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28/04/2022

Parasitos que afetam o sistema tegumentar

Profa. Fernanda C. M. Rondon


Doutora e Mestre em Ciências Veterinárias

Introdução
• O sistema
tegumentar consiste na
pele, pelos, unhas, cascos
e glândulas exócrinas
(sebáceas, sudoríparas,
endócrinas).
• A pele é de apenas alguns
milímetros de espessura,
mas é de longe o maior
órgão do corpo.

Tegumento

• Funções da pele
• Barreira contra infecções e injúrias;
• Auxilia na regulação da temperatura do corpo;
• Remove produtos da excreção;
• Proteção contra radiação UV do sol;
• Produz vitamina D;
• Tato.
• Comunicação direta com o sistema imune.
• Imunidade inata

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Doenças

• Alvo de parasitos.
• Porta de entrada para agentes etiológicos.
• Ectoparasitos:
• Piolhos, Pulgas, Carrapatos, Ácaros.
• Endoparasitos:
• Protozoários, bactérias, vírus, fungos, helmintos, artrópodes.

Ectoparasitos que afetam o


sistema tegumentar
• Moscas, Piolhos, Pulgas, Ácaros e Carrapatos.

Ectoparasitos que afetam o sistema


tegumentar
• Duas Classes serão estudadas:
Insecta e a Arachnida
• Insecta
• Musca domestica
• Veículo de mais uma centena de organismos
patogênicos (vírus, bactérias, protozoários,
helmintos).
• Tamanho: adulto – 0,6 a 0,7cm

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Ciclo de vida dos Insetos – Metamorfose completa e


incompleta

Hemimetábolos

Holometábolos

Miíase
 É a infestação de órgãos ou tecidos de animais hospedeiros e do
homem por estágios larvais de moscas dípteras.
 As larvas se desenvolvem no interior ou sobre o corpo do hospedeiro, e
se alimentam dos seus tecidos (vivos ou em necrose),
substâncias corporais líquidas ou dos alimentos por ele
ingeridos.
 Hospedeiros
 Geralmente mamíferos, ocasionalmente répteis.
 Anfíbios e aves, raramente.

Miíase
Classificação pela localização anatômica
 Dérmica

 Sub-dérmica ou cutânea

 Naso-faríngea

 Ocular

 Intestinal

 Entérica

 Urogenital

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Miíases
Classificação pelas lesões
 Traumáticas (lesões abertas)

 Furunculares (formam cistos)

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Miíases
Classificação pela relação parasita-hospedeiro

 Obrigatórias (geralmente primárias) - as larvas se desenvolvem


exclusivamente em tecidos vivos, não são capazes de sobreviver fora do
hospedeiro.

 Facultativa ou acidental (geralmente secundárias)


 - Espécies se desenvolvem em matéria orgânica em
decomposição, tais como carcaças, fezes, e,
ocasionalmente, depositam seus ovos ou larvas em tecidos vivos do
hospedeiro.

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Miíases - Patogenia
 A patogenia varia de acordo com:
 Espécie envolvida

 Local da infestação

 Grau da infestação

 Fortes infestações  irritação, desconforto,


prurido, queda no consumo de alimento, redução
da fertilidade, queda na produtividade do
rebanho.

 Casos extremos   hemorragia, infecção


bacteriana, desidratação, anafilaxia e toxemia.

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Miíases – agentes causadores


 Miíases de importância médico veterinária são
 causadas por dípteros da superfamília
Oestroidea.

 Famílias:
 Oestridae

 Cuterebridae

 Sarcophagidae

 Calliphoridae

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Miíases – agentes causadores


 Oestridae
 Oestrus ovis  Oestrose dos ruminantes.

 Cuterebridae
 Dermatobia hominis  berne. Miíase
furunculosa nos animais e no homem.
 Metacuterebra baeri   Miíase furunculosa e
interna em primatas, inclusive no homem.

 Calliphoridae
 Cochliomyia hominivorax   Miíase traumática
grave nos animais e no homem (bicheira).
 Cochliomyia macellaria   Miíase traumática
secundária.

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Miíases – Oestridae
 Somente gênero Oestrus tem importância
veterinária.
 Gênero Oestrus apresenta 5 espécies, somente
Oestrus ovis é importante.

 Oestrus ovis  Distribuição cosmopolita, larvas


são parasitos obrigatórios dos condutos nasais e
dos seios frontais de ovinos e de caprinos.

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Miíases – Oestrus ovis (bicho-da-cabeça)


 Características: cabeça
avantajada, amarelada, com
pequenas depressões escuras
na parafrontália; aparelho
bucal atrofiado.

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Miíases – Oestrus ovis

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Miíases – Oestrus ovis


 Larvas: encontradas na passagens
nasais, são brancas, ficando
amareladas ou castanhas à medida
que se tornam maduras.
 Superfície ventral com uma fileira
de pequenos espinhos.
 Superfície dorsal: há uma série de
faixas escuras transversais.

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a. Vista ventral
b. Vista dorsal
c. Extremidade posterior – larva de 3º estágio
d. Larva de primeiro estágio
e. Partes bucais – larva de 1º estágio

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Miíases – Oestrus ovis


 Durante o vôo, nas horas mais quentes do dia, as fêmeas fecundadas
depositam sobre as narinas de ovinos e de caprinos substância líquida
contendo até 25 larvas por emissão.
 Cada fêmea pode depositar, no prazo de 1 hora, cerca de 60 ou mais
larvas.
 As larvas (~1,0 mm de comprimento)  lentamente para dentro dos
condutos nasais.
 Com o auxílio dos ganchos orais permanecem por pelo menos 2 semanas
fixadas à membrana mucosa, onde alimentam-se de muco, cuja
produção é estimulada pelos movimentos larvais. Podem permanecer
nestes por 2 a 9 meses.

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 Após a primeira muda, as larvas L2  seios frontais, onde realizam


sua muda final (L2  larvas L3).
 Nos seios frontais larvas L3 completam seu desenvolvimento,
atingindo de 2,5 a 3,0 cm de comprimento.
 O desenvolvimento larval geralmente dura de 25 a 35 dias.
 As larvas movem-se de volta aos condutos nasais, onde geralmente
são expelidas através da descarga nasal e/ou espirros.
 Quando expelidas, enterram no solo empupando em poucas horas. O
período pupal dura em média de 3 a 6 semanas.

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Miíases – Oestrus ovis


 A mosca não se alimenta durante a fase adulta,
sobrevivem no máximo até 2 semanas após sua
emergência do pupário, durante esse tempo podem
depositar, em média 500 larvas nas narinas de seus
hospedeiros.

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 Danos aos hospedeiros: Ovinos e caprinos


ficam muito excitados, irritados na
presença da mosca. Sacodem a cabeça,
espirram e esfregam as narinas no solo.
Permanecem aglomerados, na tentativa de
se proteger das moscas.
 O parasitismo é benigno, entretanto, a
ação mecânica dos ganchos orais e dos
espinhos larvais, associados à liberação
de determinadas toxinas pelas larvas 
processo inflamatório das membranas
nasais, com corrimento de secreção
mucosa a muco-purulenta e,
ocasionalmente, sangramentos.
 Os animais infestados podem
apresentar dificuldade respiratória,
inapetência, e emaciação.

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 Ocasionalmente a larva pode penetrar na mucosa olfatória e


 atingir o cérebro  ataxia, andar em círculos.
 Se atingir pulmões  pneumonia.
 Prejuízos econômicos  decréscimo na produção de carne e de lã.
 Tratamento  vermífugos organofosforados. Tem
 atividade sistêmica contra todos os estágios larvais.

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Oestrose Ovina

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Escabiose

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Introdução
• A escabiose é uma dermatose parasitária, popularmente
conhecida como ‘’sarna”
• Zoonose
Caprinos e
Roedores e Equinos e
Cães e Gatos Ovinos
Coelhos Bovinos
(ronha)

• Ácaro epidérmico: Sarcoptes scabiei

canis hominis

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Classificação

Agente: Sarcoptes scabiei

• Reino: Animalia
• Filo: Arthropoda
• Classe: Arachanida
• Ordem: Acarina
• Subordem: Sarcoptiforme
• Família: Sarcoptidae
• Gênero: Sarcoptes

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Morfologia
• Microscópico
• Possui uma forma grosseiramente circular
• Caracteriza-se por dois pares de pernas curtas
craniais (que portam longas hastes não-
articuladas com ventosas) e dois pares de
pernas rudimentares caudais

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*ciclo autoxênico

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Patogenia
Lesão Pápula sofre
eriquematosa,
Ácaros papulares e
ação
bolhosas inflamatória

Escavações Processo
Crosta
cutâneas Inflamatório

Lesões +
Produtos Reação
Coceira
metabólicos = Imunologica
Prurido Intenso

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Epidemiologia
• A distribuição é de forma endêmica em áreas tropicais e
subtropicais de países em desenvolvimento

• Em países desenvolvidos a escabiose esta acondicionada em


casas de repouso e instituições médicas onde ocorre em forma
de surto

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Transmissão
• Transmissão direta

• Transmissão indireta: contato com objetos


infectados

• Como doença ocupacional atinge médicos


veterinários, criadores e tratadores de animais, a
transmissão pelo compartilhamento de roupas,
lençóis e toalhas pode de fato ocorrer

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Sinais Clínicos
• Observam-se:
• Prurido intenso
• Alopecia
• Lesões bolhosas crostosas e descamativas no tórax ventral,
abdômen, cotovelos e jarretes e margem auricular

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Sinais Clínicos

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Sinais Clínicos

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Diagnóstico
• Observação clínica
• Histórico do ambiente onde o animal convive, e contato com
outros animais
• Confirmação: pelo exame microscópico de raspado de pele
• Dermatoses parasitárias ou alérgicas devem incluir-se no
diagnóstico diferencial

• ATENÇÃO: Muitas vezes, apesar de todo cuidado na colheita


da amostra o resultado pode ser falso negativo

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Tratamento
• O tratamento do animal é obrigatório
• A Ivermectiva (Injetável), Milbemicina (oral), Amitraz
(imersão), Moxidectina e Selamectina (pipetas tópicas) são
eficazes, e podem ser associados a antibióticos sistêmicos
para combater a piodermatite
• Lembrar que algumas raças são intolerantes a Ivermectiva

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Prevenção
• Higienização correta do ambiente
* O Vaporeto® (libera vapor quente e úmido) elimina o ácaro

• Banhos periodicos no animal

• Limpeza, lavagem e desinfecção dos objetos de uso do animal

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Linxacariose

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Epidemiologia
• Pelos de felinos domésticos
• Não é muito contagioso, normalmente parasitando somente um hospedeiro.
• Zoonose  potencial  seres humanos lesões papulares
• Taxonomia
• Reino: Animalia,
• Filo: Arthropoda,
• Subfilo: Chelicerata,
• Classe: Arachnida,
• Subclasse: Acari,
• Ordem: Acarina  Subordem: Sarcoptiforme
• Família: Listrophoridae
• Gênero: Lynxacarus
• Espécie: Lynxacarus radovskyi
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Epidemiologia

• O primeiro registro de ocorrência do ácaro no Brasil foi feito no


Rio de Janeiro (FACCINI e COUTINHO, 1986)
• Após sete anos foi relatado outro caso, no estado de
Pernambuco (ALVES et al., 1993).
• A partir daí vários registros ocorreram na região nordeste:
• Bahia (GONDIN et al., 1994),
• Rio Grande do Norte (SANTOS et al., 2001),
• Ceará (VIRGINIO, 2001).
• Alagoas (PORTO et al., 2002).
• Maranhão (CHAVES et al., 2004).
• Paraíba (ARAÚJO-LIMA et al., 2004).
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Aspectos Morfológico
• Gnatossoma e Idiossoma
• Corpo delicado, fortemente estriado e com
escudo dorsal distinto.
• Apresentam aparelho bucal e pernas
adaptadas para segurarem-se nos pelos,
sendo as anteriores menores que as
posteriores.
• Comprimento: 430 a 520 μm.
• Corpo achatado e alongado lateralmente,
• Revestimento de coloração marrom na
porção anterior

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Ciclo de vida
 Período de ovo- adulto: vinte a trinta dias em temperatura entre 18 °C e 30 °C e umidade
relativa do ar entre 60% e 70%. * Provavelmente sobre o animal*

Ovo

Adulto Larva
octópode hexápode

Ninfa
octópode
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Sinais Clínicos
• Discreto prurido, aparência da pelagem de polvilhado de “sal e pimenta”, pode
ocorrer alopecia devido ao arrancamento fácil dos pelos, presença excessiva de
caspas e dermatite miliar.
• Erupções crostosas e exsudativas, sendo a doença facilmente confundida com
outras dermatopatias.
• Porém, em relação ao prurido, ainda não foi associado ao grau da infestação, pois
foram observados poucos sinais mesmo em hospedeiros com alta infestação 
quadro clínico de hipersensibilidade.
• Regiões do corpo mais acometidas pelo L. radovskyi são:
• principalmente o dorso (Medleau e Hnilica, 2003).
• membros posteriores (Craig et al., 1993; Greve e Gerrish, 1981)
• região perianal (Figueiredo et al. 2004).
• região cervical e torácica (Craig et al., 1993),
• base da cauda, região epigástrica  tendendo a se tornar uma infestação
generalizada (Serra-Freire et al., 2002).
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Sinais Clínicos
• Aspectos de sal ou pimenta de acordo com a pelagem.

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Diagnóstico
• Exames diretos:
• Parasitológico: identificação dos ácaros aderidos aos pelos usando
uma lupa de aumento ou no exame por microscopia de luz dos pelos
coletados de animais suspeitos.
• Através da coleta de pelos de seis regiões corporais: membro
posterior, base da cauda, ponta da cauda, região perianal, região
epigástrica e escápula.
• Raspagem da pele ou impressão de fita.
• Coprológicos  parasitos ou ovos podem ser também visualizados
nas fezes, devido aos hábitos de lambedura dos felinos.

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Medidas de Profilaxia
• Cuidados com os utensílios de animais infestados, apesar de
ser mais raro, pode ocorrer.
• Uso de antiparasitários:
• Selamectina, na formulação spot-on, com aplicação mensal (Silva, et
al. 2009)
• aplicação dupla de fipronil spray quinzenalmente segundo CLARE et
al. (2004) e Lemos et al. (2003).
• Moxidectina/imidaclopramida spot-on e fluralaner oral mensamente
conforme Han et al. (2016).
• Maioria dos casos assintomáticos e quando sintomáticos erros
de diagnóstico com outras patologias relacionadas com
processos de hipersensibilidade. 52

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