R isco para intolerância à atividade
Dor
um caso clínico considerado comu m e representativo d e cada Dor 00 1 32 - Dor aguda

u m a dessas u n i d a d e s : u m paciente s u b metid o à Nausca N âusca 00 1 3 4 - N âusca


colecistectomia (2° P O), u m paciente com I n suficiência
Card íaca Congestiva e u m paciente com quadro de Edema TESTE 2
Agudo de Pulmão, respectivamente.
U nidade: UTI da Pneumologia
ETAPAS DO TESTE Fases da SAE apl icadas atua lmente na unidade: H istórico ,
Diagnóstico e P rescrição de Enfermagem
Eta p a 1 - L e v a n ta m e n t o d e p ro b l e m a s : a s Caso clín ico anal isado : Paciente com Edema Agudo de
enfermeiras foram orientadas a apontar o s problemas de Pulmão
enfermagem do paciente, não i mportando o modelo de coleta PROBLEMAS
CONCEITOS
DIAGNÓSTICOS
DIAGNÓSTICOS APROVADOS

de dados utilizado - por sistemas fu ncionais do organismo, Edema Volume de líquidos 00026 - Volume de liquidos excessivo

por orientação céfalo-ca u d a l , etc.


Dificuldade para dormir Padrão de sono 00095 - Padrão de sono perturbadO
Etapa 2 - Identificação dos Conceitos Diagnósticos:
00091 - Mobilidade no leito
as enfermeiras foram orientadas a relacionar cada problema Imobilidade Mobilidade
prejudicada

apontado a u m ou mais Conceitos Diagnósticos (a parti r de 00 1 08 - Déficit no autocuidado para


Dificuldade para higiene
banholhigiene
uma listagem de conceitos fornecida) 001 09 - Déficit no autocuidado para
Dificuldade para vestir-se Autocuidado
E t a p a 3 - I d e n t i fi c a ç ã o dos D i a g n ósticos de vestir-se/arrumar-se

001 02 - Déficit no autocuidado para


E nfermagem : as enfermeiras foram orientadas a relacionar Dificuldade para alimentar-se
alimentaçao

cada Conceito a um ou mais Diagnósticos (a partir de uma ICC Débito Cardíaco 00029 - Débito cardíaco diminuído

l i stagem fo rn e c i d a d e C o nceitos e d o s D i a g n ósticos Ventilaçào 00033 - Ventilação espontânea

correspondentes ). espontânea prejudicada

Dispnéia l ortopnéia Padrão respiratório 00032 - Padrão respiratório ineficaz

à
00092 - Intolerância à alividade
Tolerância
RESU LTADOS DOS TESTES atividade

Fadiga Fadiga 00093 - Fadiga


Os resu ltados da anál ise dos três casos clínicos
I nfecçào 00004 - Risco para infecção
estão apresentados e m tabelas, as quais relacionam os Venoclise
00046 - Integridade da pele
problemas i de ntificados pelo enfe rm e i ro , os Conceitos I ntegridade da pele
prejudicada

Diagnósticos qu e as enfermei ras relacionaram a partir dos Ansiedade Ansiedade 001 46 - An siedade
problemas levantados e os Diagnósticos de Enfermagem da
Medo Medo 001 48 Medo
NAN DA que as enferme i ras selecionara m , a partir dos
-

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o uso do computador. . . .

TESTE 3 diagnósticos de enfermagem da NANDA, seja pela falta de


uma metodologia que perm itisse identificá-los. O método
Unidade: Enfermaria da Card iologia proposto, no teste na Gastrociru rgia, foi um pouco moroso,
Fases da SAE aplicadas atualmente na unidade: H i stórico, justamente pela i nexperiência com a taxonomia da NANDA,
Diagnóstico e Prescrição de Enfermagem entretanto perm iti u à enfermeira reconhecê-lo como um
Caso cl ínico analisado: Paciente com I nsuficiência Card íaca método di dático e fu ncional e que facil itaria a implantação
Congestiva dessa fase da SAE , sobretudo porq u e permiti ria apontar
PROBLEMAS
CONCEITOS
DIAGNÓSTICOS APROVADOS
determ i nados padrões de dia gnósticos, relacionados aos
DIAGNÓSTICOS

00002 - Nutriçao desequilibrada: menos do


casos clínicos mais comuns naquela unidade e, a parti r daí,
estabelecer protocolos d e i ntervenções de enfermagem .
Aceitação alimentar Nutrição
que as necessidades corporais

00026 - Volume I nformatizar o método, adotando-se um modelo de


Volume de
Edema de liquidas excessivo
liquidos

Gasometria alterada Troca de gases 00030 - Troca de gases prejudicada sistema d e apoio à decisã o , é uma providência que as
Dificuldade para dormir Padroo de sono 00095 - Padrao de sono perturbado
enfermeiras vêem como relevante, pois as mesmas já o
referem , seja como u m instrumento que facil ita e organiza o
Mobilidade 00091 Mobilidade flsica prejudicada
processo, seja como u m ba nco de i nformações, que poderá
-

Repouso no leito
000 1 5 - Risoo
Constipaçao para constipaçao
contribuir para a elaboração de protocolos assistenciais.
001 08 - Déficit
para
no autacuidado para
Dificuldade higiene
banho/higiene

Dificuldade para vestir·se Autocuidado


001 09 - Déficit no aulocuidado para vestir- CONCLUSÃO
se/arrumar-se

00 1 02 - Déficit no aulocuidado para


Dificuldade para alimentar-se
alimentação
Os testes d a h i pótese sugerem que o métod o
00029 - Débito
Edema + Dispnéia + Fadiga Débito Cardlaoo cardlaco diminuldo
proposto poderá ser uma forma motivadora e seg ura para a
Ventitaçao
espontênea
00033 - Ventilaçao espontênea prejudicada implantação e manutenção da taxonomia de diagnósticos
Dispnéia
Padrao
00032 - Padrão respiratÓrio ineficaz
de enfermagem d a NAN DA na fase diagnóstica da SAE , e
respiratório

â que i nformatizar esse processo, na forma de um sistema de


00092 - à
Tolerência
Intolerância atividade
atividade
apoio à decisão, em m u ito contrib u i ria para a consolidação
00093 -
Fadiga Fadiga Fadiga
da SAE nas u n idades de assistência ao paciente. Ainda
Infecção 00004 - Risco para infecção são necessários estudos e testes similares de protocolos
Venoclise
Integridade da
00046 - Integridade da pele prejudicada de intervenções de enfermagem, a partir das ligações entre
pele

Dúvidas sobre a patologia Conhecimento


00 1 26 - Conhecimento deficiente sobre a a taxonomia da NAN DA e as i ntervenções da N I C e de
sua patologia
avaliação resultados, como também protocolos de aval iação
00 1 47 - Ansiedade â morte
Ansiedade Ansiedade relacionada
de resultados, utilizando os resultados e indicadores da NOC
para os mesmos diagnósticos, conforme sugere o diagrama
DISCUSSÃO
abaixo:
Nas unidades de Cardiologia e UTI de Pneumologia,
DIAG N ÓSTI C O DE E N FERMAG EM - FLUXO
já se utiliza a taxonomia de diagnósticos de enfermagem
da NAN DA, na fase diagnóstica d a SAE. Houve, segundo
as enfermeiras dessas u nidades, uma relativa facil idade em COlETA DE DADOS

determinar os diagnósticos de enfermagem , pois tratava-se


de casos clínicos presentes de modo coti di an o nessas
PROBLEMAS
unidades e para os quais já estavam habituadas a estabelecer
os diagnósticos de enfermage m . Na medida em que esse
casos freq üentemente se repete m , chegam a sugerir um C O N C EITOS DIAGN 6sTICOS
padrão de identificação de diagnósticos, com peq uenas
variações , conforme as pecu l i aridades de cada paciente.
Nessas u n idades , para esses casos cl ín icos , a enfermeira DIAG N6sTICOS
p ra t i c a m e n t e s e p ro p õ e à i d e n t i fi c a ç ã o d i reta d o s
( 1 55)
diagnósticos d e enfermagem , por u m a associação d ireta d o
problema cl ínico aos respectivos diagnósticos. O método
proposto, que apresenta o conceito diagnóstico como um R E S U LTAD O S' I N TERVEN ÇÕES'
i ntermediário e ntre o p ro b l e m a e o d i a g n óstico , como
.... ....
i n d i cativo deste , é útil q u a n d o o p ro b l e m a não é u m a
característica com um e necessita de s u bsíd ios como, por I N D I CADORES" ATIVIDADES (Prescrição de Enfermagem)'
exemplo, saber os possíveis diagnósticos relacionados aõ
p r o b l e m a , bem co m o s u a d efi n i ç ã o , ca racte r í s t i c a s
AVALIAÇÃO" APRAZAME NTO"
definidoras e fatores relacionados.
Na unidade de Gatrociru rgi a , onde está implantada
apenas a fase de histórico d e enfermage m , mas não a fase • não totalmente defi n id o para todos os 1 55 d iag nósticos
diagnóstica , a identifi cação de problemas foi fu ndamental •• a ser defi n i d o e i n co rporado ao sistema
para a seleção dos diagnósticos de enfermagem e o conceito
diag nóstico representou u m i m porta nte subsídio nesse E s t a m o s r e a l i z a n d o u m a p a rc e r i a c o m o
p roce s s o , sej a p e l o co n h e c i m e n to i n s u f i c i e n te d o s Departamento de Processamento de Dados da U N I F ES P,

718 Rev. Bras. Enferm . , Brasília, v. 55, n . 6 , p . 7 1 4-7 1 9 , nov.ldez. 2002


com o intu ito de desenvolvermos u m sistema de apoio à d e Janeiro : N ova Fronteira , 1 998.
decisão conforme o proposto. Seu desenvolvimento encontra­
se numa fase pre l i m i n a r ( modelagem do sistema) e não J O H N S O N , M . ; M AAS , M . ; M O O R H EA D , S . ( E d . ) N u rs i n g
O utcomes Classificatio n ( N O C ) . 2 ed . St. Lou is: Mosby, 2000.
temos ainda subsídios para d etalhá-lo.
McCLOSKEY, J . C . ; BULECH EK, G. M. (Ed . ) Nursing Interventions
C lassification ( N I C ). 2. ed . St. Louis: Mosby - Year Book, 1 996.
REFERÊ NCIAS
McCLOSKEY, J . C . ; B U LECHEK, G . M . (Ed . ) Nurs ing Interventions
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E n ferm a g e m , U n ivers i d a d e F e d e r a l d e S ã o P a u l o - Esco l a uti l ização n a prática dos fenômenos de e nfermagem da CIP E
Paul ista de Med ici n a , São P a u l o , 1 998. - versão Alfa . S ã o P a u l o , 2 0 0 0 . 263 f. Tese ( D outora d o ) -
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