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CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA

MIÍASES

Rio de Janeiro, novembro/ 2009.


CENTRO UNIVERSITÁRIO CELSO LISBOA

MIÍASES

Flávia Fidelis

Gilmar Soares

Guaraci Miranda

Lúcia Ferreira

Lúcia Medina

Lucimar Santos

Verônica Barbosa

Trabalho de aproveitamento do curso de


Enfermagem; 3º período;disciplina:
Parasitologia Humana; professor:
William B. Lopes; turma: EN 321.

Rio de Janeiro, novembro/ 2009.


Introdução

Entende-se por miíase a infestação de vertebrados por larvas de dípteros que,


pelo menos durante certo período, se alimentam dos tecidos vivos do
hospedeiro, de substâncias corporais liquidas ou do alimento ingerido. Dessa
forma, larvas de moscas que completam seu ciclo, ou pelo menos parte do seu
desenvolvimento normal dentro ou sobre o corpo de um hospedeiro vertebrado
podem ser classificadas como causadoras de miíses.

O termo miíse tem essa etimologia: mye= moscas; ase= doença.

No meio rural e conhecido como “bicheira”.

Do ponto de vista biológico e evolutivo, aquilo que chamamos coletivamente de


miíses pode ter sua origem em duas raízes diferentes: miíses furunculares
(berne, por exemplo) e a outra, as miíses traumáticas (bicheiras, por exemplo).

Raiz Saprofágica: espécie que normalmente se alimentam de matéria orgânica


em decomposição, passaram a ser atraídas por tecido animal em
decomposição, como, por exemplo, carcaças de animais. Essas espécies
passaram a depositar seus ovos em tecidos necrosados de animais vivos, onde
as larvas se alimentavam, produzindo o que agora chamamos miíses
secundarias, algumas espécies adquiriram a capacidade de se alimentar de
tecidos vivos, produzindo as chamadas miíses primarias. Nesses casos, as
larvas não são capazes de penetrar na pele integra, necessitando de uma
lesão inicial para iniciar o processo. A Cochiliomya macelaria e a Lucilia
sericata, causadores de miíses secundárias (facultativas).

Raiz Sanguinivora: exemplos de larvas predadoras facultativas no terceiro


estágio são: Musciva stabulans, Ophyra SP (muscidae), Chrysomya albiceps
(calliphoridae). Estas larvas são capazes de perfurar o tegumento de outras
larvas e sugar seu conteúdo corpóreo. O passo seguinte seria a larva passar a
perfurar a pele de aves e mamíferos para sugar o sangue. A penetração da
larva através da pele, indo se alojar no tecido subcutâneo do hospedeiro,
tornando-se um parasito obrigatório. São as miíses furunculares, em que não
há necessidade de lesão previa do tegumento para o inicio do processo. Como
por exemplo, podemos citar a Dermotobia hominis (berne).
Agentes etiológicos

Família calliphoridae

 Cochliomya hominivorax
 Cochilomya macellaria (também conhecida como Callitroga macellaria)
 Lucilia
 Chrysomia

Família sarcophagidae

 Bercea hemorroidalis
 Oxysarcodexia pattonella
 Euroboettcheria

Subfamília cuterebrina

 Cuterebra
 Dermatobia

Principais espécies

Cochliomya hominivorax (“mosca varejeira”)

Esta mosca é ainda hoje impropriamente conhecida por sinonímia: Callitroga


americana. E popularmente, é conhecida como mosca- varejeira. É a mais
importante mosca causadora de miíse primária. Causa miíase traumática grave
no homem e animais; Qualquer ferimento pode ser alvo de infecção; Alimenta-
se exclusivamente de tecidos vivos; É a mais importante mosca causadora da
miíase primária, desde o sul dos EUA até o norte do Chile e Argentina; Mede
cerca de 8 mm de comprimento; Toda verde, com reflexos azul-metálico em
todo o tórax e abdome; Possui três faixas negras longitudinais no tórax.

Larvas

 As larvas maduras medem cerca de 15 mm de comprimento;


 As larvas têm cor branca amarelada;
 Possuem dois estigmas respiratórios;
 As traquéias são bem pigmentadas até o nível do terceiro ou
quarto pigmento;

Adultos

 Voam até uma distância de 11 milhas em 24 horas;


 Abundantes em climas quentes e úmidos;
 Adultos só copulam uma vez, após cinco dias de nascidos;
 Após a cópula ovipõem em aberturas naturais do corpo (narinas, vulva,
ânus), ou em feridas recentes, incisões cirúrgicas, etc.

Período de incubação

 Põem de 10 a 300 ovos em cada local


 O período de incubação dos ovos é de 12 a 20 horas
 As larvas amadurecem em quatro a oito dias
 Enterram-se na terra e transformam-se em pupas
 Em oito dias tornam-se adultas
 Os adultos alimentam-se de néctar, sucos de frutas, secreções de
feridas
 É encontrada nos EUA, nas Antilhas e em quase toda a América do sul.

Cochilomya macellaria

Também conhecida como Callitroga macellaria. É muito semelhante á espécie


anterior, sendo um pouco menor. A oviporação só e feita em feridas
necrosadas ou cadáver. Causa miíase traumática secundária

É diferenciada da Cochilomya hominivorax pelas seguintes características:

 Em larvas maduras a traquéia tem pigmentação até a metade do


primeiro segmento larvar;
 É encontrada em tecidos necrosados ou cadáveres;
 Só ovipõem em feridas necrosadas ou cadáveres;
 É pouco freqüente em vários Estados.
Lucilia

Até recentemente aceitavam-se dois gêneros para essas moscas: phaenicia


para as do novo mundo e Lucilia, para as do velho mundo. Atualmente só se
aceita o gênero Lucilia para identificar as espécies de todas as regiões.

 Causa miíase traumática no homem e animais


 São moscas de tamanho médio;
 Possui o corpo todo verde metálico, acobreado, ou com reflexos azuis;
 São agentes de miíases necrobiontófagas;
 Muito freqüente entre nós.

As espécies mais comumente vistas são:

 L. cuprina: espécie de ampla distribuição nos trópicos e nas


regiões temperadas mais quentes em todo mundo; muito comum
em terrenos baldios das cidades.
 L. exímia: ocorre desde o sul dos EUA até Argentina e Chile. Mais
comum em regiões rurais.
 L. sericata: espécie cosmopolita, mais encontrada na zona
urbana.
Chrysomya

As moscas desse gênero são robustas, com aproximadamente 8 mm de


comprimento, de cor metálica, variando desde verde-brilhante com tons
amarelados até azulados. Importantes vetores de patógenos intestinais para o
homem; Devido a sua alta capacidade de reprodução superou o nº de outras
espécies de moscas; As espécies C. putoria, C. megacephala, C. albiceps e C.
rufifacies são agentes eventuais de miíases facultativas em mamíferos; as três
primeiras espécies foram provavelmente introduzidas por refugiados das ex-
colônias portuguesas da África atualmente, já se espalharam por toda a
America do Sul a quarta espécie, foi também encontrada nas Américas Central
e do Norte, por volta de 1978. Têm hábitos de se alimentarem de fezes
humanas e de outros animais.
Família Sarcophagidae

São moscas médias a grandes, medindo cerca de 6 a 10mm (ou mais) de


comprimento. Apresentam cor acinzentada possui três faixas negras no tórax e
abdome axadrezado. As fêmeas são larvíporas: desenvolvem-se a partir das
larvas; podem depositar até 50 larvas em uma ferida; Prefere depositar as
larvas em cadáveres, matéria orgânica vegetal em decomposição, fezes, etc
Também pode ovipor em feridas necrosadas. As larvas invadem os tecidos e
alimentam-se vorazmente. Dependendo da temperatura e volume de alimento,
e cerca de dez dias já estão maduras. Caem no chão e enterram se na terra
fofa ou sob folhas, para puparem. No verão, os adultos saem das pupas cerca
de 10 a 15 dias depois. Apresenta grande nº de espécies, mas possui
classificações controvertidas; Podem ser encontrados, dependendo da espécie,
na zona urbana, pastos e matas; A determinação dos gêneros e espécies é
baseada em caracteres da genitália masculina.

Subfamília cuterebrinae

A subfamília cuterebrinae reúne um fascinante grupo de moscas que apresenta


uma biologia interessantíssima, a qual intrigou os entomologistas por mais de
três séculos. Somente entre os anos 1911e 1918 é quem vários aspectos de
seu peculiar modo de vida se tornaram conhecidos. Os adultos de modo geral
são pouco vistos, pois possuem uma vida curta (5-20 dias apenas suficiente
para o acasalamento e a oviposição) e vivem em ambientes florestais; as
larvas denominadas “bernes”, “ura” ou “tórsalo”, é que são bem conhecidas.

Os autores brasileiros dividem o gênero cuterebrinae em dois: metacuterebra,


com 36 espécies neotropicais, e cuterebra, com 36 espécies neo- árticas. As
espécies desses dois gêneros parasitam roedores e coelhos.

A Dermatobia ocorre em vários animais, principalmente bovino, cães e homem.

O gênero Alouattamyia e um parasito habitual de macacos. Mas já foram


encontrados casos em humanos na Amazônia (Rondônia, Manaus, Tucurui-
Para). Foram encontradas larvas na faringe dos pacientes provocando tosses,
anciã de vomito e forte irritação na garganta.

Dermatobia hominis (“mosca berneira”)

É vulgarmente conhecida como mosca-berneira. Ocorre desde o México ate a


Argentina. No Brasil, é vista em todos os estados, com exceção das áreas
secas do nordeste. Prefere áreas úmidas e montanhosas, mas não acima de
1000 m de altitude. Os adultos apresentam uma biologia muito interessante e
em geral, permanecem escondidos em capoeiras e pequenas matas (mesmo
de eucaliptos).

Em vôos rápidos, a mosca-berneira captura um inseto hematófago


(preferencialmente) e lhe deposita sobre o abdome de 15 a 20 ovos. Esses

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