A psicologia Perinatal é a área de pesquisa e de profissão do psicólogo (a) que
busca compreender e atuar com mulheres e com família que passam pelo período da gravidez, do parto e do puerpério. No período da gestação é desenvolvido múltiplas alterações hormonais, provocando inúmeras perturbações hormonais no corpo da mulher, no entanto o pré-natal psicológico é um novo conceito de atendimento perinatal direcionado para a humanização do processo gestacional do parto e da construção da parentalidade.
Conforme Bortoletti: a psicologia perinatal tem como proposito oferecer o
acolhimento e empatia, bem como apoiar as vivencias psicológicas transformadora desse período. Mães conectadas consigo mesma se conectam melhor com seus filhos. O processo terapêutico iniciado na gestação, ou até antes de engravidar, proporciona a mulher a possibilidade de acessar mais profundamente suas essências e tornar mais consciente das dificuldades que possa enfrentar com a chegada do filho
Embora pense que a psicologia perinatal se associa para a preparação de um
parto e para a parentalidade, existem outras demandas muito importantes a serem atendidas, são casos que necessitam de informações e de acolhimento emocional como a impossibilidade de engravidar, gravidez fruto de estupro, detecção de anomalias, morte da criança intrauterina, dificuldade de aleitamento, rejeição explicita dos filhos, mães usuárias de drogas e bebês com síndrome de abstinência, falta de companheiro ou apoio social, abandono de bebê e entre outros.
2- O sofrimento da mulher na maternidade:
Vivemos em uma sociedade onde o preconceito e o machismo tem um lugar de
destaque, a mulher em sua maioria, continua sendo a mais afetada, buscando dar conta de tudo que lhe é imposto, para receber a aprovação da sociedade e de sua família.
De acordo com Zanello (2018) em culturas sexistas como o Brasil o sofrimento
se manifesta de forma engendrada, em que tornar-se pessoa é atrelado apenas ser homem ou mulher. Nos homens observam-se mais comumente preocupações quanto ao seu desempenho no trabalho e na vida sexual, enquanto na mulher se percebe um maior acúmulo de pressões voltadas a constituição familiar. Quando a mulher não cumpre com o papel esperado, ela é punida socialmente, pois se entende que ela está subvertendo a sua identidade e não cumprindo seu papel de mulher.
Instinto de proteção, dedicação integral, sacrifício, doçura e feminilidade são
características associadas vias cultura ao feminino e, portanto, a função de maternar (Zanello,2018). A se propor a pensar acerca da ambivalência existente no processo da maternidade, bem como as frustrações decorrentes dela. Azevedo (2017) aponta que as mães em sua grande maioria, não se sente a vontade para expressar suas angústias, embora tenha sido reforçado que a maternidade é o momento mais esperado do universo feminino, de certa forma sendo treinada desde a infância para cumprir esse papel, muitas mulheres não se sentem plenamente satisfeita no exercício da maternidade, tendo inclusive suas subjetividades anulada em prol de dedicação integral e amor incondicional reivindicados ao serem reconhecidas não como mulheres, mas como mãe.
3- A relevância do psicólogo perinatal
A psicologia perinatal, embora mais conhecida por essa nomenclatura, também
pode ser designada psicologia obstétrica, psicologia da maternidade ou psicologia da gravidez, parto e puerpério, essa área de atuação do psicólogo ganhou visibilidade no país com a publicação da dissertação de mestrado de Maria Tereza Maldonado, intitulada “psicologia da gravidez, parto e puerpério” nos meados da década de 70.
No final da década de 90 iniciou-se uma discussão por um parto e nascimento
mais humanizado, visto que o Brasil nesse momento ainda vivia altas taxas de cesariana e violência obstétrica. Com a implementação do programa de Assistência Integral a saúde da Mulher (PAISM) evidenciou-se ações voltadas para os períodos do pré-natal, parto e puerpério.
Diante disso, lançou-se no ano 2000 o programa de humanização no pré-natal
e nascimento (PHPN) com a intenção de disponibilizar um acompanhamento de forma central nas necessidades das gestantes. Definiu-se o pré-natal psicológico (PNP) como uma prática complementar ao pré-natal biomédico direcionados para atendimentos psicológicos das gestantes, no qual incentiva a inclusão das famílias nos cuidados desenvolvidos no decorrer do ciclo gravídico puerperal.
4- Atuações do psicólogo perinatal
O propósito da psicologia perinatal é de promover a saúde global da vida
mental das pessoas e dar o suporte a função parental, psicológica e moral, como também compreender, acolher dar a base para os pais viverem plenamente a chegada do filho sem maior transtorno, deixá-los mais fortalecidos na construção do psiquismo. Uma gravidez por mais que tenha sido desejada, sempre desperta dúvidas e incertezas e receio em relação as mudanças de vida.
Além disso considera o impacto emocional da impossibilidade ou dificuldade de
engravidar, nesse caso os casais lidam com uma ferida, ou seja, a frustração da incapacidade reprodutiva, em razão disso o trabalho do psicólogo é breve e focal, de modo que oferece aos pacientes apoio, amparo e uma escuta qualificada e respeitosa em um momento difícil, conturbado e confuso.
O acompanhamento psicológico durante a gestação tornou-se imprescindível
diante dos dados científicos que indicam o risco de adoecimento mental de mulheres na gestação. Quando o pré-natal psicológico liga as condutas biomédicas de acompanhamento, previne as doenças, promove a saúde e torna possível o cuidado integral da mulher.
5- Conclusão
O psicólogo perinatal ao trabalhar com os pais durante o período de
planejamento, gestação, parto e pós-parto, pode contribuir com estratégias de acolhimento, cuidados, promoção e prevenção de saúde, proporcionar um acompanhamento da gestação e pós parto, uma escuta especializada e gerar boas experiências.
A inserção do psicólogo perinatal na equipe interdisciplinar é de grande
relevância para à saúde materna, familiar e pode contribuir como rede de apoio e mediação a equipe técnica, muitas vezes intercedendo em cuidados singulares e em situações especiais. Possibilita uma assistência qualificada. O psicólogo pode promover rodas de conversas com temas que permitam trocas de informações, expectativas, anseios, inseguranças e reflexões.
Através da formação de grupos para trocas de experiências,
informações especializadas e escuta, se abre a possibilidade do compartilhamento de experiências e de reflexões. Um novo espaço para construção de novas percepções, vínculos e a elaboração de vivências permitindo ressignificações e o fortalecimento pessoal para possíveis dificuldades.
Nação tarja preta: O que há por trás da conduta dos médicos, da dependência dos pacientes e da atuação da indústria farmacêutica (leia também Nação dopamina)