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Parasitologia - Moscas

Musca domestica
Pertencente a classe Insecta, ordem Diptera e família Muscidae. Conhecida como mosca
doméstica, animal com desenvolvimento holometabólico, passando pelas fases de ovo,
larva, pupa e adulto. Na fase adulta, a cabeça é ocupada quase inteiramente pelos olhos
compostos, separados na frente por uma placa de quitina, no meio da qual se inserem as
antenas e, bem no alto, três ocelos. Aparelho bucal sugador, com estrutura denominada
probóscide, que não perfura membranas ou estruturas para sugar o alimento; Se alimenta
de substâncias líquidas ou fluidas, e quando consome alimento solido, regurgita uma
gotícula de saliva para dissolver;
O segmento mais desenvolvido do tórax é o mesotorax, onde estão localizados os músculos
que dão às asas a vibração necessária para voo. Apresenta um par de asas membranosas
e no lugar das asas posteriores um par de apêndices conhecidos como halteres - órgão de
equilíbrio.
O ciclo reprodutivo se inicia com a cópula entre indivíduos dióicos. Entre a última ecdise e o
quarto dia da fase adulta a fêmea adquire maturidade sexual e deposita no exoesqueleto
feromônio para reconhecimento de parceiros. A fêmea tem preferência por oviposição
próximo a matéria orgânica. Todos os estádios larvais são vermiformes com aparelho bucal
raspador. Principal hábito alimentar são as bactérias, por isso a musca domestica está
envolvida na disseminação de patógenos.

Cochliomyia hominivorax

Classificada como agente causador da miíase primária obrigatória em animais de sangue


quente. É biontofaga, se desenvolvendo nos tecidos vivos de animais vertebrados,
conhecida também como bicheira. Fêmeas grávidas fazem ovipostura ao redor de feridas
ou lesões e após eclosão, as larvas entram as feridas de modo a se alimentar de líquidos
provenientes do exsudato inflamatório, larvas de primeiro estágio, e no caso de larvas de
segundo e terceiro estágio, do proprio tecido vivo. Após completarem seu desenvolvimento,
caem do hospedeiro para pulpar. Causa perdas econômicas nos animais de produção,
possui coloração azul ou verde metálico, três listras longitudinais no mesonoto, e mede 9
mm de comprimento. Aparelho bucal do tipo lambedor com palpos curtos e filiformes
Nervura da asa fortemente angulosa.

Dermatobia hominis

Dentre os ectoparasitos de importância médico-veterinária para a América Latina, está a


Dermatobia hominis (LINNAEUS JR., 1781) (Díptera, Oestridae, Cuterebrinae),
conhecida popularmente por "mosca do berne". A larva do referido inseto é responsável
por miíases furunculosas de bovinos e demais animais domésticos e selvagens, inclusive
o homem. O ciclo biológico da D. hominis é bastante complexo, passando por uma fase
de vida livre (pupa no solo e adultos vivendo em ambientes florestais). As fêmeas, após
a fecundação, capturam insetos para transportarem seus ovos. A fase subseqüente
corresponde à parasitária (larvas do 1o. ao 3o. estádio). O parasitismo pela larva de D.
hominis é denominado dermatobiose e está presente na América tropical e subtropical.
Entre os fatores que mais influem no desenvolvimento da fase de vida livre da D.
hominis, estão a temperatura e a precipitação pluviométrica. Por ser um inseto
pecilotérmico, sua população flutua, ao longo do ano, nas regiões subtropicais, conforme
a disponibilidade térmica (CARRERA, 1991; BATISTA, 1998). A larva, após completar seu
ciclo no hospedeiro, cai ao solo para aí penetrar e pupar. O sucesso biológico da fase de
vida livre dependerá da textura do solo (seco ou úmido) e da temperatura que a larva
encontrar. O percentual de emergência de pupas que caem em solo seco varia de 1 a
3%, enquanto que em solo úmido este percentual pode atingir 40 a 50% .
As perdas ocasionadas pelas larvas de D. hominis em bovinos são traduzidas pela
diminuição da produção de leite e de carne e pelo baixo ganho de peso. O couro é o
subproduto que maior depreciação sofre, o que leva a sua desvalorização comercial ou
inadequação à industrialização. As larvas localizam-se normalmente na região do couro
com maior valor industrial, podendo inutilizar até 70%.

‘ Stomoxys calcitrans
A mosca Stomoxys calcitrans (Linnaeus, 1758) (Diptera: Muscidae), conhecida como
mosca dos estábulos é um díptero hematófago que parasita várias espécies de animais,
como bovinos, caprinos, equídeos, ovinos, suínos, cães, gatos, frangos (Bishopp 1913) e
mesmo o homem (King & Lenert 1936, Hansens 1951). Além de apresentar ampla
distribuição geográfica, as populações desta mosca aumentam principalmente nos meses
mais quentes do ano (Bittencourt & Moya Borja 2000). No Brasil foram estimadas em
100 milhões de dólares por Grisi et al. (2002). Estas perdas se referem ao estresse
gerado pelas picadas das moscas, que levam os animais a não se alimentar
adequadamente (Campbell et al. 1987); às perdas sanguíneas (Stork 1979); e também
pela veiculação de agentes patogênicos como protozoários, fungos, bactérias, riquétsias
e vírus.
Quando o parasitismo é moderado, podem ser observados animais com movimentos
intensos de cauda, pele e bater das patas no solo na tentativa de espantar as moscas
(Steelman 1987). Nas infestações intensas, além das reações descritas, os animais
realizam fortes movimentos com a cabeça em direção aos membros dianteiros, bem
como se agrupam na tentativa de se proteger da ação destas moscas (Guimarães 1983,
Guimarães 1984). Estas reações podem causar perdas que variam de 28,5% ;
a 71,5% no ganho de peso dos bovinos, conforme Wieman et al. (1992). A ovipostura é
realizada em matéria orgânica em decomposição, onde as larvas eclodem. As larvas
apresentam geotropismo positivo, penetrando na matéria orgânica para se proteger
contra o excesso de luz, umidade, ressecamento do substrato, e ainda, dos inimigos
naturais, onde se tornam pupas, das quais emergem os adultos (Guimarães 1983).
Diversos materiais podem ser utilizados para o desenvolvimento dos estágios imaturos
de S. calcitrans, dentre eles podemos destacar as fezes de diversos animais (Guimarães
1983, Bruno et al. 1993), principalmente quando associadas a restos de alimentação,
como capim e silagem (Skoda et al. 1991). Outros materiais também foram citados,
como algas (Simmons 1944), restos culturais de abacaxi e mamão (Herrero et al. 1989).
Surtos da mosca dos estábulos em nosso país não são algo novo, visto que desde a
década de 1970 existem relatos de elevação da população de moscas associado a
produção sucro alcooleira (Nakano et al. 1973). O que é recente é a intensidade dos
surtos, pois o volume de moscas produzido é muito elevado, já que as condições para o
seu desenvolvimento foram muito favorecidas pelo manejo adotado atualmente na
produção de cana de açúcar.

Haematobia irritans

A mosca-dos-chifres (Haematobia irritans) descrita por Linnaeus em 1758 e reconhecida


como uma praga de bovinos na França em 1830. Foi introduzida acidentalmente em
países onde a bovinocultura encontrava-se em expansão, tornando-se uma das
principais pragas da pecuária na atualidade. A atividade hematófaga da
mosca-dos-chifres não é seu aspecto mais nocivo. O acometimento das picadas
dolorosas e incessantes durante todo o dia sobre os bovinos parasitados sem haver,
aparentemente, influência da incidência de luz sobre o repasto. O epíteto específico da
espécie em latim, “irritans”, é explicado pelo principal efeito que este díptera
proporciona que é a irritação causada ao animal infestado, deixando-o extremamente
agitado, e conduzindo o animal ao estado crítico de estresse. Acredita-se, portanto, que
os maiores prejuízos observados em rebanhos infestados sejam em conseqüência,
principalmente, do estresse provocado pela ação irritante das moscas e não apenas da
perda de sangue.
A infestação por H. irritans tem impacto negativo sobre a produção e o desempenho do
gado, expressos na diminuição do ganho de peso, da produção de leite, do apetite e da
conversão alimentar (Byford et al., 1992), sendo que a infestação por tempo prolongado
pode levar os animais à morte.
Outro prejuízo importante causado pela H. irritans está relacionado à qualidade do couro
dos animais infestados. O grande número de picadas sofridas pelo animal acarreta uma
reação local na pele podendo torná-la grossa e inflexível e, portanto, de menor
qualidade;
Adultos - O adulto de H. irritans é uma mosca pequena, medindo entre 2 a 5 mm, sendo
bem menor que Musca domestica e Stomoxys calcitrans. As principais características
morfológicas dos adultos são: o pequeno tamanho, o palpo que corresponde a duas
vezes o tamanho da probóscita, arista plumosa e a presença de duas cerdas
esternopleurais (Torres & Pietro, 1997). Na superfície antenal são encontrados órgãos
olfatórios responsáveis pela atração das fêmeas pela matéria fecal fresca na qual
realizam a oviposição (White & Bay, 1980). ♦ Ovo - Os ovos, na maioria, apresentam
coloração marrom-escura, sendo que alguns podem ser amarelo-claro ou branco, estes
sempre em menor proporção, e em média com 1,20 mm de comprimento e 0,32 mm de
largura (Bruce, 1964). ♦ Larva de primeiro ínstar - Ao abandonar os ovos, as larvas de
primeiro ínstar medem cerca de 1,5 mm de comprimento e 0,25 mm de largura.
Apresentam-se mais largas na extremidade posterior e mais estreita na parte anterior
junto ao segmento cefálico. Apresentam conjuntos de espinhos somente na parte
ventral, e, aparentemente os espiráculos anteriores encontram-se ausentes (Bruce,
1964). ♦ Larva de segundo ínstar - As larvas de segundo ínstar de H. irritans apresentam
5,4 mm de comprimento e 0,6 mm de largura. As bandas de espinhos ventrais não
apresentam pigmentação e possuem espiráculos anteriores e posteriores presentes
(Bruce, 1964). ♦ Larva de terceiro ínstar - Nesta fase, as larvas medem
aproximadamente 7 mm de comprimento e 1 mm de largura (Bruce, 1964). Segundo
Baker (1987), a região cefálica ventral deste ínstar larval apresenta um lábio tripartido,
sulcos ou ranhuras orais e duas protuberâncias denominadas complexos
antenomaxilares, nos quais se encontram os órgãos sensoriais (sensilas). A superfície
dorsal dos segmentos abdominais é lisa, sendo que a ventral apresenta fileiras de
espículos, destacando-se a presença de processos musculares denominados de creeping
welt que auxiliam na locomoção larval (Bruce, 1964). ♦ Pupa - Apresenta forma de barril,
com coloração marrom-avermelhado-escuro, e mede aproximadamente 3,3 mm de
comprimento por 1,4 mm de largura;
A fêmea grávida deposita seus ovos profundamente nas fezes frescas dos bovinos, mais
precisamente na interface do bolo fecal com o solo (Bruce, 1964; Amano 1989), onde
coloca aproximadamente 20 ovos, sendo que cada fêmea pode realizar cerca de 15
posturas durante sua vida, que dura em média 3 semanas (Bordin, 1992; Krafsur &
Ernest, 1983 e Wislow, 1992). A postura pode ocorrer durante o dia ou à noite (Sanders
& Dobson, 1960; Kunz et al., 1970). Em condições de laboratório, a porcentagem de
eclosão dos ovos é de 98%, sendo o tempo de incubação à temperatura de 25º C, de
aproximadamente 16 horas;
As larvas de primeiro ínstar penetram profundamente no esterco, protegendo-se da ação
dos raios solares e permanecem neste estágio por aproximadamente 10 horas, quando
passam a larvas de segundo ínstar, e depois de 18 horas, em média, alcançam o terceiro
ínstar larval. À medida que ocorre a dessecação do esterco, as larvas migram para as
partes ainda úmidas do bolo fecal. Sob condições ótimas de temperatura e umidade, em
aproximadamente 64 horas após a eclosão dos ovos, já podemos encontrar pupas de H.
irritans nas fezes. No caso de solos excessivamente secos, as pupas podem ser
observadas no meio do bolo fecal, porém se as fezes encontrarem-se mais secas que o
solo, as pupas serão encontradas enterradas no solo até 3,8 cm de profundidade (Bruce,
1964).

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