Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
co
s.
♥
eo
o
ub
SAÚDE DO IDOSO
ro
id
é
P R O F. B Á R B A R A D ’ A L E G R I A E P R O F. G I O R D A N N E F R E I TA S
o
nã
a
dv
pi
Có
me
FEVEREIRO 2022
PREVENTIVA Saúde do Idoso
APRESENTAÇÃO:
PROF. BÁRBARA
D’ALEGRIA E PROF.
m
GIORDANNE FREITAS
co
Olá, Estrategista! Tudo bem com você? Espero que sim!
Seja muito bem-vindo a mais um resumo de Medicina Preventiva!
Nesta edição, nós vamos conversar sobre a saúde do idoso! Esse é um
tema cuja participação vem aumentando consideravelmente nas provas
s.
de Residência Médica, principalmente porque o Brasil é um país que
está envelhecendo!
Atualmente, os idosos (indivíduos com mais de 60 anos)
representam 25% da população brasileira. O Instituto Brasileiro de
♥
@prof.barbaradalegria
Prof. Bárbara D’alegria e Giordanne Freitas | Resumo Estratégico | Fevereiro 2022 Estratégia2
@giordanne MED
PREVENTIVA Saúde do Idoso Estratégia
MED
SUMÁRIO
m
3.1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL 9
co
3.3 A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO 10
6.3 POLIFARMÁCIA 27
6.5 DESPRESCRIÇÃO 30
m
7.2 AVALIAÇÃO 32
co
7.3 PREVENÇÃO 33
9.2 RASTREAMENTO 37
9.3 AVALIAÇÃO 37
♥
eo
9.4 MANEJO 38
o
11.1 VISÃO 43
a
11.2 AUDIÇÃO 44
dv
pi
CAPÍTULO
“O processo que resulta do impacto da acumulação de uma grande variedade de danos moleculares e celulares ao longo do
tempo. Isso leva a uma diminuição gradual da capacidade física e mental, um risco crescente de doenças e, em última instância,
à morte. No entanto, essas mudanças não são nem lineares nem consistentes, apenas vagamente associadas com a idade de
uma pessoa” (OPAS, 2020).
m
co
O envelhecimento é um processo de realizar algo com seus próprios meios, sem a ajuda de outras
inevitável e heterogêneo, que se inicia ao pessoas.
nascimento. Para a Organização Mundial A fragilidade do idoso ocorre em consequência do próprio
de Saúde, o indivíduo idoso é aquele que envelhecimento, em decorrência das mudanças fisiológicas
s.
possui idade maior ou igual a 65 anos. No progressivas do organismo, e caracteriza-se por uma síndrome
Brasil, a Constituição Federal admite que clínica que torna o indivíduo mais vulnerável aos estímulos
um indivíduo é idoso a partir dos 60 anos agressores. Nesses casos, o idoso tem menor capacidade de
de idade (importante lembrar-se dessa recuperação após eventos agressores, ou seja, após um evento
♥
eo
informação, pois já foi cobrada em provas de Residência Médica). agressor, o indivíduo que era independente pode ficar dependente,
o
O termo “autonomia” corresponde à capacidade do Um dos maiores objetivos almejados quando se fala
nã
indivíduo de tomar suas próprias decisões, de ter liberdade para em envelhecimento saudável é preservar a autonomia
a
e a independência de um idoso.
dv
CAPÍTULO
“O mundo está envelhecendo”1. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, a humanidade viu, pela primeira vez na
História, o número de idosos ultrapassar o número de crianças com menos de 5 anos (705 milhões vs. 680 milhões).
m
co
s.
♥
eo
o
ub
ro
id
é
o
nã
a
dv
pi
Có
me
Acredite, essa é uma situação inédita! ampliar sua carteira de serviços (isto é, sua oferta de serviços para
Por conta desse envelhecimento populacional, muitos países as doenças mais prevalentes em idosos).
já vêm percebendo um aumento da pressão assistencial nos Em países desenvolvidos, é esperado que esse aumento da
sistemas de saúde, já que as doenças crônicas não transmissíveis oferta ocorra sem maiores problemas. No entanto, em países em
tendem a ser mais prevalentes em idosos. desenvolvimento, como o Brasil, pode ser que haja um desencontro
Por isso, para que o sistema de saúde consiga atender a entre oferta e procura.
todos, é necessário que ele se programe de forma antecipada para
1 https://www.who.int/ageing/publications/global_health.pdf
No Brasil, o envelhecimento da população iniciou de forma efetiva em 1960. É previsto um aumento considerável dos idosos até 2060,
quando, finalmente, nosso país terá uma pirâmide etária compatível com a de uma população envelhecida (imagem abaixo).
m
co
s.
Fonte: http://mds.gov.br/assuntos/brasil-amigo-da-pessoa-idosa/estrategia-1
Nesse sentido, o Governo Federal já vem construindo iniciativas que visam assegurar a saúde e os direitos sociais da população idosa
♥
eo
brasileira, com o objetivo de garantir a equidade do sistema de saúde, garantindo um atendimento individualizado aos idosos.
o
ub
Um dos problemas é que o Brasil ainda se encontra em transição epidemiológica, apresentando, assim, uma tripla carga de doenças,
ro
que sobrecarrega os sistemas de saúde e pode comprometer a equidade. No caso do Brasil, a carga de doenças crônicas vem aumentando
progressivamente, no entanto ainda temos uma elevada carga de adoecimento ou morte por violência ou doenças infectocontagiosas.
id
é
o
nã
2. 3 O ENVELHECIMENTO ATIVO
a
dv
pi
Có
Diante de todos os problemas que o envelhecimento pode ocasionar na saúde coletiva, criou-se o conceito de envelhecimento ativo.
me
“Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”.
Organização Mundial da Saúde (OMS), 2005.
Portanto, o envelhecimento ativo não é algo que tem início para as pessoas idosas, mas ainda para os indivíduos adultos, dando-lhes
a oportunidade de um envelhecimento saudável, ativo e com qualidade de vida.
Além disso, temos sete pontos que são considerados fundamentais para a manutenção da saúde durante o envelhecimento. Tais
pontos são chamados de fatores determinantes, que já foram cobrados em provas de Residência.
m
Organização Mundial da Saúde (OMS), 2005.
CAPÍTULO
co
s.
3.0 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE
A POPULAÇÃO IDOSA
♥
eo
Prezado aluno, a Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, estabeleceu o modelo de seguridade
o
social em nosso país. O que isso quer dizer? Que nossa sociedade tenta garantir a segurança do indivíduo por meio de três pilares básicos: a
ub
Saúde
usufruindo de condições básicas de vida e com qualidade, mesmo
a
Por isso, o Brasil conta com alguns dispositivos legais para Previdência
Có
É importante ressaltar que as políticas públicas brasileiras devem favorecer a prática de atividades físicas
no cotidiano, assim como o lazer, e devem também estimular o acesso aos alimentos saudáveis e a
redução do consumo de tabaco, entre outros.
3. 1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL
m
A Constituição Cidadã definiu quem é o idoso no Brasil (como vimos, indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos) e garantiu os
co
direitos sociais dessa população.
O artigo 230 estabelece que o amparo da pessoa idosa é dever de sua família, da sociedade e do Estado, sendo, portanto,
responsabilidade de todos. Além disso, garante a mobilidade urbana desses indivíduos ao permitir a gratuidade nos transportes públicos
para aqueles com idade igual ou superior a 65 anos.
s.
3. 2 ESTATUTO DO IDOSO
♥
eo
O Estatuto do Idoso foi estabelecido pela Lei n.º 10.741, de 1 de outubro de 2013, e é o dispositivo legal que regulamenta os direitos
o
ub
O Estatuto informa que o idoso goza de “todos os direitos inerentes à pessoa humana” (artigo 1°) e que é “obrigação da família, da
comunidade, da sociedade e do Poder Público” garantir a efetivação desses direitos (artigo 2°).
id
é
o
nã
Fique atento, pois estas informações já foram cobradas em provas: o Estatuto do idoso estabelece que
a
nenhum idoso deve sofrer violência ou negligência e prevê punição para toda interferência em seus
dv
pi
direitos, seja por ação ou omissão (artigo 3°). A prevenção de situações de violência familiar e urbana
Có
também está sob a responsabilidade do Estado, conforme assegurado por esse estatuto.
me
A Política Nacional do Idoso foi criada pela Lei n.º 8.842, de 4 é um direito que deve ser garantido por sua família, sociedade e
de janeiro de 1994, e tem por objetivo “assegurar os direitos sociais estado. Coloca também que o idoso não deve sofrer nenhum tipo
do idoso” ao criar condições para promover sua “autonomia, de discriminação, que o idoso deve ser o agente e destinatário das
integração e participação efetiva da sociedade” (artigo 1° da transformações realizadas por essa política e chama a atenção dos
referida lei). Essa política também define que a atenção à saúde poderes públicos no sentido de observar as diferenças econômicas,
da população idosa tem como porta de entrada a atenção básica/ sociais, regionais e entre o meio rural e urbano durante a aplicação
saúde da família. da lei.
Esse dispositivo legal assegura que o bem-estar do idoso
m
3. 4 A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA (PNSPI)
Essa política conta com as seguintes diretrizes, que já foram cobradas em provas de Residência: (1) promoção
do envelhecimento ativo e saudável; (2) atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; (3) estímulo às
id
é
ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção; (4) provimento de recursos capazes de assegurar
o
qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; (5) estímulo à participação e fortalecimento do controle
nã
social; (6) formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa
a
idosa; (7) divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de
dv
pi
saúde, gestores e usuários do SUS; (8) promoção de cooperação nacional e internacional das experiências
Có
O Decreto n.º 9.328, de 3 de abril de 2018, instituiu a chamada “Estratégia Amigo da Pessoa Idosa”, cujo principal objetivo é “incentivar
as comunidades e as cidades a promoverem ações destinadas ao envelhecimento ativo, saudável, sustentável e cidadão da população,
principalmente das pessoas mais vulneráveis” (artigo 1º do referido decreto)3.
Essa iniciativa conta com cinco diretrizes, a saber (artigo 2°):
m
portadores de diferentes doenças crônicas não transmissíveis, às vezes até em multimorbidade) como do ponto de vista
social (baixo nível socioeconômico e baixa escolaridade, por exemplo). É essa subpopulação o grande foco dessa Estratégia
co
Amiga. O Ministério da Saúde pontua que existem 26,9 famílias inscritas no Cadastro Único para programas sociais do
governo, sendo que existem mais de 6 milhões de idosos cadastrados2. No entanto, o Ministério da Saúde também deixa
claro que a Estratégia Amiga não se restringe exclusivamente a esses idosos mais vulneráveis, podendo ser estendida a toda
s.
a população idosa.
4. A orientação por políticas públicas destinadas ao envelhecimento populacional e à efetivação da Política Nacional do Idoso
e do Estatuto do Idoso.
5. O fortalecimento dos serviços públicos destinados à pessoa idosa, no âmbito das políticas de assistência social, de saúde, do
♥
eo
3 http://mds.gov.br/assuntos/brasil-amigo-da-pessoa-idosa/estrategia-1
CAPÍTULO
m
4. 1 COMPOSIÇÃO CORPORAL
co
De forma geral, os idosos possuem um menor número total justificadas por maior inatividade dos idosos, redução de
de células, bem como menor volume de água no organismo, tendo hormônios anabólicos, como hormônio do crescimento e
como consequência uma maior vulnerabilidade à desidratação. hormônios sexuais e aumento dos níveis de citocinas inflamatórias,
s.
Com o envelhecimento, também temos perda de massa muscular, como interleucina-6 e fator de necrose tumoral. A massa óssea
aumento da gordura corporal e perda de massa óssea. também pode ser influenciada por baixos níveis de vitamina D.
Essas mudanças na composição corporal podem ser
♥
eo
o
ub
ro
Após os 40 anos de idade, temos aumento da gordura corporal de 2 a 5% por década, o que
justifica um aumento da gordura corporal total de 20 a 30% (20 a 40% para outras fontes
id
é
Com o envelhecimento, também temos perda de massa muscular, o que aumenta o risco de sarcopenia, que
nada mais é do que “quantidade insuficiente de músculo”. Com a redução da massa muscular, temos redução da taxa
metabólica e do consumo de oxigênio pelos tecidos.
Como a alteração da composição corporal é significativa, os pontos de corte para o índice de massa corporal
(IMC) precisam ser reajustados. Observe a tabela abaixo.
m
co
s.
♥
eo
o
ub
ro
id
é
o
nã
a
dv
pi
Có
me
4. 2 SISTEMA PULMONAR
O sistema pulmonar é um dos sistemas que mais sofre alterações com o avanço da idade. Essas alterações podem ser anatômicas
e funcionais e podem ser agravadas por fatores como tabagismo, infecções respiratórias pregressas, exposição à poluição e exposições
ocupacionais.
As principais alterações pulmonares do envelhecimento estão resumidas na tabela abaixo.
m
Redução da capacidade vital (maior quantidade
de ar mobilizado durante a inspiração ou É importante ressaltar que os livros de pneumologia
co
expiração), por diminuição da complacência relatam que a capacidade residual funcional não
da caixa torácica e fraqueza muscular. se altera com o envelhecimento. Já alguns livros
de geriatria afirmam que esse parâmetro aumenta
Redução da capacidade vital forçada (quantidade
s.
de ar exalado durante uma expiração forçada) com o envelhecimento.
4. 3 SISTEMA CARDIOVASCULAR
Prezado Estrategista, com o envelhecimento, temos progressiva perda funcional do aparelho cardiovascular. As principais alterações do
sistema cardiovascular estão listadas na tabela abaixo.
m
Maior rigidez do tecido cardíaco
co
Maior rigidez da aorta, que aumenta
a pós-carga e a pressão arterial (com
o envelhecimento, temos aumento da
s.
pressão arterial sistólica e diastólica)
Diminuição da complacência e
elasticidade do miocárdio, com
♥
eo
cardíaca
a
dv
4. 4 TRATO GASTROINTESTINAL
De forma geral, o sistema digestivo mantém sua funcionalidade durante o envelhecimento1. Por isso, quando um idoso se queixa de
sintomas cardinais desse sistema, é possível que eles ocorram devido a alguma doença propriamente dita. Essas alterações já foram cobradas
em provas de Residência Médica.
As principais alterações do trato gastrointestinal estão listadas na tabela abaixo.
• Diminuição da peristalse primária e secundária desse órgão devido a uma maior rigidez de
suas paredes
• Redução da pressão e aumento do tempo de relaxamento do esfíncter esofagiano superior
Esôfago • Diminuição da amplitude de contração esofagiana, o que aumenta a probabilidade de
m
broncoaspiração
• Pode ocorrer aperistalse, relaxamento incompleto ou ausente do esfíncter esofagiano
co
inferior
•
• Redução do fluxo sanguíneo esplâncnico
ro
Intestino delgado
• Redução da motilidade intestinal, o que pode causar hiperproliferação bacteriana
id
é
m
co
s.
♥
eo
o
ub
ro
id
é
o
nã
a
dv
pi
Có
me
4. 5 SISTEMA NERVOSO
O sistema nervoso também sofre alterações com o avanço da idade. O número total de células nervosas (entre neurônios e células da
glia) diminui de forma significativa, resultando em um cérebro com peso menor. No sistema nervoso periférico, também temos redução das
células nervosas da medula espinhal e dos nervos.
As principais alterações do sistema nervoso central com o envelhecimento estão listadas na tabela abaixo.
m
sanguíneos e nas células do sistema nervoso central
co
Surgimento das placas senis
4. 6 SISTEMA ENDÓCRINO
A menopausa é, sem dúvidas, uma das mudanças níveis séricos de testosterona e aumento da SHBG, (proteína
endócrinas mais marcantes durante o envelhecimento feminino. transportadora dos hormônios sexuais), justificando a redução da
O hipoestrogenismo dessa fase da vida feminina justifica o testosterona livre.
aparecimento dos seguintes achados clínicos: fogachos, sudorese Com o envelhecimento, temos redução da secreção noturna
noturna, alterações do sono, atrofia geniturinária, incontinência do hormônio do crescimento. Também podemos observar
urinária, dispareunia, redução de libido e alterações do humor. A redução da pregnenolona, dehidroepiandrosterona (DHEA) e
longo prazo, o hipoestrogenismo associa-se ao aumento do risco 17-hidroxipregnenolona e manutenção dos níveis de cortisol.
cardiovascular, aumento do risco de doença de Alzheimer e à Com relação à função tireoidiana, pode ocorrer um discreto
aumento fisiológico do TSH, que, em alguns casos, não necessita
m
osteoporose.
Em homens, é comum ocorrer redução progressiva dos de tratamento.
4. 7 SISTEMA EXCRETOR
co
s.
Querido aluno, as principais alterações do sistema urinário estão listadas na tabela abaixo.
Bexiga • Deposição de colágeno no músculo detrusor, podendo causar hiperatividade desse músculo
dv
pi
• Desnervação da bexiga
Có
É importante comentar que, embora haja redução do clearance de creatinina em virtude da perda de “massa renal”, dificilmente um
me
idoso apresentará elevação da creatinina sérica apenas em virtude do envelhecimento. Isso ocorre porque a massa muscular também
diminui com a idade, diminuindo a quantidade de creatinina a ser filtrada, mantendo os níveis séricos de creatinina dentro da normalidade.
De igual forma, há diminuição do clearance de ureia, mas o aumento da ureia sérica não ocorre, porque também há diminuição da
ingestão de proteína pelos idosos, justamente pelas alterações de digestão e absorção no sistema gastrointestinal (como a hipocloridria
supramencionada, que “atrapalha” a digestão de proteínas).
Dessa forma, guarde isto: apesar das alterações renais no envelhecimento, esse processo natural não resulta, por si só, em elevação
sérica de creatinina e ureia. Logo, se há elevação de escórias nitrogenadas, há algum processo patológico subjacente que deve ser investigado.
Não se esqueça de que também devemos ter atenção especial com medicamentos
que são primariamente filtrados pelos rins, visto que eles podem ter seus tempos de
meia-vida elevados com a idade. São exemplos dessas classes os aminoglicosídeos, a
digoxina, a penicilina e as tetraciclinas. Também devemos ter cuidado com medicamentos
nefrotóxicos.
m
co
s.
♥
eo
o
ub
ro
id
é
o
nã
a
dv
pi
Có
me
4. 8 SISTEMA OSTEOMIOARTICULAR
Prezado aluno, as principais alterações do sistema osteomuscular estão listadas na tabela abaixo.
Cartilagem: diminuição da resistência mecânica, menor hidratação, maior afinidade pelo cálcio e menor capacidade de
reparação
m
Perda de água nos discos intervertebrais, o que leva à diminuição da estatura
co
Perda de massa muscular
s.
4. 9 SISTEMA IMUNOLÓGICO
♥
Fique atento, pois as alterações do sistema liberam maiores quantidades de fator de necrose tumoral,
eo
o
alterações são mais perceptíveis: (1) a diminuição da celularidade Outro achado é um aumento nas células de memória,
Có
da medula óssea e (2) o declínio na funcionalidade do sistema que são aquelas que já tiveram contato prévio com o antígeno, e
imune adaptativo4,5. redução das células virgens, que são aquelas que ainda não tiveram
Com o envelhecimento, temos redução da proliferação contato com o antígeno. Estas últimas alterações justificam menor
me
e menor atividade das células T. As células dos idosos secretam reatividade aos antígenos novos.
menos interleucinas-2, que são os principais fatores de A quantidade de células B não é alterada e observam-se
crescimento dos linfócitos T. Ainda, com relação às interleucinas, poucas alterações nos níveis dos anticorpos (imunoglobulinas). Por
os idosos possuem aumento da interleucina-1 e da interleucina-6. outro lado, pode ocorrer aumento dos autoanticorpos, predispondo
Em idosos, as células do sistema imunológico também ao aparecimento de doenças autoimunes.
4 ESQUENAZI, D.A. Imunossenescência: as alterações do sistema imunológico provocadas pelo Envelhecimento. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, ano 7, 38-45, 2008.
5 AKHA, A.A.S. Aging and the imune system: an overview. Journal of Immunological Methods, 2018.
Embora a celularidade na medula óssea seja perceptivelmente antígenos pelas células dendríticas. Isso provavelmente ocorre por
menor, há um desvio da diferenciação das células hematopoiéticas um defeito na sinalização da interleucina-2 (IL-2).
para a linhagem mieloide, favorecendo, assim, neoplasias que se
originam dessas células.
É importante ressaltar que a redução da IL-2 diminui
Com relação à resposta imune mediada por célula (sistema
a capacidade imunológica do idoso, contribuindo
imune adaptativo), as células T do tipo CD4+ têm maior dificuldade
para o aparecimento das manifestações clínicas
em manter uma resposta efetora frente à apresentação de
atípicas em idosos.
m
CAPÍTULO
co
5.0 AVALIAÇÃO DO IDOSO
5. 1 APRESENTAÇÃO GERAL DE DOENÇAS EM IDOSOS
s.
Em idosos, devemos sempre ficar atentos, pois eles, com frequência, apresentam manifestações atípicas das doenças. Uma manifestação
atípica é todo sinal ou sintoma que não é esperado na apresentação de uma determinada doença, mas que pode e deve ser valorizado para
que essa doença seja percebida e possa ser corretamente diagnosticada.
♥
eo
o
ub
ro
Embora não seja uma regra, é muito comum o idoso manifestar diversas doenças por
meio de sinais e sintomas atípicos. Isso dificulta o reconhecimento precoce do processo
id
é
patológico e pode resultar em prognóstico ruim6. Fique atento, pois algumas questões
o
nã
Por sorte, a maioria dos idosos, ao manifestar doenças de apresenta sinais e sintomas, ou seja, os achados clínicos encontram-
forma atípica, fá-lo sempre por meio de nove manifestações, o que se “submersos”, “escondidos” (o fenômeno iceberg já foi cobrado
nos auxilia na identificação do processo patológico. em provas).
me
Em idosos, também podemos encontrar o fenômeno iceberg, Assim, de forma geral, as doenças podem manifestar-se em
que é quando o idoso apresenta determinada comorbidade e não idosos por meio de nove sinais e sintomas.
6 HOFMAN M.R. e colaboradores. Elderly patients with an atypical presentation of illness in the emergency department. The Netherlands Journal of Medicine. Vol 75(6): 241-246, 2017.
m
co
s.
Os gigantes da geriatria – sinais e sintomas que podem A autonegligência e a apatia podem indicar distúrbios do
♥
eo
indicar, de forma constitucional, a presença de doenças em idosos. humor, como depressão, ou doenças que envolvam alteração do
o
ub
Observe que a febre não faz parte do conjunto de sinais que processo cognitivo, como as demências.
A fadiga e a dispneia, geralmente, indicam doenças do
ro
basal do idoso é mais baixa. Portanto, a ausência de febre não por exemplo, o principal sinal clínico que o idoso manifesta não é a
o
A confusão mental é um dos sintomas sinalizadores mais Ainda, a perda não intencional de peso é talvez o único
a
achado pode estar prejudicada em indivíduos com alterações está presente em idosos.
Có
cognitivas. Outros padrões, que não estão inclusos nos nove gigantes
A imobilidade, a incontinência e a instabilidade, geriátricos, também podem ser observados. Por exemplo, além
me
principalmente quando instaladas de forma súbita, podem indicar da ausência de febre, um idoso com infecção bacteriana pode não
processos patológicos, principalmente neurológicos, como acidente apresentar hemograma com leucocitose e desvio para a esquerda.
vascular encefálico (AVE).
O primeiro ponto fundamental é entender quais são as grandes síndromes geriátricas. Tais síndromes são situações clínicas que
ocorrem frequentemente em idosos, pioram a qualidade de vida e aumentam a morbidade e a mortalidade. A literatura médica descreve
sete grandes síndromes, também conhecidas como os 7 "Is":
m
pode apresentar para comunicar-se com sua família, bem
executiva, linguagem, praxia, gnosia e função visual-
como na comunidade em que vive. A comunicação é
espacial (MORAES et al., 2009). Pode ocorrer nas
co
uma habilidade que compreende quatro dimensões,
demências, na depressão, no delirium e em doenças
a saber: linguagem, audição, motricidade oral e voz
psiquiátricas, como a esquizofrenia.
(fala) (MORAES et al., 2009). A incapacidade comunicativa
2. Incontinência urinária: é a perda involuntária de urina. pode causar isolamento e solidão.
s.
Na maioria das vezes, tem etiologia multifatorial e
5. Insuficiência familiar: considera-se que o seio familiar, isto
deve ser investigada e tratada, principalmente porque
é, o ambiente em que o idoso vive com seus respectivos
compromete a qualidade de vida do idoso.
familiares, é fundamental para seu processo de cuidado e
♥
eo
3. Instabilidade postural: é uma condição clínica que afeta para a manutenção de seu estado de saúde. Nesse sentido,
o
diretamente o equilíbrio do paciente idoso, bem como sua um idoso frágil que não possui rede de apoio é um idoso que
ub
marcha e deambulação, aumentando significativamente apresenta elevado risco social, estando propício a mais eventos
ro
podem causar instabilidade postural. Os principais provocado pelo excesso de intervenções médicas ou
Có
são: anti-hipertensivos (podem causar hipotensão), associações medicamentosas que são dispensáveis (isto é, não
hipoglicemiantes orais e insulina (podem causar são necessárias).
me
CAPÍTULO
m
principais alterações que podem alterar o efeito dos remédios em
idosos, iniciando pela farmacodinâmica.
co
A ação do fármaco em seu respectivo receptor
(farmacodinâmica) é pouco afetada pela idade. Essas alterações
dependem muito mais da transcrição e da expressão gênica.
s.
A farmacocinética (absorção, distribuição, metabolismo e
eliminação) pode estar alterada em idosos, aumentando o risco • Aumento da gordura corporal: aumenta a distribuição e
de eventos adversos. Nesses indivíduos, o comprometimento da tempo de ação dos medicamentos que se distribuem na
função renal é o fator que mais altera a farmacocinética. gordura, como os benzodiazepínicos e a amitriptilina.
♥
eo
Alguns fatores podem reduzir a absorção dos medicamentos. Com o envelhecimento, podemos ter diminuição do volume
o
Os principais são: atrofia da mucosa intestinal, aumento do pH do do fígado, redução do fluxo sanguíneo hepático e menor atividade
ub
estômago, alterações no fluxo sanguíneo intestinal e redução da do citocromo P450, o que pode alterar o metabolismo hepático de
ro
Já a distribuição dos medicamentos pode ser alterada pelos A excreção renal também pode estar comprometida, pois,
o
• Redução da albumina sérica: a hipoalbuminemia da taxa de filtração glomerular e da secreção tubular, justificando o
a
aumenta a fração livre de alguns medicamentos, aumento da meia-vida dos medicamentos. Sendo assim, em alguns
dv
pi
como fenitoína, diazepam, paracetamol e idosos, devemos ajustar a dose do medicamento de acordo com o
Có
de alguns medicamentos, como a lidocaína. em idosos são: automedicação, má adesão ao tratamento, uso
• Redução da massa magra e da quantidade de água inadequado dos medicamentos e esquecimento do uso. Sendo
corporal: essas alterações diminuem a distribuição assim, a prescrição de medicamentos para idosos deve ser cuidadosa
dos medicamentos hidrossolúveis (lítio e digoxina), e e individualizada, evitando o uso exagerado e desnecessário de
menores doses atingem níveis plasmáticos mais altos. medicamentos.
6. 1 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
m
atividade da enzima hepática P450 também podem aumentar o
Etanol Fluoxetina
risco de efeitos adversos por interações medicamentosas.
co
Quando um medicamento inibe o citocromo P450, ele Fenitoína Paroxetina
aumenta o tempo de ação de um outro medicamento que seria
metabolizado por esse sistema, aumentando o risco de efeitos Prednisona Omeprazol
s.
adversos.
Os medicamentos também podem interagir com a própria Rifampicina Metronidazol
doença do paciente, causando efeitos adversos. Como exemplo,
podemos citar o uso de betabloqueadores em asmáticos, que Isoniazida
♥
eo
6. 2 REAÇÕES ADVERSAS
id
é
Por definição, a reação adversa é um efeito indesejado ou prejudicial que ocorre após o uso de doses adequadas de determinado
o
nã
medicamento. Os fatores que mais aumentam o risco de efeitos adversos aos medicamentos são: polifarmácia e doenças crônicas presentes
em idosos.
a
dv
pi
Para evitar o aparecimento de qualquer evento adverso, é interessante avaliar criticamente todos os medicamentos utilizados, inclusive
os fitoterápicos. Alguns fatores (tabela abaixo) se associam a um risco aumentado de efeitos adversos.
Fragilidade
m
co
Seis ou mais problemas de saúde
Nesse sentido, quando iniciamos um tratamento em idosos, devemos sempre questionar o aparecimento de novos sinais e sintomas,
o
ub
assim como alertar o paciente sobre os possíveis efeitos adversos que determinado medicamento pode causar. Para reduzir o aparecimento
de efeitos adversos, podemos iniciar o tratamento com doses mais baixas e, se necessário, aumentar gradativamente a dose.
ro
id
é
o
nã
6. 3 POLIFARMÁCIA
a
dv
pi
Outro problema causado pela polifarmácia é a prescrição em cascata, em que um medicamento é utilizado para tratar o efeito adverso
de outro medicamento, e o efeito adverso da interação dos dois medicamentos é tratado com um terceiro medicamento. Observe alguns
exemplos:
m
co
Uso de IECA Tosse Xarope
Sendo assim, cabe ao médico avaliar a polifarmácia, analisando as interações medicamentosas, a quantidade de medicamentos usados,
ro
Nesse sentido, os critérios START (tabela abaixo) apresentam os medicamentos que são potencialmente benéficos aos idosos, de
o
Critérios START
a
dv
pi
Ácido acetilsalicílico ou clopidogrel em pacientes com doença coronariana, cerebrovascular ou doença vascular periférica
Inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA) na insuficiência cardíaca
me
Prezado aluno, 20 a 30% dos idosos atendidos nos consultórios utilizam pelo menos um medicamento que não deveria ser utilizado,
pelo risco de eventos adversos.
O uso de medicamentos potencialmente prejudiciais aos idosos aumenta morbimortalidade, quedas e internações. Também aumenta
os custos e piora a qualidade de vida dos idosos. A tabela abaixo lista os medicamentos que devem ser evitados em idosos, por seu potencial
de causar efeitos adversos.
Medicamentos Justificativa
m
Anti-histamínicos de primeira geração:
co
Efeitos anticolinérgicos: confusão mental, boca seca e constipação
difenidramina e clorfeniramina
Outros medicamentos (tabela abaixo) devem ser utilizados com cautela em idosos, pelo risco de efeitos colaterais.
Medicamentos Justificativa
m
efeitos adversos a medicamentos.
O risco de hipoglicemia aumenta quando temos comprometimento da função renal
co
Opioides Podem causar delirium, sintomas gastrointestinais e depressão ventilatória
Fonte: Chang, 2015.
s.
6. 5 DESPRESCRIÇÃO
inapropriados em idosos.
o
nã
6. 6 ADESÃO AO TRATAMENTO
A adesão ao tratamento ocorre quando o paciente utiliza de forma adequada e pelo tempo combinado o medicamento prescrito. A
não adesão é comum em idosos com doenças crônicas e associa-se à falha terapêutica, ao aumento das visitas às unidades de emergência,
ao aumento das hospitalizações e à maior mortalidade.
Os principais fatores associados à não adesão ao tratamento são: o paciente acredita que o medicamento é desnecessário, aparecimento
de eventos adversos, alto custo dos medicamentos e polifarmácia.
CAPÍTULO
m
7.0 PREVENÇÃO DE QUEDAS
Querido aluno, até 30% dos indivíduos com mais de 65 anos e 50% dos idosos com mais de 80 anos caem a cada ano. Até 60% dos
co
pacientes que tiveram queda no último ano terão um novo evento subsequente. Em até 50% dos casos, observa-se algum tipo de complicação
ou lesão, sendo as mais graves: traumatismo cranioencefálico e fraturas (as quedas respondem por 90% das fraturas de quadril). As lesões
ocasionadas pelas quedas são importantes causas de morte em idosos.
s.
7. 1 FATORES DE RISCO
♥
eo
Fraqueza muscular
o
nã
Gênero feminino
Déficit cognitivo
me
Uso de psicotrópicos
Osteoartrose
História pregressa de acidente vascular cerebral
Hipotensão ortostática
Queixas de tontura e anemia
Medicamentos. Entre os medicamentos, os benzodiazepínicos são os que mais aumentam o risco de
quedas em idosos (essa informação já foi cobrada em provas de Residência Médica)
Outros fatores de risco são: alterações de visão; distúrbios psiquiátricos, como depressão; dores; tonturas; idade (quanto maior a
idade, maior o risco); dificuldade em realizar as atividades diárias; baixo índice de massa corporal; incontinência urinária; consumo de álcool;
e disfunção cognitiva.
Algumas doenças crônicas também aumentam o risco de quedas, por isso os pacientes
com essas comorbidades devem ser acompanhados de perto. As principais condições
que aumentam o risco de quedas são: epilepsia/convulsões, arritmias, valvulopatias,
hipertensão arterial, doenças neurológicas (como Parkinson e demências), isquemia
cerebral transitória, doença pulmonar obstrutiva crônica, distúrbios psiquiátricos (como
depressão), psicoses e ansiedade, osteoporose, artrose, diabetes mellitus, doenças da
m
tireoide, anemia e alterações de eletrólitos.
7. 2 AVALIAÇÃO
co
s.
Na consulta, é importante avaliar a presença de
fatores de risco para quedas e questionar se o idoso
já teve um evento prévio de queda. Se a resposta for
positiva, devemos perguntar quando e como ocorreu
♥
eo
Entre os exames laboratoriais, podemos solicitar hemograma para avaliar a presença de anemia, eletrólitos, função tireoidiana (TSH
e T4 livre), dosagem da vitamina B12 e da vitamina D. Dependendo das informações colhidas durante a anamnese e dos achados ao exame
físico, uma avaliação cardiológica ou neurológica pode ser necessária.
7. 3 PREVENÇÃO
m
doméstica e a fisioterapia são as cama, evitando camas muito altas ou muito baixas, evitar o uso
estratégias que se mostram mais eficazes de colchões muito macios, melhorar a iluminação dos ambientes,
co
na prevenção das quedas. evitar móveis deslizantes e cortinas muito compridas e utilizar
A Organização Mundial da Saúde, cadeiras e poltronas com apoios laterais.
em seu documento “WHO Global Report on falls prevention in older Os idosos devem evitar o uso de chinelos de dedos, tamancos
age”, publicado em 2017, apresenta um modelo de prevenção de e pantufas, observar sempre se o calçado está adequadamente
s.
quedas, com três pilares: amarrado, usar calçados com solado antiderrapante, evitar roupas
1. Awareness ou “consciência”, que é a conscientização que se arrastam pelo chão (muito compridas), ter cuidado com pisos
dos cuidadores, familiares e do próprio idoso sobre o molhados, não caminhar apenas com meias, utilizar andadores e
♥
eo
problema que uma queda pode gerar e a necessidade bengalas com altura adequada, evitar andar em locais com piso
o
2. Assessment ou “avaliação”, que é a avaliação sobre não subir em locais altos e evitar andar a cavalo.
ro
os fatores que estão envolvidos no risco de queda Os indivíduos com distúrbios de equilíbrio e instabilidade da
id
daquele paciente.
3. Intervention fisioterapeuta. O paciente também deve aprender como levantar-
o
ou “intervenção”, que é o
nã
estabelecimento de intervenções que diminuam o se após ter uma queda. Exercícios resistidos para fortalecimento
risco de queda do idoso em questão. muscular e correção dos defeitos visuais também reduzem o risco
a
dv
pi
frequentes, como: quarto, banheiro, cozinha, escadas, jardins e treino de marcha, força e equilíbrio.
e calçada. Nesses locais, modificações do ambiente podem ser A ilustração abaixo lista importantes estratégias para redução
realizadas, como: retirar os tapetes soltos, usar tapetes e pisos das quedas em idosos.
m
co
s.
♥
eo
o
ub
ro
id
é
o
nã
a
CAPÍTULO
dv
pi
Prezado Estrategista, a vacinação em idosos reduz a incidência das doenças, diminui a gravidade das infecções, evita descompensação
das doenças crônicas e aumenta a expectativa de vida. A vacinação só deve ser postergada se o idoso apresentar doença aguda moderada
me
ou grave.
Outras vacinas podem ser administradas em idosos. Segue, abaixo, tabela com as recomendações de vacinação
em idosos.
Influenza Anualmente
Moradores de áreas endêmicas e indivíduos que vão viajar para locais com
Febre amarela
m
alta prevalência da doença
co
Meningocócica Indivíduos que vão viajar para locais com alta prevalência da doença
Vacina para herpes-zóster Pode ser feita a partir dos 60 anos de idade
s.
Vacina tríplice viral (sarampo, Nos surtos de uma das doenças e quando o indivíduo viaja para locais com
caxumba e rubéola) alta prevalência das doenças
♥
CAPÍTULO
o
Prezado Estrategista, infelizmente, todos nós sabemos definir o que é violência. Muitas vezes porque temos ciência de casos noticiados
a
dv
pela mídia, outras vezes porque nós mesmos vivenciamos episódios dessa natureza. Mas, a verdade é que existe um conceito teórico, um
pi
“Violência é o uso deliberado da força física ou do poder, de forma efetiva ou em grau de ameaça, contra si próprio, contra outra
pessoa, contra um grupo ou contra uma comunidade, que cause ou que tenha probabilidade de causar lesões, morte, danos
psicológicos, transtornos ao desenvolvimento pessoal ou social ou privações de suas necessidades”. Gusso et al., 2019.
A violência contra o idoso é bem comum, compromete sua saúde física e mental e aumenta a mortalidade. Em muitos casos, o
diagnóstico de violência contra o idoso é um desafio, pois o idoso pode não relatar os casos por vergonha, por comprometimento da função
cognitiva, por isolamento social, por medo ou por sentir-se constrangido.
Também podem ignorar tais situações para não terem 2. Violência espiritual.
Pode ser um dano físico e/ou não físico, como, por exemplo,
m
um dano financeiro ou psicológico. A tabela a seguir lista as principais características de cada tipo de
Os principais tipos de violência estão listados abaixo: violência.
co
Tipos de violência em idosos
s.
Ocorre quando qualquer contato físico causa dor ou lesão e também inclui a
Física administração de medicamentos desnecessários, a contenção física, a alimentação
forçada e as punições físicas.
♥
eo
o
ub
Sexual a fim de obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas mediante violência física,
coerção ou aliciamento” (GUSSO et al., 2019).
id
é
o
humilhação do idoso.
Có
“Ato lesivo e/ou não autorizado aos bens e finanças do idoso” (GUSSO et al., 2019)
me
Financeira Ocorre por “exploração imprópria, ilegal ou não consentida de recursos financeiros e
patrimoniais do idoso” (GUSSO et al., 2019).
Consiste “na recusa ou omissão de cuidados e proteção contra agravos evitáveis, devidos
e necessários ao idoso, por seu responsável”, ou seja, é a “recusa ou a falha da obrigação
Negligência em cuidar do idoso” (GUSSO et al., 2019).
Autonegligência: ocorre quando o idoso não consegue ter um autocuidado adequado e
não procura ou não aceita ajuda.
9. 1 FATORES DE RISCO
Os principais fatores de risco para sofrer e cometer abusos estão listados na tabela abaixo.
m
Problemas econômicos ou dependência econômica da
Isolamento social
vítima
co
Comportamento difícil Dependência química
E, ainda, temos fatores de risco associados a questões estruturais, como: recursos financeiros insuficientes, relação de poder entre a
ub
vítima e o agressor, relações intergeracionais desrespeitosas, violência familiar preexistente ou recorrente e suporte familiar insuficiente ou
ro
ausente.
id
é
o
nã
9. 2 RASTREAMENTO
a
dv
pi
Os profissionais de saúde devem sempre questionar, durante a anamnese, a ocorrência de violência, seja física, sexual, financeira ou
Có
psicológica. Os questionamentos devem ser feitos aos idosos e aos cuidadores de forma individualizada e separada. Da mesma forma, como
já comentado anteriormente, alguns achados ao exame físico podem indicar a ocorrência de violência contra o idoso.
me
9. 3 AVALIAÇÃO
Acompanhante responde todas as perguntas e impede que o examinador entreviste o idoso sozinho
m
Potencial abusador recusa-se a fornecer a assistência necessária para o cuidado do paciente
co
Potencial abusador parece excessivamente preocupado com os custos do cuidado com o paciente
abordagem multidisciplinar. O profissional de saúde deve elaborar § 2.º As obrigações previstas nesta Lei não excluem da
ub
um documento contendo a história clínica, os achados do exame prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
ro
físico, os exames laboratoriais e os exames de imagem, assim como Art. 5.º A inobservância das normas de prevenção importará
id
é
a impressão diagnóstica. É importante lembrar que todo caso de em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei.
o
violência deve ser denunciado às autoridades competentes. Art. 6.º Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade
nã
O Estatuto do Idoso define, em seu artigo 4º, que: competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha
“Artigo 4º. Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
a
negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e Art. 7.º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal
Có
todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido e Municipais do Idoso, previstos na Lei n.° 8.842, de 4 de janeiro de
na forma da lei. 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos
§ 1.º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos nesta Lei”.
me
CAPÍTULO
m
morte” (TERRA, 2013).
co
Existem diversas escalas responsáveis pela avaliação da fragilidade em idosos e é sobre elas que falaremos agora.
A escala avalia cinco sintomas de fragilidade, sendo que o idoso é considerado frágil caso apresente três delas. Mas,
o
veja que interessante: o idoso só é considerado não frágil caso não apresente NENHUM dos critérios abaixo. Se apresentar
ub
Tais critérios são chamados, por alguns autores, de critérios fenotípicos, porque eles descrevem o fenótipo do
id
é
indivíduo naquele momento. Fique atento, pois eles já foram cobrados em provas
o
nã
a
dv
pi
Có
me
m
ajustada para o índice de massa corporal e
Se apenas 1 critério: pré-fragilidade. Se em
gênero.
composição com outro critério: fragilidade.
Exaustão
co
Esforço maior para fazer tarefas habituais
ou impossibilidade de levar adiante tarefas
Pontua-se positivo para o referido item se o
esforço ou a interrupção forem detectados
de 3 a 4 dias na semana, na maioria das
s.
corriqueiras.
vezes.
Diminuição da Gasto calórico inferior a 383 kcal para os Se apenas 1 critério: pré-fragilidade. Se em
♥
eo
atividade física homens e 270 kcal para as mulheres. composição com outro critério: fragilidade.
o
ub
Lentificação da Tempo necessário para caminhar 4,57 m, Considera-se positivo se lento nos primeiros
ro
Tabela – Critérios fenotípicos segundo a escala de fragilidade do Cardiovascular Health Study. Fonte: adaptado a partir de Newton Terra, Geriatria e
o
nã
A escala FRAIL é, sem sombra de dúvidas, uma das escalas mais famosas para aferir fragilidade. É utilizada para o rastreamento da
me
fragilidade, por isso o diagnóstico deverá ser confirmado depois por uma escala mais específica.
Ela é muito parecida com a escala do Cardiovascular Health Study, porém é mais sensível e faz perguntas mais objetivas. De igual forma
à escala mencionada anteriormente, a FRAIL também apresenta gradações: acima de 3 pontos, já podemos considerar que a síndrome da
fragilidade está presente, enquanto entre um e dois pontos, há pré-fragilidade. A ausência de fragilidade só existe caso nenhum ponto seja
adquirido.
m
renal?
co
Perda de peso (loss of
Perdeu mais de 5% do peso no último ano? Sim
weight)
Escala FRAIL. Fonte: adaptado a partir de Newton Terra, Geriatria e Gerontologia Clínica, 2013.
s.
Observe como os itens avaliados são praticamente iguais aos da escala do Cardiovascular Health Disease.
♥
eo
CAPÍTULO
o
ub
A avaliação clínica e física do idoso não inclui apenas a tradicional anamnese e o exame físico padrão. Tais avaliações vão além disso e
id
é
englobam a autonomia e a independência do paciente. Para isso, avaliamos os diversos domínios de sua vida, bem como sua capacidade de
realização de atividades de vida diária, também conhecidas como AVD. Os domínios são:
o
nã
• Visão.
chamado “Instrumento de Avaliação Funcional” ou
Có
• Audição.
Avaliação multidimensional do Idoso – AMI” para
• Funções dos membros inferiores e superiores.
inferirmos como andam os domínios supracitados.
• Estado mental.
São registrados todos os resultados de todos os
me
FUNCIONALIDADE
m
e comando sobre as ações, estabelecendo os próprios meios
e seguindo as próprias convicções
COGNIÇÃO
HUMOR/
COMPORTAMENTO
co MOBILIDADE COMUNICAÇÃO
s.
♥
Continência
Preensão Marcha aeróbica/ Visão Audição Motricidade
esfincteriana
o
MOBILIDADE
me
IATROGENIA
INSUFICIÊNCIA
FAMILIAR
11.1 VISÃO
Em idosos, as alterações da visão podem aumentar o risco de correspondente a 20/40, ele será considerado sem disfunção
quedas, por isso é tão importante submeter o paciente à avaliação (GUSSO et al., 2019). Além disso, podemos também inferir como
oftalmológica. está o sistema ocular por meio de atividades como leitura, assistir
Para avaliar esse domínio, podemos realizar o famoso à TV, dirigir, entre outras que exigem o avistamento de objetos
teste de Snellen, que tem por objetivo mensurar a acuidade distantes.
visual do paciente. Caso o paciente apresente um nível de leitura
m
co
s.
♥
eo
o
ub
ro
id
é
o
nã
a
dv
pi
Có
me
Figura – o famoso cartão de Snellen. Veja que cada linha corresponde a uma determinada acuidade visual. Por exemplo, a linha 5 corresponde à
acuidade visual de 20/40. Um paciente é considerado sem disfunção visual caso consiga ler da linha 1 até a linha 5. Assim, caso ele não consiga
chegar até essa linha (isto é, pare obrigatoriamente nas linhas 1, 2, 3 ou 4), dizemos que há disfunção visual e que é necessário o encaminhamento do
paciente para a oftalmologia. Lembre-se de que a principal causa de redução da acuidade visual em idosos é a catarata ou a opacificação do cristalino.
É importantíssimo cuidar da visão do idoso porque a disfunção visual aumenta o risco de queda. Fonte: modificado a partir de http://preciod.com/br/
tabela-de-snellen-optotipo-banner-20-20-pDVjd.html.
11.2 AUDIÇÃO
A avaliação da audição é muito importante em idosos, já que a perda dessa função se associa a isolamento social, ansiedade e
depressão. Antes da solicitação de qualquer exame, a anamnese e o exame físico devem ser realizados, até mesmo porque os tampões de
cera são importantes causas de redução da audição em idosos.
A melhor forma de testar a audição do idoso é pelo teste de whisper, também conhecido
como teste do sussurro. Esse teste é, inclusive, recomendado pelo Ministério da Saúde.
m
co
De forma geral, o avaliador deve posicionar-se atrás do idoso, apresenta a mesma capacidade diagnóstica que a audiometria.
a cerca de 33 cm do ouvido direito, e perguntar sussurrando qual Porém, caso o teste seja positivo, antes de solicitar
é o nome do paciente. Se ele responder, consideraremos o teste uma audiometria ou encaminhar o idoso para o serviço de
negativo. Porém, se não houver resposta, consideramos o teste otorrinolaringologia, proceda com a avaliação por meio do
s.
positivo. O mesmo procedimento deve ser repetido para o ouvido otoscópio. Pode ser que a capacidade auditiva tenha sido reduzida
esquerdo. pela simples presença de um cerúmen impactado.
As evidências científicas mostram que o teste de whisper
♥
eo
o
ub
ro
id
é
o
nã
a
dv
pi
Có
me
Figura x – Teste do sussurro ou teste de whisper – é realizado posicionando-se a 33 cm atrás do idoso e perguntando qual é o nome dele. Se ele ouvir,
o teste é negativo. Se não houver resposta, o teste é positivo. Fonte: modificado a partir de Shutterstock.
m
sobre possíveis limitações que só são vistas quando os músculos do
co
manguito são recrutados.
O estado mental do paciente idoso pode ser avaliado por ferramentas de triagem de cognição, como é o caso do exame minimental.
o
nã
Trata-se de uma ferramenta de 30 pontos, que avalia orientação, memória atual, atraso da memória, concentração, cálculo, linguagem
e áreas visuoespaciais. Quando as pontuações são ajustadas para idade e escolaridade, o teste tem alta sensibilidade (82%) e especificidade
a
dv
pi
Pontuações acima de 26 são consideradas normais, valores entre 24 e 26 podem indicar comprometimento cognitivo leve, e < 24 indica
demência.
me
Paciente: ______________________________________________________________
Data da Avaliação: ____/_____/_____ Avaliador: __________________________
ORIENTAÇÃO
• Dia da semana (1 ponto) ............................................................................. ( )
• Dia do mês (1 ponto) ................................................................................... ( )
• Mês (1 ponto) .............................................................................................. ( )
m
• Ano (1 ponto) ............................................................................................... ( )
• Hora aproximada (1 ponto) ......................................................................... ( )
• Local específico (aposento ou setor) (1 ponto) .......................................... ( )
co
• Instituição (residência, hospital, clínica) (1 ponto) ...................................... ( )
• Bairro ou rua próxima (1 ponto) .................................................................. ( )
• Cidade (1 ponto) ......................................................................................... ( )
• Estado (1 ponto) .......................................................................................... ( )
s.
MEMÓRIA IMEDIATA
• Fale 3 palavras não relacionadas posteriormente pergunte ao paciente pelas
3 palavras. Dê 1 ponto para cada resposta correta ....................................... ( )
Depois repita as palavras e certifique-se de que o paciente as aprendeu, pois
mais adiante você irá perguntá-las novamente.
♥
eo
o
ATENÇÃO E CÁLCULO
ub
EVOCAÇÃO
o
nã
LINGUAGEM
dv
pi
escore: (____/30)
m
11.7 SUPORTE SOCIAL
co
É fundamental que conheçamos a rede de apoio do paciente, uma vez que
cuidadores ativos tendem a ser mais proativos e solucionadores de problemas
quando o idoso sofre incapacidades temporárias ou hospitalizações. Portanto,
s.
a rede de apoio diz muito a respeito da velocidade com que esse paciente se
recuperará. Fonte: Shutterstock
♥
eo
o
Segundo Gusso e colaboradores (2019), até 30% dos pacientes idosos apresentam problema de incontinência urinária. Porém,
id
é
curiosamente, eles não sinalizam a incontinência, a menos que sejam questionados. Gusso et al. recomendam que a pergunta seja direta,
o
nã
como “o senhor já perdeu urina ou já se sentiu molhado?”. Caso a resposta seja positiva, o paciente deverá ser investigado e encaminhado
para o serviço pertinente.
a
dv
pi
Có
Finalmente, chegamos às famosas atividades de vida diária (AVD). Essas atividades acabam
por mensurar a independência do paciente, ou seja, referem-se ao autocuidado – será que
ele é capaz de permanecer sozinho em casa, sem precisar de ajuda de terceiros? Isso porque
tais atividades são: tomar banho, ter continência, vestir-se, usar o banheiro, locomover-se,
alimentar-se e falar ao telefone. A redução na capacidade das AVDs, como são chamadas,
sinaliza um alto grau de hospitalização.
A escala de Katz é utilizada com sucesso há mais de 40 anos para avaliar a independência do idoso para as atividades de vida diária. A
pontuação é o somatório das respostas “SIM”. Quando temos 6 pontos, o paciente tem independência, 4 pontos, dependência parcial, e 2
pontos, dependência importante.
Segue, abaixo, a escala de Katz.
Banho Não recebe ajuda ou somente recebe ajuda para uma parte do corpo.
m
Vai ao banheiro, usa o banheiro, veste-se e retorna sem nenhuma ajuda
co
Higiene pessoal
(pode usar andador ou bengala).
Come sem ajuda (exceto ajuda para cortar carne ou passar manteiga no
Alimentação
o
pão).
ub
ro
Atividades mais complexas, como usar o telefone, conseguir ir a locais distantes usando algum transporte,
fazer compras, preparar a própria refeição, arrumar a casa, fazer pequenos reparos em casa, lavar e passar a
a
dv
pi
roupa, tomar os remédios na dose certa e no horário correto e cuidar das finanças, são utilizadas para avaliar
Có
se o idoso pode e deve viver sozinho. Essas atividades são chamadas de atividades instrumentais de vida
diária.
me
m
Copie o link abaixo e cole no seu navegador
para acessar o site
co
s. https://estr.at/hjMk
♥
eo
o
ub
ro
id
é
CAPÍTULO
m
debate. Rio de Janeiro, v.36, n.95, p. 657-664, 2012
7. FREITAS, E.V., PY, L., CANÇADO, F.A.X. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro, Guanabara: Koogan, 2006
co
8. GUSSO, G., LOPES, J.M.C. et al. Tratado de Medicina da Família e Comunidade. ARTMED, 2019.
9. SANTOS, R.R, BICALHO, M.A.C, MOTA, P. et al. Obesity in the elderly. Revista Med. Minas Gerais 2013; 23(1): 62 – 71.
10. TERRA, L.T, et al. Geriatria e gerontologia clínica. Porto Alegre: EDIPURCS, 2020
s.
CAPÍTULO
♥
eo
Prezado Estrategista,
ro
Chegamos ao final de nosso livro. Espero que você tenha compreendido todos os assuntos abordados.
Lembre-se de que sempre estaremos aqui para facilitar seus estudos. Estamos à disposição para qualquer dúvida, sugestão ou crítica.
id
é
Cordial abraço,
Professor Giordanne e professora Bárbara.
a
dv
pi
Có
me
m
co
s.
♥
eo
o
ub
ro
id
é
o
nã
a
dv
pi
Có
me