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UNIÃO DE ENSINO E CULTARA DE GUARAPUAVA – UNIGUA

FACULDADE GUARAPUAVA

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

JOSLAINE DIOGO KAMINSKI

ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS – ARANHAS E


ESCORPIÕES

GUARAPUAVA – PR

2022
UNIÃO DE ENSINO E CULTURA DE GUARAPUAVA – UNIGUA

FACULDADE GUARAPUAVA

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

JOSLAINE DIOGO KAMINSKI

ACIDENTES POR ANIMAIS PEÇONHENTOS – ARANHAS E


ESCORPIÕES

Trabalho de Eletiva III – Emergência Veterinária em


pequenos animais e animais selvagens, apresentado à
Faculdade Guarapuava, Curso de Medicina Veterinária
com requisito parcial de nota.

Professora: Roberta dos Anjos Marcondes

GUARAPUAVA – PR

2022
1 – Acidentes causados por picada de aranha

No Brasil há três gêneros de aranhas consideradas perigosas para animais e


humanos, sendo elas a Latrodectus (viúva-negra), Phoneutria (armadeira) e
Loxoceles (aranha marrom).

As aranhas do gênero Latrodectus sp. (viúva-negra) predominam na região


Nordeste, sendo os acidentes causados pelas fêmeas.

As do gênero Phoneutria sp. (armadeira) são aranhas agressivas, mas


raramente causam casos graves nos pacientes, predominando reações locais ao
veneno. Já a Loxoceles sp. (aranha marrom) é responsável pelos acidentes mais
graves envolvendo aranhas no Brasil.

Em acidentes causados pela picada da aranha, o diagnóstico etiológico se


baseia na identificação do agente agressor, no relato da picada e nos sinais clínicos
e sintomas determinados pelos diferentes tipos de veneno. O tratamento também irá
variar conforme o gênero da aranha envolvida. Por isso é e suma importância o tutor
levar ou relatar qual a aranha ou animal picou o paciente, para que se possa ser feito
o tratamento correto.

Em casos que o segundo gênero acima citado se envolve o animal pode vir a
apresentar sinais clínicos como dor intensa, aumento de secreções, alterações
visuais, midríase, tremores, prostração, dispneia, hipotensão, hipotermia, taquicardia
seguida de bradicardia, sincope, priapismo, emese e morte, sendo que sempre deve-
se avaliar o acidente em leve, moderado ou grave. O tratamento feito na maioria dos
casos é sintomático, onde pode-se realizar o bloqueio da dor com o uso de
analgésicos (dipirona, opioides, antinflamatórios não esteroidais), Diazepam em
casos de espasmos musculares e convulsões, amenizar sintomas como vomito com
uso de Metoclopramida, fazer constante monitoração cardiorrespiratória e controle
das convulsões. O soro antiaracnídico deve ser administrado por via endovenosa ou
subcutânea.

Os cães picados pela Phoneutria comumente vêm a óbito por serem uma
espécie sensível ao seu veneno, sendo a dose subletal para cães é estimada entre
0,18 e 0,20 mg/kg de peso.
Outro gênero supracitado é a Loxoceles (aranha marrom), o envenenamento
por ela causado é denominado loxocelismo, podendo se manifestar num quadro
cutâneo ou cutâneo-visceral (hemolítico), onde o primeiro ´mais comum e menos
grave, caracterizado por uma ferida necrótica na pele, e o segundo podendo levar o
paciente a morte, principalmente por falência renal.

O veneno da aranha marrom tem uma composição complexa, podendo levara


hemoglobinúria, proteinúria, hemólise intravascular, vomito, insuficiência renal aguda
e morte. Em geral o animal não sente dor ao ser picado e por isso se torna difícil
identifica o agente causador, podendo ser confundido com várias reações alérgicas,
queimaduras de terceiro grau, ou acidentes por outros insetos.

Os animais mais susceptíveis ao veneno da Loxoceles são coelhos, ratos,


porquinhos da índia e cães.

O tratamento para loxocelismo envolve suporte ao paciente, sendo indicada a


analgesia, colocação de compressas frias no local afetado e antissepsia da ferida. A
antibioticoterapia, sistêmica deve ser instituída em casos de infecções secundárias.
Em quadros sistêmicos mais graves deve ser considerado a transfusão sanguínea. A
realização de hemograma auxilia no acompanhamento e melhora do quadro, assim
como o uso de analgésicos e fluídoterapia são recomendadas pois proporcionam
maior conforto ao animal e pode evitar possíveis lesões renais secundárias ao
envenenamento.

O uso de analgésicos, anti-histamínicos, calmantes, corticosteroides e até


memo uma cirurgia para desbridar ferida necrótica podem ser necessários. O soro
antiloxocélico não está disponível na Medicina Veterinária, por isso preconiza-se o
tratamento local da lesão, bem como a correção dos sinais clínicos sistêmicos que o
animal possa vir a apresentar.

O prognóstico do animal vai variar de acordo com a rapidez no diagnóstico, a


condição prévia de saúde do paciente, bem como a quantidade e potencia do veneno
inoculado.
REFERENCIAS

KOLLACICO, Karen et al. Acidente Por Loxosceles Em Cão – Relato De Caso.


Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde Vol. XII, Nº. 2, Ano 2008.
Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/260/26012841016.pdf . Acesso em: 18
jun. 2022.

MÖRSCHBÄCHER, Priscilla et al. Acidente aracnídico em um cão: relato de caso.


Veterinária em foco: revista de medicina veterinária. Canoas. Vol. 9, n. 2 (jan./jun.
2012), p. 184-188. Disponível em: https://lume.ufrgs.br/handle/10183/198924 . Acesso
em: 18 jun de 2022.

SILVA, Tainara. Picada De Aranha Marrom (Loxosceles Sp.) Em Coelho


(Oryctolagus Cuniculus): Relato De Caso. 2016. 35 p. Trabalho de Conclusão de
Curso - Universidade de Brasília Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária,
Brasília, 2016. Disponível em:
https://bdm.unb.br/bitstream/10483/16234/1/2016_TainaraSantanaDaSilva_tcc.pdf .
Acesso em: 18 jun. 2022.

2 – Acidentes causados por picada de escorpião

O escorpionismo é um importante problema de saúde pública. No Brasil existe


duas espécies de interesse Médico Veterinário do gênero Tityus que são Tityus
bahienses (escorpião preto) e o Tityus serrulatus (escorpião amarelo), sendo o
segundo grande causador de acidentes no país.

Animai peçonhentos, como os escorpiões, produzem venenos muito bem


adaptados a matar e paralisar suas presas. Porém, mesmo sendo animais não
agressivos os escorpiões atacam quando tocados ou ameaçados, por isso
acidentalmente, animais e humanos acabam atingidos por estes venenos,
desenvolvendo grave sintomatologia clínica e chegando até mesmo a óbito.

Casos descritos de envenenamento por escorpiões em animais de companhia


são raros no Brasil e no exterior. Os acidentes em cães geralmente não são fatais,
pois as doses inoculadas de veneno (1mg/ml) em acidentes naturais causam apenas
efeitos brandos locais. Porém, nos casos de inoculação maciça de veneno, podem
ocorrer manifestações sistêmicas significativas, sendo a dose letal do veneno em cães
é de 0,1 a 0,5 mg/kg.

Na maioria dos acidentes, especialmente tratando-se de cães e gatos, o


diagnóstico definitivo não é feito corretamente, confundindo seus sintomas com outras
enfermidades. A identificação ou suspeita de intoxicação causada pela picada de
escorpião é de suma importância para um tratamento correto, objetivando a conduta
terapêutica acertada deste tipo de acidente toxicológico.

Em cães já foram relatadas manifestações locais e sistêmicas dos sinais


clínicos, como emese, diarreia, hipotermia, hiperemia, dor no local da picada e
abdominal, sudorese, hipotermia, taquipneia, dispneia, convulsão, paralisia muscular,
sialorreia, taquicardia, bradicardia, midríase, sibilos, edema no local da picada,
relutância em caminhar, vocalização, agressividade, edema pulmonar, trombose
cerebrovascular, derrame cerebral focal e generalizado, hipertensão arterial,
hipersecreção gástrica, colapso e coma.

O diagnóstico é eminentemente clínico-epidemiológico. Os quadros clínicos


são classificas em leve, moderado e grave, sendo que as manifestações sistêmicas,
como alterações hemodinâmicas e cardiovasculares são consideradas graves.

Nos casos em que não é possível obter a história do acidente ou a identificação


do agente causal, o diagnóstico diferencias pode ser a picada de uma aranha do
gênero Phoneutria, que causa quadro local e sistêmico semelhante, por acidentes
com serpentes ou intoxicações, quando em casos graves.

O tratamento tem como objetivo combater os sinais de envenenamento para


manter as funções vitais e para neutralizar o veneno circulante. Na maioria dos casos
o tratamento vai ser sintomático e vai buscar aliviar a dor do animal. Já o tratamento
específico consiste na administração de soro antiescorpiônico em casos graves e
leves, onde a administração é feita por via intravenosa o mais rápido possível.

Para dar suporte é realizada a oxigenioterapia ou ventilação mecânica, acesso


venoso para ministrar fluidos cristaloides isotônicos para manter a perfusão arterial
adequada, controlar as convulsões, tratar a hipertermia e hipertensão ou hipotensão.
A analgesia pode ser por meio de bloqueio anestésico com infiltração de lidocaína 2%
no local da picada ou butorfanol. Se usados opioides cuidar com a dose pois podem
causar aumento da mortalidade. Se os espasmos musculares estiverem causando dor
no paciente, pode-se utilizar metocarbanol.

Todas as vitimas de picada de escorpião devem ficar em observação hospitalar


nas primeiras 4 a 6 horas apo o acidente. Alguns pacientes podem apresentar reações
de hipersensibilidade após o uso de soro antiescorpiônico.

O prognóstico é bom quando o tratamento é iniciado cedo, mas o maior


problema para o atendimento de emergência na veterinária é a falta de soro
antiescorpiônico.

REFERENCIAS

SANTOS, Thays et al. Acidentes por animais peçonhentos em cães. Anais do 21°
Simpósio de TCC do Centro Universitário ICESP. 973-981; 2021. Disponível em:
http://nippromove.hospedagemdesites.ws/anais_simposio/arquivos_up/documentos/
artigos/a05e2724981ebfadc7882676041fcd95.pdf . Acesso em: 19 jun. 2022.

BRITES NETO, José. Aspectos Clínicos E Terapêuticos Do Envenenamento Por


Escorpiões Em Cães E Gatos. Rev. Ciên. Vet. Saúde Públ., v.6, n. 2, p. 442-471,
2019. Disponível em: file:///C:/Users/User/Downloads/46911-Texto%20do%20artigo-
751375170039-1-10-20190812.pdf . Acesso em: 19 jun. 2022.

CANINÉO, Cátia. Scorpiotoxina Em Um Cão: Revisão De Literatura. 2012. 27p.


Monografia - Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), São Paulo, 2012.
Disponível em: https://silo.tips/download/scorpiotoxina-em-um-cao-revisao-de-
literatura . Acesso em: 19 jun. de 2022.

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