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DE ESTUDO
III
Hemorragias,
queimaduras e
acidentes
com animais
Apresentação
O presente Guia de Estudo é destinado aos alunos do primeiro semestre
de Medicina da Universidade Federal da Bahia, sendo parte das atividades do
MÓDULO DE MEDICINA SOCIAL E CLÍNICA I (MED B10).
Seu uso faz parte do projeto de implementação do Módulo de Urgência e
Emergência na grade curricular da Faculdade de Medicina da Bahia, visando
oferecer aos estudantes, desde o primeiro semestre do curso, o conhecimento
necessário para atuar na área de Urgência e Emergência.
A LAEME (Liga Acadêmica do Trauma e Emergências Médicas), desde 2004,
busca promover maior contato entre os acadêmicos de medicina e o dia-a-dia
de um médico emergencista, sendo este o profissional capaz de fazer a
diferença em situações que oferecem risco à vida.
Este guia foi escrito pelos membros da LAEME, usando referencial teórico
consistente e atualizado nos assuntos. Entretanto, não substitui o uso de
livros-texto já consagrados.
2021
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Acidentes com Animais
Autores: Marcos Bastos, Maria Paula Frias.
Os acidentes com animais peçonhentos ou mordeduras tem grande importância
médica em virtude de sua alta incidência e gravidade. Diante disso, os procedimentos iniciais
após o acidente devem ser adequados para evitar complicações e garantir um melhor
prognóstico.
Acidentes Ofídicos:
Acidentes com cobras venenosas devem ser atendidos em serviços equipados para
urgências e emergências clínicas, pela exigência de rapidez na neutralização das toxinas
inoculadas pela picada e pela necessidade de introdução de medidaspara manter as
condições vitais dos pacientes.
O diagnóstico será feito apenas pelo reconhecimento do animal causador do
acidente, mas pode ser realizado um diagnóstico presumível com base na observação dos
sinais e sintomas presentes no paciente em decorrência a ação tóxica determinada por cada
tipo de veneno.
Cerca de 47% dos acidentes ofídicos ocorrem com cobras não peçonhentas. Dessa
forma, compreende-se a importância da identificação do animal, no intuito de possibilitar a
dispensa imediata da maioria dos pacientes picados por serpentes não peçonhentas;
viabilizar o reconhecimento das espécies de importância médica em âmbito regional; e auxiliar
na indicação mais precisa do antiveneno a ser administrado.
No Brasil, a fauna ofídica de interesse médico está representada pelos gêneros
Bothrops (Jararaca), Crotalu (Cascavel), Lachesi (Surucucu), Micrurus (Coral Verdadeira).
Jararaca
Cascavel
Coral
Verdadeira
Surucucu
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Todas as serpentes dos gêneros Bothrops, Crotalus e Lachesis são providas de dentes
inoculadores bem desenvolvidos e móveis situados na porção anterior do maxilar. A
presença da fosseta loreal, um orifício situado entre o olho e a narina, confirma que são
peçonhentas.
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O que não devo fazer em caso de acidentes ofídicos:
Não use torniquete (garrote): além de não evitar que o veneno seja absorvido,
impede a circulação sanguínea adequada, podendo causar necrose;
Não corte ou provoque qualquer ferimento no local da picada: alguns venenos podem
provocar hemorragias e o corte pode aumentar o sangramento;
Não coloque substância de qualquer natureza (pomadas, fumo, cinza) sobre o local: isso
pode piorar a oxigenação local, provocar infecção ou intoxicação;
Não use bebidas alcoólicas, chás, querosene ou qualquer outra substância: além de não
ter efeito sobre a ação do veneno, pode alterar o nível de consciência do
acidentado, dificultando a avaliação médica na emergência;
Não use calmantes: pelo mesmo motivo de não oferecer bebidas alcoólicas;
Não chupar o local da picada: além de ser impossível retirar o veneno circulante do
sangue, a sucção pode piorar a oxigenação da ferida e causar infecção.
A iniciativa mais importante é procurar ajuda, pois, o ideal é o tratamento seja feito em até
30 minutos após a picada;
Deve-se deitar e acalmar a vítima, orientando-o a não se locomover ou fazer esforço físico;
Retirar anéis, pulseiras, relógios, sapatos ou qualquer adereço que possa dificultar a
circulação sanguínea para a parte do corpo afetada;
Pode aplicar compressa no local com tecidos limpos, caso haja sangramento;
Se possível, levar a cobra (viva ou morta) ou tirar fotos para identificação, pois ao se
identificar a espécie, será utilizado o soro antiofídico específico, caso não se identifique,
será utilizado o soro antiofídico polivalente;
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Acidentes com Escorpiões:
MORDEDURAS DE ANIMAIS
A maioria das ocorrências é devido a acidentes com cães
(80%), mas as feridas causadas por gatos (mordeduras e arranhões)
cursam com infecção em mais de 50% dos casos.
Deve-se atentar para as doenças infecciosas que podem ser
transmitidas, além do trauma físico causado pelas mordeduras.
As características clínicas das mordeduras de animais variam de
acordo com o agente causador. Cães possuem dentes mais rombos e
mordem com maior força, podendo causar esmagamento de tecidos, com
hemorragia mais intensa. Mordeduras de gatos causam ferimentos
puntiformes e profundos, aumentando a possibilidade de infecções
fúngicas e bacterianas.
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Os procedimentos iniciais devem incluir:
Não colocar substância de qualquer natureza (pomadas, fumo, cinza) sobre o local.
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Hemorragias Externas
Autores: Maria Paula Frias, Marcos Bastos
A perda sanguínea para o meio externo pode ocorrer devido à ruptura de vasos
venosos (sangue escuro, fluxo lento) ou arteriais (sangue vermelho vivo, fluxo pulsátil).
Como proceder?
Recomendações
Registrar o horário em que foi feito o torniquete;
São lesões causadas pelo contato da pele com fontes de elevada energia térmica, elétrica ou
química.
Como proceder?
O tratamento depende do grau da queimadura,
que é classificada com base na profundidade:
1º grau – Epiderme
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3º grau – Derme Total
LEMBRAR!
Nunca aplicar sal, açúcar, café, pasta de dente, pomadas ou outro produto caseiro;
Não arrancar fragmentos de pele e tecidos que tenham ficado aderidos à queimadura.
➢ O cálculo da superfície corporal queimada será útil para que o emergencista calcule
a reposição volêmica da vítima. Pode ser feito a partir da “regra dos 9”, sendo uma
específica para pacientes adultos e a outra para pacientes pediátricos:
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QUEIMADURAS ELÉTRICAS
Causadas pela passagem de corrente elétrica pelo corpo. A gravidade depende da
intensidade da corrente elétrica e do tempo de contato da vítima com a fonte.
O que fazer?
Se o item anterior não for possível, tentar afastar a vítima da fonte de energia utilizando luvas
de borracha grossa ou materiais isolantes secos (cabo de vassoura, tapete de borracha,
jornal dobrado, pano grosso dobrado, corda, etc.).
Não tocar na vítima até que ela esteja separada da corrente elétrica ou que esta seja
interrompida.
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QUEIMADURAS QUÍMICAS
Ocasionadas por agentes químicos ácidos ou básicos (ex. soda
cáustica, ácido de bateria).
O que fazer?
Remover o agente da queimadura e as roupas sujas deste;
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Referências
ATLS – Advanced Trauma Life Support – 10ª edição (2018).
Treatment of minor thermal burns, 2019. Autores: Arek Wiktor e David Richards. UpToDate.
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