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Secretaria de Educação

PROGRAMA DE APOIO AO
DESENVOLVIMENTO INFANTIL – PADIN

Fortaleza - Ceará
2016
EXPEDIENTE OFICIAL
Governador
Camilo Sobreira de Santana
Vice-Governadora
Maria Izolda Cela de Arruda Coelho
Primeira-Dama do Estado
Onélia Maria Leite de Santana
Secretário da Educação
Antonio Idilvan de Lima Alencar
Secretária Adjunta
Márcia Oliveira Cavalcante Campos
Secretária Executiva
Antônia Dalila Saldanha de Freitas
Coordenador de Cooperação com os Municípios (COPEM)
Lucas Fernandes Hoogerbrugge
Orientador da Célula de Programas e Projetos Estaduais (CEGEE)
Idelson de Almeida Paiva Júnior
Coordenadora do Eixo de Educação Infantil – MAIS PAIC
Maria Benildes Uchôa de Araújo
GT/PADIN do Eixo de Educação Infantil
Maria Celena Skeff Miranda de Oliveira
Elvira Carvalho Mota
Josy Maria Fonsêca Evangelista Rodrigues Melo
Regina Cláudia de Souza Vasconcelos
Autoras
Ana Cecília Silveira Lins Sucupira
Fátima Maria Araújo Saboia Leitão

Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (CIP)


C387m
Ceará. Secretaria da Educação do Estado do Ceará
Manual introdutório: o programa / Secretaria da Educação do Estado do Ceará. –
Fortaleza: SEDUC, 2016. (Coleção Programa de Apoio ao Desenvolvimento Infantil-PADIN).
28p.; Il
ISBN: 978-85-8171-154-6
1. Programa de alfabetização. 2.Educação - Políticas – Públicas. I. Sucupira, Ana
Cecília Silveira. II. Leitão, Fátima Maria Araújo Saboia. III. Título.
CDD 375
Índice para Catálogo Sistemático:
1. Programa de alfabetização: 375
ISBN: 978-85-8171-153-9
ISBN: 978-85-8171-154-6
APRESENTAÇÃO

O Programa Mais Infância Ceará busca contemplar a complexidade de promover


o desenvolvimento infantil, estruturando-se em três pilares: Tempo de Crescer, Tempo
de Brincar e Tempo de Aprender.

O Tempo de Crescer compreende que o desenvolvimento infantil requer


uma abordagem integral e integrada, reconhecendo que o bem-estar físico e intelectual
das crianças, bem como seu desenvolvimento socioemocional e cognitivo, estão inter-
relacionados. Para este fim se propõe à construção de uma rede de fortalecimento de vínculos
familiares e comunitários através de serviços e formações que contemplem profissionais,
pais e cuidadores.

O Tempo de Brincar tem como foco os benefícios do jogo infantil para o


desenvolvimento físico, cognitivo, emocional, além do convívio familiar, da socialização e
da sua integração à cultura da comunidade a qual pertence. Por isso pretende construir e
revitalizar espaços lúdicos que garantam o direito da criança ao brinquedo e à brincadeira.

O Tempo de Aprender compreende a escola como direito de todos e busca


atender à meta de universalizar o atendimento à pré-escola e ampliar a oferta de creches.
Visa pois, apoiar a construção e a qualificação dos Centros de Educação Infantil, além de
fortalecer as famílias para o cuidado e a promoção do desenvolvimento de seus filhos.

A VISÃO do Programa Mais Infância é desenvolver a criança para desenvolver a sociedade,


com a MISSÃO de gerar possibilidades para o desenvolvimento integral da criança.

Desde o seu lançamento, várias ações vem sendo realizadas junto aos municípios.
Portanto, o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Infantil – PADIN, é mais uma
destas iniciativas, contemplando o pilar Tempo de Crescer, realizado pela Secretaria da
Educação do Estado do Ceará - SEDUC, através da Coordenadoria de Cooperação com
os Municípios - COPEM, contando com o apoio do Banco Mundial, do Comitê Consultivo
Intersetorial das Políticas de Desenvolvimento Infantil do Estado do Ceará – CPDI e da
colaboração científica de consultorias e especialistas na área da Primeira Infância.

É com grande satisfação, que entregamos esta coleção que faz parte do Programa
PADIN, que tem como princípio orientar o processo do cuidar e educar de forma indissociável, às
crianças pequenas, valorizando o bem-estar físico e social, a maturidade emocional, as múltiplas
linguagens, o desenvolvimento cognitivo e as habilidades de comunicação destas crianças,
sempre respeitando a cultura local, seus conhecimentos gerais e de suas famílias. Portanto,
este material tem como propósito orientar as visitas domiciliares, os encontros coletivos e
comunitários, propiciando trocas de saberes e permitindo aos pais e/ou cuidadores, participarem
mais intensamente do desenvolvimento e crescimento de suas crianças.

Com estas referências didáticas e os cursos ministrados, pretende-se fortalecer as


competências técnicas dos participantes deste Programa nos municípios e consequente-
mente, apoiar as famílias para que percebam no cotidiano das crianças, seja em casa, na co-
munidade, nos espaços culturais, nos espaços de lazer e nas instituições infantis, as inúmeras
possibilidades de descobertas.

Sendo assim, as crianças manifestarão seus interesses, criatividade, ludicidade,


liberdade de expressão, desejos e curiosidades, fortalecendo a autoestima, o desenvolvimento
das múltiplas linguagens, seus vínculos afetivos e a descoberta da solidariedade.

Que esta ação ganhe vida para que milhares de famílias sejam protegidas e suas
crianças cuidadas e educadas com prioridade ABSOLUTA!

Onélia Maria Leite de Santana


Presidente do Comitê Consultivo Intersetorial das Politicas de Desenvolimento
Infantil - CPDI

Antonio Idilvan de Lima Alencar


Secretário da Educação do Estado
O QUE É O PADIN

O QUE É O PADIN
As experiências vivenciadas pela criança nos seus
primeiros anos de vida são fundamentais para que ela possa
alcançar o pleno desenvolvimento no futuro. Segundo
Mustard (2010), “os anos iniciais do desenvolvimento humano
estabelecem a arquitetura básica e a função do cérebro”. Esse
autor destaca as consequências que as experiências vivenciadas
nos primeiros anos podem ter sobre a saúde física e mental
na vida adulta. Segundo esse mesmo autor, há evidências de
que as ações que favorecem o desenvolvimento na primeira
infância têm grande impacto na aprendizagem da criança.
Para que a criança possa se desenvolver adequadamente
é importante que estejam presentes condições materiais
de vida digna e que as famílias sejam capazes e estejam
motivadas para proporcionar oportunidades que favoreçam o
desenvolvimento infantil.
Diante da importância de proporcionar experiências que promovam o desenvolvimento
da criança e considerando o grande contingente de crianças que não têm acesso à Educação
Infantil, a Secretaria de Educação do Estado - SEDUC, por meio da Coordenadoria de
Cooperação com os Municípios – COPEM, criou o Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Infantil–PADIN. Trata-se de um programa institucional que visa apoiar as famílias no cuidado
e na educação de suas crianças de 0 a 47 meses de idade que estão fora dos Centros de
Educação Infantil - CEI, na perspectiva do desenvolvimento integral, considerando suas
vivências e seu meio sociocultural.
O PADIN foi criado com o objetivo de oportunizar às famílias que não têm, no
momento, acesso aos CEI, condições de participar ativamente do desenvolvimento integral
de suas crianças. Portanto, o PADIN não pretende substituir a Educação Infantil. Não tem
caráter assistencialista e visa a sustentabilidade do desenvolvimento das crianças de 0 a 3
anos e 11 meses de idade.
O PADIN contará com o financiamento do Banco Mundial, terá vigência de 03 (três)
anos e irá cobrir 36 (trinta e seis) municípios com maior percentual de famílias em condição
de pobreza e vulnerabilidade social.

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Objetivo – Apoiar e orientar as famílias para que possam estabelecer relações pais/
cuidadores/crianças que propiciem oportunidades para favorecer o desenvolvimento
integral da criança, visando a formação de sujeitos ativos, criativos e autônomos.

REFERENCIAL TEÓRICO
A proposta de desenvolvimento do PADIN está
fundamentada em autores que estudaram o desenvolvimento
infantil, na área da educação, principalmente os conteúdos dos
programas desenvolvidos pela SEDUC, em especial o Programa
de Aprendizagem na Idade Certa – MAIS PAIC, bem como as
propostas de promoção da saúde e prevenção de doenças do
Ministério da Saúde.
Vários autores serão mencionados, porém vale destacar os
que embasam os conteúdos teóricos principais da proposta aqui
apresentada, como Vygotsky (1993) Luria (1992) Wallon (2007) e Paulo Freire (2005).
Tradicionalmente, o desenvolvimento das crianças era visto como um processo
que acontecia de maneira natural, independente da aprendizagem e da educação. Dessa
forma, a aprendizagem não influenciava esse desenvolvimento e a partir de um processo de
maturação espontânea, a criança aprendia os conteúdos ensinados na escola.
A concepção de que a educação e a aprendizagem são fatores indispensáveis ao
desenvolvimento das capacidades da criança, permitiu que pensadores como Vygotsky e
demais psicólogos e pedagogos na linha de pensamento histórico-cultural, formulassem a
tese de que a aprendizagem determina o desenvolvimento psíquico. (DAVIDOV, 1988).
A partir dessas ideias, as instituições de Educação Infantil deixam de ser espaços
apenas voltados para o cuidado básico de alimentação e higiene, enquanto os pais trabalham,
para tornarem-se espaços de educação e aprendizagem, orientados ao desenvolvimento das
capacidades das crianças como um ser integral. Sem dúvida, a instituição de Educação Infantil
hoje, representa o lugar ideal para essa educação. No entanto, essa aprendizagem origina-se
desde as experiências vividas na família, que é o primeiro núcleo da criança, vinculadas à vida
cotidiana das pessoas.
A família, como sistema complexo, composta por diferentes subsistemas, como
marido-esposa, genitores-filhos, irmãos-irmãs, avós-netos e outros mais, tem sido objeto
de estudo na sua relação com o desenvolvimento humano, principalmente a partir das
contribuições da teoria ecológica e sistêmica de Bronfenbrenner (1996), que concebe o
desenvolvimento como a interação dinâmica de quatro principais núcleos nesse sistema:
Pessoa, Processo, Contexto e Tempo. O contexto é formado de microssistemas que estão
em um processo de interações com um tempo que funciona como organizador social e
emocional, levando em consideração o ciclo de vida do indivíduo e os eventos ocorridos
no contexto social e cultural. É preciso destacar aqui a visão de pessoa como ser humano

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em desenvolvimento, dinâmico, que se insere progressivamente no meio em que vive e
o reestrutura, numa relação caracterizada pela reciprocidade. Nessa mesma perspectiva,
é preciso pensar a criança como pessoa e não como objeto das ações que se pretende
desenvolver. A criança como um ser ativo, com um saber, que cria e recria nas relações
com os adultos e com outras crianças, nas diferentes situações vivenciadas. (FREIRE, 2005,
HUNDEIDE, 1990, DESSEN & BRAZ, 2005)
O objetivo deste projeto de apoiar as famílias na educação e no cuidado de suas
crianças pequenas, segue a noção de um cuidar como essencial à vida, no sentido de ajudar
a criança a crescer para, junto com os adultos, tornar-se humano com autonomia, criativo
e com recursos de personalidade para ser capaz de fazer suas escolhas, frente a tantas
possibilidades que o mundo contemporâneo oferece.
Na nossa cultura, é na família, formada nas suas diferentes composições, que se inicia a
comunicação emocional que leva a outras formas de comunicação. É na família também que
se processa o desenvolvimento da linguagem, nas atividades com os objetos do ambiente
que passam a ser nomeados e ganham significados e sentido, pois é com a linguagem, que
a percepção adquire uma qualidade nova, sendo possível analisar o percebido. Igualmente
importante é a função da brincadeira que tanto ajuda no desenvolvimento da imaginação
como na função simbólica, permitindo a aproximação do adulto com a criança, possibilitando
o conhecimento de suas necessidades. É na interação com os outros que a criança aprende e se
desenvolve, formando a sua personalidade, sua identidade e construindo seu conhecimento.
A brincadeira é entendida aqui, como um instrumento de apropriação do mundo adulto e
de inserção em seu contexto e tempo histórico. (VYGOTSKY, 1993).
Essas afirmações ganharam reforço com a comprovação da importância dos
cuidados recebidos durante os primeiros anos de vida, evidenciadas por meio dos estudos
desenvolvidos pela neurociência, a partir da década de 1990, considerada como a “década
do cérebro”. Essas pesquisas demonstraram como ocorre o desenvolvimento cerebral
durante os primeiros anos de vida e comprovaram a hipótese da intensa neuroplasticidade
durante esse período. A neuroplasticidade pode ser definida como a propriedade do Sistema
Nervoso Central (SNC) de modificar seu funcionamento e reorganizar-se de acordo com as
modificações ambientais.
Novas tecnologias na área de exames de imagem, particularmente, a tomografia
por emissão de pósitrons (PET) e de fóton único (SPECT) têm permitido a observação
detalhada da estrutura cerebral e dos níveis de atividade das diferentes partes do cérebro,
demonstrando que no decorrer de todo o processo de desenvolvimento, inclusive antes do
nascimento, o cérebro é influenciado pelas condições ambientais (GÓMEZ-FERNANDEZ,
2000; CASTAÑO, 2002; HERNÁNDEZ-MUELA et al, 2004). Durante toda a vida, mas
principalmente, nos primeiros anos de vida, a atividade desenvolvida pela criança é capaz de
modificar a estrutura cerebral, o que significa que o cérebro tem a capacidade de moldar-se
de múltiplas maneiras, de acordo com as experiências vivenciadas.
O desenvolvimento humano é o resultado da interação dinâmica entre as influências
biológicas (próprias da espécie e do indivíduo) e as experiências vividas. Nesse processo, há,

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portanto, uma grande influência de fatores ambientais, entendidos aqui como o ambiente
físico e os aspectos sociais e emocionais.
A estrutura cerebral é composta por células especializadas, os neurônios, que são
dotados de uma grande capacidade de conexão entre si, formando uma rede complexa
de caminhos neurais, as sinapses. O cérebro, portanto, pode ser entendido como um
sistema aberto, caracterizado pela presença de uma estrutura inicial estabelecida ao longo
da evolução da espécie, mas dotado de uma imensa plasticidade, que lhe permite ser o
substrato para novas funções oriundas da história do indivíduo. As atividades cerebrais são
produzidas pela ativação dos sistemas funcionais, os quais podem ser entendidos como a
articulação da ação de diversos grupos de neurônios, que podem estar localizados em áreas
cerebrais diferentes e muitas vezes distantes entre si. Dessa maneira, a aquisição de uma
nova função mental não implica necessariamente a criação de novas estruturas cerebrais,
mas sim a formação de novos sistemas funcionais (LURIA, 1992).
Durante a gestação, há uma grande proliferação dos neurônios, mas ao nascimento,
grande parte dessas células ainda não se conectam entre si. Ao nascimento, apesar da
existência de cerca de 100 bilhões de células cerebrais, o cérebro humano é considerado
inacabado, em decorrência da escassez de sinapses, que serão formadas de acordo com
as experiências de cada indivíduo. Essa condição cerebral inacabada permite a diversidade
da espécie humana, que a partir de um núcleo comum pode se desenvolver nas diferentes
culturas e linguagens. Esse conhecimento vai contra a ideia de que o ser humano já nasce
programado e reforça o princípio de que ele se constrói a partir do seu contexto de vida.
Durante a primeira década de vida, de acordo com as oportunidades de interação e
aprendizagem, o cérebro forma trilhões de novas sinapses. Aos 3 anos de idade, pode haver
quase o dobro de sinapses do que possui um indivíduo adulto. No início da adolescência,
há uma intensificação do processo de “poda sináptica”, quando são eliminadas as sinapses
que não foram reforçadas por meio das experiências proporcionadas pelo modo de vida de
cada criança (HERNÁNDEZ-MUELA et al, 2004). A plasticidade cerebral é, portanto, mais
acentuada nos primeiros anos de vida, fase em que as estruturas nervosas estão em processo
de desenvolvimento. Sendo assim, tanto a intervenção oportuna, como a privação dessas
intervenções têm efeitos mais intensos nessa fase, conhecida como período crítico para o
desenvolvimento. Ressalte-se também, que as várias partes do cérebro se desenvolvem com
intensidades diferentes e em momentos diferentes, o que faz com que haja períodos em
que as respostas sejam mais acentuadas para tipos específicos de aprendizado. (GÓMEZ-
FERNANDEZ, 2000; CASTAÑO, 2002; HERNÁNDEZ-MUELA et al, 2004).
Tudo o que foi exposto acima fundamenta as ações do PADIN, por confirmar o valor
impactante que as ações educativas e as experiências afetivas, nos primeiros anos de vida,
têm sobre o desenvolvimento integral da criança.

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Educar e Cuidar, de forma indissociável, as crianças nessa faixa etária significa acolher
seus afetos e alimentar sua curiosidade e expressividade; dar-lhes condições para explorar
o ambiente e construir sentidos pessoais, apropriando-se de formas de agir, sentir e pensar
existentes em sua cultura e atendendo suas necessidades, oferecendo-lhes condições de se
sentir confortável em relação ao sono, fome, sede, dor e etc. (OLIVEIRA-FORMOSINHO,
2006). A interação social, a relação afetiva, a linguagem, a maturação biológica, as solicitações
do meio e a brincadeira são fatores que influenciam o desenvolvimento e a aprendizagem.
A brincadeira, linguagem própria da criança, é considerada fonte de desenvolvimento e
aprendizagem. Ao brincar, a criança constrói outras possibilidades de ação e de organização
de seu ambiente, aprende a se comunicar com outras crianças, explora os objetos, elabora
e expressa sentimentos e emoções. Ao brincar, a criança recria e se relaciona com o mundo
em que vive. Ao brincar juntas, as crianças constroem redes de relações que estruturam
os grupos e aprendem a ensinar, umas às outras, mesmo sem palavras, apenas observando.
Os processos de desenvolvimento e aprendizagem infantil, ocorrem continuamente
nas relações que a criança estabelece desde o seu nascimento com os pais, cuidadores,
adultos e crianças com quem convive. As crianças experienciam e aprendem no mundo
por meio dos relacionamentos socioafetivos, os quais vão influenciar todos os aspectos
do desenvolvimento infantil. O desenvolvimento e a aprendizagem vão, portanto, estar
intimamente relacionados às interações da criança com as pessoas do seu convívio e às
atividades e brincadeiras que participam no seu dia a dia. (SANTOS, 2015)

PRINCÍPIOS NORTEADORES PARA O DESENVOLVIMENTO DAS ATIVIDADES


Busca-se com o PADIN,
fortalecer a competência do
núcleo familiar, como pri-
meira e mais importante ins-
tituição de cuidados e educa-
ção da criança, nos primeiros
anos de vida. Parte-se do
princípio de que as relações
entre os pais/cuidadores e
crianças são fundamentais
para o desenvolvimento in-
fantil.

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Este projeto, a partir das ideias e pressupostos teóricos adotados, entende que as
crianças precisam ser reconhecidas como seres ativos em seu processo constituidor, como
sujeitos de desejos e direitos, como assegura a Declaração dos Direitos Humanos. No
entanto, como exposto acima, a constituição do sujeito só se realiza nas relações com o
ambiente social, ou seja, o que nos torna humanos são as relações sociais que possibilitam o
desenvolvimento cognitivo e afetivo, ao longo da vida. Essas relações podem ser pensadas
de forma a desenvolver crianças, que ao conhecerem o mundo ao seu redor, também
desenvolvem uma consciência de si e dos outros, que possibilite a realização pessoal no
respeito e na solidariedade.
Nessa perspectiva, o PADIN, ao pensar o desenvolvimento integral da criança, está
objetivando propiciar aos pais/mães/cuidadores, um espaço de reflexão de como desenvolver
uma educação dialógica que pense o direito da criança ao respeito, para que se constitua em
relações que promovam a solidariedade e a autonomia.
Os adultos, ao acolherem a criança, precisam criar um espaço que permita o
surgimento do novo, naquilo que já achamos que conhecemos. É preciso considerar a
criança como um sujeito inteiro, com suas percepções, sua afetividade, seus sentidos, seus
sentimentos, sua expressão, sua criatividade e sua capacidade crítica, contribuindo para
que ele próprio possa construir sua visão de mundo. Para tanto, devemos estar abertos e
inquietos, refletindo sobre o cotidiano das nossas relações com as crianças, pois elas não
são apenas sujeitos que virão a ser, elas já são sujeitos ativos no mundo, cidadãs, autoras de
suas histórias e participantes dos seus processos de aprendizagem e desenvolvimento. As
crianças merecem, portanto, no seu desenvolvimento, respeito, confiança e compreensão
em relações de diálogos que no entendimento mútuo, permitam a criação de combinados
e de limites que são constituidores do sujeito em desenvolvimento nas relações sociais.
(KORCZAK, 2009)
O PADIN, a partir dessas ideias, tem como eixos norteadores: o respeito, a
solidariedade e a autonomia, pensados em uma construção nas relações sociais com os
pais/mães/cuidadores e com as outras crianças.

REFERENCIAIS TEÓRICOS METODOLÓGICOS


O Programa leva em consideração experiências internacionais, como o Programa
Chile Cresce Contigo, o International Child Developmental Program (ICDP), O Programa
Educa tu Hijo de Cuba, o Programa de Desenvolvimento Infantil do Rio Grande do Sul –
Primeira Infância Melhor – PIM e o Cresça com teu Filho, desenvolvido em Fortaleza.
Entre os pontos em comum do PADIN e os Programas citados acima, destacam-se:
considerar a família e suas relações com a criança como o centro das atividades, as visitas
domiciliares às famílias que não têm acesso a Centros de Educação Infantil e o carácter
intersetorial que envolve as áreas de Educação, Saúde e Assistência Social, visando o

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desenvolvimento integral da criança. Um aspecto a ser destacado no PADIN é o fato de
se considerar e valorizar como fonte de aprendizagem e desenvolvimento, a interação das
crianças entre si, nas situações de brincadeiras.
O PADIN se diferencia em relação ao setor de coordenação, uma vez que nos
programas referenciados essa coordenação está a cargo da Secretaria da Saúde. No PADIN,
a coordenação é de responsabilidade da Secretaria da Educação, pelo fato de o principal
foco ser a Educação Infantil.

CARACTERÍSTICAS DO PADIN
1. Coordenação sob a responsabilidade da área da Educação;
2. A família como núcleo central das ações dirigidas à criança;
3. A participação efetiva da comunidade, com atividades que reúnem as famílias em
espaços próprios da comunidade.;
4. A intersetorialidade - O PADIN é um programa que, além da estrita relação estado/
municípios, tem caráter intersetorial, envolvendo várias instâncias do governo estadual e
municipal, assim como entidades da sociedade civil. A articulação das parcerias entre todos
os participantes do programa será coordenada pelo Comitê Consultivo Intersetorial das
Políticas de Educação Infantil do Estado do Ceará, com representantes das Secretarias de
Educação e de Saúde, de Trabalho e Desenvolvimento Social, do Desenvolvimento Agrário,
do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará, da Secretaria de Planejamento e
Gestão, bem como da União dos Dirigentes Municipais de Educação do Ceará-UNDIME/CE,
e entidades representativas dos municípios. Nos municípios, esse caráter intersetorial deverá
ser garantido por meio das Coordenadorias Regionais de Desenvolvimento da Educação
– CREDE, desenvolvendo função de articuladora das demais secretarias, destacando-se a
participação da Secretaria de Saúde, com a colaboração dos Agentes Comunitários de Saúde,
da Secretaria de Assistência Social, por meio dos Centros Regionais de Assistência Social -
CRAS onde houver, das congregações religiosas e das organizações da sociedade civil.
Uma referência importante é a Estratégia Saúde da Família - ESF, com as equipes
de saúde da família que contam com o Agente Comunitário de Saúde (ACS), uma pessoa
da comunidade que constitui o elo entre a equipe e a comunidade. Entre outras ações de
assistência à comunidade e à família, o ACS tem a competência de acompanhar as crianças,
focando principalmente no desenvolvimento, na nutrição, vacinação e cuidados básicos
de saúde. Na perspectiva da intersetorialidade, os ACS têm uma participação importante
junto ao PADIN, favorecendo a relação com as famílias e a entrada nas residências, além
de poderem fornecer informações sobre a saúde das crianças e reforçar as orientações
recomendadas.

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Para os casos de violência contra a criança, o PADIN terá o apoio da Secretaria de
Ação Social. Os casos serão encaminhados para consulta na Unidade Básica de Saúde (UBS),
que fará o encaminhamento para o Serviço Social e os CRAS.
5. Nas reuniões de atividades conjuntas com as famílias, pretende-se que haja um
estímulo para a construção de Redes de Apoio Comunitário, para a socialização e ampliação
de experiências que enriqueçam as estratégias de cuidado e educação que favoreçam a
aprendizagem e o desenvolvimento da criança. Pretende-se incentivar a comunicação entre
as famílias, a partir das formas de contato, habitualmente utilizadas pela comunidade, visando
ao apoio mútuo entre as famílias.
6. A possibilidade de oferecer vivências comunitárias entre as crianças está apoiada
nos referenciais teóricos que apontam a importância da troca entre as crianças, como
estimuladora do desenvolvimento, permitindo que a criança se construa como sujeito social,
reconhecendo seus direitos, limites e deveres.

PÚBLICO ALVO
Foi definido que o critério para participar do PADIN seriam os municípios com maior
percentual de famílias em condição de pobreza e de vulnerabilidade social.
A seleção desses municípios, com base nesse critério, foi feita pelo Instituto de
Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará-IPECE, órgão do Governo do Estado do
Ceará, responsável pela geração de estudos, pesquisas e informações sócio econômicas e
geográficas do Estado. Com base nos critérios citados, O IPECE selecionou 36 (trinta e seis
municípios) para serem beneficiados pelo PADIN: Granja, Choró, Croatá, Miraíma, Santana
do Acaraú, Graça, Ipaporanga, Novo Oriente, Araripe, Amontada, Moraújo, Viçosa do
Ceará, Itatira, Uruoca, Ipueiras, Santana do Cariri, Barroquinha, Ararendá, Quiterianópolis,
Pereiro, Morrinhos, Martinópole, Poranga, Salitre, Itapiúna, Reriutaba, Boa Viagem, Itarema,
Aiuaba, Irauçuba, Capistrano, Tamboril, Tururu, Mucambo, Trairi, Tarrafas. Posteriormente,
serão incluídas também as Regionais I e II de Fortaleza. A participação será por meio da
adesão dos municípios selecionados. A partir dos dados do censo demográfico de 2010, do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE e do Cadastro Único para Programas
Sociais do Governo Federal - CADÚNICO do Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome – MDS, será identificada pelo IPECE a população-alvo de famílias que
farão parte do PADIN. O objetivo é priorizar as famílias com crianças em condições de
maior vulnerabilidade familiar e social.
No PADIN, a família é o foco das ações, privilegiando-se os pais, as mães, os
cuidadores, as crianças e, levando em conta as demais pessoas tidas como membros das
famílias. Consideram-se aqui cuidadores, os avós, irmãos mais velhos, tios, outros parentes
e pessoas não pertencentes à família, cuja característica principal é o fato de passarem uma
parte do seu tempo cuidando da criança.

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A seleção das famílias está fundamentada nos seguintes critérios:
1. Famílias com maior número de crianças na faixa etária de beneficiários do
Programa Bolsa Família (que já estão incluídas no CADÚNICO);
2. Serão atendidas crianças de 0 a 47 meses, entretanto, para a entrada no Programa, a
faixa etária das crianças será preferencialmente entre 0 e 11 meses, o que permitirá
maior permanência no PADIN.

As ações com as famílias deverão considerar o estágio de desenvolvimento das


crianças. Dessa forma, é possível identificar 4 grupos de crianças:
Grupo I – Crianças no primeiro ano de vida (0 até 11 meses);
Grupo II – Crianças no segundo ano de vida (12 meses até 23 meses);
Grupo III – Crianças no terceiro ano de vida (24 meses até 35 meses);
Grupo IV – Crianças no quarto ano de vida (36 meses até 47 meses).

RECURSOS HUMANOS DO PADIN

ADI – Agente de Desenvolvimento Infantil


Os ADI serão professores de Educação Infantil, moradores do município/comunidade
participante, que terão uma formação inicial e o acompanhamento por meio de supervisões
técnicas mensais e um programa de Educação Permanente com professores especializados
em desenvolvimento infantil. Cabe aos ADI a responsabilidade pelas Visitas Domiciliares,
pelo Encontro de Orientações para os Pais/Cuidadores e bebês, com as famílias de crianças
do Grupo I e II, pelos Grupos de Brincadeiras e Convivência, pela discussão de temas com as
famílias sobre a educação e saúde nos Encontros Comunitários. A carga horária dos ADI será

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de 20 horas semanais, com períodos de 4 (quatro) horas diárias. Cada ADI será responsável
por 20 famílias.
Quinzenalmente, os ADI terão encontros com o supervisor para avaliação das
atividades desenvolvidas. Os ADI preencherão fichas individuais padronizadas, nas quais
poderão registrar as características do desenvolvimento apresentado pela criança, assim
como seus problemas e dificuldades.
As atividades propostas para o ADI encontram-se descritas no Quadro II.

SUPERVISOR
O Supervisor será o gerente local do PADIN. A função do supervisor será realizada
por um profissional de nível superior da Secretaria Municipal da Educação que atua no MAIS
PAIC, na área de Educação Infantil. Suas atividades serão:
- Participar da reunião quinzenal com os ADI;
- Supervisionar as atividades do PADIN, garantindo as condições necessárias para o
desenvolvimento do Programa;
- Elaborar os relatórios de gestão do PADIN, que serão encaminhados mensalmente à
CREDE e à COPEM;
- Produzir o relatório anual contendo os resultados das atividades desenvolvidas, o qual
será entregue à COPEM para avaliar e reprogramar as ações, com foco na melhoria
do atendimento às famílias;
- Promover a articulação com as demais secretarias e instituições parceiras.

Recursos Humanos por município para a primeira fase de implantação do PADIN


Número de municípios – 08;
Número de famílias por município – 80;
Número de ADI por município – 08;
Número de Supervisor – 01.
Total de Recursos Humanos para os 08 municípios
Número total de famílias – 08 municípios x 80 famílias = 640 ;
ADI - 08 municípios x 08 ADI = 64;
Supervisores - 08 Supervisores, sendo 01 por município.

Total de Recursos Humanos para todas as fases do Programa:


36 municípios e os 02 Distritos de Fortaleza;
Número total de famílias - 80 famílias x 38 = 3.040;
ADI - 38 (36 municípios e 2 Distritos de Fortaleza) x 8 ADI = 304;
Supervisores - 38 (36 municípios e 02 Distritos de Fortaleza) = 38.

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ATIVIDADES DO PADIN

1. Sensibilização da comunidade
Inicialmente, serão realizadas atividades com o objetivo de sensibilizar a comunidade,
com esclarecimentos sobre o PADIN, seus objetivos e dinâmica de funcionamento, com a
finalidade de convidar as famílias a participarem ativamente do Programa.
Essa sensibilização consistirá da divulgação do PADIN, utilizando os meios próprios
de comunicação utilizados pela comunidade. Em seguida, serão realizadas conversas com
grupos de famílias para esclarecer o que é o PADIN e como serão desenvolvidas suas
atividades.

2. Diagnóstico das famílias que irão participar do PADIN


Antes de iniciar as atividades e com o objetivo de obter subsídios para um melhor
arranjo dos grupos de famílias e crianças que ficarão sob a responsabilidade dos ADI, será
realizado um diagnóstico com informações demográficas, sociais e culturais das famílias.
Trata-se da aplicação de entrevistas com as famílias para a obtenção dessas informações que
vão constituir o perfil de cada família. Essa atividade, desenvolvida pelos ADI, será o primeiro
passo para o conhecimento da comunidade e das famílias que vivem nessa comunidade.

3. Atividades educativas do PADIN


As atividades do PADIN estão organizadas em dois modelos semanais de ações. Nas
primeiras e terceiras semanas serão realizadas apenas Visitas Domiciliares às Famílias para
todos os grupos de crianças. Nas segundas e quartas semanas haverá um modelo de atividades
misto que compreenderá Atividades Coletivas e Comunitárias e Visitas Domiciliares às
Famílias. Essas atividades estão descritas no Quadro 1 e Quadro 2.

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Quadro I – Semana de Visitas Domiciliares às Famílias -1a e 3a semanas do mês

Dia Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado


Atividades Reunião de for- Visitas Do- Visitas Do-Visitas Domici- Visitas do-
mação dos ADI miciliares às miciliares às
liares às famílias, miciliares às
e planejamento famílias, feitas famílias, feitas
feitas pelos ADI famílias, feitas
das atividades pelos ADI pelos ADI pelos ADI
da semana Redação do
Reunião quin- Redação do Redação do Diário de Cam- Redação do
zenal dos ADI Diário de Diário de po e preenchi- Diário de
com o Super- Campo e Campo e mento da ficha Campo e
visor preenchimento preenchimento de acompa- preenchimen-
da ficha de da ficha de nhamento da to da ficha
acompanha- acompanha- criança, pelos de acompa-
mento da mento da ADI nhamento da
criança, pelos criança, pelos criança, pelos
ADI ADI ADI

18
Quadro 2 – Semana de Visitas Domiciliares às Famílias e Atividades Coletivas e
Comunitárias 2a e 4a semanas do mês

Dia Segunda Terça Quarta Quinta Sexta Sábado


Atividades Reunião de Encontros de Visitas Grupo de Brinca- Visitas do- Encontros
formação Orientações para Domiciliares deiras e Convivên- miciliares Familiares
dos ADI e os Pais/Cuidado- às famílias cia (Atividades para às famílias, Comunitá-
planejamento res com os ADI pelos ADI estimular o brincar feitas pelos rios
das atividades para as famílias e a observação das ADI
com crianças do famílias).
da semana Grupos III e IV
Grupo I Redação
Atividade desen- do Diário
Encontros de volvida pelos ADI de Campo
Duração: 2 horas
Orientações para Merenda coletiva e preen- As atividades
os Pais/Cuidado- Duração: 1 hora chimento dos sábados
res com os ADI, da ficha de são quinze-
para as famílias Redação do Diário acompa- nais alter-
com crianças do de Campo e nhamento nando com
Grupo II preenchimento da da criança as atividades
ficha de acom- pelos ADI das sextas
Duração: 2 horas panhamento da
Merenda coletiva criança, pelos ADI:
Duração 30 1 hora
minutos

Redação do Diá-
rio de Campo e
preenchimento
da ficha de
acompanhamen-
to da criança,
pelos ADI

Essa proposta constitui uma base para a organização do trabalho. Arranjos locais deverão
ser feitos a partir do número de crianças por família, seus estágios de desenvolvimento e
as possibilidades de participação dos pais/cuidadores e, principalmente, a necessidade de
respeitar as características ambientais e socioculturais da comunidade envolvida.
De acordo com essa proposta, cada família receberá pelo menos duas visitas
domiciliares mensais e será vista no mínimo 3 vezes por mês (Visita Domiciliar e Encontros
Familiares Comunitários, além de pelo menos uma das atividades de grupo de acordo com
a idade do filho) podendo, quando tiver mais de um filho, ser vista mais vezes.

3.1) Visitas Domiciliares às Famílias (VDF) - Serão realizadas visitas domiciliares às


famílias, de modo que cada família receba pelo menos uma visita quinzenal. O objetivo
dessas visitas é:

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1. observar a família, o espaço vivenciado pela criança e os modos de brincadeiras das
crianças;
2. observar as relações dos pais/cuidadores com a criança;
3. propor brincadeiras e atividades para os pais realizarem com as crianças.

Essa atividade será programada com base nas vivências socioculturais da comunidade, que
permitam orientar e apoiar os pais/cuidadores para favorecer o desenvolvimento infantil, além
de propiciar a observação das relações pais/cuidadores/filhos. As visitas serão realizadas pelos
ADI. A duração das visitas será variável de acordo com as necessidades observadas, mas não
deve ultrapassar 1 hora, de modo que poderão ser feitas até 3 visitas por um período de 4
horas. As famílias, cujas crianças apresentarem maior risco para o desenvolvimento ou nas quais
forem percebidos problemas na relação pais/cuidadores com os filhos, receberão visitas mais
frequentes que serão programadas no planejamento da semana.
As visitas domiciliares serão realizadas às terças, quartas, quintas e sextas-feiras, nas
primeiras e terceiras semanas do mês e às quartas-feiras nas segundas e quartas semanas do
mês, de acordo com o quadro 1, 2 e 3.

Quadro 3 – Visitas Domiciliares às Famílias


Terça-feira – 3 visitas
Primeira Quarta-feira - 3 visitas Total da semana
semana Quinta-feira – 3 visitas 12 visitas
Sexta-feira – 3 visitas
Segunda Total da semana
Quarta-feira – 3 visitas
semana 3 visitas
Terça-feira – 3 visitas
Terceira Quarta-feira - 3 visitas Total da semana
semana Quinta-feira – 3 visitas 12 visitas
Sexta-feira - 3 visitas
Total da semana
Quarta semana Quarta-feira – 3 visitas
3 visitas
Total de VD por
30
mês por ADI
Total de VD
por mês pelos 30x8=240
8 ADI

São 80 famílias por município. Portanto, tem-se um excedente de 80 visitas que serão
utilizadas para as famílias que necessitarem mais atenção.

20
3.2) Grupo de Brincadeiras e Convivência (GBC)

Os GBC serão realizados com as famílias de residências próximas e que tenham crianças
que estejam em estágios de desenvolvimento próximos. As atividades dos GBC deverão
priorizar brincadeiras, principalmente aquelas próprias da região e nas quais possam ser
exploradas atividades que favoreçam o desenvolvimento infantil. As atividades, na medida
do possível, deverão procurar envolver a participação dos pais/cuidadores. A importância
desses GBC é favorecer a convivência e a interação com outras crianças, em estágios de
desenvolvimento próximos. Os GBC deverão acontecer em locais próximos às residências,
que poderão ser espaços comunitários de entidades religiosas, agremiações comunitárias e
praças ou outros espaços públicos da comunidade. Os GBC serão realizados para famílias
com crianças dos Grupo III e IV às quintas-feiras, de acordo com o Quadro 2. Cada família
participará pelo menos de um GBC quinzenal, que terá duração máxima de 2 horas. Os GBC
serão realizados pelos ADI. Após os GBC os ADI farão as anotações no Diário de Campo e
as fichas de acompanhamento das crianças serão preenchidas mensalmente. Anexo II.

3.3) Encontros de Orientações para os Pais e Cuidadores – Tecendo o Caminho dos Bebês (EO)

Os Encontros de Orientações para os pais/cuidadores e bebês, realizados pelos


ADI, são reuniões que visam orientar os pais/cuidadores de crianças dos Grupos I e II,
para o fortalecimento do vínculo com o bebê, principalmente a relação mãe/bebê, além
de esclarecer dúvidas dos pais sobre os cuidados com a saúde do bebê, observando as
características do desenvolvimento dessas crianças em seus diferentes momentos. O foco
é o vínculo, que deverá ser trabalhado por meio do toque, do olhar e da conversa. Essas
reuniões acontecerão 1 a 2 vezes por mês, para cada família, com duração de 1 hora.
Quando o número de crianças dos grupos I e II for pequeno, essas reuniões poderão ter a
participação de famílias dos dois grupos.

3.4) Encontros Familiares Comunitários (EFC)

Essa atividade conta com a participação das famílias e crianças de todos os grupos.
Cada família participará de um EFC mensal. Cada ADI será responsável por 2 EFC mensal.
Em cada um desses encontros participarão 20 famílias. Esses encontros terão duração de 03
horas e serão realizados aos sábados para que todos os pais/cuidadores possam participar.
Essa atividade terá três momentos.
Primeiro momento – Atividades recreativas para as crianças sob a responsabilidade de
um ADI apoiador do Encontro, concomitantes com a atividade do ADI com os pais/mães

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e cuidadores dessas crianças, para uma conversa sobre questões relativas à educação, ao
desenvolvimento infantil e ao cuidado de saúde com as crianças.
Segundo momento – Merenda coletiva com duração de 30 a 40 minutos, com troca de
experiências educativas sobre alimentação saudável entre as famílias.
Terceiro momento – Atividade em que os pais/cuidadores participarão de brincadeiras
com os filhos, tendo a duração de 1 hora. O ADI participará dessa atividade observando a
relação dos pais/mães e cuidadores com as crianças. O ADI apoiador atuará como auxiliar
do ADI na organização das atividades.
Os ADI deverão ter um “diário de campo” onde farão o registro diário de todas as
atividades realizadas e suas impressões sobre o dia. Mensalmente os ADI preencherão ainda,
fichas individuais padronizadas das crianças, nas quais poderão registrar as características
do desenvolvimento apresentado pela criança, assim como seus avanços, problemas,
dificuldades e curiosidades.
As orientações para o acompanhamento das famílias serão elaboradas em função das
características de desenvolvimento de cada faixa etária e das Orientações Curriculares para
a Educação Infantil, documento criado pela Secretaria de Educação do Estado do Ceará/
COPEM, com base nas Diretrizes Curriculares Nacionais do MEC.

Reunião de Planejamento e Educação Permanente dos ADI

Nas segundas-feiras, os ADI deverão rever o que foi feito na semana anterior, para:
a) analisar as situações encontradas nas visitas domiciliares;
b) identificar os problemas que aconteceram;
c) analisar como estão as crianças de cada família, identificando aquelas que necessitam
de mais atenção.

Deverão fazer também o planejamento da semana que se inicia.


Nesse dia, como atividade de Educação Permanente, os ADI terão leituras para serem
feitas e resumidas para discussão nos dias de formação com os professores especializados
em desenvolvimento infantil, que acontecerão uma vez por mês.
Quinzenalmente haverá reunião dos ADI com o Supervisor para o monitoramento das
atividades realizadas.
Sugere-se também, que uma vez por mês, seja feita uma oficina de elaboração de
textos e confecção de brinquedos e brincadeiras.

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Monitoramento e avaliação

O monitoramento será semanal, mensal e anual. A Avaliação Contínua permite avaliar


cada etapa do Programa e a Avaliação de Impacto permite verificar os efeitos sobre o
desenvolvimento físico, cognitivo, linguístico e emocional das crianças.
Mensalmente serão produzidos pelos ADI, os relatórios das atividades e do
monitoramento do desenvolvimento das crianças. Anualmente, serão elaborados os
relatórios com as atividades realizadas e os resultados alcançados. O acompanhamento e a
avaliação das ações desenvolvidas serão realizados pelos técnicos das Secretarias Municipais
de Educação (SME), CREDE, SEDUC e Consultorias contratadas.

FORMAÇÃO DOS ADI E SUPERVISORES


A formação dos ADI ocorrerá juntamente com os
Supervisores e terá a duração de 80 horas. Tem como
objetivo aprofundar os conhecimentos dos professores
de Educação Infantil em temas sobre as relações
família/criança e o desenvolvimento e aprendizagem
infantil. Essa formação acontecerá em 2 momentos:
um momento de formação inicial e um programa
de Educação Permanente. A formação inicial terá a
duração de 48 horas e será realizada em Fortaleza.
A Educação Permanente terá a duração de 32 horas,
em períodos mensais de 8 horas, durante 4 meses,
com profissionais especializados em desenvolvimento
infantil. Esses momentos de Educação Permanente
serão realizados nos municípios que se constituirão
como Polos de Formação.

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ANEXO

PROGRAMA DE APOIO AO DESENVOLVIMENTO INFANTIL – PADIN


Ficha de Acompanhamento do Desenvolvimento da Criança
Nome da Criança:_____________________________________________Idade:________
Data de Nascimento: _____/_____/_______
Data: ____/_____/______
ADI:_____________________________________________________________________

Nome do Pai:
________________________________________________________Idade: ________________
Nome da Mãe:
________________________________________________________Idade: ________________
Nome do cuidador:
_______________________________________________________Idade: ________________

0 a 3 meses:
O que a criança já faz: Sim Ainda não
Reconhece e acalma-se com a voz da mãe
Assusta-se com ruídos inesperados e altos.
Apresenta um tipo diferente de choro para cada
problema
Olha o rosto das pessoas que estão diante dele
Sorri quando de frente ao rosto de uma pessoa

Anotar o que a mãe refere que a criança faz (principalmente as gracinhas):

_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________

24
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRONFENBRENNER, U. A ecologia do desenvolvimento humano: experimentos naturais e


planejados. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996.
CEARÁ, SEDUC. Orientações Curriculares para a Educação Infantil, 2011.
DAVIDOV, V. La enseñanza escolar y el desarrollo psíquico. Moscou: Editorial Progresso, 1988.
DESSEN, M.A. & BRAZ, M.P. 2005). A família e suas inter-relações com o desenvolvimento
humano. Em DESSEN & A. L. COSTA-JÚNIOR (ORGS.), A ciência do desenvolvimento humano:
tendências atuais e perspectivas futuras. Porto Alegre: Artmed, 2005.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do Oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2005, 42.ª edição.
GÓMEZ-FERNANDEZ, 2000; CASTAÑO, 2002; HERNÁNDEZ-MUELA et al, 2004).
Plasticidad neuronal funcional. Em Rev. Neurol 2004; 38 (Supl 1): S58-S68
HUNDEIDE, K. INTERNATIONAL CHILD DEVELOPMENT PROGRAMMES (ICDP).
Norway. University of Bergen. 1990.
KORCZAK, J. Le droit de l’enfant au respect. Paris: Éditions Fabert, 2009.
LURIA, A.R. A Construção da Mente. São Paulo: Ícone, 1992.
MUSTARD JF. Desenvolvimento cerebral inicial e desenvolvimento humano. In: Tremblay
RE, Barr RG, Peters RDeV, Boivin M, eds. Enciclopédia sobre o Desenvolvimento na
Primeira Infância [on-line]. Montreal, Quebec: Centre of Excellence for Early Childhood
Development; 2010:1-5. Disponível em: http://www.enciclopedia-crianca.com/documents/
MustardPRTxp.pdf
OLIVEIRA-FORMOSINHO, J., E FORMOSINHO, J. (Orgs.). Associação Criança: Um
contexto de formação em contexto. Braga: Livraria Minho, 2001.
PEDROZA, R. L. S. Aprendizagem e subjetividade. Uma construção a partir do brincar.
Revista de Psicologia – UFF, 17, 2, 61-72, 2005.
PLANO NACIONAL PRIMEIRA INFÂNCIA, Proposta Elaborada pela Rede Nacional Primeira
Infância com ampla participação Social, p. 38. Versão Resumida. Brasília, Dezembro, 2010.
SANTOS, DD; PORTO, JA, L. R. O impacto do desenvolvimento na primeira infância sobre
a aprendizagem: estudo 1. Coordenação Comitê Científico do Núcleo Ciência pela Infância.
2a ed. São Paulo: Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal FMCSV, 2015.
VYGOTSKY, L.S. Pensamento e linguagem. Tradução Jéferson Luiz Camargo; revisão técnica
José Cipolla Neto. São Paulo: Martins Fontes, 1993.
WALLON, H. A evolução psicológica da criança. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

25
AUTORAS

ANA CECÍLIA SILVEIRA SUCUPIRA


Especialista em Saúde Pública (USP), Mestre em Medicina Preventiva (USP) e Doutora em
Pediatria (USP). É professora colaboradora do Departamento de Pediatria da Faculdade
de Medicina da USP. Na minha vida de pediatra, pude observar que o desenvolvimento
infantil tem um forte determinante na relação que os pais estabelecem com seus filhos e nas
oportunidades que as crianças têm de convivência e aprendizado com outras crianças. Essas oportunidades
são dadas principalmente pelo acesso à Educação Infantil, o que infelizmente, ainda não é uma realidade
para muitas crianças. O processo de construção do PADIN foi muito importante para trabalhar novas idéias
que pudessem apoiar as famílias no seu processo de cuidar e educar na perspectiva do direito da criança ao
respeito, para que se constitua em relações que promovam a solidariedade e a autonomia. O PADIN ainda
é uma proposta que deverá se completar e se tornar uma realidade, quando de sua implantação a partir das
contribuições dos ADI, dos pais e das crianças.

FÁTIMA MARIA ARAÚJO SABOIA LEITÃO


Professora Doutora em Educação Brasileira pela Universidade Federal do Ceará. A experiência
de participar do PADIN, em especial, na elaboração desse material, foi uma oportunidade de
desenvolvimento profissional bem como um desafio! Um desafio prazeroso, instigante e rico
em múltiplas aprendizagens. Desafio também, pelo ineditismo da situação ao longo da minha
trajetória como professora de Educação Infantil da Unidade Universitária Federal de Educação Infantil Núcleo
de Desenvolvimento da Criança – UUNDC/UFC, que foi direcionar meu olhar para as crianças que estão
fora de creches e de pré-escolas e que também têm direito ao cuidado e à educação que contribuam com
sua aprendizagem e desenvolvimento. Nesse trabalho, que inclui essas crianças e suas famílias foi importante
pensar no grau de liberdade oferecido a elas, no incentivo e encorajamento para a participação de todos,
a escuta e a construção da autonomia. Das crianças pequenas fiz meu foco de vida profissional que não se
descola da vida pessoal!
“Fui andando...
Meus passos não eram para chegar porque não havia chegada
Nem desejos de ficar parado no meio do caminho.
Fui andando...”
(MANOEL DE BARROS)

DANIEL DIAZ
Sou Ilustrador e Designer Gráfico. Nasci em Fortaleza (CE) em 1976. Graduado pelo Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará - IFCE, curso superior de Tecnologia em
Artes Plásticas.
A maior parte da minha produção é destinada às crianças. Utilizo os mais diversos materiais
e estilos para compor minhas ilustrações. Estudo técnicas tradicionais de pintura, desenho, fotografia e
colorização digital.
Atualmente, estou envolvido em projetos editoriais de fomento à leitura e acesso ao livro, dentre os mais
importantes estão a coleção PAIC Prosa e Poesia, editada pela Secretaria da Educação do Ceará (Seduc) desde
2008 e a Coleção Pactos de Leituras, editado pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia em 2015.

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