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Assistência De Enfermagem Na Saúde Mental Da Mulher Durante O Ciclo

Gravídico - Puerperal

Elda Ferraz Michetti Bergamo1


Franciely Midori Bueno de Freitas2

RESUMO

Introdução: O ciclo gravídico-puerperal se caracteriza por apresentar um conjunto de


alterações fisiológicas, psíquicas, hormonais e sociais que permeiam um aumento
do risco para o sofrimento emocional e cabe ao profissional da saúde em estar
atento à condição mental e emocional da mulher uma vez que ele presta assistência
a ela durante todo esse período. Objetivo: Analisar a assistência de enfermagem na
saúde mental da mulher durante o ciclo gravídico-puerperal. Metodologia: Trata-se
de uma revisão integrativa, partindo da questão norteadora “Como a assistência de
enfermagem contribuirá para a saúde mental da mulher durante a gestação, parto e
puerpério?” Foram utilizadas as bases de dados: LILACS, SciELO e BDENF,
utilizando os descritores: saúde da mulher; saúde mental; gravidez; parto; puerpério
e enfermagem. As buscas foram realizadas nos meses de setembro e outubro de
2021, e contemplou artigos publicados entre 2014 e 2024 nos idiomas portugueses.
Resultado: A amostra final desta revisão foi constituída por onze artigos científicos,
onde mostram que a assistência da enfermagem, sendo realizada de maneira
integral, é capaz de prevenir transtornos mentais que possam atingir diretamente a
mulher no período gestacional, de parto e puerperal, visto que são períodos de
vulnerabilidade e transformação. Conclusão: Existe uma grande falha da abordagem
da saúde mental no período gravídico puerperal na mulher. Nota-se que a
assistência da enfermagem de forma plena, especialmente no pré-natal, pode evitar
complicações no estado mental tanto da mulher quanto da criança.

Palavras-chave: Assistência à saúde mental 1. Puerpério 2. Enfermagem 3.

1 INTRODUÇÃO

O presente artigo apresentado a Universidade UNOPAR do curso de Bacharel


em Enfermagem relata o papel da Assistência Da Enfermagem na saúde mental
Durante O Ciclo Gravídico Puerperal tendo uma revisão bibliografica sobre o
assunto relatado.
O ciclo gravídico puerperal faz parte de um episódio importante na vida da
mulher, seu parceiro e familiares. E os profissionais de saúde que participam desse

1
Acadêmico (a) Elda Ferraz Michetti Bergamo do curso de Enfermagem UNOPAR.
2
Orientador (a) Franciely Midori Bueno de Freitas. Docente do curso de Enfermagem da UNOPAR.
momento desde a descoberta da gravidez, pré-natal, parto e puerpério precisam
estar aptos proporcionar a assistência que esse ciclo pede.
Durante anos, o ciclo gravídico-puerperal foi visto como o momento mais
importante da vida da mulher. Entrando num contexto social, houvera um período
em que havia essa pressão para a gravidez, o que, muitas vezes afetava a
autonomia da mulher, uma vez que o processo de descoberta da gravidez faz a
mulher passar por transformações físicas, sociais e emocionais que se estendem
durante o período não somente no período gestacional (Elias et al.,2021; Grossi et
al., 2020), como também no parto e puerpério. Ela é vivida por cada mulher de
maneira singular (Ribeiro et al., 2021).
A problematização surgiu a partir do contexto sob de que formas e maneiras o
enfermeiro pode dar assistência a saúde mental das gravídicas no puerperio?
Contextualizando a problematização evidencia se que é de suma importância o
papel do enfermeiro no pré-natal e no pós-parto, pois este é um momento em que
poderão surgir dúvidas e problemas, onde o mesmo possui condições de prestar
esclarecimentos.
Diante disso, torna-se preocupante o contexto de saúde mental desenvolvido
por algumas mulheres. Nota-se, que esta ainda é negligenciada diante da
sociedade, uma vez que, a gravidez é compreendida como um momento de
idealização e bem-estar, por ser vista como algo intrínseco da mulher. No entanto, o
período gravídico-puerperal é uma fase de grande destaque no aparecimento dos
transtornos mentais na figura materna, evidenciando-se as várias mudanças
fisiológicas, familiares e cotidianas, uma vez que com a chegada de um filho as
responsabilidades, inseguranças e medo se tornam ainda mais surpreendentes.
Tornando-se assim, necessário que o profissional prepare a mulher para as
questões emocionais e físicas da gestação, parto e puerpério.
Sendo assim, o profissional enfermeiro precisa compreender e se atentar às
necessidades da puérpera realizando um atendimento humanizado, levando em
consideração a empatia, o respeito e zelo com essa paciente (GOMES; SANTOS,
2017). Nessa perspectiva, este estudo se justifica por ser o enfermeiro um dos
profissionais da atenção primária à saúde a ter um maior contato com as gestantes
na realização do pré-natal e puerpério, tendo em vista, como um ponto facilitador
para se discutir e promover a saúde mental no período gravídico- puerperal, quando
há uma escassez de estudos com o foco voltado para este assunto. Por isso, é
necessário que se traga este tema para o desenvolvimento de um olhar mais
cauteloso do enfermeiro, com a finalidade de promover a saúde mental materna,
prevenindo dificuldades futuras no vínculo mãe-filho.
O objetivo desse artigo é apontar as intervenções de enfermagem para a
promoção da saúde mental no período gravídico-puerperal. Optou-se pela
metodologia de revisão bibliográfica integrativa, de caráter descritivo e exploratório.
A análise dos artigos foi realizada a partir da análise de conteúdo e como resultado,
percebeu-se que as ações de educação em saúde são muito utilizadas como uma
forma de intervenção para a saúde mental das gestantes e mulheres no puerpério.
Nesse sentido presente estudo identificou com os estudos realizados através
de publicações científicas a importância das assistências de enfermagem no pré-
natal, parto e puerpério, sendo de grande relevância para contribuir com o
conhecimento e informação para o meio acadêmico, profissional e social sobre o
tema abordado.

2 DESENVOLVIMENTO

Os profissionais de enfermagem devem buscar mecanismos de interação capazes de


captar quais são as principais necessidades biopsicossociais e culturais tanto no pré-natal
quanto no puerpério.
Trata-se de um estudo bibliográfico, especificamente de uma revisão bibliográfica, a
partir de artigos disponíveis nas bases de dados Scielo Literatura Latino-Americana e do
Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO)
e BDENF, no período de 2014 até 2024, sobre os cuidados voltados para a saúde mental das
gestantes na Atenção Primária.
Diante do exposto, este artigo tem como metodologia identificar evidências
bibliográficas sobre a atuação da (o) enfermeira (o) no cuidado desenvolvido na saúde mental
do início da gestação até o puerpério, de modo a proporcionar resultados e discussão acerca
dos cuidados de enfermagem que devem ser ofertados às mulheres durante o ciclo gravídico-
puerperal para identificar possíveis alterações, prevenir transtornos, realizar as intervenções
apropriadas e fazer encaminhamento para os profissionais especializados.
Diante disso discuti-se sobre o período gravídico-puerperal representa a fase que mais
apresenta intercorrências, incluindo os transtornos psíquicos. No puerpério, a mulher passa
por inúmeras modificações de adaptação psico-orgânicas: a involução dos órgãos
reprodutivos à situação pré-gravídica, a lactação, a perda do peso, a mudança brusca das taxas
hormonais que levam a alterações emocionais (CENTA et al., 2017).
Os serviços de saúde devem estar preparados para vivenciar esse momento com estas
mulheres através de diversas condutas como, por exemplo: permitir que essas gestantes
conheçam os profissionais que a acompanharão no pré-natal, fornecer orientações sobre os
procedimentos que serão realizados, oferecer escuta qualificada, privacidade e confiabilidade,
além de incentivar que cada gestante tenha uma rede de apoio e um (a) acompanhante da sua
escolha que possa ser suporte e dar segurança (BRASIL, 2006).
Por isso, é tão importante que a equipe de profissionais responsáveis pela atenção pré-
natal seja especializada e preparada não só para lidar com eventos de caráter biológico, mas
com as questões subjetivas que envolvem todo o processo gravídico-puerperal. E para isso,
precisam estar atualizados e dotados de conhecimento técnico e evidências científicas sobre
os diversos sintomas que podem estar relacionados as alterações psíquicas e as intervenções
adequadas (MORAES, 2016) e identificar precocemente os casos de sofrimento nessas
gestantes/puérperas, ajudando-as a compreender os fatores de risco, como perturbação
relacionada ao sono e/ou ao apetite, redução de energia, sensação de abandono ou culpa
excessiva, pensamentos recorrentes relacionados a morte ou até mesmo idéias suicidas, além
de sentimento de rejeição ao bebê (BRASIL, 2006).
Os sentimentos de euforia e alivio são característicos no pós-parto, ampliando a
autoconfiança com a experiência do parto e nascimento do filho saudável; porém é possível
notar desconforto físico e emocional, medos e angústias diante do novo como, por exemplo,
receio de não conseguir amamentar, ansiedade pelo retorno ao corpo antes da gravidez, pela
retomada da relação sexual com o parceiro, pela volta das atividades laborais. Tudo isso é
capaz de gerar alterações caracterizadas pela fragilidade, hiperemotividade, mudanças
repentinas de humor, falta de confiança em si própria, sentimentos de incapacidade (KLAUS;
KENNEL; KLAUS, 2017).
Diante dos dados citados as cima podem ver que os resultados obtidos através do
presente artigo são citados diversos transtornos psiquiátricos que podem se desenvolver
durante o período puerperal, dentre eles destaca-se a depressão pós-parto (DPP), com uma
predominância de 13% a 19% em países desenvolvidos. No que se refere aos fatores de risco
para DPP podem ser citados: falta de apoio tanto familiar quanto social, histórico
psiquiátricos, ansiedade extrema, histórico de episódios depressivos, histórico de perdas
gestacionais anteriores e sentimento de rejeição relacionados à gestação ou ao bebê.
(ABUCHAIM et al., 2016).
Trabalhos recentes vêm mostrando a utilidade do uso de escalas e testes em serviços
de atendimento primário para triagem de mulheres com depressão pós-parto. A possibilidade
de detecção de depressão pós-parto com essas escalas tem-se mostrado significativamente
maior que a detecção espontânea durante avaliações clínicas de rotina por médicos nesses
serviços. As escalas serviriam para alertar clínicos, obstetras e pediatras para aquelas
mulheres que possivelmente precisariam de avaliação mais profunda e tratamento
(CAMACHO, 2018).
Segundo o Ministério da Saúde (2006) cabe ao enfermeiro iniciar o acompanhamento
da gestante, com escuta qualificada, avaliação global, plano de cuidado que engloba o exame
físico geral e especifico (gineco-obstétrico), solicitação de exames conforte período
gestacional, observar a presença de sinal de alerta na gravidez, avaliar risco gestacional,
cadastrar e preencher a caderneta da gestante, identificar e manejar as queixas e
intercorrências relatadas durante o pré-natal, observar a utilização de medicação na gestação,
encaminhar a gestante ao serviço de referência, vinculando-a à maternidade de referência e
informar sobre o direito a acompanhante no parto, orientar sobre a suplementação de ferro e
ácido fólico, orientar imunização, realizar educação em saúde sobre modificações fisiológicas
e importância do acompanhamento pré-natal, cuidados em saúde alimentar e nutricional, sexo
na gestação, atividades físicas e práticas corporais na gestação, exposição ao tabaco,
exposição ao álcool e outras drogas, preparo para o parto, preparo para o aleitamento, direitos
sexuais, sociais e trabalhistas na gestação, cuidados em saúde mental, cuidados em saúde
bucal.
Como descrito, há uma infinidade de atribuições pertencentes ao enfermeiro em
consulta e acompanhamento da gestante até o puerpério. E, por isso, ele é fundamental na
detecção e prevenção de alterações psíquicas através de observações relacionadas às
alterações tanto de humor quanto relacionadas à integridade física dessas mulheres e bebês
para, assim, prevenir problemas futuros (FERREIRA; NAKAMURA, 2016).
Cada vez mais é necessário que ocorram discussões, estudos, de modo a permitir o
desenvolvimento de habilidades para prestar assistência às mulheres no ciclo gravídico-
puerperal, porque elas necessitam de assistência integral. (GUERRA, 2019).
É preciso que os profissionais estejam aptos para elaboração e desenvolvimento de um
plano de ação integrativo, envolvendo toda a equipe multidisciplinar enfatizando o papel da
enfermagem, principalmente nas UBSs, pois promoverá um diferencial na detecção e
prevenção do diagnóstico das alterações relacionadas à saúde mental nesse período.
De maneira geral, os autores afirmam que o ciclo gravídico-puerperal é uma fase única
na vida da mulher e que precisa ser visto de forma especial, observando as inúmeras
modificações físicas, hormonais, psíquicas e acrescenta que além desta, inclui-se as de
inserção social, que cotidianamente interferem diretamente na saúde mental. Acredita que o
nascimento da criança consolida essas mudanças significativas.
LIMA et al., (2017) “acrescenta, ainda, que a avaliação da saúde mental da gestante
tem sido pouco visibilizada pelos profissionais devido á crença prevalente de que a gravidez é
um período de bem-estar e que os transtornos psicóticos são normalmente vivenciados no
puerpério.” O mesmo autor apresenta ainda em seu estudo que durante a gravidez 10% a 15%
de todas as mulheres vivenciam sintomas de ansiedade e depressão leves e moderados, e
mostra que a presença de sintomas depressivos como tristeza sem razão definida, sentimento
de culpa, e alterações no padrão de sono, são comuns no período gravídico e variam de 11,9%
a 33,8% se tornando assim um indicativo de risco para depressão. Desta forma, o estudo
demonstra a necessidade de maior avaliação e atenção relacionada à saúde mental na fase
inicial da gestação. (LIMA, 2017).
Segundo GUERRA et al. (2014), os profissionais de saúde que estão
diretamente relacionados ao cuidado à gestante, em especial o enfermeiro, precisam
compreender a situação social atual, principalmente quando a gestante apresenta
dificuldade de adaptação à maternidade de forma saudável. A composição e
capacitação da equipe visam aprimorar o atendimento à mulher nessa fase
vulnerável.
Por fim, de acordo com GUERRA (2014), pode-se dizer que as enfermeiras e
enfermeiros, especializados em saúde materna, precisam entender a situação social
da gestante, enfatizando que o treinamento insuficiente da equipe reduzirá a
autoconfiança das mulheres e a sua predisposição para enfrentar os problemas.
Diante disso, o acolhimento cumprido pelo enfermeiro no decorrer da consulta
de pré- natal ou puerperal possibilita a mulher e ao recém-nascido um bem-estar a
sua saúde, durante a sua assistência o enfermeiro baseia-se em protocolos que
garante ao profissional executar os procedimentos e realizar as condutas
adequadas, estando disposto a escutar dúvidas presentes auxiliando a mulher a
enfrentar os desafios durante a gestação e puerpério.
As práticas em saúde mental se caracterizam pelo conjunto de ações que
encoraja as usuárias a busca do seu equilíbrio emocional e bem-estar físico e
psicológico. O objetivo é fazer com que ela consiga administrar suas emoções
internas e as alterações psíquicas, que no período gravídico-puerperal se fazem
mais freqüentes devido as alterações hormonais durante a gravidez, havendo
também um aumento do risco no desenvolvimento dos transtornos mentais na
mulher necessitando de um olhar especializado do profissional e familiares.
Vale destacar a ausência de estudos apontando diretamente a atuação do enfermeiro no
cuidado desenvolvido em saúde mental desde o início da gestação até o puerpério. Os estudos
apresentam a incidência das alterações relacionadas à saúde mental das gestantes e puérperas
e descrevem alguns fatores estressores.

3 Metodologia

Trata-se de um estudo bibliográfico, especificamente de uma revisão narrativa, a partir


de artigos disponíveis nas bases de dados Scielo Literatura Latino-Americana e do Caribe
em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e
BDENF, no período de 2014 até 2024, sobre os cuidados voltados para a saúde mental das
gestantes na Atenção Primária. A pesquisa foi feita em provedores da internet utilizando-se
palavras chaves conforme os descritores em ciência da saúde DeCS/MeSH: gestantes, saúde
mental, cuidados de enfermagem.
Para a construção da revisão de literatura foi preciso percorrer seis etapas
distintas, sendo ela: 1) elaboração da pergunta norteadora; 2) busca ou amostragem
na literatura; 3) definição das informações a serem extraídas dos estudos
selecionados; 4) análise crítica dos estudos incluídos; 5) discussão dos resultados; e
6) apresentação da revisão integrativa (Sousa et al., 2017).
Utilizou-se na pesquisa os seguintes critérios de inclusão: artigos disponíveis
na íntegra, indexados nas bases, nos idiomas portugueses, com recorte temporal
dos últimos cinco anos (2014 a 2024), em busca de dados atualizados. Como critério
de exclusão determinou-se as teses, dissertações, reportagens, editoriais, resumos
em anais, artigos que não se adequavam a temática requerida ou em duplicidade.
A análise e a síntese dos dados extraídos dos artigos foram realizadas de
forma descritiva, possibilitando observar os aspectos, com o intuito de reunir o
conhecimento produzido sobre o tema abordado na revisão. Os artigos foram
selecionados em primeiro plano por leitura do título, seguido do resumo e, por fim,
do texto completo. Os artigos incluídos na pesquisa foram tabulados com as
seguintes variáveis: autor/ano, título do periódico, objetivo do estudo e principais
resultados.

4 Resultados e Discussão

Após a busca e seleção de materiais, selecionamos um total de 11 obras por


conta da relevância temática, ano de publicação e por conta da viabilidade de tempo
destinado para a conclusão deste Trabalho de Conclusão de Curso.
Diante dos artigos encontrados focados na temática desse estudo, observa-se que as
publicações sobre a atuação do enfermeiro direcionando a melhoria da assistência à saúde
mental da gestante até o puerpério ainda são muito incipientes.
As maiores partes dos artigos encontrados apresentam as modificações mentais
relacionadas ao período gravídico puerperal, o modo como ocorrem, quais são os sinais e
sintomas e como o profissional pode observar tais mudanças, porém poucos abordam sobre
como deve ser a atuação do profissional de saúde diante dessas situações, principalmente em
serviços de atenção primária à saúde.
O trabalho de Lima et al. (2017) teve por objetivo identificar em que
freqüência os sintomas depressivos ocorrem no período gestacional e qual sua
relação com as variáveis sócio demográficas, obstétricas e de saúde. O fator de
risco mais freqüente no trabalho foi sofrer ou ter sofrido violência psicológica
independente do ciclo gravídico-puerperal. Como fator de proteção observou-se que
as mulheres que apresentavam maior escolaridade, gestação planejada e
continuidade da gestação apresentavam menos distúrbios quando comparado a
mulheres que apresentavam fatores de risco.
Ao se analisarmos os estudos selecionados para compor a presente
pesquisa, nota-se que o período puerperal é considerado o mais crítico. Segundo
Moura, Fernandes e Apolinário (2011) no período puerperal a mulher vivencia
inúmeras modificações e dificuldades que podem desencadear transtornos e
incapacitar as puérperas a realizar atividades básicas como limpar a casa, preparar
sua refeição, se alimentar e realizar um repouso satisfatório.
Diante da importância em detectar os distúrbios mentais em mulheres em
ciclo gravídico-puerperal faz-se necessário à presença de profissionais de saúde
especializados em saúde mental dentro das equipes das Unidades Básicas de
Saúde, especialmente na Equipe de Saúde da Família. É importante que além de
participar do pré-natal a mulher que apresente fatores de risco tenha um
acompanhamento diferenciado com o intuito de melhorar a qualidade afetiva e
vínculo entre mãe e bebê (HARTMANN; MENDOZA-SASSI; CESAR, 2017).
Garantindo um trabalho eficaz, verificou-se a importância através dos dados
obtidos pelo banco de dados citados acima da qualificação da enfermagem, que é
essencial na investigação e transmissão de informações necessárias para a
gestante deixando-a orientada quanto ao período de pré-parto, parto e pós-parto,
fazendo com que se sinta satisfeita e segura com a assistência prestada,
preparando-a para tantas mudanças fisiológicas, psicológicas e sociais.
Para Baratieri e Natal (2019) através de sua revisão literária, eles puderam concluir
que existe um leque de ações passíveis de serem desenvolvidas na atenção à saúde das
gestantes, de modo a assistir à mulher desde o pré-natal ao puerpério. Para isso, é possível
utilizar tecnologias leves e de baixo custo, sendo o principal foco de atenção a redução da
morbimortalidade materna, através de aconselhamento, oferecendo apoio para o
restabelecimento pós gravidez e nascimento, identificando precocemente os fatores de risco,
gerindo adequadamente as necessidades de saúde física e emocional.
Observou-se que existe a necessidade de mais pesquisas em campo sobre a
assistência à saúde no ciclo gravídico puerperal e as intervenções da equipe
multiprofissional, pois foi encontrado um número maior de produções relacionadas
aos cuidados de enfermagem e baixo quantitativo de produção científica relacionado
ao tema deste artigo.
De acordo com o Ministério da Saúde, o pré-natal tem a missão de
proporcionar um acolhimento adequado à mulher, assegurando ela do início ao fim
da sua gestação, assim como o bem-estar do binômio após o parto (BRASIL, 2006).
Cunha et al. (2009), nos traz que baseado na Lei do Exercício Profissional de
Enfermagem a enfermeira tem respaldo legal para acompanhar integralmente o pré-
natal de baixo risco, uma vez que possui conhecimento científico e teórico para o
mesmo.
Barbosa et al. (2011), nos traz que o papel do enfermeiro (a) abrange também
o papel de informar a gestante e a família, a importância do acompanhamento
adequado da gestação, de prevenção e tratamento de complicações que podem
ocorrer antes e após da gravidez, assim como seus direitos e as redes de serviços
disponíveis pará-la.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que em todo o mundo cerca
de 10% das gestantes e 13% das puérperas sofrem de algum transtorno mental. Os
fatores que mais influenciam nesse momento estão relacionados à
socioeconômicos, psíquicos, biológicos e psicossociais. uma grande necessidade de
promover uma assistência de enfermagem qualitativa durante o processo gravídico-
puerperal, buscando a humanização durante a gestação, o parto e o puerpério,
diminuindo o risco de desenvolvimento da depressão. Sendo o enfermeiro atuante
no processo de parturição se torna um agente importante para favorecer a atenção
integral que inclua os cuidados prestados para o estabelecimento do vínculo da mãe
com o bebê (Manzo et al., 2018), visto que, a condição de depressão traz
repercussões e efeitos no desenvolvimento mãe e filho.
Toda a investigação no que se refere ao tema deste artigo revela que a
prática de enfermagem deve ser cada vez mais voltada para a integralidade do
cuidado, pois se entende como crucial olhar para o corpo físico e para as condições
psicológicas, culturais e sociais dessas gestantes e puérperas. Reforçando a
importância e necessidade de cuidados com a saúde mental da mulher no período
gestacional e puerperal, entendendo que são períodos de transformação.
O enfermeiro deve contribuir para promoção da saúde, e empoderamento da
mulher, orientando sobre alterações fisiológicas e mudanças emocionais,
estimulando o cuidado, propiciando à mulher protagonismo, respeitando sua
cidadania, direitos humanos e familiares
Diante disto, a enfermagem o deve atuar na prevenção e promoção de saúde,
identificando fatores de risco e sintomas e levando em conta os aspectos psicossociais que
estão relacionados à gestação de cada uma das pacientes, o que requer qualificação para
avaliação e intervenção adequadas dos aspectos psicológicos que envolvem a saúde das
mulheres no período gravídico puerperal, além de motivação e capacitação da equipe de
enfermagem e políticas públicas que garantam estas atividades.
É importante ressaltar que com essa pesquisa poderemos informar não
apenas os profissionais de saúde mais também os estudantes da área e a
sociedade como um todo, com um olhar voltado a importância de acolher, orientar e
assistir mulheres nessas situações.
Analisando os estudos publicados sobre o assunto destaca-se a ausência de
estudos que tratem especificamente do cuidado psicológico ainda no início da
gestação. De modo geral os estudos apontam as alterações sofridas pela mulher
durante o período do puerpério, bem como os fatores de risco relacionados ao
desenvolvimento dessas alterações, mas não abordam de forma específica o
período gestacional.

5 CONCLUSÃO

A saúde mental é um assunto que por vezes é bastante abordado na


sociedade, mas, existe uma grande falha dessa abordagem durante o ciclo
gravídico-puerperal na mulher, podendo destacar o período do pré-natal. Isso é
constatado a partir da diminuição de artigos publicados durante os últimos cinco
anos e enfatizado pelo número destes focado na atenção ao pré- natal.
A assistência da enfermagem deve ser plena durante todo esse período da
mulher, respeitando seus momentos e cada etapa. O enfermeiro, nesse processo,
deve esclarecer ouvir, identificar e intervir. Como foi visto, é um ciclo que começa
desde o pré-natal, onde a mulher passa por uma condição que é lhe dada, mas nem
sempre é bem aceita ou bem-vista, num contexto social ou emocional.
Dessa forma, existe a necessidade de um olhar mais voltado para as
mulheres durante esse período materno, uma vez que pode ser um assunto muito
delicado para algumas dessas. O acompanhamento desta, bem-feito, será refletido
nos próximos ciclos, como o puerperal. Cabe também ao enfermeiro enfatizar a
necessidade de estar presente, para evitar danos tanto a mãe, quanto a criança. Da
mesma maneira, a necessidade da intervenção, como uma busca ativa em casos de
evasão materna, uma vez que esse é um dos princípios políticos da prática do
cuidado.
Concluiu a importância da assistência de enfermagem desde o acolhimento
adequado na descoberta da gravidez, no acompanhamento no pré-natal, parto e
puerpério, que posteriormente apresentará resultados de grande relevância de um
binômio que foi acolhido e acompanhado adequadamente como de direito, e faz se
necessário de um profissional disposto e qualificado para tal atuação.
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