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FACULDADE UNINASSAU

CURSO DE PSICOLOGIA – MANHÃ – P7


DISCIPLINA: TÓPICOS INTEGRADORES II - PREF. CAMILA ALENCAR
ALUNA: ANA KARINA PEREIRA CABRAL – MAT 03246872

RESENHA CRÍTICA

A Psicologia é uma ciência dinâmica e que vem se transformando ao longo


dos anos. É assim com a Psicologia Perinatal, uma ramificação da Psicologia que se
encarrega de atuar e produzir conhecimento sobre essa área. Afinal onde existir
atividade humana haverá campo para a Psicologia atuar.

No artigo A Psicologia Perinatal e Sua Importância Na Prevenção da


Depressão Pós-Parto: uma revisão bibliográfica, escrito por SOARES, REIS,
ITACAMRABY e BARBOSA, e publicada na revista científica RCBSSP, nº 1, volume
2, janeiro a julho de 2021, podemos verificar que as autoras foram bem objetivas ao
nos trazer informações relevantes de como essa área da Psicologia pode ser
importante não só para as grávidas e puérperas, como também para os recém-
nascidos e os familiares.

O artigo tem por objetivo identificar como a Psicologia Perinatal poderá atuar
na compreensão dos aspectos psicológicos no período do puerpério e também na
prevenção da depressão pós-parto. No texto podemos entender como a mulher
pode desenvolver sintomas de depressão pós-parto até 1 ano após o nascimento do
bebê.

Tendo em vista que a depressão é um caso de saúde pública, prevenir é


sempre a melhor opção. Porém, pouco se fala em um acompanhamento psicológico
destinado às gestantes, o chamado pré-natal psicológico. O pré-natal convencional
se resume a consultas e exames de rotina que visam principalmente a saúde física
de mãe e filho. Alguns pacotes de hospitais particulares inserem também consulta
com nutricionista e outros profissionais, mas em geral, ter um profissional de
psicologia para acompanhamento pré-natal seria um cuidado importantíssimo na
saúde psíquica da gestante. A situação só piora se formos para o atendimento
público, onde sabemos que muitas mulheres não terão acesso nem ao básico.

O texto é de fácil leitura e compreensão e nele foi informado de que maneira


se deu a pesquisa bibliográfica para a construção do mesmo. Ressalto aqui o fato da
pouca bibliografia relacionada ao tema, onde a maioria das fontes falava de
depressão pós-parto, mas dificilmente sobre Psicologia Perinatal. Com isso,
compreende-se que a área, apesar de já haver menções desde a década de 70 é
especialmente nova, com poucas produções científicas.

A Psicologia Perinatal pode contribuir de forma a preparar psicologicamente a


mãe e a família para lidar com todos esses eventos que poderão, em alguns casos,
contribuir para o surgimento de transtornos psíquicos. O foco do texto é no período
do puerpério e em intervenções de modo preventivo ao surgimento da depressão
pós-parto. Os transtornos puerperais se dividem em Baby Blues, Depressão pós-
parto (DPP) e Psicose puerperal. Seus respectivos sintomas também são
enumerados no texto.

Sabemos que a mulher que engravida leva consigo uma série de dúvidas,
medos e inseguranças que, podendo ser anteriores à gravidez, só tendem a se
agravar com a chegada de um bebê. É a mudança na rotina, mudança de
sensações, mudanças hormonais, no formato do corpo, na maneira de se vestir, na
maneira de pensar, no paladar, nos horários de dormir. Uma mulher não vira mãe de
um dia para o outro; a maternidade é construída dia a dia e a duras penas. O texto
menciona algumas vezes sobre a romantização da maternidade, onde nem sempre
tudo sai perfeito como as mulheres imaginam ou planejam. O sonhado parto normal,
para algumas, pode não acontecer e uma cesariana às pressas deverá ser
providenciada. O amamentar, que é uma das coisas mais difíceis na maternidade,
pode não dar certo logo de primeira e nem depois. O bebê pode não gostar e não
querer mamar, ou o leite pode ser pouco, fraco etc. E aí o jeito é recorrer às
fórmulas ou bancos de leite. Ou seja, não há um pacote pronto e perfeito na
maternidade e a criança não é um boneco com manual de instruções. Cada
nascimento é um acontecimento e cada vida é única. Tudo isso aliado à história de
vida da puérpera além de seu tipo de personalidade pode influenciar no surgimento
da depressão pós-parto.

Interessante a passagem que fala sobre como a separação do bebê da mãe é


cheia de significados e que se não houver um preparo psicológico pode gerar alguns
traumas. A sensação de perda, a separação através do corte do cordão umbilical, o
fato do bebê não está mais protegido no templo que era o corpo da mãe e ficar
exposto aos “perigos” do mundo, ao mesmo tempo que aquele momento era o mais
esperado durante a gravidez, onde a mãe e bebê finalmente se encontram,
representa uma pluralidade de sensações e emoções.

Senti falta do texto mencionar que nem sempre é possível a construção do


vínculo mãe-bebê ainda na época da gravidez e após o parto. Há estudos sobre isso
com relatos de mães onde diziam não sentir afeto pelos bebês que estavam
gerando. Pouco se fala sobre isso, por medo das cobranças que a sociedade impõe
sobre a mulher grávida. Muitas mulheres sentem medo e culpa e ocultam essa
informação dos familiares próximos e profissionais de saúde. Na realidade a criação
do vínculo requer tempo e dedicação.

Também é importante ressaltar a indisponibilidade sexual de muitas grávidas,


onde muitas vezes elas se sentem desconfortáveis por medo de machucar o bebê,
por estarem acima do peso, sonolentas e cansadas com as rotinas de exames e da
casa. Muitas mulheres simplesmente não querem mais saber de sexo e os maridos
têm que lidar com essa nova realidade, sentindo-se excluídos e muitas vezes
estimulados a procurar relações extra-conjugais. A melhor solução sempre será o
diálogo franco entre homem e mulher e a Psicologia Perinatal poderá auxiliar a
grávida a se sentir mais confiante para poder conversar sobre essas questões com
seu companheiro.

Por fim, foi possível concluir através da leitura do texto que a Psicologia
Perinatal vem crescendo à medida que as pessoas tomam conhecimento de como é
importante cuidar da saúde mental nessa fase tão importante. Porém, o acesso a
esse serviço ainda não é acessível para a maioria da população. O psicólogo
perinatal deverá atuar de maneira preventiva para que se minimizem, na medida do
possível, as causas dos possíveis transtornos psicológicos que poderão surgir,
promovendo assim mais saúde e bem-estar para a mãe, o bebê, o pai e demais
familiares.

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