Você está na página 1de 55

.

Saulo Ribeiro Gonçalves


 Cefaléia é o termo técnico para dor de cabeça. Já a enxaqueca, que também
é chamada de migrânea, é um dos tipos de cefaléia. ~ 150.

 “Enxaqueca” : árabe = “meia cabeça”.


“Migrânea”: grego “hêmikraníon” = “metade do crânio”.

 Hipócrates, 400 A.C. : sintomas visuais que precedem a fase da cefaléia.

 XVII Thomas Willis: primeiro tratado moderno sobre o assunto.

Morais Camila, 2014. Tratamento farmacológico profilático da enxaqueca.


 Média de 1,5 crises / mês; Duração de 2 a 72 horas.

 Neurologia: 9,3 % consultas não agendas UBS; Ambulatório: 1º causa.

 10% a 20% da população no Brasil.

 Acomete mais o sexo feminino. 4M : 1H.

 Idade de maior produtividade (35 a 45 anos).

Academia Brasileira de Neurologia, 2018


 Cefaléias primárias: episódios recorrentes de dor de cabeça (ex.: migrânea,
cefaléia do tipo tensional e cefaléia em salvas).

 Cefaléias secundárias: são o sintoma de uma doença subjacente,


neurológica ou sistêmica (ex.: meningite, dengue, tumor cerebral).

 Diagnóstico diferencial!

HEADACHE CLASSIFICATION COMMITTEE OF THE INTERNACIONAL


HEADACHE SOCIETY, 2014.
 A enxaqueca é:

 Cefaléia idiopática, episódica e recorrente.

 04 a 72 horas.

 Dor unilateral, pulsátil, moderada ou severa.

 Foto e fonofobia e sensibilidade aos odores.

Martinho Catarina, 2016. A enxaqueca da teoria a pratica.


 Migrânea sem aura: características específicas e sintomas associados.

 Migrânea com aura: sintomas neurológicos focais.

 Fases.

Programa Procefaléia, 2014.


 Estado migranoso: cefaléia intensa > 72h. Intervalos livres < 12h.
Náuseas e vômitos por horas. Desidratação. Internação.

 Infarto migranoso: aura > 1h. Infarto demonstrado no exame de


neuroimagem.

 Migrânea crônica: crises diárias ou quase diárias (>15 dias por mês com
dor por mais de 3 meses).

Academia Brasileira de Neurologia, 2018.


 Migrânea sem Aura (MSA)

 Pelo menos 5 crises.

 04 á 72h; Dor unilateral; Pulsátil; Moderada ou intensa.

 Náusea e / ou vômito; Fotofobia e fonofobia.

 Não atribuído a outro transtorno.

HEADACHE CLASSIFICATION COMMITTEE OF THE INTERNACIONAL HEADACHE SOCIETY, 2014.


 Migrânea com Aura (MCA)
 Pelo menos 2 crises.

 Aura (sem paresia); Sintomas visuais + e/ou – reversíveis; Sensitivos + e/ou


– reversíveis; Disfasia reversível.

 Aura dura de 5 a 60 minutos.

 Não atribuído a outro transtorno.

HEADACHE CLASSIFICATION COMMITTEE OF THE INTERNACIONAL HEADACHE


SOCIETY, 2014.
 CTT: é a mais frequente das primárias. Prevalência na quarta década.

 Crise fraca ou moderada. Sensação de aperto ou pressão. Bilateral.

 Frontal, occipital ou holocraniana.

 A dor pode melhorar com atividades físicas.

 Final da tarde. Estresse físico; Muscular; Emocional

Academia Brasileira de Neurologia, 2018.


 “Salvas”: repete ao longo de um período de tempo.

 Surtos de 1 á 3 meses de duração (salvas). 1 á 8 crises por dia. Despertar à


noite pela crise.

 15 a 180 minutos; Hiperemia conjuntival, rinorreia, edema palpebral, rubor


facial, agitação.

 Inicia após os 20 anos. > 3ª e 5ª décadas. 85% H

Academia Brasileira de Neurologia, 2018.


 O diagnóstico de enxaqueca é clínico. (5 MSA / 2 MCA)

 Não há testes laboratoriais ou marcadores que confirmem o diagnóstico.

 Exames de Imagem.

 ****DIÁRIO DE CRISE: Anotar datas das crises, periodicidade, junto ou


depois da TPM, períodos de estresse ou jejum...

Morais Camila, 2015. Tratamento farmacológico profilático da enxaqueca.


Vicent Maurice, 1998. A Fisiopatologia da Enxaqueca.
Ativação do Sistema
Depressão Alastrante (Aura e
Trigeminovascular (Dor e
Alteração circulatória)
sensibilização)

Fisiopatologia

Vasodilatação (Óxido Nítrico e


Inflamação neurogênica
Citocinas inflamatórias)
 Familiares enxaquecosos:
 sem aura: 1,9 x
 com aura: 1,4 x
 50% > chance de ter enxaqueca

Gatilhos x susceptibilidade

Enxaqueca hemiplégica familiar (EHF)

João Maria, 2011. A Genética da Enxaqueca.


Predisposição familiar Estresse Ingestão de álcool

Falta de alimentação Falta de sono Mudança climática

Odores e perfumes Menstruação Exercícios físicos

Wannmacher, Lenita. Tratamento de enxaqueca: escolhas racionais. 2012


 Hormônio feminino: crises na idade fértil x menopausa.

 Prevalência aos 40 anos. < freqüente e aguda = após os 50 anos.

 15% crise ~ menarca.

 50% crise ~ ciclos menstruais.

Academia Brasileira de Neurologia, 2018.


 Migrânea menstrual: sem aura, sem disfunção visual, ou sem
formigamentos.

 2 dias antes do inicio da menstruação até o final do fluxo menstrual e em


nenhum outro período do ciclo menstrual.

 Gravidez.

 Menopausa: 67% observaram melhoras.

Academia Brasileira de Neurologia, 2018.


CHRISTINE SANTANA, Lívia; JESUS E SILVA, Betânia. Influência Dietética e Nutricional na Migrânea .
2015. ed. São Carlos: Universidade de Piauí, 2015. 20 p.
 Identificar os fatores dietéticos relacionados à migrânea.

Nem todos os portadores de migrânea são, obrigatoriamente, sensíveis a todos


ou qualquer alimento, nem irão desencadear, precisamente, uma crise cada
vez que consumi – los.
 Entender a migrânea.

 Cronobiologia da migrânea.

 Opções de tratamento.

 Fatores desencadeantes.

 Diário de cefaléia.

Sociedade Brasileira de Cefaléia, 2002.


 Biofeedback.

 Dieta.

 Terapia cognitiva comportamental.

 Acupuntura.

 Psicoterapia.

Sociedade Brasileira de Cefaléia, 2002.


 Atividade física.

 Regularidade das horas de sono.

 Não fumar ou beber com frequência.

 Vida sexual regular.

 Controle do estresse.

Procefaleia, 2014.
 Riboflavina (vitamina B2): 400mg/dia. Melhora em 50% dos portadores.

 Coezima Q10: antioxidante e ação preventiva.

 Magnésio: a baixa ~ depressão alastrante. Tratamento agudo e sintomático.


Terapia simples, barata e bem tolerada.

 Lecitina, gengibre, manjericão e ômega (diminui a freqüência e duração;


ação vasorrelaxante preventiva; para reação inflamatória): melhora o
metabolismo cerebral.
 O tratamento não medicamentoso tem apresentado resultados positivos
na literatura, podendo servir como base para a criação de protocolos de
suplementação de vitaminas, minerais e componentes dietéticos com
poucos efeitos colaterais, quando comparados com as drogas
medicamentosas.

CHRISTINE SANTANA, Lívia; JESUS E SILVA, Betânia. Influência Dietética e Nutricional na Migrânea .
2015. ed. São Carlos: Universidade de Piauí, 2015. 20 p.
 Critérios para escolha dos medicamentos:

 Eficácia, tolerabilidade e segurança.

 Doenças associadas.

 Interações.

 Relação custo / benefício.

Sociedade Brasileira de Cefaléia, 2002.


 Princípios e estratégias:

 Uso abusivo ou excessivo de medicações.

 Melhor relação eficácia terapêutica x efeitos colaterais.

 Monoterapia x Politerapia.

 Efeitos colaterais.

Sociedade Brasileira de Cefaleia, 2002.


Avaliar cada esquema terapêutico por prazo mínimo de 02 meses - Manter
esquemas terapêuticos eficazes (melhora acima de 75% na intensidade e
freqüência das crises avaliada pelo diário da cefaléia) pelo menos por 06
meses, descontinuando gradativamente, quando a melhora estiver
consolidada. Retomar esquema terapêutico prévio ou modificá-lo em caso
de recidiva das crises e neste caso prolongar o tratamento pelo tempo que
for necessário.

Sociedade Brasileira de Cefaléia, 2002.


 Cessar a dor ou gerar alívio em 2h.

 Medicamentos Específicos: Derivados do Ergot e Triptanos.

 Medicamentos Não Específicos: Analgésicos simples e AINES.

Procefaleia, 2014.
WANNMACHER, Lenita; FEREEIRA, Maria Beatriz Cardodo. Enxaqueca: mal antigo com roupagem nova.Boletim Opas,
ISSNN 1810-0791 Vol.63, N.8 Brasilia, Julho de 2004.
Recomendações para o Tratamento da Crise Migranosa - Um consenso brasileiro. Headache Medicine. 2014;5(3):70-81.
 29% - 50% ~ conseguem alívio por 24h seguidas.
 30% não respondem bem.
 Resposta uniforme.
 Insucesso com um, mas pode ser bem sucedido com outro.
 Em caso de recidiva, é uma boa opção.
 Sonolência, opressão toraxica, nucal ou craniana.
 Classe bem tolerada.
 Sumatriptana: pode ser repetida após 2h.

 Zolmitriptana: assemelha a sumatriptana.

 Naratriptana: Ação mais prolongada. Taxa de recorrência de menos dor.


Em relação a Sumatriptana: ação menos potente e com início mais
demorado.
Rizatriptana: Mais potente dos triptanos orais. (+ Propranolol = > [ ]
Rizatriptana).
 Muitos efeitos colaterais porque agem em vários receptores (dores musculares,
alucinação).
 Intensifica em muitos pacientes náusea e vômito.
 São utilizados mais em associação.
 Ergot x Triptanos = devido agirem em 5HT, contra indicado associar.
 OBS: Usou triptano, ergot depois de 6 horas.
Usou ergot, triptano só depois de 24 horas devido a meia vida mais longa.

• Contra indicado: HA severa, doenças hepáticas e renais.


 Isometepteno: enxaqueca de baixa intensidade. Simpaticomimético. Ação
vasoconstritora e analgésica.
 ANTIEMETICOS.
 Metoclopramida, bromoprida, domperidona úteis mesmo na ausência de
náuseas. A gastroparesia na crise justifica seu uso.
 Evidências que possui ação antimigranosa, podendo contudo causar
sintomas extrapiramidais. Nessa situação domperidona é uma opção.

 AINES.
 Agem minimizando o processo de vasodilatação. Úteis e bem tolerados.
Primeira escolha para crises moderadas.
 Melhora a qualidade de vida dos pacientes.

 Diminui a intensidade e frequencia das crises.

 Reduz o grau de incapacidade.

 Facilita a resposta ao tratamento abortivo da dor.


 Freqüência das crises: em geral, indica-se a profilaxia medicamentosa
quando ocorrem três ou mais crises por mês.

 Grau de incapacidade importante (pessoal, familiar, social e produtiva).

 Falência da medicação abortiva.

 Ineficácia da profilaxia não farmacológica


Recomendações para o tratamanto profilático da migrânea: Consenso da Sociedade Brasileira de Cefaleia. Arq. Neuro-Psiquiatr.
São Paulo, v.60, n.1, 2002.
 Primeira escolha.
 Estresse.
 Tratamento costuma durar mais de 6 meses e o efeito benéfico se prolonga
por mais tempo.
 Beta Bloqueadores e AINES: os dois causam retenção de potássio
(hipercalemia).
 Propranolol: maior resultado por ser mais lipossolúvel. Efeito mais rápido.
Recomendações para o tratamanto profilático da migrânea: Consenso da Sociedade Brasileira de Cefaleia. Arq. Neuro-
Psiquiatr. São Paulo, v.60, n.1, 2002.
 A flunarizina age basicamente reduzindo a frequencia e a intensidade das
crises.

 Demora de 4 a 6 semanas para demonstrar eficácia em relação a melhora


dos parâmetros da dor.

 Efeito residual quando de sua suspensão, por até 4 semanas.


Recomendações para o tratamanto profilático da migrânea: Consenso da Sociedade Brasileira de Cefaleia.
Arq. Neuro-Psiquiatr. São Paulo, v.60, n.1, 2002.
 ADT - Inibem a recaptação de noradrenalina e serotonina. Mais utilizados.

 Enxaqueca associada a sintomas depressivos, insônia, abusos de analgésicos e


ergoticos, alta frequência de crises e cefaléia do tipo tensional.

 Ação antimigranosa independe da ação antidepressiva. Essa ação preventiva não


melhora o humor e a depressão.

 Amitriptilina x triptanos x ergot= efeito sinérgico.

 ISRS: sem dados convincentes. IMAO: muita interação.


Recomendações para o tratamanto profilático da migrânea: Consenso da Sociedade Brasileira de Cefaleia. Arq. Neuro-
Psiquiatr. São Paulo, v.60, n.1, 2002.
 Topiramato: Tratamento comprovadamente eficaz. Perda de peso. Bem
tolerado. Aumento da dose de forma lenta e gradativa (25mg/14dias).

 Ácido Valproico: Primeiro usado. Mais usado? Estabilizador de humor. ↑


tremores e peso.

 Divalproato de sódio: cefaléia crônica diária.

 Gabapentina: Desaconselhado como tratamento preventivo. Ineficácia


observada na prática clínica. Alto custo.
 Não medicamentoso.

 Toxina Botulínica

 Anticorpos Monoclonais.
WANNMACHER LENITA. Tratamento de enxaqueca: Escolhas Racionais, 2012.
 ALBERTO DA SILVA JUNIOR, Ariovaldo; VALENTY KRYMCHANTOWSKI, Abouch. Procefaleia . 2014.

 CHRISTINE SANTANA, Livia; JESUS E SILVA, Betania. Influência Dietética e Nutricional na Migrânea . 2015. ed. São
Carlos: Universidade de Piaui, 2015. 20 p.

 WANNMACHER LENITA. Tratamento de enxaqueca: Escolhas Racionais, 2012.

 GERALDO SPECIALI, José et al. PROTOCOLO NACIONAL PARA DIAGNÓSTICO E MANEJO DAS CEFALEIAS
NAS UNIDADES DE URGÊNCIA DO BRASIL - 2018 . São Paulo: Academia Brasileira de Neurologia, 2018. 14 p.

 DA CRUZ BARBOSA, Maria. FATORES ALIMENTARES SUGESTIVOS DE DESENCADEAR AS CRISES


DE ENXAQUECA . 2016. 21 f. Dissetação (Trabalho de Conclusão de Curso)- FACULDADE DE CIÊNCIAS DA
EDUCAÇÃO E SAÚDE, CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA ? UniCEUB, Brasilia DF, 2016.
 HEADACHE CLASSIFICATION COMMITTEE OF THE INTERNACIONAL HEADACHE SOCIETY. Classification and
giagnostic criteria for headache disorders, cranial neuralgias and face pain. Cephalalgia, Oslo, 2014.

 JOÃO CANAVEZ PEIXOTO, Maria. GENÉTICA DA ENXAQUECA . 2011. ed. Porto: Universidade de Porto, 2011. 27 p.

 MARTINHO PIRES MARQUES, Catarina. Enxaqueca: da teoria à prática . 2016. 37 p. Dissertação (Enxaqueca: da teoria à
prática)- Universidade de Coimbra, Coimbra, 2016.

 MORAIS MIGUEL, Camila. Tratamento farmacológico profilático da enxaqueca . 2015. ed. São Paulo: IPOD, 2015. 17 p.

 Recomendações para o tratamanto profilático da migrânea: Consenso da Sociedade Brasileira de Cefaleia. Arq. Neuro-
Psiquiatr. São Paulo, v.60, n.1, 2002.

 DA CRUZ BARBOSA, Maria. FATORES ALIMENTARES SUGESTIVOS DE DESENCADEAR AS CRISES DE


ENXAQUECA . 2016. 21 f. Dissetação (Trabalho de Conclusão de Curso)- FACULDADE DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO
E SAÚDE, CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA ? UniCEUB, Brasilia DF, 2016.


 Muito obrigado!
 Deus abençoe a todos!
 Saulo Ribeiro Gonçalves
Instagram: @saulorg34
Facebook: Saulo Ribeiro Gonçalves

“Coração de estudante
Há que se cuidar da vida
Há que se cuidar do mundo”
Bituca

Você também pode gostar