Você está na página 1de 15

Avaliação parasitológica de

serpentes das famílias Boidae,


Elapidae, Pythonidae e Viperidae
no sul do Brasil.
Marques et. al.

Por Carolina, Marianna e Nina


SERPENTES

Vertebrados da ordem Squamata (Lagartos)

Corpo alongado, com estômago como continuação do


esôfago, sendo difícil distingui-los, e o fígado é alongado e
bilobado.

Ectotérmicos

Não possuem apêndices, sendo indivíduos rastejadores

Carnívoros

Renovam sua pele (ecdise)


INTRODUÇÃO
Criação de serpentes em cativeiro (manutenção de espécies com
importância médica).

Aumento da popularidade como animais de estimação

“Em situações de equilíbrio, parasitos não costumam causar


enfermidades nestes animais, entretanto o estresse gerado em
situações de cativeiro, associado ao aumento na concentração de
animais e o contato entre diferentes espécies em pequenos
ambientes pode estimular a multiplicação e propagação destes
agentes e o surgimento de doenças” (GREGO et al., 2004; RATAJ
et al., 2011).

Fonte: Acervo FPZSP


INTRODUÇÃO Entre os gêneros de endoparasitos de serpentes são citados os protozoários
Eimeria spp., Choleoeimeria spp., Cyclospora spp., Isospora spp.,
Cryptosporidium spp., Caryospora spp., Sarcocystis spp., Giardia spp.,
Nyctotherus spp. e os nematódeos Capillaria spp., Strongyloides spp.,
Kalicephalus spp., Ophidascaris spp., Oxyurida spp., Rhabdias spp.,
Dioctowittus spp., bem como algumas espécies de trematódeos, acantocéfalos
e pentastomidas

Objetivo: diagnosticar, através de exames coprológicos, parasitos


gastrintestinais em 48 serpentes provenientes de cativeiro científico da
Fundação Zoobotânica do Rio Grande do Sul (FZB-RS) e atendidas no período
de 2015 a 2017 no Núcleo de Conservação e Reabilitação de Animais Silvestres
(PRESERVAS) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).
COMO OCORRE A
TRANSMISSÃO?

INGESTÃO DE PRESAS TRANSMISSÃO TRANSMISSÃO VERTICAL


CONTAMINADAS AMBIENTAL POR OUTRAS
SERPENTES Transferência de parasitas da
A alimentação com roedores mãe para sua prole, geralmente
vivos pode transmitir parasitas Mais comum para ectoparasitos durante o desenvolvimento
zoonóticos, como Hymenolepis como ácaros e carrapatos. intrauterino dos embriões ou
nana e Cryptosporidium parvum. através da transferência de
Esse tipo de transmissão é parasitas das fêmeas para os
comum para endoparasitos. ovos.
FAMÍLIAS DO ESTUDO

BOIDAE ELAPIDAE

Possui 5 subfamílias: Boinae, Candoiinae, Erycinae, A família de cobras Elapidae tem 3 subfamílias:
Sanziniinae e Ungaliophiinae. No BR está presente Hydrophiinae, Laticaudinae e Elapinae (najas, mambas e
apenas a subfamília Boinae. Elas são constritoras, usando cobras-corais). Elas possuem 2 dentes fixos que inoculam
a força muscular para imobilizar e matar suas presas, e neurotoxinas. A maior cobra peçonhenta do mundo, a
são vivíparas, com os filhotes se desenvolvendo Naja-real Ophiophagus hannah, pertence a esta família.
completamente dentro do corpo da mãe antes de No BR, apenas as Cobras-corais verdadeiras são
nascerem. Elapidae, geralmente calmas e raramente mordem
humanos.
FAMÍLIAS DO ESTUDO

PYTHONIDAE VIPERIDAE

Possui 8 gêneros. Não ocorrem naturalmente no Brasil, Inclui 3 subfamílias: Azemiopinae, Viperinae e Crotalinae.
sendo encontradas na Ásia e África. São espécies Apenas a subfamília Crotalinae ocorre no Brasil,
constritoras que não possuem veneno. Se destacam pelo representada por Jararacas, Cascavéis e Surucucus.
grande tamanho que algumas espécies podem atingir. A Caracterizam-se principalmente pela presença de dois
píton-reticulada é conhecida como a maior serpente em dentes grandes e curvos, inoculadores de veneno, que se
comprimento do planeta, podendo atingir 8 metros. movem com o osso maxilar, quando a boca é aberta ou
fechada.
MATERIAL E MÉTODOS

Os exames foram realizados através do método de Willis,


Foram coletadas amostras de fezes de 48 serpentes
baseado na flutuação com solução saturada de cloreto de
adultas pertencentes a 9 espécies: Micrurus altirostris
sódio e do método de Lutz, que se fundamenta na
(n=30), Micrurus frontalis (n=1), Bothrops diporus (n=1),
sedimentação espontânea em água destilada. Na presença
Bothrops alternatus (n=4), Bothrops jararaca (n=5), Bothrops
de coccídios, executa-se a esporulação dos oocistos
pubescens (n=4), Crotalus durissus terrificus (n=1), Phyton
através da adição de dicromato de potássio (2,5%) para
bivittatus (n=1) e Boa constrictor constrictor (n=1)
diferenciação entre os gêneros Isospora e Eimeria.

As amostras fecais provenientes do PRESERVAS-UFRGS


e da FZB-RS foram analisadas no Laboratório de A leitura dos métodos foi realizada sempre pelo
Helmintoses da Faculdade de Veterinária da UFRGS, mesmo operador, através de varredura em objetivas
nos anos de 2015 a 2017. de 10x e 20x em microscópio óptico Nikon.
RESULTADOS
37,5 % (18/48) - fezes das serpentes
com parasitos
DISCUSSÃO
Os parasitos deste estudo foram detectados em uma baixa prevalência.

A infecção por ascarídeos pode ser fatal para serpentes, causando mau
funcionamento gástrico e regurgitação. O gênero Ophidascaris é um
dos mais conhecidos, com ciclo de vida indireto. Embora a transmissão
em cativeiro seja rara, ela pode ocorrer já que foi o nematódeo mais
frequente.

Kalicephalus sp. é um helminto comum em serpentes e pode causar enterite aguda e estar associado a infecções bacterianas
secundárias. Devido ao ciclo de vida simples, a autoinfecção e superinfecção são comuns em serpentes cativas, mas não foi o gênero
de endoparasito mais observado neste estudo.
DISCUSSÃO
O gênero Strongyloides compõe parasitos de ciclos de vida complexos, capazes de infectar
diversos invertebrados, com a maioria das espécies afetando mamíferos, mas também
anfíbios, aves e répteis, podendo levar a uretrite, nefrite, enterite e morte em serpentes. Em
um estudo em serpentes cativas na Índia este gênero foi o mais observado entre os animais
estudados, presente em 30% das amostras (AKHILA et al., 2018)

Eimeria spp. e Isospora spp. são protozoários comumente encontrados em amostras fecais de
répteis, incluindo Bothrops e Micrurus. Embora Isospora spp. tenha sido relatada em Bothrops,
este é o primeiro relato em B. pubescens. A falta de dados a respeito dos coccídios destes
animais pode ser devido à metodologia usada nos estudos, que geralmente recuperam os
parasitas em necropsias.
DISCUSSÃO
TRATAMENTOS ANTIPARASITÁRIOS EM SERPENTES
FREQUENTEMENTE SÃO FALHOS
protocolos antiparasitários impróprios
doses inadequadas
resistências parasitárias
possível transmissão através do manejo inadequado

O QUE FAZER?

infecções parasitárias precisam ser monitoradas


higiene apropriada deve ser mantida no ambiente
criação de um programa de exames fecais periódicos
testes coproparasitológicos em amostras oriundas dos roedores destinados
à alimentação devem ser realizados
CONCLUSÃO
Este artigo descreve os primeiros registros na literatura de Ophidascaris sp., Strongyloides spp. e Eimeria spp. em M. altirostris,
Kalicephalus sp. em B. diporus, Isospora spp. em B. pubescens e Eimeria spp. em B. alternatus e B. jararaca. É necessária a criação
de um programa de exames fecais periódicos na introdução de animais novos ao serpentário, bem como na manutenção a domicílio.
REFERÊNCIAS
Roundworm infection in Reptiles. (n.d.). Vetlexicon. Retrieved October 9, 2023, from
https://www.vetlexicon.com/exotis/reptiles/gastrohepatology/articles/roundworm-infection/

‌ xyurida.
O (2020, February 25). Wikipedia.
https://pt.wikipedia.org/wiki/Oxyurida#/media/Ficheiro:Enterobius_vermicularis_(01).tif

‌ eberton. (2022, March 11). Zoobotânico de Brusque recebe duas novas espécies de serpentes.
H
Município de Brusque. https://www.brusque.sc.gov.br/noticias/zoobotanico-de-brusque-recebe-duas-
novas-especies-de-serpentes/
Fapesp, A. (2022, January 18). Cem anos da descoberta da jararaca-ilhoa, a temida serpente da Ilha da
Queimada Grande. Conexão Planeta. https://conexaoplaneta.com.br/blog/cem-anos-da-descoberta-
da-jararaca-ilhoa-a-temida-serpente-da-ilha-da-queimada-grande-no-litoral-sul-de-sao-paulo

Ribeiro Barbosa1, A., Silva2, H., Neves De Albuquerque3, H., Augusto, I., & Ribeiro, M. (2006). REVISTA
DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA. 6.
http://joaootavio.com.br/bioterra/workspace/uploads/artigos/parasitismojiboias-5181a5275525a.pdf

Você também pode gostar