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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

MOSCAS DE

IMPORTÂNCIA MÉDICA
Disciplina: Parasitologia
Docente: Michelle A. Ribeiro de Freitas
Integrantes

João Alexandre Ferreira Martins


Julia Souza Martins
Maria Carolina Marques Pereira
Maria Giulia Costa de Oliveira
Tópicos

1 Introdução

2 Musca domestica

3 Stomoxys calcitrans

4 Haematobia irritans

5 Família Tachinidae e Hippoboscidae


INTRODUÇÃO

Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Diptera
Infraordem: Muscomorpha
Família: Muscidae; Tachinidae; Hippoboscidae;
Subfamílias: Muscinae; Stomoxydinae
INTRODUÇÃO

Ordem: Diptera, que vem do grego Di= duas e Ptera=asas


Infraordem: Muscomorpha
Possuem uma antena trissegmentada, e na base do terceiro segmento encontra-se uma

estrutura cerdiforme denominada “arista” que pode ser nua ou munida de pequenos

pelos.
Têm olhos grandes, separados, nas fêmeas (dicópticos), e geralmente unidos dorsalmente

nos machos (holópticos).


Os Diptera Muscomorpha têm grande importância para nós, quer sob o ponto de vista

biológico, quer sob o ponto de vista médico-veterinário.


INTRODUÇÃO

Muitas moscas são extremamente úteis como polinizadoras, como decompositoras de

matéria orgânica, como fonte de alimentos para vários animais e como predadoras de

larvas de borboletas e besouros.


Sob o ponto de vista médico-veterinário, sua importância está relacionada com:
Sinantropia: capacidade que algumas moscas têm de frequentar ambientes rural, urbano e

silvestre;
Importunação de humanos e animais, não só pela deambulação, mas, especialmente, pela

hematofagia, às vezes intensa e dolorosa;


Agentes de miíases;
Introdução Família

Muscidae
Fonte: DepositPhotos, 2023 Fonte: DepositPhotos, 2023

Nesta família encontramos dípteros de tamanho médio, em geral de cor escura, com
pequenos ornamentos no mesonoto e abdome, calípteras desenvolvidas, hipopleura sem
cerdas, apresentando peças bucais lambedouras ou picadoras, sendo machos e fêmeas
dicópticos, porém as fêmeas apresentam maior afastamento entre os olhos.
Esta família é subdividida em duas subfamílias, conforme o aspecto do aparelho bucal:
Muscinae: moscas com aparelho bucal lambedor; apresentam numerosas espécies, como
Muscina stabulans e Musca domestica.
Stomoxydinae: moscas com aparelho bucal picador-sugador; nela encontramos as seguintes
espécies importantes: Stomoxys calcitrans, Neivamyia lutzi, Haematobia irritans e Glossina
palpalis.
Olhos do macho e da fêmea da Musca domestica

Fonte: Embrapa, 2008


Musca domestica
O gênero Musca apresenta cerca de 26 espécies, das quais, as mais importantes do
ponto de vista médico são: Musca domestica, Musca sorbens e Musca automnalis.
As outras espécies têm hábitos silvestres.
M. domestica tem distribuição geográfica mundial, com alto índice de sinantropia
e endofilia.
Esta espécie tem preferência por locais onde as condições sanitárias são
deficientes.
A M. domestica mede cerca de 6 a 8 mm, tem cor geral acinzentada com quatro
faixas longitudinais negras no mesonoto; abdome com reflexos amarelados e uma
faixa mediana longitudinal dorsal, também negra. Probóscide robusta, flexível, do
tipo lambedor; arista plumosa, com cerdas longas dorsais e ventrais.
Como todo Diptera, a M. domestica é holometábola, ou seja, tem metamorfose Fonte: BugGuide, 2016

completa durante o seu desenvolvimento.


Musca domestica

Fonte: Wikipédia, 2020


Biologia da Musca domestica
Os ovos são brancos, alongados, medindo menos de 1 mm.
O primeiro estágio da larva mede cerca de 2 mm de comprimento e o terceiro, 10 a 14 mm.
As larvas são claras e movimentam-se ativamente. Alimentam-se de substâncias
solubilizadas e bactérias.
A pupa tem forma de um pequeno barril de cor clara e, pela quitinização progressiva,
cerca de algumas horas depois já estão de cor castanho-escura.
Os adultos vivem cerca de 30 dias. As moscas adultas voam muito (cerca 1.000 a 3.000 m
em 24 horas), sendo atraídas por diversos odores. Alimentam-se de uma grande variedade
de substâncias animais e vegetais, principalmente as açucaradas.
Antes de ingerir o alimento, deposita uma gota de saliva sobre ele para amolecê-lo e, em
seguida, o absorve. Alimentam-se constantemente e defecam a intervalos frequentes, às
vezes, de cinco minutos. A regurgitação de alimentos e a deposição de fezes deixam
marcas características em paredes, tabelas, fios etc.
Fases de desenvolvimento

Musca domestica
São colocados em massas
Fenda circular
de 75 a 170 ovos de cada vez

Estágio larvário dura

um total de 5 a 8 dias

24 horas
A fase de pupa

dura cerca de 4 a 6

Ambientes úmidos
dias no verão
e quentes Ambientes mais secos

Fonte: Neves, 2016


Veiculação de patógenos
A M. domestica (e demais moscas sinantrópicas) podem
veicular patógenos de 2 modos principais:
a) pela regurgitação alimentar (alimenta-se em fezes, feridas ou
animais mortos e, depois, voando a distância, deposita a saliva
contaminada sobre o alimento humano);
b) pela veiculação mecânica de patógenos aderidos às patas e
cerdas do corpo.
Através de dejetos da mosca dificilmente ocorre infecção
humana, pois, apesar de suas fezes conterem patógenos, as
moscas usualmente defecam em paredes, tetos, fios etc.
Além disso, a M. domestica pode exercer o papel de
hospedeiro intermediário de alguns helmintos de
importância veterinária, como o Habronema Raillietinà. Fonte: Neves, 2016
Stomoxys calcitrans
O gênero Stomoxys apresenta 17 espécies, e a única que ocorre nas
Américas é a S. calcitrans.
É encontrada nas mais diferentes regiões do globo e, em nosso meio,
depois da M. domestica é a espécie mais importante da família Muscidae.
Popularmente conhecida como “mosca dos estábulos”, se assemelha
muito à M. domestica, dela diferindo pelas seguintes características:
Tem a probóscida rígida, adaptada para a hematofagia (machos e
fêmeas);
Arista pectinada, isto é, apenas com cerdas dorsais;
Abdome com três manchas escuras, dorsais;
Raramente invade os domicílios, sendo vista frequentemente pousada
nas paredes dos estábulos, moirões e fios de cerda com o abdome
apoiado na superfície e a probóscida afastada, numa posição inclinada Fonte: BugGuide, 2015

típica
Stomoxys calcitrans

Fonte: Ivan Nogueira de Almeida Junior,2012


Biologia da Stomoxys calcitrans
A biologia da S. calcitrans é muito semelhante à da M. domestica, dela diferindo pelos
seguintes aspectos:
Alimentação dos adultos: exclusivamente hematófagos, ambos os sexos;
Tem como criadouros preferenciais fezes de equino ou de bovino quando misturados com
palha de arroz e urina e “cama” de galinheiro de granjas, umedecida;
Cria-se com frequência no campo em palhadas de arroz, café, soja, feijão e restos de
silagem para alimentação de gado. (A M. domestica algumas vezes também utiliza esse
criadouro.)
A longevidade dos adultos varia entre 20 e 60 dias.
Nos países de clima temperado, as larvas e pupas hibernam durante o inverno.
A hematofagia é feita principalmente de manhã e à tarde e dura 3 a 4 minutos. A mosca
muda de lugar constantemente para completar o repasto. Pode picar humanos também.
Voa bastante (mais de 1 km), mas prefere permanecer próxima dos criadouros.
S. calcitrans é um dos melhores vetores para os ovos do berne (Dermatobia hominis)
Ciclo biológico Stomoxys calcitrans
9 dias após a emergência, as
fêmeas iniciam a oviposição.

As fêmeas colocam cerca de 25

a 50 ovos de cada vez

O período pupal é

de 6 a 20 dias

A incubação em geral

dura 1 a 4 dias no verão

Fotos: Fernando Paiva, Luiz Eduardo Roland Tavares, João Batista Catto, Wilson Werner Koller
Stomoxys calcitrans
A S. calcitrans é hospedeira intermediária de alguns helmintos de animais domésticos (Setaria,
Habronema), transmite mecanicamente o Trypanosoma evansi (agente da “surra”, que é uma
doença que ocorre em equinos, camelos e cães na Ásia, África e América do Sul), o Bacillus
anthracis etc., mas é sua hematofagia que realmente é grave.
Ataca animais, como bovinos, equinos, suínos, cães e o homem.
Sua picada é extremamente dolorosa.
O traumatismo provocado pelas picadas sucessivas e próximas causa feridas enormes nas
pernas, no corpo e nas orelhas dos animais. Além disso, incomodados pelas picadas, os animais
deixam de comer, emagrecendo, diminuindo a lactação, e os mais jovens chegam a morrer, com
grande prejuízo para os fazendeiros.
Em muitas regiões costeiras do país constitui praga, picando banhistas. Nessas áreas, costuma
criar-se nos acúmulos orgânicos existentes nas praias e formados por algas e vegetais em
decomposição.
Haematobia irritans
A H. irritans foi introduzida no Brasil em 1978, em Roraima e agora está em
todos os Estados brasileiros.
É também conhecida como "mosca-dos-chifres"
Mosca da família Muscidae bastante semelhante à S. calcitrans, porém, se
difere por ser menor e apresentar os palpos do tamanho da probóscide.
Praga de criação bovina.
Os adultos são ectoparasitas (que se encontram sobre a pele do animal e
suas cavidades).
Tanto os adultos femêas quanto os machos são hematófagos (hábito de se
alimentar de sangue). A hematofagia ocorre entre 10 a 20 minutos.
Pode sugar mais de 30 vezes em 24 horas (noite e dia).
Haematobia irritans
O ciclo biológico da H. irritans ocorre em 30 dias.
A mosca da família Muscidae acompanha o gado, pousada sobre ele e se
ausenta quase que somente para ovipor.
Ovipõe exclusivamente sobre fezes frescas de bovinos.
O período de incubação da larva é de 24 horas em temperatura de 24 a 26°C
e umidade de 100%; (por isso é utilizado as fezes recentes)
A dispersão dessa mosca é principalmente passiva, isto é, pousada sobre os
animais. Entretanto, quando a densidade populacional é muito alta e a
temperatura ambiente está acima de 30°C, pode voar até 10 km.
Ciclo biológico

Haematobia irritans
Cada fêmea
coloca de 4 a 24 ovos

por postura

Fonte: MT Ciência, 2019


Controle dos Muscomorpha:

O controle dos Muscomorpha não é de fácil realização, muitas vezes exigindo

medidas diferentes para cada espécie.


Em geral, só se utilizam medidas de controle quando a população daqueles Diptera

alcança um número alto, capaz de provocar distúrbios ou transmitir doenças.


Realizar um correto sistema de coleta e tratamento do lixo urbano, transformando-

o em adubo agrícola;
Recolher o esterco de animais (galinhas, bovinos, suínos) em esterqueiras

adequadas ou espalhar as fezes de animais em camadas delgadas sobre o solo,

permitindo a insolação direta e assim matando os ovos e as larvas.


Uso de processo biotérmico.
Controle biológico utilizando marrecos, fungos e outros parasitóides como

Spalangia endius, S. nigroaenea e Muscidifurax raptor.


Emprego de inseticidas (fosforados, clorados ou piretroides).
Comparativo entre as

cabeças de moscas

(Muscidae)

(A) Musca domestica - lambedora

(B) Stomoxys calcitrans - hematófaga com

palpos pequenos

(C) Haemotobia irritans - hematófaga com

palpos grandes

Fonte: Neves, 2016


Comparativo entre as moscas (Muscidae)

Fonte: Ivan Nogueira de Almeida Junior, 2012


Principais diferenças entre as

espécies da família Muscidae:


Musca domestica Stomoxys calcitrans Haematobia irritans


Aparelho bucal sugador-


Aparelho bucal picador-sugador com
Aparelho bucal picador-

lambedor probóscita rígida e escura e palpos


sugador com palpos grandes

pequenos

Se alimenta de substâncias

Se alimenta de sangue (é

açucaradas Se alimenta de sangue (é hematófaga) hematófaga)




Tem cor acinzentada e abdome


É escura, porém mais clara que a M.

com reflexos amarelos e uma


domestica e possui três manchas escuras
É a menor entre as outras
faixa longitudinal no abdome

Habita preferencialmente os
Habita preferencialmente os estábulos Habita preferencialmente os

domicílios currais
FAMÍLIA TACHINIDAE

Distribuição cosmopolita;
Apresenta o maior número de espécies entre os Muscomorpha
(aproximadamente 2684 espécies em 944 gêneros no Novo Mundo);
Importância: Fêmeas fazem a postura sobre larvas de diversos insetos
(Lepdoptera, Coleoptera, etc.)
Considerável interesse no equilíbrio natural e no controle biológico.
Metagonistylum minese: Espécie amazônica que está sendo criada em
laboratório e liberada nas plantações, para controlar a broca provocada pela
Diatraea saccharalis (Lepidoptera).
Também são utilizadas para controle biológico em canaviais.
SUPERFAMÍLIA

HIPPOBOSCOIDEA
Nynicteribidae e Streblidae: Ectoparasitos de morcegos;
Braulidae: Parasitos de colmeias;
Hippoboscidae: Família com espécies de ectoparasitos de pombas e
carneiros;
Não fazem postura de ovos; eles permanecem dentro de uma estrutura
semelhante ao útero, onde as larvas eclodem e se desenvolvem a custa
de glândulas acessórias; quando estão prestes a pupar, são eliminadas
para o exterior, onde ocorre a pupação.
HIPPOBOSCIDAE

Apresenta 3 espécies de interesse:


1. Pseudolyncha canariensis: Moscas aladas, ectoparasitos de pombas.
Raramente picam humanos, e a picada é dolorosa; Responsáveis pela
transmissão de Haemoproteus columbae, hematozoários comuns entre os
pombos;
2. Microlyncha pusilla: Mosca pequena encontrada em rolinhas;
3. Melophagus ovinus: Moscas ápteras, ectoparasitos habituais de carneiros.
Raramente picam humanos. Sua infestação danifica o couro e a lã dos
carneiros.
Referências bibliográficas:

Neves, David Pereira. Parasitologia Humana, 13ª ed, São Paulo, Atheneu, 2016.

JUNIOR, Ivan Nogueira de Almeida. Mosca dos estábulos (Stomoxys

calcitrans). STAB, 2012. Disponível em:

<http://www.stab.org.br/palestras_de_pragas_2012/03_ivan_nogueira_mosca.pdf>.

Acesso em: 13 jan 2023.

BRITO, Luciana G. et al. Manual de identificação, importância e manutenção de


colônias estoque de dípteras de interesse veterinário em laboratório. Embrapa,

Porto Velho, RO: Embrapa Rondônia, 2008. 25 p. Disponível em:

<https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/709719/1/doc125dipter

as.pdf>. Acesso em : 13 jan 2023


Referências bibliográficas:

GROSS, Joyce. Stomoxys calcitrans. BugGuide, 2015. Disponível em:

<https://bugguide.net/node/view/1093163>. Acesso em : 13 jan 2023

CRET, Iustin. Musca domestica. BugGuide, 2016. Disponível em:

<https://bugguide.net/node/view/1284785>. Acesso em : 13 jan 2023

PIRES, Evaldo. A MOSCA-DO-CHIFRE, SUA IMPORTÂNCIA E

CONTROLE. MTCiência, 2019. Disponível em:

<https://www.mtciencia.com.br/2019/08/16/a-mosca-do-chifre-sua-

importancia-e-controle/>. Acesso em : 13 jan 2023


Obrigado
pela atenção!

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