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FACLIONS – FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DE GOIÁS

IBEED – INSTITUTO BRASILEIRO DE EXTENSÃO EDUCACIONAL

A HUMANIZAÇÃO COMO AUXÍLIO NA DIMINUIÇÃO


DOS TEMORES VIVENCIADOS PELA GESTANTE NA SALA
DE PRÉ-PARTO

CAROLINA DE ALMEIDA HAHMEYER SIQUEIRA

Anápolis
Junho/2005
RESUMO

O presente estudo foi realizado para verificar se o processo de


humanização auxilia a gestante na diminuição dos temores vivenciados na sala
de pré-parto. Aborda em linhas gerais, a visão da gestante em relação a
humanização , os principais temores e fantasias vivenciadas por 100 gestantes
de 18 a 30 anos de idade, primíparas e multíparas, que deram a luz na Santa
Casa de Misericórdia de Anápolis no período de 30 de março à 10 de abril de
2005. As gestantes foram escolhidas aleatoriamente num universo de
aproximadamente 360 pacientes segundo as variáveis: visão de humanização;
como a gestante imagina o parto; há preocupações com o parto; quais são os
temores da gestante com o parto; há preocupações com o bebê; quais são os
temores da gestante com o bebê; o processo de humanização contribuiu para a
diminuição dos temores vivenciados na sala de pré-parto. Pelos resultados
obtidos pode-se concluir que a gestante identifica a humanização com saúde; a
gestante imagina um parto demorado, seguido de dor, mas sem problemas; a
maioria das gestantes tem alguma preocupação com o parto; predominou o
temor da gestante de morrer na hora do parto; a maioria das gestantes 57
(57%) tem preocupação com o bebê; gestantes têm o temor de o bebê nascer
com alguma malformação e a grande maioria das gestantes acredita que, o
processo de humanização contribuiu para a diminuição dos temores
vivenciados na sala de pré-parto.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO
2. PROPOSIÇÃO
3. MATERIAL E MÉTODO
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5. CONCLUSÕES
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. INTRODUÇÃO
É fácil supor, em vista das grandes transformações provocadas pela
gravidez, que todas as mudanças emocionais devem-se à existência de
conflitos normalmente presentes neste período. Estudos feitos com animais e
seres humanos mostram que os hormônios sexuais exercem efeitos definidos
no comportamento, sugerido que as grandes mudanças dos níveis de
estrogênio e progesterona podem influir enormemente na psicologia da
gravidez.
A percepção da gravidez pode ocorrer bem antes da confirmação pelo
exame clínico e até mesmo antes da data em que deveria ocorrer a
menstruação. Não é rara a mulher captar em nível inconsciente as
transformações bioquímicas e corporais que assinalam a presença de gravidez
e expressar esta percepção através de sonhos ou “intuições”. Em
contraposição, há mulheres que só descobrem a gravidez no quarto ou quinto
mês ou porque têm pouca sintonia com o próprio corpo e negam a existência
das transformações da gestação, ou porque na história ginecológica há
episódios de amenorréia prolongada, ou porque sangramentos eventuais no
primeiro trimestres são confundidos com menstruação. A partir do momento de
percepção, consciente ou inconsciente, a gravidez inicia uma formação da
relação materno-filial.
A partir deste momento se instala a vivência básica da gravidez, que é a
ambivalência afetiva, onde este fenômeno significativo. Além dessa a gravidez
implicam na perspectiva de grandes mudanças, interpessoais, intrapsíquicas,
etc. O que evidentemente envolve perdas e ganhos, e isso justificariam a
existência de sentimento oposta entre si. No primeiro trimestre da gravidez os
sintomas mais comuns são as náuseas e os vômitos, alguns estudos mostram
que esses sintomas não são comuns em todas as mulheres e através de
estudos em alguns lugares são eles bem desconhecidos.
Na gravidez é comum o aumento de apetite, que ás vezes atinge graus
de extrema veracidade com o conseqüente aumento de peso, ocorre também
oscilações de humor, tão freqüente desde o inicio da gravidez, estão
intimamente relacionadas com alterações do metabolismo.
O aumento da sensibilidade está intimamente ligado a estas oscilações de
humor, além de haver, em geral, maior sensibilidade nas áreas de olfato,
paladar e audição, isto se expressa também na área emocional através do
aumento da irritabilidade, a mulher fica mais irritada e vulnerável a certos
estímulos externos que anteriormente não a afetavam tanto, chora e ri mais
facilmente.
O segundo trimestre é considerado o mais estável do ponto de vista
emocional. O impacto dos primeiros movimentos fetais é um fenômeno central
neste trimestre é a primeira vez que a mulher sente o feto como uma realidade
concreta dentro de si, com um ser separado dela e, no entanto tão dependente,
mas já com características próprias.
No terceiro trimestre, o nível de ansiedade tende a elevar-se novamente
com a proximidade do parto e da mudança de rotina da vida após a chegada
do bebê. Se a gravidez pode ser considerada como período de maior
vulnerabilidade, o parto pode ser também encarado como um momento crítico
que marca o início de uma série de mudanças significativas.
Um dos temores mais comuns que surgem é o de não saber reconhecer
os sinais do parto e se pega de surpresa. O parto se constitui como momento
crítico por varias razões: é sentido como situação de passagem de um estado a
outro, cuja principal característica é a irreversibilidade, ou seja, é uma situação
que precisa ver enfrentada de qualquer forma, e tudo isso contribui para o
aumento da ansiedade e da insegurança com a proximidade da data prevista é
a incapacidade de saber como vai ser o desenrolar no trabalho de parto.
Dessa forma, o parto é vivido como um “salto no escuro”, um momento
imprevisível e desconhecido sobre o qual não se tem controle.
Toda esta tensão na hora do parto não é só vivenciado pela mulher, mas o
homem também vivencia ansiedade em ralação ao parto, em todos esses
componente de medo do desconhecido da imprevisibilidade do risco. Esta
ansiedade freqüente é expressa pelo temor de entrar na sala de parto, surgem
fantasias de ficar nervoso, no entanto, mesmo quando fica fora da sala, quase
sempre sente angústia e inquietação, especialmente quando pelo contexto
assistencial, fica a mercê de que alguém da equipe saia da sala para dar-lhe
notícias. Estes temores costumam estar bastante presentes no final da
gravidez. Mesmo sabendo que tudo isso poderá acontecer, é difícil prever
como efetivamente a mulher e o homem não se sentir na hora do parto.
O puerpério, assim como a gravidez, é um período bastante vulnerável à
ocorrência de crises. O primeiro dia após o parto é carregado de emoções
intensas e variado.
A puérpera sente-se em geral debilitada e confusa. A sensação de
desconforto físico devido a náuseas, dores e ao sangramento pós - parto é
particularmente intensa, isso ocorre lado a lado com a excitação pelo
nascimento do filho. A habilidade emocional é o padrão mais característico da
primeira semana após o parto, onde surge o medo da responsabilidade de ser
mãe, medo de não ter a capacidade de cuidar daquele ser que no momento é
tão dependente da mãe, principalmente, ou totalmente.
A euforia e a depressão alternam-se rapidamente, esta última (depressão)
podendo atingir grande intensidade. Todos esses fatores ocorrem também pela
súbita queda dos níveis hormonais.
Às vezes é difícil determinar a linha divisória entre a normalidade e a
patologia, no caso da depressão pós – parto. Porém, em todo caso, a
intensificação ou a permanência dos sintomas depressivos após algumas
semanas depois do parto merece ser vistas com maior cuidado. A depressão
pós – parto tende a ser mais intensa quando há uma quebra muito grande da
expectativa em relação ao bebê, a si própria como mãe, e ao tipo de relação
que se estabelece com a presença do filho. Essa depressão que se prolonga
pelos primeiros meses pós – parto é comum persistir a sensação de decepção
consigo mesma, desilusão, fracasso.
Em suma, o bebê a nascer se constitui num enigma, representa
esperança de auto – realização para os pais e ao mesmo tempo, ameaça de
expor as dificuldades ou deficiência dos pais, implica, portanto, numa promessa
de aumentar a auto – estima dos pais, e, ao mesmo tempo de “denunciá-los”
como pais maus.

Humanização é o processo de transformação da cultura institucional que


reconhece e valoriza os aspectos subjetivos, históricos e socioculturais dos
atores sociais – usuários e profissionais – envolvidos nas práticas de saúde,
melhorando as condições de trabalho e a qualidade do atendimento.
É considerada uma possibilidade política de se alterar essa lógica e de
instaurar, no interior das instituições, espaços de liberdade capazes de acolher,
amparar, sustentar e dar significado à presença e às ações de profissionais de
saúde, gestores e pacientes, ao considerar suas dimensões subjetivas e
singulares.
No final do século 20, cresce em todo o mundo um movimento por
oferecer uma assistência à saúde baseada na evidência empírica da segurança
e da efetividade dos procedimentos, em todas as especialidades médicas. No
caso da assistência à gravidez e ao parto, esta preocupação com a evidência é
ainda mais crucial, uma vez que, diferentemente das outras especialidades,
estas práticas irão intervir sobre mulheres e crianças supostamente saudáveis,
e num processo supostamente normal, o parto (Chalmers, 1992).
Na segunda metade do século 20, houve uma rápida expansão no uso de
muitas tecnologias com a finalidade de desencadear, aumentar, acelerar,
regular ou monitorar o processo fisiológico do parto, com o objetivo de torná-lo
"mais normal" e melhorar a saúde de mães e crianças. Neste processo, tanto
em países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, as tentativas de
melhorar a qualidade da assistência ao parto muitas vezes levaram à adoção
acrítica de intervenções inapropriadas, desnecessárias e às vezes arriscadas,
sem a devida avaliação de sua efetividade ou segurança. (Enkin, 1995, 2000;
WHO, 1996).
A partir mesmo da metade da década de 80, com a publicação da primeira
fase destes trabalhos (WHO, 1985; 1986), a avaliação científica das práticas de
assistência vem evidenciando a efetividade e a segurança de uma atenção ao
parto com um mínimo de, se alguma, intervenção sobre a fisiologia, e de
muitos procedimentos centrados nas necessidades das parturientes - ao invés
de organizados em função das necessidades das instituições de assistência.
Isto resultou em um novo paradigma, que propõe que
“O objetivo da assistência é obter uma mãe e uma criança saudáveis com o
mínimo possível de intervenção que seja compatível com a segurança. Esta
abordagem implica que no parto normal deve haver uma razão válida para
interferir sobre o processo natural" (WHO, 1996: 4).
A sistematização da reflexão crítica sobre este modelo de assistência ao
parto se inicia, quando, no contexto do Ano Internacional da Criança (1979), é
criado na Europa um comitê regional para estudar os limites das intervenções
propostas para reduzir a morbidade e a mortalidade peri-natal e materna
naquele continente. A partir deste comitê, vários grupos de profissionais
passam a se organizar para sistematizar os estudos de eficácia e segurança na
assistência à gravidez, ao parto e pós-parto, iniciando um esforço que se
estendeu mundialmente, apoiado pela Organização Mundial da Saúde, OMS
(WHO, 1985; Chalmers, 1992; Cochrane Collaboration, 1996; Wagner, 1997).
No decorrer do processo, foram incorporados nos grupos de trabalhos,
além dos especialistas, representantes de grupos de mulheres e de
organizações de consumidores dos serviços de saúde, que vieram a cumprir
um importante papel neste esforço (Wagner, 1997).
Em meados da década de 90, a OMS passa a divulgar amplamente
documentos baseados nestes estudos, classificando os procedimentos de
rotina em quatro categorias:
A- -condutas que são claramente úteis e que deveriam ser encorajadas;
B- - condutas claramente prejudiciais ou ineficazes e que deveriam ser
eliminadas;
C- - condutas sem evidência suficiente para apoiar uma recomendação e que,
deveriam ser usadas com precaução, enquanto pesquisas adicionais
comprovem o assunto; e
D- - condutas freqüentemente utilizadas de forma inapropriadas, provocando
mais dano que benefício.
Se considerarmos as referidas recomendações da OMS e os
procedimentos reconhecidos como benéficos, vemos que a primeira
recomendação é o desenvolvimento de um plano individual feito pela mulher.
Os estudos mostram que quando a mulher está informada sobre as suas
possibilidades de escolha no parto - aí incluídos o lugar de dar à luz, o
profissional e demais pessoas que vão acompanhá-la e os procedimentos
eletivos na assistência - este parto tem mais chance tanto de ser mais saudável
para mãe e bebê quanto da mulher expressar maior satisfação com a
experiência (Enkin, 2000).
A assistência é organizada como uma linha de montagem (Martin, 1987;
Rothman, 1993), com a rígida estipulação dos tempos para cada estágio do
parto. A transferência das mulheres de local em local durante o parto, assim
como a própria arquitetura das maternidades - fatores que contribuem para
inviabilizar o respeito à fisiologia do processo (Enkin e cols.1995), são parte da
assistência típica ao parto no Brasil.
Para alguns autores (Gaskin, 2000; Davis-Floyd, 1997; Wagner, 2000),
com os quais nos identificamos, por parto normal devemos entender o parto
que ocorre conforme a fisiologia, sem intervenções desnecessárias nem
seqüelas destas intervenções. Um parto vaginal orientado por uma abordagem
médico-cirúrgica e pelo modelo tecnocrático acima descrito, que inclua um
conjunto de intervenções desnecessárias que vão deixar seqüelas físicas e um
maior desgaste emocional da mulher com sua experiência, deveria se chamar
de "parto típico”, até por sua variabilidade geográfica, pois como vimos este
"normal" varia de acordo com o país ou o serviço.
Ainda que haja uma variação entre os países, o problema até mesmo do
reconhecimento da existência destes trabalhos de revisão sistemática e das
conseqüências que seus achados apontam parece ser universal, e "apesar do
compromisso da comunidade de saúde pública com a saúde materna e infantil,
é difícil encontrar, mesmo no discurso da saúde pública, o reconhecimento
destes importantes recursos e da distância entre evidência e prática. (Sakala,
APHA, 2000)”.
É importante reafirmar que o desenvolvimento de propostas de mudança
das práticas em direção à sua humanização, por parte de várias instituições -
inclusive do Ministério da Saúde - é muito marcante nos três anos decorridos
desde que apresentamos este projeto de tese, criando um campo mais amplo
de possibilidades de mudança concreta nos serviços que aquele vislumbrado
originalmente. Temos várias iniciativas institucionais de mudança da
assistência, em um contexto em rápida transformação.
A discussão sobre humanização é de certa forma uma versão brasileira,
ou latino-americana, daquilo que nos países de língua inglesa é chamado
movimento por um "gentle birth”, "respectful birth", entre outros termos mais
imediatamente referidos ao cuidado na relação pessoal. Ou daquilo que em
muitos contextos é referido com termos aparentados, como o "natural
childbirth" e suas muitas variações, herdeiros da tradição menos ou mais crítica
da assistência, do parto psicoprofilático de Dick-Read e de Lamaze na década
de 50, do método Bradley ("husband-coached birth"), que já trazia na década
de 60 o papel crucial do pai como acompanhante e do nascimento como
evento familiar. Há também a abordagem centrada no parto ativo ("active
birth"), disseminado pelo trabalho de Janet Balaskas, que preconiza um papel
ativo física e emocionalmente por parte da mulher, que se educa sobre o
nascimento e assume seu papel de protagonismo no parto, ao invés de um
papel passivo e dependente, além de uma linha de parto centrado na mulher
("women-centered childbirth"), entre outros.
Cada um destas abordagens, que são de certa forma complementar entre
si, denota sua respectiva crítica a alguma face do modelo - à falta de gentileza
e de respeito; à assistência que obriga as mulheres à passividade e à
imobilidade, que isola a mulher e impede o envolvimento paterno; que é
centrado na conveniência de profissionais e instituições e não das mulheres,
etc.

As evidências científicas assinalam que a presença de acompanhante


contribui para a melhoria dos indicadores de saúde e do bem-estar da mãe
e recém nascido. A presença de acompanhante que garanta apoio
contínuo, ao longo do trabalho de parto, parto e pós-parto, aumenta a
satisfação da mulher com relação a essa experiência e reduz
significativamente o percentual de cesáreas; a duração do trabalho de
parto; a utilização de analgesia/anestesia e de ocitocina; e o tempo de
hospitalização dos recém-nascidos.

Essas evidências levaram a Organização Mundial de Saúde a


recomendar a presença de acompanhante no parto na Conferência sobre
Tecnologias Apropriadas para o Nascimento e Partos em 1985 e, no Brasil,
inspiraram a Rede pela Humanização do Parto e Nascimento – REHUNA –
a buscar assegurar legalmente esse direito à parturiente.

A primeira iniciativa realizada com este intuito foi da Secretaria Municipal


de Saúde do Rio de Janeiro que, através da Resolução N°667, de 20 de
outubro de 1998, garantiu o direito a acompanhante em todas as oito
maternidades municipais.
LEI Nº. 11.108, DE 7 DE ABRIL DE 2005 - Art. 19-J. Os serviços de
saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada,
ficam obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um)
acompanhante durante todo o período de trabalho de parto, parto e pós-
parto imediato.

Os temores que mais se expressam na gravidez apresentam um caráter


de auto punição, do tipo: temor a dor do parto, temor a morte no parto,
incapacidade de criar bem o filho, malformação fetal. Enfim, a gestante
sente que não é capaz de defrontar-se com o parto e supera-lo.

Diante da iminência do parto, seja por parto normal ou cesárea muitas


gestantes quando despreparadas ficam com medo: medo de sentir dores
insuportáveis, medo de enfrentar o desconhecido, medo de não ser bem-
recebido na unidade de saúde e o medo de ficar sozinha com muitas pessoas
desconhecidas ao seu redor.

Os fatores que causam tanto medo na gestante são falta de conhecimento


e desamparo psicológico. O primeiro vem de tantos mitos, dos meios de
comunicação e de dizeres bem-intencionados de amigas, mães e avós, que
contam dos horrores do parto pelos quais passaram ou do pensamento de que
o parto possa danificar as suas genitálias. Infelizmente a tradução errônea das
palavras hebraicas pesa sobre nós até o dia de hoje. Na verdade ali está
escrito que o parto será trabalho árduo e penoso, o que não significa dor
insuportável.

Se a gestante pudesse ser preparada para o trabalho de parto sem medo


e sem tensão e se aprendesse a encarar a gravidez e o parto como processo
fisiológico poderia acabar com a falta de conhecimento. Finalmente o
"desamparo psicológico é caracterizado pelo despreparo do profissional de
saúde, e também pela indiferença demonstrada na falta de apoio psicológico e
informação". Portanto cabe exatamente aos profissionais da saúde quebrar em
primeira instância a tríade MEDO – TENSÃO – DOR.
Se a humanização do parto inicia na unidade de saúde, no hospital ela
precisa achar continuidade. Em quase todos os hospitais ainda existem regras
difíceis de serem acabadas mesmo que cientificamente já foi provado que seria
muito melhor aboli-las, como a tricotomia, o enema e outras que fazem com
que a gestante se sinta presa, sozinha, envergonhada e despida de tudo que
lhe pertence.

Mas com um pouco de boa vontade já é possível oferecer mais algum


conforto para as mulheres, permitindo que ela mude de posição conforme a
sua vontade e necessidade, que possa deambular sentar, ajoelhar-se, ficar de
cócoras ou tomar um banho quente para relaxar. Também precisa ser bem
informada a respeito de tudo que está acontecendo, trazendo-lhe as
informações de acordo com o linguajar que ela entenda.

O importante é que ela possa se sentir segura, amparada por alguém, que
lhe traga algum conforto e que não fique com medo por desinformação, pelo
ambiente hostil ou desencorajada por pessoas que demonstram má vontade
para com ela.

2. PROPOSIÇÃO

Este trabalho objetiva verificar se o processo de humanização auxilia a


gestante na diminuição dos temores vivenciados na sala de pré-parto segundo
as variáveis:

1. visão de humanização;

2. como a gestante imagina o parto;

3. há preocupações com o parto;

4. quais são os temores da gestante com o parto;

5. há preocupações com o bebê;


6. quais são os temores da gestante com o bebê;

7. o processo de humanização contribuiu para a diminuição dos


temores vivenciados na sala de pré-parto

3. MATERIAL E MÉTODO

Este trabalho é uma pesquisa de campo para conclusão do curso de Pós-


Graduação e foi realizado com 100 gestantes, escolhidas aleatoriamente, de 18
a 30 anos de idade, primíparas e multíparas, de variado nível sócio-econômico
que deram à luz na Santa Casa de Misericórdia de Anápolis, no período de 30
de março a 10 de abril de 2005, conforme questionário abaixo:

1. Qual a sua visão de humanização:

() segurança () apoio

() respeito () saúde

() conforto

2. Como você imagina o parto:

() doloroso () bom

() demorado () rápido

() sem problemas () não sabe

3. Você tem alguma preocupação com o parto:

() sim () não

4. Quais os seus temores em relação ao parto:

() morrer () sentir dor


() bebê nascer antes da hora () não dilatar

5. Você tem alguma preocupação com o bebê:

() sim () não

6. Quais os seus temores em relação ao bebê:

() morrer () saúde do bebê

() nascer com malformação

7. O processo de humanização contribuiu para a diminuição dos


temores vivenciados na sala de pré-parto:

() sim () não

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

TABELA I

Distribuição por número e porcentagem das gestantes entrevistadas


segundo a visão de humanização.

VISÃO DE HUMANIZAÇÃO NÚMERO PORCENTAGEM

Segurança 7 7,00%

Apoio 10 10,00%

Respeito 25 25,00%

Saúde 35 35,00%

Conforto 23 23,00%

TOTAL 100 100,00

Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.

A Tabela I mostra que a gestante identifica a humanização com saúde 35


( 35,00%) e apenas 7 (7,00%) atribuem a humanização com segurança.
TABELA II

Distribuição por número e porcentagem das gestantes entrevistadas


segundo como ela imagina o parto.

COMO IMAGINA O PARTO NÚMERO PORCENTAGEM

Doloroso 17 17,00%

Bom 3 3,00%

Demorado 33 33,00%

Rápido 10 10,00%

Sem problemas 17 17,00%

Não sabe 20 20,00%

TOTAL 100 100,00

Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.

Na Tabela II predominou o parto demorado com 33 (33,00%) gestantes e


apenas 3 (3,00%) gestantes imaginam que o parto será bom.

TABELA III

Distribuição por número e porcentagem das gestantes entrevistadas


segundo se há alguma preocupação com o parto.

HÁ PREOCUPAÇÕES COM O PARTO NÚMERO PORCENTAGEM

Sim 60 60,00%

Não 40 40,00%

TOTAL 100 100,00

Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.

Na Tabela acima a maioria das gestantes 60 (60,00%) tem alguma


preocupação com o parto.
TABELA IV

Distribuição por número e porcentagem das gestantes entrevistadas


segundo os temores em relação ao parto.

TEMOR EM RELAÇÃO AO PARTO NÚMERO PORCENTAGEM

Morrer 66 66,00%

Sentir dor 6 6,00%

Bebê nascer antes da hora 11 11,00%

Não dilatar 17 17,00%

TOTAL 100 100,00

Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.

Na Tabela IV predominou o temor da gestante de morrer na hora do parto


66 (66,00%).

TABELA V

Distribuição por número e porcentagem das gestantes entrevistadas


segundo há alguma preocupação com o bebê.

HÁ PREOCUPAÇÃO COM O BEBÊ NÚMERO PORCENTAGEM

Sim 57 57,00%

Não 43 43,00%

TOTAL 100 100,00

Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.

Na Tabela V a maioria das gestantes 57 (57,00%) tem preocupação com


o bebê.
TABELA VI

Distribuição por número e porcentagem das gestantes entrevistadas


segundo os temores em relação ao bebê.

TEMORES EM RELAÇÃO AO BEBÊ NÚMERO PORCENTAGEM

Morrer 24 24,00%

Saúde do bebê 18 18,00%

Nascer com malformação 58 58,00%

TOTAL 100 100,00

Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.

Na Tabela acima 58 (58,00%) gestantes tem o temor de o bebê nascer


com alguma malformação.

TABELA VII

Distribuição por número e porcentagem das gestantes entrevistadas


segundo se o processo de humanização contribuiu para a diminuição dos
temores vivenciados na sala de pré-parto.

O PROCESSO DE HUMANIZAÇÃO CONTRIBUIU NÚMERO PORCENTAGEM


PARA A DIMINUIÇÃO DOS TEMORES VIVENCIADOS
NA SALA DE PRÉ-PARTO
Sim 89 89,00%

Não 11 11,00%

TOTAL 100 100,00

Fonte: Pesquisa de Campo, 2005.

Na tabela VII a grande maioria das gestantes 89 (89,00%), acredita que o


processo de humanização contribuiu para a diminuição dos temores
vivenciados na sala de pré-parto.
5. CONCLUSÃO

Pelos dados pesquisados pode-se concluir que:

1. a gestante identifica a humanização com saúde;

2. a gestante imagina um parto demorado, seguido de dor, mas sem


problemas;

3. a maioria das gestantes tem alguma preocupação com o parto;

4. predominou o temor da gestante de morrer na hora do parto;

5. a maioria das gestantes tem preocupação com o bebê;

6. gestantes tem o temor de o bebê nascer com alguma


malformação;e

7. a grande maioria das gestantes acredita que, o processo de


humanização contribuiu para a diminuição dos temores
vivenciados na sala de pré-parto.

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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