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PREVENÇÃO DE AGRAVOS
RESUMO
Introdução: a psicose puerperal é um transtorno psiquiátrico de emergência que pode acometer mulheres no
puerpério, podendo ser prejudicial para a saúde materna e do recém-nascido, embora seja extremamente raro, é
imprescindível a atuação de uma equipe de enfermagem qualificada para o diagnóstico precoce, através da
assistência à puérpera. Objetivo: este estudo teve como objetivo descrever a prevalência, os fatores de risco da
psicose puerperal, além de identificar o papel do enfermeiro no diagnóstico e relacionar a psicose pós-parto com
a morbidade materna e saúde do recém-nascido. Metodologia: Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica,
descritiva, realizada através de consulta nas bases de dados eletrônicos, artigos científicos e periódicos, veiculados
na Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), base de dados Medline e Pubmed, Google e Google Scholar, Elsevier e
Springer, outros sites eletrônicos acadêmicos e sites institucionais, que abordam o tema da psicose puerperal,
destacando o papel do profissional de enfermagem na intervenção terapêutica e prevenção desse transtorno
psíquico. Resultados: Após passar pelo refinamento de pesquisa foram inclusos 20 estudos com leitura na íntegra
e os dados extraídos e organizados. As pesquisas enfatizaram que a psicose puerperal abrange inúmeros sintomas
e complicações psicossomáticas, que devem ser apresentadas a equipe de saúde e ao enfermeiro, pois através deste
profissional, que é o protagonista no cuidado integral deste perfil de pacientes, informado, eficiente e observador,
poderão ser alcançados diagnósticos precoces e a terapêutica apropriada e consequentemente a diminuição de
episódios graves, suicídio e infanticídio, garantindo grande benefício para os serviços de saúde. Considerações
finais: nota-se que ainda há uma necessidade de aprofundamento sobre o tema, ainda pouco conhecido, e ressalta-
se a importância do profissional de enfermagem preparado e qualificado para prestar assistência a puérpera de
forma qualitativa.
___________________________
¹ Graduanda do nono semestre do curso de enfermagem – UNIEURO. E-mail: luanatais.lts@gmail.com
² Graduanda do nono semestre do curso de enfermagem – UNIEURO. E-mail: marceelasousa@gmail.com
³ Docente, Mestre, do curso de enfermagem do Centro Universitário UNIEURO. E-mail: thalita004273@unieuro.edu.br
2
INTRODUÇÃO
METODOLOGIA
RESULTADOS E DISCUSSÃO
TÍTULO DO
TIPO DE CONSIDERAÇÕES
ESTUDO/ OBJETIVOS RESULTADOS
ESTUDO FINAIS
AUTOR/ ANO
Destaca-se a
Conclui-se que a psicose
importância de uma
pós-parto pode fazer parte
avaliação integral do
de uma doença crónica ou
Reunir e sintetizar estado de saúde das
ocorrer sob a forma de um
Revisão de a informação grávidas para a
episódio isolado ou
literatura nas atual sobre identificação e
inaugural. Devido à sua
bases de psicose pós-parto, tratamento,
evolução e associação com
dados relacionar a concomitantemente
Psicose Pós- a doença bipolar, mulheres
Medline, psicose pós-parto para a conceptualização
Parto SANTOS. com quadros de mania,
Google, com a da morbilidade materna
V. H. J. (2020) hipomania, depressão
Google morbilidade e do recém-nascido
psicótica, ou com uma
Scholar, materna e saúde associada à PP, torna-se
perturbação psicótica,
Elsevier e do recém-nascido fundamental avaliar a
devem ser corretamente
Springer. e identificar sua severidade e
rastreadas, instruídas e
pontos chaves. ocorrência, assim como
monitorizadas durante as
o seu impacto e
primeiras semanas do pós-
possíveis
parto.
consequências.
O parto é um potente
O início da psicose pós- gatilho de episódios de
Phenomenology parto é isolado dentro transtorno de humor grave.
, Epidemiology Revisão Analisar e de um período de tempo Enquanto metade de todas
and Aetiology bibliográfica descrever a muito específico, as mulheres que sofrem de
of Postpartum de natureza fenomenologia, proporcionando uma psicose pós-parto não têm
Psychosis: A qualitativa e epidemiologia e oportunidade de estudar histórico de doença
Review. análise etiologia do Pós- a etiologia desses psiquiátrica, aquelas com
PERRY et al. descritiva. parto. episódios de uma forma transtorno bipolar ou
(2021) única de outras doenças história de psicose pós-
psiquiátricas. parto estão em risco
particularmente alto.
6
Tanto a depressão
O caso apresentado mostra
Estudo de Relatar um caso perinatal quanto a
Prepartum quase todos os sintomas de
caso e raro de psicose psicose são tratáveis, e a
Psychosis and doenças mentais perinatais,
revisão da pré-parto que maioria das mães
Neonaticide: enquanto, ao mesmo
literatura evoluiu para o mantém a custódia de
Rare Case Study tempo, combina depressão
sobre desfecho de seus filhos. A detecção
and Forensic- pré-parto com psicose,
transtornos neonaticídio e precoce e o
Psychiatric escalando para o ponto
mentais resumir a atendimento a todas as
Synthesis of final do neonaticídio. O
periparto literatura sobre mulheres em risco de
Literature. agravo pode ser evitado
relevantes transtornos doença mental por uma
KARAKASI et quando detectado os
para o mentais periparto equipe interdisciplinar
al. (2017) sintomas precocemente e o
estudo. e infanticídio. são de grande
suporte imediato fornecido.
importância.
Destaca-se a necessidade
Psychological Os resultados buscaram de intervenção psicológica
interventions for identificar e abranger e psicossocial após a
Explorar as
managing sobre a segurança e psicose pós-parto para
experiências,
postpartum contenção, o impacto facilitar e melhorar a
necessidades e
psychosis: a psicológico e no recuperação e o
preferências de
qualitative planejamento do futuro, funcionamento a longo
Pesquisa intervenção
analysis of os quais destacam o prazo das mulheres. Foram
exploratória psicológica na
women’s and elemento temporal da fornecidas recomendações
qualitativa. perspectiva de
family recuperação da psicose sobre os tipos de
mulheres com
members’ pós-parto, visto que as intervenção que seriam
psicose pós-parto
experiences and necessidades benéficas, além da
e na perspectiva
preferences. psicológicas das investigação necessária
de familiares
FORDE et al. mulheres mudaram ao para desenvolver e testar a
(2019) longo do tempo. eficácia dessas
intervenções.
O suicídio é raro
durante o episódio A taxa de suicídio é alta nas
Suicide and agudo, mas a taxa é alta famílias de mães com
filicide in mais tarde na vida da psicose pós-parto e em
Revisar a
postpartum Estudo mãe e em parentes de episódios psicóticos
frequência de
psychosis. descritivo e primeiro grau. A taxa de subsequentes, mas não
suicídio e filicídio
BROCKINGTO quantitativo, filicídio é alta nas durante episódios
em uma literatura
N. I. (2016) pesquisa psicoses depressivas maníacos/ciclóides
de mais de 4.000
bibliográfica (4,5%), mas menor nos puerperais agudos. Os
e séries pessoais
e estudo de episódios sem filicídios também são
de 321 psicoses
casos. depressão manifesta incomuns durante as
de parto.
(menos de 1%), e psicoses pós-parto agudas
alguns deles parecem sem características
ser acidentais, sem depressivas.
intenção de matar.
Em suma, foi explorado a
incidência dos transtornos
Descrever e A psicose puerperal,
afetivos puerperais e como
discutir as por sua vez, é a
Consequências e fatores predisponentes
Revisão principais manifestação de maior
fatores podem influenciar na
bibliográfica síndromes gravidade de transtorno
predisponentes ocorrência destes. Portanto,
de natureza psiquiátricas que psiquiátrico puerperal.
dos transtornos este trabalho visa mostrar a
qualitativa e podem ocorrer no Dessa forma, ressalta-
puerperais. necessidade de um olhar
análise período puerperal, se a importância da
HERDI et al. atencioso às mulheres
descritiva. identificando seus atenção à mulher e ao
(2021) gestantes com o objetivo de
fatores causadores recém-nascido neste
promover saúde e
mais comuns. período.
assistência adequada após o
nascimento do bebê.
7
O estudo identificou
Discutir qual o
que cerca de 47,05%
posicionamento A presença de transtornos
das mulheres não
teórico e psiquiátricos no puerpério é
realizaram pré-natal e
jurisdicional em um importante fator de
Pesquisa não procuraram ajuda
Infanticídio e casos de risco para a ocorrência do
bibliográfica médica em nenhum
estado de infanticídio, com infanticídio, representando
e momento, nem mesmo
psicose o estudo de o risco de fatalidades
documental na hora do parto. Bem
puerperal: uma aspectos como: principalmente se falando
com base em como, demonstraram o
análise das fatores de risco em psicoses no pós-parto.
uma análise não preparo básico para
jurisprudências. para a prática do Porém o que pôde ser
de acórdãos receber o bebê. Esse
ALMADA et al. infanticídio, observado é que a patologia
do TJMG e dado está, na maioria
(2020) análise do estado por si só não representou
TJRJ. dos casos, ligado com a
puerperal, um alto índice na pesquisa,
ocultação da gravidez
realização de estando acompanhado de
perante os familiares e a
exame de outros fatores.
sociedade em geral, e a
sanidade mental.
negação da mesma.
Defende-se a
construção de uma
assistência obstétrica Tais transtornos quando
Descrever e integral, com subnotificados ou não
discutir as profissionais sensíveis tratados podem ter
Aspectos dos principais às questões repercussões irreversíveis.
Revisão
transtornos síndromes psicossociais. Assim Nesse contexto, é
bibliográfica
mentais comuns psiquiátricas que como, a avaliação e o necessário reforçar a
qualitativa e
ao puerpério. podem ocorrer no acompanhamento das importância do
análise
ASSEF et al. período puerperal, gestantes são acolhimento e atendimento
descritiva.
(2021) identificando seus fundamentais, pois esse humanizado às puérperas e
fatores causadores cuidado gestacional seus filhos bem como o
mais comuns. pode ser o único contato diagnóstico
que esta mulher está precoce desses quadros.
tendo com os serviços
médicos.
A maneira como a
maternidade é vista e
idealizada pela
sociedade, influenciam
diretamente no A gravidez e o puerpério
desenvolvimento dos são períodos em que a
distúrbios do puerpério. mulher está sujeita a várias
Os aspectos A mulher, nesse alterações físico/hormonais
Estudar os
psicológicos da período, está exposta a e psicossociais. Pode se
Pesquisa principais
mulher: da maiores riscos de observar um número maior
qualitativa e aspectos
gravidez ao surgimento de de estudos sobre a
bibliográfica psicológicos da
puerpério. transtornos mentais em Depressão Pós-parto, sendo
. gravidez e do
CASTRO et al. comparação a outras este o mais conhecido entre
puerpério.
(2019) fases da vida, pois na as mulheres. Tendo ainda
fase puerperal as uma escassez de pesquisas
defesas tanto físicas relacionados a outros
quanto psicossociais da transtornos puerperais.
mãe estão direcionadas
à proteção e
vulnerabilidade do bebê
e da mãe.
Transtorno Compreender os Identificou-se que Considerando que os
Pesquisa
mental no riscos e os fatores como gravidez transtornos mentais são
qualitativa,
puerpério: riscos mecanismos de precoce ou não comuns no puerpério,
de caráter
e mecanismos enfrentamento planejada, carência de quanto mais precocemente
descritivo.
de apresentados apoio do companheiro, detectar os fatores de risco,
8
TÍTULO DO
ESTUDO/ TIPO DE CONSIDERAÇÕES
OBJETIVOS RESULTADOS
AUTOR/ ESTUDO FINAIS
ANO
Reconhecer o
papel do
A assistência enfermeiro na A pesquisa permitiu Fica evidente a necessidade
de prevenção de compreender a atuação de práticas nos serviços de
enfermagem agravos, a da assistência da saúde que detecte de forma
no diagnóstico Revisão puérpera e seu enfermagem com a precoce possíveis
precoce da bibliográfica filho, ao equipe multidisciplinar distúrbios psiquiátricos,
psicose nas bases de diagnosticar em relação a PP, que venham acometer a
puerperal. dados precocemente desempenhando o papel puérperas , como a loucura
CARDOSO et MEDLINE e transtornos na prevenção, detecção após o parto , afim de lhe
al. (2019) LILACS mentais e tratamento, evitando proporcionar o devido
adquiridos pós- assim possíveis danos tratamento mantendo
parto a exemplo uma vez que atinge a íntegra a sua saúde e a do
da psicose interação mãe-bebê. bebê .
puerperal e suas
consequências
O estudo demonstra os
principais fatores que
Interface entre Descrever a
levam ao maior risco de
prevalência, prevalência da O presente estudo mostrou
psicose puerperal e
fatores de psicose puerperal relação entre história de
consequentemente do
risco e em adolescentes, transtorno bipolar e o
suicídio materno. Com
terapêutica da os fatores de risco desenvolvimento de
Revisão isso, foram mostradas
psicose associados, psicose pós-parto, sendo
narrativa da inúmeras alternativas
puerperal: impactos da este o principal fator de
literatura, de tanto durante a
uma revisão doença no período risco. Mesmo sendo rara, a
natureza gestação, como em
de literatura. pós-parto e psicose pós-parto é a maior
qualitativa. períodos fora da
RIBEIRO et enumeração das emergência relacionada à
gravidez, as quais
al. (2021) intervenções para saúde mental pós-parto,
ajudam mulheres ser
um melhor causando um maior número
tratadas e
desfecho na saúde de suicídio e infanticídio.
acompanhadas para
da mãe e filho.
melhor vínculo mãe-
filho.
Descrever a Pôde-se ver uma Reafirma a conduta do
assistência tendência amparada nos enfermeiro frente ao
Transtornos
Revisão prestada pelos estudos discutidos de transtorno, objeto do
mentais:
integrativa de profissionais que a enfermagem atua estudo, tanto como parte da
assistência de
literatura enfermeiros a de forma significativa e equipe multidisciplinar
enfermagem
descrita mulheres com que suas intervenções como no protagonismo da
na psicose
através de apresentação de são necessárias em toda prestação de cuidados em
puerperal.
pesquisa psicose puerperal, a rede de atenção à toda a rede de atenção à
FERREIRA et
bibliográfica a fim de garantir o saúde, nos momentos saúde. Ao fim, destaca-se a
al. (2021)
bem-estar da em que as pacientes necessidade de
criança e da estejam em ambiente fortalecimento dos
9
De acordo com as
entrevistas, as
enfermeiras, no que diz
Cuidados de respeito as alterações
Apontar as
enfermagem psicológicas, não Fica notório a necessidade
principais
no período sabem de certa forma de realizações de educação
complicações
pós-parto: um Pesquisa de identificar a ocorrência continuada com a equipe de
durante o
enfoque na campo, do tipo de complicações enfermagem e a
puerpério e
atuação do descritivo- psicológicas, na implementação de
descrever os
enfermeiro exploratória e perspectiva de evitar protocolos operacionais
cuidados de
diante as quali- complicações padrão para unificar e
enfermagem
complicações quantitativa. puerperais, as nivelar a assistência, dando
necessários frente
puerperais. enfermeiras subsídios para os cuidados
à estas
TEIXEIRA et responderam que as as puérperas.
complicações.
al. (2019) orientações são uma
importante forma de
prevenções de
complicações.
Possibilidades de
prevenção e
tratamentos das
possíveis
intercorrências
Explicitar e psicológicas
descrever as Foi possível realizar o
decorrentes desse
Pré-natal intervenções da levantamento de indícios
momento de vida da
psicológico Pesquisa de técnica de PNP, de que o PNP traz
mulher, entre eles: o
para gestantes revisão de analisando na benefícios à gestante e é
levantamento de quais
como literatura literatura se há eficaz para na prevenção e
transtornos são mais
prevenção aos narrativa de indícios da minimização dos impactos
recorrentes neste
transtornos natureza eficácia desta em relação aos transtornos
período, os fatores de
puerperais. qualitativa, ferramenta na puerperais em dois dos
risco, possíveis
CAMARGO descritiva prevenção de artigos pesquisados. O
consequências dos
et al. (2021) exploratória. transtornos período referido é um
transtornos para saúde
gravídico- momento que requer
materna e infantil e
puerperal. acompanhamento.
benefícios da técnica de
PNP, e a evidência da
importância deste
trabalho através de um
profissional
qualificado.
Na grande maioria dos
atendimentos, os
enfermeiros abordam
Conclui-se que há diversas
questões fisiológicas da
complicações
Identificar quais gestação, deixando de
Período psicossomáticas na
as complicações questionar e analisar os
Puerperal e puérpera, que devem ser
Estudo mais frequentes fatores emocionais.
Atuação do inspecionadas pelo
descritivo, na puérpera, além Alguns enfermeiros
Enfermeiro: enfermeiro, além das
realizado a de verificar a escutam e apoiam as
uma Revisão possíveis causas
partir uma atuação do mulheres com DPP,
Integrativa. hereditárias. Sem este
revisão enfermeiro porém, muitas vezes, só
AZEVEDO et profissional capacitado, o
integrativa. perante o iniciam esta abordagem
al. (2018) início de um novo ciclo de
puerpério. quando os sinais
vida pode estar
depressivos já foram
comprometido, caso
identificados pelos
ocorram complicações.
agentes comunitários de
saúde e familiares
destas mulheres
11
Compreender a
relevância da
assistência de As análises realizadas
Revisão enfermagem mostraram que embora
integrativa diante dos os distúrbios
transtornos É fundamental o apoio da
sobre a psicológicos no
psicológicos no equipe de enfermagem
assistência de puerpério sejam um
puerpério, tendo centrado em um pré-natal
e Enfermagem Revisão tema atual e recorrente,
em vista os riscos com uma visão holística, no
frente aos integrativa de pouco se debate sobre o
e perspectivas de planejamento familiar e na
transtornos literatura. assunto e a maioria dos
pacientes condução da gestação e
psicológicos trabalhos se referem a
acometidos por puerpério, com empatia e
no puerpério. depressão pós parto e a
síndromes resolutividade.
CASTRO et assistência de
al. (2022) psíquicas e o enfermagem prestada às
papel do puérperas.
enfermeiro nesse
enfrentamento.
De acordo com Santos (2020), O ICD-10 contém uma categoria do período perinatal
para episódios que se apresentam em até às 5 semanas após o parto, além disso o DSM-V
corrobora a classificação e não reconhece a psicose puerperal como uma identidade própria,
tendo assim uma dificuldade de diagnóstico, mesmo que alguns autores argumentem que a
psicose pós-parto é uma condição por si só.
doença psicótica pós-parto. Além dos demais fatores sendo eles hormonais, biológicos,
genéticos, privação de sono e mormente fatores genéticos. (PERRY et al., 2021)
Por conseguinte, mais de 40% das mulheres afetadas pela PP não possuem histórico de
doença psiquiátrica grave, entretanto o restante apresenta algum histórico de uma doença
psiquiátrica pré-existente, predominantemente de um transtorno psicótico ou de humor, como
o transtorno bipolar, o qual evidências indicam uma forte relação, indicando que na maioria dos
casos a PP pode ser uma manifestação do transtorno bipolar em mulheres vulneráveis ao gatilho
puerperal. (PERRY, 2021)
De acordo com Perry (2021), os fatores psicossociais são, ainda hoje, inconsistentes
para indicar uma relação de causa com a PP, todavia com base nos dados qualitativos existentes
nessa área, é possível sugerir que uma parte das mulheres que passaram por experiências
difíceis de parto e por relacionamentos familiares e conjugais sem apoio, como possíveis causas
da psicose pós-parto. Sendo assim, é necessário destacar todas as possíveis causas e olhar a
psicose puerperal como uma doença complexa e passível de análise e estudos.
Embora a ciência procure respostas sobre a base fisiopatológica desta doença nos
campos da genética, imunologia, e neuro-endocrinologia, permanece a origem complexa e
multifatorial desencadeante da PP. (SANTOS, 2020).
13
A leitura dos estudos e artigos selecionados, destaca e retrata uma visão e principalmente
um trabalho partilhado da equipe multidisciplinar da saúde, mormente na identificação dos
sintomas e possíveis intervenções. Os 10 artigos com os subtemas relacionados ao papel do
enfermeiro especificados no Quadro 2, reiteram as especificidades e contribuições da equipe de
enfermagem frente à psicose puerperal, buscando assim explorar possíveis ações de cuidado e
diagnóstico precoce a fim de promover melhorias do ciclo gravídico-puerperal.
Apesar da dificuldade por parte dos enfermeiros para rastrear a doença precocemente,
devido ao fato de ser uma doença de início súbito, pode-se ao longo da gestação até o período
após o parto, observar todos os pontos apresentados anteriormente, e de acordo com a história
da mulher observar possíveis sinais de alerta de acordo com a predisposição da mesma a
doenças psiquiátricas. Ou seja, segundo Camargo (2021), reforça-se o acompanhamento da
gestação e como o enfermeiro acompanha o período gestacional desde o início, é de suma
importância que ele tenha conhecimento e preparo sobre transtornos puerperais para que possa
conduzir e orientar, bem como rastrear possíveis sinais de incidência da psicose.
Um exemplo claro pode ser observado em um estudo de relato de caso, em que o autor
Karakasi (2017) apresenta a história real de uma mulher de 30 anos que apresentou quadro de
psicose puerperal, onde a mesma não tinha história prévia de doença psiquiátrica, mas que
depois de passar por 2 internações por complicações na gestação, começou a apresentar
sintomas de ansiedade e preocupação crescente com o bebê, projetando nele seus sintomas,
14
crendo que a criança estaria com alguma doença ou má formação, apesar de após ser avaliada
por obstetra, ser constatado o perfeito estado de saúde do feto. O caso começou com sintomas
de depressão a partir do 4° mês de gestação, mas que se agravou durante a gestação para o
quadro de psicose puerperal e consequentemente ao infanticídio. Este exemplo demonstra a
importância do rastreio precoce e sintomas de depressão e psicose, porque apesar de ter iniciado
com sintomas não muito claros, se agravou e levou ao quadro de psicose puerperal.
É necessário que o enfermeiro possua um olhar crítico e analítico, com sua ação voltada
não somente para a doença em si, mas com ações de rastreio, prevenção, promoção em saúde e
educação em saúde, voltadas para a saúde da mulher, família e comunidade. Teixeira (2019)
salienta que o processo de psicoeducação é essencial no fortalecimento de uma aliança
terapêutica e que a enfermagem deve ser reconhecida como parte essencial da equipe
multidisciplinar.
Como bem se observa nos relatos de caso de Forde (2019), foi constatado que a família
possui um papel fundamental e seu apoio é essencial para a recuperação da mulher durante o
cuidado e planejamento do tratamento. Foram também identificados problemas nos serviços de
saúde, pois pacientes e familiares contaram suas experiências diante do diagnóstico de psicose
puerperal, relatando estarem se sentindo sobrecarregados, assustados e confusos, porque nos
pré-natais os profissionais de saúde pintavam um “quadro róseo”, não preparando as mulheres
adequadamente para os problemas que poderiam surgir. Além deste problema, outros ainda
foram detectados como falta de explicação do que é a doença, as mulheres que buscavam o
serviço de saúde não se sentiam apoiadas, falta de pessoal, má continuidade do atendimento,
preocupações com a confidencialidade, falta de preparo para responder a um trauma.
Sendo o enfermeiro o profissional que está em contato maior com a mulher nesta fase
da doença, tem um papel de destaque e grande importância no manejo da PP, podendo atuar
ativamente no diagnóstico precoce, prevenção e assistência as pacientes com PP.
É válido salientar ainda, que em um estudo realizado por Korteland (2019) relata que a
literatura nas últimas 3 décadas evidencia apenas sobre a saúde no puerpério, ao processo de
aleitamento materno e ao cuidado com a criança enfatizando questões educativas e que nos
últimos cinco anos esse processo vem se transformando, uma vez que, os estudos revisados
nesta pesquisa, demonstram certa preocupação com questões objetivas e subjetivas que
envolvam a vivência da mulher nesse período, e também, a necessidade de um sistema de
15
acolhimento, tratamento eficaz para manutenção e promoção da saúde, atuando cada vez mais
em processo de melhoria contínua.
Portando, conforme Cardoso (2019), pôde-se evidenciar, uma tendência amparada nos
estudos discutidos de que a enfermagem atua de forma significativa e que suas intervenções são
extremamente necessárias em toda a rede de atenção à saúde, principalmente nos momentos em
que as pacientes estejam ainda no ambiente hospitalar, no acompanhamento do pré-natal e em
ambiente domiciliar, de modo a manter e prevenir possíveis incidentes causados pela psicose
puerperal.
Apesar de não haver diretrizes formais específicas para o manejo da PP, Korteland
(2019) destaca algumas intervenções voltadas para a melhoria do bem-estar mental e físico da
mulher com esta psicose, promoção do crescimento e fortalecimento da relação mãe-bebê e
cuidados com o parceiro do paciente, todavia ainda há necessidade de maior aprofundamento
sobre o tema e o impacto que esta patologia pode desenvolver nas relações interpessoais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
KARAKASI, M.V., et al. Prepartum Psychosis and Neonaticide: Rare Case Study and
Forensic-Psychiatric. J Forensic Sci. 2017.
LESLEY, G.; JOMEEN, J.; URQUHART, T.; MARTIN, C. Puerperal psychosis – a qualitative
study of women’s experiences. Journal of Reproductive and Infant Psychology, 32:3, 254-
269. 2014. DOI: 10.1080/02646838.2014.883597
MACIEL, L., et al. Mental disorder in the puerperal period: risks and coping mechanisms for
health promotion / Transtorno mental no puerpério: riscos e mecanismos de enfrentamento para
a promoção da saúde. Revista de Pesquisa: Cuidado é Fundamental Online, p. 1096-1102,
2019.