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SAÚDE DO IDOSO
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P R O F. B Á R B A R A D ’ A L E G R I A E P R O F. G I O R D A N N E F R E I TA S
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FEVEREIRO 2022
PREVENTIVA Saúde do Idoso

APRESENTAÇÃO:

PROF. BÁRBARA
D’ALEGRIA E PROF.

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GIORDANNE FREITAS

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Olá, Estrategista! Tudo bem com você? Espero que sim!
Seja muito bem-vindo a mais um resumo de Medicina Preventiva!
Nesta edição, nós vamos conversar sobre a saúde do idoso! Esse é um
tema cuja participação vem aumentando consideravelmente nas provas
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de Residência Médica, principalmente porque o Brasil é um país que
está envelhecendo!
Atualmente, os idosos (indivíduos com mais de 60 anos)
representam 25% da população brasileira. O Instituto Brasileiro de

Geografia e Estatística (IBGE) estima que essa faixa etária será a


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predominante no Brasil a partir de 2030.


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É importante lembrar que o envelhecimento não é sinônimo


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de doença, desde que ele ocorra de forma ativa e sustentável. Caso


contrário, o aumento do número de idosos impacta tanto o sistema
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previdenciário como o sistema de saúde, já que as doenças crônicas não


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transmissíveis são mais prevalentes nesses indivíduos.


As questões de saúde do idoso podem ser cobradas no bloco


de clínica médica e no bloco de medicina preventiva. Ainda, esse tema
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é mais cobrado pelas bancas do Sul e do Sudeste, talvez pela maior


concentração de idosos nessas regiões.


Dessa forma, é importante que você esteja “por dentro” desse
tema, pois acertar essas questões pode ser o diferencial para você
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ultrapassar o concorrente e conquistar sua tão sonhada vaga!


Você vai observar que seremos muito objetivos, pois nosso
propósito é que você consiga estudar sem “gastar” muito tempo,
principalmente porque esse tema, apesar de ter crescido nas provas,
ainda não apresenta uma incidência elevada.
Vamos com tudo!

@prof.barbaradalegria
Prof. Bárbara D’alegria e Giordanne Freitas | Resumo Estratégico | Fevereiro 2022 Estratégia2
@giordanne MED
PREVENTIVA Saúde do Idoso Estratégia
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SUMÁRIO

1.0 CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM SAÚDE DO IDOSO 5


2.0 EPIDEMIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO 6
2.1 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NO MUNDO 6

2.2 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NO BRASIL E O IMPACTO NO SISTEMA DE SAÚDE 7

2.3 O ENVELHECIMENTO ATIVO 7

3.0 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE A POPULAÇÃO IDOSA 8

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3.1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL 9

3.2 ESTATUTO DO IDOSO 9

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3.3 A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO 10

3.4 A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA (PNSPI) 10

3.5 A ESTRATÉGIA AMIGO DA PESSOA IDOSA 11


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3.6 CADERNETA DE SAÚDE DO IDOSO 11

4.0 FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO 12


4.1 COMPOSIÇÃO CORPORAL 12

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4.2 SISTEMA PULMONAR 13


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4.3 SISTEMA CARDIOVASCULAR 15


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4.4 TRATO GASTROINTESTINAL 15


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4.5 SISTEMA NERVOSO 17


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4.6 SISTEMA ENDÓCRINO 19

4.7 SISTEMA EXCRETOR 19


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4.8 SISTEMA OSTEOMIOARTICULAR 21


4.9 SISTEMA IMUNOLÓGICO 21

5.0 AVALIAÇÃO DO IDOSO 22


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5.1 APRESENTAÇÃO GERAL DE DOENÇAS EM IDOSOS 22

5.2 AS GRANDES SÍNDROMES GERIÁTRICAS 24

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6.0 USO DE MEDICAMENTOS EM IDOSOS 25


6.1 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS 26

6.2 REAÇÕES ADVERSAS 26

6.3 POLIFARMÁCIA 27

6.4 MEDICAMENTOS QUE DEVEM SER USADOS COM CUIDADO EM IDOSOS 29

6.5 DESPRESCRIÇÃO 30

6.6 ADESÃO AO TRATAMENTO 31

7.0 PREVENÇÃO DE QUEDAS 31


7.1 FATORES DE RISCO 31

m
7.2 AVALIAÇÃO 32

co
7.3 PREVENÇÃO 33

8.0 IMUNIZAÇÃO DO IDOSO 34


9.0 VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO 35
s.
9.1 FATORES DE RISCO 37

9.2 RASTREAMENTO 37

9.3 AVALIAÇÃO 37

eo

9.4 MANEJO 38
o

10.0 O IDOSO FRÁGIL 39


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10.1 ESCALA DE FRAGILIDADE DO CARDIOVASCULAR HEALTH STUDY 39


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10.2. ESCALA FRAIL 40


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11.0 AVALIAÇÃO GERAL DO IDOSO 41


o

11.1 VISÃO 43
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11.2 AUDIÇÃO 44
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11.3 FUNÇÕES DOS MEMBROS SUPERIORES 45


11.4 FUNÇÕES DOS MEMBROS INFERIORES 45

11.5 ESTADO MENTAL 45


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11.6 ESTADO NUTRICIONAL 47

11.7 SUPORTE SOCIAL 47

11.8 INCONTINÊNCIA URINÁRIA 47

11.9 ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA 47

12.0 LISTA DE QUESTÕES 49


13.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50
14.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 50

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CAPÍTULO

1.0 CONCEITOS FUNDAMENTAIS EM SAÚDE DO IDOSO


Querido aluno, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), o envelhecimento é:

“O processo que resulta do impacto da acumulação de uma grande variedade de danos moleculares e celulares ao longo do
tempo. Isso leva a uma diminuição gradual da capacidade física e mental, um risco crescente de doenças e, em última instância,
à morte. No entanto, essas mudanças não são nem lineares nem consistentes, apenas vagamente associadas com a idade de
uma pessoa” (OPAS, 2020).

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O envelhecimento é um processo de realizar algo com seus próprios meios, sem a ajuda de outras
inevitável e heterogêneo, que se inicia ao pessoas.
nascimento. Para a Organização Mundial A fragilidade do idoso ocorre em consequência do próprio
de Saúde, o indivíduo idoso é aquele que envelhecimento, em decorrência das mudanças fisiológicas
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possui idade maior ou igual a 65 anos. No progressivas do organismo, e caracteriza-se por uma síndrome
Brasil, a Constituição Federal admite que clínica que torna o indivíduo mais vulnerável aos estímulos
um indivíduo é idoso a partir dos 60 anos agressores. Nesses casos, o idoso tem menor capacidade de
de idade (importante lembrar-se dessa recuperação após eventos agressores, ou seja, após um evento

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informação, pois já foi cobrada em provas de Residência Médica). agressor, o indivíduo que era independente pode ficar dependente,
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Além das definições supracitadas, é importante que você


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o que tinha total lucidez pode passar a apresentar delírios, e o que


entenda os conceitos de autonomia, independência e fragilidade, tinha completa mobilidade pode passar a ter imobilidade.
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que são muito utilizados quando falamos sobre a população idosa.


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Então, vamos definir esses termos:


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O termo “autonomia” corresponde à capacidade do Um dos maiores objetivos almejados quando se fala

indivíduo de tomar suas próprias decisões, de ter liberdade para em envelhecimento saudável é preservar a autonomia
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e a independência de um idoso.
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agir e responder por si, assumindo, assim, o controle de sua vida.


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Já “independência” refere-se à capacidade do indivíduo



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CAPÍTULO

2.0 EPIDEMIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO


2. 1 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NO MUNDO

“O mundo está envelhecendo”1. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019, a humanidade viu, pela primeira vez na
História, o número de idosos ultrapassar o número de crianças com menos de 5 anos (705 milhões vs. 680 milhões).

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Acredite, essa é uma situação inédita! ampliar sua carteira de serviços (isto é, sua oferta de serviços para
Por conta desse envelhecimento populacional, muitos países as doenças mais prevalentes em idosos).
já vêm percebendo um aumento da pressão assistencial nos Em países desenvolvidos, é esperado que esse aumento da
sistemas de saúde, já que as doenças crônicas não transmissíveis oferta ocorra sem maiores problemas. No entanto, em países em
tendem a ser mais prevalentes em idosos. desenvolvimento, como o Brasil, pode ser que haja um desencontro
Por isso, para que o sistema de saúde consiga atender a entre oferta e procura.
todos, é necessário que ele se programe de forma antecipada para

1 https://www.who.int/ageing/publications/global_health.pdf

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2. 2 O PROCESSO DE ENVELHECIMENTO NO BRASIL E O IMPACTO NO SISTEMA DE SAÚDE

No Brasil, o envelhecimento da população iniciou de forma efetiva em 1960. É previsto um aumento considerável dos idosos até 2060,
quando, finalmente, nosso país terá uma pirâmide etária compatível com a de uma população envelhecida (imagem abaixo).

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Fonte: http://mds.gov.br/assuntos/brasil-amigo-da-pessoa-idosa/estrategia-1

Nesse sentido, o Governo Federal já vem construindo iniciativas que visam assegurar a saúde e os direitos sociais da população idosa

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brasileira, com o objetivo de garantir a equidade do sistema de saúde, garantindo um atendimento individualizado aos idosos.
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Um dos problemas é que o Brasil ainda se encontra em transição epidemiológica, apresentando, assim, uma tripla carga de doenças,
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que sobrecarrega os sistemas de saúde e pode comprometer a equidade. No caso do Brasil, a carga de doenças crônicas vem aumentando
progressivamente, no entanto ainda temos uma elevada carga de adoecimento ou morte por violência ou doenças infectocontagiosas.
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2. 3 O ENVELHECIMENTO ATIVO
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Diante de todos os problemas que o envelhecimento pode ocasionar na saúde coletiva, criou-se o conceito de envelhecimento ativo.
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“Envelhecimento ativo é o processo de otimização das oportunidades de saúde, participação e segurança, com o objetivo de
melhorar a qualidade de vida à medida que as pessoas ficam mais velhas”.
Organização Mundial da Saúde (OMS), 2005.

Portanto, o envelhecimento ativo não é algo que tem início para as pessoas idosas, mas ainda para os indivíduos adultos, dando-lhes
a oportunidade de um envelhecimento saudável, ativo e com qualidade de vida.

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Além disso, temos sete pontos que são considerados fundamentais para a manutenção da saúde durante o envelhecimento. Tais
pontos são chamados de fatores determinantes, que já foram cobrados em provas de Residência.

1. Fatores determinantes transversais: cultura e gênero.


2. Fatores determinantes relacionados aos sistemas de saúde e ao serviço social.
3. Fatores comportamentais determinantes.
4. Fatores determinantes relacionados a aspectos pessoais.
5. Fatores determinantes relacionados ao ambiente físico.
6. Fatores determinantes relacionados ao ambiente social.
7. Fatores econômicos determinantes.

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Organização Mundial da Saúde (OMS), 2005.

CAPÍTULO
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3.0 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA SOBRE
A POPULAÇÃO IDOSA

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Prezado aluno, a Constituição Federal de 1988, também conhecida como Constituição Cidadã, estabeleceu o modelo de seguridade
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social em nosso país. O que isso quer dizer? Que nossa sociedade tenta garantir a segurança do indivíduo por meio de três pilares básicos: a
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assistência social, a previdência e a saúde.


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Esse modelo de seguridade é importante, pois estabelece


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políticas públicas que garantem segurança social e de saúde para


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os idosos. Dessa forma, os indivíduos idosos podem permanecer


Saúde
usufruindo de condições básicas de vida e com qualidade, mesmo
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que não estejam mais economicamente ativos.


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Por isso, o Brasil conta com alguns dispositivos legais para Previdência

garantir os direitos e a qualidade de vida dessa parcela da população:


(1) a própria Constituição Federal; (2) a Política Nacional do Idoso; Assistência Social
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(3) o Estatuto do Idoso; (4) a Política Nacional de Saúde da Pessoa


Idosa; e (5) a Estratégia Amiga da População Idosa.
Além desses, existem ainda outros documentos que, embora
não tenham o idoso como seu foco principal, trazem objetivos e Figura. O modelo de seguridade social – Esse modelo foi garantido pela
Constituição Federal de 1988, no artigo 194, e estabelece que a saúde,
diretrizes que reforçam a segurança social e a saúde. São eles: a a previdência e a assistência social são os três programas sociais de
Política Nacional de Promoção à Saúde e a Política Nacional de maior relevância para garantir a segurança do cidadão brasileiro2. Eles
funcionam como peças de uma mesma engrenagem, e a ausência de
Atenção Básica. um deles não permite a proteção adequada da sociedade.

2 https://ambitojuridico.com.br/cadernos/direito-previdenciario/seguridade-social-conceito-constitucional-e-aspectos-gerais/. Acesso em 05/05/2020.

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É importante ressaltar que as políticas públicas brasileiras devem favorecer a prática de atividades físicas
no cotidiano, assim como o lazer, e devem também estimular o acesso aos alimentos saudáveis e a
redução do consumo de tabaco, entre outros.

Vamos ver cada um deles a seguir.

3. 1 A CONSTITUIÇÃO FEDERAL

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A Constituição Cidadã definiu quem é o idoso no Brasil (como vimos, indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos) e garantiu os

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direitos sociais dessa população.
O artigo 230 estabelece que o amparo da pessoa idosa é dever de sua família, da sociedade e do Estado, sendo, portanto,
responsabilidade de todos. Além disso, garante a mobilidade urbana desses indivíduos ao permitir a gratuidade nos transportes públicos
para aqueles com idade igual ou superior a 65 anos.
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3. 2 ESTATUTO DO IDOSO

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O Estatuto do Idoso foi estabelecido pela Lei n.º 10.741, de 1 de outubro de 2013, e é o dispositivo legal que regulamenta os direitos
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da pessoa idosa assegurados pela Constituição Federal.


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O Estatuto informa que o idoso goza de “todos os direitos inerentes à pessoa humana” (artigo 1°) e que é “obrigação da família, da
comunidade, da sociedade e do Poder Público” garantir a efetivação desses direitos (artigo 2°).
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Fique atento, pois estas informações já foram cobradas em provas: o Estatuto do idoso estabelece que
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nenhum idoso deve sofrer violência ou negligência e prevê punição para toda interferência em seus
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direitos, seja por ação ou omissão (artigo 3°). A prevenção de situações de violência familiar e urbana

também está sob a responsabilidade do Estado, conforme assegurado por esse estatuto.
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3. 3 A POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO

A Política Nacional do Idoso foi criada pela Lei n.º 8.842, de 4 é um direito que deve ser garantido por sua família, sociedade e
de janeiro de 1994, e tem por objetivo “assegurar os direitos sociais estado. Coloca também que o idoso não deve sofrer nenhum tipo
do idoso” ao criar condições para promover sua “autonomia, de discriminação, que o idoso deve ser o agente e destinatário das
integração e participação efetiva da sociedade” (artigo 1° da transformações realizadas por essa política e chama a atenção dos
referida lei). Essa política também define que a atenção à saúde poderes públicos no sentido de observar as diferenças econômicas,
da população idosa tem como porta de entrada a atenção básica/ sociais, regionais e entre o meio rural e urbano durante a aplicação
saúde da família. da lei.
Esse dispositivo legal assegura que o bem-estar do idoso

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3. 4 A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA (PNSPI)

A PNSPI foi publicada pela primeira vez em 1999, porém


foi reeditada em 2006 pela Portaria n.º 2.528 com o objetivo de
coestabelecer novas diretrizes e reformular os papéis de cada esfera
gestora (União, Estados e Municípios).
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readequar as ações de saúde à realidade brasileira. A principal finalidade dessa política é “recuperar, manter
Embora muitos dispositivos legais tenham sido publicados e promover a autonomia e independência dos indivíduos idosos,
no Brasil de forma a garantir o cuidado integral da pessoa idosa, direcionando medidas coletivas e individuais para esse fim, em
poucas ações “saíram do papel”. Por isso, houve a necessidade de consonância com os princípios e diretrizes do SUS”.

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Essa política conta com as seguintes diretrizes, que já foram cobradas em provas de Residência: (1) promoção
do envelhecimento ativo e saudável; (2) atenção integral, integrada à saúde da pessoa idosa; (3) estímulo às
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ações intersetoriais, visando à integralidade da atenção; (4) provimento de recursos capazes de assegurar
o

qualidade da atenção à saúde da pessoa idosa; (5) estímulo à participação e fortalecimento do controle

social; (6) formação e educação permanente dos profissionais de saúde do SUS na área de saúde da pessoa
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idosa; (7) divulgação e informação sobre a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa para profissionais de
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saúde, gestores e usuários do SUS; (8) promoção de cooperação nacional e internacional das experiências

na atenção à saúde da pessoa idosa; e (9) apoio ao desenvolvimento de estudos e pesquisas.


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3. 5 A ESTRATÉGIA AMIGO DA PESSOA IDOSA

O Decreto n.º 9.328, de 3 de abril de 2018, instituiu a chamada “Estratégia Amigo da Pessoa Idosa”, cujo principal objetivo é “incentivar
as comunidades e as cidades a promoverem ações destinadas ao envelhecimento ativo, saudável, sustentável e cidadão da população,
principalmente das pessoas mais vulneráveis” (artigo 1º do referido decreto)3.
Essa iniciativa conta com cinco diretrizes, a saber (artigo 2°):

1. O protagonismo da pessoa idosa.


2. O foco na população idosa, em especial a inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal.
3. Dentro da população de idosos, existem aqueles de maior vulnerabilidade, tanto do ponto de vista orgânico (por serem

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portadores de diferentes doenças crônicas não transmissíveis, às vezes até em multimorbidade) como do ponto de vista
social (baixo nível socioeconômico e baixa escolaridade, por exemplo). É essa subpopulação o grande foco dessa Estratégia

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Amiga. O Ministério da Saúde pontua que existem 26,9 famílias inscritas no Cadastro Único para programas sociais do
governo, sendo que existem mais de 6 milhões de idosos cadastrados2. No entanto, o Ministério da Saúde também deixa
claro que a Estratégia Amiga não se restringe exclusivamente a esses idosos mais vulneráveis, podendo ser estendida a toda
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a população idosa.
4. A orientação por políticas públicas destinadas ao envelhecimento populacional e à efetivação da Política Nacional do Idoso
e do Estatuto do Idoso.
5. O fortalecimento dos serviços públicos destinados à pessoa idosa, no âmbito das políticas de assistência social, de saúde, do

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desenvolvimento urbano, de direitos humanos, de educação e de comunicação.


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3. 6 CADERNETA DE SAÚDE DO IDOSO


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Questões de provas de Residência glicemia e outros parâmetros clínicos.


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O objetivo da caderneta é aumentar a qualidade da


já cobraram conhecimentos da caderneta


de saúde do idoso. Trata-se de um atenção à saúde prestada aos idosos e, ao mesmo tempo, ser um
documento entregue aos idosos que instrumento para longitudinalidade.
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frequentam o Sistema Único de Saúde e A caderneta é um importante instrumento para


que tem por objetivo registrar informações reconhecimento de idosos frágeis ou em risco de fragilização.
fundamentais, como medicações em uso Ela possibilita o planejamento, ações e acompanhamento desses
e vacinas administradas, além de oferecer idosos. Trata-se de um importante instrumento de cidadania e que
campos para o registro da pressão arterial, fortalece a atenção básica.

3 http://mds.gov.br/assuntos/brasil-amigo-da-pessoa-idosa/estrategia-1

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CAPÍTULO

4.0 FISIOLOGIA DO ENVELHECIMENTO


Querido Estrategista, saiba que diversas bancas do país cobram o tema “fisiologia do envelhecimento”, em especial as bancas da
Irmandade da Santa Casa de Misericórdia de São Carlos (ISCMSC) e de Santos (ISCMS). Por isso, fique atento às modificações fisiológicas que
serão descritas abaixo, para que você consiga responder a essas questões de forma adequada.
Lembre-se de que o envelhecimento é um processo natural, progressivo e inevitável para todos os organismos vivos e é caracterizado
por um declínio das funções celulares, assim como por mudanças estruturais em diversos sistemas orgânicos. Essas mudanças anatômicas e
fisiológicas são a expressão estrutural e funcional do processo de senescência, um processo que é característico do envelhecimento, e não de
alterações induzidas por processos patológicos.

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4. 1 COMPOSIÇÃO CORPORAL

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De forma geral, os idosos possuem um menor número total justificadas por maior inatividade dos idosos, redução de
de células, bem como menor volume de água no organismo, tendo hormônios anabólicos, como hormônio do crescimento e
como consequência uma maior vulnerabilidade à desidratação. hormônios sexuais e aumento dos níveis de citocinas inflamatórias,
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Com o envelhecimento, também temos perda de massa muscular, como interleucina-6 e fator de necrose tumoral. A massa óssea
aumento da gordura corporal e perda de massa óssea. também pode ser influenciada por baixos níveis de vitamina D.
Essas mudanças na composição corporal podem ser

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Após os 40 anos de idade, temos aumento da gordura corporal de 2 a 5% por década, o que
justifica um aumento da gordura corporal total de 20 a 30% (20 a 40% para outras fontes
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pesquisadas) em idosos. Também temos redistribuição dessa gordura, com aumento da


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gordura abdominal (visceral). Há também maior concentração de gordura no fígado e no


músculo, justificando um aumento da resistência periférica à insulina.
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Com o envelhecimento, também temos perda de massa muscular, o que aumenta o risco de sarcopenia, que
nada mais é do que “quantidade insuficiente de músculo”. Com a redução da massa muscular, temos redução da taxa
metabólica e do consumo de oxigênio pelos tecidos.
Como a alteração da composição corporal é significativa, os pontos de corte para o índice de massa corporal
(IMC) precisam ser reajustados. Observe a tabela abaixo.

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4. 2 SISTEMA PULMONAR

O sistema pulmonar é um dos sistemas que mais sofre alterações com o avanço da idade. Essas alterações podem ser anatômicas
e funcionais e podem ser agravadas por fatores como tabagismo, infecções respiratórias pregressas, exposição à poluição e exposições
ocupacionais.
As principais alterações pulmonares do envelhecimento estão resumidas na tabela abaixo.

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Alterações funcionais do aparelho respiratório


em idosos

Diminuição da complacência da parede torácica

Diminuição do reflexo da tosse, aumentando


o risco de broncoaspiração

Aumento da complacência pulmonar

Redução da força dos músculos respiratórios

m
Redução da capacidade vital (maior quantidade
de ar mobilizado durante a inspiração ou É importante ressaltar que os livros de pneumologia

co
expiração), por diminuição da complacência relatam que a capacidade residual funcional não
da caixa torácica e fraqueza muscular. se altera com o envelhecimento. Já alguns livros
de geriatria afirmam que esse parâmetro aumenta
Redução da capacidade vital forçada (quantidade
s.
de ar exalado durante uma expiração forçada) com o envelhecimento.

Aumento do volume residual (volume de ar


no pulmão após uma expiração forçada)

eo
o

Preservação da capacidade pulmonar total


ub
ro

Diminuição do VEF1 (volume de ar exalado no


id

primeiro segundo de uma expiração forçada)


é
o

Redução da relação VEF1/CVF


a

Aumento do gradiente arterioalveolar de oxigênio


dv
pi

Redução da taxa de fluxo expiratório

Redução da pressão arterial de oxigênio


me

Redução da difusão pulmonar de CO2

Redução da sensibilidade respiratória


à hipoxia e hipercapnia

Redução das trocas gasosas e aumento


do espaço morto (volume de ar que
não participa das trocas gasosas)

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4. 3 SISTEMA CARDIOVASCULAR

Prezado Estrategista, com o envelhecimento, temos progressiva perda funcional do aparelho cardiovascular. As principais alterações do
sistema cardiovascular estão listadas na tabela abaixo.

Alterações do sistema cardiovascular

Diminuição do débito cardíaco, por


redução da resposta inotrópica às
catecolaminas e aos glicosídeos
cardíacos

m
Maior rigidez do tecido cardíaco

co
Maior rigidez da aorta, que aumenta
a pós-carga e a pressão arterial (com
o envelhecimento, temos aumento da
s.
pressão arterial sistólica e diastólica)

Diminuição da complacência e
elasticidade do miocárdio, com

eo

consequente diminuição do enchimento


o
ub

ventricular e do volume sanguíneo


ejetado a cada minuto.
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Deposição de substância amiloide no


é

coração, que pode causar insuficiência


o

cardíaca
a
dv

Calcificações na valva mitral


pi

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4. 4 TRATO GASTROINTESTINAL

De forma geral, o sistema digestivo mantém sua funcionalidade durante o envelhecimento1. Por isso, quando um idoso se queixa de
sintomas cardinais desse sistema, é possível que eles ocorram devido a alguma doença propriamente dita. Essas alterações já foram cobradas
em provas de Residência Médica.
As principais alterações do trato gastrointestinal estão listadas na tabela abaixo.

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Alterações do trato gastrointestinal

• Boca seca (resultado da redução do fluxo basal de saliva)


• Redução da capacidade mastigatória, por diminuição da massa de músculos mastigatórios
Boca • Aumento do limiar do olfato e do paladar (isso significa que gases e odores precisam estar
mais concentrados no ambiente para que um idoso perceba sua presença)
• Aumento do limiar para a percepção dos sabores salgado e amargo

• Diminuição da peristalse primária e secundária desse órgão devido a uma maior rigidez de
suas paredes
• Redução da pressão e aumento do tempo de relaxamento do esfíncter esofagiano superior
Esôfago • Diminuição da amplitude de contração esofagiana, o que aumenta a probabilidade de

m
broncoaspiração
• Pode ocorrer aperistalse, relaxamento incompleto ou ausente do esfíncter esofagiano

co
inferior

• Redução da produção do ácido clorídrico: a hipocloridria pode causar dificuldade na digestão


de proteínas e comprometimento na absorção de ferro
• Diminuição da produção de prostaglandinas gástricas e bicarbonato: aumento do risco de
s.
Estômago úlceras com o uso de anti-inflamatórios não esteroidais (AINES)
• Lentificação do esvaziamento gástrico para líquidos
• Redução da produção do fator intrínseco, que compromete a absorção da vitamina B12

eo

• Maior colonização pelo Helicobacter pylori


o

Redução da superfície mucosa e diminuição das vilosidades intestinais


ub


• Redução do fluxo sanguíneo esplâncnico
ro

Intestino delgado
• Redução da motilidade intestinal, o que pode causar hiperproliferação bacteriana
id
é

• Diminuição da atividade da lactase jejunal


o

Intestino grosso Redução da peristalse colônica, aumentando o risco de constipação


• Redução do peso do pâncreas


a
dv
pi

Pâncreas • Dilatação do ducto pancreático principal


• Redução da secreção de lipase e bicarbonato

• Redução do peso e redução da vascularização


me

• Deposição de lipofuscina, o que torna o fígado acastanhado


Fígado
• Redução da secreção de albumina
• Comprometimento da metabolização hepática de medicamentos

Aumento da absorção da vitamina A


Absorção de
Redução da absorção da vitamina D
vitaminas e minerais
Diminuição da absorção de zinco, cálcio e ferro

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m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

4. 5 SISTEMA NERVOSO

O sistema nervoso também sofre alterações com o avanço da idade. O número total de células nervosas (entre neurônios e células da
glia) diminui de forma significativa, resultando em um cérebro com peso menor. No sistema nervoso periférico, também temos redução das
células nervosas da medula espinhal e dos nervos.
As principais alterações do sistema nervoso central com o envelhecimento estão listadas na tabela abaixo.

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É importante comentar que essas alterações NÃO são causas


Alterações do sistema nervoso central de síndromes como demência ou da doença de Parkinson. Dessa
forma, é importantíssimo que entendamos que envelhecer traz
Retração do corpo celular dos neurônios vulnerabilidades, mas não significa adoecer, obrigatoriamente.

Aumento relativo da quantidade de neurônios


pequenos e adelgaçamento da espessura do córtex

Deposição de lipofuscina nas células nervosas

Deposição de proteína amiloide nos vasos

m
sanguíneos e nas células do sistema nervoso central

co
Surgimento das placas senis

Diminuição do peso e do volume cerebral


s.
Alargamento e aprofundamento dos sulcos
cerebrais. Maior hipotrofia dos lobos frontal e
temporal

eo

Redução do volume cortical


o
ub
ro

Redução da substância branca


id
é

Alargamento das cisternas basais e fissura


o

Alargamento e aumento do volume dos ventrículos


a
dv
pi

Redução do peso do cerebelo

Atrofia das camadas corticais e diminuição das


me

células de Purkinje do cerebelo

Redução da quantidade de neurônios do corpo


estriado

Atrofia do tronco cerebral

Doença aterosclerótica nos vasos

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4. 6 SISTEMA ENDÓCRINO

A menopausa é, sem dúvidas, uma das mudanças níveis séricos de testosterona e aumento da SHBG, (proteína
endócrinas mais marcantes durante o envelhecimento feminino. transportadora dos hormônios sexuais), justificando a redução da
O hipoestrogenismo dessa fase da vida feminina justifica o testosterona livre.
aparecimento dos seguintes achados clínicos: fogachos, sudorese Com o envelhecimento, temos redução da secreção noturna
noturna, alterações do sono, atrofia geniturinária, incontinência do hormônio do crescimento. Também podemos observar
urinária, dispareunia, redução de libido e alterações do humor. A redução da pregnenolona, dehidroepiandrosterona (DHEA) e
longo prazo, o hipoestrogenismo associa-se ao aumento do risco 17-hidroxipregnenolona e manutenção dos níveis de cortisol.
cardiovascular, aumento do risco de doença de Alzheimer e à Com relação à função tireoidiana, pode ocorrer um discreto
aumento fisiológico do TSH, que, em alguns casos, não necessita

m
osteoporose.
Em homens, é comum ocorrer redução progressiva dos de tratamento.

4. 7 SISTEMA EXCRETOR

co
s.
Querido aluno, as principais alterações do sistema urinário estão listadas na tabela abaixo.

Alterações do sistema urinário



eo

• Redução do volume e do peso dos rins


o
ub

• Diminuição da área de filtração glomerular, justificando a redução do clearance de creatinina


ro

Rins • Aterosclerose nos vasos renais, que causa isquemia renal


• Perda progressiva dos glomérulos, com hipertrofia dos glomérulos remanescentes
id
é

• Atrofia dos túbulos, que não altera a função tubular


o

• Redução da capacidade de armazenamento da bexiga


a

Bexiga • Deposição de colágeno no músculo detrusor, podendo causar hiperatividade desse músculo
dv
pi

• Desnervação da bexiga

É importante comentar que, embora haja redução do clearance de creatinina em virtude da perda de “massa renal”, dificilmente um
me

idoso apresentará elevação da creatinina sérica apenas em virtude do envelhecimento. Isso ocorre porque a massa muscular também
diminui com a idade, diminuindo a quantidade de creatinina a ser filtrada, mantendo os níveis séricos de creatinina dentro da normalidade.
De igual forma, há diminuição do clearance de ureia, mas o aumento da ureia sérica não ocorre, porque também há diminuição da
ingestão de proteína pelos idosos, justamente pelas alterações de digestão e absorção no sistema gastrointestinal (como a hipocloridria
supramencionada, que “atrapalha” a digestão de proteínas).
Dessa forma, guarde isto: apesar das alterações renais no envelhecimento, esse processo natural não resulta, por si só, em elevação
sérica de creatinina e ureia. Logo, se há elevação de escórias nitrogenadas, há algum processo patológico subjacente que deve ser investigado.

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Não se esqueça de que também devemos ter atenção especial com medicamentos
que são primariamente filtrados pelos rins, visto que eles podem ter seus tempos de
meia-vida elevados com a idade. São exemplos dessas classes os aminoglicosídeos, a
digoxina, a penicilina e as tetraciclinas. Também devemos ter cuidado com medicamentos
nefrotóxicos.

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

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4. 8 SISTEMA OSTEOMIOARTICULAR

Prezado aluno, as principais alterações do sistema osteomuscular estão listadas na tabela abaixo.

Alterações do sistema osteomioarticular

Perda de massa óssea

Cartilagem: diminuição da resistência mecânica, menor hidratação, maior afinidade pelo cálcio e menor capacidade de
reparação

m
Perda de água nos discos intervertebrais, o que leva à diminuição da estatura

co
Perda de massa muscular
s.
4. 9 SISTEMA IMUNOLÓGICO

Fique atento, pois as alterações do sistema liberam maiores quantidades de fator de necrose tumoral,
eo
o

imunológico já foram cobradas em provas. O interferon-γ e fator de crescimento tumoral.


ub

sistema imunológico também sofre alterações


ro

com o envelhecimento e pode predispor os


Também é importante ressaltar que temos aumento
id

idosos às mais diversas infecções e neoplasias.


é

dos marcadores inflamatórios, como proteína


o

Do ponto de vista macroscópico, uma das


C-reativa, interleucina-6 e fibrinogênio.

principais mudanças é a involução absoluta do


timo. Já do ponto de vista microscópico, duas
a
dv
pi

alterações são mais perceptíveis: (1) a diminuição da celularidade Outro achado é um aumento nas células de memória,

da medula óssea e (2) o declínio na funcionalidade do sistema que são aquelas que já tiveram contato prévio com o antígeno, e
imune adaptativo4,5. redução das células virgens, que são aquelas que ainda não tiveram
Com o envelhecimento, temos redução da proliferação contato com o antígeno. Estas últimas alterações justificam menor
me

e menor atividade das células T. As células dos idosos secretam reatividade aos antígenos novos.
menos interleucinas-2, que são os principais fatores de A quantidade de células B não é alterada e observam-se
crescimento dos linfócitos T. Ainda, com relação às interleucinas, poucas alterações nos níveis dos anticorpos (imunoglobulinas). Por
os idosos possuem aumento da interleucina-1 e da interleucina-6. outro lado, pode ocorrer aumento dos autoanticorpos, predispondo
Em idosos, as células do sistema imunológico também ao aparecimento de doenças autoimunes.

4 ESQUENAZI, D.A. Imunossenescência: as alterações do sistema imunológico provocadas pelo Envelhecimento. Revista do Hospital Universitário Pedro Ernesto, ano 7, 38-45, 2008.
5 AKHA, A.A.S. Aging and the imune system: an overview. Journal of Immunological Methods, 2018.

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Embora a celularidade na medula óssea seja perceptivelmente antígenos pelas células dendríticas. Isso provavelmente ocorre por
menor, há um desvio da diferenciação das células hematopoiéticas um defeito na sinalização da interleucina-2 (IL-2).
para a linhagem mieloide, favorecendo, assim, neoplasias que se
originam dessas células.
É importante ressaltar que a redução da IL-2 diminui
Com relação à resposta imune mediada por célula (sistema
a capacidade imunológica do idoso, contribuindo
imune adaptativo), as células T do tipo CD4+ têm maior dificuldade
para o aparecimento das manifestações clínicas
em manter uma resposta efetora frente à apresentação de
atípicas em idosos.

m
CAPÍTULO

co
5.0 AVALIAÇÃO DO IDOSO
5. 1 APRESENTAÇÃO GERAL DE DOENÇAS EM IDOSOS
s.
Em idosos, devemos sempre ficar atentos, pois eles, com frequência, apresentam manifestações atípicas das doenças. Uma manifestação
atípica é todo sinal ou sintoma que não é esperado na apresentação de uma determinada doença, mas que pode e deve ser valorizado para
que essa doença seja percebida e possa ser corretamente diagnosticada.

eo
o
ub
ro

Embora não seja uma regra, é muito comum o idoso manifestar diversas doenças por
meio de sinais e sintomas atípicos. Isso dificulta o reconhecimento precoce do processo
id
é

patológico e pode resultar em prognóstico ruim6. Fique atento, pois algumas questões
o

cobram conhecimentos relacionados às manifestações atípicas das doenças em idosos.


a
dv
pi

Por sorte, a maioria dos idosos, ao manifestar doenças de apresenta sinais e sintomas, ou seja, os achados clínicos encontram-
forma atípica, fá-lo sempre por meio de nove manifestações, o que se “submersos”, “escondidos” (o fenômeno iceberg já foi cobrado
nos auxilia na identificação do processo patológico. em provas).
me

Em idosos, também podemos encontrar o fenômeno iceberg, Assim, de forma geral, as doenças podem manifestar-se em
que é quando o idoso apresenta determinada comorbidade e não idosos por meio de nove sinais e sintomas.

6 HOFMAN M.R. e colaboradores. Elderly patients with an atypical presentation of illness in the emergency department. The Netherlands Journal of Medicine. Vol 75(6): 241-246, 2017.

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m
co
s.
Os gigantes da geriatria – sinais e sintomas que podem A autonegligência e a apatia podem indicar distúrbios do

eo

indicar, de forma constitucional, a presença de doenças em idosos. humor, como depressão, ou doenças que envolvam alteração do
o
ub

Observe que a febre não faz parte do conjunto de sinais que processo cognitivo, como as demências.
A fadiga e a dispneia, geralmente, indicam doenças do
ro

os idosos costumam apresentar mediante a vigência de alguma


doença. Isso ocorre principalmente porque a temperatura corporal sistema cardiopulmonar. Na presença de infecções respiratórias,
id
é

basal do idoso é mais baixa. Portanto, a ausência de febre não por exemplo, o principal sinal clínico que o idoso manifesta não é a
o

descarta a existência de um processo patológico subjacente. febre, mas a taquipneia7.


A confusão mental é um dos sintomas sinalizadores mais Ainda, a perda não intencional de peso é talvez o único
a

sintoma constitucional de doença em adultos jovens que também


dv

importantes durante a doença em idosos. A interpretação desse


pi

achado pode estar prejudicada em indivíduos com alterações está presente em idosos.

cognitivas. Outros padrões, que não estão inclusos nos nove gigantes
A imobilidade, a incontinência e a instabilidade, geriátricos, também podem ser observados. Por exemplo, além
me

principalmente quando instaladas de forma súbita, podem indicar da ausência de febre, um idoso com infecção bacteriana pode não
processos patológicos, principalmente neurológicos, como acidente apresentar hemograma com leucocitose e desvio para a esquerda.
vascular encefálico (AVE).

7 SECRETÁRIA DE SAÚDE DO ESTADO DO PARANÁ. Guia Linha do Idoso. 2018.

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5. 2 AS GRANDES SÍNDROMES GERIÁTRICAS

O primeiro ponto fundamental é entender quais são as grandes síndromes geriátricas. Tais síndromes são situações clínicas que
ocorrem frequentemente em idosos, pioram a qualidade de vida e aumentam a morbidade e a mortalidade. A literatura médica descreve
sete grandes síndromes, também conhecidas como os 7 "Is":

1. Incapacidade cognitiva: é a diminuição da cognição hipoglicemia), corticosteroides, antidepressivos tricíclicos,


do paciente idoso, isto é, de suas atividades encefálicas benzodiazepínicos, anticonvulsivantes, antiarrítmicos e
superiores, ao ponto de limitar sua funcionalidade antibióticos.
(MORAES et al., 2009). A cognição, por sua vez, é formada
4. Incapacidade comunicativa: é a dificuldade que o idoso
por 7 atividades fundamentais, a saber: memória, função

m
pode apresentar para comunicar-se com sua família, bem
executiva, linguagem, praxia, gnosia e função visual-
como na comunidade em que vive. A comunicação é
espacial (MORAES et al., 2009). Pode ocorrer nas

co
uma habilidade que compreende quatro dimensões,
demências, na depressão, no delirium e em doenças
a saber: linguagem, audição, motricidade oral e voz
psiquiátricas, como a esquizofrenia.
(fala) (MORAES et al., 2009). A incapacidade comunicativa
2. Incontinência urinária: é a perda involuntária de urina. pode causar isolamento e solidão.
s.
Na maioria das vezes, tem etiologia multifatorial e
5. Insuficiência familiar: considera-se que o seio familiar, isto
deve ser investigada e tratada, principalmente porque
é, o ambiente em que o idoso vive com seus respectivos
compromete a qualidade de vida do idoso.
familiares, é fundamental para seu processo de cuidado e

eo

3. Instabilidade postural: é uma condição clínica que afeta para a manutenção de seu estado de saúde. Nesse sentido,
o

diretamente o equilíbrio do paciente idoso, bem como sua um idoso frágil que não possui rede de apoio é um idoso que
ub

marcha e deambulação, aumentando significativamente apresenta elevado risco social, estando propício a mais eventos
ro

o risco de quedas e comprometendo a independência adversos, aumentando sua morbimortalidade.


id
é

do idoso. Um dos exames clínicos mais utilizados para


6. Imobilidade: é a "limitação do movimento" em qualquer grau,
o

avaliar a instabilidade postural em idosos é o timed


que pode limitar a independência do idoso.


up and go, teste que será detalhado mais à frente.
a

É importante lembrar que vários medicamentos


dv

7. Iatrogenia: a iatrogenia nada mais é do que o prejuízo


pi

podem causar instabilidade postural. Os principais provocado pelo excesso de intervenções médicas ou

são: anti-hipertensivos (podem causar hipotensão), associações medicamentosas que são dispensáveis (isto é, não
hipoglicemiantes orais e insulina (podem causar são necessárias).
me

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CAPÍTULO

6.0 USO DE MEDICAMENTOS EM IDOSOS


Prezado aluno, os conceitos apresentados
neste tópico já foram cobrados em provas de
Residência.
Com o envelhecimento, temos alterações
fisiológicas que modificam o metabolismo e a
ação dos medicamentos, justificando respostas
farmacológicas diversas e aumento do risco de
efeitos adversos.
Nesse sentido, vamos comentar as

m
principais alterações que podem alterar o efeito dos remédios em
idosos, iniciando pela farmacodinâmica.

co
A ação do fármaco em seu respectivo receptor
(farmacodinâmica) é pouco afetada pela idade. Essas alterações
dependem muito mais da transcrição e da expressão gênica.
s.
A farmacocinética (absorção, distribuição, metabolismo e
eliminação) pode estar alterada em idosos, aumentando o risco • Aumento da gordura corporal: aumenta a distribuição e
de eventos adversos. Nesses indivíduos, o comprometimento da tempo de ação dos medicamentos que se distribuem na
função renal é o fator que mais altera a farmacocinética. gordura, como os benzodiazepínicos e a amitriptilina.

eo

Alguns fatores podem reduzir a absorção dos medicamentos. Com o envelhecimento, podemos ter diminuição do volume
o

Os principais são: atrofia da mucosa intestinal, aumento do pH do do fígado, redução do fluxo sanguíneo hepático e menor atividade
ub

estômago, alterações no fluxo sanguíneo intestinal e redução da do citocromo P450, o que pode alterar o metabolismo hepático de
ro

motilidade do trato gastrointestinal. alguns medicamentos.


id
é

Já a distribuição dos medicamentos pode ser alterada pelos A excreção renal também pode estar comprometida, pois,
o

seguintes fatores: com o envelhecimento, temos redução do fluxo sanguíneo renal,


• Redução da albumina sérica: a hipoalbuminemia da taxa de filtração glomerular e da secreção tubular, justificando o
a

aumenta a fração livre de alguns medicamentos, aumento da meia-vida dos medicamentos. Sendo assim, em alguns
dv
pi

como fenitoína, diazepam, paracetamol e idosos, devemos ajustar a dose do medicamento de acordo com o

furosemida. clearance de creatinina.


• Aumento da glicoproteína ácida: reduz a fração livre Outros problemas relacionados ao uso de medicamentos
me

de alguns medicamentos, como a lidocaína. em idosos são: automedicação, má adesão ao tratamento, uso
• Redução da massa magra e da quantidade de água inadequado dos medicamentos e esquecimento do uso. Sendo
corporal: essas alterações diminuem a distribuição assim, a prescrição de medicamentos para idosos deve ser cuidadosa
dos medicamentos hidrossolúveis (lítio e digoxina), e e individualizada, evitando o uso exagerado e desnecessário de
menores doses atingem níveis plasmáticos mais altos. medicamentos.

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6. 1 INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS

Idosos com doenças graves e em uso de vários medicamentos


estão mais propensos a apresentarem efeitos indesejados causados Medicamentos e citocromo P450
pelas interações medicamentosas. A interação medicamentosa
Aumentam a atividade Reduzem a atividade da
ocorre quando o uso de dois ou mais medicamentos altera o efeito
da P450 P450
que eles teriam se usados separadamente.
Medicamentos que aumentam (fenobarbital, carbamazepina,
Fenobarbital Cetoconazol e itraconazol
etanol, fenitoína, prednisona, rifampicina e isoniazida) e
medicamentos que diminuem (cetoconazol, eritromicina,
Carbamazepina Eritromicina
itraconazol, fluoxetina, paroxetina, omeprazol e metronidazol) a

m
atividade da enzima hepática P450 também podem aumentar o
Etanol Fluoxetina
risco de efeitos adversos por interações medicamentosas.

co
Quando um medicamento inibe o citocromo P450, ele Fenitoína Paroxetina
aumenta o tempo de ação de um outro medicamento que seria
metabolizado por esse sistema, aumentando o risco de efeitos Prednisona Omeprazol
s.
adversos.
Os medicamentos também podem interagir com a própria Rifampicina Metronidazol
doença do paciente, causando efeitos adversos. Como exemplo,
podemos citar o uso de betabloqueadores em asmáticos, que Isoniazida

eo

podem causar broncoespasmo.


o
ub
ro

6. 2 REAÇÕES ADVERSAS
id
é

Por definição, a reação adversa é um efeito indesejado ou prejudicial que ocorre após o uso de doses adequadas de determinado
o

medicamento. Os fatores que mais aumentam o risco de efeitos adversos aos medicamentos são: polifarmácia e doenças crônicas presentes
em idosos.
a
dv
pi

A tabela abaixo relaciona os efeitos adversos de alguns medicamentos em idosos.


Relação efeitos adversos x medicamentos


Efeitos adversos Medicamentos
me

Medicamentos que atuam no sistema nervoso central, como:


Alteração do nível de consciência e delirium
benzodiazepínicos e psicotrópicos
Insuficiência renal Anti-inflamatórios e aminoglicosídeos
Hemorragia digestiva Ácido acetilsalicílico e anti-inflamatórios
Queda da própria altura Diuréticos, benzodiazepínicos, zolpidem e antidepressivos
Retenção urinária Anticolinérgicos e agonistas alfa-adrenérgicos
Fonte: Chang, 2015.

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Para evitar o aparecimento de qualquer evento adverso, é interessante avaliar criticamente todos os medicamentos utilizados, inclusive
os fitoterápicos. Alguns fatores (tabela abaixo) se associam a um risco aumentado de efeitos adversos.

Fatores de risco que se associam a efeitos adversos

Idade > 85 anos

Insuficiência renal (taxa de filtração glomerular < 50 mL/min)

Fragilidade

Baixo índice de massa corporal

m
co
Seis ou mais problemas de saúde

Uso de nove ou mais medicamentos


s.
Uso de 12 ou mais administrações por dia

Reação adversa prévia a algum medicamento



eo

Nesse sentido, quando iniciamos um tratamento em idosos, devemos sempre questionar o aparecimento de novos sinais e sintomas,
o
ub

assim como alertar o paciente sobre os possíveis efeitos adversos que determinado medicamento pode causar. Para reduzir o aparecimento
de efeitos adversos, podemos iniciar o tratamento com doses mais baixas e, se necessário, aumentar gradativamente a dose.
ro
id
é
o

6. 3 POLIFARMÁCIA
a
dv
pi

Querido aluno, a definição de polifarmácia é controversa.


Para alguns autores, a polifarmácia ocorre quando o idoso utiliza


mais de 3 ou 4 medicamentos, enquanto outros consideram
me

polifarmácia quando se utilizam mais de 5 ou 6 medicamentos.


Devemos lembrar que os idosos geralmente são atendidos
por vários especialistas, sendo medicados por cada um desses
profissionais. Os idosos também se automedicam para alívio de
outros sintomas e podem ser influenciados por propagandas da
indústria farmacêutica, que os induzem a utilizar medicamentos
desnecessários e sem prescrição médica. Todos esses fatores
contribuem para a polifarmácia.

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O grande problema é que a polifarmácia em idosos aumenta o risco de morbimortalidade. A polifarmácia


gera altos encargos financeiros, aumenta o risco de quedas, diminui a adesão ao tratamento, aumenta o
risco de interações medicamentosas, efeitos adversos e uso inadequado dos medicamentos. Para você
ter uma ideia, o risco de a polifarmácia causar eventos adversos é seis vezes maior em idosos, quando
comparados com adultos jovens.

Outro problema causado pela polifarmácia é a prescrição em cascata, em que um medicamento é utilizado para tratar o efeito adverso
de outro medicamento, e o efeito adverso da interação dos dois medicamentos é tratado com um terceiro medicamento. Observe alguns
exemplos:

m
co
Uso de IECA Tosse Xarope

Pioglitazona Edema de membros Diuréticos


s.
inferiores

Antipsicótico Parkinsonismo Antiparkinsoniano



eo
o
ub

Sendo assim, cabe ao médico avaliar a polifarmácia, analisando as interações medicamentosas, a quantidade de medicamentos usados,
ro

as características do paciente e as comorbidades associadas.


id
é

Nesse sentido, os critérios START (tabela abaixo) apresentam os medicamentos que são potencialmente benéficos aos idosos, de
o

acordo com a comorbidade apresentada. Observe a tabela abaixo.


Critérios START
a
dv
pi

Anticoagulantes em pacientes com fibrilação atrial crônica


Ácido acetilsalicílico ou clopidogrel em pacientes com doença coronariana, cerebrovascular ou doença vascular periférica
Inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA) na insuficiência cardíaca
me

β-agonistas ou anticolinérgicos na doença pulmonar obstrutiva crônica ou ASMA


L-DOPA na doença de Parkinson
Antidepressivos na presença de sintomas depressivos, que duram pelo menos 3 meses
Inibidores da bomba de prótons para o tratamento do refluxo gastroesofágico
Bifosfonados em indivíduos em uso de glicocorticoides por mais de 30 dias
Metformina para o tratamento do diabetes mellitus
IECA ou bloqueador do receptor da angiotensina para o tratamento da nefropatia diabética
Fonte: Chang, 2015.

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6. 4 MEDICAMENTOS QUE DEVEM SER USADOS COM CUIDADO EM IDOSOS

Prezado aluno, 20 a 30% dos idosos atendidos nos consultórios utilizam pelo menos um medicamento que não deveria ser utilizado,
pelo risco de eventos adversos.
O uso de medicamentos potencialmente prejudiciais aos idosos aumenta morbimortalidade, quedas e internações. Também aumenta
os custos e piora a qualidade de vida dos idosos. A tabela abaixo lista os medicamentos que devem ser evitados em idosos, por seu potencial
de causar efeitos adversos.

Medicamentos inadequados para idosos

Medicamentos Justificativa

m
Anti-histamínicos de primeira geração:

co
Efeitos anticolinérgicos: confusão mental, boca seca e constipação
difenidramina e clorfeniramina

Aumento do risco de toxicidade. O comprometimento da função renal


Digoxina: dose > 0,125 mg/dia
s.
aumenta o risco de toxicidade

Alterações cognitivas, delirium e quedas. Os idosos são mais sensíveis


aos efeitos dos benzodiazepínicos e, nesses pacientes, o metabolismo

eo

Benzodiazepínicos desses medicamentos é mais lento.


o
ub

Quando usados, deve-se dar preferência para os benzodiazepínicos de


meia-vida mais curta.
ro
id
é

Hipnóticos, como zolpidem e eszopiclona Delirium e quedas


o

Sulfonilureias Risco de hipoglicemia


a
dv
pi

Meperidina Pode ser neurotóxico


Anti-inflamatórios Aumentam o risco de úlceras gástricas, sangramentos e nefrotoxicidade


me

Fonte: Chang, 2015.

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Outros medicamentos (tabela abaixo) devem ser utilizados com cautela em idosos, pelo risco de efeitos colaterais.

Medicamentos que devem ser utilizados com cautela

Medicamentos Justificativa

Risco de sangramento. Alta interação com outros medicamentos, como: antibióticos,


antiplaquetários e amiodarona, que aumentam o risco de sangramento.
Varfarina
O uso de varfarina é a principal causa de atendimento em unidade de emergência por efeitos
adversos a medicamentos

Aumenta o risco de hipoglicemia.


O uso de insulina é a segunda principal causa de atendimento em unidade de emergência por
Insulina

m
efeitos adversos a medicamentos.
O risco de hipoglicemia aumenta quando temos comprometimento da função renal

co
Opioides Podem causar delirium, sintomas gastrointestinais e depressão ventilatória
Fonte: Chang, 2015.
s.
6. 5 DESPRESCRIÇÃO

Querido aluno, pensando no uso associamos os medicamentos com as comorbidades.



eo

racional e seguro dos medicamentos, a Fazendo assim, podemos suspender os medicamentos


o
ub

desprescrição é uma estratégia muito utilizados em duplicidade e os medicamentos desnecessários.


ro

importante e que pode ser utilizada com o


objetivo de reduzir o uso de medicamentos
id
é

inapropriados em idosos.
o

A desprescrição é uma estratégia


planejada de prevenção quaternária (essa informação já foi
a

cobrada em prova), que consiste na redução de dose ou suspensão


dv
pi

de medicamentos potencialmente prejudiciais ao idoso. Trata-se de


um processo contínuo, já que muitos medicamentos podem tornar-


se desnecessários durante o acompanhamento do paciente.
É importante comentar que alguns medicamentos,
me

Os riscos e benefícios de todos os medicamentos devem


como benzodiazepínicos, opioides, antidepressivos,
ser avaliados, assim como o custo, a posologia, as preferências,
betabloqueadores e anticonvulsivantes, não devem
os efeitos adversos, as interações medicamentosas e os aspectos
funcionais do idoso.
ser suspensos abruptamente. Devemos fazer uma
Uma técnica interessante para a desprescrição é agrupar redução gradual dos medicamentos para evitar
os medicamentos por patologias. Podemos separar, por exemplo, o aparecimento da síndrome de retirada. Nessa
os medicamentos utilizados para diabetes mellitus, os utilizados síndrome, o paciente pode apresentar cefaleia,
para hipertensão arterial e os utilizados para osteoporose. náuseas, tremores e alterações do sono.
Posteriormente, fazemos uma lista de comorbidades do paciente e

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MED

6. 6 ADESÃO AO TRATAMENTO

A adesão ao tratamento ocorre quando o paciente utiliza de forma adequada e pelo tempo combinado o medicamento prescrito. A
não adesão é comum em idosos com doenças crônicas e associa-se à falha terapêutica, ao aumento das visitas às unidades de emergência,
ao aumento das hospitalizações e à maior mortalidade.
Os principais fatores associados à não adesão ao tratamento são: o paciente acredita que o medicamento é desnecessário, aparecimento
de eventos adversos, alto custo dos medicamentos e polifarmácia.

CAPÍTULO

m
7.0 PREVENÇÃO DE QUEDAS
Querido aluno, até 30% dos indivíduos com mais de 65 anos e 50% dos idosos com mais de 80 anos caem a cada ano. Até 60% dos

co
pacientes que tiveram queda no último ano terão um novo evento subsequente. Em até 50% dos casos, observa-se algum tipo de complicação
ou lesão, sendo as mais graves: traumatismo cranioencefálico e fraturas (as quedas respondem por 90% das fraturas de quadril). As lesões
ocasionadas pelas quedas são importantes causas de morte em idosos.
s.
7. 1 FATORES DE RISCO

eo

Os principais fatores de risco para as quedas estão listados na tabela abaixo:


o
ub

Fatores de risco para quedas


ro

História prévia de queda


id
é

Fraqueza muscular
o

Alterações da marcha e equilíbrio


Medicamentos
a
dv
pi

Idade > 80 anos


Gênero feminino
Déficit cognitivo
me

Uso de psicotrópicos
Osteoartrose
História pregressa de acidente vascular cerebral
Hipotensão ortostática
Queixas de tontura e anemia
Medicamentos. Entre os medicamentos, os benzodiazepínicos são os que mais aumentam o risco de
quedas em idosos (essa informação já foi cobrada em provas de Residência Médica)

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Outros fatores de risco são: alterações de visão; distúrbios psiquiátricos, como depressão; dores; tonturas; idade (quanto maior a
idade, maior o risco); dificuldade em realizar as atividades diárias; baixo índice de massa corporal; incontinência urinária; consumo de álcool;
e disfunção cognitiva.

Algumas doenças crônicas também aumentam o risco de quedas, por isso os pacientes
com essas comorbidades devem ser acompanhados de perto. As principais condições
que aumentam o risco de quedas são: epilepsia/convulsões, arritmias, valvulopatias,
hipertensão arterial, doenças neurológicas (como Parkinson e demências), isquemia
cerebral transitória, doença pulmonar obstrutiva crônica, distúrbios psiquiátricos (como
depressão), psicoses e ansiedade, osteoporose, artrose, diabetes mellitus, doenças da

m
tireoide, anemia e alterações de eletrólitos.

7. 2 AVALIAÇÃO
co
s.
Na consulta, é importante avaliar a presença de
fatores de risco para quedas e questionar se o idoso
já teve um evento prévio de queda. Se a resposta for
positiva, devemos perguntar quando e como ocorreu

eo

a queda e se o paciente teve sintomas, como tontura


o
ub

e alteração do equilíbrio, antes do evento.


ro

Outros questionamentos importantes são:


quantas quedas o idoso já teve, se teve lesão após a
id
é

queda e se o paciente tem medo de cair.


o

Também devemos avaliar alterações de marcha


e equilíbrio, assim como a capacidade funcional
a
dv

de desempenhar atividades cotidianas, o uso de


pi

medicamentos, a presença de alterações visuais e


disfunções cognitivas. No exame físico, devemos


avaliar os sinais vitais e possíveis alterações cardíacas.
me

Um importante teste para avaliar o risco de


quedas é o Timed Get Up and Go Test (TUG). Nesse
teste, o paciente é orientado a levantar-se de uma
cadeira, caminhar por 3 metros, virar-se e caminhar
de volta à cadeira, quando deve se sentar novamente.
O avaliador deve observar a presença de qualquer
instabilidade. Considera-se alto risco para quedas
quando o indivíduo gasta mais de 12,4 segundos
para cumprir todo o percurso (imagem a seguir).

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Entre os exames laboratoriais, podemos solicitar hemograma para avaliar a presença de anemia, eletrólitos, função tireoidiana (TSH
e T4 livre), dosagem da vitamina B12 e da vitamina D. Dependendo das informações colhidas durante a anamnese e dos achados ao exame
físico, uma avaliação cardiológica ou neurológica pode ser necessária.

7. 3 PREVENÇÃO

As quedas em idosos devem antiderrapantes, instalar corrimãos nas escadas, corredores e


ser sempre prevenidas. A diminuição quartos, instalar bases de apoio nos banheiros, adequar a altura e
ou suspensão de medicamentos, as largura das escadas, adequar a altura dos vasos, evitar prateleiras
intervenções que aumentam a segurança muito altas, consertar irregularidades no piso, adequar a altura da

m
doméstica e a fisioterapia são as cama, evitando camas muito altas ou muito baixas, evitar o uso
estratégias que se mostram mais eficazes de colchões muito macios, melhorar a iluminação dos ambientes,

co
na prevenção das quedas. evitar móveis deslizantes e cortinas muito compridas e utilizar
A Organização Mundial da Saúde, cadeiras e poltronas com apoios laterais.
em seu documento “WHO Global Report on falls prevention in older Os idosos devem evitar o uso de chinelos de dedos, tamancos
age”, publicado em 2017, apresenta um modelo de prevenção de e pantufas, observar sempre se o calçado está adequadamente
s.
quedas, com três pilares: amarrado, usar calçados com solado antiderrapante, evitar roupas
1. Awareness ou “consciência”, que é a conscientização que se arrastam pelo chão (muito compridas), ter cuidado com pisos
dos cuidadores, familiares e do próprio idoso sobre o molhados, não caminhar apenas com meias, utilizar andadores e

eo

problema que uma queda pode gerar e a necessidade bengalas com altura adequada, evitar andar em locais com piso
o

de prevenção. irregular, evitar o uso de acessórios que comprometam a visão,


ub

2. Assessment ou “avaliação”, que é a avaliação sobre não subir em locais altos e evitar andar a cavalo.
ro

os fatores que estão envolvidos no risco de queda Os indivíduos com distúrbios de equilíbrio e instabilidade da
id

marcha devem ser encaminhados para avaliação e tratamento com


é

daquele paciente.
3. Intervention fisioterapeuta. O paciente também deve aprender como levantar-
o

ou “intervenção”, que é o

estabelecimento de intervenções que diminuam o se após ter uma queda. Exercícios resistidos para fortalecimento
risco de queda do idoso em questão. muscular e correção dos defeitos visuais também reduzem o risco
a
dv
pi

Fique atento, pois esse modelo da OMS já foi cobrado em de quedas.


prova. Outras medidas também podem reduzir o risco de quedas.


Várias intervenções reduzem o risco de quedas em idosos. As principais são: tratamento e prevenção da desnutrição e da
Deve-se ter especial atenção aos locais onde as quedas são mais sarcopenia, atividade física, programa de fortalecimento muscular
me

frequentes, como: quarto, banheiro, cozinha, escadas, jardins e treino de marcha, força e equilíbrio.
e calçada. Nesses locais, modificações do ambiente podem ser A ilustração abaixo lista importantes estratégias para redução
realizadas, como: retirar os tapetes soltos, usar tapetes e pisos das quedas em idosos.

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m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a

CAPÍTULO
dv
pi

8.0 IMUNIZAÇÃO DO IDOSO


Prezado Estrategista, a vacinação em idosos reduz a incidência das doenças, diminui a gravidade das infecções, evita descompensação
das doenças crônicas e aumenta a expectativa de vida. A vacinação só deve ser postergada se o idoso apresentar doença aguda moderada
me

ou grave.

As vacinas para influenza e pneumocócica 23-valente fazem parte do programa nacional de


imunização do idoso no Brasil.

Outras vacinas podem ser administradas em idosos. Segue, abaixo, tabela com as recomendações de vacinação
em idosos.

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Vacinas recomendadas em idosos

Pneumocócica 13-valente Dose única

Primeira dose 6 a 12 meses após a pneumocócica 13-valente e outra dose em


Pneumocócica 23-valente
5 anos

Influenza Anualmente

Moradores de áreas endêmicas e indivíduos que vão viajar para locais com
Febre amarela

m
alta prevalência da doença

co
Meningocócica Indivíduos que vão viajar para locais com alta prevalência da doença

Vacina para herpes-zóster Pode ser feita a partir dos 60 anos de idade
s.
Vacina tríplice viral (sarampo, Nos surtos de uma das doenças e quando o indivíduo viaja para locais com
caxumba e rubéola) alta prevalência das doenças

Vacina para hepatite A e hepatite B Pacientes não imunizados


eo
o
ub
ro
id
é

CAPÍTULO
o

9.0 VIOLÊNCIA CONTRA O IDOSO


Prezado Estrategista, infelizmente, todos nós sabemos definir o que é violência. Muitas vezes porque temos ciência de casos noticiados
a
dv

pela mídia, outras vezes porque nós mesmos vivenciamos episódios dessa natureza. Mas, a verdade é que existe um conceito teórico, um
pi

marco “zero” a partir do qual esse fenômeno pode ser definido.



me

“Violência é o uso deliberado da força física ou do poder, de forma efetiva ou em grau de ameaça, contra si próprio, contra outra
pessoa, contra um grupo ou contra uma comunidade, que cause ou que tenha probabilidade de causar lesões, morte, danos
psicológicos, transtornos ao desenvolvimento pessoal ou social ou privações de suas necessidades”. Gusso et al., 2019.

A violência contra o idoso é bem comum, compromete sua saúde física e mental e aumenta a mortalidade. Em muitos casos, o
diagnóstico de violência contra o idoso é um desafio, pois o idoso pode não relatar os casos por vergonha, por comprometimento da função
cognitiva, por isolamento social, por medo ou por sentir-se constrangido.

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Ao mesmo tempo, muitos profissionais de saúde não


são treinados para reconhecer as situações de violência. 1. Violência física.

Também podem ignorar tais situações para não terem 2. Violência espiritual.

problemas legais. Outros não se sentem à vontade para 3. Violência psicológica.

questionar o idoso ou o próprio familiar/cuidador, que, em 4. Violência sexual.

muitos casos, é o próprio abusador. 5. Violência econômica ou financeira.

Para o National Center for Elder Abuse (NCEA), o 6. Negligência.

abuso ao idoso é qualquer ação reconhecida, intencional 7. Abandono.

ou negligente realizada por um cuidador ou qualquer outro 8. Violência cultural.

indivíduo e que cause dano ou risco de dano a um idoso. 9. Entre outras.

Pode ser um dano físico e/ou não físico, como, por exemplo,

m
um dano financeiro ou psicológico. A tabela a seguir lista as principais características de cada tipo de
Os principais tipos de violência estão listados abaixo: violência.

co
Tipos de violência em idosos
s.
Ocorre quando qualquer contato físico causa dor ou lesão e também inclui a
Física administração de medicamentos desnecessários, a contenção física, a alimentação
forçada e as punições físicas.

eo
o
ub

“Qualquer ato ou jogo sexual, de caráter homo ou heterorrelacional, utilizando idosos,


ro

Sexual a fim de obter excitação, relação sexual ou práticas eróticas mediante violência física,
coerção ou aliciamento” (GUSSO et al., 2019).
id
é
o

“Toda ação ou omissão que causa prejuízo à identidade, à autoestima e ao


Psicológica ou desenvolvimento pessoal” do idoso (GUSSO et al., 2019).


a

emocional Ocorre quando insultos, xingamentos e manipulações causam ridicularização e


dv
pi

humilhação do idoso.

“Ato lesivo e/ou não autorizado aos bens e finanças do idoso” (GUSSO et al., 2019)
me

Financeira Ocorre por “exploração imprópria, ilegal ou não consentida de recursos financeiros e
patrimoniais do idoso” (GUSSO et al., 2019).

Consiste “na recusa ou omissão de cuidados e proteção contra agravos evitáveis, devidos
e necessários ao idoso, por seu responsável”, ou seja, é a “recusa ou a falha da obrigação
Negligência em cuidar do idoso” (GUSSO et al., 2019).
Autonegligência: ocorre quando o idoso não consegue ter um autocuidado adequado e
não procura ou não aceita ajuda.

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9. 1 FATORES DE RISCO

Os principais fatores de risco para sofrer e cometer abusos estão listados na tabela abaixo.

Fatores de risco para sofrer e cometer abusos

Associados à vítima Associados ao agressor

Dependência física, mental, afetiva ou socioeconômica Estresse e isolamento social

m
Problemas econômicos ou dependência econômica da
Isolamento social
vítima

co
Comportamento difícil Dependência química

Falta de preparo e estrutura para exercer a atividade de


Alteração de sono, incontinência urinária e/ou fecal
s.
cuidador

Traços de personalidade antissocial e sádica



eo
o

E, ainda, temos fatores de risco associados a questões estruturais, como: recursos financeiros insuficientes, relação de poder entre a
ub

vítima e o agressor, relações intergeracionais desrespeitosas, violência familiar preexistente ou recorrente e suporte familiar insuficiente ou
ro

ausente.
id
é
o

9. 2 RASTREAMENTO
a
dv
pi

Os profissionais de saúde devem sempre questionar, durante a anamnese, a ocorrência de violência, seja física, sexual, financeira ou

psicológica. Os questionamentos devem ser feitos aos idosos e aos cuidadores de forma individualizada e separada. Da mesma forma, como
já comentado anteriormente, alguns achados ao exame físico podem indicar a ocorrência de violência contra o idoso.
me

9. 3 AVALIAÇÃO

Alguns sinais (tabela a seguir) podem indicar a ocorrência de maus-tratos em idosos.

Prof. Bárbara D’alegria e Giordanne Freitas | Resumo Estratégico | Fevereiro 2022 37


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Sinais que podem indicar maus-tratos em idosos

Paciente com medo de responder aos questionamentos

Acompanhante responde todas as perguntas e impede que o examinador entreviste o idoso sozinho

Paciente parece ter medo do potencial violentador

Potencial abusador age de forma irada ou indiferente em relação ao paciente

m
Potencial abusador recusa-se a fornecer a assistência necessária para o cuidado do paciente

co
Potencial abusador parece excessivamente preocupado com os custos do cuidado com o paciente

Fonte: Chang, 2015.


s.
9. 4 MANEJO

eo

Os casos de violência contra o idoso devem ter uma direitos do idoso.


o

abordagem multidisciplinar. O profissional de saúde deve elaborar § 2.º As obrigações previstas nesta Lei não excluem da
ub

um documento contendo a história clínica, os achados do exame prevenção outras decorrentes dos princípios por ela adotados.
ro

físico, os exames laboratoriais e os exames de imagem, assim como Art. 5.º A inobservância das normas de prevenção importará
id
é

a impressão diagnóstica. É importante lembrar que todo caso de em responsabilidade à pessoa física ou jurídica nos termos da lei.
o

violência deve ser denunciado às autoridades competentes. Art. 6.º Todo cidadão tem o dever de comunicar à autoridade

O Estatuto do Idoso define, em seu artigo 4º, que: competente qualquer forma de violação a esta Lei que tenha
“Artigo 4º. Nenhum idoso será objeto de qualquer tipo de
a

testemunhado ou de que tenha conhecimento.


dv
pi

negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e Art. 7.º Os Conselhos Nacional, Estaduais, do Distrito Federal

todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido e Municipais do Idoso, previstos na Lei n.° 8.842, de 4 de janeiro de
na forma da lei. 1994, zelarão pelo cumprimento dos direitos do idoso, definidos
§ 1.º É dever de todos prevenir a ameaça ou violação aos nesta Lei”.
me

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CAPÍTULO

10.0 O IDOSO FRÁGIL


Segundo Newton Terra, a fragilidade do idoso é “uma síndrome clínica que engloba um aumento da vulnerabilidade a estímulos
agressores como consequência da diminuição da função dos múltiplos sistemas fisiológicos com o avançar da idade” (TERRA, 2013).
Explicando melhor, o idoso frágil tem menor capacidade de recuperação após eventos agressores, ou seja, após um evento agressor, o
indivíduo que era independente pode ficar dependente, o que tinha total lucidez pode passar a apresentar delírios, e o que tinha completa
mobilidade pode passar a ter imobilidade.

Nesse sentido, temos, na síndrome da fragilidade:


“Aumento do risco de múltiplos eventos adversos, como quedas, delirium, incapacidade, institucionalização e

m
morte” (TERRA, 2013).

co
Existem diversas escalas responsáveis pela avaliação da fragilidade em idosos e é sobre elas que falaremos agora.

10.1 ESCALA DE FRAGILIDADE DO CARDIOVASCULAR HEALTH STUDY


s.
Trata-se de uma escala que defende que a fragilidade ocorre devido a “um declínio biológico em múltiplos sistemas,
levando a sintomas específicos como perda de peso, fraqueza progressiva e lentificação da marcha” (TERRA, 2013).

eo

A escala avalia cinco sintomas de fragilidade, sendo que o idoso é considerado frágil caso apresente três delas. Mas,
o

veja que interessante: o idoso só é considerado não frágil caso não apresente NENHUM dos critérios abaixo. Se apresentar
ub

um ou dois critérios, ele é enquadrado em uma situação de pré-fragilidade.


ro

Tais critérios são chamados, por alguns autores, de critérios fenotípicos, porque eles descrevem o fenótipo do
id
é

indivíduo naquele momento. Fique atento, pois eles já foram cobrados em provas
o

a
dv
pi

me

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MED

Critério fenotípico Descrição do critério Diagnóstico

Perda de peso não intencional de 4,5 kg no


último ano (autorreportada) ou perda de
Se apenas 1 critério: pré-fragilidade. Se em
Perda de peso peso maior ou igual a 5% do peso corporal
composição com outro critério: fragilidade.
no último ano (detectada no seguimento
das consultas clínicas).

Se a medição corresponder ao quinto


Medição da força de preensão na mão
quintil, então dizemos que há fraqueza
dominante (com um dinamômetro)
Fraqueza muscular muscular.

m
ajustada para o índice de massa corporal e
Se apenas 1 critério: pré-fragilidade. Se em
gênero.
composição com outro critério: fragilidade.

Exaustão
co
Esforço maior para fazer tarefas habituais
ou impossibilidade de levar adiante tarefas
Pontua-se positivo para o referido item se o
esforço ou a interrupção forem detectados
de 3 a 4 dias na semana, na maioria das
s.
corriqueiras.
vezes.

Diminuição da Gasto calórico inferior a 383 kcal para os Se apenas 1 critério: pré-fragilidade. Se em

eo

atividade física homens e 270 kcal para as mulheres. composição com outro critério: fragilidade.
o
ub

Lentificação da Tempo necessário para caminhar 4,57 m, Considera-se positivo se lento nos primeiros
ro

marcha ajustado para idade e gênero. 20% metros.


id
é

Tabela – Critérios fenotípicos segundo a escala de fragilidade do Cardiovascular Health Study. Fonte: adaptado a partir de Newton Terra, Geriatria e
o

Gerontologia Clínica, 2013.


a
dv
pi

10.2 . ESCALA FRAIL

A escala FRAIL é, sem sombra de dúvidas, uma das escalas mais famosas para aferir fragilidade. É utilizada para o rastreamento da
me

fragilidade, por isso o diagnóstico deverá ser confirmado depois por uma escala mais específica.
Ela é muito parecida com a escala do Cardiovascular Health Study, porém é mais sensível e faz perguntas mais objetivas. De igual forma
à escala mencionada anteriormente, a FRAIL também apresenta gradações: acima de 3 pontos, já podemos considerar que a síndrome da
fragilidade está presente, enquanto entre um e dois pontos, há pré-fragilidade. A ausência de fragilidade só existe caso nenhum ponto seja
adquirido.

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Item Definição Resposta que pontua

Fadiga Tem se sentido fatigado? Sim

Resistência Tem dificuldade em subir um lance de escadas? Sim

Aeróbio Tem dificuldade em caminhar um bloco? Sim

Tem doenças como hipertensão, câncer, DPOC,


Illness (doenças) infarto, ICC, angina, asma, doença vascular ou doença Sim

m
renal?

co
Perda de peso (loss of
Perdeu mais de 5% do peso no último ano? Sim
weight)

Escala FRAIL. Fonte: adaptado a partir de Newton Terra, Geriatria e Gerontologia Clínica, 2013.
s.
Observe como os itens avaliados são praticamente iguais aos da escala do Cardiovascular Health Disease.

eo

CAPÍTULO
o
ub

11.0 AVALIAÇÃO GERAL DO IDOSO


ro

A avaliação clínica e física do idoso não inclui apenas a tradicional anamnese e o exame físico padrão. Tais avaliações vão além disso e
id
é

englobam a autonomia e a independência do paciente. Para isso, avaliamos os diversos domínios de sua vida, bem como sua capacidade de
realização de atividades de vida diária, também conhecidas como AVD. Os domínios são:
o

De forma geral, utilizamos um instrumento


a
dv
pi

• Visão.
chamado “Instrumento de Avaliação Funcional” ou

• Audição.
Avaliação multidimensional do Idoso – AMI” para
• Funções dos membros inferiores e superiores.
inferirmos como andam os domínios supracitados.
• Estado mental.
São registrados todos os resultados de todos os
me

• Risco de queda domiciliar.


domínios no formulário e, com isso, conseguimos
• AVDs.
ter um diagnóstico funcional daquele paciente,
• Incontinência urinária.
isto é, entenderemos seu grau de autonomia e
• Estado nutricional.
independência para a realização das atividades de
• Suporte social.
vida diária.

Gusso e colaboradores, 2019.

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FUNCIONALIDADE

Atividade de vida diária


(AVD básicas, intrumentais e avançadas)

AUTONOMIA (DECISÃO) INDEPÊNDENCIA (EXECUÇÃO)

É a capacidade individual de decisão Refere-se à capacidade de realizar algo com

m
e comando sobre as ações, estabelecendo os próprios meios
e seguindo as próprias convicções

COGNIÇÃO
HUMOR/
COMPORTAMENTO
co MOBILIDADE COMUNICAÇÃO
s.

Alcance Postura Capacidade Produção


eo

Continência
Preensão Marcha aeróbica/ Visão Audição Motricidade
esfincteriana
o

Pinça Transferência muscular Orofacial


ub
ro
id
é

INCAPACIDADE INSTABILIDADE INCONTINÊNCIA INCAPACIDADE


COGNITIVA POSTURAL ESFICTERIANA COMUNICATIVA
o

a
dv
pi

MOBILIDADE
me

IATROGENIA

INSUFICIÊNCIA
FAMILIAR

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11.1 VISÃO

Em idosos, as alterações da visão podem aumentar o risco de correspondente a 20/40, ele será considerado sem disfunção
quedas, por isso é tão importante submeter o paciente à avaliação (GUSSO et al., 2019). Além disso, podemos também inferir como
oftalmológica. está o sistema ocular por meio de atividades como leitura, assistir
Para avaliar esse domínio, podemos realizar o famoso à TV, dirigir, entre outras que exigem o avistamento de objetos
teste de Snellen, que tem por objetivo mensurar a acuidade distantes.
visual do paciente. Caso o paciente apresente um nível de leitura

m
co
s.

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Figura – o famoso cartão de Snellen. Veja que cada linha corresponde a uma determinada acuidade visual. Por exemplo, a linha 5 corresponde à
acuidade visual de 20/40. Um paciente é considerado sem disfunção visual caso consiga ler da linha 1 até a linha 5. Assim, caso ele não consiga
chegar até essa linha (isto é, pare obrigatoriamente nas linhas 1, 2, 3 ou 4), dizemos que há disfunção visual e que é necessário o encaminhamento do
paciente para a oftalmologia. Lembre-se de que a principal causa de redução da acuidade visual em idosos é a catarata ou a opacificação do cristalino.
É importantíssimo cuidar da visão do idoso porque a disfunção visual aumenta o risco de queda. Fonte: modificado a partir de http://preciod.com/br/
tabela-de-snellen-optotipo-banner-20-20-pDVjd.html.

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11.2 AUDIÇÃO

A avaliação da audição é muito importante em idosos, já que a perda dessa função se associa a isolamento social, ansiedade e
depressão. Antes da solicitação de qualquer exame, a anamnese e o exame físico devem ser realizados, até mesmo porque os tampões de
cera são importantes causas de redução da audição em idosos.

A melhor forma de testar a audição do idoso é pelo teste de whisper, também conhecido
como teste do sussurro. Esse teste é, inclusive, recomendado pelo Ministério da Saúde.

m
co
De forma geral, o avaliador deve posicionar-se atrás do idoso, apresenta a mesma capacidade diagnóstica que a audiometria.
a cerca de 33 cm do ouvido direito, e perguntar sussurrando qual Porém, caso o teste seja positivo, antes de solicitar
é o nome do paciente. Se ele responder, consideraremos o teste uma audiometria ou encaminhar o idoso para o serviço de
negativo. Porém, se não houver resposta, consideramos o teste otorrinolaringologia, proceda com a avaliação por meio do
s.
positivo. O mesmo procedimento deve ser repetido para o ouvido otoscópio. Pode ser que a capacidade auditiva tenha sido reduzida
esquerdo. pela simples presença de um cerúmen impactado.
As evidências científicas mostram que o teste de whisper

eo
o
ub
ro
id
é
o

a
dv
pi

me

Figura x – Teste do sussurro ou teste de whisper – é realizado posicionando-se a 33 cm atrás do idoso e perguntando qual é o nome dele. Se ele ouvir,
o teste é negativo. Se não houver resposta, o teste é positivo. Fonte: modificado a partir de Shutterstock.

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11.3 FUNÇÕES DOS MEMBROS


SUPERIORES

A manutenção das funções dos membros superiores é


primordial para a independência do paciente, uma vez que ele se
manterá apto para a execução das atividades de vida diária. Um dos
melhores testes para avaliação é solicitar que o paciente coloque as
duas mãos atrás do pescoço, pois isso evidenciará a movimentação
dos ombros. É comum que o manguito rotador vá desgastando-
se com o envelhecimento sem que haja dor aparente. Por isso, o
referido teste informará sobre a mobilidade dessa articulação e

m
sobre possíveis limitações que só são vistas quando os músculos do

co
manguito são recrutados.

11.4 FUNÇÕES DOS MEMBROS INFERIORES


s.
A manutenção das funções dos membros inferiores também é de suma importância para a independência do paciente, principalmente
porque diminui consideravelmente o risco de quedas, como mantém sua capacidade de ir e vir. Essa função pode ser testada pelo teste Get

eo

Up and Go, como vimos anteriormente.


o
ub
ro

11.5 ESTADO MENTAL


id
é

O estado mental do paciente idoso pode ser avaliado por ferramentas de triagem de cognição, como é o caso do exame minimental.
o

Trata-se de uma ferramenta de 30 pontos, que avalia orientação, memória atual, atraso da memória, concentração, cálculo, linguagem
e áreas visuoespaciais. Quando as pontuações são ajustadas para idade e escolaridade, o teste tem alta sensibilidade (82%) e especificidade
a
dv
pi

(99%) para o diagnóstico de demência.


Pontuações acima de 26 são consideradas normais, valores entre 24 e 26 podem indicar comprometimento cognitivo leve, e < 24 indica
demência.
me

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MINIEXAME DO ESTADO MENTAL


(Folstein, Folstein & McHugh, 1.975)

Paciente: ______________________________________________________________
Data da Avaliação: ____/_____/_____ Avaliador: __________________________

ORIENTAÇÃO
• Dia da semana (1 ponto) ............................................................................. ( )
• Dia do mês (1 ponto) ................................................................................... ( )
• Mês (1 ponto) .............................................................................................. ( )

m
• Ano (1 ponto) ............................................................................................... ( )
• Hora aproximada (1 ponto) ......................................................................... ( )
• Local específico (aposento ou setor) (1 ponto) .......................................... ( )

co
• Instituição (residência, hospital, clínica) (1 ponto) ...................................... ( )
• Bairro ou rua próxima (1 ponto) .................................................................. ( )
• Cidade (1 ponto) ......................................................................................... ( )
• Estado (1 ponto) .......................................................................................... ( )
s.
MEMÓRIA IMEDIATA
• Fale 3 palavras não relacionadas posteriormente pergunte ao paciente pelas
3 palavras. Dê 1 ponto para cada resposta correta ....................................... ( )
Depois repita as palavras e certifique-se de que o paciente as aprendeu, pois
mais adiante você irá perguntá-las novamente.

eo
o

ATENÇÃO E CÁLCULO
ub

• (100 - 7) sucessivos, 5 vezes sucessivamente


ro

(1 ponto para cada cálculo correto) ............................................................... ( )


(alternativamente, soletrar MUNDO de trás para frente)
id
é

EVOCAÇÃO
o

• Pergunte pelas 3 palavras ditas anteriormente (1 ponto por palavra) . ..... ( )


a

LINGUAGEM
dv
pi

• Nomear um relógio e uma caneta (2 pontos) ............................................. ( )


• Repetir “nem aqui, nem ali, nem lá (1 pontos) ........................................... ( )


• Pegue este papel com a mão direita, dobre ao meio e coloque no chão
(3 pontos) ........................................................................................................ ( )
me

• Ler e obedecer: ”feche os olhos” (1 ponto) ............................................... ( )


• Escrever uma frase (1 ponto) ...................................................................... ( )
• Copiar um desenho (1 ponto) ..................................................................... ( )

escore: (____/30)

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11.6 ESTADO NUTRICIONAL

A nutrição é parte fundamental na manutenção da energia e da massa


magra nessa faixa etária e merece atenção. Idosos estão mais suscetíveis à
desidratação e à desnutrição.
Por isso, é importantíssimo que os idosos sejam acompanhados
regularmente por um profissional especialista em nutrição – pode ser o
nutricionista ou o nutrólogo. Ainda, devemos pesá-los regularmente a cada
consulta e, se isso não for possível, as pesagens não devem ultrapassar 12 meses
de intervalo (GUSSO et al., 2019).

m
11.7 SUPORTE SOCIAL

co
É fundamental que conheçamos a rede de apoio do paciente, uma vez que
cuidadores ativos tendem a ser mais proativos e solucionadores de problemas
quando o idoso sofre incapacidades temporárias ou hospitalizações. Portanto,
s.
a rede de apoio diz muito a respeito da velocidade com que esse paciente se
recuperará. Fonte: Shutterstock

eo
o

11.8 INCONTINÊNCIA URINÁRIA


ub
ro

Segundo Gusso e colaboradores (2019), até 30% dos pacientes idosos apresentam problema de incontinência urinária. Porém,
id
é

curiosamente, eles não sinalizam a incontinência, a menos que sejam questionados. Gusso et al. recomendam que a pergunta seja direta,
o

como “o senhor já perdeu urina ou já se sentiu molhado?”. Caso a resposta seja positiva, o paciente deverá ser investigado e encaminhado
para o serviço pertinente.
a
dv
pi

11.9 ATIVIDADES DA VIDA DIÁRIA


me

Finalmente, chegamos às famosas atividades de vida diária (AVD). Essas atividades acabam
por mensurar a independência do paciente, ou seja, referem-se ao autocuidado – será que
ele é capaz de permanecer sozinho em casa, sem precisar de ajuda de terceiros? Isso porque
tais atividades são: tomar banho, ter continência, vestir-se, usar o banheiro, locomover-se,
alimentar-se e falar ao telefone. A redução na capacidade das AVDs, como são chamadas,
sinaliza um alto grau de hospitalização.

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A escala de Katz é utilizada com sucesso há mais de 40 anos para avaliar a independência do idoso para as atividades de vida diária. A
pontuação é o somatório das respostas “SIM”. Quando temos 6 pontos, o paciente tem independência, 4 pontos, dependência parcial, e 2
pontos, dependência importante.
Segue, abaixo, a escala de Katz.

Atividade Independente Sim Não

Banho Não recebe ajuda ou somente recebe ajuda para uma parte do corpo.

Pega as roupas e veste-se sem nenhuma ajuda, exceto para arrumar os


Vestir-se
sapatos.

m
Vai ao banheiro, usa o banheiro, veste-se e retorna sem nenhuma ajuda

co
Higiene pessoal
(pode usar andador ou bengala).

Consegue deitar-se na cama, sentar-se na cadeira e levantar-se sem


Transferência
ajuda (pode usar andador ou bengala).
s.
Continência Controla completamente urina e fezes.

eo

Come sem ajuda (exceto ajuda para cortar carne ou passar manteiga no
Alimentação
o

pão).
ub
ro

Fonte: Freitas, 2006.


id
é
o

Atividades mais complexas, como usar o telefone, conseguir ir a locais distantes usando algum transporte,
fazer compras, preparar a própria refeição, arrumar a casa, fazer pequenos reparos em casa, lavar e passar a
a
dv
pi

roupa, tomar os remédios na dose certa e no horário correto e cuidar das finanças, são utilizadas para avaliar

se o idoso pode e deve viver sozinho. Essas atividades são chamadas de atividades instrumentais de vida
diária.
me

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CAPÍTULO

13.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. ORGANIZAÇÃO PAN-AMERICANA DA SAÚDE (OPAS). Envelhecimento e Saúde – Folha Informativa. Disponível em https://www.paho.
org/bra/index.php?option=com_content&view=article&id=5661:folha-informativa-envelhecimento-e-saude&Itemid=820. Acesso em
05/05/2020.
2. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Envelhecimento ativo: uma política de saúde. Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde, 2005.
Disponível em https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/envelhecimento_ativo.pdf.
3. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Estatuto do idoso. Brasília – DF, 2007, 2ª edição.
4. CHAIMOWICZ, F. CANÇADO, F.A.X. et al. (orgs.). Tratado de Geriatria e Gerontologia. Guanabara: Koogan, 2006.
5. CHANG, A. et al. Current Diagnóstico e Tratamento: Geriatria. Porto Alegre: AMGH, 2015.
6. CUNHA, J.X.P, OLIVEIRA, J.B., NERY, V.A.S. et al. Autonomia do idoso e suas implicações éticas na assistência de enfermagem. Saúde em

m
debate. Rio de Janeiro, v.36, n.95, p. 657-664, 2012
7. FREITAS, E.V., PY, L., CANÇADO, F.A.X. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro, Guanabara: Koogan, 2006

co
8. GUSSO, G., LOPES, J.M.C. et al. Tratado de Medicina da Família e Comunidade. ARTMED, 2019.
9. SANTOS, R.R, BICALHO, M.A.C, MOTA, P. et al. Obesity in the elderly. Revista Med. Minas Gerais 2013; 23(1): 62 – 71.
10. TERRA, L.T, et al. Geriatria e gerontologia clínica. Porto Alegre: EDIPURCS, 2020
s.
CAPÍTULO

eo

14.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


o
ub

Prezado Estrategista,
ro

Chegamos ao final de nosso livro. Espero que você tenha compreendido todos os assuntos abordados.
Lembre-se de que sempre estaremos aqui para facilitar seus estudos. Estamos à disposição para qualquer dúvida, sugestão ou crítica.
id
é

Que Deus o abençoe e o ilumine nos estudos!


o

Cordial abraço,
Professor Giordanne e professora Bárbara.
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