Você está na página 1de 43

Atuação e Atendimento

Psicológico na Maternidade
e Pediatria

PÓS-GRADUAÇÃO
Introdução
A área da psicologia traz inúmeros conhecimentos,
e nesta unidade vamos trabalhar sobre a sua
atuação na Maternidade Hospitalar e na Pediatra,
espaços muito importantes em um hospital, porém
quem merecem um cuidado diferenciado se
tratando de adoecimento de crianças desde
recém nascidas até as que descobrem uma
doença ao longo do seu desenvolvimento. Nesse
sentido, é fundamental compreender as etapas as
quais são vividas e como o profissional da área da
psicologia pode intervir.

Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai


mergulhar neste universo!
Competências
Olá. Seja muito bem-vindo à disciplina ATUAÇÃO E
ATENDIMENTO PSICOLÓGICO NA MATERNIDADE E
PEDIATRIA. Nosso objetivo é auxiliar você no
desenvolvimento das seguintes competências
profissionais até o término dos estudos desta
disciplina:

CAPÍTULO 1: Compreender o papel da psicologia


na maternidade.

CAPÍTULO 2: Identificar os processos psicológicos


na maternidade

CAPÍTULO 3: Compreender o processo de


hospitalização na vida de uma criança.

CAPÍTULO 4: Entender o trabalho da psicologia


na pediatria, nas internações de crianças.
Sumário
INTRODUÇÃO

COMPETÊNCIAS

CAPÍTULO 1: COMPREENDER O PAPEL DA PSICOLOGIA


NA MATERNIDADE.
1.1 O PAPEL DO PSICÓLOGO NA MATERNIDADE
1.2 O PSICÓLOGO X AMBIENTE HOSPITALAR
1.3 PSICOLOGIA PERINATAL
1.4 PERDA DE UM BEBÊ X TRABALHO DO
PSICÓLOGO

CAPÍTULO 2: ASPECTOS PSICOLÓGICOS NA


MATERNIDADE
2.1 AS MUDANÇAS NA MATERNIDADE
2.2 O CÉREBRO DA MÃE
2.3 O PSICÓLOGO X AMBIENTE HOSPITALAR
2.4 CONTRIBUIÇÕES DA NEUROPSICOLOGIA NO
AMBIENTE HOSPITALAR
Sumário
CAPÍTULO 3: A CRIANÇA NO AMBIENTE HOSPITALAR
3.1 A CRIANÇA HOSPITALIZADA
3.2 A INTERNAÇÃO EM UTI
3.3 A IMPORTÂNCIA DO PSICÓLOGO EM UTI
NEONATAL

CAPÍTULO 4: O TRABALHO DA PSICOLOGIA


HOSPITALAR NA PEDIATRIA
4.1 A CRIANÇA NO AMBIENTE HOSPITALAR
4.2 ESTUDO DE PIAGET E O BRINQUEDO COMO
RECURSO HOSPITALAR
4.3 O TRABALHO DA PEDIATRIA X PAPEL DO
PSICÓLOGO
4.4 PSICOLOGIA X UTI NEONATAL E PEDIÁTRICA

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CAPÍTU LO 1

A Psicologia na
Maternidade
OBJETIVO: Ao término deste capítulo você será capaz de entender o
processo que existe na maternidade, relações da mãe com o bebê, bem
como a importância do psicólogo em meio ao que pode vir a acontecer em
um processo de gestação, perdas, lutos, períodos em que o acolhimento e a
escuta farão diferença na vida dos pais.

1.1 O papel do psicólogo na Maternidade

Ao compreender o trabalho do psicólogo num ambiente hospitalar é


importante ter claro que ao estar diante de uma doença ou um diagnóstico
é um processo doloroso.

Ao tratar da maternidade, são gestantes que iniciam uma gestação,


algumas em quadros de risco e que precisam ter um acompanhamento
desde o início.

Por ser algo tão importante, a maternidade traz consigo muitas incertezas, e
quando algo incerto acontece nesse caminho, o psicólogo fará uma grande
diferença acolhendo e tratando seu emocional.

Diante de vários estudos, o que se pode compreender são as alterações


hormonais que uma mulher vive já no início de uma gestação, é misto de
sentimentos, sintomas iniciais que a mulher até então desconhecia.

Ao considerar, que no início de uma gestação há um misto de sentimentos


como: oscilações de humor, aumento da sensibilidade (olfato, paladar e
audição), distúrbios do sono, cansaço físico, fobias, medo do parto, da dor.

Diferentes sentimentos que se iniciam na gestação e que varia de mulher


para mulher, pois cada sujeito tem uma forma de enfrentar sua realidade. O
que pode ser observado nesses casos, é a forma como cada mulher lida
com as mudanças.
As mudanças que começam a ocorrer na rotina, no trabalho, são planos
que mudam e se voltam para a nova vida que irá chegar, uma gravidez é
um misto de surpresas e inseguranças.

Figura 1 - Quando a gravidez chega Fonte: Pixabay.

Conforme a figura acima, podemos observar as mudanças no corpo da


mulher, o que é visível, corpo que não é o mesmo, são aspectos que
mudam o emocional de uma mulher.

Segundo o autor Eizirik (2001), ao mencionar que a gravidez é um momento


único na vida da mulher, em que ocorre as alterações hormonais e
também metabólicas, ao visualizar uma mulher com uma barriga
desproporcionalmente grande esperando seu filho, são alterações visíveis,
porém há alterações em seu pensar e agir que precisam de uma atenção
especial.

E com isso o papel do psicólogo fará grande diferença na vida dessa


mulher, bem como de todos os envolvidos nesse processo.

1.2 O Psicólogo x Ambiente Hospitalar

A chegada ao hospital, a espera de uma gestação, são muitos momentos


e fantasias que perpassam nesses momentos, como será o parto. É nesse
sentido, a importância de explicar como será a internação, a rotina do
hospital, visitas, e como será os procedimentos que o médico terá daquele
momento em diante, por isso é tão importante que a mulher tenha um
acompanhamento além do familiar que estará acompanhando,
profissionais qualificados farão diferença nesse processo.

No momento do parto, a importância do obstetra em passar todas as


informações necessárias, tranquilizando a paciente, ajudando a dar à luz.
Nesse sentido, o psicólogo no hospital tem o objetivo de trazer o alivio
emocional, pois é um momento de ansiedade e incertezas.

Na maternidade, a psicologia hospitalar é vista de uma outra forma, no


sentido de que não falamos em doença, mas sim em uma mudança de
vida, em que há um processo que pós parto trará vida nova, rotina,
adaptação com outro ser humano, e que tanto a mãe, como a família irão
aprender a lidar com diferentes situações de ansiedade e incertezas
diante do novo.

Segundo Gorayeb (2015), mesmo tratando-se de uma gravidez tranquila


ela traz mudanças intensas tanto fisiológicas como afetivas. São muitas
transformações emocionais, sociais, biológicas, conjugais, há uma
adaptação diante das modificações corporais e dos papéis sociais.
Dentre vários estudos realizados, e segundo dados do Ministério da Saúde
há gestações de alto risco, que se dá tanto pela saúde da mãe como do
feto, o que aumenta sintomas de ansiedade.

Importante compreender os diversos casos que podem ocorrer como a


perda de um bebê, segundo Duarte e Turato (2009), há vários fatores
quando se trata de uma perda gestacional, desde aborto, malformações
fetais, alterações placentárias, infecções adquiridas na gestações, dentre
outros fatores. Há uma necessidade de elaboração do luto, de uma
gestação não concluída, de coisas que não aconteceram ou de como
poderiam ter acontecido.

A atuação do psicólogo no ambiente hospitalar é fundamental, poder


acolher essa mãe que entra em sofrimento, um luto inesperado, uma
gestação interrompida, pode trazer grandes consequências na vida de
uma mulher, se não for tratado de forma adequada por um profissional
especializado.

Baptista e Furquim (2014), em seus estudos destacam a importância do


trabalho do psicólogo de forma interdisciplinar tanto com a equipe
médica como com a família do paciente, possibilitando relações mais
saudáveis.

O papel do psicólogo na maternidade será conduzir a paciente pelo


hospital, através da escuta trabalhar as questões de ansiedade, incertezas
frente ao parto, cirurgia. Sendo que em muitos casos, a paciente que
precisa desse acompanhamento está num processo de diversas
mudanças.
Conforme Angerami-Camon (2000), o trabalho do psicólogo na
maternidade acontece durante o período do puerpério, o momento da
chegada do bebê, a paciente expressar como se senti, suas expectativas
sobre a nova experiência, sendo o principal objetivo estimular uma ligação
mais saudável, prevenindo uma saúde mental e física para as mudanças
que viram.

E em alguns casos, quando ocorre alguma intercorrência no parto, é


fundamental que o psicólogo possa estar junto da família que precisará
de um suporte, seja para lidar com o imprevisto de um parto em que o
bebê possa estar em risco ou até mesmo a própria gestante.

É importante considerar os estudos dos autores Fighera e Viero (2005),


toda a ansiedade que e provocada pela insegurança da cirurgia,
anestesia, pode afetar o paciente se esse não for escutado ao expressar
seu sentimento. Entendendo que esses momentos que antecedem o parto
são visto como assustadores, pois há um temor desse processo bem
como a recuperação.

Alguns pontos importantes que é preciso destacar sobre o pré-natal


psicológico, segundo os autores Cabral; Martins; Arrais (2012) que tem o
objetivo de oferecer apoio emocional diante de demandas que podem
surgir como:

• Mitos da maternidade.
• Perda do feto ou bebê.
• Malformação do feto.
• Gestação de risco.
• Transtornos depressivos e de ansiedade.
• Mudanças de papéis.
• Planejamento familiar.
• Acompanhante durante o parto.

Segundo Terreno (2012), tem o objetivo de construir um novo papel


materno, aprimorando a responsabilidade e a complexidade, pois a
construção do vínculo mãe-bebê demanda um tempo.

Tempo esse que precisa ser respeitando frente à todas as mudanças que
surgiram e precisam de um olhar diferenciado.
1.3 Psicologia Perinatal

A Psicologia Perinatal surgiu com o objetivo de prevenir situações de


angústias que possam surgir durante a gravidez, e também a preparação
para a maternidade e paternidade.

É importante considerar que o pré-natal implica nos cuidados físicos da


gestante e que também é fundamental estar atentos aos aspectos
emocionais.

A seguir alguns pontos importantes que podem ocorrer nesse período:


Depressão pós parto dentre muitos estudos apontam que ela pode
aparecer até um ano após o parto, segundo Bortoletti (2007), alguns
pontos são importantes de analisar ao observar a ausência do marido,
relacionamento difícil, violência sexual.

Conforme DSM-IV (American Psichyatric Association, 2002), a depressão


pós-parto é considerada um episódio de depressão maior, apresentando
sintomas como: perda de peso, irritabilidade, crises de choro, culpa por
não ser uma boa mãe, humor deprimido, perda do prazer por atividades.
São muitas mudanças que ocorrem nesse período, começando pelo
corpo, até o nascimento do bebê, que muda os relacionamentos tanto
familiares como os de sua vida social, o que gera muitas angústias, há
uma confusão na mudança da realidade.

É importante compreender que durante toda a gestação, o bebê ficou


totalmente ligado à mãe através do cordão umbilical, momento em que a
mãe teve seu bebê como parte do seu corpo, sentindo ele todo o
momento, ao nascer esse cordão é rompido, e nesse momento há um
sentimento de separação que se confunde com tantas outros que
começam a surgir, desde as alterações hormonais como físicas
aparentes.

Pode-se citar o próprio corpo que ainda não voltou ao normal e que
precisa de um tempo. Muitas mulheres não conseguem emocionalmente
compreender tudo isso sozinha, sem ajuda de um profissional.

1.4 Perda de um bebê x Trabalho do Psicólogo

Estar diante de um luto em que uma gestação, em alguns casos não pode
ser concluída, por aborto espontâneo ou até mesmo outros fatores que
ocorreram que o bebê perdeu a vida.

Um luto é algo difícil de lidar num contexto geral, porém a perda de um


bebê é um desafio o qual profissionais da saúde precisam estar
preparados para acolher os pais, que vivem uma perda a qual não
tiveram a oportunidade de concretizar um sonho até então sendo gerado.

Iaconelli (2007), a perda de um bebê é chamada luto perinatal, os


primeiros sintomas dos pais é a negação e a racionalização, são muitos os
casos em que a reação dos pais, permanecem nessa fase, em que a
angústia é ignorada.

A notícia da perda de um bebê causa inúmeros sentimentos que


desconcertam a vida dos pais, a busca por explicações lógicas, o que
poderia ter sido feito.

A morte de um filho, traz a interrupção de um sonho, de esperanças,


expectativas que são colocadas ao nascimento de uma criança. Os
sentimentos vividos nesse momento deixam marcas na vida dos pais.

O acolhimento para a família nesse momento é fundamental, a escuta, os


questionamentos.

Há estudos recentes sobre o luto perinatal e que merece uma atenção


especial, pois não é reconhecido como uma perda, em nossa sociedade
em alguns casos não é validada.

É importante compreender que a perda em qualquer ordem gera luto,


esse que traz consigo diferentes tipos de questionamentos e incertezas, a
luta contra o próprio sentimento, ao mesmo tempo é uma reação
esperada diante da situação vivida.

Elisabeth Kübler-Ross (1998), aponta que o processo de perda se


sistematiza em estágios, desde raiva, negação, depressão, isolamento,
aceitação e barganha.

Já para Simonetti (2004), o luto passa por um carrossel de emoções e


reações, sentimentos que se diferem de acordo com a perda.

São momentos difíceis de entender, casos em que a gestante passa por


dores físicas, ou até mesmo um final de gestação com um filho sem vida.
São projetos descontruídos, sonhos interrompidos que precisam ser
ressignificados.

Para a mãe, o vínculo que já estabelecido com o bebê gera um sentimento


em uma proporção maior, visto que é interrompido de forma abrupta.
Nesse sentido, pode-se entender que a morte de uma criança, é a morte
de uma mãe também, que não pode exercer seu papel.

Nos estudos de Iaconelli (2007), o luto de um bebê carrega


incomunicabilidade, pois as pessoas ao redor não conseguem entender o
sentimento de uma mãe, nem como o processo de uma perda de um ser
que não se teve convívio pode gerar, há uma inversão pois o normal são
pais, avós morrerem antes, não filhos. É um luto que não é visto pelos
outros, fica somente nos pais, as pessoas ao redor não conseguem
entender, por ser algo tão precoce. Os pais ficam desamparados pelos
adultos ao seu redor e por seu bebê.

Gesteira (2006), em seus estudos entende que o trabalho da psicologia


em dissipar a dor psíquica do sujeito é preciso que seja vivida, falada
refletida mas nunca negada.

O trabalho do psicólogo é fundamental, pois é preciso ajudar os pais a


viverem o luto, a perda em todos os sentidos, que envolve seus sonhos,
objetivos, uma vida além planejada e que agora não existe mais, fato
esses que desenvolvem um trabalho para que os pais consigam com o
tempo falar sobre a perda, viver isso de outra forma.

Tempo para trabalhar o luto da perda, que precisa ser adequado para os
pais.

Há um rompimento da possibilidade do exercício tanto da maternidade


quanto da paternidade, pois a morte de um bebê, traz consigo inúmeras
frustrações.

Em alguns estudos realizados, para as mulheres é um golpe tanto para a


auto-estima como para sua feminilidade e sua capacidade maternal.

São inúmeros sentimentos que ocorrem diante dessa situação, desde


culpa, tristeza, raiva.
Bartilotti (2022), destaca que o sofrimento psíquico real ou imaginário
frente a perda de um bebê, pode desencadear estados depressivos
graves, desejo de morrer.

É fundamental estar atento aos sintomas apresentados pelos pais, pois a


morte traz inúmeros sentimentos, explicações que não existem. É preciso
muita força e coragem nesse momento. O processo de despedida, de um
sonho, planos que vão embora precisam ser tratados e olhados dentro de
uma outra perspectiva. Todo o processo exige tempo e acolhimento para
que aos poucos tudo seja entendido de forma tranquila, respeitando o
tempo de casa sujeito.

Ao falarmos sobre puerpério, que significa todo o período desde a


gestação até o nascimento do bebê, e pós nascimento. Em que o corpo
da mulher volta às condições normais.

Contudo é importante viver essa perda, dentre os mais variados


sentimentos, a mãe precisa viver, sentir, chorar, pessoas ao redor nem
sempre entenderam, algumas falaram que foi melhor assim. Porém, a mãe
que sofre precisa do acolhimento, do olhar que compreende, que olha
com carinho e não desprezo.

Em um ambiente hospitalar são diversas situações que ocorrem e que


precisam que a equipe multidisciplinar esteja disposta a acolher e cuidar
desses pacientes que iram enfrentar algo tão inesperado em suas vidas
que é a morte de um filho.

O psicólogo em um ambiente hospitalar será quem estará ao lado da


família para ouvir e levar a família a um luto permitido, que o sofrimento
seja real, porém com um propósito de com o passar do tempo haja cura.

Todo sofrimento uma vez tratado, gera cura, amadurecimento, e a certeza


de que dias melhores podem voltar. Perdas podem gerar maturidade,
força.
RESUMO DO CAPÍTULO

Nesse capítulo aprendemos sobre a psicologia na maternidade, alguns


pontos importantes que precisam ser consideradas no processo de
gestação, como o paciente pode apresentar sintomas significativos que
precisam de um olhar profissional. A perda de um bebê, o
desenvolvimento do luto, processos difíceis que precisam ser encarados,
respeitando o tempo de casa sujeito. Sendo importante compreender, o
processo que se enfrenta durante uma gestação em relação ao
emocional, e me alguns casos questões como: gravidez de risco, perda do
bebê, processos que não são planejados na vida de uma mulher e que
precisam de um acolhimento adequado. Ao estar atento, a esses
processos é importante compreender que o emocional de um sujeito
pode trazer inúmeras consequências para o corpo quando não tratado.
Assim como, em casos de luto, a importância de permitir a vivência desse
momento, entendendo o quanto a pessoa precisa falar e entender tudo o
que está acontecendo diante de algo inesperado em sua vida. Diante
disso, o papel do psicólogo em ambiente hospitalar é fundamental, para
ser um apoio e acolhedor em um processo doloroso.
CAPÍTU LO 2

Aspectos Psicológicos
na Maternidade
OBJETIVO: O presente capítulo visa compreender os aspectos
psicológicos na maternidade, as mudanças que ocorrem na vida mulher. O
desenvolvimento emocional nessa fase e suas influências diante de uma
situação inesperada. Bem como o papel do psicólogo no ambiente
hospitalar.

2.1 As mudanças na Maternidade

A maternidade é um momento único na vida de uma mulher, um sonho


realizado, um processo de gerar vida dentro de si, são inúmeras expectativas
e sentimentos vivenciados. O que é muito importante considerar a transição
que ocorre no momento que a paciente se torna mãe, é um momento que
ela passa a ser mãe no lugar de filha.

E com isso pode-se compreender as mudanças físicas no corpo da mulher,


alterações de humor, mudanças hormonais, há um preparo para gerar uma
vida. São marcas intensas tanto no corpo como no psíquico dessa mãe.

Além dessas modificações citadas acima, há também as modificações nas


relações familiares, os desafios de adaptação ao novo ser que chega à
família, a estrutura de uma nova rotina, e nesses momentos pode-se
perceber a importância de uma rede de apoio.

Segundo estudos de Piccinini, Carvalho, Ourique & Lopes (2012), apontam a


importância do suporte tanto dos familiares, cuidados dos profissionais à
mãe e ao bebê, pois irão influenciar na forma como será realizada a
maternidade.

Nesse sentido, os profissionais de saúde atuam de forma significativa já no


período da gestação, desde os primeiros cuidados, há vínculo que se
estabelece com os profissionais, o que auxilia nos momentos de angústia.
Diante disso, é importante que a mulher busque auxílio em cada fase de sua
gestação bem como no nascimento do bebê pois é fundamental nesse
processo.
Há casos em que a mãe por não saber, apresenta sentimentos, de culpa,
por não saber cuidar e que precisa de uma rede que lhe dê o apoio e
orientação.

2.2 O Cérebro da mãe

É fundamental compreender que algumas mudanças que acontecem no


cérebro da mãe, são para prepara-la para a maternidade, são mudanças
significativas que acontecem na gestação.

Segundo estudos, Jacob (2018) aponta que ao falar sobre o cérebro da


mãe, há uma frase “mommy brain”, considerado algumas mudanças que
se percebe em seu desenvolvimento cognitivo, como perda da memória,
habilidades de planejamento, organização. São alguns sintomas que são
relatados, porém a explicação disso é que a mãe começa a passar suas
atenções normais para o bebê.

Há várias mudanças reais no cérebro da mãe, Barha (2017) aponta que há


algumas evidências de que há uma diminuição no volume do cérebro em
algumas áreas, podendo citar a memória verbal.

Nesse sentido essas mudanças que ocorrem na gestação, vão ser


beneficiadas após no cuidado com o filho.

Em alguns estudos europeus foram apontados que há uma redução na


massa cinzenta do cérebro da gestante, áreas específicas do cérebro, que
auxiliam a mãe e o bebê na criação do vínculo e na preparação das
demandas da maternidade.

Essa perda da massa cinzenta, será ativada no momento em que a mãe


ouve o choro do bebê, essas mudanças cerebrais vão auxiliar a mãe no
cuidado com o bebê.

O cérebro da mãe também sofre alterações que podem ser observadas


até 2 anos após o nascimento do bebê, um deles que pode ser observado
é a atenção voltada somente para o bebê, isso faz parte das mudanças
que ainda ocorrem no cérebro da mãe.

São inúmeras alterações que podem serem observadas, as quais pode-se


citar as alterações cognitivas que no decorrer do período gestacional são
elas:
falta de memória, atenção, compreensão auditiva, em alguns casos a
visão também pode ser afetada.

Conforme estudos de Pompéia e Bueno (2006), ao mencionar a memória, é


importante compreender que há um entendimento sobre a estrutura da
memória, aquele a longo e médio prazo, o que se considerar as coisas
simples do dia-a-dia como as mais complexas. Há um processo do que se
vê e fica armazenado, bem como do que se escuta.

Diante disso, falando de uma mulher grávida há algumas limitações que


podem ser observados, ao falarmos sobre a memória, quando a
esquecimento de algo simples e que faria parte do seu dia-a-dia.

Nesse sentido, pode-se observar outros aspectos psicológicos que são


importantes mencionar:

• Medo do parto.
• Medo da morte.
• Ansiedade frente a escolha do método do parto.
• A nova dinâmica da família.
• Construção de uma nova identidade, ser mãe.

Aspectos esses que fazem parte de uma mudança na vida da mulher e


que precisa de um tempo para essa organização diante de tantas
alterações emocionais, físicas.

E com isso, é importante observar que ao nascer a criança há uma nova


mudança que é o instinto da mãe, o acolhimento que ela fará essa nova
vida, os medos que existiam anteriormente agora são trocados por tantas
novidades, mudanças em relação ao novo ser.

Figura 2 - O Vínculo da mãe com o bebê Fonte: Pixabay.


O vínculo mãe bebê começa a ser construído, um processo com muitos
significados.

Dentre os aspectos psicológicos é importante compreender como fica o


cérebro da mãe nesse processo após o parto, sendo importante
compreender essa fase que a mulher passa.

Pesquisas revelam que o cérebro da mãe aumenta após o parto, e adquire


uma maior plasticidade, tudo isso se dá em função das mudanças que o
corpo sofre ao gerar uma vida.

Outro aspecto que pode ser observado é o esquecimento, também


conhecido como amnésia materna, dura em torno de um ano após o
nascimento do filho, são momentos em que o cérebro precisa se
reorganizar para dar conta de outras funções que exigem uma
responsabilidade maior.

Uma das explicações para as alterações cerebrais é a proteção ao


recém-nascido nos primeiros seis meses de vida. Sendo que, esses
sintomas podem ser analisados por um profissional de saúde, pois em
alguns casos, a necessidade de uso de medicação.

2.3 O psicólogo x ambiente hospitalar

A internação hospitalar é algo que nem todos esperam, quando chega em


uma emergência, em se tratando de maternidade, a perda de um bebê ou
até mesmo a antecipação do parto.

A notícia de que um parto precisará ser antecipado, por exemplo, é um


momento delicado para a mãe e que precisa de um suporte psicológico
para entender o que está acontecendo de fato, em muitos casos a equipe
médica se prepara para a notícia junto ao profissional de psicologia, em se
tratando muitas vezes de um parto que o bebê já está sem vida.

O abalo emocional é um fator que precisa de um cuidado, pois é um


momento que não é esperado, as emoções, a cirurgia, tudo gera um misto
de sentimentos difíceis, a perda, o luto inicia já nesse processo.

Em um ambiente hospitalar além do trabalho médico que é em cuidar do


paciente frente a sua doença, o psicólogo cuida da dor emocional,
daqueles sintomas que ficam escondidos, mas que podem ter influência
no tratamento.
Ao falarmos sobre maternidade, há um processo em um hospital que
prepara as mães para o nascimento de seu bebê e para os primeiros
desafios que viram, como a amamentação, a regulação do sono do bebê.
Nesse momento são inúmeros cuidados com a mãe e o bebê que
podemos compreender a importância do psicólogo.

Dentre muitos estudos sobre a psicologia hospitalar, um dos destaques é


o acompanhamento ao paciente e sua família, entendendo que o
emocional de um sujeito pode alterar inúmeras funções orgânicas.

Vivemos em tempos que o emocional tem estado em evidência, ou seja,


há um olhar diferenciado, visto que vem apresentando mudanças
significativas nos quadros de doenças.

O cuidado emocional em um ambiente hospitalar vem se destacando e


trazendo benefícios a todos os envolvidos, incluindo o paciente.

Ao tratar sobre as emoções que a maternidade traz, além das


modificações sentidas no corpo, ela proporcionar mudanças no meio
familiar, e que precisam de uma rede de apoio social, um suporte e ajuda
no enfrentamento das diversas situações que possam acontecer.

Alguns pontos importantes que precisam ser observados na alteração das


emoções:

• Falta de ar;
• Sudorese;
• Boca seca;
• Dor de barriga;
• Aumento do cortisol;
• Tensão muscular;
• Liberação de endorfina;

Todas as emoções causam impacto em nossa saúde, emoções negativas


podem gerar impacto e causar adoecimentos. Nesse sentido, inúmeros
estudos apontam como o emocional afeta o corpo e em casos de doença
diagnosticada, pode piorar o quadro.

O ambiente hospitalar é um lugar que altera as emoções de um sujeito,


por tudo o que é vivido nesse espaço, a doença ao chegar traz consigo
muitos conflitos internos na vida de uma pessoa. Os tratamentos, a
internação, precisa de uma mudança rápida na vida de uma pessoa que
chega sem avisar.

O trabalho do psicólogo nesse ambiente, é estar atento a cada sujeito que


irá responder de formas diferentes a terapia, quando necessário esse
encaminhamento pode ser feito durante sua internação e após a alta
dependendo de cada caso.

Vivemos em um tempo difícil, pessoas que não estão bem


emocionalmente, acabam em algum momento desencadeando doenças
que vão baixando sua imunidade até uma doença grave.

Inúmeros estudos apresentam que ansiedades, crises de estresse afeta o


cérebro e que pode gerar não só o aumento da pressão arterial, mas
também causar um AVC (Acidente Vascular Cerebral).

O cuidado com as emoções é fundamental, pois tudo que sentimos é


enviado para nosso cérebro e conforme ele recebe esses estímulos ruins
pode gerar sintomas graves e com isso desencadear doenças.

A rotina de um sujeito, e nesse caso podemos falar da mulher que está no


início de uma gestação, que precisa estar atenta a tantos cuidados,
exames do feto para ver seu desenvolvimento, se a mulher não estiver
bem emocionalmente, todas essas incertezas e acompanhamentos
podem gerar um estresse muito grande em sua vida, a ponto de
desencadear aceleramento no coração, alteração da pressão arterial.

Em um ambiente hospitalar, no caso de má formação do feto, retirada do


mesmo por algumas complicações apresentadas contribui para um
estresse e em alguns casos depressão na vida dessa mãe.

Uma doença que vem apresentando quadros significativos é a depressão,


que mesmo que não necessite de internação, o abalo emocional pode
gerar outras doenças. Sendo que cerca de 80% dos casos de doenças
crônicas, iniciaram com sintomas de depressão.

O trabalho de um psicólogo é estar junto com o paciente em ambiente


hospitalar, buscando tratar suas emoções, através de atendimentos
individuais, ouvindo suas queixas e incertezas, trabalhando a aceitação de
forma saudável.
Em casos como de cirurgia, há um trabalho com o paciente e família para
preparar para esse momento e a vida pós cirurgia que incialmente iniciara
com muitos cuidados e mudanças de vida e rotina.

Há casos no hospital de desestabilização do paciente, alguns casos de


delirium, que vem de distúrbio de atenção, pensamento desorganizado.
Nesses casos, é orientada a família aos cuidados básicos com o paciente,
e há a psicoterapia breve que é uma técnica indicada para pacientes que
apresentam reações emocionais diante de uma situação.

Essa terapia não visa trabalhar toda a história do paciente e sim o que ele
está vivendo de forma específica de forma que o auxilie a vencer seus
medos e ansiedades.

2.4 Contribuições da Neuropsicologia no Ambiente Hospitalar

Os estudos da neuropsicologia visa avaliar e entender traumas cerebrais


que podem ocorrer em um sujeito hospitalizado. Tem a finalidade de
compreender as alterações de comportamento causados por alguma
lesão cerebral.

Um exemplo, que podemos citar de um sujeito que sofreu um acidente de


carro, e teve o fraturas no crânio, exames médicos revelam o que pode ter
acontecido e de que forma pode ser revertido seja através de
medicamentos ou intervenção cirúrgica, já a neuropsicologia irá intervir
em lesões que podem ocasionar alterações na sua vida diária, como em
seu próprio comportamento.

Nos estudos de Hamdan e De-Pereira (2011), destacam que as aplicações


da neuropsicologia se dá através de avaliações. Sendo que essa
avaliação inicialmente se dá através de inúmeros testes psicológicos, com
o objetivo de identificar o rendimento das funções cognitivas e suas
relações com o funcionamento cerebral. Através dessa avaliação pode-se
constatar alterações na memória, linguagem, atenção, raciocínio,
alterações afetivas entre outros.

É importante compreender nesse sentido, Boake (1991), relata que na


Segunda Guerra Mundial trouxe muitos estímulos para o desenvolvimento
de inúmeros métodos de reabilitação neuropsicológica, em situações
vivenciadas com soldados que sofreram lesões no combate.
O que pode-se compreender que a neuropsicologia pode dar um suporte
que vai além de exames clínicos já tratados, pois busca ir além para
compreender as funções cerebrais.

É importante destacar que nenhuma abordagem única será suficiente


para identificar possíveis lesões que podem implicar em sua vida
posteriormente.

Exemplos vistos como na Segunda Guerra que, mesmo em meio aos


atendimentos clínicos fundamentais para a recuperação do paciente, há
algo a mais que pode ser feito.

Pacientes que após uma cirurgia, apresentam quadros agressivos, perda


de memória, quadro de trauma crânio-encefálico, apresentam sintomas
que precisam de muita atenção e avaliação para compreender o que
está por traz do comportamento.

Contudo, são muitos sintomas que precisam ser investigados para uma
melhor recuperação do paciente, atendimento diferenciado a família trará
grandes benefícios.

RESUMO DO CAPÍTULO

Nesse capítulo aprendemos sobre os aspectos emocionais na


maternidade, compreendendo como são os processos que uma gestante
enfrenta, e como alguns casos precisam de um acompanhamento e
acolhimento diferenciado de outros. Ao falar de hospitalização, um
processo de adoecimento, a negação por um filho que é perdido, tantas
incertezas que se enfrenta, a vida precisa seguir mas de uma forma sem
sentido e que precisa de uma mão que o ajude a seguir e entender como
a vida será daqui pra frente, o que será fundamental o papel do psicólogo
no ambiente hospitalar.

As alterações no cérebro da mãe, os sintomas que são enfrentando para


a constituição de vínculo após o nascimento, como auxiliar em suas dores
e enfrentamento de uma nova vida frente a uma rotina totalmente
diferente.

Ao compreender que as emoções de um sujeito podem contribuir de


forma negativa na recuperação de uma doença. Como o cérebro
responde ao que acontece a sua volta.
O adoecimento de forma geral, causa inúmeros sintomas no paciente e
em ambiente hospitalar apresenta de uma forma significativa visto que,
altera o emocional da família e aponta para tantas incertezas desde
tratamento, evolução e a hospitalização que por vezes não há previsão.
CAPÍTU LO 3

A Criança no Ambiente
Hospitalar
OBJETIVO: Compreender o processo de hospitalização na vida de uma
criança.
As intervenções psicológicas que são fundamentais nesse processo. No
decorrer desse capítulo entender como será o desenvolvimento da criança
em um ambiente hospitalar onde será construída suas primeiras relações
sociais.

3.1 A Criança Hospitalizada

As intervenções psicológicas que são fundamentais nesse processo. No


decorrer desse capítulo entender como será o desenvolvimento da criança
em um ambiente hospitalar onde será construída suas primeiras relações
sociais.

Ao nascer a criança passa alguns dias hospitalizada e em seguida recebe


alta para casa, onde terá sua rotina, uma vida com seus pais, o acolhimento
e afeta para iniciar seu desenvolvimento fora do útero.

Porém, há aquelas crianças que permanecem hospitalizadas após o seu


nascimentos, as quais precisam de um tratamento que exige uma
permanência maior no hospital, e que terá um outro tipo de
desenvolvimento, são rotinas hospitalares, pessoas diferentes que estarão
acolhendo além dos pais que terão momentos com seus filhos.

Nos estudos apresentados por Moreira (2015), o desenvolvimento de uma


criança que encontra-se em estado de adoecimento, vive de uma forma
que todo os procedimentos, vivências dentro do hospital fazem parte da sua
vida, e ela cresce entendendo que isso é parte de sua vida, sem ao menos
compreender como é a vida fora de um hospital.

A construção de um cotidiano em um ambiente hospitalar, é considerado


uma adaptação do sujeito frente a rotina, exames, procedimentos,
medicações, consultas. Há um processo que para a criança é como ela está
vendo que o mundo é, pois é o seu contato inicial de vida.
Marquetti e Kinoshita (2011), apontam que a construção dos processos de
interação com o meio, emoções, ações, tudo que é vivido ao longo da
história do sujeito, compõem sua própria vida.

Inúmeros casos de internação de bebês, há um cuidado muito grande por


parte da equipe hospitalar e aquilo que seria uma rotina de vida para a
mãe, como banho e outras funções, acaba sendo algo frustrante no
momento em outro está fazendo em seu lugar.

A criança em seu desenvolvimento em um ambiente hospitalar, irá


construir sua identidade, observando e interagindo com o mundo a sua
volta, mundo esse que não era o esperado por seus pais.

Foucault (1980), aponta que ao tratarmos sobre hospitalização há um


processo de disciplina que precisa ser cumprido e que no caso das
crianças, a equipe médica tem um papel ativo nesse processo pois a
criança, não tem como fazer escolhas, todo o cotidiano hospitalar é
construído por mães e crianças que é regido por um sistema, o qual não
leva em conta seus desejos e sua singularidade.

Um exemplo para compreender essa situação, são as rotinas básicas


como: hora de dormir, comer, tomar banho, o cuidado com seu filho, passa
a ser regida pela equipe de saúde, onde a prioridade é rotina dos
procedimentos.

Crianças que nascem e permanecem hospitalizadas não tem outra visão


de realidade a não ser a que vive no hospital. No entanto, tudo isso pode
gerar um sentimento de fragilidade, pois não há participação nenhuma
da criança em nenhum processo, bem como a interação fica de lado isso
pode trazer consequências em seu futuro.

Nesse momento, a intervenção psicológica é fundamental, um


acompanhamento a família e ao desenvolvimento psicológico da criança.
Entretanto, o ambiente hospitalar para criança é um espaço
desconhecido, cheio de impossibilidades, sendo muitas vezes um lugar de
tristeza e solidão, saudades de casa, dos amigos, da família. Sentimentos
esses, difíceis para a família também, que precisa deixar muitos cuidados
com a criança sob responsabilidade da equipe.

Diante disso, é importante estar atento ao desenvolvimento da criança,


em especial as que estão em idade escolar, segundo Mello (1992) ao
destacar sobre o ambiente hospitalar, é importante que a equipe de
saúde tenha contato com a escola e família trocando conhecimentos
para que se possa discutir sobre seu desenvolvimento.

A afetividade e o acolhimento são fundamentais para o desenvolvimento


da criança, através do toque, do olhar, cria um vínculo com os profissionais
envolvidos no tratamento da criança.

Brandão (2000), em seus estudos destaca a importância de ouvir o sujeito


nesse processo de hospitalização de uma forma afetiva, acolhendo seus
sentimentos, buscando compreender em sua totalidade.

O que vemos nesse sentido, o que Mello (1992), menciona que os


profissionais precisam estar atentos ao comportamento da criança
através do contato, percebendo seu choro, nervosismo, perda de fôlego,
buscando transmitir tranquilidade para a criança e a família. Visto que, há
procedimentos difíceis e invasivos que para uma criança é um grande
desafio e esse acolhimento fará grande diferença em seu tratamento.

A doença em si é um grande desafio que precisa ser encarado por todos


os envolvidos, e quando tratamos de uma criança, que precisa ser
internada, sair de sua rotina para iniciar um tratamento, é algo que precisa
de uma postura de cuidado pelo profissional de saúde.

Figura 2 - O Vínculo da mãe com o bebê Fonte: Pixabay.


Na figura acima, pode-se observar um bebê que precisou permanecer em
tratamento hospitalar, fato esse que gera incertezas para a família, tempo
esse que fica determinado pelo hospital, até a plena recuperação. Nesse
sentido, a família de uma criança precisa de um acolhimento, pois o
simples fato de seu bebê permanecer no hospital gera inúmeros
sentimentos nos pais.

Conforme Jurkiewicz (2003), a grande importância de atendimentos


psicológicos em ambientes hospitalares, pois é fundamental um
entendimento orgânico que é integrado ao psíquico. Visto que, há uma
percepção diferenciando quando se olha além da doença.

Um critério importante de destacar é a atitude de carinho e amor à


verdade com a família e o paciente, com o intuito de fortalecer vínculo.
Para Sebastiani (1995), aponta a importância de quando o paciente confia
na equipe que está cuidando pois isso fará uma grande diferença no
tratamento. O vínculo estabelecido com o paciente gera inúmeros
benefícios, que favorecem para sua reabilitação.

O que se entende que as relações construídas de forma saudável e


significativa contribuem para um processo de tratamento eficaz,
entendendo que o paciente sente confiança, tantos nos procedimentos
quanto no profissional de saúde.

3.2 A internação em UTI

Nesse momento em que a criança passa a ser internada para a Unidade


de Terapia Intensiva, em que não pode se deslocar, pois está sujeita a
muitos aparelhos e procedimentos. A criança passa a ser limitada a
exploração de atividades lúdicas.

Para um desenvolvimento saudável da criança no processo de


hospitalização, pode-se citar a comunicação afetiva, que pode ocorrer
através do toque, atenção. As atitudes dos cuidadores podem trazer
benefícios para a recuperação de crianças.

Pessini (2002), em seus estudos destaca existe uma necessidade em


relação a dor e o sofrimento no âmbito hospitalar, em meio ao
crescimentos de novos aparelhos tecnológicos, é necessário um resgaste
das questões humanas, como os aspectos físicos, emocionais, social,
psíquico e espiritual. Sendo um cuidado que integra competência física
como também de humanização no processo da doença.

O que é importante compreender que além do pacientes existe a família


que sofre, que vive na incerteza, muitas vezes com esperança, e em alguns
casos precisa lidar com a perda de seu ente querido.

A internação de uma criança, precisa de alguns cuidados pelos


profissionais de saúde na tentativa de minimizar o sofrimento físico e
emocional. Os sentimentos e emoções que a criança sente, se misturam
em ficar longe dos pais, o medo de não voltar para a casa, de não ter mais
os brinquedos.

É importante destacar também que seja explicado para a criança os


procedimentos que serão feitos, para que ela possa se sentir segura. As
internações em UTIs precisam de um acompanhamento psicológico para
os familiares.

A função do psicólogo em um ambiente hospitalar tem o objetivo de


perceber o que o paciente está enfrentando, compreendendo o ambiente
que está inserido no hospital, passando por tantos momentos de dor e
incerteza, estando entre muitos equipamentos, sons e ruídos específicos.
A UTI neonatal abrange crianças de zero a dois meses, e que nasceram de
23 semanas, sendo que a maioria das internações são feitas após o seu
nascimento. Sendo que o tratamento é 24 horas, tempo esse que gera
relatórios médicos do quadro clínico e há casos que são intervenções
cirúrgicas.

Processos delicados e que precisam de um acompanhamento


psicológico e acolhedor para a família que está passando por um
momento incerto.

3.3 A importância do psicólogo em UTI Neonatal

Diante de um quadro de internação de um bebê, muitos pais acabam


precisam de um acompanhamento psicológico, visto que suas emoções
não dão conta de tudo o que se está passando em um hospital, frente a
situação de um filho. E em muitos casos, a própria perda do bebê, são
momentos difíceis de lidar sozinhos, há uma desestrutura.

Ao falarmos de internação de crianças, Souza e Pegoraro (2017),


mencionam que é fundamental uma organização do hospital no sentido
de ter a presença dos pais o maior tempo possível, e com apoio de um
profissional, e nesse sentido é importante abordar dois pontos nesse
sentido ao tratar de internação de bebê e o papel do psicólogo:
compreender as transformações em relação a doença, entender os
procedimentos do hospital e a rotina causam um estresse, tudo isso se faz
necessário um acompanhamento adequado aos familiares.

Ainda segundo estudos dos autores citados acima, é importante destacar


que a equipe neonatal é responsável tanto pelo tratamento do bebê
como o cuidado com a família. Diante disso, a equipe que está
responsável em um hospital é composta por: pediatra, neonatologista,
obstetra, oftalmologista, assistente social, fisioterapeuta, enfermeiros,
terapeuta ocupacional, nutricionista, fonoaudiólogo, psicólogos.

Uma das funções do psicólogo em ambientes de UTI neonatal é acolher a


família, estar atento em toda a internação do bebê, quais procedimentos
estão sendo realizados e permitir que tanto os pais como familiares
possam fazer parte da vida do bebê internado.

É importante compreender que o nascimento do prematuro traz inúmeras


insegurança para a mãe, sentimentos como estresse emocional,
incertezas, ansiedades, medos, sentimentos de culpa. Momentos esses
que precisam de um cuidado para a construção de vínculo da mãe com
o bebê.

O acompanhamento do psicólogo segundo Souza e Pegoraro (2017), pode


ser feito individuais ou através de criação de grupo de mães em que elas
possam falar sobre a maternidade, expondo suas emoções, limitações,
angústias. Visto que, o que se pode ser observado nesses últimos tempos
são mães que são afetadas pelo nascimento do filho, muitas não
conseguindo expressar seus sentimentos em relação a sua nova
experiência na maternidade.

É importante compreender algumas intervenções que podem ser


realizadas juntos aos pais:

• A criação de vínculo entre a mãe e o bebê.


• Atendimentos individuais para os pais e familiares.
• Apresentação do local onde o bebê ficará, buscando trazer tranquilidade
para os pais.
• Uma flexibilização nos horários de visita.
• Criação de grupos de apoio junto com psicólogos e fisioterapeutas, para
explanação do trabalho e seus benefícios junto ao bebê.
• Proporcionar momentos em que os pais possam compartilhar seus
medos e angústias.

Ao algo importante de ressaltar é sobre a equipe multidisciplinar que atua


na UTI neonatal, vive sobre uma pressão, diante da rotina intensa, há um
processo que precisa de um olhar pois se trabalha com perdas,
sofrimentos, angústias, notícias que precisam ser dadas. Há um trabalho
necessário por parte de um psicólogo.

Nunes (2010), aponta que o processo de humanização em ambientes de


Uti Neonatal, tem o objetivo de acolher o bebê e sua família, buscando
promover o contato pele a pele com o bebê e com isso a criação de
vínculo entre mãe e bebê.

Para tanto, é importante dentre as intervenções que são realizadas na UTI


com os pais, tem o objetivo de ajudar a ter momentos em que possam
falar sobre o que estão enfrentando e aprender a lidar com essas
situações, buscando também auxiliar na interação e laços afetivos entre
pais e filhos. A importância da terapia com um dos pais, sempre buscando
prepara-los para situações que podem ocorrer no caminho.

RESUMO DO CAPÍTULO

O processo de hospitalização é doloroso e cheio de dúvidas, ansiedades,


medos que são enfrentados pela criança e pela sua família. Há um
processo que precisa ser enfrentado, e nesses casos, a importância de um
profissional que acompanhe a família e a criança nesse processo é
fundamental. São situações que chegam em uma família que precisa ser
acompanhada por um profissional de saúde, pois ao se deparar com o
adoecimento, inúmeros sentimentos alteram a vida de um sujeito, e
quando se trata de criança que está em desenvolvimento, o
acompanhamento desde cedo trará benefícios e irá impedir que a
criança tenha traumas futuros em sua vida.
CAPÍTU LO 7

O Trabalho da Psicologia
Hospitalar na Pediatria
OBJETIVO: Nesse capítulo será abordado o trabalho na psicologia na
pediatria, quando a doença chega a vida de uma criança, são inúmeras
mudanças, é importante compreender como funciona o desenvolvimento
infantil para acolher e tratar de forma adequada dentro do que a criança
pode compreender. Entender o processo simbólico do brincar no hospital.
Como a pediatria pode contribuir nas relações que a criança irá construir no
ambiente hospitalar.

4.1 A Criança no Ambiente Hospitalar

Dentre estudos e com os avanços tecnológicos, tem-se observado o quanto


vem crescendo o número de crianças internadas com doenças graves e
que precisam de um atendimento, porém nesse sentido compreender as
consequências psicológicas.

Segundo APA (2006), as consequências psicológicas na criança podem


acontecer a curto ou a longo prazo, tanto para a família como para a
criança. Nesse sentido, a psicologia vem buscando conhecimentos para
compreender e tratar essas situações que trazem um abalo muito grande
na vida das pessoas. A Psicologia Pediátrica busca aplicar os
conhecimentos da psicologia da saúde.

Ao falarmos sobre adoecimento que é um processo difícil para ser


encarado, quando se trata de uma criança, há uma ruptura maior ainda,
pois a internação pode prejudicar o desenvolvimento dessa criança.

Um exemplo que pode ser citado, são crianças com doenças crônicas que
precisa estar em vários momentos internadas, em função de procedimentos
e tratamentos, o que prejudica sua vida escolar e seu desenvolvimento
psíquico acaba sendo abalado.

Hoje, em dia em algumas unidades hospitalares há um trabalho de


pedagogas que auxiliam nesse processo, são proporcionados momentos
de brincar o que ajuda a criança a passar por momentos difíceis em seu
tratamento.

Uma criança em desenvolvimento ao se deparar com uma mudança de


rotina, frente a aparelhos, medicações, lugar totalmente desconhecido,
são inúmeras situações que o atendimento psicológico precisa estar
atento para realizar um acolhimento adequado e auxiliar esse processo
doloroso.

É importante compreender o trabalho que é realizado pela Pediatria,


mesmo sendo um ambiente de dor, traz a leveza e a beleza de uma
criança. Em alguns momentos há a dificuldade de lidar com a dor, a perda,
diferente de um adulto já em idade avançada.

Entender como uma hospitalização afeta emocionalmente a vida de uma


criança e seus familiares, contribui para criar estratégia de apoio
emocional tanto a família como ao paciente. Oportunizar momentos
lúdicos para que ela possa através da fantasia expor seus medos e receios
frente a hospitalização.

Quando uma criança adoece, toda a família adoece junto, há uma


desorganização familiar, pois a uma situação de muitas incertezas,
medos, perda do controle, processo de hospitalização e rotina estressante.
A hospitalização em muitos momentos pode se
tornar um mal necessário quando se apresenta
como único recurso para a recuperação da saúde.
A internação além de estar sempre associada à dor,
ao sofrimento e a morte, afasta a pessoa de seus
familiares e da sua relação com a vida. Diante disso,
“entende-se por doença a desarmonia orgânica ou
psíquica, que, através de sua manifestação, quebra
a dinâmica de desenvolvimento do indivíduo como
ser global, gerando desarmonização na pessoa”.
(SANTOS & SEBASTIANI,2003, p.150)

Ao falar sobre saúde, pode se observar que, segundo estudos de Campos


(1995), a Organização Mundial de Saúde entende que saúde vai além do
conceito de bem estar e ausência de doença, mas identificar e atender as
necessidades que o sujeito apresenta em sua saúde como um todo.

Em relação a internação de crianças é importante estar atento ao


desenvolvimento da criança, para as intervenções adequadas.

O quadro abaixo irá mostrar sobre o desenvolvimento da criança segundo


estudo de Jean Piaget:
Estágio Nesse período é importante destacar que que o bebê se desenvolve
Sensório-motor
a partir de reflexos, interação através do olhar e a manipulação de
(do nascimento aos
18-24 meses de idade) objetos.

Estágio Pré-Operatório Nessa fase a criança desenvolve a comunicação verbal, expressando


(2 a 7 anos de idade) tudo o que pensa.

Estágio pré-operatório
É uma fase que a criança já consegue manipular representações
concreto internas do mundo ao seu redor. Começam a formular regras internas
(7 a 11 anos de idade)
de como o mundo funciona. Apresenta uma maior autonomia.

Apresenta capacidade de raciocínio abstrato, conseguem se colocar


Estágio operatório no lugar do outro, aprimoram suas habilidades de formular hipóteses
formal (a partir dos 11
anos de idade) para resolver seus problemas.

Quadro 1 - Desenvolvimento Infantil Fonte: Autora, 2022.

Conforme o quadro acima, pode-se compreender o desenvolvimento da


criança em cada etapa, sendo fundamental estar atento ao seu processo,
pois mesmo em meio a um processo difícil a criança continua em
desenvolvimento e aprendizagem o tempo todo.

Figura 4 - O brinquedo no ambiente hospitalar


Fonte: Pixabay.
Conforme a imagem acima, é importante ressaltar que o brinquedo é um
objeto que pode ser trabalhado em um hospital como sendo terapêutico
para a criança.

O desenvolvimento cognitivo da criança tem grande influência na


significação de sua hospitalização através dos brinquedos. Proporcionar a
criança, momentos de interação com objetos, auxilia na sua recuperação.
Segundo estudos de Winnicott (1982), através do brincar, a criança inventa,
adquire experiências, interage com outras crianças e com isso forma laços
emocionais.

A experiência do brincar para a criança, são momentos em que ela pode


se expressar, criar relacionamentos, usar sua imaginação. Ao tratar de
hospital é uma forma de criar um vínculo, proporcionando espaços em
que ela pode através do brincar expressar o que sente.
“Brincando e conversando, os medos, as dúvidas, os
acontecimentos e as condutas são elaborados,
explicados exaustivamente, conseguindo-se quase
sempre aliviar e esclarecer os pacientes de uma
forma eficaz”, ou seja, pode-se pensar que os
brinquedos conduzem à livre expressão dos
sentimentos e permitem ao psicólogo conversar
com a criança sobre a hospitalização e o
adoecimento. (CHIATTONE, 2003 p. 53).

Dentre estudos realizados, pode-se observar a importância do brincar no


processo em um hospital, pois são instrumentos que auxiliam o psicólogo
no acolhimento das crianças. Entendendo que nesse espaço, a criança se
sente segura para se expressar, falar de seus medos, se preparar para um
procedimento ou cirurgia se necessário.

Em um processo de hospitalização infantil é importante que a criança


tenha um espaço para questionar o que está acontecendo com ela,
quando vai pra casa, porque precisa tomar tantos remédios, tudo isso
auxilia a elaborar o que está passando.

O brincar nesse processo traz um ambiente acolhedor, com muita


imaginação e criatividade, onde na brincadeira a criança expressa no
brinquedo o que está sentindo e com isso desenvolve autonomia no
ambiente hospitalar.

O processo de atendimento com o psicólogo quando lhe é proposto a


escolha de um brinquedo, oportuniza a escolha, o que é significativo
diante de uma rotina cheia de regras e normas que precisa ser cumpridas,
as quais não se tem controle.

Entretanto, a equipe médica nesse sentido pode construir junto à criança


um vínculo afetivo através de um brinquedo, o que trará benefícios para a
criança, como seu tratamento.

Há casos de internações que impossibilita a criança de sair do leito para


essa atividade, o que ser adaptado de forma lúdica trazendo até ela algo
que lhe de sentido.

Através desses momentos, o psicólogo pode identificar situações que a


criança está enfrentando como medo de fazer uma cirurgia, ou um exame
que precisa realizar. Em muitos casos, os pais acompanham esse
atendimento para entender o que a criança está sentindo e assim
ajuda-la em cada processo.

Diante disso, Brazelton (1990) e Chiattone (2003), ressaltam a importância


dos pais para preparar a criança na hospitalização, tranquilizando a cada
procedimento.

Piaget (1975), menciona que o desenvolvimento cognitivo da criança


passa por um processo de adaptação, através de suas interações, a cada
fase do desenvolvimento a criança apresenta formas de interagir e com
isso assimila o mundo a sua volta.

É importante que os profissionais tenham conhecimento desse processo


de desenvolvimento da criança, pois auxilia no tratamento da doença, as
formas como irá lidar e acolher a cada procedimento.

Um ambiente hospitalar por si só, é algo que assusta e em muitas casos


não traz esperança, pois se vive dentro de uma rotina intensa para o
paciente, e através de estudos realizados de forma diferenciada para
crianças que apresentam um quadro que precisam ser internadas, um
olhar especial pode fazer diferença em todo um processo de tratamento.

4.2 Estudo de Piaget e o Brinquedo como recurso hospitalar

Os estudos apresentando por Jean Piaget trazem grande contribuição


para o ambiente hospitalar, entendendo as fases do desenvolvimento
cognitivo da criança, pode-se perceber que muitos cuidados e ações
podem fazer grande diferença nesse processo.
Segundo a teoria de Piaget (1978), o atendimento de uma criança por um
psicólogo na idade de 0 a 2 anos de idade o qual seria o estágio
sensório-motor, por exemplo, a criança está iniciando sua relação com o
objeto, o que traz sentimentos de autonomia e alegria. E que em um
ambiente hospitalar ajuda a criança a vivenciar essa alegria com o objeto
que lhe é apresentado.

Nesse sentido, a criança se depara num lugar longe da sua casa, de seus
brinquedos, há um rompimento significativo, que pode se construir no
hospital através de momentos de brincar e interagir expressando seus
sentimentos.

Há os casos de crianças que não podem interagir com brinquedos


dependendo de sua condição física, nesses casos é fundamental um olhar
diferenciado e formas de construir brincadeiras com crianças.

Em internações em leitos de UTI que muitas crianças acabam sendo


mobilizadas, o que as impede de se movimentar ou manipular objetos. É
nesses processos que o psicólogo precisa estar buscando formas com
que a criança possa ser estimulada com algo que a ajude em seu
desenvolvimento de interação. Buscar junto à equipe estratégias que
possam de alguma forma auxiliar a criança a ter algum estímulo nesse
momento.

O que se pode destacar frente aos estudos apresentados, é a importância


do atendimento psicológico, em que o brincar traz a oportunidade da
criança ter uma existência significativa frente a hospitalização, para isso é
necessário que o hospital disponibilize recursos e espaços para esses
momentos, entendendo que isso irá beneficiar o tratamento da doença.

O brinquedo se torna um recurso terapêutico para auxiliar a criança no


tratamento, bem como a estabelecer relações tanto com o psicólogo
como com a equipe médica, gerando confiança e que trará benefícios em
seu tratamento.

4.3 O trabalho da pediatria x papel do psicólogo

A pediatria é uma especialidade médica que é dedicada a assistência


biopsicossocial de criança do nascimento até a adolescência. Sendo
importante, que a função do pediatra além de tratar a doença,
acompanhar o desenvolvimento, sendo que as consultas são
fundamentais, pois é uma oportunidade de acompanhar o crescimento
da criança em vários aspectos.

Ao falar sobre doença e tratamento de criança, há inúmeros desafios, visto


que uma criança precisa de um suporte afetivo que vem inicialmente dos
pais, e da equipe médica.

No entanto, esse aspecto precisa de um olhar ao seu desenvolvimento,


pois o adoecer traz consigo diferentes tipos de sintomas que em crianças
são registrados como medo, perturbação do sono, dores abdominais em
função da ansiedade. Situações essas que ao ser hospitalizada geram
inúmeros conflitos internos para uma criança, que dependendo do seu
desenvolvimento, precisa que o pediatra avalie a possibilidade de um
encaminhamento para tratamento emocional.

Há inúmeros estudos que destacam a importância de que cuidar do


emocional reflete diretamente na evolução do paciente. E nos casos de
internações infantis, isso vem recebendo um destaque maior. Visto que, a
criança não tem uma estrutura para compreender tudo o que está
acontecendo a sua volta.

A família nesse momento junto ao pediatra assume um papel


fundamental, no acolhimento, buscando sempre explicar a verdade em
todos os momentos. Respeitar o seu desenvolvimento, o que realmente ela
consiga entender diante de sua doença.

A criança em seu desenvolvimento apresenta inúmeros quadros e


sintomas que precisam de um acolhimento lúdico, em que o profissional
possa entrar em seu mundo e ajudá-la a entender o que está passando,
nesse sentido a pediatria em sua especialidade acalmar a família e a
criança, frente a um diagnóstico, apontando para o tratamento.

4.4 Psicologia X UTI Neonatal e Pediátrica

O adoecimento e a hospitalização infantil causam impacto na vida dos


pais e um abalo emocional muito grande. Precisa buscar conhecimento
do que está no diagnóstico que chega sem avisar, do tratamento que virá
pela frente, bem como de uma internação de urgência em casos direto
para a UTI.

Momentos em que os pais, estão com o coração dilacerados e que


precisa de uma condução em o que acontecerá frente à tudo que está
em frente.

Se deparar com uma internação de urgência há uma desestabilidade do


que antes estava andando tudo bem, para uma mudança de rotina e
acompanhamento em um hospital.

Conduzir a família nesse processo é um desafio para os profissionais de


saúde que precisam acolher e viver esse momento de forma clara com as
possibilidades que serão apresentadas frente ao tratamento.

O que é importante que este acolhimento aos pais se estenderá para seus
filhos, que precisam de um suporte emocional. O trabalho realizado no
hospital é necessário um olhar específico para vários aspectos do
paciente, em especial em casos de criança.

É importante ressaltar a importância que o lúdico faz nas intervenções


pediátricas, pois o lúdico não só ameniza como distrai a criança em
procedimentos que pode ser necessário ser feito.

Dentre vários estudos, o brincar é importante para o desenvolvimento da


criança, e em casos de hospitalização se torna muito importante para o
processo que a criança está passando.

O adoecimento na vida da criança, traz perdas significativas em sua vida


e uma delas é a perda de sua rotina, seus brinquedos, que precisam ser
resgatados no hospital de forma que ela possa sentir acolhida e com um
espaço para se expressar através da interação com o brinquedo e seus
momentos de faz-de-conta.

Estudos na área da psicologia apontam que a criança dependendo de


sua faixa etária não tem condições psíquicas para entender e processar o
que está acontecendo num ambiente hospitalar. Porém crianças maiores
já precisa de um acolhimento para entender o que está acontecendo.

Na pediatria dependendo da faixa etária, pode se observar que crianças


maiores apresentam algumas resistências no tratamento e seu estado
emocional pode de uma certa forma prejudicar esses primeiros
procedimentos. O que se percebe ao longe de vários estudos, é que as
emoções interferem de forma significativa no desenvolvimento da
recuperação da doença. Visto que, o corpo não responde de acordo
somente com as dores físicas, mas também emocional tem um papel
fundamental.

Entendendo que nosso cérebro tem o comando, pode-se observar que


informações passadas a ele de forma negativa, será como ele irá
responder no corpo físico.

Há casos de crianças que ao nascer já ficam hospitalizadas sem previsão


de alta, dependendo o caso a criança precisa ficar por um tempo sobre os
cuidados médicos, o que acontece que ela nem sabe como é o mundo
fora desse espaço.

E se tratando de crianças pequenas, é importante que haja um


acolhimento para os pais que nesse momento se sentem perdidos e sem
saber como lidar com a situação.

RESUMO DO CAPÍTULO

Na presente unidade pode-se compreender o trabalho da psicologia em


ambientes hospitalares da pediatria, espaço esse que precisa de um olhar
diferenciado em seu tratando de crianças hospitalizadas. Em que é
importante compreender o desenvolvimento da criança, pois isso irá
auxiliar nas intervenções que precisam ser realizadas no decorrer do
processo que se está enfrentando. É fundamental para a criança se sentir
acolhida e segura, pois são inúmeras mudanças que passa desde o
descobrimento de uma doença, a entrada em um hospital com rotinas
diferentes, ausência de seu lar, tudo gera inúmeros conflitos internos que
precisam ser cuidados para um tratamento eficaz. Cuidar do emocional é
fundamental também na vida de uma criança, proporcionar um ambiente
lúdico em meio a um hospital é um desafio, mas que levado em
consideração pode ser uma ferramenta incrível para sua recuperação.
Referências Bibliográficas

AMERICAN PSYCHOLOGICAL ASSOCIATION (APA). Official site - Pediatric


Psychology.http://www.apa.org/divisions/div54/history.htm (23/01/2006).

ANGERAMI-CAMON, V. A. (2000). Psicologia da Saúde - Um Novo Significado


para a Prática Clínica. São Paulo: Pioneira Thomson Learning.

BARHA, CK e Galea, LA (2017). O “cérebro do bebê” materno revisitado.


Nature Neuroscience. 20 (2), 134-135.

BAPTISTA, A. S. D., & Furquim, P. M. Enfermaria de Obstetrícia. In M. N. Baptista.


(2014). Psicologia hospitalar: teoria, aplicações e casos clínicos. Rio de
Janeiro: Guanabara Koogan.

BARTILOTTI, M. R. M. B. (2007). Intervenção psicológica em luto perinatal. In F.


F. Bortoletti (Org.). Psicologia na prática obstétrica: abordagem
interdisciplinar. São Paulo: Manole.

BEDRAN, J.N.O centro de tratamento intensivo como fonte de stress


psicológico. Fac.Méd.Univ.Fed. Minas gerais, 1985, p. 43-58. Disponível em
Acesso em 08 ago. 2019.

BRANDÃO, L. M. (2000). Psicologia Hospitalar: uma abordagem holística e


fenomenológico-existencial. Campinas: Livro Pleno.

BRAZELTON, T. B. Ouvindo a criança hospitalizada. In: Ouvindo uma criança.


São Paulo: Martins Fontes, 1990. cap. 14, p. 157-167.

BOAKE, C. History of cognitive rehabilitation following head injury. In: J. S.


Kreutzer & P. H. Wehman (Eds.), Cognitive rehabilitation for persons with
traumatic brain injury. Baltimore: Brookes, 1991, pp. 1-12.

BORTOLETT, F.F. Psicoprofilaxia no ciclo gravídico puerperal. In: Moron, A. F.;


BORTOLETTI, F.F. BORTOLETTI, FILHO,J; NAKAMURA, M.U.; SANTANA, R.M.; MATTAR,
R. Psicologia na prática obstétrica: abordagem Interdisciplinar. Baueri, SP:
Manole, 2007.

CABRAL, D. S. R., Martins, M. H. F., & Arrais, A.R. (2012). Grupo de pré-natal
psicológico: avaliação de programa de intervenção junto a gestantes.
Encontro: Revista de Psicologia. No prelo.
CHIATTONE, H. B. C. A criança e a hospitalização. In: CAMON, V. A. A (Org). A
psicologia no hospital. 2. ed. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2003.
cap. 2, p. 23-99.

DUARTE, C. A. M., & Turato, E. R. (2009). Sentimentos presentes nas mulheres


diante da perda fetal: uma revisão. Psicologia em Estudo (Maringá), 14(3),
485-490.

EIZIRIK, C. L. (Org.). O ciclo da vida humana: uma perspectiva psicodinâmica.


Porto Alegre: Artmed Editora, 2001.

FIGHERA, J.; Viero, E. V. (2005). Vivências do paciente com relação ao


procedimento cirúrgico: fantasias e sentimentos mais presentes. Rev. SBPH,
8(2),51-63.

Figura 1 - Quando a gravidez chega. Disponível em:


<https://pixabay.com/pt/photos/mulher-bebê-mãe-senhora-1284353/>.

Figura 2 - O Vínculo da mãe com o bebê. Disponível em:


< h t t p s : / / p i x a b a y . c o m / p t / p h o t o s /
mãos-de-bebê-com-a-mãe-mãe-e-bebê-251273/>.

Figura 3 - Internação de um bebê. Disponível em:


<https://pixabay.com/pt/photos/bebe-hospital-médico-616418/>.

Figura 4 - O brinquedo no ambiente hospitalar. Disponível em:


<https://pixabay.com/pt/photos/jogos-crianças-garotinha-menina-28013
32/>.

FOUCAULT M. O nascimento da clínica. 2a ed. Rio de Janeiro: Forense


Universitária; 1980.

GESTEIRA, S. M. A., Barbosa, V. L., & Endo, P. C. (2006). O luto no processo de


aborto provocado. Acta Paulista de Enfermagem, 19(4), 462-467.

GORAYEB, R. et al. (2015). A prática da psicologia no ambiente hospitalar.


Novo Hamburgo: Synopsys
HAMDAN, A. C.; DE-PEREIRA, A. P. A; RIECH, T. I. J. S. Avaliação e Reabilitação
Neuropsicológica: Desenvolvimento Histórico e Perspectivas Atuais.
Universidade Federal do Paraná. Interação em Psicologia, 2011, 15 (n.
especial), p. 47-58.

IACONELLI, V. (2007). Luto Insólito, desmentido e trauma: clínica psicanalítica


com mães de bebês. Revista Latino Americana de Psicopatologia
Fundamental, 10(4) 614-623.

JACOB, B. (2018). O cérebro da mamãe e a mamãe matemática. Journal of


Humanistic Mathematics 8 (2), 223-238.
JURKIEWICZ, R. (2003). Psicologia Clínica e Saúde. Psicologia Argumento, 21
(34), 41-47.

MARQUETTI FC, Kinoshita RT. A ação como precursora do pensamento no


humano. Cad Ter Ocup UFSCar. 2011; 19(2):215-28.

MELLO, A. (1992). Psicossomática e pediatria. In Júlio de Mello Filho (org.)


Psicossomática hoje (pp. 195-207). Porto Alegre: Artes Médicas.

MOREIRA MCN. E quando a doença crônica é das crianças e adolescentes?


Contribuições sobre o artesanato de pesquisas sob a perspectiva da
sociologia da infância e juventude. In: Catellanos MEP, Trad LAB, Jorge MSB,
Leitão IMTA, organizadores. Cronicidade: experiência de adoecimento e
cuidado sob a ótica das Ciências Sociais. Fortaleza: EdUECE; 2015. p. 125-55.

NUNES, Naraiane. Conhecendo a UTI Neonatal e o trabalho do psicólogo.


2010. Disponível em: <
https://www.psicologia.pt/artigos/ver_artigo_licenciatura.php?codigo=TL
0180> Acesso em: 30 Jun. 2020

PESSINI, L. (2002). Humanização da dor e sofrimento humanos no contexto


hospitalar. Bioética. Conselho Federal de Medicina. Brasília, 10 (2), 51-72.

PICCININI, C. A., De Carvalho, F. T., Ourique, L. R., & Lopes, R. S. (2012).


Percepções e sentimentos de gestantes sobre o pré-natal. Psicologia:
Teoria e Pesquisa, 28(1), 27-33.

SEBASTIANI, R. (1995). Psicologia Hospitalar: teoria e prática. Valdemar


Augusto Angerami-Camon (Org.). São Paulo: Pioneira.
TERRENO, S. (2012). Vinculação na primeira infância: a trama das interações
familiares. In: Wendland, J.; Correia Filho, L.; Lucena, L. H. & Barr, M.ª (orgs).
Primeira infância: idéias e intervenções oportunas. p. 56-66. Brasília: Editora
Senado.

WINNICOTT, D. W. Por que as crianças brincam. In: A criança e o seu mundo.


6. ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1982. cap. 22, p. 161-165.

Você também pode gostar