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C L A R I S S A C E R Q U E I R A
ANIMAIS
P E Ç O N H E N TO S
INFECTOLOGIA Prof. Clarissa Cerqueira | Animais Peçonhentos 2
INTRODUÇÃO:
PROF. CLARISSA
CERQUEIRA
@draclarissacerqueira
@estrategiamed t.me/estrategiamed
Estratégia
MED
INFECTOLOGIA Animais Peçonhentos Estratégia
MED
SUMÁRIO
1.0 OFIDISMO 4
1 .1 MEDIDAS GERAIS APÓS ACIDENTE OFÍDICO 5
1 .2 ACIDENTE BOTRÓPICO 5
1 .3 ACIDENTE CROTÁLICO 6
1 .4 ACIDENTE LAQUÉTICO 7
1 .5 ACIDENTE ELAPÍDICO 8
2.0 ESCORPIONISMO 10
3.0 ARANEÍSMO 11
3 .1 PHONEUTRIA 11
3 .2 LOXOSCELES 11
3 .3 LATRODECTUS 12
3 .4 RESUMO DO ARANEÍSMO 13
4.0 ERUCISMO 14
5.0 ACIDENTES POR HIMENÓPTEROS 14
6.0 MAPA MENTAL DOS PRINCIPAIS ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS 15
7.0 LISTA DE QUESTÕES 16
8.0 REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 17
9.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 17
CAPÍTULO
1.0 OFIDISMO
As serpentes peçonhentas são aquelas que apresentam em comum a fosseta loreal, que é um órgão sensorial termorreceptor e que fica
entre o olho e a narina da serpente (figura 1). Esses acidentes ocorrem principalmente nos membros inferiores e em pessoas que frequentam
a zona rural.
Figura 1: A seta branca aponta para a fosseta loreal. Todas as serpentes que possuem esse órgão são peçonhentas.
No Brasil, a maioria dos acidentes ofídicos é causada por serpentes do gênero Bothrops (acidente botrópico), correspondendo a cerca
de 90% do total de casos. Em segundo lugar, é o crotálico, seguido do laquético e elapídico. Olhe este gráfico para você visualizar melhor:
1,40% 0,40%
7,70%
O acidente ofídico mais frequente no Brasil é o botrópico. Dica: no alfabeto, a letra B, de botrópico, vem antes das iniciais dos
outros acidentes ofídicos ( C, L e E).
Após um acidente ofídico, algumas condutas devem ser tomadas, por exemplo: lavar a ferida com água e sabão, manter o paciente
deitado e hidratado, procurar atendimento médico e, se possível, levar o animal para identificação.
O que você não deve fazer, também é importante saber: não fazer torniquete ou garrote, não cortar o local da picada, não
perfurar ao redor do local da picada, não colocar folhas, pó de café ou outras substâncias e não oferecer bebidas alcoólicas ou outros
tóxicos.
O acidente botrópico é aquele causado por espécies como Também por conta das ações do veneno, o paciente
a Bothrops jararaca e jararacussu, serpente mais conhecida pode apresentar manifestações sistêmicas, como hemorragias
como jararaca. Seu veneno tem três ações principais: coagulante, (epistaxes, gengivorragias, hematúria etc.), insuficiência renal
hemorrágica e proteolítica. Isso leva à presença de manifestações aguda e choque. Com frequência, o tempo de coagulação está
importantes no local da picada, como dor, edema, bolhas alterado (essa informação é bem cobrada nas provas), e ele deve
e sangramentos. Pode levar a complicações locais, como o ser usado para controle do tratamento, sendo repetido após 24h.
aparecimento de um quadro de síndrome compartimental, Caso ele permaneça alterado, estão indicadas mais duas ampolas
formação de abscessos e necrose com risco de amputação do de soro antibotrópico.
membro.
Para ajudá-lo a lembrar das principais manifestações clínicas do acidente botrópico, memorize o seguinte macete:
Botrópico
O tratamento deve ser feito com medidas gerais (hidratação venosa, antibióticos se infecção secundária e analgesia) e soroterapia, com
o soro antibotrópico, soro antibotrópico-crotálico ou antibotrópico-laquético.
Esse acidente é o causado pelas serpentes da espécie Crotalus (dificuldade de mexer os olhos), turvação visual e/ou diplopia.
durissus. Popularmente, são conhecidas como cascavel (lembre-se: Por conta da ação miotóxica, o paciente pode apresentar mialgia,
C de crotalus, C de cascavel). Seu veneno tem ação neurotóxica, rabdomiólise, mioglobinúria (dica: urina cor de “CRoca-Cola”) com
miotóxica e coagulante. Como consequência dessas ações, o consequente insuficiência renal.
paciente pode apresentar uma paralisia de evolução craniocaudal, Ao contrário do acidente botrópico, esse veneno não tem
com aparecimento de fácies miastênica (ptose palpebral uni ou ação importante no local da picada. Geralmente, as manifestações
bilateral, com flacidez da musculatura da face), oftalmoplegia são leves ou ausentes, ao contrário do acidente botrópico.
Figura 4: Aqui temos um paciente com fácies miastênica (perceba a ptose palpebral e a flacidez da musculatura facial). Ao lado, você consegue perceber a evolução da
cor da urina entre a admissão do paciente e 48h após. Isso é decorrência da mioglobinúria. Frequentemente, o paciente queixa-se de urina com cor de Coca-Cola.
Dica: nas provas, algumas bancas colocam nos casos clínicos do acidente crotálico um exame de urina com cor escura ou com
evidência de hemepigmentos, mas sem hemácias. Isso ocorre porque não há hematúria, mas sim mioglobinúria.
Para ajudá-lo a lembrar das principais características do acidente crotálico, memorize o seguinte macete:
Crotálico
O tratamento específico desse acidente deve ser feito com o soro anticrotálico ou antibotrópico-crotálico. Além disso, a hidratação
venosa é fundamental para prevenir a insuficiência renal, assim como o uso de diuréticos osmóticos, como o manitol ou furosemida.
Laquético
O acidente elapídico é causado por serpentes do gênero O tratamento é feito com soro antielapídico e caso o
Micrurus, popularmente conhecidas como cobras corais. Seu paciente evolua para insuficiência respiratória, a neostigmina (um
veneno só tem ação neurotóxica e o paciente pode evoluir anticolinesterásico) e atropina podem ser utilizadas.
clinicamente com fraqueza muscular progressiva. Isso pode levar Para facilitar a memorização desse acidente, tente associar o
ao aparecimento de fácies miastênica, ptose palpebral e dificuldade nome ELApídico à ELA (Esclerose Lateral Amiotrófica). São doenças
em manter a postura ereta (semelhante ao acidente crotálico). diferentes, porém como a ELA é caracterizada por fraqueza
Com a progressão do quadro e comprometimento da musculatura muscular, dá pra você fazer essa associação e lembrar do acidente
respiratória, o paciente pode apresentar apneia com insuficiência elapídico.
respiratória aguda.
Lembrar-se de:
- Fraqueza muscular progressiva
- Fácies miastênica
Elapídico Lembre-se de ELA*
- Turvação visual
- Ptose palpebral
*Esclerose lateral amiotrófica
- Insuficiência respiratória
CAPÍTULO
2.0 ESCORPIONISMO
As principais espécies de escorpião responsáveis por esse local são classificados como leves, e aqueles com manifestações
acidente são o Tityus serrulatus, que é o causador da maioria e da sistêmicas são classificados como moderados ou graves.
maior gravidade dos casos, o T. bahiensis e T. stigmurus. Como o veneno pode acometer o coração e/ou pulmão,
Os acidentes são mais comuns em crianças e nos membros esses pacientes devem ter uma radiografia de tórax e ECG.
superiores. O tratamento com a soroterapia é recomendado somente
O veneno do escorpião tem ação neurotóxica e pode levar a nos casos moderados a graves e é feito com a administração do
quadros de disautonomia (efeitos simpáticos ou parassimpáticos). soro antiescorpiônico ou antiaracnídico da forma mais rápida
O acidente caracteriza-se por dor intensa no local da picada e, às possível. Casos leves devem ser manejados com analgesia e
vezes, parestesias. Sinais e sintomas sistêmicos podem acometer observação clínica por 6 a 12 horas.
diversos órgãos e o paciente pode apresentar sudorese, náuseas, Revise aqui os pontos mais importantes sobre o
vômitos, taquicardia e taquipneia, salivação excessiva, bradicardia, escorpionismo e memorize, pois eles são os mais cobrados em
insuficiência cardíaca, convulsões, edema pulmonar (já caiu em provas:
prova!), choque e coma. Casos que apresentem somente dor no
Ocorre em
áreas urbanas,
geralmente onde
há entulho.
CAPÍTULO
3.0 ARANEÍSMO
3.1 PHONEUTRIA
Popularmente conhecida como aranha armadeira, são manifestações sistêmicas mais graves, como taquicardia, sialorreia,
responsáveis por 42,2% dos casos de araneísmo no Brasil. diarreia, priapismo, hipertonia muscular, choque e edema agudo
Seu veneno tem ação neurotóxica e pode levar a um quadro de pulmão.
de disautonomia. Ele pode ser confundido clinicamente com o O tratamento é feito com sintomáticos, como uso de
acidente por escorpião. As manifestações no local da picada são analgésicos, e/ou infiltração de anestésicos.
importantes e imediatas. O paciente geralmente refere dor, eritema, Casos graves, aqueles com manifestações sistêmicas, têm
edema, parestesia e sudorese. Alguns casos podem apresentar indicação de soroterapia (soro antiaracnídico).
3.2 LOXOSCELES
Esse gênero corresponde a aranhas conhecidas como aranhas-marrons. Não são agressivas. Elas refugiam-se no interior de sapatos e
roupas e picam somente quando são comprimidas contra o corpo. É o acidente por aranhas mais cobrado em provas!
O veneno da Loxosceles tem ação proteolítica, coagulante e hemolítica. O quadro clínico do seu acidente pode ser dividido em forma
cutânea e forma cutânea-visceral. No primeiro caso, após 24 a 72 horas da picada, o paciente evolui com bolhas, equimoses e a placa
marmórea (hemorrágicas focais mescladas com áreas pálidas de isquemia). Após cerca de uma semana, a lesão pode evoluir para uma
necrose seca. A outra forma, a cutânea-visceral, caracteriza-se por manifestações clínicas decorrentes de hemólise intravascular, como
anemia, icterícia, hemoglobinúria, aumento de DHL, bem como bilirrubina indireta e CIVD (coagulação intravascular disseminada).
Figura 6: Placa marmórea. Lesão característica do acidente por Loxosceles. Perceba áreas de hiperemia mescladas com áreas pálidas de isquemia, lembrando um
mármore.
O tratamento de casos leves é feito com sintomáticos. Casos moderados e graves devem receber o soro antiaracnídico e prednisona.
Lembre-se: as manifestações locais do acidente por Loxosceles apresentam-se de forma mais tardia do
que em comparação com o acidente por outros animais peçonhentos.
3 .3 LATRODECTUS
As aranhas desse gênero são popularmente conhecidas como viúvas-negras. Seu veneno tem ação neurotóxica e pode lembrar o
acidente por escorpião e por Phoneutria. O que diferencia é que, nesse caso, o paciente pode apresentar quadros de tremores e contraturas,
já que o veneno atua também na junção neuromuscular.
O tratamento é feito com medicações sintomáticas, em casos leves, e sedativos com soro antilatrodético em casos moderados a graves.
Tremores e contraturas,
Taquicardia, hipertensão
Consequências da parestesia em
arterial, sudorese,
hemólise: anemia, membros, sudorese,
Manifestações agitação, priapismo,
icterícia, hemoglobinúria, mialgia, cefaleia,
sistêmicas hipertonia muscular,
petéquias, equimoses e tontura, priapismo,
diarreia, choque e edema
CIVD. dificuldade para
agudo de pulmão.
deambular.
Casos leves:
Casos leves: sintomáticos. sintomáticos.
Casos leves: sintomáticos.
Casos moderados/ Casos moderados/
Tratamento Casos moderados/graves:
graves: prednisona e soro graves: analgésico,
soro antiaracnídico.
antiaracnídico. sedativos e soro
antilatrodético.
Tabela 2: Diferenças entre os acidentes por aranhas.
CAPÍTULO
4.0 ERUCISMO
O erucismo é o nome do acidente causado por lagartas como as do gênero Lonomia, que podem causar acidentes graves decorrentes
de uma síndrome hemorrágica.
CAPÍTULO
CAPÍTULO
Animais
Peçonhentos
Lembre-se de ELA*
“CRO” que faz fraqueza
CRoca-cola muscular. Esse veneno
“Lembra vagalmente
“PICO” (urina escura pela é neurotóxico e,
o botrópico”
Plaquetopenia rabdomiólise e IRA) também, faz fraqueza
Manifestações locais
(sangramentos) Cérebro (fácies muscular progressiva,
semelhantes ao
Insuficiência renal miastênica) além de ptose
botrópico com
COmplicações locais Olho caído (turvação palpebral, oftalmoplegia,
síndrome vagal.
visual e ptose fácies miastênica,
palpebral) insuficiência respiratória
e apneia.
*Esclerose lateral amiotrófica
https://bit.ly/2LLQTVy
CAPÍTULO
CAPÍTULO