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RESUMO

A Toxicologia é a parte da medicina que estuda a acção, o efeito das toxinas


exógenas, assim que entram em contacto com o organismo e afectam a Homeostasia. Com
isso a toxicología, subdivide-se em Toxicologia ocupacional, toxicologia ambiental,
ecotoxicologia, que estuda como é que diversas substâncias aparentemente inofensivas se
tornam nocivas para o homem, e dentro deste estudo estão os envenenamentos pela picada ou
mordedura de animais que possuem toxinas que podem matar o homem em questão de
segundo como por exemplo: a cascavel, a cobra coral, o escorpião rei, e algumas espécies de
aranhas e sapos. Esse tipo de “envenenamento” maioritariamente é acidental, como acontece
com muitos fazendeiros, caçadores, tratadores de animais no zoo ou até mesmo moradores de
áreas rurais que são surpreendidos pelo aparecimento dos mesmo, e por um mecanismo dos
mesmo animais eles mordem o homem para se defenderem e não se tornarem presa,
liberando assim, o veneno ou toxina na corrente sanuínea onde a mesma actua em questão de
muitos ou segundos dependendo do animal que tenha mordido. Para cada espécie de animal
peçonhento tem o seu soro específico para poder combater o veneno, e esses soros são feitos
por medida por esses ataques não serem tão frequentes nas metrópoles são raramente feitos, a
conduta nestes casos é tentar ao máximo para a circulação no membro que fora mordido, o
paciente hidratar-se ao máximo, e muitos até recorrem em tentar extrair o veneno com boca
por sucção no local do acontecimento por serem longe dos Hospital ou dos Centros de saúde
que possam a vir ter para prolongar a vida do paciente.

Palavras-chave: animais, peçonhentos, mordedura, antiveneno.


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METODOLOGIA

A metodologia usada para a realização deste trabalho foi o descritivo-explicativo, no


qual tivemos muita dificuldade na procura de artigos e livros que abordassem sobre o tema.
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INTRODUÇÃO

Ao longo da História, as civilizações foram crescendo de tal modo que foram


invadindo habitat naturais dos animais, e eles não tiveram escolhas e foram à procura de
lugares favoráveis para a sua procriação e evolução. Assim, como o homem tem um
mecanismo de defesa natural, a maioria dos animais têm o mesmo e são apresentados de
maneiras diversas. Enquanto o homem é capaz de correr para sobreviver, os animais têm
mecanismos próprios como o camaleão que se camufla no meio das árvores, assim, como as
cobras, escorpiões e outros têm venenos que podem matar o homem ou qualquer animal que
os trate como presa principal. E esses venenos são capazes de matar um homem em questões
de segundo que não tiver os primeiros socorros, e foi ao pensar nisso que o homem conseguiu
pensar em isolar uma grande quantidade desses venenos e transformá-los numa maneira de
reverter os danos no organismo causado pelas toxinas libertadas por esses animais.
Normalmente, estes animais estão localizados na Ásia, África, América e Oceânia por causa
do clima tropical que são favoráveis para a reprodução dos mesmo, mais em áreas rurais
como em algumas áreas urbanas. Isso faz com que “acidentes” em que um escorpião, entre no
sapato de um fazendeiro e sem se aperceber quando calce, o escorpião o pique e o veneno
entra na corrente sanguínea causando danos sistêmicos no fazendeiro levando a morte se não
tiver os primeiros socorros mais rápido possível. Ao longo do nosso trabalho, vamos abordar
qual é a conduta que se deve tomar ante a uma mordedura de um animal peçonhento, e com o
auxílio dos objectivos específicos tentaremos ser o mais claros possíveis.
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2. OBJECTIVOS
Geral:
1. Conhecer os protocolos como agir ante a situações de mordedura de animais
peçonhentos.

Específicos:
1. Descrever o mecanismo de acção das toxinas diversas.
2. Caracterizar os efeitos adversos.
3. Como manejar um paciente que foi mordido por um animal peçonhento.
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3. MORDEDURA DE ANIMAIS PEÇONHENTOS

Os soros neutralizantes heterólogos, geralmente chamados de antivenenos, antissoros


ou antitoxinas, consistem em anticorpos neutralizantes produzidos em animais
(principalmente cavalos e ovelhas) e têm sido utilizados com eficácia há mais de um século.
Em 1890, von Behring e Kitasato demonstraram que o soro de um animal infectado por
difteria confere imunidade contra a mesma doença a animais virgens. Alguns anos depois, o
anti-soro começou a ser usado em humanos. Desde então, tais produtos sempre se mostraram
altamente eficazes no tratamento de infecções e envenenamentos. No entanto, em suas
aplicações iniciais, os antivenenos não apresentaram bons resultados de segurança e podem
até causar efeitos colaterais com risco de vida. A principal razão foi que os primeiros
antivenenos eram preparações pouco purificadas ou soros brutos. Ao longo dos anos, para
muitas das aplicações originais, os soros heterólogos foram substituídos por outros
medicamentos com melhores perfis de segurança, como antibióticos, vacinas e soros
homólogos. No entanto, em casos de envenenamento por cobras, escorpiões ou aracnídeos, os
soros antivenenos continuam sendo o único tratamento eficaz. (Morais, 2018)

3.1. EPIDEMIOLOGIA

O veneno de cobra contém muitos venenos e moléculas não tóxicas. Quarenta e sete
dos 50 estados dos EUA têm cobras venenosas. O sudoeste dos EUA é o mais afetado. Cerca
de 4.700 cobras venenosas mordem humanos e 150.000 principalmente cães e gatos são
picados por cobras venenosas todos os anos nos EUA, com mortalidade humana de 0,06% e a
do cão é de 1-30%. O escorpionismo é causado por muitos escorpiões venenosos, incluindo
espécies de Tityus endêmicas do Panamá, enquanto Centruroides são endêmicos da
Guatemala, Belize, El Salvador, Nicarágua e Costa Rica. Eles são extremamente tóxicos por
meio de toxinas ativas descanalizadas. No Panamá, a incidência foi 52 casos por 100.000 em
2007 e 28 mortes foram registradas entre 1998 e 2006, respectivamente. A espécie Tityus
presente na costa atlântica da Costa Rica é responsável de mortes no Panamá. Tityus
pachyurus e Parabuthus granulatus são da maior importância médica no Cabo Ocidental da
África do Sul. P. transvaal icus veneno é usado para a produção de veneno de P. granulatus.
(Alhaji, 2021)
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3.2 IDENTIFICAÇÃO DAS SERPENTES

O aparelho de inoculação do veneno típico das serpentes consiste em glândulas


bilaterais de peçonha situadas abaixo e atrás dos olhos e conectadas por ductos às presas
maxilares anteriores ocas. Nos viperídeos (viperinos e crotalíneos), essas presas são longas e
extremamente móveis; elas se retraem contra o teto da boca quando a serpente está em
repouso e são trazidas à posição vertical para o bote. Nos elapídeos, as presas são menores e
relativamente fixas em posição ereta. Cerca de 20% das picadas por crotalídeos, e um
percentual maior de picadas de outras serpentes (até 75% das picadas por serpentes
marinhas), são ditas “secas”, ou seja, não há liberação de veneno. Provavelmente, ocorre
envenenamento significativo em cerca de 50% de todas as picadas de serpentes venenosas.
Pode ser difícil diferenciar as espécies de serpentes venenosas das não venenosas. (Kasper et
al, 2017)
As serpentes viperídeas caracterizam-se pela cabeça ligeiramente triangular (uma
característica compartilhada por muitas serpentes inofensivas), pupilas elípticas (também
observadas em algumas serpentes não venenosas, como jiboia- boa constrictora e pítons),
grandes presas maxilares e, nos crotalídeos, por depressões sensíveis ao calor (fóveas), uma
de cada lado da cabeça, que auxiliam na localização das presas e no direcionamento do bote.
A cascavel do Novo Mundo possui uma série de placas de queratina entrelaçadas (o
chocalho) na extremidade da cauda, emitindo um som característico quando a serpente vibra
rapidamente sua cauda; esse som serve como sinal de aviso quando se sente ameaçada.
Identificar serpentes venenosas pelo padrão de cor é sabidamente enganoso, já que muitas
serpentes inofensivas apresentam padrões de cores muito semelhantes aos das serpentes
venenosas encontradas na mesma região. (Kasper et al, 2017)

3.4. MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


As serpentes são misturas altamente variáveis e complexas de enzimas, polipeptídeos
de baixo peso molecular, glicoproteínas e outros constituintes. Entre os componentes
deletérios, há hemorragias que promovem extravasamento vascular e causam sangramento
tanto local quanto sistêmico. As enzimas proteolíticas causam necrose tecidual local, afectam
a via da coagulação em várias etapas e comprometem a função dos órgãos. Hialuronidases
promovem a disseminação da peçonha pelo tecido conectivo. Fatores depressores do
miocárdio reduzem o débito cardíaco, e bradicininas causam vasodilatação e hipotensão.
(Kasper et al, 2017)
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Neurotoxinas actuam antes ou depois da sinapse para bloquear a transmissão na


junção neuromuscular, causando paralisia muscular. A maioria dos venenos de serpentes
produz efeitos multissistêmicos em suas vítimas. Em caso de acidente ofídico, o tempo até o
início dos sintomas e para a apresentação clínica é muito variável, dependendo da espécie
envolvida, da localização da picada e da quantidade de veneno injectado.(Kasper et al, 2017)
O envenenamento pela maioria das serpentes viperídeas e por algumas elapídeas com
venenos necrosantes provoca tumefação local, dor e equimose progressivas, bem como (no
decorrer de várias horas a dias) vesículas e bolhas hemorrágicas ou repletas de soro. (Kasper
et al, 2017)
Nas picadas graves, a perda de tecido pode ser significativa. Os achados sistêmicos
são extremamente variados e incluem taquicardia ou bradicardia, hipotensão, fraqueza
generalizada, alterações no paladar, dormência na boca, miofasciculações, edema pulmonar,
disfunção renal e hemorragia espontânea (essencialmente em qualquer local). Os
envenenamentos por serpentes elapídeas neurotóxicas, como kraits (Bungaryus spp.), muitas
elapídeas australianas (p. ex., víbora-da-morte [espécies de Acanthophis] e cobra-tigre
[espécies de Notechis]), algumas najas (espécies de Naja) e algumas viperídeas (p. ex., a
cascavel da América do Sul [Crotalus durissus] e algumas víboras de Russell indianas
[Daboia russelii]), causam disfunção neurológica. (Kasper et al, 2017)
Os achados iniciais podem ser náusea e vômitos, cefaléia, parestesias ou dormência e
alteração do nível de consciência. As vítimas podem evoluir com anormalidades dos nervos
cranianos (p. ex., ptose, dificuldade de deglutir), seguidas por perda de força motora
periférica. O envenenamento grave pode resultar em paralisia muscular, incluindo os
músculos da respiração, e levar à morte por insuficiência respiratória e aspiração. O
envenenamento pela serpente do mar causa dor local (variável), mialgia generalizada, trismo,
rabdomiólise e paralisia flácida progressiva; essas manifestações podem ser retardadas em
várias horas. (Kasper et al, 2017)

3.5. USO DE INIBIDORES DA ACETILCOLINESTERASE NO ENVENENAMENTO


POR SERPENTES NEUROTÓXICAS

Pacientes com evidências inequívocas de neurotoxicidade (p. ex., ptose ou


incapacidade de manter o olhar para cima) devem receber uma prova terapêutica de edrofônio
(quando disponível) ou neostigmina.
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Pré-tratamento com atropina: 0,6 mg IV (crianças, 0,02 mg/kg; com o mínimo de 0,1
mg)
Tratar com: Edrofônio: 10 mg IV (crianças, 0,25 mg/kg) ou Neostigmina: 1,5-2,0 mg
IM (crianças, 0,025-0,08 mg/kg). Se houver evidências objetivas de melhora após 5 min,
tratar com:
● Neostigmina: 0,5 mg IV ou SC (crianças, 0,01 mg/kg) a cada 30 min de acordo com a
necessidade.
● Atropina: 0,6 mg IV em infusão contínua ao longo de 8 h (crianças, 0,02 mg/kg em 8
h).
● Monitorar as vias respiratórias e, se necessário, proceder à intubação
endotraqueal.(Kasper et al, 2017)

Os cuidados com a ferida provocada pela picada incluem lavagem simples com água e
sabão, aplicação de curativo estéril seco e imobilização do membro afetado com
acolchoamento entre os dedos. Uma vez iniciada a terapia com antiveneno, o membro deve
ser elevado acima do nível do coração para reduzir o edema. A imunização antitetânica deve
ser atualizada conforme apropriado.(Kasper et al, 2017)
Em geral, não há necessidade de antibióticos profiláticos após picadas por serpentes
norte-americanas, visto que a incidência de infecção secundária é baixa. Em algumas regiões,
infecções secundárias por bactérias são mais comuns, e as consequências são severas; nessas
regiões, é comum o uso de antibioticoterapia profilática (p. ex., cefalosporinas). A
antibioticoterapia também deve ser considerada se os primeiros socorros tiverem
inadvertidamente incluídos incisão e sucção com a boca do local da picada. O controle da dor
deve ser obtido com paracetamol ou analgésicos narcóticos. Salicilatos e antiinflamatórios
não esteróides devem ser evitados, considerando seus efeitos sobre a coagulação
sanguínea.(Kasper et al, 2017)
Os envenenamentos por serpentes envolvem, em sua maioria, a deposição SC do
veneno. Todavia, por vezes o veneno é injetado mais profundamente nos compartimentos
musculares, sobretudo se a serpente agressora for grande e a picada tiver ocorrido na perna,
no antebraço ou na mão. O edema intramuscular do membro afetado pode ser acompanhado
por dor intensa, redução da força, alteração da sensibilidade, cianose e aparente ausência de
pulsos — sinais que sugerem síndrome do compartimento. (Kasper et al, 2017)
Se houver suspeita clínica de que o edema abaixo da fáscia muscular esteja impedindo
a perfusão do tecido, a pressão intracompartimental deve ser aferida com técnica
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minimamente invasiva (p. ex., cateter ou dispositivo de leitura digital). Se a pressão


intracompartimental estiver elevada (> 30 a 40 mmHg), o membro deve ser mantido elevado
enquanto se administra antiveneno. Pode-se administrar uma dose de manitol IV (1 g/kg), em
um esforço para reduzir o edema muscular se o paciente estiver hemodinamicamente estável.
Se a pressão intracompartimental se mantiver elevada após 1 hora de tratamento, o paciente
deve ser avaliado por cirurgião para possível fasciotomia. Embora as evidências obtidas de
estudos com animais sugiram que a fasciotomia pode, na verdade, agravar a mionecrose, a
descompressão compartimental ainda é necessária para preservar a função nervosa. (Kasper
et al, 2017)
Felizmente, a incidência da síndrome do compartimento é muito baixa após picadas
de serpentes, sendo necessária a realização de fasciotomia em menos de 1% dos casos. Ainda
assim, a vigilância é essencial. Quando a fasciotomia for considerada necessária, ela deve ser
realizada com o consentimento formal do paciente, sempre que possível. Os cuidados da
ferida nos dias que se seguem à picada podem exigir desbridamento asséptico cuidadoso do
tecido evidentemente necrótico, uma vez restabelecida a coagulação. Não se deve mexer nas
vesículas intactas repletas de soro ou nas bolhas hemorrágicas. Se sofrerem ruptura, será
necessário desbridamento com técnica estéril. Qualquer desbridamento do músculo lesionado
deve ser conservador, uma vez que há evidências de que o músculo pode ter recuperação
significativa após a terapia com antiveneno.(Kasper et al, 2017)
A fisioterapia deve ser iniciada assim que a dor permitir, a fim de que a vítima possa
retornar a um estado funcional. A incidência de perda prolongada da função (p.ex., redução
da amplitude de movimentos, comprometimento da função sensorial) não está bem
estabelecida, mas é provavelmente muito alta (mais de 30%), em especial após picada de
serpentes viperídeas. Todo paciente com sinais de envenenamento deve ser observado no
hospital durante pelo menos 24 horas. (Kasper et al, 2017)
Na América do Norte, um paciente com picada de viperídea aparentemente “seca”
deve ser observado por pelo menos 8 horas antes da alta, visto que, em certas ocasiões,
verifica-se toxicidade significativa com retardo de várias horas. O início dos sintomas
sistêmicos costuma ser tardio, ocorrendo muitas horas após picadas por diversas elapídeas
(incluindo as corais, espécies de Micrurus), algumas viperídeas não norte-americanas (p. ex.,
por Hypnale hypnale) e serpentes marinhas. Pacientes picados por essas serpentes devem ser
observados no hospital durante pelo menos 24 horas. Os pacientes cuja condição seja instável
devem ser internados em ambiente de terapia intensiva.(Kasper et al, 2017)
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Por ocasião da alta, as vítimas de acidentes ofídicos devem ser alertadas sobre sinais e
sintomas de infecção da ferida, sobre o desenvolvimento da doença do soro relacionada com
a administração de antiveneno e sobre sequelas potenciais de longo prazo, como insuficiência
hipofisária nas picadas de víbora de Russell (D. russelii). Caso tenha ocorrido coagulopatia
nos estágios agudos do envenenamento, é possível haver recidiva nas primeiras 2 a 3 semanas
após a picada. Nesses casos, as vítimas devem ser aconselhadas a evitar qualquer cirurgia
eletiva ou atividades que estejam associadas a alto risco de traumatismo durante esse período.
Há indicação de tratamento analgésico ambulatorial e fisioterapia.(Kasper et al, 2017)

3.6. REACÇÕES ADVERSAS AO ANTIVENENO.

As reações adversas ao antiveneno incluem as de hipersensibilidade imediata (não


alérgicas e, mais raramente, anafiláticas) e retardada (doença do soro). As manifestações
clínicas da hipersensibilidade imediata são urticária, edema de laringe, broncospasmo e
hipotensão. O teste cutâneo para hipersensibilidade potencial, embora recomendado por
alguns fabricantes de antiveneno, não é sensível nem específico e não deve ser realizado.
(Alhaji, 2021; Kasper et al, 2017)
A qualidade dos antivenenos em todo o mundo é altamente variável. As taxas de
reações anafiláticas não alérgicas agudas a alguns desses produtos ultrapassam 50%. Por esse
motivo, algumas autoridades recomendaram um prétratamento com anti-histamínicos IV (p.
ex., difenidramina, 1 mg/kg até dose máxima de 100 mg, e cimetidina, 5 a 10 mg/kg até dose
máxima de 300 mg) ou até mesmo uma dose profilática subcutânea (SC) ou intramuscular
(IM) de epinefrina (0,01 mg/kg, até 0,3 mg). Entretanto, são necessárias pesquisas
complementares para determinar se qualquer medida pré-tratamento é verdadeiramente
benéfica. A expansão modesta do volume intravascular do paciente com cristaloides pode
atenuar as reações adversas agudas. Epinefrina e equipamentos para controle das vias
respiratórias devem estar imediatamente disponíveis durante a infusão do antiveneno. (Alhaji,
2021; Kasper et al, 2017)
A reação anafilática aguda pode ser anunciada por uma única placa de urticária ou por
um prurido leve, ou se apresentar com broncospasmo ou colapso cardiovascular agudo. Caso
o paciente venha a desenvolver uma reação aguda ao antiveneno, a infusão deve ser
temporariamente interrompida, e a reação imediatamente tratada com epinefrina IM e
anti-histamínicos e glicocorticoides IV. Uma vez controlada a reação, se a gravidade do
envenenamento indicar a administração de antiveneno adicional, a dose deve ser mais diluída
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em soro fisiológico isotônico e a infusão reiniciada assim que possível. Raras vezes, nos
casos de hipotensão recalcitrante, a infusão concomitante de epinefrina IV pode ser iniciada e
titulada em função do efeito clínico enquanto o antiveneno é administrado. O paciente deve
ser monitorado de perto durante esse tratamento, de preferência em ambiente de cuidados
intensivos. (Alhaji, 2021; Kasper et al, 2017)
A doença do soro caracteristicamente ocorre 1 a 2 semanas após a administração do
antiveneno, e o paciente apresenta febre, calafrio, urticária, mialgias, artralgias,
linfadenopatia e disfunção renal ou neurológica. O tratamento da doença do soro é feito com
glicocorticoide sistêmico (p. ex., prednisona oral, 1 a 2 mg/kg/dia) até que todos os sintomas
tenham desaparecido, seguidos pela retirada progressiva ao longo de 1 a 2 semanas.
Anti-histamínicos e analgésicos por via oral proporcionam alívio adicional dos sintomas.
Raramente, há necessidade de hemoderivados no manejo do paciente envenenado. A peçonha
de muitas espécies de serpentes pode depletar fatores da coagulação e causar redução das
plaquetas ou do hematócrito. Entretanto, esses componentes costumam retornar a seus
valores em poucas horas após a administração do antiveneno adequado. Se a necessidade de
hemocomponentes for considerada grande (p. ex., contagem de plaquetas perigosamente
baixa em paciente hemorrágico), esses produtos só devem ser aplicados após a administração
do antiveneno adequado para se evitar qualquer contribuição adicional para coagulopatia de
consumo. (Alhaji, 2021; Kasper et al, 2017)
Rabdomiólise e hemólise devem ser tratadas de modo convencional. As vítimas que
evoluírem com insuficiência renal aguda devem ser avaliadas por nefrologista e
encaminhadas para hemodiálise ou diálise peritoneal, se necessário. Essa insuficiência renal,
que costuma resultar de necrose tubular aguda, frequentemente é reversível. Contudo, se
ocorrer necrose cortical bilateral, o prognóstico para a recuperação renal é menos favorável, e
pode ser necessária diálise em longo prazo, com possibilidade de transplante renal.(Alhaji,
2021; Kasper et al, 2017)
Os inibidores da acetilcolinesterase (p. ex., edrofônio e neostigmina) podem promover
melhora neurológica em pacientes picados por serpentes com neurotoxinas pós-sinápticas. As
vítimas de acidentes ofídicos com evidências objetivas de disfunção neurológica devem
receber uma prova terapêutica com inibidores da acetilcolinesterase. Se tiverem melhora,
doses adicionais de neostigmina de ação prolongada podem ser administradas de acordo com
a necessidade. Se forem utilizadas doses repetidas de neostigmina, faz-se necessário
monitoramento cuidadoso para prevenção de aspiração, na tentativa de evitar intubação
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endotraqueal. Os inibidores da acetilcolinesterase não substituem a administração de


antiveneno quando disponível. (Alhaji, 2021; Kasper et al, 2017)

3.7. SINAIS DE OFIDISMO

A diferença entre os venenos de cobra e víbora em termos de peso molecular, via de


administração e natureza da toxina pode explicar as diferenças na letalidade de seus venenos.
O veneno de Cerastes cerastes é mais tóxico que o de Bitis arietans e Macrovipera lebetina e
a toxina de Naja haje é mais tóxica que a de C. cerastes, M. lebetina e B. occitanus. As
víboras possuem toxinas com alto peso molecular. Portanto, a qualidade do veneno deve ser
padronizada para o desenvolvimento de antivenenos eficientes. Quando o tempo do soro
injetado é menor que o tempo limite fatal, o envenenado pode ser protegido aumentando a
dose do soro. Mas quando o antiveneno é injetado mais próximo do tempo limite fatal, a
chance de morte é metade. (Alhaji, 2021)

3.8. TRATAMENTO DE ENVENENAMENTOS POR COBRAS

Segundo, as pesquisas de Alhaji ele refere que a dosagem racional de soro antiofídico
requer ensaios controlados randomizados maiores e outras estratégias são necessárias para
reduzir a morbidade em crianças mordidas por Naja atra. Os envenenamentos neurotóxicos e
as complicações posteriores correlacionam-se positivamente com a dosagem do soro
antiofídico; portanto, são necessárias doses mais altas que também podem causar reações
adversas. A capacidade de neutralização do soro antiofídico pode ser relacionadas com a
proximidade geográfica das espécies de serpentes.(Alhaji, 2021)
Antiveneno Cerestes cerestes e antiveneno de Macrovipera mauritanica reagem
cruzadamente com antiveneno de Bitis arietans devido à presença de antígenos comuns a
eles. Tenerplasminina-1 (TP1), um inibidor de plasmina isolado do veneno de tener de
Micrurus foi semelhante aos inibidores de serina peptidase do tipo Kunitz Rauwolfia
serpentina inibe Daboia russelii veneno.(Alhaji, 2021)
A dose terapêutica do antiveneno é relativa à quantidade de veneno. Portanto, as
lesões post mortem são necessárias para fornecer a causa da morte. Portanto, a capacidade de
neutralização dos antivenenos deve ser padronizada natureza complexa da composição do
veneno. O pró-coagulante é usado para avaliar a atividade antiveneno e os resultados do teste
antiveneno em roedores podem não ser eficazes em humanos que é considerado muito
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importante. Assim, as alterações nas reações de dosagem e doença do soro necessitando de


equilíbrio entre o benefício do tratamento e o risco de reações adversas. (Alhaji, 2021)
A falha do soro antiofídico pode ser devido à facto de que diferentes venenos de
cobras contêm variedades de hemotoxinas potentes, neurotoxinas e outras toxinas. Portanto, o
veneno da víbora é mais tóxico que a elapina veneno devido à natureza e peso molecular das
toxinas. Variabilidade geográfica, as espécies de serpentes, o peso corporal e a via de
administração do soro antiveneno são muito vital para o sucesso do tratamento.(Alhaji, 2021)
Toxinas com peso molecular (<7KDa) difundir rapidamente na corrente sanguínea, o
que pode não afetar a eficácia da cobra antivenina IgY elevada por cromatografia de troca
iônica. Mas o antiveneno afeta as propriedades farmacocinéticas e farmacodinâmicas dos
veneno. Assim, a qualidade do preparo e a otimização do uso do antiveneno devem ser
padronizados. A quantidade de antiveneno é determinada por sinais clínicos, tamanho da
cobra e a eficácia conhecida do antiveneno disponível. (Alhaji, 2021)
As vias administração de antiveneno é controversa, mas a via intravenosa tem sido
considerada a mais eficiente. Os anticorpos policlonais são mais eficazes contra Cerastes
cerastes venenos de cobras em galinhas poedeiras do que em mamíferos. Frango
imunoglobulina (IgY) é mais sensível, fácil de dosar, não activa sistema complemento e não
reage com anticorpos IgG antivenenos humanos ou receptores Fc humanos. A
imunoglobulina IgY oferece proteção contra infecções embrionárias. A dose efetiva de IgY
necessária para prevenir a mortalidade em coelho foi quatro vezes a dose de veneno injetado
usando o ensaio de proteína de Lowy.(Alhaji, 2021)
A lactoferrina do soro de leite aumentou os níveis de anticorpos e os efeitos
imunoestimulantes contra veneno de cobra, enquanto o adjuvante sustenta a liberação de
antígeno, interage com células imunes, ativa mediadores inespecíficos do sistema imune e
aumentar a atividade fagocitária dos macrófagos. Atividade neutralizada pelo anticorpo IgG
contra Veneno de T. albolabris. (Alhaji, 2021)
O antiveneno neuropolivalente tailandês é considerado de segunda linha tratamento
para Hydrophis schistosus e Hydrophis curtus. Tanto IgG quanto F(ab0 )2 sistema
complemento humano ativado antiveninos com IgG tendo significativamente maior
actividade anti-complementar do que F(ab0) 2 antiveneno. Agkistrodon halys antiveneno é
mais eficaz do que antiveneno de víbora verde. Anti-Cc e Anti Mm F(ab0) 2 reagiu de forma
cruzada extensivamente com o veneno de Bitis arietans, talvez devido à presença de
antígenos de veneno comuns às duas serpentes. Gama irradiado O antiveneno Naja haje
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mostrou maior capacidade de neutralização. Antiveneno equino atividade coagulante e


hemorrágica neutralizada contra a serpente Rhabdophis tigrinus veneno. (Alhaji, 2021)
Pseudo naja antivenin não conseguiu neutralizar a afbrinogenemia com
consequências. Daí a terapia de reposição do factor de coagulação usando plasma é associado
associada com afibrinogenemia. Lateral à base de nanopartículas de ouro ensaio de fluxo é
usado para detecção de envenenamento por cobra. Portanto, a farmacocinética pode ser útil
na concepção e otimização de antiveninos. Purificação e caracterização de novos compostos
bioativos em venenos de serpentes ajudariam no diagnóstico e tratamento do envenenamento
por serpentes. (Alhaji, 2021)
Cobras marinhas, como Hydrophis schistosus e Hydrophis curtus produzem venenos
que podem ser neutralizados pelo seu antiveneno neuropolivalente (NPAV) e a neutralização
cruzada deve servir como base para a purificação do antiveneno. Não irradiado e irradiado
gama antivenenos polivalentes poderiam neutralizar Naja haje. Falta de monovalente potente
e antivenenos polivalentes podem ser responsáveis ​pela grande disparidade no manejo de
acidentes ofídicos. O tratamento do envenenamento por cobra foi introduzido por Albert
Calmette do Instituto Pasteur Saigon na década de 1890.(Alhaji, 2021)
O antídoto é inteiro Fragmentos F(ab) de IgG ou pepsina refinados de IgG derivados
de plasma de cavalo, burro, mula, ovelha imunizados com veneno de uma ou mais espécies
de serpentes venenos liofilizados que têm vida de prateleira de cerca de 5 anos e devem ser
armazenado a ≤ 250º C,enquanto o soro líquido tem vida útil de 2 a 3 anos e deve ser
armazenado a 2 a 8°C e não congelado. Antivenenos contra Naja naja, Bungarus caeruleus,
Daboia russelli e Echis carinatus são produzidos na Índia. Cerca de 8 a 10 frascos de soro
antiofídico contra a víbora de Russell que injeta 63 mg de veneno. Cada frasco neutraliza 6
mg de veneno de cobra. As crianças devem receber a mesma dose que os adultos, mas deve
ser observado atentamente quanto à reação pós-administração do antiveneno. (Alhaji, 2021)
A normalização da pressão arterial em 15 a 30 minutos, a interrupção da coagulopatia
em 6 horas, a reversão da neurotoxicidade em 30 minutos e a recuperação em 24 a 48 horas
são os características do soro antiofídico eficaz. Se houver coagulopatia, a administração de
veneno de cobra pode ser repetida a cada 6 horas ou após 1-2 horas da dose inicial.
Agravamento dos sinais cardiovasculares requer dose repetida de cobra antiveneno a cada 1-2
horas. Cerca de 70% de todas as picadas de cobra são por não venenosas cobras e 50% das
picadas de espécies venenosas são picadas secas. (Alhaji, 2021)
Soro produzido do Naja haje irradiado é mais potente na neutralização do veneno do
que o soro produzido a partir de veneno nativo. Os dois soros inibem cardiotoxicidade e
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hepatotoxicidade efeitos. A fruta Crescentia cujete tem significativa capacidade neutralizante


contra Veneno de Vipera russelli. Ensaio imunológico de detecção de envenenamento por
cobra (SEDIA) é um teste diagnóstico potencial para envenenamento por serpentes. (Alhaji,
2021)
Soro de leite (lactoferrina) poderia ser um adjuvante para anti-soros de cobra.
Farmacocinética do veneno de Hypnale hypnale não são alterados pela injeção intramuscular
do veneno, embora pode reduzir a biodisponibilidade sistêmica do veneno [63]. Estruturas,
citotoxicidades, e afinidades com fosfolipídios de citotoxinas do veneno de Naja haje
diferem. Acorus calamus e extrato de raiz de Withania somnifera têm potencial neutralizante
contra o veneno de Echis carinatus. (Alhaji, 2021)
Imunoglobulina isolada de galinha (IgY) poderia neutralizar o veneno da víbora.
Antiveneno de cobra de baixa dose com suporte o tratamento é eficaz, de menor custo e tem
baixo nível de reações adversas. IgY anticorpo poderia neutralizar veneno de Trimeresurus
albolabris e Cerestes cerestes venenos. Os soros antiofídicos indianos (VINS e BHARAT) são
eficazes contra D. russelli, E. carinatus, B. caeruleus e N. naja com VINS sendo mais
superior a BHARAT. (Alhaji, 2021)
Soro colhido de veneno polivalente de diferentes espécies de cobras podem
neutralizar venenos de cobras como Rhabdophis tigrinus. Muito pequeno doses iniciais de
soro antiofídico não conseguiram neutralizar o veneno de Pseudonaja; por isso o paciente
permanece afribrinogenêmico por um longo período de tempo. Neutralizando potencial do
soro antiofídico (IgY) pode ser melhorado pela cromatografia de troca iônica. Portanto, o
soro antiofídico IgG possui actividade do que F(ab0) 2 soro antiofídico.(Alhaji, 2021)

Conduta De Campo
O aspecto mais importante da assistência pré-hospitalar de uma pessoa picada por
serpente venenosa consiste no seu rápido transporte até um centro médico equipado para
cuidados de suporte (vias respiratórias, ventilação e circulação) e administração de
antiveneno. As medidas de primeiros socorros recomendadas no passado são, em sua maioria,
pouco benéficas, e algumas delas, na verdade, agravam o desfecho. É razoável aplicar uma
tala à extremidade picada para reduzir o sangramento e o desconforto e, se possível, manter a
extremidade aproximadamente na altura do coração. Nos países em desenvolvimento, os
nativos devem ser incentivados a procurar assistência imediata em postos de saúde equipados
com antivenenos, em vez de consultar curandeiros tradicionais, levando a atraso significativo
na obtenção de assistência apropriada. Não se aconselha a tentativa de capturar a serpente,
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viva ou morta; em vez disso, fotografias digitais obtidas a uma distância segura podem
auxiliar na identificação da serpente e nas decisões terapêuticas. (Kasper et al, 2017)

A incisão e/ou a aplicação de sucção ao local da picada devem ser evitadas, visto que
essas medidas não são efetivas e agravam a lesão tecidual local. De forma semelhante, a
aplicação de cataplasmas, gelo e choque elétrico também é ineficaz e potencialmente
prejudicial. As técnicas ou dispositivos empregados no esforço de limitar a disseminação do
veneno (p. ex., bandagens linfoclusivas ou torniquetes) não são efetivas e podem resultar em
maior lesão tecidual local ao limitar a disseminação da peçonha potencialmente necrosante. O
uso de torniquetes pode resultar em perda de função e amputação, mesmo na ausência de
envenenamento. Os venenos de serpentes elapídeas, os quais são primariamente neurotóxicos
e não produzem efeitos significativos nos tecidos locais, podem ter sua disseminação restrita
por pressão-imobilização, uma técnica em que todo o membro é imediatamente envolvido por
uma bandagem (p. ex., de crepe ou elástica) e, em seguida, imobilizado. Para que essa técnica
seja efetiva, a pressão da bandagem deve ser precisa (40 a 70 mmHg na aplicação dos
membros superiores e 55 a 70 mmHg nos membros inferiores), e a vítima precisa ser
carregada do local da picada, uma vez que caminhar produz bombeamento muscular que –
independentemente do local anatômico da picada – disseminaria o veneno para a circulação
sistêmica. A pressão-imobilização só deve ser utilizada nos casos em que a serpente agressora
é identificada de modo confiável e for principalmente neurotóxica, se a pessoa que estiver
atendendo a vítima tiver experiência na aplicação de bandagem com pressão, se os
suprimentos necessários estiverem facilmente disponíveis e se houver possibilidade de a
vítima ser totalmente imobilizada e carregada até o local de assistência médica – uma
combinação rara de condições, em particular nas regiões onde essas picadas são mais
comuns.(Kasper et al, 2017)

Conduta No Hospital

No hospital, a vítima deve ser monitorada rigorosamente (sinais vitais, ritmo cardíaco,
saturação de oxigênio, débito urinário), enquanto se obtém rapidamente a história e
procede-se ao exame físico rápido porém completo. Para a avaliação objetiva da progressão
do envenenamento local, o nível de tumefação no membro picado deve ser marcado, e a
circunferência do membro medida a cada 15 minutos até que o edema esteja estabilizado.
Durante esse período de observação, o membro deve ser colocado aproximadamente no nível
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do coração. As medidas aplicadas no campo (como bandagens ou envoltórios) devem ser


removidas uma vez obtido o acesso intravenoso (IV), porém com o reconhecimento de que a
liberação dessas ligaduras pode resultar em hipotensão ou arritmias quando o sangue
estagnado acidótico e contendo a peçonha é liberado na circulação sistêmica. Dois acessos
venosos de grande calibre devem ser instalados nos membros não atingidos. (Kasper et al,
2017)
Em razão da possibilidade de coagulopatia, as tentativas de punção venosa devem ser
reduzidas e os locais não compressíveis (p. ex., veia subclávia), evitados. A hipotensão inicial
é causada pela retenção do sangue nos leitos vasculares pulmonares e esplâncnicos.
Posteriormente, sangramento sistêmico, hemólise e perda de volume intravascular para os
tecidos moles podem ter participação importante. A reposição de volume com soro
fisiológico isotônico (20 a 40 mL/kg IV) deve ser iniciada se houver qualquer evidência de
instabilidade hemodinâmica, e podese administrar uma prova de albumina a 5% (10 a 20
mL/kg IV) se a resposta à infusão de soro fisiológico for insuficiente. Somente após a
reposição vigorosa de volume e a administração de antiveneno (ver adiante) é que são
acrescentados vasopressores (p. ex., dopamina). (Kasper et al, 2017)
A monitoração hemodinâmica invasiva (pressões venosa central e/ou arterial
contínua) pode ser útil nesses casos, embora a obtenção de acesso central seja arriscada em
caso de coagulopatia. As vítimas de envenenamento neurotóxico devem ser rigorosamente
observadas à procura de sinais de disfunção de nervos cranianos (p. ex., ptose), que podem
preceder o início de dificuldade de deglutição ou insuficiência respiratória, exigindo proteção
definitiva das vias respiratórias por intubação endotraqueal. O sangue deve ser coletado para
tipagem e prova cruzada e para avaliação laboratorial tão logo seja possível. Os exames
importantes são hemograma completo para determinar o grau de hemorragia ou de hemólise e
para identificar trombocitopenia; provas de função renal e hepática; testes da coagulação para
diagnóstico de coagulopatia de consumo; creatina-quinase em caso de suspeita de
rabdomiólise; e pesquisa de sangue ou de mioglobina na urina. (Kasper et al, 2017)
Nas regiões com escassez de recursos, o teste de coagulação do sangue total de 20
minutos pode ser usado para o diagnóstico confiável de coagulopatia. Alguns mililitros de
sangue fresco são colocados em um recipiente novo de vidro limpo (p. ex., tubo de ensaio) e
deixados em repouso por 20 minutos. Em seguida, o tubo é inclinado de uma vez até 45º para
determinar se houve formação de coágulo. Se não houver coágulo, estabelece-se o
diagnóstico de coagulopatia. Gasometria arterial, eletrocardiograma e radiografia de tórax
podem ser úteis nos envenenamentos graves ou quando houver comorbidade significativa.
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Qualquer punção arterial na presença de coagulopatia exige muita cautela e deve ser
realizada em um local anatômico no qual se possa fazer tamponamento com pressão direta.
Após terapia com antiveneno, os valores laboratoriais devem ser novamente verificados a
cada 6 horas, até obter estabilidade clínica. Se os valores laboratoriais iniciais estiverem
normais, o hemograma completo e os testes de coagulação devem ser repetidos a cada hora,
até que se tenha certeza de não ter ocorrido envenenamento sistêmico. A base para o manejo
dos acidentes ofídicos resultando em envenenamento significativo é a administração rápida
de antiveneno específico. (Kasper et al, 2017)
Os antivenenos são produzidos pela injeção da peçonha de serpentes medicamente
importantes em animais (em geral cavalos ou ovelhas). Uma vez que os animais tenham
produzido anticorpos contra a peçonha, seu soro é coletado e os anticorpos são isolados para
preparação de antiveneno, o que envolve graus variáveis de digestão e purificação das
moléculas de imunoglobulina G (IgG). (Kasper et al, 2017)
O objetivo da administração de antiveneno é possibilitar a ligação dos anticorpos (ou
de fragmentos de anticorpo) aos componentes circulantes do veneno para neutralizá-los antes
que possam se fixar aos tecidos-alvo causando efeitos deletérios. Os antivenenos podem ser
monovalentes (dirigidos contra uma determinada espécie de serpente) ou polivalentes
(cobrindo várias espécies clinicamente importantes na região), porém raras vezes oferecem
proteção cruzada contra espécies de serpentes diferentes daquelas utilizadas na sua produção,
a não ser que as espécies tenham venenos homólogos. (Kasper et al, 2017)
Por conseguinte, a escolha do antiveneno deve ser específica para a serpente
agressora; se o antiveneno escolhido não tiver os anticorpos contra os componentes da
peçonha dessa serpente específica, ele não produzirá qualquer benefício e poderá resultar em
complicações desnecessárias. A administração de antiveneno após picadas de elapídeas
neurotóxicas está indicada ao primeiro sinal de qualquer evidência de neurotoxicidade (p. ex.,
disfunção de nervos cranianos, neuropatia periférica). Em geral, o antiveneno só é efetivo
para reverter a toxicidade ativa da peçonha; ele não produz qualquer benefício em termos de
reversão dos efeitos que já se tenham estabelecido (p. ex., insuficiência renal, paralisia
estabelecida) e que só irão melhorar com o passar do tempo e outras terapias de suporte.
(Kasper et al, 2017)
O antiveneno deve ser administrado apenas por via IV, e a infusão iniciada
lentamente, com o médico à beira do leito pronto para intervir ao primeiro sinal de reação
adversa aguda. Na ausência de reação adversa, a velocidade de infusão pode ser aumentada
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de modo gradual até que se tenha administrado dose plena (ao longo de aproximadamente 1
hora). Talvez haja necessidade de antiveneno adicional se o estado clínico agudo do paciente
se agravar ou não se estabilizar, ou se os efeitos da cobra ou serpente, inicialmente
controlados reaparecerem. A decisão quanto à administração adicional de antiveneno a um
paciente estabilizado deve ser baseada em evidências clínicas de circulação persistente de
componentes não ligados do veneno. Para picadas de viperídeos, em geral se deve manter a
administração de antiveneno até que a vítima mostre melhora definitiva (p. ex., estabilização
dos sinais vitais, redução da dor, restauração da coagulação). Pode ser mais difícil reverter
com antiveneno a neurotoxicidade de picadas de elapídeos. Uma vez estabelecida a
neurotoxicidade e constatada a necessidade de intubação endotraqueal, doses adicionais de
antiveneno provavelmente não serão benéficas. Nesses casos, a vítima deve ser mantida sob
ventilação mecânica até haver recuperação, que pode levar vários dias a semanas.(Kasper et
al, 2017)
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CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concluimos que em a toxicidade do veneno de cobra depende da quantidade do


veneno, enquanto o veneno de cobra é um dos mais perigosos, entanto, os venenos de
algumas cobras são equipotentes e requerem 2 ou mais frascos de antivenenos. Todos os
sistemas de órgãos podem ser afetados e complicações podem seguir vários ataques. Assim, o
tratamento se dá pela administração de antivenenos, anti-inflamatórios, analgésicos e suporte
respiratório. Sinais neurológicos e cardiorrespiratórios podem ser considerados como índices
de sucesso ou insucesso terapêutico. Pronto intervenção terapêutica e hospitalização de 1 ou
mais dias podem atrasar ou evitar a morte. Nos casos de anemia grave, a transfusão de sangue
e a fluidoterapia podem ser evidente onde os acidentes como estes são comuns, o difícil
acesso à assistência médica e a estoques de antiveneno contribuem para as altas taxas de
morbidade e mortalidade muitos países em desenvolvimento, o factor de ser comum tal tipo
de acidentes os antivenenos disponíveis são inapropriados e ineficazes contra os venenos das
serpentes nativas clinicamente importantes. Nessas regiões, são necessárias mais pesquisas
para determinar o verdadeiro impacto das picadas de serpentes venenosas e a necessidade de
antivenenos específicos tanto em termos de quantidade quanto de espectro de cobertura, é
difícil com os fabricantes de antivenenos iniciem e mantenham a produção de antissoros
apropriados nos países em desenvolvimento. Há evidências de que os antivenenos podem ser
produzidos de forma muito mais custo-efetiva do que aquelas actualmente usadas. Tão
importante quanto a obtenção dos antivenenos corretos nas regiões subdesenvolvidas é a
necessidade de educar as populações sobre a prevenção das picadas de serpentes e treinar os
profissionais de saúde nas condutas apropriadas.Deve-se dispor de antivenenos apropriados
nos locais com maior probabilidade de contato médico inicial dos pacientes (p. ex., centros de
atenção primária à saúde) a fim de minimizar a prática comum de encaminhar as vítimas a
níveis superiores mais distantes de assistência para iniciar o tratamento com antiveneno.
Aqueles que cuidam de vítimas de picadas de serpentes nesses postos de saúde
frequentemente distantes devem ter as habilidades e a confiança necessárias para iniciar o
tratamento com antiveneno (e tratar as possíveis reações) o mais cedo possível, quando
necessário.
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5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1. Alhaji, S., «Toxicosis of Snake, Scorpion, Honeybee, Spider, and Wasp Venoms: Part
1» , Submetido: 11 de Maio de 2019. Revisado: 12 de Maio de 2020. Publicado: 3 de
Fevereiro de 2021. DOI: http://dx.doi.org/10.5772/intechopen.92804
2. Alhaji, S., «Toxicosis of Snake, Scorpion, Honeybee, Spider, and Wasp Venoms: Part
2» , Revisado: 8 de Setembro de 2020. Publicado: 4 de Janeiro de 2021. DOI:
http://dx.doi.org/10.5772/intechopen.93935
3. Kasper, D. L; Hauser, S. L.; Jameson, L.; Fauci, A. S.; Longo, D. L.; Loscalzo, J.
Medicina Interna de Harrison (2017), 19º Edição, Porto Alegre : AMGH.
4. Morais, V. Antivenom therapy: efficacy of premedication for the prevention of
adverse reactions. J Venom Anim Toxins Incl Trop Dis 24, 7 (2018).
https://doi.org/10.1186/s40409-018-0144-0

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