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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

CONHECIMENTOS promoção da saúde, desenvolvidas em


ESPECÍFICOS Agente de conformidade com as diretrizes do SUS
e sob supervisão do gestor de cada
Endemias
ente federado".
*Regulamenta o § 5o do art. 198
1- Atribuições do Agente de da Constituição, dispõe sobre o
Combate a Endemias aproveitamento de pessoal amparado
pelo parágrafo único do art. 2° da
Esse profissional atua com Emenda Constitucional n° 51, de 14 de
Saúde Pública exercendo atividades de fevereiro de 2006, e dá outras
vigilância, prevenção e controle de providências.
doenças, como dengue, malária,
leptospirose, leishmaniose, Atribuições: Descrição
esquistossomose, chagas, raiva Sintético-Analítica do profissional
humana, entre outras, relacionadas Agente de Combate às Endemias
com fatores ambientais de
risco biológicos e não biológicos - lixo O ACE executa atividades de
em locais inapropriados, água limpa grande complexidade que envolve
acondicionada em depósitos, planejamento, supervisão, coordenação
contaminantes ambientais, esgoto a e execução de trabalhos relacionados
céu aberto, desmatamento, etc. com os processos do Sistema Nacional
O conceito de Vigilância de Vigilância em Saúde - SNVS - de
Ambiental em Saúde foi desenvolvido acordo com as necessidades do gestor
através dos fatores ambientais de risco municipal e do perfil epidemiológico de
biológicos que condicionam o cada territorialidade.
surgimento de microrganismos e Para ocupar o cargo ou emprego
parasitas causadores de doenças público e exercer a profissão de ACE o
(vírus, bactérias, protozoários, candidato deve prestar concurso
helmintos) e animais peçonhentos que público ou processo seletivo. Como
podem causar acidentes, como requisito para ocupação da vaga o
também, fatores ambientais de risco candidato precisa ter concluído o
não biológicos (água e solo ensino fundamental.
contaminados, queimadas, radiação, As atividades operacionais do
agentes poluentes físico-químicos, ACE estão relacionadas com as
etc.). É importante lembrar que todos medidas de prevenção e controle de
esses fatores são provocados pelo doenças e agravos transmissíveis e não
próprio homem que gera aspectos transmissíveis. Dependendo da fonte
ambientais e, consequentemente, de transmissão (foco) e do agente
impactos ambientais quase sempre transmissor ou infeccioso (vetor,
negativos, interferindo no habitat de parasita, microrganismo ou agente
animais que podem se tornar nocivos físico-químico), essas medidas são
quando em grande quantidade no desenvolvidas com o uso de manejo
contato com o ser humano, ambiental, educação em saúde e
ocasionando o surgimento de diversas engenharias de saúde pública, de
doenças e agravos. acordo com o perfil epidemiológico de
As atribuições do profissional cada territorialidade.
ACE estão regulamentadas pela *LEI
11.350, de 05 de Outubro de 2006: Principais fatores de risco
Art. 4° "O Agente de Combate às biológicos
Endemias tem como atribuição o
exercício de atividades de vigilância, 1. Artrópodes
prevenção e controle de doenças e
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No Brasil, os artrópodes, mais limpa e parada, e que pode ser


precisamente os insetos, formam o filo favorecido pelo homem. É um culicídeo
de maior importância sanitária para as provindo do continente africano e se
medidas de controle, devido a sua tornou o principal transmissor de
eficiência reprodutiva e variada e às dengue e febre amarela no país, desde
características geográficas e climáticas a época do Brasil Colônia.
que favorecem o seu desenvolvimento,
e por ser a mais diversificada espécie
de animais (aproximadamente b)gênero Lutzomyia e Psychodopigu
1.000.000 de espécies). São animais s
invertebrados, de corpo segmentado,
membros articulados e seu Esses flebotomíneos possuem
exoesqueleto reveste toda superfície coloração cor-de-palha ou castanho-
externa do corpo contendo quitina. claro. São vetores do protozoário do
gênero Leishmania, causador da
1.1 Artrópodes de importância leishmaniose. O inseto pode infectar
sanitária - insetos humanos e alguns animais silvestres,
A Classe Insecta, é considerada sinantrópicos e domésticos. No
a maior, a mais bem-sucedida e nordeste, a
diversificada de todas as classes espécie Lutzomyia longipalpis é
animais. Os mosquitos pertencentes à conhecida por "cangalha", "asa dura"
família Culicidae, também conhecidos ou "orelha de veado", e no sul
por pernilongos, muriçocas ou "mosquito palha" e "birigui".
carapanãs, e os flebotomíneos As fêmeas para se reproduzirem
pertencentes à precisam do repasto de sangue ao
família Psychodidae formam o grupo de menos uma vez por dia. Preferem
insetos de maior interesse sanitário, por depositar seus ovos em locais úmidos
serem os maiores transmissores de com presença de matéria orgânica e
doenças no país. aderidos ao substrato. As larvas
Possuem pernas e antenas vermiformes alimentam-se da matéria
longas, sendo as fêmeas na maioria orgânica do solo ou do ambiente em
hematófagas (alimentam-se de que se encontram.
sangue). As fêmeas desovam em No Brasil, a leishmaniose era
ambientes contendo material orgânico tida como uma doença endêmica
próximos a meio aquoso ou com apenas das regiões norte e nordeste e
umidade suficiente que possa favorecer se concentrava nas áreas rurais com
o desenvolvimento de larvas e pupas. presença de animais confinados em
Os ovos desses insetos podem criadouros com galinhas, bois e vacas.
sobreviver por muitos meses nos Nas áreas urbanas, atingiam
ambientes secos e quentes. comunidades mais carentes de bairros
Algumas espécies podem periféricos onde se concentram
transmitir agentes infecciosos ao habitações desordenadas com
homem e aos animais vertebrados. Os deficiência de saneamento básico e
insetos de maior interesse sanitário degradação da vegetação nativa nas
são: proximidades da mata atlântica.
Contudo, nos dias atuais a doença se
a) gênero Aedes alastrou para as grandes cidades e já
ocorre nos bairros mais estruturados,
A espécie Aedes aegypti forma o devido ao crescimento populacional e
grupo de maior interesse entomológico migratório.
devido ao seu habitat estar associado a
locais com predominância de água c) gênero Anopheles
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hábito terrestre. Os mais notáveis são


Existem cerca de 300 espécies as aranhas, escorpiões, pseudo-
do gênero, entretanto, somente escorpiões, escorpiões vinagre,
algumas são de relevância salpúgidos, carrapatos e ácaros.
epidemiológica para transmissão da Embora alguns desses animais
malária, dependendo da região. As não transmitam doenças, inoculam
fêmeas sugam o sangue para veneno que de acordo com a espécie
alimentação e desenvolvimento dos pode ser fatal. Podem ser encontrados,
ovos. Os machos alimentam-se de dependendo da adaptação de cada
sucos de vegetais e néctar das flores. espécie, em entulhos de obras, no
intradomicílio e peridomicílio, objetos,
As fêmeas desovam em variados madeira, vegetação e até em
locais com coleções d'água, de acordo instalações hidráulicas como ralos,
com a sua adaptação. Algumas se bueiros e tubulações.
adaptam em locais com água salobra,
como Anopheles aquasalis; outras 2. Moluscos
preferem grandes extensões de água
doce e, ao contrário do Aedes, se O gênero Biomphalaria pertence
adaptam bem à luminosidade solar, ao grupo de moluscos de maior
como An. darlingi; este se relaciona importância epidemiológica no país por
com vegetações flutuantes de aguapé. participar da transmissão da
Na faixa litorânea do sul do Brasil, esquistossomose, doença causada pelo
existem espécies que precisam de helminto da
pouca água acumulada - nos gravatás, espécie Shistossoma Mansoni. São
por exemplo; são as espécies animais endêmicos encontrados em
de An. bellator e An. cruzi que diversas regiões do Brasil, e a
pertencem ao subgênero Kertizia. transmissão da doença está associada
Os anofelinos costumam picar no com a falta ou deficiência de
período do crepúsculo vespertino ao saneamento básico, degradação
crepúsculo matutino. ambiental, hábitos culturais e habitação
humana em proximidades de zonas de
d) gênero Culex risco.

Espécie Culex quinquefasciatus particip 3. Roedores


a da transmissão da filariose e se
adapta bem ao ambiente doméstico. Os roedores estão entre os
Deposita seus ovos em recipientes com animais sinantrópicos de maior
água limpa ou poluída, nos domicílios interesse sanitário para epidemiologia,
ou em ambientes naturais, como rios, por participarem da transmissão de
lagoas ou pântanos; tanto à sombra diversas doenças ao homem. A maioria
como em lugares ensolarados, tolera das espécies de roedores vive em
muito bem o meio pobre em oxigênio e ambientes silvestres em total equilíbrio
seus focos podem ser encontrados até com a natureza e fazendo parte da
mesmo em fossas. cadeia alimentar de espécies
predadoras (aves de rapina, cobras,
1.2 Artrópodes de importância lagartos). Porém, algumas espécies
sanitária - aracnídeos conseguiram se adaptar ao ambiente
criado pelo homem, fazendo parte do
A classe dos aracnídeos agrupa grupo de animais sinatrópicos
os artrópodos que possuem quatro comensais. Estas espécies, diferentes
pares de patas, dois pares de peças dos roedores silvestres vivem próximas
bucais (quelíceras e pedipalpos) e de ao homem, destacando o murídeos
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(Rattus e Mus), onde possam encontrar controle de doenças e de agravos e


água, abrigo e principalmente alimento riscos relacionados a produtos,
para sobreviver. ambientes, serviços de saúde e outros
Além dos prejuízos econômicos serviços de interesse da saúde.
por danos materiais, os roedores
podem prejudicar a saúde humana, pois Saber fazer (habilidades)
são transmissores de uma série de
doenças ao homem e aos animais (ao •Desenvolver ações de coleta e
menos 30 zoonoses). Entre as qualificação da informação.
principais doenças transmitidas por •Identificar e informar a
roedores, de forma direta ou indireta, ocorrência de agravos de notificação
estão a leptospirose, peste, tifo, murino, compulsória, eventos adversos e queixa
hantaviroses, salmoneloses, febre da técnica.
mordedura e triquinose. •Aplicar oportuna e
As medidas para o controle de pertinentemente a legislação sanitária
roedores são simples, porém de difícil para fins de cadastro, monitoramento e
assimilação em virtude de alguns fiscalização de produtos, serviços de
fatores provocados pelo homem: saúde, ambientes (incluindo o de
disposição do lixo em locais trabalho) e outros de interesse da
inapropriados, hábitos culturais de jogar saúde.
lixo nas ruas, nos quintais e terrenos •Mapear e referenciar
baldios, falta de saneamento básico, geograficamente agravos, fatores de
etc. Contudo, não se recomenda o uso risco e outras informações relevantes
de produtos tóxicos, raticidas e objetos para a saúde humana.
pega-rato. A limpeza do ambiente e o •Analisar situação de saúde e
destino correto do lixo são as medidas elaborar plano operacional para o
de controle mais eficazes. desenvolvimento do trabalho.
Atividades de Controle •Monitorar, no meio ambiente,
realizadas pelo profissional Agente de fatores não biológicos de risco para
Combate às Endemias saúde humana relacionados à
As atribuições do ACE estão qualidade da água, solo e ar (ambientes
estabelecidas de acordo com as coletivos fechados).
necessidades do gestor municipal e do •Monitorar a qualidade da água
perfil epidemiológico de cada para consumo humano em nível local.
territorialidade. Em geral, suas •Monitorar a presença de
atribuições estão direcionadas para o contaminantes ambientais que
controle de doenças transmitidas por interferem na saúde humana em nível
vetores, hospedeiros e animais local.
sinantrópicos de importância •Controlar reservatórios animais
epidemiológica e prevenção de de doenças, vetores, animais
acidentes por animais peçonhentos. peçonhentos e artrópodes de
O ACE ao concluir, com total importância sanitária.
aproveitamento, curso introdutório de •Atuar em situações de surtos de
capacitação inicial e continuada em DTAs, zoonoses, arboviroses,
Vigilância em Saúde, deve estar apto ectoparasitoses, articulando fluxos,
para exercer as seguintes funções: dinâmica e atribuições dos serviços de
Execução de ações e vigilância sanitária e epidemiológica.
procedimentos técnico-operacionais •Monitorar, no meio ambiente, a
Competência – Executar ações e presença de vetores, animais
procedimentos técnicos específicos, peçonhentos e outros de importância
complementares e compartilhados no sanitária.
sentido da proteção, prevenção e
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•Atuar na vigilância e no controle em Vigilância em Saúde (MINISTÉRIO


de doenças e agravos transmissíveis e DA SAÚDE, 2011, pp. 29-31).
não transmissíveis. Disponível em: bvsms.saude.gov.br
•Aplicar protocolos referentes à
busca ativa de agravos, doenças, A seguir, alguns exemplos de
eventos adversos e queixa técnica. atividades de prevenção e controle de
•Monitorar a ocorrência de doenças realizadas pelo profissional
zoonoses em populações animais de ACE
interesse para a saúde humana,
silvestres, sinantrópicos e reservatórios 1. Controle de doenças
animais de doenças. transmitidas por Aedes aegypti

Educação e Comunicação Identifica criadouros de


mosquitos transmissores de doenças,
Competência – Articular tais como dengue, febre amarela, febre
população, trabalhadores e serviços da chikungunya e febre zika vírus. Controla
saúde e de outras áreas do território de a proliferação de mosquitos vetores
referência para programar ações e com participação e colaboração da
intervenções intersetoriais voltadas comunidade, mobilizando a população
para a promoção da saúde, prevenção para o manejo ambiental simples no
e controle de doenças e agravos à controle do vetor e por meio de
saúde. eliminação mecânica, biológica ou
química.
Saber fazer (habilidades) Aplica nebulização térmica e
•Programar e organizar ultra-baixo-volume (UBV); e borrifação
treinamentos e eventos para a intradomiciliar de efeito residual.
qualificação da equipe de trabalho. Desenvolve soluções práticas
•Orientar pessoas, grupos, para o manejo ambiental contra a
setores de prestação de serviços e de formação de criadouros de mosquitos.
produção quanto a ações de promoção
da saúde, prevenção e controle de Desenvolve Planos de Ação por
doenças e agravos à saúde. meio de cadastramento de imóveis,
•Executar ações de educação mapeamento e reconhecimento
para a saúde e mobilização social geográfico (RG), registrando áreas de
associadas à melhoria da qualidade de risco e pontos estratégicos. Monitora e
vida, à preservação, à proteção e fiscaliza esses ambientes.
utilização dos bens e recursos Informa a população sobre os
ambientais, incluindo os relacionados sintomas das principais doenças
ao trabalho. endêmicas transmitidas
•Criar e construir meios de por Aedes aegypti e a necessidade do
informação e de comunicação para a atendimento médico em caso de
população do território de referência. sintomas.
•Usar técnicas de negociação e Realiza pesquisa entomológica
abordagem de pessoas, organizações e para o Levantamento Rápido do Índice
grupos. de Infestação por Aedes aegypti por
•Integrar equipes de meio de coleta de culicídeos em estágio
planejamento e programação de ações larval e/ou pupal; monitora populações
de proteção e promoção à saúde de de mosquitos em determinada área
grupos referidas ao ambiente e à utilizando armadilhas em locais
segurança do trabalho. estratégicos para capturar espécies de
Manual de Diretrizes e Aedes e demais espécies de
Orientações para Formação do Técnico interesse sanitário.
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Notifica e encaminha, quando doenças endêmicas transmitidas


indicado, para a unidade de saúde de por Biomphalaria.
referência pessoas acometidas por
doenças transmitidas 3. Controle de Raiva Humana e
por Aedes aegypti. Leishmaniose

2. Controle de doenças Desenvolve e participa de


transmitidas por Biomphalaria campanhas de vacinação anti-rábica
para o controle da raiva humana.
Identifica locais e coleções Orienta e incentiva a população
hídricas com presença de moluscos de sobre a guarda responsável de animais
importância epidemiológica; coleta domésticos.
amostras desses animais para estudo Desenvolve e participa de
de malacofauna local; elabora através campanhas contra a leishmaniose,
de desenho simples o reconhecimento informando a população sobre os
geográfico (RG) do local; cadastra os perigos da doença e as formas de
imóveis e a população residente; e prevenção e combate ao vetor, e outras
auxilia em tarefas de mapeamento de medidas de prevenção que inclui
áreas de risco com ajuda de softwares vacinação anual para animais
específicos, GPS e SIG para pesquisas domésticos e coleiras repelentes, bem
malacológicas. como a importância da esterilização
Aplica o controle biológico, físico cirúrgica para o controle populacional
ou químico, quando indicado, para o de animais domésticos (incluindo
controle de moluscos de importância animais de grande porte), objetivando
epidemiológica, com finalidade de controlar a leishmaniose visceral e
controlar as principais doenças tegumentar em regiões endêmicas ou
endêmicas regionais, tais como a não endêmicas.
esquistossomose mansônica, fasciolose
e angiostrongilose abdominal, seguindo Resgata animais domésticos
critérios e normas técnicas vítimas de abandono para esterilização
determinados pelo Ministério da Saúde cirúrgica, objetivando controlar a
e do Meio Ambiente, objetivando população desordenada desses
diminuir o máximo possível os impactos animais que podem se tornar
ambientais negativos (contaminação do reservatórios para a doença. Promove
meio abiótico, interferência no habitat campanhas de adoção de animais
de animais aquáticos/terrestres, domésticos.
introdução de espécies exóticas e Pulveriza ambientes e
intoxicação ou mortandade de animais). intradomicílios para o controle do
Promove educação em saúde e flebotomíneo transmissor da
ambiental com a população local para o leishmaniose.
manejo do ambiente e os cuidados com Desenvolve e participa de
os sintomas, tratamento e prevenção campanhas educativas sanitárias e de
das doenças endêmicas transmitidas manejo do ambiente com a população
por Biomphalaria. para a prevenção da leishmaniose.
Realiza coleta de material para Informa a população sobre os
exames parasitológicos e diagnóstico sintomas da leishmaniose e a
precoce para doenças endêmicas necessidade do atendimento médico
transmitidas por Biomphalaria. em caso de sintomas.
Notifica e encaminha, quando Notifica e encaminha, quando
indicado, para a unidade de saúde de indicado, para a unidade de saúde de
referência pessoas acometidas por referência pessoas acometidas por
esquistossomose ou por outras leishmaniose.
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Executa outras atividades de


4. Controle de acidentes por prevenção e controle de doenças e
animais peçonhentos agravos à saúde, incluindo atividades
de pesquisa, gestão e desenvolvimento
Identifica animais peçonhentos de projetos, conforme a titulação e o
de importância epidemiológica. grau de instrução/escolaridade técnico-
Realiza vistoria e inspeção em científico do profissional.
ambientes para identificar focos de
animais peçonhentos; desenvolve com 2- O que é e como o território
a população o trabalho de manejo vem sendo usado pela saúde pública
ambiental para prevenção de acidentes
por animais peçonhentos. Ao se buscar definir a
Notifica e encaminha, quando ‘territorialização em saúde’, precede
indicado, para a unidade de saúde de explicitar a historicidade dos conceitos
referência pessoas acidentadas por de território e territorialidade, suas
animais peçonhentos de importância significações e as formas de
epidemiológica: ofidismo - acidentes por apropriação no campo da saúde pública
serpentes venenosas; escorpionismo - e da saúde coletiva. Pretende-se com
acidentes por escorpiões do isso, situar os diferentes usos do
gênero Tityus; araneismo - acidentes termo territorialização (teórico, prático e
por metodológico) pelo setor saúde,
aranhas: Loxosceles gaucho (aranha destacando sua importância no cenário
marrom), Latrodectus curacaviensis (viú atual da reorganização da atenção, da
va-negra, rede de serviços e das práticas
flamenguinha), Phoneutria nigriventer (a sanitárias locais.
ranha armadeira) O termo território origina-se do
e Lycosa erythrognatha (aranha-de- latim territorium, que deriva de terra e
grama); coleópteros - acidentes por que nos tratados de agrimensura
besouros do gênero Paederus, aparece com o significado de ‘pedaço
conhecidos por potó, trepa-moleque, de terra apropriada’. Em uma acepção
fogo-selvagem, entre outros; mais antiga pode significar uma porção
lepdópteros - acidentes por insetos delimitada da superfície terrestre.
pertencentes à Nasce com dupla conotação, material e
ordem Lepdóptera (forma larvária ou simbólica, dado que etimologicamente
adulta), conhecidos por lagarta-de-fogo, aparece muito próximo de terra-
sauí, chapéu-armado, entre outros; territorium quanto de terreo-territor
himenópteros - acidentes por abelhas, (terror, aterrorizar). Tem relação com
vespas, formigas; celentrados - dominação (jurídico-política) da terra e
acidentes por anêmonas, corais, com a inspiração do medo, do terror –
caravelas; ictismo - acidentes por em especial para aqueles que,
peixes marinhos ou fluviais, por contato subjugados à dominação, tornam-se
(acantotóxico) ou por ingestão alijados da terra ou são impedidos de
(sarcotóxico) de espécies que entrar no ‘territorium’. Por extensão,
produzem toxinas; entre outros. pode-se também dizer que, para
aqueles que têm o privilégio de usufruí-
5. Vigilância e controle da lo, o território inspira a identificação
qualidade da água para consumo (positiva) e a efetiva ‘apropriação’
humano (Haesbaert, 1997, 2005; Souza &
Coleta amostras de água para Pedon, 2007).
consumo humano para análise A concepção de território que
microbiológica. mais atende às necessidades de
análise das ciências sociais e humanas
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é a sociopolítica. Só é possível falar em do exercício do poder em uma


demarcação ou delimitação em determinada área e esta área é o
contextos nos quais exista uma território.
pluralidade de agentes (Nunes, 2006). O território configura-se no
Portanto, a noção de território é espaço, a partir de uma ação conduzida
decorrência da vida em sociedade, ou por um ator sintagmático - aquele que
ainda, “os territórios [...] são no fundo, realiza um programa, em qualquer nível
antes ralações sociais projetadas no da realidade. Ao se apropriar de um
espaço, que espaços concretos” espaço, de forma concreta ou abstrata,
(Souza, 1995, p.87). “[...] o ator ‘territorializa’ o espaço”
Em uma sociedade política os (Raffestin, 1993, p.143). Significa que o
indivíduos se articulam por meio de território materializa as articulações
relações reguladas e possui princípios estruturais e conjunturais a que os
mínimos de organização. Essa indivíduos ou os grupos sociais estão
organização só se viabiliza quando submetidos num determinado tempo
existe um poder habilitado a coordenar histórico, tornando-se intimamente
todos àqueles que se encontram em um correlacionado ao contexto e ao modo
determinado espaço. Por isso, quando de produção vigentes. esse aspecto
se analisam os coletivos humanos ao processual de formação do território
longo da história, só se destaca a constituia ‘territorialização’ (Gil, 2004).O
noção de território a partir das primeiras processo de territorialização pode ser
sociedades políticas. Com isso, entendido como um movimento
corrobora-se a hipótese de que um historicamente determinado pela
elemento indissociável da noção de expansão do modo de produção
poder é o território, dado que não há capitalista e seus aspectos culturais.
organização sem poder (Nunes, 2006). Dessa forma, caracteriza-se como um
Raffestin (1993) entende o dos produtos sócio espaciais das
território como todo e qualquer espaço contradições sociais sob a tríade
caracterizado pela presença de um economia, política e cultura (EPC), que
poder, ou ainda, “um espaço definido e determina as diferentes territorialidades
delimitado por e a partir de relações de no tempo e no espaço - as
poder” (p. 54). E ainda, o poder “surge desterritorialidades e as re
por ocasião da relação”, e “toda relação territorialidades. Por isso, a perda ou a
é ponto de surgimento do poder” constituição dos territórios nasce no
(p.54). Quando coexistem em um interior da própria territorialização e do
mesmo espaço várias relações de próprio território. Ou seja, os territórios
poder dá-se o nome de encontram-se em permanente
‘territorialidades’, de modo que uma movimento de construção,
área que abriga várias territorialidades desconstrução e re construção (Saquet,
pode ser considerada vários territórios. 2003).
A territorialidade para Robert A constituição dos territórios na
Sack (1986) é uma estratégia dos contemporaneidade se expressa
indivíduos ou grupo social para segundo Santos (1996), com base em
influenciar ou controlar pessoas, dois movimentos: das horizontalidades
recursos, fenômenos e relações, e das verticalidades. As
delimitando e efetivando o controle horizontalidades serão os domínios de
sobre uma área. A territorialidade contiguidades, constituídos por uma
resulta das relações políticas, continuidade territorial, enquanto as
econômicas e culturais, e assume verticalidades seriam formadas por
diferentes configurações, criando pontos distantes uns dos outros,
heterogeneidades espacial, paisagística resultado de uma interdependência
e cultural - é uma expressão geográfica hierárquica dos territórios, consequente
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do processo de globalização operar mudanças no modelo


econômica. As intensas mudanças assistencial e nas práticas sanitárias
econômicas e políticas, decorrentes das vigentes, desenhando novas
verticalidades - mundialização do configurações loco-regional, baseando-
capital e o modelo neoliberal de se no reconhecimento e
organização do Estado - trouxeram esquadrinhamento do território segundo
impactos negativos sem precedentes a lógica das relações entre ambiente,
na organização dos territórios, nas condições de vida, situação de saúde e
estruturas produtivas e sociais dos acesso às ações e serviços de saúde
países em desenvolvimento, (Teixeira et al., 1998).
desenhando um cenário de profundas Para alguns autores,
desigualdades sociais, com a exclusão a territorialização nada mais é do que
de parcela significativa da população ao um processo de “habitar um território”
direito à vida e à cidade (Tavares & (Kastrup, 2001, p. 215). O ato de
Fiori, 1993; Antunes & Alves, 2004). habitar traz como resultado a
No setor saúde os territórios corporificação de sabres e práticas.
estruturam-se por meio de Para habitar um território é necessário
horizontalidades que se constituem em explorá-lo, torná-lo seu, ser sensível às
uma rede de serviços que deve ser suas questões, ser capaz de
ofertada pelo Estado a todo e qualquer movimentar-se por ele com alegria e
cidadão como direito de cidadania. Sua descoberta, detectando as alterações
organização e operacionalização no de paisagem e colocando em relação
espaço geográfico nacional pautam-se fluxos diversos - não só cognitivos, não
pelo pacto federativo e por instrumentos só técnicos, não só racionais - mas
normativos, que asseguram os políticos, comunicativos, afetivos e
princípios e as diretrizes do Sistema de interativos no sentido concreto,
Saúde, definidos pela Constituição detectável na realidade. (Ceccim,
Federal de 1988. Não obstante os 2005b). Essa abordagem remete,
avanços na saúde nos últimos 20 anos, fundamentalmente, à importância
alicerçados em bases teóricas sólidas da territorialização para os processos
da Reforma Sanitária, o setor padece formativos em saúde com foco na
de problemas organizacionais, aprendizagem significativa e nos
gerenciais e operacionais, demandando contextos de vida do cotidiano.
uma nova re organização de Entende-se, portanto, que o
seu processo de trabalho e de suas território da saúde não é só físico ou
estruturas gerenciais nas três esferas geográfico: é o trabalho ou a localidade.
de gestão do sistema, de modo a “O território é de inscrição de sentidos
enfrentar as desigualdades e no trabalho, por meio do trabalho, para
iniquidades sociais em saúde, o trabalho” (Ceccim, 2005a, p.983). Os
delineadas pela tríade econômico - territórios estruturam habitus, e não são
política globalização, mundialização simples e nem dependem de um
e neoliberalismo. simples ato de vontade sua
No cenário da crise de transformação que inclui a luta pelo
legitimidade do Estado, o ponto de amplo direito à saúde. A tarefa de
partida para a re-organização do confrontar a força de captura das
sistema local de saúde brasileiro foi racionalidades médico-hegemônica e
redesenhar suas bases territoriais para gerencial hegemônica requer impor a
assegurar a universalidade do acesso, necessidade de singularização da
a integralidade do cuidado e a equidade atenção e do cuidado e a convocação
da atenção. Nesse contexto, permanentemente dos limites dos
a territorialização em saúde se coloca territórios (Rovere, 2005).
como uma metodologia capaz de
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Encontra-se em jogo um demarcação de áreas de atuação. Essa


processo de territorialização: forma restrita de territorialização é vista
construção da integralidade; com algumas restrições, principalmente
da humanização e da qualidade na entre os geógrafos. Alegam ser um
atenção e na gestão em saúde; um equívoco falar em territorialização da
sistema e serviços capazes de acolher saúde, pois seria uma tautologia já que
o outro; responsabilidade para com os o território usado é algo que se impõe a
impactos das práticas adotadas; tudo e a todos, e que todas as coisas
efetividade dos projetos terapêuticos e estão necessariamente territorializadas.
afirmação da vida pelo desenvolvimento essa crítica é bem- vinda, enriquece o
da autodeterminação dos sujeitos debate teórico e revela os usos
(usuários, população e profissionais de limitados da metodologia, constituindo-
saúde) para levar a vida com saúde. se apenas como análise de
Essa territorialização não se limita à informações geradas pelo setor saúde e
dimensão técnico-científica do simples espacialização e distribuição de
diagnóstico e da terapêutica ou doenças, doentes e serviços
do trabalho em saúde, mas se amplia à circunscritos à atuação do Estado
re orientação de saberes e práticas no (Souza, 2004).
campo da saúde, que envolve Uma proposta transformadora de
desterritorializar os atuais saberes saberes e práticas locais concebe
hegemônicos e práticas vigentes a territorialização de forma ampla – um
(Ceccim, 2005a). processo de habitar e vivenciar um
A territorialização pode território; uma técnica e um método de
expressar também pactuação no que obtenção e análise de informações
tange à delimitação de unidades sobre as condições de vida e saúde de
fundamentais de referência, onde populações; um instrumento para se
devem se estruturar as funções entender os contextos de uso do
relacionadas ao conjunto da atenção à território em todos os níveis das
saúde. Envolve a organização atividades humanas (econômicos,
e gestão do sistema, a alocação de sociais, culturais, políticos etc.),
recursos e a articulação das bases de viabilizando o “território como uma
oferta de serviços por meio de fluxos de categoria de análise social” (Souza,
referência intermunicipais. Como 2004, p. 70); um caminho metodológico
processo de delineamento de arranjos de aproximação e análise sucessivas
espaciais, da interação de atores, da realidade para a produção social da
organizações e recursos, resulta de um saúde. Nessa perspectiva,
movimento que estabelece as linhas e a territorialização se articula fortemente
os vínculos de estruturação do campo com o planejamento estratégico
relacional subjacente à dinâmica da situacional (PES), e juntos, se
realidade sanitária do SUS no nível constituem como suporte teórico e
local. Essas diferentes configurações prático da Vigilância em Saúde. O PES,
espaciais podem dar origem a proposto por Matus (1993), coloca-se
diferentes padrões de interdependência no campo da saúde como possibilidade
entre lugares, atores, instituições, de subsidiar uma prática concreta em
processos e fluxos, preconizados no qualquer dimensão da realidade social
Pacto de Gestão do SUS (Fleury & e histórica. Contempla a formulação de
Ouverney, 2007). políticas, o pensar e agir estratégicos e
A saúde pública recorre a programação dentro de um esquema
a territorialização de informações, há teórico-metodológico de planificação
alguns anos, como ferramenta para situacional para o desenvolvimento dos
localização de eventos de saúde- Sistemas Locais de Saúde. Tem por
doença, de unidades de saúde e base a teoria da produção social, na
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qual a realidade é indivisível, e tudo o fenômenos. Recomenda-se a


que existe em sociedade é produzido aproximação com o olhar do
pelo homem. A análise social do antropólogo, que procura ativamente
território deve contribuir para construir estranhar o que lhe é familiar e
identidades; revelar subjetividades; familiarizar-se com o que lhe é
coletar informações; identificar estranho” (CHIESA; KON, 2007 p. 313)
problemas, necessidades e Territorialização e
positividades dos lugares; tomar Planejamento
decisão e definir estratégias de ação
nas múltiplas dimensões do processo 1. Produto e meio para a
de saúde-doença-cuidado. Os descentralização das ações de saúde –
diagnósticos de condições de vida e aproximar e adequar ações e recursos
situação de saúde devem relacionar-se das necessidades e do perfil
tecnicamente ao trinômio estratégico epidemiológico das diferentes regiões.
‘informação-decisão-ação’ (Teixeira et 2. A definição e analise do
al., 1998). território constitui-se a base para o
A proposta da territorialização, trabalho das equipes de saúde da
com toda crítica que ainda perdura nos família que devem: cadastrar as
campos da saúde coletiva e da pessoas dentro das famílias e mapear
geografia por sua apropriação tecnicista riscos, indicadores de saúde,
e prática objetivante, coloca-se como morbidade e mortalidade e
estratégia central para consolidação do potencialidades dentro dos territórios
SUS, seja para a reorganização nos quais atuam;
do processo de trabalho em saúde, seja 3. Apreender as
para a reconfiguração do Modelo de potencialidade presentes e o perfil das
Atenção. Como método e expressão necessidades a serem trabalhadas para
geográfica de intencionalidades a transformação da realidade de saúde
humanas, permite a gestores, local;
instituições, profissionais e usuários do 4. Duas vertentes
SUS compreender a dinâmica espacial
dos lugares e de populações; os 5. Base territorial que visa o
múltiplos fluxos que animam os reconhecimento do território como área
territórios e; as diversas paisagens que física, considerando suas barreiras
emolduram o espaço da vida cotidiana. geográficas, os dificultadores e
Sobretudo, pode revelar como os facilitadores para o acesso aos serviços
sujeitos (individual e coletivo) produzem de saúde;
e reproduzem socialmente suas 6. Base humana onde as
condições de existência – o trabalho, a relações, as formas de produção são
moradia, a alimentação, o lazer, as determinantes do perfil desse território.
relações sociais, a saúde e a qualidade 7. Responsabiliza-se dessa
de vida, desvelando as desigualdades forma pelos resultados na produção em
sociais e as iniquidades em saúde. saúde;

3- Como você delimita o seu Objetivos da territorialização


território de atuação com trabalhador em saúde
de saúde
1. Delimitar um território de
Para reconhecer seu território de abrangência;
responsabilidade para além da 2. Definir a população
paisagem, não basta a equipe da favorecida e apropriar-se juntamente
unidade de saúde o olhar desarmado, com ela do perfil da área e da
que não ultrapassa a superfície dos comunidade;
11
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3. Reconhecer dentro da 5. Cadastramento seguindo


área de abrangência barreiras e a lógica circular, tendo por base os
acessibilidade; critérios censitários prévios. A unidade
4. Conhecer condições de deve constituir-se o centro desse
infraestrutura e recursos sociais; território. Evitar conflitos e futuros e
5. Levantar problemas e facilitar ações extra muros. Considerar
necessidades, definido um diagnóstico aspectos como divisa com outros
da comunidade (continuo); bairros ou município, habitantes por
6. Identificar o perfil gênero ou ciclo de vida, atividades
demográfico, epidemiológico, econômicas , pavimentação, ladeiras ,
socioeconômico e ambiental; córregos etc.
7. Identificar e assessorar-se 6. Estar atendo a progressão
em lideranças formais e informais; demográfica. O território está em
8. Potencializar os movimento. Deve-se destacar áreas
resultados e os recursos presentes desocupadas. Consultar moradores e
nesse território (SES, SP). órgãos públicos sobre projetos e
ocupações. Evitar incapacidade de
Operacionalização da atendimento futuro.
Territorialização 7. Considerar áreas de
1. As várias dimensões da influencias e futuras pactuações com
realidade de um espaço/território muitas unidades próximas. Respeitar a
vezes possibilitam o estabelecimento Universalidade.
de correlações entre determinantes e 8. Delimitar a área em um
seus efeitos. Deve-se dessa forma mapa base que poderá ser obtido por
captar o movimento do território. Deve- meio de um guia de ruas.
se captá-lo não como uma fotografia 9. Cada cópia do mapa deve
mas como um filme. constituir uma base para a demarcação
2. O reconhecimento do como: delimitação do território, área de
território com seu perfil poderá evitar abrangência e influencia, área e/ou
transtornos futuros e facilitar a micro áreas de risco, equipamentos
aplicação de estratégias de atenção e sociais públicos e privados.
cobertura. 10. Envolvimento da equipe e
3. Primeiro passo: o comunidade.
reconhecimento do território através de 11. É a base de informações
visita. Deve ser previamente para a construção do perfil
sistematizada de modo que permita a epidemiológico.
identificação de barreiras geográficas,
áreas de risco, equipamentos sociais Diagnóstico da comunidade
públicos ou privados, organizações não 1. O diagnóstico
governamentais, empresas, espaços de epidemiológico deve considerar o perfil
lazer, etc. de morbidade – incidência e
4. Segundo passo: relacionar prevalência das doenças, fatores de
o número de equipes ou profissionais risco relacionados, incapacidades e
de saúde, definir, conforme perfil de internações.
práticas e oferta de serviço, a 2. O perfil socioeconômico
capacidade de atendimento da unidade, deve contemplar as condições de
sendo essa ação a base para a moradia, hábitos, costumes, estilos de
definição do território de abrangência, vida, atividades econômicas, renda,
do número de domicílios cadastrados escolaridade, crenças religiosas, meios
ou de usuários a serem atendidos no de comunicação e transporte, lazer,
serviço. participação em grupos, etc.

12
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3. Perfil sanitário e do meio 4- A territorialização


ambiente: o saneamento básico, água, como instrumento básico de
esgoto destino do lixo, presença de reconhecimento do território para a
águas contaminadas, esgotos a céu atuação da vigilância
aberto, foco de vetores, poluição do ar,
radioatividade, agrotóxicos, radiação O Sistema Único de Saúde
eletromagnética. (SUS) utiliza uma variedade de
4. As necessidades será nomenclatura e divisões territoriais para
definido no decorrer do trabalho e a operacionalizar suas ações, quais
partir do envolvimento com a sejam: o município, o distrito sanitário, a
comunidade através do cadastro e micro-área, a área de abrangência de
visitas. unidades de saúde, dentre outros, são
áreas de atuação de caráter
Identificação do perfil dos administrativo, gerencial, econômico ou
equipamentos instalados político, que se estruturam no espaço e
1. Escolas, igrejas, criam territórios próprios, dotados de
associações, unidades com programa poder. Para Giddens (1989), esse
de entrega e doação de leite, ONG´s, poder criado pelas estruturas do Estado
etc. e da sociedade civil organizada se
2. Conhecer qual institui através das redes de
subvenções existem; relacionamento humano que se
3. Quais serviços oferecidos constituem no espaço.
4. Limites de abrangência e As bases estruturantes do SUS
critérios de atendimento, documentos foram constituídas a partir de um
necessários; diagnóstico feito pelo movimento de
5. Identificar quais Reforma Sanitária Brasileira ao longo
habilidades necessárias para atuar nas dos anos 70-80, onde se destacavam
empresas; onde os trabalhadores são as seguintes considerações relativas ao
capacitados; setor e aos serviços por ele ofertados à
6. Ações de saúde população:
desenvolvidas pelas empresas; Desintegração das unidades de
7. Encaminhar usuários saúde, com sobre-oferta de serviços em
8. Auxiliar os equipamentos alguns lugares e ausência em outros;
em suas necessidades e demandas de Excessiva centralização
saúde; implicando por vezes em
Conclusões impropriedades das decisões, pela
1. É responsabilidade de distância dos locais onde ocorrem os
todos os técnicos e comunidade local problemas;
manter o cadastro do território Baixa cobertura assistencial,
atualizado; com segmentos populacionais
2. Como produto desse excluídos do atendimento,
processo, obter-se-á o estabelecimento especialmente os mais pobres e mais
de uma rede social solidária, que regiões mais carentes.
resultará em melhoria da condição de Irresolutividade, desperdício e
saúde da comunidade, dos fragmentação das ações e serviços no
trabalhadores inseridos nesse espaço e enfrentamento aos problemas e
a ampliação de projetos sociais necessidades apontadas nas diferentes
envolvendo diferentes sujeitos da regiões e populações brasileiras.
comunidade na busca de recursos. As quatro colocações acima
aludiam a uma distribuição inadequada
e desigual de recursos e serviços de
saúde em todo o território nacional,
13
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

reproduzindo, no campo da saúde, as às necessidades e aos problemas de


iniquidades sociais e econômicas do saúde de cada área delimitada.
país. A articulação entre a
Como consequência imediata, o regionalização e a municipalização se
sistema de saúde proposto àquela daria por meio de um movimento
época e aprovado na constituição de sincrônico de descentralização x
1988 — o SUS — apontou como centralização das ações, considerando
princípios doutrinários para a superação os serviços de saúde existentes no
do quadro exposto: a universalidade, a município como os principais
equidade e a integralidade, e, como responsáveis pelo atendimento à sua
diretrizes organizacionais, a população. O nível regional composto
regionalização e a descentralização das por agregados de municípios ou
ações e serviços de saúde para os estados com serviços de diferente
municípios: a municipalização. complexidade, se encarregaria de
A regionalização proposta atender a população referida pelos
inicialmente por instrumentos municípios desse polo de atenção.
infraconstitucionais após 1988 foi uma Assim, um município que tivesse um
estratégia racionalizadora que entendia serviço de maior complexidade —
a organização dos serviços segundo atenção terciária — poderia atender a
níveis de complexidade tecnológica, população de vários municípios e
localizados em áreas geográficas estados sob a égide da regionalização.
delimitadas com populações definidas. A proposta da municipalização
Pretendia-se, a partir desse arranjo da saúde foi absolutamente positiva,
administrativo-gerencial, oferecer motivada pelo significado da autonomia
àquelas populações referidas municipal para maior dinâmica na vida
atendimento integral em todos os níveis da população e pela importância
de atenção do sistema — primário, política e social de reforçar o poder
secundário e terciário. Ou seja, municipal. No entanto, até hoje ainda
organizava-se um polo assistencial que não foi considerada a heterogeneidade
articulava a rede de serviços de saúde da malha municipal do país para o
de vários municípios ou estados para desencadeamento do processo.
dar “cobertura” a um contingente Constatam-se grandes disparidades
populacional delimitado, a partir da jurídico-políticas, e operacionais entre
capacidade instalada de cada unidade os municípios, onde se vê, de um lado,
sanitária tendo como horizonte o que aqueles com mais de 1.000.000 de
cada uma produzia em relação às habitantes, com grande potencial
ações de proteção e recuperação da político, administrativo e financeiro, e,
saúde. de outro, os que não atingem uma
A municipalização dos serviços população de 5.000 pessoas — com
de saúde foi colocada como diretriz baixa capacidade operacional e pouca
operacional do novo sistema de saúde autonomia.
e trazia como ideia-força, para um novo Essas diferenciações
desenho organizacional, a noção de intermunicipais deveriam ter sido
território e a necessidade de se consideradas de forma mais radical
delimitar, para cada sistema local de para o sucesso na implementação da
saúde, uma base territorial de municipalização proposta pelo SUS.
abrangência populacional, na Mesmo evidenciando desde o início, em
perspectiva de se implantar novas seus princípios e diretrizes — nacionais
práticas em saúde capazes de e estaduais — a importância de se
responder com resolutividade — atuar sobre os problemas de saúde, e
equidade e integralidade de ações — que, considerando a efetividade das
intervenções, só seria possível quando
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se conseguissem respeitar as fragmentação territorial subnacional, e,


condições sociais, culturais, na segunda, aproxima-se do território
institucionais e epidemiológicas dos usado, sinônimo, segundo Santos
níveis local, regional, ou microrregional; (2001), de espaço geográfico.
deixava–se em aberto a possibilidade
de adaptações e alternativas O Distrito Sanitário como
operacionais segundo as unidade operacional mínima do
especificidades dos territórios, sem sistema de saúde
fazer menção ao nível municipal.
Confirma Paim (2002) que “de Junto com a regionalização e a
fato as condições políticas, sociais, municipalização surge a proposta de
econômicas, culturais e até geográfico- estruturação dos Distritos Sanitários
ambientais para desenvolver o como uma estratégia para a
processo de municipalização foram e implementação do SUS, funcionando
ainda são muito favoráveis (ou como uma unidade operacional básica
absolutamente desfavoráveis) a mínima do Sistema Nacional de Saúde.
depender das estratégias e dos critérios Essa proposição, em certo sentido,
para sua operacionalização" (Paim, recuperava as propostas teórico-
2002). metodológicas dos Sistemas Locais de
Na perspectiva de aproximação Saúde — SILOS —, entendidos como
da ação político-assistencial junto à um processo social e político de
população e maior resolutividade das transformação de práticas e uma
intervenções, o município se estratégia, apoiada pela OMS/OPAS,
transformou em um mito. Partia-se da para melhoria das condições de saúde
consideração repetida e sugestiva de das populações dos países em
que “quanto mais perto do fato a desenvolvimento, especificamente na
decisão for tomada, mais chance América Latina, as quais perderam,
haverá de acerto”. A municipalização da progressivamente, sua força e
saúde seria o caminho que segurava a visibilidade.
implantação do SUS, sintetizado na
sentença “o melhor remédio para a O processo de distritalização da
saúde é o município”. saúde teve impulso no Brasil no início
dos anos 80 paralelamente ao enfoque
São múltiplos os termos estratégico situacional no planejamento,
propostos nos últimos 15 anos em desenvolvido através do método
relação ao território e sua apropriação CENDES/OPAS e apropriado pelo
pelo sistema de saúde. Mendes (1993) Sistema Unificado e Descentralizado de
considera que se desenvolveram duas Saúde — SUDS (1986-87) — na
correntes do pensamento: uma que vê perspectiva de romper com a lógica
o território como espaço físico, autoritária e vertical na organização dos
geopolítico, com uma visão topográfica- serviços (Teixeira, 1993; Mendes,
burocrática e; outra que entende o 1994).
território-processo, como produto de Foi dessa época o surgimento de
uma dinâmica social onde se tencionam diversas experiências exitosas no país,
sujeitos sociais postos na arena política a partir de uma cooperação técnica
(Mendes, 1993:166). Tentando abrir Brasil-Itália, onde vários municípios
uma discussão sobre estas propostas brasileiros — Pau da Lima-BA, Natal-
consideramos que a primeira coincide RN, Cachoeira de Macacu-RJ, e outros
com a mais reconhecida e tradicional — desencadearam a estruturação de
forma de entender o território, definido distritos sanitários, tendo como diretriz
formalmente, e muitas vezes imposto, a definição de território, de áreas de
ao menos no primeiro nível de abrangência de unidades de saúde e a
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adscrição de população aos serviços de Aparentemente, mesmo sem


saúde (Paim, 1993, 1994; Mendes, definições claras a respeito, o primeiro
1994; Teixeira, 1994; Silva Junior, nível aparece como o único a ter
1996; Vilasboas, 1998). demarcação territorial no interior do
O distrito sanitário como a distrito, em função da exigência de
unidade organizacional mínima do adscrição de clientela e da definição de
sistema de saúde deveria ter uma base área de abrangência das unidades
territorial definida geograficamente, com básicas de saúde. O segundo e o
uma rede de serviços de saúde com terceiro nível de atenção não têm
perfil tecnológico adequado às contorno territorial visível, definindo-se
características epidemiológicas da geograficamente a partir da
população distribuída em seu interior. necessidade de atenção da população,
Nessa proposta, o distrito porém localizados no território do
poderia coincidir com o território do distrito que, dependendo de sua
município, ser parte dele ou, ainda, configuração, poderiam estar em um
constituir-se como um consórcio de município ou em parte de um município
municípios. Nessa última modalidade, ou vários municípios.
deveria ser escolhido dentre os A ideia subjacente à proposta do
municípios consorciados aquele com distrito sanitário seria possibilitar
maior capacidade tecnológica e progressivamente a estruturação dos
resolutiva para ser a sede do distrito serviços de saúde em diferentes
sanitário. Com isso, constituía-se uma escalas territoriais, ou seja, propiciar
rede articulada e hierarquizada de aos sistemas de saúde no âmbito do
serviços com atenção progressiva à estado, do município, da região, do
saúde da população. bairro, a oportunidade de se
Conceitualmente, o Distrito estruturarem para dar cobertura efetiva
Sanitário deveria ser capaz de resolver a uma determinada população em um
todos os problemas e atender a todas território — município, área de
as necessidades em saúde da abrangência, micro-área, família (Paim,
população de seu território, 1994).
circunscrevendo três níveis de atenção Outro aspecto muito importante
à saúde: da organização do distrito sanitário foi
sua relativa flexibilidade. Poderia
1) o primeiro voltado para o conformar uma região com um
cuidado à saúde individual e coletiva, município polo, onde se estabeleceriam
com ações de promoção e prevenção fluxos organizados de demanda de
capazes de resolver a maior parte dos serviços de maior complexidade desde
problemas de saúde da população de municípios pequenos até mesmo a
seu território; população de assentamentos rurais
2) o segundo deveria dispersos, do próprio município ou de
oferecer a assistência ambulatorial outros vizinhos. Essa certa flexibilidade
especializada, para responder às do atendimento especializado ou
necessidades de saúde encaminhadas emergencial contemplava até a
do nível anterior, dotado de maior possibilidade de atenção no local de
resolutividade e capacidade tecnológica trabalho, que poderia não coincidir com
ampliada, e, o da residência. Um distrito poderia
3) o terceiro nível, também agrupar vários bairros
responsável pela atenção a situações relativamente homogêneos
emergenciais, internações e com um internamente ao interior de uma cidade
aparato tecnológico mais complexo e de grande porte.
especializado. A proposta da distritalização,
embora tratada em certo tempo no país
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de forma exaustiva, não se difundiu


como deveria. Na atualidade, pouco se Diferentes do território-distrito e
tem trabalhado a relação entre os do território-moradia, que apresentam
conceitos de regionalização, uma delimitação evidente, o território-
municipalização e distritalização do área e o território-microárea
sistema, para compreender e definir compreendem extensões e população
como essas três estratégias indefinidas. Podem ser até
organizacionais poderiam contribuir considerados territórios de abrangência
para a melhoria da atenção na das unidades de saúde, ainda que as
implementação do SUS. De fato, o que delimitações não tenham sido tão
se tem hoje no Sistema Único de Saúde frequentes, e sua lógica alude à
é de que os “Sistemas Locais de quantidade de população, e não de
Saúde” podem ser concebidos, tanto no famílias que habitam num determinado
nível da unidade de saúde, como do recorte, sob a responsabilidade da
distrito, do município ou da unidade de saúde.
microrregião. Não há consenso sobre a Mais recentemente, se
teoria que consubstancia esta avaliarmos as regulamentações
proposição, nem reflexão sobre as operacionais do SUS — Norma Básica
práticas que ela informa para os da Atenção, NOB/96 — e a Norma
diferentes níveis de organização dos Operacional da Assistência —
serviços. Fica a critério de cada NOAS/2002 —, percebe-se uma série
profissional, instituição ou gestor de de nomenclaturas relacionadas às
saúde o entendimento e a apropriação noções de espaço geográfico e
dessas concepções e o seu território. Na primeira, NOB-96, a
rebatimento na organização dos ênfase é dada ao processo de
serviços e na estruturação das práticas municipalização dos serviços, exigindo-
sanitárias. se uma série de procedimentos que
devem ser paulatinamente repassados
Os vários territórios do SUS: do estado para a gestão do município,
coexistência ou integração? implicando em uma série de repasses
financeiros que dão sustentabilidade ao
Segundo Mendes (1993), no sistema. A segunda, NOAS/2002,
processo de municipalização podem ser preocupa-se com a regionalização da
identificados os seguintes territórios: assistência, com uma forte retomada do
Território-distrito - como poder do estado, na perspectiva de
delimitação político-administrativa; reorganizar os sistema a partir de polos
território área - delimitação da de atenção com maior capacidade de
área de abrangência de uma unidade dar respostas aos problemas e
ambulatorial; território-microárea - necessidades em saúde daquela
delimitada com a lógica da região.
homogeneidade socioeconômica- Na organização da atenção
sanitária; básica, ficam evidentes em todos os
Território-moradia - como lugar textos normativos os termos espaço
de residência da família. territorial, área de abrangência de
Independente das imprecisões unidade, adscrição de clientela,
no uso do termo área, o esforço do referência e contra-referência como a
autor é Inegável, e, ainda, sem possibilidade de se demarcar um
declaração explícita, desenvolve um território. Num primeiro momento o
raciocínio escalar, de níveis territoriais objetivo é compreender a dinâmica da
de grande utilidade na organização população, as relações sociais e
tanto dos serviços quanto das novas econômicas e o processo de produção
práticas de promoção de saúde. da saúde ou da doença, como
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

resultante da interação dessas diversas No atual pacto de gestão (Brasil,


dimensões. Num segundo momento, 2006) vê-se novamente a retomada da
criar as condições necessárias para regionalização como diretriz
vigiar, regular, controlar, organizar e fundamental do SUS, sendo eixo
intervir sobre os problemas e estruturante para a pactuação e
necessidades que surgem no território e descentralização das ações. Fica
com a população. explicito nesse documento que o
A NOB-96 propõe o desenho final do Plano Diretor de
reordenamento do modelo de atenção, Regionalização deve levar em conta o
estabelecendo vínculos entre os reconhecimento das regiões de saúde
serviços e os usuários por meio dos em suas singularidades, em cada
sistemas municipais de saúde. estado e no distrito federal. As regiões
Pressupõe-se que os estabelecimentos de saúde são entendidas como
de saúde se organizem em rede, com “...recortes territoriais inserido em um
subsistemas municipais de saúde que espaço geográfico contínuo,
não necessitam ter sede no território do identificadas pelos gestores municipais
município, orientado segundo os e estaduais a partir de identidades
princípios de regionalização e culturais, econômicas e sociais, de
hierarquização. As redes de serviços redes de comunicação e infraestrutura
regionalizadas ampliam o acesso aos de transportes compartilhados do
serviços de saúde com qualidade e território”.
menor custo, e devem ter como Por fim determina que a região
premissas para a integralidade das de saúde deve propiciar a organização
ações, a harmonia da oferta, a da rede de serviços e ações de saúde
integração dos serviços e a para atender e assegurar os princípios
modernização da atenção para atender constitucionais de universalidade do
ao princípio da descentralização. acesso, equidade e integralidade do
Os serviços municipais deverão cuidado, possibilitando a ação
estar organizados em diferentes níveis cooperativa e solidária entre gestores e
de complexidade tecnológica, onde o fortalecimento do controle social. A
alguns deles atendem a outros rede de atenção à saúde deve ser
municípios mediados pelo estado pactuada tanto em relação aos recursos
através do instrumento da Programação (materiais, financeiros e humanos)
Pactuada Integrada — PPI e da quanto no que tange às
Comissão Intergestora Bipartite — CIB. responsabilidades e ações
Já no processo de organização complementares entre os entes
da assistência, o enfoque principal é a federados.
regionalização e a unidade territorial é a O conjunto de ações que não
Região. Ela representa a fragmentação são compartilhadas refere-se à Atenção
do território estadual segundo Básica e às ações de vigilância em
agregados de municípios. Dentro dessa saúde, as quais devem ser assumidas e
lógica, a organização dos serviços e da estar sob a responsabilidade exclusiva
rede assistencial obedece a critérios de do município. Portanto, a região de
hierarquização administrativa sob a saúde deve estabelecer critérios que
responsabilidade das Secretarias assegurem certo grau de resolutividade
Estaduais de Saúde. A regionalização àquele território delimitado, como
da assistência se daria, portanto, por suficiência na atenção básica e parte da
níveis de complexidades da atenção — média complexidade, para isso podem
baixa, média e alta, dependendo da ter diferentes formatos tais como: I)
capacidade instalada e operacional de regiões interestaduais, formadas por
cada município habilitado. mais de um município, dentro de um
mesmo estado; II) regiões
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intermunicipais, organizadas dentro de famílias estivessem mais expostas aos


um mesmo município de grande riscos de adoecer e morrer, e onde as
extensão territorial e densidade condições de vida e a situação de
populacional; III) regiões interestaduais, saúde fossem precárias.
conformadas a partir de municípios Cada ACS se encarregaria de
limítrofes em diferentes estados, e, IV) cadastrar um número determinado de
regiões fronteiriças, organizadas a partir famílias adscritas a uma “base
de municípios limítrofes com países geográfica” sob os seus cuidados — em
vizinhos (BRASIL, 2006). torno de 150 famílias ou 750 pessoas
Dependendo da complexidade —, onde os problemas deveriam ser
ou da estratégia de definição das identificados em cada “território de
regiões, pode-se identificar nos dois trabalho”, por meio de um mapeamento
instrumentos normativos (NOB/96; de sua “área de abrangência”,
NOAS/2002; Pacto de Gestão, 2006) ressaltando as “micro-áreas de risco”. O
sub-regiões dentro das regiões, tais agente comunitário deveria pertencer à
como: comunidade onde realiza seu trabalho,
região de saúde - base territorial estreitando os laços entre a população
de planejamento, correspondendo a um e os serviços de as saúde, criando uma
agregado de municípios; rede informal de saúde.
microrregiões - sub-regiões de O PSF foi criado junto com o
saúde com maior homogeneidade PACS em 1991, iniciando suas
interna, populacional e epidemiológica atividades em 1994. Dentre as suas
que demanda ações específicas; diretrizes, algumas apontam na direção
módulo assistencial – módulo da definição de territórios, como: a
territorial com resolutividade “adscrição de população” — vinculada a
correspondente ao 1ë nível de uma unidade básica; “território de
referência da atenção à saúde, abrangência” —, entendido como a
podendo ser composto por um ou mais área que está sob a responsabilidade
municípios; de uma equipe de saúde da família e, a
município-sede – município do “territorialização” — vista como uma
módulo assistencial habilitado na ferramenta metodológica que possibilita
Gestão Plena do Sistema Municipal de o reconhecimento das condições de
Saúde. Oferece a totalidade dos vida e da situação de saúde da
serviços à população do município e a população de uma área de
outras a ele adscritas; abrangência.
município-polo - referência para A estratégia Saúde da Família
outros municípios em qualquer nível da define e é responsável por um recorte
atenção; e, unidade territorial de territorial, que corresponde à área de
qualificação na Assistência à Saúde – atuação das equipes de saúde da
unidade mínima de planejamento família, ou dos agentes comunitários de
regionalizada em cada unidade saúde, segundo agregados de famílias
federada acima do módulo assistencial a serem atendidas (no máximo 1.000
– região ou microrregião de saúde. famílias ou 4.500 pessoas), que pode
Os territórios do Agente compreender um bairro, parte dele, ou
Comunitário de Saúde (ACS) e do de vários bairros, nas áreas urbanas ou
Programa Saúde da Família (PSF) em várias localidades, incluindo
Criado em 1991, o Programa de população esparsa em áreas rurais. A
Agentes Comunitários de Saúde — equipe mínima de uma unidade básica
PACS — teve como pressuposto básico do PSF para cobrir essa população é
a definição de “área geográfica” para a composta por um médico, uma
implantação do Programa, cuja enfermeira, um auxiliar de enfermagem
prioridade seriam aquelas onde as
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e de cinco a seis agentes comunitários em certo sentido convergente àqueles


de saúde. desenvolvidos pelos agentes
Ainda que o programa focalize o comunitários de saúde, que poderiam
atendimento na saúde das famílias, se encontrar ou sintetizar no avanço da
incluindo atividades de promoção de revisão sobre os vários recortes do
saúde, está implícita a atuação sobre SUS.
os ambientes de reprodução social Nas áreas de vigilância e
delas. A menor unidade espacial da controle da dengue, os agentes de
base territorial do sistema de saúde é saúde, responsáveis pela prevenção e
este território — a área de abrangência controle da endemia, delimitam seus
das famílias adscritas a cada unidade territórios de atuação em áreas urbanas
básica. Ela é pouco tratada, imprecisa segundo um número determinado de
em sua delimitação, e fonte para as imóveis, aproximadamente 800 (de 35 a
análises epidemiológicas. 40 quarteirões). Eles têm sido
Potencialmente, estes territórios têm denominados distritos ou micro-áreas,
como vantagem a possibilidade de onde os agentes de endemias centram
captar dados demográficos, sua atuação nos prédios, nas moradias,
epidemiológicos, e de condições de independente do número de pessoas
vida, incluindo ambientais. que os habitem ou os percorram
durante o dia.
Os territórios dos agentes de As informações contidas nessas
endemias unidades falam de índices de infestação
de larvas de mosquito e pouco refletem
O guarda de endemias como os processos de produção da doença
agente de vigilância e controle atua em — seus determinantes e
um recorte territorial definido dentro de condicionantes. São unidades para
uma diretoria ou subdiretoria regional. ação contra o vetor — o inimigo a ser
São formados a partir de itinerários a enfrentado, e também de educação da
serem cumpridos no trabalho que população para sua participação no
realizam no campo — nas moradias, controle dos fatores que podem
nas fazendas, nos povoados ou favorecer ao surgimento de focos de
localidades rurais —, que consistem em mosquitos.
visitas para a busca de vetores ou das Dos diferentes períodos de
condições propícias a sua reprodução. constituição destes recortes dos
Esses trabalhadores de campo territórios do SUS — do guarda de
percorrem lugares muito diversificados, endemias ao agente comunitário e ao
desde um pequeno povoado rural PSF, passaram-se cerca de 50 anos.
concentrado a populações dispersas no Desse modo, foram se conformando
território, até condomínios fechados em sucessivas aproximações entre
grandes cidades. determinados conteúdos técnicos a
Uma das questões colocadas serem desenvolvidos pelos
atualmente é a possibilidade de ampliar profissionais neles inseridos, sugerindo,
o conteúdo do trabalho desses na atualidade, a possibilidade de
profissionais — guardas — de forma integração das práticas de todos eles,
que durante o trabalho de campo na perspectiva de se ampliar e
consigam avançar na compreensão dos disponibilizar as fontes de dados, de
problemas de saúde das famílias e das forma mais completa e abrangente.
populações, além da observação Na prática dos serviços de saúde
exclusiva dos fatores associados às vem ocorrendo uma articulação
endemias espontânea entre os vários recortes
(Barcellos e Rojas, 2004). mencionados, sem um
Resultaria desta proposta um conteúdo acompanhamento sistemático que
20
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possa revelar as diferentes formas escala de observação — base


dessa integração. cartográfica, nos estudos
Como foi visto, os territórios epidemiológicos (descritivos e
onde se desenvolvem as práticas de analíticos) e nos epidemiológicos
saúde (curativas, preventivas e espaciais, e,
promocionais), em geral são planejar e alocar recursos
fragmentados ainda que estejam dentro (físicos, financeiros, tecnológicos),
de um mesmo município. Há uma inclusive pessoas, compatíveis com as
diversidade de interpretações e necessidades e os problemas de uma
múltiplos sentidos ao que se chama de área e população específicas.
território no campo da saúde. O que se Todas essas situações dizem
torna evidente é a necessidade de respeito às necessidades que o setor
definir um “espaço geográfico” para a saúde e, especificamente, o sistema de
estruturação e organização de serviços saúde tem de promover e proteger a
de saúde compatíveis com as saúde das populações, buscando
necessidades e os problemas estratégias e arranjos institucionais
demandados pela população. Isto para vigiar, controlar e prevenir riscos e
contribuiria para uma melhor atuação agravos à saúde, decorrentes das
dos profissionais aproximando-os do condições gerais da existência humana
cotidiano da vida das pessoas sob seus — da produção, da circulação e do
cuidados, e o desenvolvimento de consumo, manifestos nos espaços de
práticas sanitárias efetivas — integrais vida das pessoas.
e humanizadas —, que auxiliem na
melhoria das condições de vida da 5- Situação epidemiológica no
população e na produção de saúde. Município
Portanto, a utilização da
categoria território serve para Vigilância epidemiológica
operacionalização de diferentes
situações no campo da saúde:
distribuir e localizar no espaço Objetivos
unidades de saúde, traduzidas em área
de abrangência e acessibilidade a Evitar a ocorrência das infecções
serviços e produtos de saúde; pelo vírus da dengue em áreas livres de
compreender e analisar o circulação.
processo saúde-doença, identificando Detectar precocemente as
os fatores determinantes e epidemias.
condicionantes em suas múltiplas Controlar as epidemias em
dimensões — social, econômica, curso.
política, ecológica, cultural; Reduzir o risco de transmissão
circunscrever e elaborar da dengue nas áreas endêmicas.
diagnóstico da situação de saúde e das Reduzir a letalidade de
condições de vida de uma população FHD/SCD, mediante diagnóstico
de referência; precoce e tratamento oportuno e
identificar necessidades, adequado.
situações-problemas e populações
específicas para as intervenções em Definição de caso
saúde;
localizar e espacializar riscos à
saúde e ao ambiente; Caso suspeito de dengue
definir a base populacional, o clássico – paciente que tenha doença
nível de agregação das variáveis febril aguda, com duração máxima de 7
(determinantes e condicionantes) e a dias, acompanhada de pelo menos dois
21
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dos seguintes sintomas: cefaleia, dor superiores a: 45% em crianças; 48%


retroorbital, mialgia, artralgia, em mulheres e 54% em homens; ou
prostração, exantema. Além desses queda do hematócrito em 20%, após o
sintomas, deve ter estado nos últimos tratamento; ou presença de derrame
quinze dias em área onde esteja pleural, ascite e hipoproteinemia;
ocorrendo transmissão de dengue ou confirmação laboratorial
tenha a presença de Aedes aegypti. específica.

Caso suspeito de FHD – é todo Caso de dengue com


caso suspeito de dengue clássico que complicações – é todo caso que não se
também apresente manifestações enquadre nos critérios de FHD e a
hemorrágicas, variando desde prova do classificação de dengue clássico é
laço positiva até fenômenos mais insatisfatória, dada a gravidade do
graves como hematêmese, melena e quadro clínico-laboratorial apresentado.
outros. A ocorrência de manifestações Nessa situação, a presença de um dos
hemorrágicas, acrescidas de sinais e itens a seguir caracteriza o quadro:
sintomas de choque cardiovascular alterações neurológicas; disfunção
(pulso arterial fino e rápido ou ausente, cardiorrespiratória; insuficiência
diminuição ou ausência de pressão hepática; plaquetopenia igual ou inferior
arterial, pele fria e úmida, agitação), a 50 mil/mm3; hemorragia digestiva;
levam à suspeita de síndrome de derrames cavitários; leucometria global
choque. igual ou inferior a 1 mil/mm3; óbito.

Caso confirmado de dengue Caso descartado


clássico – é o caso confirmado Caso suspeito com diagnóstico
laboratorialmente. No curso de uma laboratorial negativo (2 resultados
epidemia, a confirmação pode ser feita negativos, amostras pareadas IgM),
através de critério clínico- desde que se comprove que as
epidemiológico, exceto nos primeiros amostras foram coletadas e
casos da área, que deverão ter transportadas adequadamente.
confirmação laboratorial. Caso suspeito de dengue com
diagnóstico laboratorial de outra
Caso confirmado de FHD – é o entidade clínica.
caso em que todos os critérios abaixo Caso suspeito, sem exame
estão presentes: laboratorial, cujas investigações clínica
febre ou história de febre e epidemiológica são compatíveis com
recente, com duração de 7 dias ou outras patologias.
menos;
trombocitopenia (< = 100 Notificação
mil/mm3); Por ser uma doença de
tendências hemorrágicas notificação compulsória, todo caso
evidenciadas por um ou mais dos suspeito e/ou confirmado deve ser
seguintes sinais: prova do laço positiva, comunicado ao Serviço de Vigilância
petéquias, equimoses ou púrpuras e Epidemiológica, o mais rapidamente
sangramentos de mucosas, do trato possível. Este deverá informar,
gastrointestinal e outros; imediatamente, o fato à equipe de
extravasamento de plasma, controle vetorial local para a adoção
devido ao aumento de permeabilidade das medidas necessárias ao combate
capilar, manifestado por: hematócrito do vetor. Em situações epidêmicas, a
apresentando um aumento de 20% do coleta e o fluxo dos dados devem
valor basal (valor do hematócrito permitir o acompanhamento da curva
anterior à doença) ou valores epidêmica, com vistas ao
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desencadeamento e avaliação das


medidas de controle. Confirmação diagnóstica – a
depender da situação epidemiológica,
Primeiras medidas a serem coletar material para diagnóstico
adotadas laboratorial, de acordo com as
orientações do Anexo I.
Atenção médica ao paciente – o
atendimento dos pacientes doentes Proteção da população – logo
deve ser deslocado para as unidades que se tenha conhecimento da suspeita
básicas, onde deverão ter a oferta de de casos de dengue, deve-se organizar
pelo menos duas consultas, uma inicial ações de bloqueio na área provável de
e outra 48 a 72 horas após. Só deverão transmissão, visando a diminuição da
ser referenciados para as unidades de população adulta de mosquitos. A
emergência, ou de maior complexidade, adoção de medidas de controle não
os pacientes que necessitarem de deve aguardar resultados de exames
hidratação venosa e observação laboratoriais para confirmação dos
continuada. Os pacientes que casos suspeitos.
apresentarem piora dos sinais e A integração das atividades de
sintomas devem permanecer sob vigilância epidemiológica e controle
tratamento e observação rigorosa nas vetorial é de fundamental importância
24 horas seguintes, pois apresentam para o sucesso do controle da doença.
risco de desenvolver síndrome de É necessário que o repasse de
choque da dengue. informações da localização dos casos
Qualidade da assistência – suspeitos para a vigilância
verificar se os casos estão sendo entomológica ocorra da forma mais ágil
atendidos em unidades de saúde com possível, viabilizando ações de bloqueio
capacidade para prestar atendimento em momento oportuno.
adequado e oportuno. Considerar a Ações de esclarecimento à
necessidade de adequação da rede população, através de meios de
para prestar atendimento, inclusive comunicação de massa (rádio e
provendo infraestrutura para realizar televisão), visitas domiciliares pelos
hematócrito, contagem de plaquetas e agentes de endemias/saúde e palestras
hidratação venosa. Na maioria das nas comunidades devem ser
vezes, os pacientes que apresentam a organizadas. Conhecimento sobre o
forma clássica da doença não ciclo de transmissão, gravidade da
necessitam de cuidados hospitalares. doença e situação de risco devem ser
Entretanto, os pacientes que venham a veiculadas, assim como medidas de
desenvolver quadros graves ou FHD, proteção individual, como o uso de
principalmente seguidos de choque, repelentes e telas nas portas e janelas.
demandam internamento em unidades
de saúde de maior complexidade. Investigação – envolve uma
sequência de ações diferenciadas, de
Proteção individual para evitar acordo com a situação epidemiológica
circulação viral – se o paciente estiver do município.
em centro urbano infestado por Aedes
aegypti, é recomendável que sua Roteiro da investigação
residência possua tela nas portas e epidemiológica
janelas. Não é necessário isolamento,
uma vez que a infecção não se A depender da situação
transmite de pessoa a pessoa, nem por entomológica e de circulação prévia do
meio dos fluidos, secreções orgânicas vírus da dengue em cada área, fazem-
ou fômites. se necessárias condutas de vigilância e
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controle diferenciadas, que exigem investigação imediata de todos os


roteiros e condutas de investigação casos suspeitos.
específicos.
Área com história prévia de
Área não infestada (Fluxograma transmissão de dengue (Fluxogramas 3
1) – o objetivo da vigilância e 4) – o objetivo é detectar
epidemiológica (VE) é impedir a precocemente a circulação viral, nos
introdução do Aedes, procurando períodos não-epidêmicos; e diminuir o
detectar precocemente os focos número de casos e o tempo de duração
(vigilância entomológica), debelá-los em da epidemia nos períodos epidêmicos.
tempo hábil e fazer a vigilância de
casos suspeitos, de acordo com as Períodos não-epidêmicos
definições de caso preconizadas. Notificar, de acordo com o fluxo
Notificar os casos, de acordo estabelecido para o estado.
com o fluxo estabelecido para o estado. Investigar os casos suspeitos,
Solicitar a coleta de sangue e com a busca ativa de casos no local de
encaminhar ao laboratório de referência residência, trabalho, passeio, etc., do
para confirmação laboratorial. paciente suspeito.
Investigar o caso para detectar o Coletar material para sorologia
local provável de infecção; no caso de de todos os pacientes suspeitos e
suspeita de autoctonia, solicitar à concluir os casos.
equipe de controle vetorial pesquisa de Atentar para as normas e
Aedes aegypti na área. procedimentos de coleta, de acordo
Preencher a ficha de com o Anexo 1.
investigação de dengue enviá-la ao Realizar monitoramento viral,
nível hierárquico superior e encerrar o conforme rotina estabelecida pela
caso. vigilância epidemiológica
municipal/estadual e pelo Lacen.
Área infestada sem transmissão Manter as medidas de combate
de dengue (Fluxograma 2) – o objetivo ao vetor e desenvolver atividades
da VE é monitorar os índices de educativas e de participação
infestação predial, acompanhando as comunitária.
atividades das equipes de controle, com Investigar imediatamente os
vistas a conhecer a distribuição óbitos notificados para a identificação e
geográfica do vetor e seus índices de correção dos seus fatores
infestação, identificando as áreas de determinantes.
maior risco para a introdução do vírus e
acionando as medidas pertinentes,
detectando oportunamente os casos e FLUXOGRAMA 1
determinando o local provável de FLUXOGRAMA 2
infecção. FLUXOGRAMA 3
Nesta situação, recomenda-se FLUXOGRAMA 4
implementar a vigilância das febres
agudas exantemáticas e a vigilância
sorológica (realizar sorologia de dengue Períodos epidêmicos
em pacientes com suspeita inicial de Notificar, de acordo com o fluxo
rubéola e/ou sarampo, que tiveram estabelecido para o estado.
resultado sorológico negativo para
ambos). Recomenda-se a realização da
sorologia em apenas uma amostra dos
Quando houver suspeita de pacientes com dengue clássico, pois a
dengue, proceder à notificação e confirmação da maioria dos casos será
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feita pelo critério clínico-epidemiológico Casos de dengue clássico – no


após a confirmação laboratorial da período não-epidêmico, preencher
circulação viral na área. Em geral, tem todos os campos dos itens da ficha de
se estabelecido que se colha um a cada investigação epidemiológica do Sinan,
dez pacientes com suspeita de dengue. relativos aos dados gerais, notificação
A coleta é obrigatória para 100% dos individual e dados de residência,
casos suspeitos de FHD e para os exames laboratoriais e conclusão do
casos de dengue grave. Atentar para as caso. Durante epidemias, o município
normas e procedimentos de coleta, de pode adotar o preenchimento apenas
acordo com o Anexo 1. da notificação, não preenchendo a ficha
Realizar monitoramento viral, de investigação. Essa medida visa
conforme rotina estabelecida pela garantir a oportunidade da notificação e
vigilância epidemiológica deve, obrigatoriamente, ser acordada
estadual/Lacen, e investigar com a secretaria estadual de saúde.
imediatamente os óbitos notificados Casos de dengue com
para a identificação e correção dos complicações e FHD – sempre
seus fatores determinantes. preencher a ficha de investigação, com
Adotar, concomitantemente, as especial atenção para os campos
seguintes medidas: referentes aos exames laboratoriais e
organizar imediatamente a conclusão do caso. Consultar o
atenção médica pela rede básica de prontuário dos casos e o médico
saúde; assistente para completar as
capacitar os profissionais de informações sobre exames laboratoriais
saúde, de acordo com a necessidade, inespecíficos realizados (principalmente
no diagnóstico e tratamento da doença, plaquetas e hematócrito).
nas suas diversas apresentações Verificar e anotar se foi realizada
clínicas; a prova do laço e qual foi o resultado.
disponibilizar o protocolo de Busca ativa de casos graves –
atendimento padronizado para toda a deve ser realizada busca ativa de casos
rede; suspeitos de FHD nas unidades de
divulgar as unidades de saúde, não devendo se aguardar
referência para casos graves; apenas a notificação passiva. Quando o
intensificar o combate ao Aedes; evento estiver ocorrendo em um grande
incrementar as atividades de centro urbano, além desta busca deve-
educação em saúde e mobilização se alertar os serviços de emergências
social; para a possibilidade de FHD e solicitar
reorganizar o fluxo de a notificação imediata dos casos
informação para garantir o suspeitos ao serviço de vigilância. Este
acompanhamento da curva epidêmica; alerta facilita a busca ativa e a
analisar a distribuição espacial dos mensuração da magnitude da
casos para orientar as medidas de ocorrência de casos graves.
controle; acompanhar os indicadores
epidemiológicos (taxa de ataque, Medidas de controle
índices de mortalidade e letalidade)
para conhecer a magnitude da Vigilância entomológica – as
epidemia e a qualidade da assistência atividades de rotina têm como principal
médica. função reduzir os criadouros do
mosquito, empregando-se
Coleta de dados clínicos e preferencialmente métodos mecânicos.
epidemiológicos Os larvicidas, quando indicados, devem
ser empregados somente nos
recipientes que não possam ser
25
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removidos, destruídos, descartados,


cobertos ou manipulados de forma que Vigilância epidemiológica
se tornem incapazes de permitir a
reprodução do vetor. As ações de Acompanhar sistematicamente a
rotina, além de contribuir para a evolução temporal da incidência de
redução da infestação por Aedes casos em cada área da cidade e
aegypti, podem evitar a sua confrontar com os índices de infestação
reintrodução em outras áreas. vetorial.
Organizar discussões conjuntas
Determinação e/ou com as equipes de controle de vetores
acompanhamento dos níveis de e de vigilância, visando a adoção de
infestação vetorial – as atividades de medidas capazes de reduzir (impedir) a
vigilância entomológica devem ser circulação viral em momento oportuno.
executadas rotineiramente em toda a Alertar os níveis hierárquicos
área urbana do município, com a superiores quando houver risco de
finalidade de levantar os índices epidemias.
(predial, Breteau, recipientes, etc.) para Implantar vigilância ativa de
monitoramento das ações executadas e casos e do vírus em função da
possíveis redirecionamentos ocorrência de inúmeras infecções
necessários. Períodos de circulação oligossintomáticas e dos problemas de
endêmica constituem momento ideal subnotificação e sub-registro de casos.
para a adoção de medidas visando Para isso, deve-se definir unidades
impedir epidemias futuras. A meta sentinelas em cada área da cidade e
estabelecida para os índices de fazer coleta de material de indivíduos
infestação não podem ser superiores a com suspeita de dengue, para
1% (zero é o ideal). isolamento e/ou sorologia. Este
procedimento permitirá o
Intensificação do combate ao monitoramento da circulação viral e
vetor – as atividades de emergência poderá detectar mais precocemente a
devem ser tomadas em caso de surtos introdução de um novo sorotipo na
e epidemias. Nessas situações, as cidade.
aplicações de inseticida a ultra baixo Investigar qual o local provável
volume são utilizadas para interromper de infecção, verificando
a transmissão (eliminação de fêmeas cuidadosamente a possibilidade de ser
infectadas), devendo ser programadas caso autóctone.
para repetições semanais. As ações de
rotina (visita casa a casa, mobilização Risco de urbanização de febre
da população, mutirões de limpeza) amarela
devem ser reavaliadas e reiniciadas A atual situação de dispersão e a
imediatamente. Naquelas situações elevada densidade do Aedes aegypti
onde a situação epidemiológica (surto aumentam o risco de reurbanização da
ou epidemia) indique ações que febre amarela. Atualmente, um dos
venham a ultrapassar a capacidade principais objetivos da VE do país é o
operativa do município, deve ser de impedir esta ocorrência, a partir da
solicitado apoio ao nível estadual. detecção oportuna de casos suspeitos.
Outras ações de controle estão A conduta a ser adotada frente a casos
especificadas no tópico Instrumentos suspeitos deve seguir as orientações
disponíveis para controle. As avaliações detalhadas no capítulo sobre febre
entomoepidemiológicas deverão ser amarela.
consideradas para paralisar as
atividades de aspersão de inseticida a Análise dos dados
ultra baixo volume.
26
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A análise dos dados das infecção e a busca ativa de casos são


investigações deve permitir a avaliação elementos fundamentais. Atualmente, o
da magnitude do problema e único elo da cadeia epidemiológica da
orientar/avaliar as medidas adotadas. doença que é vulnerável é o mosquito,
Deve ser feita sistematicamente, em por meio da redução da densidade
todos os níveis do sistema, e sua vetorial.
periodicidade dependerá da situação
epidemiológica e da organização do Controle vetorial
fluxo de informações. É preciso A única garantia para que não
considerar os dados referentes à exista a dengue é a ausência do vetor.
distribuição, densidade do vetor e Embora não esteja determinado o limite
ocorrência de casos, para que as abaixo do qual se possa ter a certeza
informações possam subsidiar a análise de que não ocorrerão surtos de
da situação epidemiológica e otimizar o dengue, este nível deve ser bem
uso dos recursos de controle próximo de zero. Dessa forma, em
disponíveis. áreas com Aedes, o monitoramento do
Os dados referentes aos casos vetor deve ser realizado rotineiramente
devem ser consolidados, agrupados e para conhecer as áreas infestadas e
ordenados segundo características de desencadear as medidas de controle:
pessoa, tempo, lugar, possibilitando manejo ambiental: mudanças no
avaliação de tendência da doença e meio ambiente que impeçam ou
comparação com igual período em anos minimizem a propagação do vetor,
anteriores (se for o caso). As tabelas evitando ou destruindo os criadouros
devem ser atualizadas periodicamente, potenciais do Aedes;
bem como as curvas endêmica e melhoria de saneamento básico;
epidêmica, para que forneçam uma participação comunitária, no
visão global do evento e permitam o sentido de evitar a infestação domiciliar
acompanhamento sistemático de sua do Aedes, através da redução de
evolução. Nos relatórios, empregar criadouros potenciais do vetor
linguagem clara e acessível, visando a (saneamento domiciliar);
sua divulgação para a população, controle químico: consiste em
imprensa e dirigentes dos órgãos de tratamento focal (elimina larvas),
saúde. perifocal (em pontos estratégicos de
difícil acesso) e por ultra baixo volume
Encerramento de casos (elimina alados) com uso restrito em
Os dados de notificação, junto epidemias.
com os resultados dos exames
laboratoriais e, nos casos em que foram Educação em saúde,
indicados, a investigação comunicação e mobilização social
epidemiológica, trarão os subsídios
para o diagnóstico final, considerando É necessário promover a
as alternativas constantes da definição comunicação e a mobilização social
de caso. para que a sociedade adquira
conhecimentos sobre como evitar a
Instrumentos disponíveis para dengue, participando efetivamente da
controle eliminação contínua dos criadouros
Não existem medidas de controle potenciais do mosquito.
específicas direcionadas ao homem, A população deve ser informada
uma vez que não há disponibilização de sobre a doença (modo de transmissão,
nenhuma vacina ou drogas antivirais. A quadro clínico, tratamento, etc.), sobre
notificação dos casos suspeitos, a o vetor (seus hábitos, criadouros
investigação do local provável de domiciliares e naturais) e sobre as
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medidas de prevenção e controle para IgM específicos aos 4 sorotipos do vírus


que possa adotar um novo da dengue. O anticorpo IgM antidengue
comportamento frente ao problema, desenvolve-se rapidamente após o
promovendo ações de controle da quinto dia do início da doença, na
doença. Devem ser utilizados os meios maioria dos casos, e tanto as
de comunicação de massa por seu primoinfecções quanto as infecções
grande alcance e eficácia, além da secundárias estimulam a produção
produção e distribuição de material que destes anticorpos, tornando-os
contemple as especificidades de cada detectáveis. A detecção dos anticorpos
área a ser trabalhada. Para fortalecer a IgM do vírus da dengue é de extrema
consciência individual e coletiva, devem importância tanto para o diagnóstico de
ser desenvolvidas estratégias de casos suspeitos quanto para subsidiar
alcance nacional para sensibilizar os os profissionais no processo de
formadores de opinião para a decisão-ação da vigilância
importância da comunicação e da epidemiológica.
mobilização social no controle da Isolamento viral – é o método
dengue; para envolver a sociedade em mais específico para a determinação do
ações de parceria com os gestores dos vírus responsável pela infecção. A
três níveis; e para enfatizar a coleta de amostra deverá ser feita, de
responsabilidade do governo em cada preferência, na primeira semana da
nível, e da sociedade como um todo, doença, durante o período de vi remia,
por meio de suas instituições, que em média é de 6 dias. O ideal é
organizações e representações. coletar o material até o 5º dia do início
dos sintomas. A coleta das amostras
Normas para procedimentos para essa técnica deverá ser orientada
laboratoriais pela vigilância epidemiológica,
respeitando-se a capacidade dos
O diagnóstico específico dos laboratórios de referência.
pacientes com suspeita de dengue é Outras técnicas também são
indicado de acordo com a situação utilizadas no diagnóstico sorológico do
epidemiológica de cada área. A seguir, vírus da dengue, incluindo as de
descreve-se os exames laboratoriais inibição de hemaglutinação (HI), fixação
disponíveis, sua interpretação e as de complemento (FC) e neutralização
normas de coleta dos espécimes. (N), que exigem amostras pareadas do
soro de casos suspeitos e cuja
Exames específicos confirmação é mais demorada.
A comprovação laboratorial das Detecção de antígenos virais
infecções pelo vírus da dengue pode e/ou ácido nucléico viral –
ser feita por meio de isolamento viral, gradativamente essas técnicas estão
métodos sorológicos, detecção de sendo incorporadas na rotina dos
antígenos virais e/ou ácidos nucléicos laboratórios e muitas vezes selam o
virais ou por diagnóstico diagnóstico em situações em que não é
histopatológico. possível fazê-lo pelas técnicas
Sorologia – é o método de habituais. Podem ser detectados
escolha para a confirmação laboratorial antígenos ou ácido nucléico viral no
na rotina. Existem várias técnicas, sangue, tecidos humanos e mosquitos,
sendo o Elisa de captura de IgM (MAC- mediante os seguintes métodos:
Elisa) o método de escolha, pois Reação em cadeia da
detecta infecções atuais ou recentes. A polimerase com transcrição reversa
sua realização requer, na maioria dos (RT-PCR) – permite a detecção de
casos, somente uma amostra de soro. quantidades reduzidas de ácido
Baseia-se na detecção de anticorpos nucléico viral presente nos espécimes,
28
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pela amplificação do c-DNA obtido a completo do paciente, data da coleta e


partir do RNA viral utilizando sondas natureza da amostra.
(primers) tipo-específicos de vírus da A confiabilidade dos resultados
dengue e seus sorotipos. A dos testes laboratoriais depende dos
sensibilidade, especificidade e a rápida cuidados durante a coleta, manuseio,
detecção de quantidades mínimas de acondicionamento e envio das
material genético em amostras de amostras (ver Quadro 1).
paciente fazem do RT-PCR um
excelente método de diagnóstico de Exames inespecíficos
infecção por vírus de dengue. Os Os exames inespecíficos devem
resultados falso-positivos geralmente ser solicitados de acordo com a
estão relacionados com a manipulação classificação clínica .
inadequada das amostras. O sucesso
desse método depende, em parte, da Grupo A
preservação do espécime clínico, sendo Hematócrito, hemoglobina,
recomendado mantê-lo na menor plaquetas e leucograma: recomendado
temperatura possível. para pacientes que se enquadrem nas
Imunofluorescência – a técnica seguintes situações: gestantes; idosos
de anticorpos fluorescentes baseia-se (> 65 anos); hipertensão arterial,
na união imunológica de um anticorpo diabete melito, DPOC, doenças
marcado com um fluorocromo ao seu hematológicas crônicas (principalmente
antígeno homólogo. anemia falciforme), doença renal
No método indireto, o uso de crônica, doença severa do sistema
anticorpos monoclonais permite cardiovascular, doença ácido-péptica e
identificar e caracterizar os isolamentos doenças auto-imunes.
de dengue. Devido à alta especificidade
da reação Ag-Ac, a técnica da IF é Grupo B
bastante utilizada. Hematócrito, hemoglobina,
Imunohistoquímica – esse plaquetas e leucograma: obrigatório
método permite a detecção de para todos os pacientes deste grupo.
antígenos virais em cortes de tecidos
fixados em formalina e emblocados em Grupos C e D
parafina. Corados pela enzima Hematócrito, hemoglobina,
(fosfatase alcalina ou peroxidase) plaquetas, leucograma e outros
marcada com anticorpo específico. conforme necessidade (gasometria,
Essa técnica deve ser adaptada à eletrólitos, transaminases, albumina,
infecção viral suspeita, após raios X de tórax, ultra-sonografia de
diagnóstico histopatológico prévio. abdome);
Hibridização in situ – é possível Ureia, creatinina, glicose,
detectar os genomas virais específicos eletrólitos, provas de função hepática,
usando sondas radiativas líquor, urina, etc: orientados pela
(radioisótopos) ou não radiativas história e evolução clínica.
(enzimas), inclusive em materiais
conservados por muitos anos. Alterações observadas
Diagnóstico histopatológico – Hemograma – a contagem de
realizado a partir de coleta de material leucócitos é variável, podendo ocorrer
post-mortem. As lesões desde leucopenia até leucocitose leve.
anatomopatológicas podem ser A linfocitose com atipia linfocitária é um
encontradas no fígado, rins, baço, achado comum.
coração e linfonodos. Coagulograma – aumento nos
O rótulo das amostras deve tempos de pro trombina, tromboplastina
conter, obrigatoriamente: nome parcial e trombina. Diminuição de
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fibrinogênio, protrombina, fator VIII, Esses indivíduos eram oriundos das


fator XII, antitrombina e antiplasmina. regiões Norte e Nordeste.
Bioquímica – albuminúria e Desde então, a transmissão da
discreto aumento dos testes de função doença vem sendo descrita em vários
hepática: aminotransferase aspartato municípios, de todas as regiões do
sérica/AST (conhecida anteriormente Brasil, exceto na região Sul. A doença
por transaminase glutâmico- ocorre em zonas rurais, periurbanas e
oxalacética/TGO) e aminotransferase urbanas de grandes centros como Rio
alanina sérica/ALT (conhecida de Janeiro (RJ), Belo Horizonte (MG),
anteriormente por transaminase Araçatuba (SP), Corumbá (MS)
glutâmico pirúvica/TGP). entre outros. Atualmente, no Brasil, a
LVA está registrada em 19 dos 27
6- Leishmaniose: estados (MS 2003) .
características epidemiológicas A coinfecção LV/HIV foi
registrada em 31 países de vários
A leishmaniose visceral (LV) é continentes - Ásia, África, América do
uma infecção zoonótica que afeta Sul (inclusive o Brasil) e Europa - com
animais e o ser humano, causada por aproximadamente 2000 casos
protozoário do gênero Leishmania sp notificados até o ano 2000, a maioria
Ross, 1903 e transmitida por várias dos quais diagnosticados em países do
espécies de insetos vetores conhecidos Sudoeste Europeu (Espanha, Portugal,
como flebotomíneos. É uma das seis França e Itália). No Brasil, a ampliação
doenças endêmicas mais importantes da área de distribuição geográfica da
no mundo (Alencar et al. 1991), dada a síndrome da imunodeficiência adquirida
sua incidência, alta mortalidade em (AIDS) e sua expansão para camadas
indivíduos não tratados e crianças mais pobres da população e a
desnutridas e emergente em indivíduos crescente urbanização da LVA, faz
portadores da infecção por HIV. supor que a prevalência da co-infecção
Tem ampla distribuição LVA/HIV venha a aumentar nos
geográfica, ocorrendo na Ásia, na próximos anos (Rabello et al.1998).
Europa, no Oriente Médio, na África e
nas Américas, onde também é A manifestação da LV como
denominada de leishmaniose visceral doença associada à AIDS pode ocorrer
americana (LVA) após infecção primária por Leishmania
Na América Latina, a doença já sp ou após reativação de infecção
foi descrita em pelo menos 12 países, pregressa, sendo esta reativação
sendo que 90% dos casos ocorrem no associada à imunodeficiência causada
Brasil, especialmente na região pelo HIV. Em algumas regiões de
Nordeste (Miles et al. 1999). Portugal e da Espanha, a LV é a
Na América do Sul, o terceira infecção oportunista mais
conhecimento da doença data de 1913, comum em casos de AIDS. Nestes
quando Migone, em Assunção, no países, a elevada frequência desta
Paraguai, descreve o primeiro caso em associação é devida tanto à reativação
necropsia de paciente oriundo de Boa da infecção leishmaniótica quanto a
Esperança, Corumbá - MS (Alencar et uma forma alternativa de infecção
al. 1991). Posteriormente, em 1934, a primária, decorrente da inoculação
partir de um estudo realizado por Penna intravenosa de Leishmania sp, por meio
et al. (1934) para o diagnóstico e de compartilhamento de agulhas e
distribuição da febre amarela no Brasil, seringas, entre viciados em drogas
41 casos positivos para o protozoário (transmissão inter-humana) (Alvar et al.
foram identificados em lâminas de 1997, Vallés et al. 1996). Dentre os
viscerotomias praticadas post-mortem. casos notificados, cerca de 90% eram
30
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

do sexo masculino, na faixa etária de Neves 2004). No entanto, nos


31 a 40 anos e, predominantemente, municípios considerados endêmicos,
entre usuários de drogas endovenosas que mantêm adequadamente as
(WHO 2000). Pela sua importância em atividades preconizadas pelo Programa
indivíduos portadores da infecção por de Vigilância e Controle da
HIV, a LV está incluída como critério Leishmaniose Visceral Americana
indicativo de diagnóstico da AIDS (PVCLVA) no ESP (SES 2000), não se
(Lopez-Velez et al. 1998). verifica aumento significativo do número
No estado de São Paulo (ESP), de casos. A espécie, L. longipalpis, até
a doença era conhecida apenas por junho de 2006, foi detectada em zona
meio do diagnóstico de casos, cujas urbana de 68 municípios das regiões
investigações posteriores revelaram administrativas de Araçatuba, Bauru,
tratar-se de casos importados. Em Marília e Presidente Prudente e, mais
1998, no município de Araçatuba, recentemente, na região de São João
região Oeste do ESP, foram detectados da Boa Vista, no município de Espírito
cães com suspeita clínica de LVA e Santo do Pinhal.
constatada a presença de Leishmania A doença em cães, desde o
sp, em exame parasitológico direto. primeiro registro da sua ocorrência, já
Este fato associado à presença do foi notificada em 45 municípios (Figura
inseto transmissor - Lutzomyia 4), ocorrendo em seis regiões
longipalpis Lutz & Neiva, 1912 - administrativas: Araçatuba, Bauru, Ma-
detectada em 1997, desencadeou uma rília, Presidente Prudente, Grande São
investigação epidemiológica que levou Paulo e São João da Boa Vista.
à identificação de Leishmania Em seres humanos, até junho de
(Leishmania) chagasi Cunha & Cha- 2006, a doença já havia sido registrada
gas, 1937 como agente causal, em 34 município das regiões de
confirmando a transmissão autóctone Araçatuba, Bauru, Marília e Presidente
de LVA em cães na área urbana de Prudente. Na figura 5 estão assinalados
Araçatuba e, posteriormente, em outros os municípios segundo o último ano de
municípios da Região. Em 1999, houve detecção de casos autóctones.
a confirmação do primeiro caso humano Observa-se que dos 24 municípios com
de LVA autóctone do ESP, também, no transmissão em 2005, em dois
município de Araçatuba (Camargo- (Barbosa e Bento de Abreu) o início da
Neves & Katz 1999, Galimbertti et al. transmissão se deu nesse ano e nos
1999). demais a transmissão continua em
Cabe destacar que até 1998, no 2005, representando 52,0% do total de
ESP, não havia sido assinalada a municípios com notificação de casos
transmissão autóctone da doença, desde o início da transmissão da
embora ao final da década de 70 e doença no ESP. Destaque também
início da década seguinte, houvessem para o município de Jaú, cuja
registros sobre a ocorrência da LVA nos transmissão humana foi identificada em
municípios de Diadema e São Paulo; um único ano.
todavia, nestas duas ocasiões, não foi
possível identificar os elos da cadeia de Ciclo
transmissão no que tange ao A infecção do vetor ocorre pela
reservatório e vetores (Iverson et al. ingestão, durante o repasto sanguíneo,
1982). de formas amastigotas da Leishmania
No ESP vem se verificando um existentes no interior dos macrófagos,
processo de expansão da doença, à presentes na derme do hospedeiro
medida que se verifica a adaptação do infectado. No tubo digestivo do vetor,
vetor em zonas urbanas (Camargo- transformam-se em promastigotas, que
Neves & Gomes 2002, Ca-margo- se multiplicam e, 3 a 4 dias após o
31
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

repasto contaminante, as fêmeas do vísceras contaminadas, etc (Deane


flebotomíneo tornam-se infectantes. Por 1956, Alencar 1959, Forattini 1973,
ocasião de um novo repasto sanguíneo, Sherlock 1964), porém não existem
as formas promas-tigotas são evidências sobre a importância
inoculadas no hospedeiro e são epidemiológica destes mecanismos de
fagocitadas pelos macrófagos, transmissão para humanos ou na
retornando à forma amastigota, onde se manutenção da enzootia.
multiplicam até rompê-los para serem Até o momento, não foi
fagocitadas por novos macrófagos. comprovada a transmissão direta de
Desta forma, ocorre disseminação animal para animal, de animal para
hematogênica para tecidos ricos em pessoa ou de pessoa para pessoa.
células do SFM, como: linfonodos,
fígado, baço e medula óssea (Rey Período de incubação
1991, Lainson & Shaw 1987).
O ciclo biológico da L. chagasi é O período de incubação é
do tipo heteroxênico, envolvendo como bastante variável tanto para seres
transmissor as fêmeas de L. longipalpis. humanos como para cães.
O inseto ao picar o vertebrado
infectado, ingere com o sangue, células Suscetibilidade e imunidade
do SFM parasitadas pelas formas
amastigotas presentes no local da Em humanos
picada. No tubo digestivo do
flebotomíneo transformam-se em Não existe diferença de
promastigotas, que se multiplicam e são suscetibilidade entre idade, sexo e raça.
inoculadas por ocasião de um novo Entretanto, a incidência da doença é
repasto sanguíneo sobre um maior em crianças. Existe resposta
hospedeiro não infectado (ser humano humoral detectável a partir de
ou outro reservatório). anticorpos circulantes, que parecem ter
No vertebrado, são fagocitadas pouca importância como defesa. A
por células do SFM, macrófagos e presença da Leishmania sp determina
neutrófilos, onde se transformam uma supressão reversível e específica
rapidamente em amastigotas, fechando da imunidade mediada por células, o
assim o ciclo de transmissão (Neves que permite a disseminação e
1995, Pessoa 1977) multiplicação do parasito. Só uma
pequena parcela de indivíduos
infectados desenvolve sinais e sintomas
da doença. Após a infecção inicial,
observa-se, em indivíduos que não
desenvolveram clínica, reatividade nos
exames específicos para imunidade
celular ou humoral por longo período,
Modo de transmissão apontando que o parasito ou alguns de
seus antígenos permaneçam presentes
No Brasil, a forma de no organismo (Paredes et al. 1997). Isto
transmissão se dá pela picada dos sugere que alguns indivíduos, que
vetores - L. longipalpis ou L. cruzi – desenvolvem imunossupressão, podem
infectados pela L. chagasi. apresentar longo período de incubação.
Alguns autores admitem a Vale destacar que a infecção e a
hipótese da transmissão entre a doença não determinam imunidade
população canina pela ingestão de permanente ao indivíduo (Berman
carrapatos infectados e mesmo pela 1997).
mordedura, cópula, ingestão de
32
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

Em cães Portanto, o aparecimento dos sintomas


vai depender da imunocompetência do
Até o momento, não foi animal. Em alguns cães a doença pode
verificada predisposição etária ou de permanecer latente levando inclusive à
gênero com a infecção do animal cura espontânea (Ferrer 1999).
(Genaro 1993, França-Silva 1997, MS No Brasil, a forma assintomática
2003, Camargo-Neves 2004). No da doença é a mais frequente, sendo
entanto, com relação à raça, em estudo que os índices encontrados variam de
realizado no município de Araçatuba 40 a 60% em uma população
(SP), verificou-se que o risco relativo de soropositiva (MS 2003). No ESP,
infecção foi 2,2 vezes maior para cães verificou-se cerca de 98% de cães
sem raça definida/mestiços, quando assintomáticos, em município com
comparados aos cães de raça transmissão endêmica, que desenvolve
(Camargo-Neves 2004), mas quando atividade periódica de controle do
analisados apenas os cães de raça, reservatório doméstico (Ca-margo-
algumas apresentam positividades Neves 2004).
maiores do que outras, dependendo da
área de transmissão. Como exemplo, Aspectos clínicos no cão
em Araçatuba (SP) encontrou-se alta
positividade para cães das raças A intensidade do parasitismo
Dobermann, Fila Brasileiro, Boxer e aparentemente não está associada
Rotweiller (Camargo-Neves 2004). Em diretamente à gravidade do quadro
Montes Claros (MG), as altas clínico, podendo ser observados desde
positividades estiveram associadas aos cães com sintomatologia leve (Figura 9)
cães de raças: Cocker e Boxer e em à infecção intensa (Figura 10) (Acha et
Porteirinha (MG), aos cães da raça al. 1992, Ferrer et al. 1999, Feitosa
Dobermann (França-Silva et al. 2003). 2000).
Em cães suscetíveis, após a A enfermidade é de gravidade
infecção da pele, ocorre a variável e as lesões cutâneas são as
disseminação do parasito por todo o observações mais frequentes e
organismo com posterior aparentes, consistindo em áreas de
desenvolvimento dos sintomas. alopecia, com descamação ecze-
Dependendo de propriedades tanto do matosa, principalmente ao redor dos
parasito, como do hospedeiro, a LVA olhos (óculos) (Figura 11), nas
canina poderá se desenvolver de forma articulações e pre-gas de pele. A
aguda ou crônica. Geralmente, a alopecia causada pela infecção expõe
doença no cão é sistêmica e crônica, grandes áreas da pele, em geral,
porém a evolução aguda e grave pode intensamente parasitadas, sendo alvo
levar o animal ao óbito em poucas para a picada do vetor (Ashford et al.
semanas. 1996). Algumas vezes, são observadas
Dos vários fatores conhecidos, a pequenas ulcerações, que podem ou
resposta dos linfócitos T, é a que não estar cobertas por crostas, no
exerce maior influência sobre a focinho, pavilhão auricular e dorso. As
infecção (Cotran 1996). Como a lesões cutâneas também apresentam-
leishmânia é um parasito intracelular se infectadas por grande quantidade de
obrigatório, as defesas do hospedeiro Leishmania sp. Podem ser observadas
são dependentes da atividade destas ulcerações nas mucosas nasal e bucal,
células, que se encontram reduzidas o que favorece ao vetor acesso direto
durante a infecção. Em contrapartida, aos macrófagos parasitados das lesões
há proliferação intensa de linfócitos B cutâneas (Urquhart 1996). Ocorrem
com alta produção de anticorpos, com frequência: conjutivite, queratite e
porém deletéria e não protetora. anemia. O sinal patognomônico da LVA
33
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

canina, na maioria dos casos linfoadenopatia localizada ou


sintomáticos, é o crescimento generalizada; lesões oculares -
exagerado das unhas (Figura 12) blefarite, associada à dermatite facial,
(Cotran et al. 1996). cerato conjutivite bilateral (Figura 11),
Na doença crônica, muitos uveíte e glaucoma (provavelmente em
animais manifestam anorexia, febre consequência de uveíte severa);
irregular, apatia, polipnéia, palidez de epistaxis; anemia; falência renal;
mucosas, caquexia, linfo adenopatia diarreia crônica; onicogrifose (Figura
generalizada, leucopenia, emaciação, 12), coriza e edema das patas. Em
hepatoesplenomegalia. Em alguns casos avançados, são relatadas: apatia
casos ocorrem edemas em diferentes e sonolência intensas, neuralgia,
partes do corpo e hemorragias nasais. poliartrite, polimiosite, rachaduras no
Não são raros longos períodos de cochim plantar, úlceras interdigitais,
remissão, seguidos pelo lesões ósseas ou periostite proliferativa.
reaparecimento da doença. Os animais apresentam altos títulos de
Frequentemente, a infecção progride anticorpos para antígenos brutos de
lentamente para a morte. As lisados de Leishmania sp ou antígenos
hemorragias por trombocitopenia específicos como o rK39.
também podem ser fatais. Forma oligossintomática:
Nesta forma, os cães exibem sinais
clínicos pouco característicos e a
sorologia, em geral, resulta em títulos
baixos ou “bordeline”. Esses cães
podem evoluir para a cura ou
desenvolver a doença, quase sempre
após um longo período de incubação.
Forma assintomática: Nesta
forma, os cães não apresentam sinais
clínicos, porém os exames sorológico e
parasitológico são positivos.

Medidas preventivas dirigidas


à população humana

Indivíduo com febre de duração


de mais de duas semanas
acompanhada de es-plenomegalia e
proveniente de área com transmissão
de LVA ou indivíduo de área sem
ocorrência de transmissão de LVA, com
febre de duração de mais de duas
semanas acompanhada de
esplenomegalia, desde que
descartados os diagnósticos
Forma sintomática: Nesta
diferenciais mais frequentes na Região.
forma, os cães mostram sinais clínicos
típicos, tais como: lesões cutâneas -
Caso humano confirmado
alopecia generalizada ou localizada,
descamação, eczema em focinho e
Um caso humano suspeito passa
orelhas, pelos opacos, ulcerações nas
a ser confirmado, se preencher um dos
orelhas, focinho, cauda e articulações;
seguintes critérios:
perda de peso e do apetite;
34
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

Critério laboratorial clínicas, ambulatórios, hospitais,


faculdades, entre outros, na vigilância
• Identificação de L. (L.) de cães em municípios silenciosos é de
chagasi, a partir da cultura e/ou grande importância para a detecção
inoculação em hamster e/ou por precoce da transmissão da LVA. Sendo
técnicas moleculares; assim, ao detectar cães suspeitos da
doença, os responsáveis técnicos
• Encontro de Leishmania desses estabelecimentos deverão
sp em exame parasitológico direto. proceder a notificação desses cães aos
Critério clínico-epidemiológico serviços de vigilância epidemiológica
• Paciente oriundo de área municipal. Nessa ocasião, deverão
de transmissão de LVA, com clínica coletar material para exame
sugestiva e sem confirmação parasitológico (Anexo 13) e proceder a
laboratorial, desde que afastadas outras investigação clínica e epidemiológica do
hipóteses diagnósticas e apresente caso canino, preenchendo a ficha de
resposta favorável à prova terapêutica. investigação “Ficha de notificação e
investigação de cão com suspeita
Ao vetor e à população canina clínica de leishmaniose visceral
americana e registro de exame
A estratégia de controle do vetor laboratorial” (Anexo 14 - BOL_CÃO6).
deve ser organizada tendo como base O material biológico coletado e a ficha
as informações obtidas com as de investigação deverão ser enviados
atividades de: (i) vigilância ao SR-SUCEN de abrangência (Anexo
entomológica, principalmente as 18), que deverá, por sua vez, fazer o
relativas às condições de saneamento encaminhamento ao Laboratório de
dos imóveis; (ii) vigilância da população Referência, o qual, após o
canina e (iii) ocorrência de casos processamento das amostras, deverá
humanos, devendo ser implementada encaminhar os resultados, devidamente
nos municípios receptivos e, registrados na ficha de investigação, ao
prioritariamente, naqueles com SR-SUCEN e este ao coordenador do
transmissão. Programa no município. Paralelamente
Trata-se de uma estratégia de e após o recebimento dos resultados, o
controle integrado cujas atividades nível central da SUCEN (Grupo de
visam: Estudos em Leishmanioses) deverá ser
comunicado imediatamente por via
• Modificar as condições telefônica, eletrônico ou cópia da ficha
sanitárias que favoreçam a proliferação de notificação e investigação, para que
de L. longipalpis em áreas urbanas, as demais providências sejam
intensificando as ações, desencadeadas.
prioritariamente, nos setores com
prevalência canina ≥ 2%. Protocolo de exames de
• Reduzir a densidade de L. laboratório
longipalpis a níveis próximos de zero no Programa aponta eutanásia de
intradomicílio, no período mais cães infectados, identificados
favorável ao aumento da densidade do através de teste sorológico, como
vetor, nas áreas onde tenham sido medida de controle
confirmados casos humanos A Secretaria de Saúde utiliza
autóctones de LVA. duas técnicas para o diagnóstico de
leishmaniose visceral canina sendo
Dirigidas à população canina uma de triagem e a segunda
A participação de confirmatória.
estabelecimentos veterinários, isto é,
35
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

“A primeira emprega uma para transmissão da Leishmaniose


combinação única de antígenos Visceral (LV) a eutanásia de cães
recombinantes específicos para a infectados, identificados através de
detecção de anticorpos específicos teste sorológico.
(para a detecção de K26/K39) para “De acordo com os parâmetros
Leishmania sp., em cães”, afirma do Ministério da Saúde, o Distrito
Laurício Monteiro Cruz, médico Federal está classificado como área de
veterinário da Gerência de Vigilância transmissão intensa, ou seja, município
Ambiental de Zoonoses cuja média de casos de Leishmaniose
(Gevaz). Segundo Laurício, o exame Visceral nos últimos cinco anos tenha
apresenta vantagens por ser rápido e um quantitativo maior ou igual a 4,4
confiável. casos”, afirma a médica veterinária
O teste confirmatório para Lucia d'Andurain, gerente da Gevaz.
leishmaniose visceral canina é feito por A prevalência de leishmaniose
meio da técnica de Enzyme Linked visceral canina revelada a partir dos
Immunosorbent Assay (ELISA), que exames sorológicos amostrais e
permite a detecção de anticorpos no censitários é de 15% a 20% de
plasma sanguíneo, o antileishmania. De positividade e está em plena epizootia
acordo com o especialista, com a nas áreas de transmissão da LVC.
realização das duas técnicas as “Para o cumprimento do
sensibilidades confiáveis podem chegar Programa Nacional de Controle
a 100%. Leishmaniose Visceral a Secretária de
“A logística e o protocolo dos Saúde tem realizado ações de
exames sorológicos obedecem normas vigilância, prevenção, controle e
padronizadas por regras de unidades monitoramento sistemático, a fim de
para laboratórios”, explica Kênia evitar surtos, epidemias e desacelerar a
Cristina de Oliveira, diretora da Diretoria dispersão da doença para outras
de Vigilância Ambiental (Dival). localidades”, afirma a subsecretária de
Segundo a diretora, a segurança Vigilância à Saúde, Marília Cunha.
é aferida pela sistematização dos Casos no DF
processos de trabalho internos do Em uma série histórica de 2005
Laboratório e do monitoramento externo a 2012, são 39 casos de leishmaniose
realizado pela Fundação Ezequel Dias visceral americana humana, e de 2004
– FUNED instituição integrada ao a 2012, são 5.032 casos de cães com
Ministério da Saúde – MS e à Agência leishmaniose visceral.
Nacional de Vigilância Sanitária As áreas de Transmissão da
(ANVISA) com o protocolo de envio de Leishmaniose Visceral no Distrito
amostras sorológicas para Federal são as Regiões Administrativas
monitoramento de dois em dois meses. da Fercal, Sobradinho, Sobradinho I
A confirmação e a conformidade dessas (principalmente região do Grande
análises dos exames variam entre 90 a Colorado), Varjão, Lago Norte, Lago Sul
100%. e Jardim Botânico. A ocupação
Para manter a alta qualidade dos desordenada do solo tem contribuído
diagnósticos é realizado periodicamente para aproximação do ser humano com
curso de qualificação, fornecido pelo o Lutzomyia longipalpis (mosquito
Ministério da Saúde, FUNED e Bio- palha).
manguinhos, aos técnicos e analistas Outro aspecto contribuinte para a
da Secretaria de Saúde. provável expansão da doença
O Programa de Controle da fundamenta-se pela livre circulação de
Leishmaniose Visceral estabelecido cães infectados (assintomáticos,
pelo Ministério da Saúde preconiza oligossintomáticos e sintomáticos) para
como uma das medidas de controle
36
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áreas urbanas sem transmissão 7- Dengue: noções sobre a


consolidada. dengue

Sintomas É uma doença típica de


No animal, os principais áreas tropicais e subtropicais, causada
sintomas são: perda de apetite, feridas por arbovírus do gênero Flavivirus,
no corpo, unhas crescidas, queda de transmitida pelo Aedes aegypti (Brasil)
pelos e secreção nos olhos. e Aedes albopictus
Medidas de proteção individual: (Ásia), geralmente de caráter
- Evitar ambientes externos no epidêmico (que atinge um número
período de atividade do mosquito muito grande de pessoas em um dado
(crepuscular e noturno); momento).
- Utilizar calças compridas e
camisas de mangas compridas nos Agente Etiológico (quem causa
horários crespusculares e noturnos; a doença)
- Telar as janelas da casa.
Medidas de proteção para o cão: O vírus da dengue (Flavivirus).
- Utilizar coleiras repelentes a Existem 4 sorotipos: DENV1, DENV2,
base de Deltametrina 4%; DENV3 e DENV4.
- Procurar um médico veterinário Biologia dos vetores
caso haja suspeita de cão doente; Aedes aegypti: mosquito
- Recolhimento dos cães com responsável pela transmissão dos vírus
exames laboratoriais positivos para da dengue no Brasil e nas Américas.
leishmaniose; não transferir ou adquirir Aedes albopictus: mosquito que
cães de outras áreas, principalmente, mantém a dengue na Ásia sob a forma
quando de regiões endêmicas como endêmica (que atinge um determinado
Piauí, Ceará, Bahia, Maranhão, Minas número de pessoas num determinado
Gerais (Unaí, Paracatu, Belo Horizonte, período). Apesar da sua existência nas
Montes Claros etc.), Mato Grosso do Américas, até o momento não está
Sul (Campo Grande), Tocantins, entre associado à transmissão do vírus da
outros. dengue.

Medidas ambientais Hospedeiro/ Reservatório (quem


- Podar as árvores evitando o abriga o vírus)
sombreamento excessivo. Limpar os A fonte de infecção e hospedeiro
quintais e jardins e aparar os gramados. vertebrado é o homem. Na Ásia e na
Os restos de poda e da limpeza do África foi descrito um ciclo selvagem
terreno, bem como, as folhas e as envolvendo macacos.
frutas caídas no chão devem ser
acondicionadas em sacos plásticos e Operações de campo
disponibilizadas para a coleta pública;
- Evitar criação de aves, As atividades operacionais de
principalmente em àreas urbanas; campo com visitas em armadilhas,
- Acondicionar e destinar pontos estratégicos e domicílios,
corretamente o lixo; centrando esforços nas ações de
- Materiais, como madeiras, vigilância e controle do vetor. Com a
devem ser mantidos sobre estrados dispersão e manutenção do vetor nos
com altura mínima de 40 cm do solo e municípios, as ações de vigilância dão
materiais em desuso, como restos de lugar as ações de controle, havendo
obras, devem ter um destino adequado. necessidade de reestruturação
organizacional (pessoal, material e

37
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

atividades) do programa conforme a pela execução de todas as atividades


realidade existente. em campo de vigilância e controle do
Na figura 7 é possível visualizar Aedes aegypti, independente da
uma sugestão de desenho esquemático situação do município. Ele tem como
para organização hierárquica do função primordial: detectar focos
Programa de Controle da Dengue nos precocemente, eliminar potenciais
municípios, ressaltando a importância criadouros e orientar a comunidade
da comunicação entre o controle de com ações educativas. Suas atribuições
vetores, vigilância epidemiológica e na vigilância e controle dos vetores são:
atenção básica.
Realizar inspeção em
Armadilhas (ARM) e Pontos
Estratégicos (PE) nos municípios, com
pesquisa larvária para identificação de
focos,
Pesquisa larvária em
imóveis para Levantamento de Índice e
Tratamento (LI+T), tratamento e
eliminação de depósitos nos imóveis
em área de infestação (T) e
Levantamento Rápido de Índice (LIRAa)
nos municípios infestados ou com a
presença de Aedes aegypti;
Realizar a eliminação de
criadouros tendo como método de
primeira escolha o controle mecânico
(remoção, destruição, vedação, etc.);
Executar o tratamento
Dessa forma, a estrutura
focal e perifocal como medida
organizacional de campo deve ter a
complementar ao controle mecânico,
seguinte composição:
aplicando inseticidas autorizados,
Agentes de campo
conforme orientação técnica;
conforme a situação entomológica dos
Orientar a população com
municípios;
relação às formas de evitar a
1 Supervisor de campo para
proliferação dos vetores;
cada 10 agentes;
Utilizar corretamente os
1 Supervisor geral para
equipamentos de proteção individual
cada 5 supervisores de campo;
indicados para cada situação;
1 Coordenador municipal
Repassar ao supervisor
para o Programa de Controle da Dengue.
da área os problemas de maior grau de
complexidade e aqueles não
A seguir são descritas as
solucionados;
atribuições de cada participante que
Manter atualizado o
compõe o PCD.
cadastro de imóveis, armadilhas e
pontos estratégicos da sua área de
Atribuições
trabalho;
Registrar as informações
Agentes de Campo
corretamente referentes às atividades
executadas nos formulários específicos;
Deixar seu itinerário
Na organização das ações, o
(Anexo 4) atualizado de trabalho junto à
agente de campo é o responsável direto
coordenação do programa.
38
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Avaliação periódica, tanto


com os agentes de campo quanto com
Supervisor de campo o supervisor geral, das atividades em
relação ao cumprimento de metas e
É o responsável pelo trabalho qualidade das ações empregadas.
realizado pelos agentes de campo, sob É ainda função do
sua orientação. É também o elemento supervisor de campo a solução de
de ligação entre os seus agentes, o possíveis recusas, em auxílio aos
supervisor geral e a coordenação dos agentes de campo, objetivando reduzir
trabalhos de campo. Suas principais pendências, cabendo-lhe manter
atribuições: atualizados os mapas e o
reconhecimento geográfico de sua
Acompanhamento das área. Tal como os agentes de campo, o
programações, quanto a sua execução, supervisor também deve fornecer seu
tendo em vista não só a produção, mas itinerário à supervisão geral e a
também a qualidade do trabalho; coordenação do programa.
Organização e distribuição
dos agentes, dentro da área de
trabalho, acompanhando o Supervisor Geral
cumprimento de itinerários;
Verificação do estado dos O supervisor-geral é o servidor
equipamentos, assim como a de campo ao qual se atribui maior
disponibilidade de insumos; responsabilidade na execução das
Capacitação do pessoal atividades. É o responsável pelo
sob sua responsabilidade, de acordo planejamento, acompanhamento,
com estas instruções, principalmente no supervisão e avaliação das atividades
que se refere a: operacionais de campo. As suas
Técnica de pesquisa larvária em atividades exigem não só o integral
pontos estratégicos, armadilhas e conhecimento de todos os recursos
imóveis; técnicos empregados na vigilância e
controle do Aedes aegypti, mas ainda
Acompanhamento do capacidade de discernimento na
preenchimento de boletins e fluxo de solução de situações não previstas e
formulários; muitas vezes emergenciais. São
funções do supervisor geral:
Tratamento (focal e perifocal);
Participar da elaboração
Manejo e manutenção dos do planejamento das atividades para a
equipamentos de aspersão; Noções vigilância e controle do vetor;
sobre inseticidas, sua correta
manipulação e dosagem; Elaborar, juntamente com
os supervisores de área, a
Orientação sobre o uso dos programação de supervisão das
equipamentos de proteção individual localidades sob sua responsabilidade;
(EPI).
Trabalhar em parceria Supervisionar e
com as associações de bairros, acompanhar as atividades
escolas, unidades de saúde, igrejas, desenvolvidas nas áreas;
centros comunitários, lideranças
sociais, clubes de serviços, etc. que Manter a coordenação do
estejam localizados em sua área de programa informada sobre as
trabalho; atividades desenvolvidas;
39
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

parceiros do trabalho, no âmbito


Fornecer suporte para institucional e junto à comunidade;
suprir as necessidades de insumos, Acompanhar o andamento
equipamentos e instrumentais de e a conclusão dos trabalhos;
campo; Acompanhar o andamento
das atividades, buscando alternativas
Participar da organização de solução para redução ou superação
e execução de treinamentos e dos problemas identificados,
reciclagens do pessoal de campo; promovendo parcerias (governamentais
e não governamentais);
Avaliar, juntamente com Gerenciar os estoques
os supervisores de área e coordenador municipais de inseticidas e larvicidas;
do programa, o desenvolvimento das
atividades nas suas áreas, com relação Promover a comprar das
ao cumprimento de metas e qualidade vestimentas e equipamentos
das ações empregadas; necessários a rotina de controle
Participar das avaliações vetorial;
de resultados do programa no
município; Adquirir os equipamentos
Trabalhar em parceria de proteção individual (EPI)
com entidades que possam contribuir recomendados para a aplicação de
com as atividades de campo nas suas inseticidas e larvicidas nas ações de
áreas de trabalho; rotina;
Implementar e coordenar Gerenciar a realização
ações que possam solucionar situações periódica dos exames de colinesterase.
não previstas ou consideradas de
emergência. Material de Campo

De acordo com suas funções e


Coordenador quando o exercício delas o exigir, os
agentes de campo e supervisores
As principais atribuições do devem trazer consigo os seguintes
profissional responsável pela materiais:
organização, gerenciamento, condução 01 Bolsa para
e acompanhamento das ações do acondicionar o material de campo;
programa de controle da dengue são:
01 Bacia plástica pequena
Acompanhar e analisar os (de cor clara ou transparente);
indicadores entomológicos e
epidemiológicos, utilizando-os para 01 Litro de Álcool 70%
subsidiar a tomada de decisão; para remessa de larvas ao laboratório;
Supervisionar a 01 Pacote de Algodão;
alimentação dos dados 01 Apontador;
epidemiológicos, preparando relatórios Mapas das áreas a serem
sobre a situação entomo- trabalhadas no dia;
epidemiológica do município; 01 Lápis;
Gerenciar as diferentes 01 Caneta;
logísticas envolvidas no controle da 01 Borracha;
dengue; 01 Compasso
Promover reuniões (supervisor);
periódicas com supervisores gerais, 01 Calculadora;
supervisores de campo e demais 01 Tubo de cola;
40
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

02 Pesca-larvas de nylon O RG é atividade prévia e


de cores diferentes (preto e branco), condição essencial para o planejamento
sendo um para coletar amostras de e programação de todas as operações
água potável e outro para água suja; de campo, desde a pesquisa
01 Escova pequena; entomológica até o tratamento químico.
01 Flanela; A finalidade básica é identificar a
01 Fita métrica; localidade, registrar informações sobre
01 Caixa de lápis de cera o número de quarteirões e imóveis
azul; existente, por tipo. Para sua realização
01 Lanterna em boas é necessário o seguinte material: bolsa
condições, com pilhas; de campo, mapas, boletins, pranchetas,
01 Prancheta; lápis de cera, lápis e borracha. O RG
03 Pipetas tipo conta- deve ser iniciado pela via de acesso
gotas; principal da localidade, orientando-se
02 Sacos plásticos para pelo nascente do sol.
guardar o pesca-larvas;
01 Pipetão;
20 Metros de Barbante;
01 Concha;
Medidas para uso do
pyriproxyfen 0,5G: colher dosadora de
0,1g e 1g (que acompanha a
embalagem do produto);
Tubitos em quantidade
suficiente para acondicionamento de
larvas;
Formulários para registro
de dados, em quantidade suficiente
para um dia de trabalho;
Inseticida, em quantidade
suficiente, para o trabalho de um dia; Sua atualização deve ocorrer
Manual de instruções; anualmente até o mês de novembro do
01 Pasta com elástico ano corrente. A seguir são descritos os
para guardar papéis; passos para a realização do
01 Protetor solar; reconhecimento geográfico:
01 Repelente.
1. Obter o mapa do município com
Todos os profissionais devem escala e separação por bairro.
utilizar uniformes e identificação para o 2. Caso não exista uma
trabalho de campo, conforme modelo numeração dos quarteirões própria do
adotado pelo município. Os agentes município, deve-se numerá-los a partir de
devem portar um relógio de sua uma rua principal na entrada do bairro,
propriedade, para registrar no seguindo a numeração da esquerda para
formulário o horário das visitas a direita em ziguezague. O quarteirão de
domiciliares. Para facilitar seu encontro número 1 será aquele localizado mais a
nos locais de trabalho, o servidor de esquerda na localidade (Figura 8).
campo deve manter seu itinerário Quando houver algum evento que corte
atualizado. todo o bairro, como um rio ou uma linha
de trem, a numeração deve seguir de um
Reconhecimento geográfico lado até o final do bairro, descendo do
outro lado até o início.
41
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Os quarteirões podem ser se enquadrem nas classificações


classificados em: REGULAR ou anteriores.
IRREGULAR. O regular é aquele que Vale salientar que hotéis,
pode ser circundado totalmente. O hospitais, delegacias, shoppings entre
irregular, pelo contrário, é aquele que não outros são contabilizados como um único
é possível circundar em função de algum imóvel, não devendo ser considerados
impedimento físico, topográfico ou outro. como imóveis cada quarto do hotel ou
3. A numeração dos cada cela da delegacia.
quarteirões deve ser registrada no mapa Tanto para a instalação da rede de
e no campo, onde se escreverá no poste, armadilhas, como para a realização do
com lápis de cera azul. A altura para Levantamento Rápido de Índice (LIRAa)
marcação do número do quarteirão será como será apresentado a seguir,
a do reconhecedor com o braço somente os imóveis horizontais devem
estendido. Em caso de substituição de ser contabilizados (apartamentos de um
número, o anterior deve ser apagado a prédio não devem ser contados nestas
fim de que não haja dupla numeração. A atividades).
simbologia a ser utilizada no poste é: A numeração dos imóveis deve
“← •” 1 indica o início do seguir a numeração oficial dos imóveis
quarteirão nº 1 do município. Quando existirem situações
diferentes da rotina de numeração
“← 1” indica a continuação esperada, deve-se proceder conforme os
do quarteirão nº 1 exemplos a seguir:

“• ← 1” indica o final do Exemplo 01:


quarteirão nº 1. Imóveis com os mesmos números
na mesma rua: 40, 40, 40. Observando o
4. Fazer o reconhecimento de sentido de deslocamento do agente e a
cada quarteirão, registrando os imóveis numeração do imóvel anterior, se terá:
por tipo, no boletim RG1 (anexo 2). Para 40, 40-1 e 40-2 (No 40/ Sequência 1 –
cada quarteirão se deve preencher uma preenchimento no boletim de campo).
nova folha do RG1. À medida que os Exemplo 02:
quarteirões forem sendo concluídos, os Imóveis sem numeração.
resultados devem ser consolidados no Observando o sentido de deslocamento
boletim RG2 (anexo 3), que é o resumo do agente e a numeração do último
da localidade (cada localidade deve ter imóvel, se terá: 30, 35, (35-1), (35-2), 40.
os dados preenchidos em um novo Observação: 35-1 e 35-2 são
boletim), encaminhando-os ao digitador imóveis não numerados.
do município ou da Gerência de Saúde Exemplo 03:
de referência para digitação no Terrenos baldios: Serão
Vigilantos, que os devolverá depois. numerados como números sequenciais
5. O registro do tipo de imóvel àqueles dos imóveis anteriores. Exemplo:
é feito respeitando a seguinte 21, 28, (28-1), 36, (36-1), 40.
classificação: Observação: 28-1 e 36-1 são
“R” para residência; terrenos baldios numerados.
“C” para comércio; Exemplo 04:

“TB” para terreno baldio; As aglomerações que surgem


“PE” para Ponto Estratégico rapidamente, próximas às zonas
e urbanas, serão numeradas de um a
“O” para outros (hospital, infinito, tomando como número base o
igreja, escola, delegacia, quartel, hotel), último imóvel do quarteirão mais próximo
referindo-se a todos os imóveis que não
42
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

destas habitações. Exemplo: 40, 40-1, Latas, plásticos, e outros


40-2...40-28, 40-29, etc. depósitos descartáveis que possam ser
Exemplo 05: eliminados;
Em imóveis com entrada comum, Garrafas, que devem ser
cada imóvel receberá um número viradas e colocadas ao abrigo da
conforme a sequência dos anteriores. chuva;
Exemplo: 30, 30-1, 30-2, 31, 32-1, 32-2, Utensílios de cozinha que
32-3, etc. sirvam para acondicionar e cozer
Exemplo 06: alimentos;
Apartamentos: Usa-se o número Depósitos vazios sem
do apartamento é registrado como água (exceto aqueles que não podem
complemento 101, 125-102, 125-201, etc. ser removíveis e podem acumular água,
que devem ser tratados pela
Tratamento Focal capacidade de armazenagem do
recipiente);
Consiste na aplicação de um Aquários ou tanques que
produto larvicida em todos os potenciais contenham peixes;
criadouros/ depósitos com água que Vasos sanitários, caixas
não forem passíveis de controle de descarga e ralos de banheiros,
mecânico (destruição, vedação ou quando estão sendo utilizados;
destinação adequada). Até 2014, o Bebedouros de animais;
larvicida utilizado no estado de Santa Calhas e lajes;
Catarina para tratamento focal foi o Depósitos naturais (axilas
temephós granulado a 1% (Abate, de plantas).
Larvin, Larvel e outros), que possui
baixa toxicidade, na proporção de 1g Os bebedouros de animais onde
para cada 10 litros de água. forem encontradas larvas ou pupas
Com o término do estoque deste devem ser escovados e a água trocada
produto, passou a ser utilizado a partir duas vezes por semana. Os pequenos
de 2015 o pyriproxyfen 0,5G depósitos como latas vazias, vidros,
(Sumilarv® 0,5 G - Sumitomo Chemical plásticos, cascas de ovo, de coco, e
do Brasil), na proporção de 0,1g para outros, que constituem o lixo doméstico,
cada 50 litros. O pyriproxyfen 0,5G devem ser acondicionados
pertence ao grupo químico éter adequadamente pelos moradores, para
piridiloxipropilico e é um análogo de serem coletados pelo serviço de
hormônio juvenil ou juvenóide. limpeza pública.
O pyriproxyfen 0,5G, é um
agente de controle larvário, aprovado Tratamento Perifocal
pela Organização Mundial da Saúde Consiste na aplicação de uma
para uso em água de consumo camada de inseticida de ação residual
humano, por suas características de nas paredes externas dos depósitos, por
inocuidade para os mamíferos em geral meio de aspersor manual ou motorizado,
e o homem, desde que utilizados nas com o objetivo de atingir o mosquito
dosagens corretas. A realização do adulto que pousar na ocasião do repouso
tratamento focal segue as mesmas ou no momento anterior à postura de
orientações das visitas domiciliares ovos.
descritas anteriormente, quanto ao O tratamento perifocal está
deslocamento e sequência a ser indicado em pontos estratégicos em
seguida pelo agente de campo nos medida complementar ao tratamento
imóveis. focal, como os grandes depósitos de
sucata, depósitos de pneus e ferros-
Não serão tratados: velhos, onde estão sendo detectadas
43
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

larvas do mosquito Aedes aegypti gramas do produto é capaz de tratar uma


(Figura) 2
área de 250 m .
Inicialmente deve ser feita a
aplicação na parede externa do
depósito, de cima para baixo, que
continua em faixas verticais com
superposição de 5 cm. É necessário
girar o depósito quando seu tamanho o
permita ou rodeá-lo quando for fixo ou
demasiadamente grande.

Depósitos não
Borrifáveis

Não se borrifarão, em sua face


Preparação da Carga interna, os recipientes que armazenam
O inseticida atualmente água para o consumo humano, como
empregado no tratamento perifocal é do caixas d’água, tonéis, tanques e outros,
grupo dos Carbamatos (Bendiocarb) na os quais devem ser mantidos
formulação de pó molhável, utilizado na hermeticamente fechados durante o
proporção de 100 gramas do produto tratamento.
para cada 10 litros de água.
Técnica de Bloqueio
Aplicação
Durante o tratamento perifocal são O bloqueio de transmissão
exigidos cuidados no sentido de que o consiste na aplicação de inseticida por
operador esteja protegido e o inseticida meio de tratamento a UBV, utilizando
não seja posto em contato com pessoas, equipamentos portáteis, em pelo menos
pássaros, outros animais domésticos e uma aplicação, iniciando no quarteirão
alimentos. Não deve ser aplicado na de ocorrência e continuando nos
parte interna de depósitos cuja finalidade demais, considerando um raio de 150
é armazenar água destinada ao consumo metros.
humano. Essas aplicações tem caráter
São utilizados para o tratamento transitório e devem ser suspensas
perifocal os equipamento de aspersão e quando as informações epidemiológicas
compressão com capacidade para cinco indicarem que houve progresso no
ou dez litros, manual ou motorizado com controle da transmissão. As aplicações
bico apropriado (bico Tee Jet 8002 E de UBV utilizando equipamento portátil
para bomba manual, bomba motorizada deverão ser realizadas no turno da
Stihl SR-420 peça dosadora na posição 5 manhã (entre 5h e 8h) e à noite (entre
e bomba motorizada Guarany bico 18h e 22h).
verde). As atividades de bloqueio de
O equipamento deve ser colocado transmissão só devem ocorrer após
no ombro esquerdo e o agente coloca-se criteriosa análise entre os níveis
à frente do depósito a ser tratado, municipal e estadual sobre a condição
segurando o sistema de descarga com a entomológica e epidemiológica do
mão direita, de maneira que, ao esticar o município. A eficácia do bloqueio de
braço, o bico fique a uma distância de 45 transmissão aumenta
cm da superfície a ser borrifada. consideravelmente quando se realiza
Sabendo-se que cada m² deve ser previamente o controle larvário com
tratado com 0,32g i.a., uma carga de 100 eliminação e tratamento de focos,

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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

intensificação das visitas domiciliares e também, aquelas que transmitem


mutirões de limpeza com colaboração doenças ao homem. Existem várias
da população. técnicas disponíveis para uso tanto na
agricultura quanto em saúde pública para
Equipamentos de proteção individual se controlar essas pragas. Podemos
classificá-las em: controle mecânico/
O controle do Aedes aegypti manejo ambiental, controle biológico,
envolve algumas vezes o uso de controle legal, controle químico e controle
produtos químicos (larvicidas e integrado de vetores.
adulticidas). Evidentemente, o manuseio
destes inseticidas implica cuidados que Controle mecânico/ manejo ambiental
visam à prevenção de acidentes, bem
como à manutenção da saúde do São técnicas muito simples e
trabalhador que, por necessidade de eficazes, devendo ser o primeiro tipo de
manipulação, mantém contato direto com controle utilizado no Programa de
tais produtos. As orientações detalhadas Controle da Dengue. Consistem na
constam do Manual Controle de Vetores utilização de medidas que dificultam ou
– Procedimentos de Segurança – impeçam o desenvolvimento do ciclo de
FUNASA, 2001. vida do inseto ou que possam contribuir
para diminuir o contato homem/vetor.
É recomendado que seja
evitado o contato direto do inseticida com Um componente importante, mas
a pele. O inseticida deve ser transportado frequentemente pouco valorizado no
nas suas embalagens, até o momento da controle de vetores, é o manejo do
aplicação; ambiente, não apenas através daquelas
ações integradas à pesquisa de focos, tal
Como medida de como a eliminação e remoção de
segurança, recomenda-se que mulheres criadouros no ambiente domiciliar, mas,
gestantes evitem trabalhar com também, pela coleta do lixo urbano
inseticidas, devendo, nesse período, regular ou através de mutirões de
serem aproveitadas em outras atividades; limpeza, o que, na prática, tem sido feito
apenas na vigência de epidemias.
São recomendados os O armazenamento, coleta e
seguintes cuidados: não fumar ou comer disposição final dos resíduos sólidos,
(qualquer alimento) durante a aplicação, visando ao êxito no controle vetorial,
usar equipamento de segurança compreende três aspectos: a redução
individual (EPI), evitar qualquer contato dos resíduos, acompanhada pela sua
com o inseticida e, se isto acontecer reciclagem ou reutilização, a coleta dos
acidentalmente, lavar o local resíduos e a sua correta disposição final.
imediatamente com água e sabão, trocar As atividades de controle
o uniforme e tomar banho após cada mecânico podem ter algum custo inicial,
etapa do trabalho (aplicação residual e mas com o passar do tempo, o
UBV), usar uniforme limpo, bem como os investimento realizado torna-se
acessórios de segurança necessários. O compensatório, uma vez que muitas
uniforme deverá ser lavado diariamente dessas ações podem ser definitivas. No
com água e sabão. Quadro 6 é possível visualizar algumas
recomendações de controle mecânico e
Formas de controle alternativo conforme o tipo de recipiente.

As atividades de controle vetorial Controle biológico


são de grande importância e necessárias
para controlar pragas agrícolas, como
45
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

As técnicas de controle biológico controle é realizado. Algumas dessas


de pragas e vetores consistem em utilizar espécies têm sido usadas com sucesso
algum tipo de inimigo natural específico. em vários países, como o peixe-mosquito
Esses inimigos naturais podem ser (Gambusia affinis) e o Guppy (Poecilia
predadores (peixes larvófagos), parasitas reticulata). O Gambusia é muito eficiente
(nematoides) ou patógenos (protozoários em água limpa enquanto o Poecilia tolera
microsporídios, Bacillus produtores de altas temperaturas e pode ser usado com
toxinas, fungos e vírus). sucesso em águas poluídas
Os predadores são insetos ou organicamente.
outros animais, como algumas espécies
de peixe que eliminam as pragas, seja Controle legal
sugando a hemolinfa (sangue dos
insetos) ou se alimentando de seus O controle legal é realizado
tecidos. Alguns dos parasitos utilizados quando se utilizam instrumentos que
no controle biológico são determinadas normalizam ou restringem ações
espécies de fungos e nematóides relacionadas à saúde pública. Essa
(pequenos vermes) que vivem se regulamentação pode ser feita por leis,
alimentando dos tecidos do animal portarias, etc. É uma importante
parasitado, aproveitando para completar ferramenta quando bem aplicada. As
seu ciclo biológico. autoridades municipais podem
Nessa concepção de larvicidas regulamentar ações que devem ser
biológicos, temos hoje produtos cumpridas pelos munícipes, como
comerciais à base de Bacillus limpeza de terrenos baldios, educação
thuringiensis israelensis (BTI), com boa ambiental, controle de algumas
atividade contra larvas de Aedes e o atividades econômicas (ferros velhos,
Bacillus sphaericus, para larvas de borracharias, etc.), limpeza de domicílios,
Anopheles e Culex. Ambos apresentam entrada em imóveis fechados, entre
boa atividade contra larvas de várias outros. O estado de Santa Catarina
espécies de culicídeos. Apesar dos possui uma legislação específica para
avanços nessa área de controle, ainda há auxiliar no controle da dengue. A Lei
muitos impedimentos quanto ao uso 15.243 de 29/07/2010 dispõe sobre a
obrigatoriedade de pontos estratégicos
desses métodos em grande escala adotarem as medidas adequadas para
na prática operacional de rotina, evitar a existência de criadores para
considerando os custos, o baixo efeito Aedes aegypti e Aedes albopictus, sendo
residual, e a intolerância à exposição regulamentada pelo Decreto 3.687 de
direta da luz solar. 07/12/2010.

O uso de peixes larvófagos tem Controle químico


sido difundido em várias partes do mundo
no controle de doenças como a malária e O controle químico representa o
a dengue. Espécies apropriadas de uso de algum tipo de substância química
peixes apresentam usualmente as para eliminar ou controlar vetores ou
seguintes características: preferência por pragas agrícolas. Em virtude de vários
larvas de mosquitos maiores do que problemas adversos que esse tipo de
outros tipos de alimentos localizados na controle provoca, deve ser considerado
superfície da água; tamanho reduzido como
para permitir o acesso superficial na água
e penetração entre a vegetação; a última alternativa a ser adotada.
tolerância à poluição, salinidade, Convém procurar, sempre que possível,
temperatura variáveis e transporte e aplicar qualquer outro método, usando o
peixes originários da região onde o controle químico apenas quando não
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APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

houver método alternativo. Entretanto, autoridades locais, com o atendimento


nem sempre é possível dispor de uma das necessidades apontadas pela
alternativa que substitua os inseticidas. comunidade, devendo-se, inclusive,
Em algumas situações é necessário o convocar os setores do comércio e
seu uso imediato, como no caso, entre indústria, além de associações ou grupos
outros exemplos, de um surto de dengue representativos da comunidade.
em uma cidade. Por apresentar O estímulo a essa participação
características específicas para casa tipo efetiva necessita ser permanente. Porém,
de tratamento químico (tratamento focal, os resultados ou a expectativa de
tratamento perifocal, UBV), essa questão respostas eficazes não devem ser
será retomada no tópico seguinte. esperados para curto prazo, e sim para
médio e longo prazo, uma vez que
Controle integrado de vetores implicam em mudança de
comportamentos já bastante arraigados.
Cada método de controle possui
vantagens e desvantagens. Em Programa Nacional de Controle da
decorrência disso, atualmente se procura Dengue
controlar vetores, sempre que possível,
de maneira integrada. Levando-se em O Programa Nacional de Controle
consideração as facilidades e restrições da Dengue (PNCD), instituído em 24 de
locais, deve ser usada uma combinação julho de 2002, através da Portaria nº
de métodos que estejam disponíveis. 1.347, pelo Ministério da Saúde (NOTA:2
O uso de inseticidas sob essa Atual Portaria nº 1.933, de 9 de outubro
nova visão deve ser relegado a um de 2003.) , procura incorporar as lições
segundo plano, com a tendência de das experiências nacionais e
diminuição progressiva. Porém, não internacionais de controle da dengue,
devemos pensar que esses produtos enfatizando a necessidade de mudança
possam ser abolidos, pois em algumas nos modelos anteriores,
situações a sua utilização é necessária. fundamentalmente em alguns aspectos
essenciais: 1) a elaboração de
Ações educativas programas permanentes, uma vez que
não existe qualquer evidência técnica de
As ações educativas são de que a erradicação do mosquito seja
fundamental importância para o sucesso possível, a curto prazo; 2) o
dos trabalhos de rotina e também para desenvolvimento de campanhas de
montar a implantação de métodos informação e de mobilização das
alternativos de controle. Quando essas pessoas, de maneira a se criar uma
ações são devidamente apoiadas, pode- maior responsabilização de cada família
se reduzir ou mesmo evitar o uso de na manutenção de seu ambiente
substâncias químicas no controle de doméstico livre de potenciais criadouros
vetores. Os agentes de saúde e do vetor; 3) o fortalecimento das
endemias devem oferecer as vigilâncias epidemiológica e
informações de que dispõe e discutir as entomológica para ampliar a capacidade
soluções possíveis com o morador, de predição e de detecção precoce de
estimulando alternativas novas e surtos da doença; 4) a melhoria da
adequadas às suas possibilidades. qualidade do trabalho de campo de
Na próxima visita ao mesmo combate ao vetor; 5) a integração das
imóvel, o agente deverá avaliar o quanto ações de controle da dengue na atenção
foi produtivo o contato anterior. É básica, com a mobilização do Programa
evidente que a participação da população de Agentes Comunitários de Saúde
no controle do Aedes aegypti envolve (PACS) e Programa de Saúde da Família
todos os cidadãos e o compromisso das (PSF); 6) a utilização de instrumentos
47
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

legais que facilitem o trabalho do poder


público na eliminação de criadouros em - Reduzir a menos de 1% a
imóveis comerciais, casas abandonadas, infestação predial em todos os
etc.; 7) a atuação multisetorial por meio Municípios;
do fomento à destinação adequada de - Reduzir em 50% o número de
resíduos sólidos e a utilização de casos de 2003 em relação a 2002 e, nos
recipientes seguros para armazenagem anos seguintes, 25% a cada ano;
de água; 8) o desenvolvimento de - Reduzir a letalidade por febre
instrumentos mais eficazes de hemorrágica de dengue a menos de 1%.
acompanhamento e supervisão das
ações desenvolvidas pelo Ministério da Atribuições e Competências
Saúde, Estados e Municípios.
As atribuições e competências nas
Verifica-se que quase 70% dos três instâncias para implementação do
casos notificados da dengue no país se PNCD encontram-se alicerçadas na
concentram em Municípios com mais de Portaria GM n.º 1.399/99, conforme
50.000 habitantes que, em sua grande explicitação a seguir:
maioria, fazem parte de regiões
metropolitanas ou polos de À FUNASA (Fundação Nacional de
desenvolvimento econômico. Os grandes Saúde)
centros urbanos, na maioria das vezes,
são responsáveis pela dispersão do vetor - A execução das ações de
e da doença para os Municípios epidemiologia e de controle da dengue
menores. Nesse cenário, o PNCD de forma complementar aos Estados ou
propõe-se a implantar a estratégia de integral em caráter excepcional, quando
controle em todos os Municípios constatada a insuficiência da ação
brasileiros, com ênfase em alguns estadual;
considerados prioritários, assim
definidos: - Normatização técnica das ações
de vigilância e controle da dengue;
1- Capital de Estado e sua região - Assistência técnica aos Estados
metropolitana; e excepcionalmente aos Municípios para
2- Município com população igual implantação e acompanhamento das
ou superior a 50.000 habitantes; e ações previstas no Programa;
3- Municípios receptivos à - Provimento de inseticidas,
introdução de novos sorotipos de dengue biolarvicidas para combate ao vetor e
(fronteiras, portuários, núcleos de meios de diagnóstico da dengue (kit
turismo, etc.). diagnóstico);
- Normatização técnica, com
Objetivos do PNCD definição de instrumentos e fluxos de
informações, do Estado para o gestor
Os objetivos do PNCD são: federal;
- Consolidação dos dados de
- Reduzir a infestação pelo Aedes dengue provenientes dos Estados;
aegypti; - Coordenação e execução das
- Reduzir a incidência da dengue; atividades de educação em saúde e
- Reduzir a letalidade por febre mobilização social sobre dengue, de
hemorrágica de dengue. abrangência nacional;
- Fomento e execução de
Metas do PNCD programa de capacitação de recursos
humanos alocados para o programa;

48
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- Coordenação da Rede Nacional - Gestão dos estoques estaduais


de Laboratórios de Saúde Pública de de inseticidas, biolarvicidas para combate
Diagnóstico da Dengue, por meio do ao vetor e meios de diagnóstico da
estabelecimento de normas e fluxos dengue (kit diagnóstico);
técnico-operacionais; - Provimento de equipamentos de
- Coordenação de cooperação proteção individual (EPI), óleo de soja e
técnica com países de fronteiras com equipamentos de aspersão;
problema de transmissão de dengue; - Gestão do sistema de informação
- Conduzir em articulação com o da dengue no âmbito estadual,
Ministério da Saúde as atividades de consolidação e envio regular à instância
educação em saúde de abrangência federal dentro dos prazos estabelecidos
nacional; pelo gestor federal;
- Apresentação bimestral dos - Análise e retroalimentação dos
resultados do programa à Comissão dados da dengue aos Municípios;
Intergestores Tripartite e ao Conselho - Divulgação de informações e
Nacional de Saúde. análises epidemiológicas da situação da
dengue no Estado;
Ao Estado - Execução das atividades de
educação em saúde e mobilização social
(* A essas normas e no que não as da dengue de abrangência estadual;
contrarie, aplicam-se, subsidiariamente, - Participação na execução da
os artigos 354 e 355 do Código de Saúde capacitação dos recursos humanos;
do Estado (Lei 13.331/2001)Nota: A - Definição e estruturação de
essas normas e no que não as contrarie, centros de referência para tratamento
aplicam-se, subsidiariamente, os artigos das formas graves da dengue;
354 e 355 do Código de Saúde do - Fiscalização, supervisão e
Estado (Lei 13.331/2001) controle da execução das ações de
epidemiologia e controle da dengue
realizados pelo Municípios;

(* A essas normas e no que não as - Estruturação do Laboratório


contrarie, aplicam-se, subsidiariamente, Central de Saúde Pública (Lacen) para
os artigos 354 e 355 do Código de Saúde diagnóstico e isolamento viral da dengue;
do Estado (Lei 13.331/2001) - Apresentação bimestral dos
- Ao Estado compete a gestão da resultados do programa ao Conselho
vigilância epidemiológica e entomológica Estadual de Saúde (CES), Comissão
da dengue; Intergestores Bipartite e FUNASA.
- Execução de ações de Vigilância
Epidemiológica e Controle da Dengue, de Ao Município
forma complementar à atuação dos
Municípios; - Notificação dos casos de dengue;
- Execução de ações de
epidemiologia e controle da dengue de - Investigação epidemiológica de
forma suplementar quando constatada a casos notificados, surtos e óbitos por
insuficiência de ação municipal; dengue;
- Assistência técnica aos - Busca ativa de casos de dengue
Municípios; nas unidades de saúde;
- Supervisão, monitoramento e - Coleta e envio aos Lacens de
avaliação das ações de vigilância material de suspeitos de dengue para
epidemiológica e sanitária dos diagnóstico e/ou isolamento viral,
Municípios; conforme Guia de Vigilância
Epidemiológica da dengue;
49
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

- Levantamento de índice de Comores, Ilhas Reunião e outras ilhas do


infestação; oceano Índico, chegando, em 2006, à
- Execução de ações de controle Índia, Sri Lanka, Ilhas Maldivas,
mecânico, químico e biológico do Cingapura, Malásia e Indonésia. Nesse
mosquito período, foram registrados
- Envio regular dos dados da aproximadamente 1,9 milhão de casos –
dengue à instância estadual, dentro dos a maioria na Índia. Em 2007, o vírus foi
prazos estabelecidos pelo gestor identificado na Itália. Em 2010, há relato
estadual; de casos na Índia, Indonésia, Mianmar,
- Análise e retroalimentação dos Tailândia, Ilhas Maldivas, Ilhas Reunião e
dados às unidades notificantes; Taiwan – todos com transmissão
- Divulgação de informações e sustentada. Recentemente o vírus foi
análises epidemiológicas da dengue; identificado nas Américas.
- Gestão dos estoques municipais
de inseticidas, biolarvicidas para combate Situação nas Américas
ao vetor e meios de diagnóstico da
dengue (kit diagnóstico); Atualmente foram notificados
- Coordenação e execução das casos autóctones em 35 países nas
atividades de educação em saúde e Américas: Estados Unidos, Costa Rica,
mobilização social de abrangência El Salvador, Panamá, República
municipal; Dominicana, Guiana Francesa,
- Capacitação de recursos Guadalupe, Haiti, Martinica, Porto Rico,
humanos para execução do programa; Saint Barthelemy, São Martin (Parte
- Estruturação dos núcleos de Francesa), Colômbia, Venezuela, Brasil,
epidemiologia municipais agregando as Aruba, Anguilla, Antígua e Barbuda,
ações de vigilância de casos, Bahamas, Barbados, Curacao, Ilhas
entomológica, laboratorial e as operações Cayman, Dominica, Granada, Guiana,
de campo; Jamaica, Saint Kitts and Nevis, Santa
- Apresentação bimestral dos Lúcia, São Vicente e Granadinas, San
resultados do programa ao Conselho Maarten (parte holandesa), Suriname,
Municipal de Saúde e Secretaria Trinidad e Tobago, Ilhas Turcas e Caicos,
Estadual de Saúde; Ilhas Virgens (Reino Unido), Ilhas Virgens
(USA). Toda a população do continente é
7- Febre Chikungunya: considerada como vulnerável, por dois
O que é significado do nome motivos: como nunca circulou antes em
nossa região, ninguém tem imunidade ao
Significa “aqueles que se dobram” vírus e ambos os mosquitos capazes de
em swahili, um dos idiomas da Tanzânia. transmitir a doença estão presentes em
Refere-se à aparência curvada dos praticamente todas as áreas das
pacientes que foram atendidos na Américas. Ver mapas abaixo:
primeira epidemia documentada, na
Tanzânia, localizada no leste da África,
entre 1952 e 1953.

Área de circulação

O vírus circula em alguns países


da África, Ásia, Europa, Oceania e
Américas. De acordo com a Organização
Mundial da Saúde (OMS), no ano de
2004 ocorreu um surto na costa do
Quênia que propagou o vírus para
50
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

outros animais, embora também possa


se alimentar de sangue humano. Suas
larvas são encontradas mais
frequentemente em habitats naturais,
como internódios de bambu, buracos em
árvores e cascas de frutas. Recipientes
artificiais abandonados nas florestas e
em plantações também podem servir de
criadouros.

Notificação de caso e prevenção

No Brasil, os três primeiros casos


importados foram identificados em 2010.
Em 2014 foram notificados os primeiros
casos autóctones no país. O Ministério
da Saúde tem alertado as Secretarias
Estaduais de Saúde para manterem os
serviços de saúde atentos às pessoas
que venham de áreas com transmissão e
apresentem os sintomas da doença.
O mais importante é evitar os
criadouros dos mosquitos que podem
transmitir a doença. Isso previne tanto a
ocorrência de surtos de dengue como de
Transmissão Chikungunya. Quando há notificação de
caso suspeito, as Secretarias Municipais
O vírus é transmitido pela picada de Saúde devem adotar ações de
da fêmea de mosquitos infectados. São eliminação de focos do mosquito nas
eles: o Aedes aegypti, de presença áreas próximas à residência, ao local de
essencialmente urbana, em áreas atendimento dos pacientes e nos
tropicais e, no Brasil, associado à aeroportos internacionais da cidade em
transmissão da dengue; e o Aedes que aqueles residam.
albopictus, presente majoritariamente em Os casos suspeitos de
áreas rurais, também existente no Brasil Chikungunya devem ser comunicados
e que pode ser encontrado em áreas e/ou notificados em até 24 horas a partir
urbanas e peri-urbanas em menor da suspeita inicial. Qualquer
densidade. O mosquito adquire o vírus estabelecimento de saúde, público ou
CHIKV ao picar uma pessoa infectada, privado, deve informar a ocorrência de
durante o período de viremia. casos suspeitos às Secretarias
O Aedes aegypti tem presença Municipais e Estaduais de Saúde e ao
essencialmente urbana e a fêmea Ministério da Saúde.
alimenta‐se preferencialmente de sangue Até o momento não existe um
humano. O mosquito adulto encontra‐se tratamento específico para Chikungunya,
dentro das residências e os habitats das como no caso da dengue. Os sintomas
larvas estão mais frequentemente em são tratados com medicação para a febre
depósitos artificiais (pratos de vasos de (paracetamol) e as dores articulares
plantas, lixo acumulado, pneus, (antiinflamatórios). Não é recomendado
recipientes abandonados etc.). O Aedes usar o ácido acetil salicílico (AAS) devido
albopictus está presente majoritariamente ao risco de hemorragia. Recomenda‐se
em áreas rurais, peri-urbanas e repouso absoluto ao paciente, que deve
alimenta‐se principalmente de sangue de beber líquidos em abundância.
51
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

Como não existe transmissão hábitos alimentares e também devido ao


autóctone no Brasil, é necessário que o fraco sistema de saúde destes países.
paciente evite deslocamento, utilize Primeiros sintomas
medidas de proteção individual e Os primeiros sintomas do vírus
permaneça em repouso durante o Ebola podem demorar de 2 a 21 dias
período de viremia. para surgir após a contaminação e
Como a doença é transmitida por incluem:
mosquitos, é fundamental que as  Febre acima de 38,3ºC;
pessoas reforcem as medidas de  Enjoos;
eliminação dos criadouros de mosquitos  Dor de garganta;
nas suas casas e na vizinhança. As  Tosse;
medidas que as pessoas devem tomar  Cansaço excessivo e
são exatamente as mesmas  Fortes dores de cabeça.
recomendadas para a prevenção da  Sintomas posteriores
dengue.
 Após 1 semana os sintomas
podem se agravar:
8- Doença do vírus Ebola
 Vômito (que pode conter
O que é
sangue);
A doença do vírus Ebola  Diarreia (que pode conter
(anteriormente conhecida como febre sangue);
hemorrágica Ebola) é uma doença grave,  Garganta inflamada;
muitas vezes fatal, com uma taxa de  Hemorragias que levam ao
letalidade que pode chegar aos 90%. A sangramento pelo nariz, ouvido, boca ou
doença afeta os seres humanos e região íntima;
primatas não-humanos (macacos, gorilas  Manchas ou bolhas de
e chimpanzés). sangue na pele;
O Ebola foi identificado pela  Alterações cerebrais e
primeira vez em 1976, em dois surtos possível coma.
simultâneos: um em uma aldeia perto do
rio Ebola, na República Democrática do Como se transmite o vírus Ebola
Congo, e outro em uma área remota do A transmissão do vírus Ebola
Sudão. A origem do vírus é ocorre através do contato direto com
desconhecida, mas os morcegos qualquer fluido corporal como sangue,
frugívoros (Pteropodidae) são saliva, vomito, urina, fezes, sêmen ou
considerados os prováveis hospedeiros. secreção vaginal de pessoas infectadas,
mesmo depois de mortas. Manipular ou
Transmissão ingerir carne de animais infectados
também é uma forma de transmissão do
O vírus é transmitido através do Ebola.
contato com sangue, vômito, urina, fezes O indivíduos que tem mais risco de
e secreções íntimas da pessoa infectada ser contaminado pelo Ebola são os
ou através do consumo da carne de familiares mais próximos dos infectados,
animais infectados, como morcegos como pais, filhos e cônjuges, e também
frutíferos e 'carnes de caça'. profissionais de saúde como médicos e
O Ebola provoca sintomas como enfermeiros, que estão em contato direto
febre alta, vômitos e diarreia com com estes pacientes. No entanto
progressão para hemorragia interna e qualquer pessoa que esteja em contato
falência múltipla dos órgãos. Esta doença com as secreções de um infectado pode
ainda não tem cura, nem uma vacina ficar doente.
específica, sendo mais frequente na
África devido a seus costumes, crenças, Risco para os profissionais
52
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

decorrência dessa doença, durante


Os profissionais de saúde têm sido rituais de velório.
frequentemente expostos ao vírus ao
cuidar de pacientes com Ebola na África. 9- Controle ético da população
Isso acontece quando eles não usam de cães e gatos: guarda responsável e
adequadamente equipamentos de controle populacional de cães e gatos
proteção individual, como luvas e
máscaras. Os profissionais de saúde A reflexão ética vem ganhando
devem seguir rigorosamente as importância na discussão pública sobre
precauções de controle de infecção valores fundamentais para se viver com
recomendados. Além dos cuidados dignidade, numa sociedade justa e
usuais, os trabalhadores de saúde devem solidária, em que a saúde -
aplicar estritamente as medidas de compreendida como a ex pressão do
controle de infecção para evitar a maior grau de bem-estar que o
exposição a sangue infectado, fluidos ou indivíduo e a coletividade são capazes
ambientes e objetos contaminados - de alcançar através de um equilíbrio
como a roupa suja de um paciente ou existencial dinâmico - pode e deve se r
agulhas usadas. É recomendado o uso desfrutada como direito no exercício
de equipamentos de proteção individual, pleno da cidadania (FORTES; ZOBOLI,
tais como aventais, luvas, botas, 2004). Nesse sentido, a saúde pública
máscaras e óculos de proteção ou deve ocupar-se da dimensão biológica,
protetores faciais; não devem reutilizar das relações entre o ser humano e o
equipamentos ou roupas de proteção, a meio ambiente, da reprodução das
menos que tenham sido devidamente formas de consciência e de
desinfectados; devem trocar as luvas ao comportamento e das relações sociais
passar de um paciente para outro. e econômicas (PAIM; AlMEIDA FILHO,
Procedimentos invasivos que 2000).
podem expor os médicos, enfermeiros e A saúde pública, definida como a
outros à infecção devem ser realizado arte e a ciência d e promover, proteger e
sob estritas condições de segurança. Os restaurar a saúde dos indivíduos e da
pacientes infectados devem ser mantidos coletividade, e obter um ambiente
separados dos outros pacientes e saudável, por meio de ações e serviços
pessoas saudáveis, tanto quanto resultantes de esforços organizados e
possível. A dificuldade de manter esses sistematizados da sociedade, é o que a
padrões adequados nos serviços de sociedade faz coletivamente para
saúde dos países africanos acometidos assegurar as condições nas quais as
tem propiciado a infecção em pessoas podem ser saudáveis, o
profissionais de saúde. conjunto de práticas e saberes que
objetivam um melhor estado de saúde
Prevenção possível das populações. (PAIM;
AlMEIDA FILHO, 2000).
Atualmente não há nenhuma O controle populacional de cães
vacina para a doença do vírus Ebola. e gatos está inseri do na área de saúde
Várias vacinas estão sendo testadas, pública veterinária num campo de saber
mas nenhuma delas está disponível para científico e âmbito de praticas. Essas
uso clínico no momento. Nos países últimas efetivadas principalmente por
onde existe transmissão do Ebola, a órgãos estatais, mas não se restringem
melhor maneira de se prevenir é evitar a eles, sendo as ações relacionadas à
contato com o sangue ou secreções de promoção da saúde executadas tanto
animais ou pessoas doentes ou com o por órgãos governamentais como por
corpo de pessoas falecidas em organizações não governamentais
(FORTES; ZOBOLI, 2004).
53
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

Historicamente no Brasil as
organizações não governamentais Ações efetivas para o controle
desempenharam papel de fundamental populacional de cães e gatos - o registro
importância na mudança do paradigma e identificação, controle da reprodução,
do controle populacional de cães e educação e legislações pertinentes,
gatos, promovendo a discussão do recolhimento seletivo e ações específicas
controle ético onde os animais de para animais comunitários - foram
estimação são inseridos no conceito de recomendadas pela primeira vez por
“coletividade” para o desenvolvimento órgão estadual público no Brasil em
das ações de promoção da saúde 2005, bem como o manejo etológico em
(GARCIA, 2007a; GARCIA, 2007b). todas as ações.
A importância dos animais de Analisando parte da cadeia do
estimação na vida do ser humano se controle populacional de cães e gatos
retrata desde 10 mil anos atrás. O Canis são detectados alguns pontos críticos
familiaris é a espécie que mais preenche definidos como “pontos de
as necessidades dos seres humano, estrangulamento” para o bem-estar
antes mesmo dos animais de produção. humano, animal ou da comunidade, isto
A população felina vem crescendo é, áreas onde o desenvolvimento das
gradativamente nos centros urbanos e ações podem gerar mal estar para os
encontrando seu lugar na família. Esses seres humanos (funcionários ou
animais de estimação estão assumindo comunidade) e/ou para os animais e que
importância cada vez maior, inclusive permitem uma discussão ética
para a manutenção da saúde mental de 1. A forma de recolhimento dos
nossa sociedade, ajudando a manter o animais: Envolve o processo desde a
equilíbrio emocional (ELUL; tomada de decisão da retirada do
MARCHIAFAVA, 1964). animal até o transporte do mesmo.
Neste sentido, os aspectos Podemos dividir esse ponto de
etnoveterinários tem grande importância, estrangulamento (PE) em 5 fases e a
especialmente quando nos referimos aos sequência das ações depende de cada
imaginários, representações e funções caso, sendo a Fase 1 (contato com a
que os animais de companhia comunidade) de fundamental
representam em nossas comunidades importância que possa, sempre que
urbanas lationamericanas possível, acontecer em primeiro lugar:
(MALDONADO, 2005). A. Fase 1: contato com a
A discussão ética no controle das comunidade ou representação local:
populações de cães e gatos acontece A análise ou interação com
num período transacional na saúde todos os envolvidos é de fundamental
pública veterinária, focando esses importância para a tomada de decisão.
animais não apenas como potenciais Coletar informações sobre
zoonóticos, mas sim, como integrantes A situação e o contexto que o
das famílias e comunidades, e com valor animal sem controle está inserido nessa
intrínseco agregado. Os cães e gatos são comunidade. Como ação de saúde
agentes que interferem na promoção da pública e promoção da saúde, fazer a
saúde, positiva ou negativamente, comunidade participar da tomada de
dependendo da guarda responsável e decisão.
das políticas públicas implantadas, seja
para a estabilização dessas populações B. Fase 2: análise da situação
e prevenção das zoonoses e demais do animal;
agravos que esses animais possam C. Fase 3: análise do
produzir ao individuo e coletividade, seja ambiente;
para o bem-estar dos próprios animais
(GARCIA, 2006).
54
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

D. Fase 4: tomada de decisão:


nessa fase, poderá ocorrer ou não A forma de recolhimento dos
recolhimento do animal. animais tem sido negligenciada em vários
E. Fase 5: recolhimento: passa países com o problema de animais sem
pelo processo de manejo para o controle. Laçar os animais e jogá-los
recolhimento (interação com o animal, dentro de veículos inapropriados é o
aproximação, intervenção para panorama encontrado na maioria dos
contenção / imobilização, embarque no centros de controle de zoonoses,
veículo de transporte, transporte); principalmente em países em
2. A internação do animal no desenvolvimento. Como consequência, o
serviço de controle animal (centro de órgão público e seus funcionários são
controle de zoonoses, canil municipal, desrespeitados pela comunidade e a
etc): envolve as seguintes ações: parceria com a mesma se torna difícil. Ao
se tomar cuidado com a forma de
A. desembarque do animal do recolhimento por meio da capacitação de
veículo (aproximação, interação, oficiais de controle animal se está
contenção/imobilização); cuidando de quatro áreas
B. avaliação clínica; simultaneamente: o bem estar animal, o
C. separação dos animais nos bem estar do funcionário e da
alojamentos (canis, gatis); comunidade, e fazendo com que a os
profissionais envolvidos na cadeia do
3. A manutenção dos controle, no caso particular o veterinário,
animais no serviço de controle animal: demonstre perante a sociedade a sua
envolve o manejo do animal durante capacidade como profissional de operar
toda a sua estadia até seu destino de acordo com a ética profissional que
final: reflete e está em harmonia com a ética
do consenso social no tratamento dos
a. Alimentação animais, mantendo sua autonomia.
b. Limpeza O tratamento dentro dos serviços
c. avaliação e acompanhamento de controle animal não leva em
clínicos consideração todos os usuários desse
d. outros (remanejamento de sistema de saúde. Os animais são
animais, avaliação comportamental, etc) usuários desses serviços e ações para
esse tipo de usuários devem ser levadas
4. Destino do animal: em consideração. Animais doentes, em
sofrimento físico ou mental, sem
a. resgate pelo proprietário ou perspectivas de resgate ou adoção, são
responsável; encontrados muitas vezes nesses
b. adoção; serviços, aguardando o dia da sua morte.
c. devolução no local do Ações para capacitação dos funcionários
recolhimento (animais em etologia e bem-estar animal
comunitários); conduzem ao manejo etológico,
d. doação; beneficiando animais e funcionários, uma
e. eutanásia; vez que os animais bem acondicionados
f. outros. apresentarão um comportamento mais
tranquilo e pacífico.
5. Controle da reprodução : No terceiro ponto de
estrangulamento (manutenção dos
a. técnica cirúrgica utilizada; animais), os beneficiários são novamente
b. cuidados pré, trans e pós os animais e funcionários, além do
cirúrgicos; acompanhamento clínico que envolve o
c. capacitação do profissional; trabalho do veterinário, onde deve-se
55
APOSTILA ELABORADA PELA EMPRESA DIGITAÇÕES & CONCURSOS

prestar atenção aos fatores ligados à Estatística) de setembro de 2000, 59 %


ética profissional. da população brasileira possui algum tipo
de animal de companhia, sendo 44 %
O quarto ponto de cães. Pesquisas recentes indicam que ter
estrangulamento refere-se ao destino do animais de estimação trás benefícios,
animal e novamente se encontra pois melhora o humor, reduz o stress e
presente a relação entre a ética do ansiedade, e representa um estímulo a
consenso social e a ética profissional (no realizar atividades saudáveis.
caso da eutanásia), também é de suma Juntamente com o número de
importância nessa fase a questão da animais de estimação, cresce o número
educação dos “novos” proprietários, o de animais encontrados em situação de
bem-estar animal e dos funcionários no abandono nas ruas. Embora o abandono
caso da atividade de eutanásia. de animais seja crime previsto pela Lei
Federal nº 9605/98, esta prática é muito
No controle da reprodução dos comum. Isso ocorre, pois as pessoas
cães e gatos, protocolos anestésicos que adquirem animais de estimação por
não causam a impulso, sem levar em consideração que
“anestesia geral”, cirurgias os mesmos são portadores de
executadas sem os cuidados mínimos necessidades e direitos.
necessários, a falta de analgésicos e A superpopulação de animais de
acompanhamento no pós cirúrgico são rua é um problema mundial. Estima-se
alguns pontos críticos encontrados dessa que 75% da população de cães e gatos
cadeia. Esse quinto ponto de no mundo estejam nas ruas. Tal situação
estrangulamento proposto envolve a ética acarreta problemas de saúde e
profissional e novamente o bem-estar segurança pública, já que animais de rua
dos animais. podem transmitir zoonoses e provocar
acidentes, e problemas de proteção e
Enfocar a ética do cuidado por bem estar animal, pois cães e gatos
meio da humanização dos serviços de errantes vivem em situações
saúde na saúde pública veterinária, como inadequadas e são vitimas de maus
um resgate do respeito à vida dos tratos.
usuários envolvidos (seres humanos e Ainda hoje a política do extermínio
animais), pode ser uma solução para o vem sendo aplicada nos CCZ (Centros
tratamento dos pontos de de Controle de Zoonoses), mesmo
estrangulamento da cadeia de controle sabendo que a mesma é ineficaz, pois,
populacional de cães e gatos e melhoria muitos animais são sacrificados todos os
do bem-estar humano e animal e anos e ainda assim a população de cães
promoção da saúde da comunidade. A e gatos continua crescendo. Vários
ética do cuidado com vistas a valorizar dados epidemiológicos vêm mostrando
não apenas os atos, as motivações, o que essa “política de saúde publica” é
caráter e emoções dos envolvidos, mas extremamente ineficiente, cara e
também os relacionamentos comunitários desastrosa.
para a construção. A castração se apresenta como
uma alternativa eficaz no controle
10- Situações do Programa de controle populacional de cães e gatos, pois
populacional de cães e gatos colabora com a redução da natalidade
sem agredir os direitos e bem estar
Com a domesticação de cães e animal. O projeto de extensão vem para
gatos, o homem passou a ser o contribuir com o controle populacional de
responsável pelo bem-estar dessas animais através da pratica de
espécies. Segundo pesquisa do IBOPE esterilização cirúrgica e ações educativas
(Instituto Brasileiro de Pesquisa e divulgando o conceito de posse
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responsável. Contribui também com o procedimento reduz a suscetibilidade a


processo de aprendizado pratico cirúrgico várias doenças tais como tumor de mama
por meio de mutirões de castração e a piometra. Diferente da esterilização
realizados no Hospital Veterinário (HV) cirúrgica, outros métodos contraceptivos
do Centro de Ciências Agrárias (CCA) da como administração de anticoncepcionais
UFPB. injetáveis vêm se mostrando em longo
prazo um fator que predispõe a doenças
DESENVOLVIMENTO no trato reprodutivo de fêmeas.

Os problemas relativos ao METODOLOGIA


abandono e maus tratos a animais são
agravados pela falta de esclarecimento As atividades programadas neste
das pessoas com relação à projeto de extensão contempla mutirões
responsabilidade envolvida na posse de de castração, treinamento cirúrgico
um animal. Ao adotar um cão ou gato durante as disciplina, palestras sobre
assumimos a guarda de uma vida. posse responsável junto aos proprietários
O tempo médio de vida de um cão dos animais submetidos a castração, e
ou gato é de 12 anos. Deve-se junto as escolas de educação infantil do
considerar essa informação no momento município de Areia-PB.
da compra ou adoção de um animal, pois Nos mutirões, todo o processo
se trata de 12 anos que demanda inicia-se muito antes da cirurgia, onde o
dedicação, tempo e recurso financeiro, professor coordenador, os professores
sendo responsabilidade do proprietário colaboradores e os extencionistas
zelar pela saúde física e psicológica do participam da seleção dos vinte animais
animal (vacina, atendimento medico e que serão contemplados com as cirurgias
atenção). em cada mutirão de castração. É
A política de extermínio praticada disponibilizado, na recepção do HV do
nos CCZ se demonstra ineficaz do ponto CCA, um livro (lista de espera) onde as
de vista técnico, ético e econômico, além pessoas interessadas em castrar seus
reforçar a ideia de posse sem animais deixam suas informações
responsabilidade. pessoais, como nome e telefone para
“Não existe nenhuma prova de que contato, e informações sobre o cão ou
a eliminação de cães tenha gerado um gato que se deseja submeter à
impacto significativo na densidade das esterilização cirúrgica. Os extencionistas
populações caninas ou na propagação da entram em contato com o proprietário e
raiva. A renovação das populações agendam uma vinda ao HV onde o
caninas é muito rápida e a taxa de animal será submetido a exames pré-
sobrevivência delas sobrepõe facilmente cirúrgicos tais como exames clínicos,
à taxa de eliminação (a mais elevada hemograma, bioquímica sérica e
registrada até hoje gira em torno de 15% ultrassonografia. Após esse processo, os
da população canina)”. (8º Informe animais que se apresentarem sadios e
Técnico da OMS, 1992, item 9.4, p. 59) não prenhe estarão aptos à cirurgia.
Faz-se necessário implantar Antes da cirurgia, outros contatos
programas educativos que esclareçam a são estabelecidos entre a equipe e os
população, levando a assumir seus proprietários para informar o resultado
deveres, e associar as práticas dos exames e passar informações sobre
educativas a programas de vacinação, o pré, trans e pós-cirúrgico. Os
esterilização e monitoramento proprietários dos animais que não foram
epidemiológico. aptos à cirurgia são orientados a retornar
A castração é um procedimento ao HV para que o cão ou gato possa ser
cirúrgico de baixo risco, de recuperação tratado. Como muitas vezes os animais
rápida, e pós-operatório simples. Esse são errantes ou de abrigos, o pós-
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operatório é feito no HV pelos castração, tanto em machos como em


extencioniastas e estudantes voluntários. fêmeas, foram realizadas paralelamente
O procedimento cirúrgico realizado durante as aulas de técnica cirúrgica e
é a ovário-salpingo-histerectomia (OSH) clinica cirúrgica.
que é uma técnica simples e segura onde
são removidos, através do procedimento Raiva: noções sobre a doença
cirúrgico, os ovários e o útero da fêmea,
impossibilitando assim futuras gestações. A raiva é um doença viral
Os animais são submetidos à anestesia prevenível de mamíferos, que geralmente
geral inalatória ou dissociativa e após a é transmitida através da mordida de uma
cirurgia voltam pra casa retornando após animal infectado. O vírus da raiva infecta
10 dias para a remoção dos pontos. o sistema nervoso central, causando
Durante a espera da cirurgia e encefalopatia e morte. Os primeiros
oferecida aos proprietários uma breve sintomas da raiva em humanos não são
palestra sobre posse responsável e específicos e consistem em febre, dor de
cuidados com a saúde do pet, ministrada cabeça e mal-estar geral. À medida que a
pela equipe. doença progride, os sintomas
O projeto esbarra na dificuldade neurológicos aparecem e podem incluir
financeira para adquirir material tais insônia, ansiedade, confusão, paralisia,
como anestésicos, fios de sutura, excitação, alucinação, agitação, hiper-
antibiótico e outros. Então é entregue aos salivação, dificuldade de engolir e
proprietários uma lista de materiais a hidrofobia (medo da água). A morte
serem doados para contribuir com os ocorre dentro de dias após o
custos. Outras medidas como rifas e aparecimento dos sintomas neurológicos
doações também são bem vindas. Em como a hidrofobia.
todo o processo os alunos atuam
efetivamente, sendo treinados e
orientados pelos professores e técnicos Transmissão da raiva
da instituição, desde esterilização do
instrumental cirúrgico, exames clínicos, A transmissão da raiva geralmente
laboratoriais e as cirurgias, até o contato começa quando a saliva infectada é
com os proprietários e cuidados com os passada a uma animal sem a infecção.
animais no pós-cirúrgico. Várias rotas de transmissão têm sido
Foi realizado um projeto piloto do documentadas, sendo a que a mais
censo populacional de cães e gatos no comum é através da mordida e saliva de
bairro do Mutirão no município de Areia- um animal contaminado. Seguindo à
PB. Foi aplicado um questionário sobre o infecção primária, o vírus entra na fase
número de animais da residência, forma de eclipse, na qual não pode ser
de criação e posicionamento quanto ao facilmente detectado no hospedeiro.
abandono de animais e castração. Essa fase pode durar por vários dias ou
Foram realizados dois mutirões de meses. A entrada do vírus nos nervos
castração no ano de 2013. O primeiro periféricos é importante para a infecção
ocorreu em duas etapas nos dias 13 e 20 progressiva ocorrer.
de abril onde vinte cadelas e dezenove Depois do vírus entrar nos nervos
gatas foram castradas. O segundo periféricos, ele é transportado até o
mutirão foi no dia 27 de setembro, nove sistema nervoso central, geralmente via
cadelas e dez gatas foram castradas nervos motores e sensoriais. O período
totalizando 52 fêmeas castradas. O de incubação é esse tempo desde a
próximo mutirão está agendado para o exposição até o aparecimento dos
dia 30 de novembro onde vinte gatas do sintomas clínicos da raiva. O período de
campus I da UFPB serão contempladas incubação pode variar de alguns poucos
com as cirurgias. Outras cirurgias de dias até anos, mas geralmente dura de 1
58
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a 3 meses. A disseminação do vírus


dentro do sistema nervoso central é Se a pessoa for mordida por um
rápida. Durante o período de infecção morcego -- ou se material infeccioso
cerebral desenvolvem-se as alterações (como a saliva) proveniente de morcego
clássicas de comportamento associadas entra nos olhos, nariz, boca ou ferimento
à raiva. -- ela deve lavar a área afetada
cuidadosamente e procurar
imediatamente por ajuda médica. Sempre
que possível o morcego deve ser
Sinais e sintomas da raiva capturado e levado a laboratório para
testar se tem raiva. As pessoas não
Os primeiros sintomas da raiva pegam raiva ao ter contato com as fezes,
podem ser sinais não específicos sangue ou urina dos morcegos, nem ao
similares à gripe -- mal-estar, febre ou tocar em sua pele apesar deles nunca
dor de cabeça -- os quais podem durar deverem ser manuseados.
por dias. Pode haver desconforto ou
parestesia (sensações cutâneas Vacinação antirrábica animal
subjetivas como frio, calor, formigamento,
pressão) no local da exposição A raiva é uma das moléstias mais
(mordida), progredindo em dias para antigas do homem. A primeira menção
sintomas de disfunção cerebral, feita a ela data do vigésimo terceiro
ansiedade, confusão e agitação, século antes de cristo, no código Pré-
evoluindo até delírio, comportamento Mosáico Eshunna. Nas Américas, a raiva
anormal, alucinações, hidrofobia e é uma enfermidade transmitida pelo
insônia. Depois que os sinais clínicos da morcego, fatal para o homem e foi
raiva aparecem a doença é quase provavelmente descrita pela primeira vez
sempre fatal e o tratamento é tipicamente no século 16. Deste 1753, quando ela foi
de suporte. A prevenção da raiva se dá mencionada inicialmente, a sua presença
através da vacinação. tem sido evidenciada através dos
continentes americanos no Norte e Sul.
Em 1971, 73 países no mundo
apresentaram a raiva. Em muitos, os
Diagnóstico da raiva em animais cães eram a principal fonte através de
feridas por mordida ou outros contatos
O teste direto fluorescente para humanos que requeriam tratamento. Os
antígenos é o mais frequentemente gatos eram a segunda fonte mais comum
usado para diagnosticar a raiva em de exposição à raiva, com ratos,
animais. Esse teste requer tecido esquilos, raposas, chacais, gado e
cerebral do animal suspeito de ter a raiva morcegos sendo as principais fontes em
e só pode ser feito apenas após a morte. vários países. Quanto às espécies, o
número total de animais raivosos
Diagnóstico da raiva em descritos era os seguintes: cachorros,
humanos 35.370; gatos, 3.737; raposas, lobos e
chacais, 6.057; morcegos, 500;
Vários testes são necessários para mangustos, 273; animais de fazenda,
diagnosticar a raiva antes da morte em 12.766; e outros, 4.767.
humanos e nenhum teste é suficiente O número total de mortes
sozinho. Os testes são feitos com humanas causadas pela raiva descrito
amostras de saliva, fluido espinhal, em 1971 era de 769, comparado com
plasma e pele. 770, em 1970. Todavia 920.084 casos
foram descritos tendo recebido
Morcegos e a raiva tratamento antirrábico em 1971,
59
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comparado com 448.512 em 1970. Em de 0°C deve ser desprezada. O


1971, no tratamento antirrábico resultou congelamento provoca a perda da
42 acidentes com paraplegia, incluindo potência.
quatro mortes; a não ser os 16.779 que
receberam a proteção combinada de soro Dose e Volume
e vacina contra raiva, houve 1.532 casos
de doença do soro. Nas próximas A vacina contra a raiva humana é
décadas, os números variaram e caíram administrada em doses diárias de 1 ml.
bastante, em função das intensas As crianças independentes da idade e do
campanhas de vacinação de animais por peso, devem receber a mesma dosagem
parte dos governos federal e estaduais e dos adultos, de acordo com o esquema
municipais. de tratamento prescrito. A vacina contra a
A raiva é uma infecção aguda do raiva humana deve ser administrada por
sistema nervoso central à qual são via intramuscular profunda, ou por via
suscetíveis todo animal de sangue subcutânea na região deltoide (terço
quente e o homem. O vírus, superior do braço). A administração diária
frequentemente presente na saliva do da vacina deve ser feita em locais
hospedeiro infectada é usualmente alternados, prevenindo desconforto para
transmitido por mordidas, lambidas e, às o paciente. Na administração, o
vezes, por via respiratória. A doença é vacinador antes de administrar a vacina
caracterizada por uma profunda deve: lavar as mãos e organizar todo o
disfunção do sistema nervoso central e material: seringa, agulha, e outros; retirar
termina quase que invariavelmente em a vacina do refrigerador ou da caixa
morte. térmica, verificando o nome da mesma,
A vacinação é indicada para o bem como o prazo de validade e preparar
tratamento de pessoas expostas ao risco a vacina de acordo com orientação da
de contrair a raiva, por terem sido bula. Além disso, autoridades nesta área
agredidas (mordedura, arranhadura, alertam ainda para não guardar os
lambedura) por animais potencialmente imunológicos na porta e na parte de
transmissores da doença. É indicada, baixo do refrigerador, pois, quando a
ainda, para pessoas expostas ao risco de porta é aberta, essas áreas do
contrair a doença, por força de suas equipamento são as primeiras a sofrerem
atividades (veterinárias, trabalhadores de o impacto da temperatura ambiente, com
canis e outros). também retirar a gaveta plástica, caso
A composição da vacina contra exista, e, em seu lugar, colocar garrafas
raiva humana usada no Brasil, a com água que contribuem para
Fuenzalida-Palácios, é constituída por estabilizar a temperatura interna do
suspensão a 2% de encéfalo de refrigerador.
camundongos lactentes por via
intracerebral, com vírus rábico fixo. O Profilaxia
produto é inativo com beta-propiolactona
ou irradiação ultravioleta e contém como Uma das primeiras ações é
conservantes o timerosal e ácido fênico. observar a condição do animal agressor,
A vacina contra a raiva humana é a natureza da exposição, isto é, verificar
apresentada sob a forma líquida em a arranhadura e mordedura única e
ampola de uma dose ou frasco superficial em tronco e membros (com
multidoses. Ela deve ser conservada exceção das pontas dos dedos das
numa temperatura entre + 2° C e + 8° C e mãos, mordedura múltipla e/ou profunda
deve ser protegida da luz solar direta. em qualquer parte do corpo, como
Uma observação importante é que a também, a arranhadura profunda
vacina contra a raiva não pode ser provocada por gato).
congelada; caso atinja uma temperatura
60
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Nos cães e gatos clinicamente contato com a saliva do animal em


sadios é preciso observar o animal ferimentos humanos. Para evitar é
durante dez dias. Se eles permaneceram necessário que o possível infectado lave
sadios, este caso é encerrado. Se o imediatamente a área com água e sabão
animal adoecer, morrer ou desaparecer, e procure auxílio médico. Por ser uma
durante o período de tratamento. Neste doença letal, assusta muito. Às vezes a
caso, aplica-se uma dose diária de proteção contra raiva e tétano é precisa.
vacina até completar sete doses. As doenças de pele, causadas por
Nos animais raivosos, suspeito ou fungo ou ácaros (pequenos carrapatos),
silvestre, o tratamento é iniciado com podem ser transmitidas pelo simples
uma dose diária de vacina até a sétima contato com os pelos do cão. Os
dose, mais duas doses de reforço, no sintomas são a coceira e manchas
décimo, vigésimo dia após a última da avermelhadas. Caso contraia a patologia,
série. procure um dermatologista que iniciará
tratamento adequado. Outra doença do
Animais de estimação X perigo cão é o bicho geográfico, causado pela
para a sua saúde larva de um verme presente no solo
contaminado pelas fezes de cão. A larva
Os animais de estimação, penetra a pele humana e provoca uma
considerados os companheiros do reação alérgica que acompanha o
homem, podem também ser os deslocamento da larva. Neste caso o
portadores de cerca de 30 inimigos mais indicado é o tratamento orientado
quase imperceptíveis. São as doenças por um dermatologista.
conhecidas como zoonoses, transmitidas Já o toxocaríase, outra doença
pelos animais domésticos. Eles podem causada por um verme encontrado no
ser portadores de microorganismos que intestino do cão, é transmitida pela
atingem o homem por várias vias. As ingestão acidental de ovos de verme
mais comuns são as mordidas e presentes no solo. Os sintomas são a
lambidas. febre, aumento de gânglios, perda de
Para evitar tais incômodos o peso e mal-estar. os exames médicos
princípio básico é uma boa higiene do darão o diagnóstico e só há necessidade
animal. A maioria das zoonoses tem de tratamento se estes forem intensos.
caráter benigno, é autolimitada e evolui
para cura espontânea. Apenas em alguns Gato
casos o médico se faz necessário. Outros
cuidados gerais são: levar os animais Os gatos têm duas doenças mais
regularmente ao veterinário, lavar as perigosas que merecem uma tensão
mãos após lidar com os animais, evitar especial. A primeira é a toxoplasmose,
que as crianças brinquem em áreas causada por um protozoário. A
frequentadas por gatos e cães e usar contaminação se dá pela ingestão
luvas ao mexer no solo - tratamento de acidental dos ovos do protozoário,
plantas e jardins. presentes no solo ou em objetos que
estiveram em contato com o gato. A
Cão doença pode apresentar ou não
sintomas. Caso apresente, é identificada
O melhor amigo do homem é um uma gripe forte. O auxílio médico se faz
portador de várias doenças. Se não necessário apenas em casos mais
tratado ele pode transmitir basicamente graves. Apenas as grávidas e indivíduos
quatro tipos de problemas. O primeiro e com sistema imunológico comprometido
conhecido por muitos é a raiva. Causada devem ficar atentos.
por um vírus, não possui sintomas iniciais A outra doença felina é misteriosa.
e a contaminação se dá por mordidas ou Causada por uma bactéria desconhecida,
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é transmitida por um arranhão e provoca pública serve como atrativo para insetos
febre, mal-estar, e crescimento de e as construções (casas, prédios) tem
gânglios que ficam dolorosos e podem se telhados que funcionam como excelentes
romper. Esta é uma patologia crônica que refúgios para procriação.
dura de dois a seis meses. Não há Outro grupo de morcegos que
tratamento específico. As complicações explora as áreas urbanizadas são
são raras. Não há medidas preventivas, a aqueles que se alimentam de partes de
não ser, evitar o contato com o animal. plantas (pólen, néctar e frutos) comuns
na arborização urbana, tais como a
Pássaros figueira, o jambolão, a goiabeira, a
nespereira, entre outras.
A doença mais conhecida Os problemas mais comumente
transmitida pelos pássaros é a psitacose. relatados pela presença dos morcegos
Causada por uma bactéria ela é podem ser subdivididos pelo hábito
transmitida pela inalação das bactérias alimentar dos morcegos: morcegos
presentes nas fezes dos pássaros, frugívoros e morcegos insetívoros.
principalmente papagaios. Os sintomas
são semelhantes aos de uma gripe. O • Morcegos frugívoros –
tratamento se faz a base de antibióticos. realizam voos rasantes quando buscam
alimento junto a árvores, assustando
Cuidados com mordidas pessoas desatentas que, por sua vez,
acreditam que estes animais estejam
Comuns nas casas onde estão realizam algum tipo de “ataque”. Isto não
presentes cães e gatos, as mordidas é verdadeiro, pois os morcegos
merecem uma atenção especial. Além da costumam realizar manobras em pleno
raiva, elas podem causar tétano e voo para capturar os frutos e flores mais
infecções da pele. Caso ocorram, a atrativos da planta. Outro problema é a
lavagem do ferimento deve ser imediata “sujeira” ocasionada por estes animais
e a consulta médica é imprescindível. Ele que, durante o voo defecam e quando
orientará o tratamento e avaliará a próximos a construções e veículos
necessidade da vacinação. estacionados acabam por sujá-los desta
maneira.
Controle de morcegos em áreas • Morcegos insetívoros – diante
urbanas do medo, fantasias e mitos, muitas
pessoas relatam que os ruídos (barulho)
Os morcegos são animais produzidos pelos animais causam
silvestres que se adaptaram muito bem desconforto. Outra reclamação é
as áreas urbanas, devido à grande oferta referente ao forte e desagradável odor
de abrigos e alimentos. No Rio Grande que se estabelece, principalmente em
do Sul já foram detectadas telhados com grandes colônias, devido
aproximadamente 40 espécies de ao acúmulo de fezes e também ao cheiro
morcegos, os quais se alimentam de característico produzido por glândulas
diferentes recursos: frutos, pólen, néctar, especiais localizadas na região do
folhas, peixes, pequenos vertebrados pescoço. Entretanto, acredito que o que
(anfíbios, répteis, aves, roedores), mais causa pânico na população é o
insetos e, sangue. adentramento ocasional em residências.
A maior parte das espécies que Isto ocorre porque muitas vezes o animal
vivem ou utilizam recursos do se perde em sua trajetória até o abrigo e
ecossistema urbano possuem hábitos acaba por adentrar a residência
alimentares insetívoros, formando inadvertidamente.
colônias que podem chegar a centenas
e/ou milhares de animais. A iluminação
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Como desalojar uma colônia de Como resolver estes


morcegos no meu telhado? Qual o problemas? Quais soluções as
melhor método a ser utilizado? verdadeiras soluções?

Atualmente, diversos tipos de Morcegos e plantas


produtos químicos e sonoros têm sido
utilizados para afugentar morcegos de Para evitar a visita indesejada de
telhados e por pessoas sem qualquer tipo morcegos frugívoros existe a
de instrução e qualificação, ocasionando necessidade de se fazer um manejo em
riscos a saúde da população e do plantas que atraem os morcegos, além
morador local. Entre as muitas ações que do correto planejamento da
NÃO solucionam os problemas estão o ARBORIZAÇÃO URBANA.
uso de “passarinheiras”, gel repelente, Sugerimos os seguintes
repelente eletrônico, lâmpadas, telhas de procedimentos:
vidro, entre outras receitas caseiras.  Poda de galhos;
 Remoção de flores e frutos;
Passaremos a descrever um  Substituição por outras
pouco mais sobre cada um destes espécies que não frutíferas atrativas.
métodos e seus problemas Morcegos e abrigos (telhados)
 “Passarinheiras” – como o
próprio nome diz serve para impedir a O que precisamos fazer é evitar
entrada de aves (passeriformes) nos que os morcegos se alojem em nossos
telhados. Os morcegos, geralmente, telhados, janelas, paredes e outros. Para
utilizam como porta de entrada a isto é fundamental que todas as frestas e
cumeeira e laterais dos telhados e a possíveis entradas dos telhados sejam
parte frontal do mesmo. bloqueadas/fechadas com cimento ou
 Uso de gel repelente – telas metálicas finas, ou seja, materiais
apesar de ser atóxico como afirmado na duráveis. Nos telhados, os morcegos dão
bula do produto, os morcegos acabam preferência por permanecer próximos a
morrendo asfixiados com o mesmo ao cumeeira, onde se escondem e
tentar removê-lo da pelagem. Isto é, ao protegem entre pequenos vãos entre as
utilizar um produto como este estamos madeiras, tijolos e telhas.
matando animais silvestres de forma
cruel, o que pela legislação ambiental Siga os seguintes passos:
brasileira é passível de multa e prisão
(Lei Federal 9.605/98 – Lei de Crimes Observar ao final da tarde e/ou
Ambientais). anoitecer os locais por onde saem os
 Repelente eletrônico – animais;
emitem sinais sonoros em diferentes Na noite seguinte abra o telhado
frequências, porém os morcegos acabam nestas regiões e deixe que os morcegos
por se acostumar aos mesmos, ou ainda, saiam sem problemas, após a saída dos
apenas se mudam para outro ponto de mesmos vede com panos, jornais, lonas,
descanso no refúgio. telas ou outros produtos semelhantes
 Telhas de vidro e uso de para impedir seu retorno ao abrigo.
lâmpadas – a iluminação normalmente Repita esta operação durante duas ou
produzida é baixa e não afeta o três noites consecutivas e vede
comportamento dos animais que, por definitivamente os pontos de entrada
vezes, apenas se mudam para outro (pode ser com telas metálicas ou outros
recanto do abrigo. materiais). Além disto, podemos ainda
vedar rapidamente as entradas, deixando
apenas uma saída onde instalamos um
“funil com lona plástica”, deixando que os
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animais saiam do abrigo, mas que não Controle de roedores em áreas


consigam retornar ao mesmo. Este tipo urbanas
de “armadilha” pode-se deixar instalado
por alguns dias até certificar que todos os Um manual de controle de
morcegos tenham deixado o telhado, roedores baseia-se na constatação
para então fecharmos definitivamente as simples e objetiva de que a proliferação
entradas com material permanente destes animais ocorre porque o homem
(cimento, telas metálicas, outros). fornece, de forma abundante, o que os
Realizar a limpeza dos restos roedores necessitam para sobreviver:
fecais mediante o uso de Equipamentos alimento, água e abrigo. Fatores de
de Proteção Individual (EPI´s) (luvas de urbanização, problemas crescentes de
borracha, botas, máscaras). É disposição de resíduos sólidos,
interessante aspergir uma mistura (1:1) drenagem inadequada de águas pluviais
de água e hipoclorito de sódio (água e de construção e tratamento de esgotos
sanitária) sobre as fezes no momento de também colaboram para um aumento
removê-las para impedir a formação de exagerado da população de roedores.
poeira e inalação de fungos (Histoplasma Medidas enérgicas e efetivas para
capsulatum). controlar os ratos são necessárias, sob
pena de expor a população a um risco
OBS.: usar sempre Equipamentos desnecessário.
de Proteção Individual (EPI´s) –
máscaras, luvas de couro, botas de É preciso então estabelecer um
borracha programa permanente de controle de
roedores. A busca de parcerias é um
DICAS passo importante, considerando que
diversos problemas sanitários
Afugentamento de morcegos ultrapassam a esfera do setor saúde. Os
profissionais precisam ser capacitados
1. Instalação de exaustores de para identificar o problema, definir e
ar. Existem relatos de que a simples redefinir necessidades, pensar em
modificação da temperatura e circulação estratégias locais, assim como avaliar o
de ar no abrigo pode afugentar grandes impacto das intervenções realizadas.
colônias de morcegos. A instalação de
exaustores de ar é suficiente para causar PRINCIPAIS ROEDORES DE ÁREA
desconforto aos animais de tal ponto que URBANA
os mesmos abandonam o local.
2. Instalação de placas Rattus norvegicus (ratazana, rato
metálica abaixo do telhado. Outra ação do esgoto): É o maior das espécies.
que temos visto como funcional é a Abrigam-se em tocas que cavam na
instalação de placas metálicas abaixo terra, em terrenos baldios, nas margens
das telhas, impedindo que os morcegos de córregos, lixões, etc.
tenham acesso ao forro e as madeiras de Rattus rattus (rato de telhado, rato
sustentação do telhado, o que evita a de forro): Possui grandes orelhas e
aglomeração de indivíduos. Este cauda longa.Costuma habitar locais altos
processo realmente é mais trabalhoso e como sótãos, forros, etc. Desce ao solo
de maior custo, mas é a solução em busca de alimentos e raramente
definitiva para impedir a instalação de fazem tocas.
grandes colônias de morcegos em Mus musculus (camundongo). É o
telhados. de menor tamanho entre as três espécies
urbanas. Vive normalmente dentro dos
11- Roedores / Leptospirose: domicílios e faz seus ninhos dentro de

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armários, dispensas, etc. É presa fácil de prevê um controle do ambiente como


ratoeiras. agente de diminuição da população de
roedores.
PROGRAMA DE CONTROLE

Um programa de controle de
roedores deve ter como base o
diagnóstico do município quanto à
prevalência das espécies existentes, grau
de incidência de doenças por eles
transmitidas, assim como as condições
socioeconômicas e sanitárias da cidade
em questão. O planejamento também
deve incluir o levantamento e a aquisição
de material necessário, seleção e
O MANEJO INTEGRADO PRESSUPÕE
contratação de recursos humanos.
5 FASES DISTINTAS:
Maiores detalhes sobre esse
levantamento podem ser encontrados no
Inspeção:
Manual de controle de Roedores
O primeiro grande passo, antes de
Observar o local em busca de
iniciar o programa de controle, será
indícios que denunciem a presença de
divulgar em todos os meios de
ratos, buscando sempre estabelecer uma
comunicação da cidade o programa que
relação entre os sinais encontrados e
será realizado. É necessário repassar
possíveis rotas usadas pelos ratos, locais
telefones para dúvidas e reclamações,
que sirvam de abrigo e possíveis fontes
lembrando sempre que o sucesso das
de alimentos.
atividades dependerá da participação da
população.
Identificação:
Em todas as etapas do programa
A identificação da(s) espécie(s)
será importante o trabalho de educação
infestante(s) na área alvo é importante
em saúde junto à comunidade, voltados à
para se obter informações sobre sua
eficácia das ações de controle a serem
biologia, hábitos e habilidades. Tais
realizadas.
conhecimentos são indispensáveis
facilitando o planejamento das ações de
METODOLOGIA
combate.
Os roedores ao longo dos anos
Medidas preventivas e
criaram uma incrível habilidade de resistir
corretivas (anti-ratização):
e se adaptar a diferentes condições de
meio sendo sua população determinada
É o conjunto de medidas
pelas condições do ambiente onde
preventivas e corretivas adotadas no
vivem. O combate se baseia cada vez
meio ambiente que visam impedir e/ou
mais no conhecimento de sua biologia,
dificultar a implantação e expansão de
de seus hábitos comportamentais, suas
novas colônias de roedores.
habilidades e capacidades físicas. Apoia-
Algumas dessas medidas são
se, também, no exame e conhecimento
corretivas do meio ambiente e visam a
do meio ambiente onde os roedores a
retirada de certas condições que estão
serem combatidos estão localizados.
facilitando a infestação dos roedores. Por
Desta forma é improvável
exemplo:
pensarmos em controle de roedores sem
Correto acondicionamento do lixo
pensar em um “manejo integrado”
(dentro de sacos plásticos e em lixeiras
conforme ilustra o gráfico abaixo, que
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com tampas). Nunca jogar lixo a céu sinais clássicos de presença de roedores:
aberto ou em terrenos baldios; materiais roídos, trilhas, manchas de
gorduras, fezes, etc.
Canalização de córregos a céu
aberto EFEITO BUMERANGUE

Manter terrenos baldios limpos e Um fenômeno aparentemente


murados desconcertante é o aumento do número
Uso de ralos e telas metálicas de roedores, após alguns meses onde
vedando locais de acesso dos roedores tenha sido praticada uma operação de
para os ambientes internos; desratização. Esse fenômeno tem base
Manter limpas as instalações de biológica e é sempre resultante de uma
animais domésticos e não deixar a intervenção errada executada pelo
alimentação exposta onde os ratos homem.
possam ter acesso, principalmente à
noite; Leptospirose: sintomas, transmissão,
Evitar acúmulo de entulhos prevenção
próximos às residências, etc.
De importância fundamental é a Sintomas
educação da comunidade envolvida, isto
São parecidos com os de outras
é, mudar costumes e hábitos das
doenças como gripe, febre amarela,
pessoas como: jogar restos de alimentos,
dengue, malária, hantavirose e hepatites.
entulhos, papéis na rua, terrenos baldios,
Os principais são: febre, dor de cabeça,
bueiros, espaços vazios em locais
dores pelo corpo, principalmente nas
públicos, etc.
panturrilhas (batata-da-perna). Em 10%
dos casos, pode ocorrer a forma grave da
Desratização:
doença, com o aparecimento de icterícia
(coloração amarelada da pele e das
É a utilização de processos
mucosas) por insuficiência hepática,
capazes de produzir a eliminação física
manifestações hemorrágicas (equimoses,
dos roedores infestantes. Pode-se utilizar
sangramentos em nariz, gengivas e
ratoeiras, armadilhas e outros
pulmões) e comprometimento dos rins. A
dispositivos de captura, como também
evolução para o coma e a morte pode
processos químicos onde são utilizadas
ocorrer em cerca de 10% das formas
substâncias chamadas de rodenticidas.
graves. Os primeiros sintomas aparecem
Em todo o mundo, o grupo químico
de dois a 30 dias depois do contato com
mais utilizado são os anticoagulantes por
a contaminação. Na maior parte dos
serem muito eficazes a baixo custo, além
casos, aparece sete a 14 dias após o
de possuírem razoáveis margens de
contato.
segurança e que terão seu efeito
somente alguns dias depois da ingestão. Transmissão
Porém, o uso de qualquer produto deve
considerar a espécie envolvida e a A transmissão ocorre,
técnica preconizada pelo fabricante. principalmente, através do contato com a
água ou lama de enchentes
Avaliação e monitoramento: contaminadas com urina de animais
portadores, sobretudo os ratos. A
É necessária a avaliação dos penetração da Leptospira no corpo,
resultados com um acompanhamento através da pele, é facilitada pela
posterior para evitar seu presença de algum ferimento ou
recrudescimento. São necessárias arranhão. Também pode ser transmitida
inspeções periódicas para identificar os
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por ingestão de água ou alimentos deste filo estão os aracnídeos (Subfilo


contaminados. Chelicerata - Classe Arachnida), dos
quais fazem parte as aranhas (Ordem
Prevenção
Araneae) e os escorpiões (Ordem
Evitar o contato com água ou lama Scorpiones). Os aracnídeos são
que possam estar contaminados pela caracterizados por apresentarem o corpo
urina de rato. Pessoas que trabalham na dividido em duas partes (cefalotórax e
limpeza de lama, entulhos e abdomen) quatro pares de pernas, um
desentupimento de esgoto devem usar par de pedipalpos e um par de
botas e luvas de borracha. Medidas quelíceras.
ligadas ao meio ambiente, tais como o
controle de roedores, obras de ESCORPIÕES
saneamento básico (abastecimento de
água, lixo e esgoto) e melhorias nas Existe a comprovação da
habitações humanas também ajudam na existência dos escorpiões há mais de 400
prevenção.. milhões de anos. Foram os primeiros
artrópodes a conquistar o ambiente
terrestre não passando por modificações
12- Animais Peçonhentos morfológicas importantes. No corpo
dividido em duas partes (cefalotórax e
Ofídios abdômen), estão localizados os 4 pares
de pernas. O órgão inoculador de veneno
Acidente ofídico ou ofidismo é o denominado “telson” localiza-se num
quadro de envenenamento decorrente da segmento após o abdômen. Atualmente
inoculação de toxinas através do são conhecidas cerca de 1.600 espécies
aparelho inoculador (presas) de em todo o mundo, e aproximadamente
serpentes. No Brasil, as serpentes 100 espécies ocorrem Brasil. Habitam
peçonhentas de interesse em saúde praticamente todos os continentes,
pública são representadas por quatro exceto a Antártida, vivendo em quase
gêneros da Família Viperidae: serpentes todos os ecossistemas terrestres
do grupo Bothrops (jararaca, jararacuçu, (desertos, savanas, cerrados, florestas
urutu, caiçaca, comboia), o qual, temperadas e tropicais). Assim como as
atualmente, está agrupado em dois aranhas, são animais que inspiram medo
gêneros – Bothrops e Botrocophias; pelo fato de algumas espécies, causarem
Crotalus (cascavel); Lachesis (surucucu- acidentes com envenenamento humano.
pico-de-jaca); Micrurus e Leptomicrurus Das espécies conhecidas, apenas
(coral-verdadeira). O envenenamento 25 podem causar acidentes com óbitos.
ocorre quando a serpente consegue Muitas lendas e crendices populares
injetar o conteúdo de suas glândulas baseadas quase sempre em fatos mal
venenosas, o que significa que nem toda interpretados, colaboram para reforçar a
picada leva ao envenenamento. Há ideia de malignidade desses animais.
muitas espécies de serpentes que não
possuem presas ou, quando presentes, Etimologia
estão localizadas na porção posterior da
boca, o que dificulta a injeção de veneno O nome “escorpião” é derivado do
ou toxina. latin scorpio/ scorpiones . Em certas
regiões brasileiras, são chamados de
Aracnídeos (aranhas e escorpiões) “lacraus”, e confundidos com insetos cujo
corpo termina em pinça como as
O Filo dos Artrópodes corresponde tesourinhas ou lacrainhas, que são
a mais de 80% das espécies animais insetos inofensivos ao homem.
existentes. Dentre os principais grupos
67
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BIOLOGIA (escorpião amarelo), é de


aproximadamente 14 dias. A troca de
Reprodução pele nos escorpiões, assim como na
maioria dos artrópodes, ocorre
Os escorpiões são vivíparos. Ao sucessivamente até a maturidade sexual.
nascerem, os filhotes são conduzidos um
a um pela mãe até o dorso, onde Alimentação
permanecem até a realização da primeira
troca de pele. Os escorpiões Os escorpiões são carnívoros e
pertencentes ao gênero Tityus passam alimentam-se exclusivamente de animais
por cerca de 6 trocas de pele até vivos. Fazem parte de sua dieta, cupins,
tornarem-se adultos. baratas, grilos, aranhas e pequenos
A distinção entre macho e fêmea, vertebrados. A visão, considerada
nem sempre é muito fácil, uma vez que precária, impede que os escorpiões
os caracteres morfológicos variam de captem imagens definidas. A localização
acordo com a espécie e observados das presas é percebida através das
somente em indivíduos adultos. Para que vibrações do ar e do solo captadas por
ocorra o acasalamento, o macho deve cerdas sensoriais, distribuídas por todo o
encontrar uma fêmea receptiva, prendê- corpo do escorpião. Nem sempre utilizam
la pelos pedipalpos arrasta-a por diversas o veneno para capturar suas presas.
vezes de um lado para o outro (dança Espécies com pinças grandes e fortes
nupcial), até o momento da liberação e são capazes de esmagar e devorar a
fixação do espermatóforo (um tubo de presa dispensando o uso do veneno.
aproximadamente 6 mm contendo o Quando o telson é mutilado, o escorpião
esperma) no solo. Em seguida a fêmea é é capaz de sobreviver alimentando–se de
posicionada sobre este tubo que penetra pequenos animais que são aprisionados
em seu opérculo genital, fertilizando-a. com o auxílio das pinças.
Em Tityus serrulatus (escorpião amarelo) Vivem isolados ou em grupos, se
não há machos na espécie. A reprodução as condições ambientais favorecerem
ocorre por PARTENOGÊNESE (ovo se sua instalação. Em cativeiro e outras
desenvolve sem a necessidade de ser situações estressantes, os escorpiões
fecundado por um espermatozóide). O costumam praticar o canibalismo, ou
período de gestação nos escorpiões é seja, devoram-se mutuamente.
muito variado. Em Tityus é em torno de 3
meses. Já para escorpiões do gênero Habitat
Pandinus (grandes escorpiões africanos)
este intervalo é de aproximadamente 9 Habitam todos os continentes,
meses. Durante o parto, a fêmea eleva o exceto a Antártida, ocupando quase
corpo apoiando-se sobre as pernas, todos os ecossistemas terrestres como
formando um cesto com as pernas savanas, desertos, cerrados, florestas
anteriores, para abrigar e transportar os temperadas e tropicais, enterrando-se no
recém-nascidos até o seu dorso. solo úmido das matas, na areia dos
Os filhotes permanecem juntos da desertos, ao longo das praias, na zona
mãe durante e após a primeira troca de entre marés ou em cavernas. Costumam
pele por um período que pode variar de abrigar-se em bromélias existentes no
10 a 14 dias, quando finalmente solo ou em árvores de grande altitude,
abandonam a mãe e passam a ter vida sob pedras, madeiras, troncos podres ou
independente. em galerias no solo úmido das matas.
O período do nascimento até a Algumas espécies são mais ativas
dispersão dos filhotes varia bastante durante os meses quentes, porém nos
entre as espécies. Para Tityus bahiensis trópico, os escorpiões permanecem
(escorpião marrom) e Tityus serrulatus ativos durante todo o ano.
68
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O manuseio inadequado de
Importância ecológica materiais de construção e entulho
aumenta as chances de um acidente. No
Do ponto de vista biológico, os ambiente domiciliar, os cuidados devem
escorpiões representam um grupo ser redobrados quanto ao uso de roupas
importante e eficiente sendo e calçados. O controle destes animais
considerados os principais predadores de passa a ser fundamental, e sua eficácia
insetos e outros pequenos animais, às depende de uma ação multidisciplinar
vezes nocivos ao homem. envolvendo os órgãos públicos, a
comunidade e o manejo ambiental para
Inimigos tornar desfavoráveis as condições de
instalação, permanência e proliferação
Na natureza, são conhecidos dos escorpiões.
vários predadores dos escorpiões: No Brasil, são conhecidas cerca
lacraias, louva-deus, macacos, aranhas, de 100 espécies, das quais, apenas três
sapos, lagartos, seriemas, corujas, são consideradas perigosas. São elas :
gaviões, quatis, macacos, galinhas, Tityus serrulatus Lutz & Mello,
camundongos, algumas formigas e os 1922 : de 5 a 7 cm de comprimento;
próprios escorpiões. Mas, alterações no colorido geral amarelado; pernas e papos
meio ambiente provocadas pelo homem sem manchas; cefalotórax e abdômen
como, desmatamentos, utilização escuros; presença de serrilha na face
indiscriminada de agrotóxicos e dorsal do 3 o e 4 o segmentos da cauda;
crescimento urbano desordenado, presença de espinho subaculear no
parecem ser as principais causas de telson.
extermínio dos escorpiões. Distribuição: Bahia, Ceará, Distrito
Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas
ESPÉCIES PERIGOSAS Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Norte, São Paulo,
O problema quanto ao Sergipe, Rio Grande do Sul (relato de um
envenenamento humano causado por acidente) e Paraná.
escorpiões é conhecido desde a Tityus bahiensis Perty, 1833: de 5
antiguidade. As espécies perigosas a 7 cm de comprimento; colorido geral
podem ser encontradas nos desertos ou marrom avermelhado; cefalotórax e
em regiões semi-áridas. No continente abdômen mais escuros e sem manchas;
americano ocorrem no Sudeste dos pernas com pequenas manchas escuras;
Estados Unidos, México, América do Sul presença de manchas mais escuras na
e Ilhas do Caribe. Há espécies que tíbia e fêmur dos palpos; presença de
habitam as regiões Norte e Sul da África, espinho subaculear no telson.
Oriente Médio, Norte do Mediterrâneo, Distribuição: Bahia, Espírito Santo,
Irã, Ásia e Índia Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul,
Das 1600 espécies atualmente Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro,
conhecidas no mundo, apenas 25 podem Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São
causar acidentes humanos graves. O Paulo.
crescimento desordenado de importantes Tityus stigmurus Thorell, 1876: de
centros urbanos propicia condições cada 5 a 7 cm de comprimento; colorido geral
vez mais favoráveis à instalação e amarelado; pernas e palpos sem
proliferação desses animais junto às manchas; presença de um triângulo
regiões habitacionais em ambientes peri escuro na face dorsal anterior do
e intradomiciliares. Encontram cefalotórax; pré-abdômen com uma faixa
esconderijos em terrenos baldios, velhas escura central bem definida e duas
construções, sob o entulho, pilhas de laterais discretas na face dorsal;
madeira, tijolos, caixas de luz etc. presença de serrilha na face dorsal do 3
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o e 4 o segmentos da cauda; presença O dimorfismo sexual nas aranhas,


de espinho subaculear no telson. é caracterizado pela presença de bulbo
Distribuição: Pernambuco, Bahia, copulador (localizado nas extremidades
Ceará, Piauí, Paraíba, Alagoas, Rio dos pedipalpos) nos machos. O
Grande do Norte e Sergipe. acasalamento ocorre com o macho
Tityus cambridgei Pocock, 1897 : introduzindo o bulbo copulador, contendo
de 8 a 10 cm de comprimento; colorido o esperma, na abertura genital da fêmea.
geral castanho escuro avermelhado, com Após o acasalamento, o conteúdo
alguns pontos mais claros; o macho espermático fica armazenado numa
possui a cauda e os palpos mais finos e estrutura denominada espermateca. Os
longos que a fêmea; presença de ovos são fertilizados no momento em que
espinho subaculear no telson. a fêmea realiza a postura. Para
Distribuição: Pará , Amapá, armazená-los, é construída uma bolsa,
Tocantins e Rondônia. elaborada com fios de seda, chamada
ooteca. A fêmea permanece junto a
ARANHAS ooteca, até o momento da eclosão dos
filhotes. As aranhas, bem como os
As aranhas compõem a ordem escorpiões, possuem o corpo recoberto
mais numerosa dos aracnídeos, sendo de quitina, (exoesqueleto), que é trocado
consideradas válidas cerca de 35.000 periodicamente até a maturidade. As
espécies em todo o mundo, embora, fêmeas das aranhas caranguejeiras,
segundo alguns autores, este número realizam anualmente a troca de pele,
possa chegar a 100.000. Habitam mesmo depois de adultas.
praticamente todas as regiões do
planeta, incluindo uma espécie aquática. Alimentação
Muitas espécies vivem próximas, e até
mesmo dentro de habitações humanas, São carnívoras, alimentando-se de
favorecendo a ocorrência de acidentes. O insetos e pequenos invertebrados.
veneno, produzido por duas glândulas Algumas espécies de caranguejeiras da
situadas na região das quelíceras, pode Amazônia são capazes de predar
ser utilizado na captura de presas e como roedores e pequenos pássaros.
defesa. Poucas espécies podem causar
acidentes com envenenamento humano Habitat
importante. No mundo, são conhecidas
35.000 espécies de aranhas, distribuídas Vivem no meio terrestre, desde as
em mais de 100 famílias, porem, Ilhas próximas à região Ártica até os
somente cerca de 20 a 30 espécies, são limites sulinos dos continentes, em teias
consideradas perigosas para o homem. geométricas ou irregulares, em buracos,
No Brasil, as espécies mais cupinzeiros, sob troncos caídos, cascas
representativas pertencem aos gêneros de árvores, bem como, próximo e dentro
Phoneutria , Loxosceles e Latrodectus . das moradias.

ETIMOLOGIA Inimigos

O termo aranha é derivado da Lagartixas, sapos, rãs, algumas


palavra latina araneus, aranea. espécies de peixes e pássaros, podem
ser considerados inimigos naturais.
BIOLOGIA

Reprodução ESPÉCIES PERIGOSAS

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No Brasil, as espécies de aranhas oito olhos em duas filas: 4:4; fêmeas com
que costumam causar acidentes com 1 cm de tamanho de corpo; machos, com
envenenamento humano pertencem aos apenas alguns milímetros de corpo.
gêneros Phoneutria , Loxosceles e Constroem teias tridimensionais em meio
Latrodectus. a plantações, beiras de barrancos, entre
Phoneutria nigriventer (aranha as folhas de arbustos; costumam
armadeira) :Coloração marrom, com construir seus refúgios em batentes de
pares de manchas ao longo da parte portas e beirais das janelas.
dorsal do abdômen; possuem oito olhos
em três filas: 2:4:2; de 4 a 5 cm de corpo, Distribuição: cosmotropical
podendo atingir até 12 cm, incluindo as
pernas. Vivem em bananeiras, sob Latrodectus curacaviensis (viúva-
troncos caídos, bem como, próximo e negra): conhecida como flamenguinha e
dentro das moradias; não fazem teia e aranha barriga vermelha. Possui
assumem posição de defesa quando se abdômen globoso de coloração preta
sentem ameaçadas. com faixas vermelhas e, por vezes,
Phoneutria nigriventer (aranha alaranjada; apresenta no ventre uma
armadeira) : mancha vermelha em forma de
Distribuição: ES, MG, MS, GO, RJ, ampulheta; oito olhos em duas filas: 4:4;
SP, PR, SC, RS. fêmeas com 1 cm de tamanho; machos
Loxosceles spp (aranha marrom) : muito menores com apenas alguns
coloração marrom avermelhado; milímetros de corpo; constroem teias
cefalotórax achatado; seis olhos em três tridimensionais em áreas de plantações,
pares; apresentam até 1 cm de corpo e 3 vegetação rasteira, sauveiros,
a 4cm incluindo as pernas. Costumam cupinzeiros, materiais empilhados,
alojar-se em fendas de barrancos, pilhas objetos descartados, montes de lenha,
de telhas, cavernas, sob cascas de beiras de barrancos e no interior das
árvores, bem como, próximo e dentro das moradias.
moradias. Distribuição: CE, RN, BA, ES, RJ,
SP, RS.
Distribuição: Lycosa erythrognatha (aranha-de-
grama, aranha-de-jardim, aranha-lobo e
• Loxosceles amazônica – Norte e tarântula): são frequentemente
Nordeste do Brasil. encontradas em todo o Brasil. Apesar de
• Loxosceles similis – PA, MG, SP, causarem acidentes com frequência, seu
MS. veneno não é considerado perigoso para
o homem. Apresentam coloração
• Loxosceles gaucho – MG, SP, marrom-clara, por vezes acinzentada.
PR, SC. Atingem de 4 a 5 cm de comprimento e
• Loxosceles intermedia – GO, possuem, no dorso do abdômen, um
Sudeste e Sul do Brasil. desenho negro em fora de seta. O ventre
• Loxosceles adelaida – SP, RJ. é negro e as quelíceras são recobertas
• Loxosceles hirsuta – MG, SP, por pelos avermelhados ou alaranjados.
PR, RS. Aranhas caranguejeiras: São
• Loxosceles laeta – PB, MG, SP, frequentemente temidas por causa da
RJ, PR, SC, RS. aparência e tamanho, muitas vezes
• Loxosceles puortoi – TO. chegando a atingir 10 cm de corpo e 30
Latrodectus geometricus (viúva- cm de envergadura, porém, no Brasil não
negra): apresentam abdômen globoso de são conhecidas espécies responsáveis
colorido marrom-acinzentado com um por envenenamento humano. As picadas
desenho em forma de ampulheta na cor costumam provocar apenas dor de
alaranjada na região ventral do abdômen; pequena intensidade e de curta duração.
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Vivem, em geral, em locais afastados do HABITAT


homem (árvores, cupinzeiros, buracos As lacraias estão distribuídas por
em barrancos e galerias subterrâneas). O todo o mundo em regiões temperadas e
ferrão em posição vertical, reduz a tropicais. Os esconderijos proporcionam
eficiência do mecanismo de picada. proteção não apenas contra possíveis
Assim, raramente causam acidentes, predadores, mas também contra a
principalmente espécies peludas e de desidratação. De hábitos noturnos, saem
grande porte. Além da inoculação de à procura de alimento ou de novas
veneno, possuem outro mecanismo de moradias, alojando-se sob pedras,
defesa, inclusive mais frequentemente cascas de árvores, folhas no solo e
utilizado, que consiste em atritar troncos em decomposição, ou constroem
vigorosamente as pernas traseiras no um sistema de galerias, contendo uma
abdômen, espalhando uma nuvem de câmara onde o animal se esconde.
pelos com ação irritante em direção ao Apresentam também hábitos
inimigo. Os pelos podem causar alergias peridomiciliares e domiciliares, sendo
com manifestações cutâneas ou encontradas em: hortas, canteiros de
problemas nas vias respiratórias altas. jardins, vasos, xaxins, entulhos, sob
tijolos ou qualquer compartimento da
LACRAIAS moradia onde coexistam ausência de luz
BIOLOGIA solar e presença de umidade. As lacraias
que costumam provocar acidentes com
Os quilópodes, conhecidos maior frequência pertencem a 3 gêneros,
popularmente como lacraias e com ampla distribuição em toda Grande
centopeias, possuem corpo quitinoso São Paulo: Cryptops , Otostigmus e
dividido em cabeça e tronco articulado Scolopendra .
achatado, filiforme ou redondo, Prevenção de acidentes contra
permitindo fácil locomoção. A cabeça aranhas e escorpiões
apresenta um par de antenas articuladas,
localizadas na margem frontal e um par As principais medidas preventivas
de forcípulas, onde estão contidas as são:
glândulas de veneno e estruturas
terminais quitinosas inoculadoras de • Manter jardins e quintais limpos;
veneno. As lacraias apresentam um par • Evitar o acúmulo de entulhos,
de pernas em cada segmento do tronco, folhas secas, lixo doméstico e material de
sendo esta uma importante característica construção nas proximidades das casas;
para diferenciá-las dos piolhos de cobra • Evitar folhagens densas (plantas
ou gongolos (Diplopodos), que possuem ornamentais, trepadeiras, arbusto,
dois pares de pernas nos segmentos do bananeiras e outras) junto a paredes e
tronco. O número de pernas nas lacraias, muros das casas; manter a grama
pode variar de 15 a 23 pares. No último sempre bem aparada;
segmento estão contidos os aparelhos • Limpar periodicamente os
genital feminino e masculino, além de um terrenos baldios vizinhos obedecendo
par de apêndices chamados pernas uma faixa de pelo menos 1 a 2 metros da
anais. De colorido diversificado, possuem moradia;
tonalidades clara de vermelho, amarelo e • Vistoriar roupas e calçados
azul, ou vinho e verde escuro. Seu antes de vesti-los;
tamanho varia de 1,5 cm a 26,0 cm de • Não colocar as mãos
comprimento. Animais carnívoros, a desprotegidas em buracos, sob pedras e
maior parte de sua dieta é formada por troncos podres.
minhocas, vermes e pequenos
artrópodos, como grilos, baratas, etc. • O uso de calçados e luvas de
raspa de couro ajuda a evitar acidentes;
72
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borboletas, as outras três compreende as


• Vedar as soleiras das portas e mariposas e traças.
janelas ao escurecer; As 127 famílias se agrupam em 44
super-famílias de lepidópteros, das quais
• Vedar frestas e buracos em apenas duas (Hesperioidea e
paredes e assoalho; consertar rodapés Papilionoidea) são consideradas
despregados; colocar telas nas janelas e Rhophalocera (somente borboletas). Isso
saquinhos de areia nas soleiras das corresponde a cerca de 12% do total de
portas, lepidópteros, ou seja, cerca de 22 mil
espécies de borboletas no mundo. Elas
• Usar telas em ralos, pias e são divididas em 6 famílias; Hesperiidae,
tanques; Papilionidae, Pieridae, Nymphalidae,
• Afastar as camas das paredes; Lycaenidae e Riodinidae. As restantes
evitar o contado de roupas de cama e são designadas por traças/mariposas.
mosquiteiro no chão;
• Combater a proliferação de Taxonomia das Borboletas
insetos, principalmente baratas;
• Acondicionar o lixo domiciliar em Os lepidópteros estão presentes
sacos plásticos ou em recipientes que na grande maioria dos habitats naturais,
possam ser mantidos fechados; existindo espécies com adaptações
• Preservar os inimigos naturais próprias às características de cada
de escorpiões . habitat, sendo o clima o principal fator
Em caso de acidente, procurar que determina sua área de distribuição.
atendimento médico e não realizar Anatomicamente, as borboletas
procedimentos de uso caseiro. apresentam inúmeras escamas que
cobrem o corpo e as asas. De fato,
Lepidópteros lepidoptera é a designação para insetos
com asas escamosas. Suas escamas e
Um dos primeiros e talvez os desenhos, muitas vezes formadas por
maiores estudiosos da ordem de insetos grandes ocelos, são determinadas por
lepidóptera são os colecionadores. Ele conjuntos genéticos, como o gene distal-
realizaram os primeiros estudos less que é um fator de transcrição de
anatômicos desse grupo de insetos. O outros genes e que foi estudado em
grupo das borboletas e mariposas Drosophilas, já que são homólogos ao
constitui um dos grupos de insetos mais das borboletas. Outra característica
ricos sob o ponto de vista evolutivo. São especifica é a presença de uma
cerca de 160 mil espécies descritas e probóscide, ou espiro-tromba, de
classificadas em cerca de 127 famílias. comprimento variável, enrolada em
Infelizmente, seis famílias inteiras correm espiral cuja função é absorver o néctar
risco de extinção, sendo que 36 estão das flores e a água do orvalho.
extremamente ameaçadas. O Brasil é Anatomicamente elas são formadas por
considerado o quarto país com maior dois canais semi-circulares que unem-se
diversidade de lepidópteros do mundo, através da movimentação dos músculos
apresentando cerca de 5 mil espécies da probóscide e criam um tubo perfeito
conhecidas. Por volta de 57 espécies usado para a sucção do néctar.
estão em risco de extinção. As antenas dos lepidópteros são
A ordem é informalmente dividida utilizadas na classificação das espécies,
em dois grupos: Rhophalocerae especialmente nos dois grandes grupos
Heterocera . Por vezes são divididas em ditos acima. A grande maioria das
quatro infraordens; Zeugloptera, borboletas é diurna, e têm antenas
Dachnonypha, Monotrysia e Ditrysia. longas e filiformes, designadas, portanto
Esta última compreende somente as como Rhophalocera. As mariposas têm
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antenas denticuladas ou pectinadas com pertencentes claramente ao vasto grupo


aspecto filiforme, estando assim incluídas de mariposas primitivas. Apesar de não
no grupo designado Heterocera além de serem conhecidos fósseis de borboletas
serem, na maioria dos casos, noturnas. deste período, elas certamente já
existiam, pois o primeiro delas foi
Relacionamento evolutivo entre encontrado no Eoceno, a cerca de 50
os insetos. milhões de anos. No início do
Do ponto de vista evolutivo, os Oligocénico, há 40 milhões de anos,
lepidópteros constituem um grupo existiam já todas as principais famílias de
relativamente recente. O registro fóssil borboletas e a morfologia geral das
conhecido é claramente insuficiente para espécies fósseis é semelhante à das
formar uma ideia clara a respeito dos borboletas atuais. Portanto a essa
aspectos evolutivos desse grupo de período de surgimento das borboletas no
insetos. Sabe-se, no entanto, que a registro fóssil em breve será preenchido
ordem mais próxima é a ordem com a descoberta de novos fósseis.
Trichoptera (insetos de tamanho pequeno
a médio, de aspecto geral semelhante às Fosseis de Lepidoptera. Clique
mariposas). Isso não significa que os para ampliar
tricópteros sejam os ancestrais dos
lepidópteros, mas ao que parece, os dois É evidente que as borboletas
grupos emergiram de um ancestral emergiram como um grupo a partir de
comum, assim como o homem tem um uma forma de mariposa e inúmeras
ancestral em comum com os famílias de mariposas foram sugeridas
chimpanzés. Entretanto, esse ancestral como ancestrais das borboletas embora
comum entre essas duas ordem de o registro fóssil seja escasso, portanto,
insetos é datado em aproximadamente qualquer tentativa de estabelecer
250 milhões de anos, durante o período parentesco é puramente conjectural.
geológico denominado Permiano. Os indivíduos das famílias com
Evidentemente que o grupo dos origem mais primitiva são diurnos, sendo
lepidópteros surgiu posteriormente a assim provável que as primeiras
essa data. De fato, são conhecidos mariposas fossem também diurnas.
alguns fósseis do Triássico, cuja forma se Muitos destes lepidópteros adquiriram
assemelha à de uma mariposa, não hábitos noturnos em consequência da
existindo, porém, a certeza se intensa predação por aves em grande
representam mariposas primitivas ou expansão nos períodos Cretáceo. De
tricópteros. fato, o grupo dos lepidopteros emergiu
Além de serem evolutivamente em meio ao surgimento das aves a cerca
próximos aos tricópteros. um grupo de de 150 milhões de anos e em associação
mariposas primitivas parece sustentar tal ao surgimento das grandes e diversas
afirmação já que seu aparelho bucal é angiospermas, plantas com flores.
formado por mandíbulas adaptadas a Portanto, elas representam um grupo que
cortar folhas, algo incomum aos emergiu em meio a coevolução
lepidópteros. Isso indica que de fato, a relacionada a esses dois grupos de seres
evolução dos lepidópteros começou de vivos. Vale lembrar que ao mesmo tempo
um ancestral cujo aparelho bucal não era co-existiram junto aos pequenos
formado por uma probóscide. mamíferos e sua emergência
As mariposas mais primitivas dimensional, e sujeito a predação de
coexistiram junto com os primeiros répteis e anfíbios.
grandes lagartos do Jurássico, há cerca Certamente, esse conjunto de
de 150 milhões de anos. Nos depósitos fatores teve um peso enorme durante a
rochosos do Cretáceo, há 120 milhões de evolução do grupo das mariposas e
anos identifica-se inúmeros fósseis especialmente das borboletas. De fato, o
74
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comportamento noturno de mariposas Eudaminae, Heteropterinae, Hesperiinae,


pode ter sido uma estratégia evolutiva Trapezitinae. No Brasil ocorrem
importante para sua sobrevivência pelo especialmente na Mata Atlântica e no
fato das aves serem majoritariamente Cerrado. A riqueza de espécies de
diurnas. Algumas famílias permaneceram Hesperiidae é um bom indicador para a
diurnas, protegidas dos predadores a riqueza total de fauna. De um modo
partir de mecanismos evolutivos ligados a geral, podemos assumir que uma grande
propriedades gustativas aversivas e riqueza de espécies de borboletas deve
coloração aposemática (coloração refletir uma grande riqueza de espécies
intensa de aviso contra predadores). de plantas, visto que suas larvas fitófagas
Parece também provável que, em e tendem a ser especializadas. As
resposta à predação por morcegos borboletas pertencentes ao grupo
alguns lepidópteros claramente Hesperiidae são facilmente identificáveis.
adaptados ao comportamento noturno Geralmente o tamanho de sua cabeça é
desenvolveram hábitos de voo diurnos. igual ou maior em relação ao seu tórax.
Elas tiveram que reverter sua preferência Existem cerca de 550 gêneros
habitual. A outra grande super-família é
A evolução dos lepidópteros está representada pelos Papilionoidea. Elas
também fortemente associada à evolução são formadas por 5 famílias. A família
das plantas angiospérmicas, das quais se Papilionidae é constituída por grandes
tornaram dependentes. Os primeiros borboletas diurnas que com asas
lepidópteros certamente tinham posteriores sinuosas na margem e, em
probóscides curtas e alimentavam-se do muitas espécies, com um prolongamento
néctar de flores com nectários extraflorais bastante evidente. As mais comuns no
e de outras fontes de açúcar, como a Brasil são a espécies Heraclides thoas
seiva. A evolução da probóscide destes brasiliensis e Heraclides anchysiades. De
insetos decorreu paralelamente com a fato, é uma das famílias mais
evolução de flores com nectários menos abundantes. Taxonomicamente são
expostos, localizados em locais menos divididas em cerca 27 gêneros e cerca de
acessíveis. O registro fóssil demonstra 5.000 espécies.
que as primeiras angiospérmicas Relacionamento evolutivo entre as
apareceram no início do Cretáceo, há principais famílias de Borboletas
cerca de 130 milhões de anos, período (Papilionoidea)
em que todos os lepidópteros existentes As espécies pertencentes à família
tinham mandíbulas adaptadas a cortar e Nymphalidae têm um conjunto de
se alimentavam de pólen. Neste período características comuns que as
outros insetos da família das moscas e distinguem de todas as famílias de
das abelhas eram os principais borboletas. Como por exemplo, a
polinizadores das plantas com flor e presença de ranhuras alongadas ao
apenas no Terciário se deu a explosão longo da parte inferior de todos os
de formas de angiospérmicas e em segmentos das antenas, formando rugas
associação, a de lepidópteros, tendo longitudinais. Mas a principal diferença é
início o processo de co-evolução, que o primeiro par de patas atrofiadas que
encerrou na mais profunda dependência auxiliam na auto-limpeza. Nos machos,
mútua. esta redução do tamanho do primeiro par
de apêndices é mais pronunciado, o que
Famílias de Rophalocera permite por essa via diferenciar os sexos
em algumas espécies. Ou seja, na família
Na superfamília Hesperioidea Nymphalidae as borboletas se apoiam
inclui apenas uma família Hesperiidae sobre quatro patas. As antenas tem
que é dividida em diversas subfamílias; metade do comprimento das asas
Coeliadinae, Euschemoninae, Pyrginae, dianteiras e um espessamento nos
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extremos. Os palpos mandibulares são O Riodinidae é uma família de


reduzidos, os palpos labiais apresentam borboletas que apresenta pequenas
três segmentados e são direcionados manchas de aspecto metálico,
para cima. Taxonomicamente são encontrados em suas asas. Há cerca de
divididas em cerca de 600 gêneros e 1.000 espécies de borboletas metálicas
mais de 5.700 espécies. no mundo. Como os licaenídeos, os
Lycaenidae é a segunda maior machos desta família também têm as
família de borboletas com mais de 5.000 patas dianteiras reduzidas, enquanto as
espécies em todo o mundo. Eles fêmeas têm as patas dianteiras
constituem cerca de 40% das espécies completamente funcionais. A perna
de borboleta conhecidas. Muitas delas dianteira de machos é muitas vezes
apresentam a cor metálica. Os machos reduzida e tem o segmento da coxa se
tem as patas reduzidas e por vezes não estendendo para além da sua articulação
tem as pequenas garras. Os adultos se associando a um segundo segmento.
podem ter antenas peludas e a cauda Elas têm uma venação na asa posterior
preto e branco em forma anelada. Muitas que é única. É um engrossamento para
espécies têm um ponto na base da fora do ângulo humeral e a veia humeral
cauda, para confundir predadores ao é curta.
reconhecer a orientação da verdadeira As borboletas da família Pieridae
cabeça. Isto faz os predadores se são representadas por cerca de 76
aproximarem na extremidade da cabeça gêneros com mais de 1.100 espécies, a
verdadeira resultando numa detecção maioria da África tropical e da Ásia. A
visual e comportamento de fuga. Essas maioria delas são brancos, amarelo ou
borboletas são diferentes em seus laranjas e apresentam manchas pretas.
hábitos alimentares, vão muito além da Os pigmentos que dão a coloração
fitofagia. Algumas delas são distinta para estas borboletas são
entomófagas, ou seja, se alimentam de derivados a partir de produtos residuais
outros insetos, como pulgões, no corpo e são uma característica desta
cochonilhas e larvas de formiga. família. Os sexos diferem normalmente
Alguns Licaenídeos fizeram uma pelo padrão ou o número das manchas
associação com formigas, eles a induzem pretas nas asas.
a regurgitação e se alimentam, em um As lagartas de algumas destas
processo chamado trofolaxia. Nem todas espécies, como Pieris brassicae e Pieris
as borboletas Licaenideos precisam rapae, são muito vistas em jardins, se
formigas pra se alimentar, mas cerca de alimentam de couves e são notórias
75% das espécies estão de alguma pragas agrícolas. Os machos apresentam
forma associadas a formigas. O termo comportamento gregário ao se alimentar
utilizado para descrever essa associação absorvendo sais minerais de solo úmido.
é mirmecofilia formiga. Estas Os Pieridae têm a veia radial sobre
associações podem ser mutualística, a asa dianteira com 3 ou 4 ramificações,
parasitária ou predadores, dependendo as vezes com 5 ramos. As pernas
das espécies. Em algumas espécies, as dianteiras são bem desenvolvidas em
larvas dessa borboleta são protegidas e ambos os sexos, ao contrário do
alimentadas por formigas. Em outras Nymphalidae. As garras tarsais são
espécies, apenas os primeiros estágios bífidas ao contrário das outras
larvais são gastos na planta, o restante borboletas. Como os Papilionidae, as
do tempo de vida larval é gasto predando borboletas Pieridae formam suas pupas
formigas dentro do formigueiro. Torna-se por um cinto de seda no primeiro
um parasita, alimentando-se de segmento abdominal ao contrário do
regurgitações de formigas, ou um cinto torácico visto no Papilionidae.
predador sobre as larvas de formigas.

76
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13- (Lonomia obliqua): noções larval, de aproximadamente 3 meses, as


básicas sobre controle, prevenção taturanas aumentam de tamanho
de acidentes e primeiros socorros. trocando de pele várias vezes, podendo
alcançar até 8 cm de comprimento.
O Instituto Butantan, através do Vivem em grupos e podem ser vistas
Laboratório de Entomologia, realiza durante o dia nos troncos das árvores,
pesquisas e identifica insetos de ocasião em que ocorrem os acidentes.
interesse médico que possuem veneno, Após a última ecdise (troca de pele), as
como por exemplo, taturanas, abelhas e taturanas entram na fase de pupa ou
vespas. As taturanas ou lagartas são crisálida -o seu casulo, ficando sob as
insetos pertencentes ao grupo dos folhas caídas e restos vegetais no solo
Lepidópteros (borboletas e mariposas), da base das árvores. Após este período
sendo que no Brasil, duas famílias: a dos de empupamento, que pode durar cerca
Megalopigídeos e a dos Saturnídeos, têm de 3 meses, elas se transformam no que
apresentado ocorrências de acidentes. serão os futuros adultos alados: as
Nos últimos cinco anos foram registrados mariposas machos e fêmeas. Em
vários casos, inclusive de mortes, no Rio seguida à emergência das mariposas
Grande do Sul e Santa Catarina adultas, ocorrem os acasalamentos e,
atribuídos à lagarta Lonomia obliqua posteriormente, as posturas,
(Saturnídeo), cujos espinhos venenosos completando o ciclo evolutivo.
em contato com a pele humana podem As taturanas de forma geral
causar manchas escuras, além de apresentam uma coloração muito variada
hemorragias externa e interna (síndrome com combinações cromáticas que
hemorrágica) com possíveis fascinam pela sua beleza, atraindo com
complicações fatais. muita facilidade o toque, principalmente,
A Lagarta Lonomia oblíqua, ou das crianças. O acidente é ocasionado
simplesmente "taturana" (tatá=fogo + pela introdução do líquido urticante na
rana = semelhante), como é mais pele através de espinhos. Estes espinhos
conhecida no sul do País (marandová, (cerdas) são estruturas de ponta aguda e
mandorová, mondrová, ruga, oruga, são frágil que ao contato com as partes
outros nomes utilizados no Sul), é uma descobertas do corpo, liberam o liquido.
das fases do ciclo biológico de uma No caso dos Megalopigídeos, a
mariposa de coloração cinza (fêmeas) ou base da cerda é uma porção implantada
amarelo-alaranjada (machos), ambos na pele da lagarta, consistindo em uma
com uma listra transversal sobre as asas. bolsa cheia de substância tóxica, que,
Elas vivem em média 15 dias na fase quando pressionado, impulsiona o líquido
adulta como mariposa, aparecendo com para cima, entrando em contato com a
mais frequência nos meses de verão pele humana causando a lesão. A
(novembro a março), quando, após o gravidade corresponderá ao número de
acasalamento, põem os ovos. Decorridos espinhos envolvidos no acidente. Já no
aproximadamente 10 dias após a postura caso dos saturnídeos esta glândula se
dos ovos nas folhas e troncos de árvores situa próxima da ponta do espinho que,
como abacateiro, pessegueiro, araticum, ao quebrar-se no contato com a pele,
pereira e outras árvores frutíferas, os libera o liquido. Estes espinhos podem
ovos se rompem (eclodem). Surgem as estar distribuídos ao longo do corpo da
lagartas (período larval) que passam a se lagarta em algumas espécies, ou ocultos
alimentar da planta hospedeira durante a sob pelos longos e sedosos em outras,
noite. ou ainda ligados a tubérculos que se
projetam da pele da lagarta formando
A preferência por árvores frutíferas vários pequenos "pinheiros" esverdeados
faz com que a ocorrência dos acidentes (chamados de Scoli).
seja maior em pomares. Neste período
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PRINCIPAIS LAGARTAS gradativamente, no espaço de algumas


URTICANTES horas (ou após 36 horas, como o
verificamos pessoalmente, quando nos
MEGALOPIGÍDEOS (Família sujeitamos a uma experiência compteta)".
Megalopygidae), géneros: LAGARTA DE Obviamente este não é o procedimento
FOGO (Megalopyge sp.) TATURANA- cientifico ideal para o estudo dos
GATINHO, CHAPÉU ARMADO e SAUl' sintomas, mas ilustra bem como os
(Podalia sp.) M.lanata M.albicolis pioneiros da ciência e da saúde se
Lagartas geralmente solitárias e não- expunham em busca do conhecimento.
agressivas, de 1 a 8 cm de comprimento,
possuem "pelos" dorsais longos e OS SINTOMAS
sedosos de colorido variado (castanho,
branco, negro, róseo) camuflando as Em acidentes com TATURANAS
verdadeiras cerdas pontiagudas e (Saturnídeos e Megalopigídeos):
urticantes. Dor imediata no local atingido, às
SATURNÍDEOS (Família vezes muito intensa
Saturnidae), géneros: Automeris sp.; Sensação de "queimadura"
Dirphya sp.; Lonomia sp.- entre elas a Aparecimento de inchaço
Lonomia oblíqua Walker: (edema) Íngua
Vivendo em grupos, possuem
cerdas urticantes em forma de espinhos Em acidentes com LONOMIA:
semelhantes a pequenos pinheiros Dor e irritação imediatas no local
verdes (chamados Scoli) distribuídos no atingido
dorso da lagarta, não possuindo pelos Às vezes dor de cabeça e ânsia
sedosos. A Lonomia oblíqua geralmente de vômito
tem coloração verde com várias Sangramentos pelo corpo, por
formações brancas em forma de 'U" ao exemplo: pele, gengivas, urina, pequenos
longo da parte superior (dorsal) do corpo. ferimentos, nariz, etc.
O soro específico recentemente
O DOLORIDO ACIDENTE produzido, está sendo testado e deve ser
aplicado em todos os casos que
apresentem alterações na coagulação do
Em casos de acidente, é sangue.
indispensável o tratamento médico
Normalmente os acidentes com O TRATAMENTO
taturanas ocorrem da seguinte forma:
manuseando a vegetação, a pessoa toca Em ambos os casos é
a lagarta com as mãos ou a espreme INDISPENSÁVEL O ATENDIMENTO
entre os dedos. O contato com as cerdas MÉDICO IMEDIATO.
pontiagudas faz com que o veneno O tratamento é feito com
contido nos "espinhos" seja injetado na compressas frias e anestésicos injetáveis
pessoa. A dor na maioria dos casos é (lidocaína), sem que haja maiores
violenta, irradiando-se do local da complicações em sua evolução. Nos
"queimadura" para outras regiões do acidentes por Lonomia, devido às
corpo. No caso das lonomias, algumas alterações na coagulação do sangue
vezes aparecem complicações, como provocado pelo seu veneno, pode haver
sangramento na gengiva e aparecimento sangramentos e complicações como
de sangue na urina. parada de funcionamento dos rins e
hemorragias graves. Aqui é preciso que a
No "Dicionário dos Animais do pessoa acidentada receba o soro e
Brasil" (1968, p. 682), Rodolpho Von atendimento médico especializado.
lhering afirma:"... em geral, a dor cede
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O INSTITUTO BUTANTAN, a inteiras. No entanto fazem parte do


partir de suas pesquisas experimentais, ecossistema mais amplo tendo papel
está desenvolvendo um soro específico importante no equilíbrio da natureza. Ao
para os acidentados com Lonomia. contrário do que vem sendo divulgado
pela mídia esta taturana NÃO É
O QUE FAZER -PRIMEIROS ASSASSINA! Nenhum ser vivo (com
SOCORROS excecão do ser humano...) é assassino.
Matá-las indiscriminadamente não
Assim que ocorrer o acidente resolverá o problema, acarretando ainda
procure: socorro médico imediato. mais problemas para a cadeia biológica.
Em caso de acidente, colete o Portanto, precisamos saber conviver com
animal e o encaminhe para o médico elas (bem como com todos os seres
para identificação, mas jamais o toque vivos), evitando que possa ocorrer o
diretamente acidente.
Lavar bem o local com água Uma das soluções que vem sendo
corrente. estudadas é através do controle biológico
Fazer compressa fria com água da população de taturanas com a
ou gelo. utilização de uma determinada mosca
Não colocar sobre a (família Tachinidae) ou vespa (família
"queimadura" nenhum produto químico Ichneumonidae, género Ophion) que
ou orgânico (café, folhas, pasta de dente, parasitam as lagartas alojando nelas os
gasolina, etc), e seus ovos. Estes ovos eclodem liberando
Levar algumas taturanas para a as larvas da mosca ou vespa que vão se
identificação da espécie. alimentando da própria taturana. Espera-
se a breve conclusão desses estudos.
ACIDENTES COM MARIPOSAS É importante ressaltar que a
Uma exceção a estes acidentes PREVENÇÃO ainda é o melhor remédio
que ocorrem com os insetos no seu contra acidentes de qualquer natureza.
período larval (enquanto lagartas) é o Assim, ao trabalhar na lavoura, colher
caso de uma mariposa identificada como frutas no pomar ou em toda atividade em
Hylesia sp. (Saturnídeo) de colorido ambientes silvestres, observe bem o
acinzentado (fêmeas) ou castanho local, troncos, folhas, gravetos antes de
(machos) que quando pousada, mantém manuseá-los, fazendo sempre o uso de
as asas em forma de telhado. Isto é, o luvas para evitar o acidente. Segundo
acidente ocorre com a forma adulta do alguns especialistas, a incidência maior
inseto devido ao fato de que, quando de acidentes com estes insetos deve-se
voando juntas em torno de luzes e ao desmatamento, queimadas,
lâmpadas, ao chocarem-se umas nas extermínio de predadores naturais,
outras, liberaram pequenos flocos de loteamentos sem planejamento prévio e
pelos contendo minúsculas "setas" que sem avaliação do impacto ecológico que
em contato com a pele humana causam isto acarreta, obrigando a procura destas
várias irritações. Portanto, quando espécies por outros ambientes para
perceber mariposas voando ao redor de sobreviver. E aqui o encontro com o
lâmpadas não permaneça embaixo delas. ambiente humano é inevitável.

NA NATUREZA NÃO EXISTEM


VILÕES

Como se não bastasse o problema


dos acidentes, esses insetos são também
grandes pragas da lavoura, causando
comumente danos em plantações
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