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Sugestões de atividades pedagógicas

para educadores inspiradas no livro


“João Paizão”

Texto: Regina de Souza Yabe e Silvia Nassif Del Lama


Ilustrações: Fernando Peron

Informação para os educadores


Disponível para download na página de venda do livro João Paizão em editora.ufscar.br
ou link http://portal-archipelagus.azurewebsites.net/farol/edufscar/produto/joao-paizao/40309/

São Carlos | 2017


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Sugestões de atividades pedagógicas para educadores inspiradas no livro “João Paizão”

Introdução
No Brasil, podemos encontrar três tipos de dos temas abordados no livro são ressaltados: o
cegonhas: os cabeças-secas (Mycteria america- comportamento gregário dos cabeças-secas em
na), personagens da história do livro João Pai- colônias reprodutivas; o revezamento dos pais
zão, os tuiuiús (Jabiru mycteria) e os maguaris na pesca para obtenção de alimento suficien-
(Ciconia maguari). Esta última é mais semelhan- te para os filhotes; a presença dos predadores
te à cegonha europeia, conhecida das crianças, aéreos e terrestres e a ameaça que representam
porque aparece em desenhos animados fazen- para a sobrevivência dos filhotes; a autonomia
do o transporte, conforme a lenda, dos bebês crescente dos filhotes, que nascem indefesos
em seus bicos. As cegonhas são aves aquáticas, mas vão, aos poucos, saindo do ninho; o maior
pertencentes à família Ciconidae, que apresen- e o menor período de cuidado dos filhotes pelos
tam bicos e pernas longas.No livro João Paizão pais, encontrado em grupos diferentes de aves;
é contada uma história de ficção em que o pai as medidas para proteção da reprodução da es-
recusa-se revezar com sua parceira na atividade pécie dos cabeças-secas no Pantanal. O roteiro
de pesca, atividade essa essencial para obtenção apresenta questões para discussão com alunos,
dos alimentos para os filhotes no ninho. Na rea- informações complementares para os educado-
lidade, essa seria uma situação insustentável na res, dicas para a construção do cenário e carac-
natureza e o esperado é que a fêmea e macho terização dos personagens com figurinos. Para a
apresentem comportamento cooperativo para preparação do cenário e figurinos, estão previs-
viabilizar o cuidado da prole. No entanto, nem tas de seis a oito horas, e para o ensaio das cenas
tudo é fantasia na história, e, no texto, foram sugeridas, mais seis horas (uma hora semanal).
introduzidas diversas informações biológicas so- A atividade proposta neste roteiro, portanto, to-
bre os cabeças-secas e sobre a biologia das aves taliza de doze a quatorze horas, que poderão ser
em geral, assim como temas relativos à conser- distribuídas ao longo de 12 a 14 semanas. Lem-
vação das áreas no Pantanal, onde essas aves se bramos que os educadores poderão selecionar as
reproduzem.O roteiro a seguir sugere o desen- atividades mais adequadas ao tempo disponível
volvimento de uma atividade teatral baseada na e ao interesse de seus alunos, ou ainda usar esse
história, após a leitura do livro (itens A e B). Al- roteiro para inspirar outras propostas, a serem
gumas atividades complementares (item C) são desenvolvidas com a classe.Antes de dar início
propostas, explorando alguns aspectos que não ao preparo da atividade teatral, será interessante
são tratados durante a atividade teatral. Os alunos assistir no YouTube aos seis primeiros minutos
poderão assimilar por meio dessas atividades os da reportagem “Série Pantanal Aves”
conceitos biológicos e ecológicos abordados no <www.youtube.com/watch?v=GbEMOmmHgNs&t=10s>.
livro, facilitando o processo de aprendizagem e
aprofundando algumas questões-chave. Alguns
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Sugestões de atividades pedagógicas para educadores inspiradas no livro “João Paizão”

A) Preparação do cenário
e dos figurinos dos personagens
1. Construção do cenário – o ninhal 2. Preparação dos figurinos
Peça para os alunos observarem as figu- dos cabeças-secas
ras do livro e, assim, caracterizarem o ninhal. Pinte, cole num pedaço de cartolina e re-
Galhos secos poderão ser utilizados para repre- corte a máscara de cabeça-seca desenhada no
sentar as árvores e para construir os ninhos da final desse encarte. Uma meia fina preta pode
colônia. Um pedaço de TNT ou saco de lixo de ser colocada na cabeça de um aluno para imitar
cor azul (ou algum outro material semelhante) o cabeça-seca adulto. Como os filhotes apre-
poderá representar a água do rio e das baías. sentam a cabeça e o pescoço emplumados, a
Questão para discussão: Por que algumas plumagem deles pode ser representada colan-
espécies de aves se agrupam quando vão fazer do-se algodão num pedaço de cartolina, que
seus ninhos? será fixada no pescoço das crianças. O algodão
Informações para os educadores: Macho também pode ser colado em toucas de banho,
e fêmea de cabeças-secas constroem o ninho, para representar a plumagem da cabeça.
incubam os ovos, cuidam dos filhotes e saem Questão para discussão: As aves pescado-
para pescar em bandos. São aves gregárias, isto ras, como garças, biguás, martins-pescadores e
é, agrupam-se para se alimentar, para se deslo- socós, possuem bicos semelhantes? Como é a
car e para se reproduzir. A reunião de diversas forma dos bicos destas aves? Por que eles têm
aves no mesmo local otimiza a informação en- esse formato?
tre as aves sobre as áreas de concentração de Informações para os educadores: Compare
alimento, sobre a construção dos ninhos, além com os alunos o formato do bico dos cabeças-
de proporcionar maior proteção aos ninhegos. -secas com os bicos de outras aves (canários,
Os filhotes pequenos de cabeça-seca são em- beija-flores, garças e araras). Os bicos das aves
plumados e branquinhos e se destacam em são diferentes porque são adequados ao tipo
meio à vegetação. Deste modo, são facilmen- de alimento que elas consomem. Mesmo entre
te visíveis aos predadores (aéreos e terrestres). as aves pescadoras (cabeças-secas e garças), os
Discuta com os alunos as vantagens dos ni- bicos são diferentes porque apresentam distin-
nhos estarem agrupados no ninhal, destacan- tas estratégias para pescar. O cabeça-seca usa
do-se que nessa condição a possibilidade de sua habilidade táctil: introduz o bico aberto
um determinado filhote ser predado é menor, na água rasa; quando seu bico esbarra no pei-
assim como as desvantagens que teriam se fi- xe, ele o fecha rapidamente (25 milésimos de
cassem isolados. segundo é o tempo gasto para fechar o bico)
(veja figura na página 7 do livro). Esse é um
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dos reflexos mais rápidos entre os vertebrados! nasce com cerca de 60 gra-
Já as garças pescam usando sua aptidão visual, mas e deixa o ninho com
preferem águas mais transparentes e, quando 2.500-2.800 gramas. A competição com os
visualizam um peixe, introduzem o bico na humanos pelos mesmos tipos de peixes pode
água, usando-o como uma lança. prejudicar as aves na obtenção de alimento.
Se pescadores realizam atividade de pesca de
3. Confecção das presas dos modo compatível com a sustentabilidade da
cabeças-secas e dos pescadores região, tudo se encaminha bem. No entanto,
Utilize as gravuras dos peixes do final deste se a pesca é predatória (nas quantidades ou
livro e peça aos alunos que identifiquem cada envolvendo espécies não permitidas), as aves
espécie, depois de pesquisar na internet as ca- começam a pescar em lagoas mais distantes do
racterísticas de cada uma delas. É importante ninhal e podem até desistir da reprodução na
observar as diferenças entre eles, principalmen- área se os peixes começam a rarear.
te quanto ao formato do corpo e das nadadei-
ras. Agora peça para que os alunos recortem os 4. Confecção dos figurinos
peixes e colem em um pedaço de cartolina ou dos predadores aéreos
papelão. Depois de prontos, os peixes deverão Os principais predadores aéreos de ovos e
ser presos a uma haste (podem ser varas de filhotes de cabeças-secas (no ninho) são: ga-
bambus ou gravetos) para que os alunos que vião caracará, gavião urubitinga e urubus. Peça
vão representar as presas as segurem. O figuri- aos alunos que pintem e preparem as máscaras
no dos pescadores é formado por peneiras nas destes predadores utilizando os desenhos no
mãos e chapéus na cabeça. final deste encarte.
Questão para discussão: Se os pantaneiros Questão para discussão: Os pais cabeças-
ou os turistas pescarem muito desses peixes, seja -secas ficam nos ninhos atentos, cuidando dos
para usar como isca ou para comer, o que poderá filhotes pequeninos até que estes cresçam o
acontecer com os filhotes dos cabeças-secas? suficiente para se defender no ninho. O que
Informações para os educadores: Os ca- acontece quando um barco com motor baru-
beças-secas alimentam-se, enquanto filhotes, lhento se aproxima do ninhal? E quando uma
quase exclusivamente de peixes: traíras, tuvi- pessoa entra na colônia e passeia embaixo dos
ras, camboatás, carás, sardinhas e saicangas. ninhos? Ou, ainda, quando uma vaca passeia
Os pais cabeças-secas precisam pescar cerca de entre as árvores dos ninhos?
120 kg de peixe para cada filhote (geralmen- Informações para os educadores: Os preda-
te são dois, três filhotes por ninho) durante o dores aéreos citados acima realizam ataque aé-
período de oito semanas, em que os filhotes reo, sobrevoando as árvores e atacando ninhos
dependem dos pais no ninho. A alimentação desprotegidos. Os filhotes nascem pequenos e
adequada garante o crescimento do filhote: ele indefesos. Um dos pais permanece sempre no
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ninho, de guarda, até que eles alcancem quatro e apressadinho de cabeça-


semanas de vida, quando já podem se defender -seca poderia cometer an-
dos predadores. Nesse período precoce, se os tes de aprender a voar?
pais deixam o ninho, os filhotes ficam indefe- Informações para os educadores: Um fi-
sos. Um distúrbio não natural no ninhal pode lhote que cai do ninho não tem como voltar.
assustar os pais e levar ao abandono temporá- Ele não sabe voar e os pais não conseguem
rio do ninho. Causam distúrbios: pessoas en- retorná-lo ao ninho. Os predadores terrestres
trando no ninhal, vacas passando debaixo das consomem os filhotes que caem dos ninhos.
árvores com ninhos e barulho de motores dos Esses predadores ficam no chão mas podem
barcos nas proximidades. Uma medida proteto- subir nas árvores. Explicar que a alimentação
ra importante envolve o isolamento do ninhal desses predadores depende das perdas dos ni-
para impedir a entrada de animais maiores, a nhos e que é um ciclo esperado na natureza.
aproximação de humanos e de barcos até 100
metros de distância dos ninhos. Quando se evi- 6. Confecção do figurino de mutum
ta a saída dos pais dos ninhos, os filhotes ficam Peça para que os alunos observem a plu-
protegidos dos predadores aéreos. magem e o bico destas aves (a figura na pági-
na 47 do livro mostra a mamãe mutum e seus
5. Confecção dos figurinos dos filhotes). Converse com as crianças para que
predadores terrestres surjam ideias de como fazer os figurinos. Pinte,
Peça para que os alunos pintem as máscaras cole num pedaço de cartolina e recorte a más-
do final do encarte para a confecção dos figuri- cara da mamãe mutum, que deve ser colocada
nos de jaguatirica e jacarés. Essas figuras devem também numa haste.
ser coladas num pedaço de cartolina, recorta- Questão para discussão: Compare a inde-
das e presas em hastes para serem usadas.Para pendência dos filhotes de mutum em relação
a serpente, peça que os alunos pintem as partes aos filhotes de cabeça-seca. Será que os filho-
da sucuri, colem num pedaço de cartolina e a tes de cabeça-seca conseguiriam se tornar in-
recortem. Em seguida, a peça da cabeça deve ser dependentes logo nos primeiros dias de vida?
presa em uma haste e as outras partes do corpo, Informações para os educadores: O mutum-
em outras hastes. Para interpretar a sucuri serão de-penacho é uma espécie de Galliforme (da
necessárias quatro crianças, que deverão fazer ordem da galinha doméstica) que se alimenta
o movimento de sobe e desce de cada uma das de frutos, folhas e brotos de plantas e também
partes, serpenteando ao se mover. consome caramujos, gafanhotos, pererecas,
Questão para discussão: No solo, embaixo lagartixas e outros pequenos animais. Seus
das árvores do ninhal, costumam circular di- filhotes já nascem espertos e com os olhos
versos predadores terrestres. Pensando nisso, abertos. Logo nos primeiros dias já estão
qual seria o pior erro que um filhote ansioso buscando alimento por conta própria, mas
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dormem sob as asas da mãe. Os filhotes tipo de desenvolvimento


acompanham os pais e são protegidos por é chamado altricial, e é
eles por alguns meses, mas não dependem o que ocorre com filhotes dos cabeças-secas,
tanto dos pais para se alimentar como os tuiuiús e araras, por exemplo. Outro grupo de
filhotes de cabeça-seca.Alguns filhotes de aves aves apresenta um padrão de comportamento
apresentam aspecto frágil e prematuro, nascem diferente: os filhotes nascem com grande grau
nus e, no ninho, dependem dos adultos para de independência. Uma ninhada de pintinhos
se alimentar e serem protegidos dos predadores ou filhotes de mutum, logo nos primeiros
por um período. Se os pais conseguem trazer dias de vida, já acompanha a mãe na busca
alimento suficiente, em poucas semanas eles por comida. Este tipo de desenvolvimento de
crescem bastante e podem deixar o ninho. Este filhotes é chamado precocial.

B) Roteiro teatral
Narrador: Vamos contar uma história que racará por perto que possa atacar o ninho. Ele
aconteceu em um ninhal do Pantanal há muito também abre as asas sobre os filhotes para fa-
tempo, mas que até hoje ouvimos falar. zer sombra e protegê-los do calor. Os filhotes
Neste ninhal havia centenas de ninhos. abrem e fecham o bico e resmungam de fome.
Muita conversa se ouvia por lá... que algazarra! João: – Nossa, que calor! Fiquem quieti-
Tudo parecia estar correndo muito bem na agi- nhos debaixo das asas do papai para vocês fica-
tação do vaivém de pais e mães que se reveza- rem mais fresquinhos. A mamãe já vai chegar.
vam entre buscar comida e cuidar dos filhotes. (Um tempinho depois...)
Humm, parecia... mas nem tudo estava tão Clarinha chega ao ninho e diz: – Olha o
bem assim! Vamos ver o que acontecia no ninho que a mamãe trouxe para vocês!
do João Paizão e Clarinha? Vejam, eles têm três Um dos filhotes: – Obaaaaa, quantos
filhotinhos muito engraçadinhos e famintos! peixes!
Clarinha: – Trouxe traíra [Clarinha mostra
Cena 1 a traíra para o público (aponta para o aluno que
Clarinha chegando ao ninho muito can- representa a traíra e, em seguida, esse aluno
sada, trazendo vários peixinhos no bico. João entrega o peixe para Clarinha, que por sua vez
está no ninho, de sentinela, cuidando dos três entrega o peixe para um dos filhotes], cará, tu-
filhotes. Ele presta atenção a tudo, olhando ao vira, camboatá e sardinha [Clarinha deve mos-
redor para ver se não tem nenhum gavião ca- trar os tipos de peixes (cada peixe é um aluno)
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para o público e em seguida entregar os peixes que ir buscar peixes numa


para cada um dos filhotes]. lagoa mais distante. Ela
Os três filhotes batem na barriga e dizem volta para alimentar os filhotes muito cansada
juntos: – Humm que delícia, obrigado mamãe! e desanimada.
O filhote 1 bate com as mãos na barriga Pescador 1 (passando a peneira na su-
e diz: – Humm, eu adoro traíra, cará e tuvira! perfície da água): – Vamos pescar muito nesta
O filhote 2 bate com as mãos na barriga lagoa hoje!
e diz: – Humm, eu adoro traíra, cará, tuvira e Pescador 2 (passando a peneira na super-
camboatá! fície da água): – Vamos sim, está muito bom
O filhote 3 (Túlio Topete) bate com as de peixe!
mãos na barriga e diz: – Humm, eu adoro traíra, Pescador 3 (passando a peneira na super-
cará, tuvira, camboatá e sardinha, tudo, tudo! fície da água): – Vamos ficar o dia todo aqui,
Clarinha: – Nossos filhotes são muito co- para a gente levar muitos peixes!
milões! Eu estou cansada João! Na próxima vez Clarinha, ouvindo a conversa deles, diz:
você vai pescar João, eu fico. – Aaaaah não! Vou ter que ir buscar peixes
João Paizão: – Descanse um pouco Clari- numa lagoa bem longe, assim não dá!
nha, vai demorar para eles sentirem fome. Clarinha voa, voa, voa em busca de uma
Clarinha: – Mas você vai, né? outra lagoa, pesca vários peixes (vários alunos
João Paizão: (Coça a cabeça e diz): – serão os peixes, que deverão tentar escapar de
Humm... Clarinha, mas acabam sendo pegos por ela).
Clarinha: – Vai sim! Ela volta para o ninho muito cansada. Ela en-
João Paizão: – Clarinha, acho melhor eu trega os peixes para os filhotes. João Paizão ao
ficar para proteger nossos filhotes. vê-la tão cansada faz um carinho na cabeça
Clarinha (nervosa): – João, assim não dá! dela, com uma carinha de triste.
Eu estou cansada. Na próxima vez você vai! João: – Tem uma outra lagoa aqui perto.
João Paizão: – Clarinha, por favor... pre- Pode deixar que na próxima vez eu vou.Clari-
ciso ficar, pode ser perigoso para os nossos fi- nha fica mais feliz com a resposta dele.
lhotes. Você vai, tudo bem?
Clarinha (muito contrariada): – Tá bom, Cena 3
tá bom, tá bom! João sai para pescar. Clarinha, distraída,
nem percebeu a competição entre filhotes do
Cena 2 ninhal, com a participação de seu filhote Túlio
Clarinha sai voando para pescar numa Topete. Nesta competição, ganha aquele que
lagoa próxima, mas chegando lá avista três se afastar para mais longe do ninho. O prêmio é
pescadores de iscas com peneiras. Ao vê-los, ganhar um peixe do bico de Paulinha Pernalta,
Clarinha desiste de pescar nesta lagoa e tem a jovem mais formosa do ninhal que sabe
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dançar tango. Ao chegar da pescaria, João vê João (bem triste): –


Túlio Topete longe do ninho e fica apavorado Clarinha, desculpe, mas eu
(Túlio vai caminhando todo desengonçado não consigo...
sobre os galhos, se equilibrando e quase Clarinha (preocupada): – Por quê?
caindo por várias vezes. Ele caminha, olha e João: – Vou te contar... aconteceu quan-
joga beijinhos para Paulinha Pernalta, que faz do eu era apenas um filhotinho.
charminho enquanto segura o peixe que será Clarinha: – O quê? Conta João, o que foi?
o prêmio). Quando Túlio chega ao ninho,
recebe uma baita bronca do seu pai por estar
participando da brincadeira (à medida que vai Cena 4
sendo narrada, a cena deverá ser interpretada João vai contar para Clarinha seu trauma
com a participação de João, Clarinha, Túlio de infância. À medida que ele for contando,
Topete, dois ou três filhotes competidores e os acontecimentos e os pesadelos deverão
Paulinha Pernalta). ser encenados. Várias crianças podem ser os
Narrador: Então finalmente João sai para predadores (urubus, caracarás, jacarés e cobra
pescar e Clarinha fica no ninho, aleluia! Mas sucuri. A sucuri será representada por quatro
Clarinha é realmente muito distraída e nem per- crianças – cabeça e corpo articulado dividido
cebeu a competição entre filhotes do ninhal! em três partes, que deverá serpentear ao se
O prêmio da competição é ganhar um peixe aproximar do filhote).
do bico de Paulinha Pernalta, a jovem mais João (apreensivo): – Bem, eu era muito fi-
formosa do ninhal, que sabe dançar tango! lhotinho... nossa, não gosto nem de lembrar...
Ganha aquele se afastar para mais longe do Clarinha (nervosa): – Conta logo João,
ninho, que loucura! Caramba, quem é aquele desembucha!!
ali? É Túlio Topete, o filhote de Clarinha e João João: – Eu era praticamente um bebê
Paizão, minha nossa! João Paizão vai ter um quando aconteceu uma tempestade terrível!
piripaque... Meu pais abandonaram o ninho e voaram para
João Paizão: – Túlio, você nunca mais longe. Isso não acontece nunca, foi só naquela
faça uma coisa dessas! Você poderia ter vira- tempestade forte demais!
do almoço de jacaré! Agora fique aí de castigo Clarinha (assustada): – Meu Deus!!
olhando para o fundo do ninho, para pensar no João: – Logo que a chuva parou, começou
que você fez! o ataque dos predadores. Primeiro vieram os
Túlio Topete (muito contrariado e triste) urubus, caracarás e sucuris, que começaram a
diz: – Tá bom pai, tá bom, desculpe. comer os ovos dos ninhos (entram as crianças
Clarinha (bem brava): – João, você não interpretando os urubus, caracarás e sucuri co-
pode ser assim tão superprotetor! Isso é muito mendo os ovos). Depois atacaram os filhotes
ruim para os nossos filhotes. Logo eles terão (entram as crianças interpretando os caracarás
que voar e se virar sozinhos! comendo alguns filhotes. Os filhotes ao serem
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atacados deverão gritar: Aaaaaaaahhh! Ou so- pescar juntos!


corro! Ou então nãooooo!). João: – É isso aí,
Clarinha: – Que horror! Como você es- “bora”!
capou?
João: – Meus pais chegaram e me prote-
geram. Por pouco eu não viro prato feito de Cena 5
caracará! João finalmente sai para pescar com Clari-
Clarinha: – Que horror! nha. Após voar um pouco, descem numa ma-
João: – Mas até hoje tenho pesadelos ter- tinha onde Clarinha mostra para João uma mãe
ríveis. Sonho com nossos filhotes caindo do mutum com os seus filhotes. Ela explica para
ninho e sendo devorados por jacarés (entram ele a diferença entre os mutuns e os cabeças-
as crianças interpretando os jacarés devorando -secas, quanto à criação dos filhotes. Depois
os filhotes. Estes deverão gritar: Paaaiii, me sal- disso vão para uma baía pescar juntos e retor-
va!!). Em outros pesadelos eles caem do ninho e nam para o ninho com muitos peixes. Todos
são devorados por jaguatiricas (entram as crian- estão muito contentes porque João superou
ças interpretando as jaguatiricas devorando os seu medo. Agora, o ninho de João, Clarinha e
filhotes. Estes deverão gritar: Paaaiii, socorro!). filhotes é um ninho muito mais feliz!
Em outros, por sucuris (entram as crianças in- Clarinha e João sobrevoando a mata.
terpretando a sucuri devorando um filhote. Es- Clarinha diz: – João olha lá, olha lá!
tes deverão gritar: Paaaiii, me ajuda!!). João: – O quê? Que foi?
Clarinha (muito impressionada): – Nos- Clarinha: – Vamos descer, quero te mos-
sa, agora entendo você, João. Tudo o que pas- trar uma coisa!
sou... (Clarinha se aproxima de João, dá um João e Clarinha descem ao solo da mata,
abraço nele e diz: – João, tenho que contar bem devagarinho, e em silêncio se aproximam
uma coisa). de uma mãe mutum com os seus filhotes.
João: – O quê? Clarinha: – Olha, é uma mamãe mutum
Clarinha: – Eu também já tive vários me- com os seus filhotes! (Crianças encenando a
dos na vida, sei o quanto é difícil. mamãe mutum ciscando comida no chão e
João: – Caramba, você nunca me contou! seus filhotes serelepes, correndo de um lado
Clarinha: – Então, mas agora está tudo para o outro).
bem. E vou te dizer mais: vamos superar tudo João (indignado): – Ai meu Deus, é isso?
isso juntos, toca aqui (Clarinha e João cruzam O que é que a mamãe mutum tem a ver com
as asas entre si, de um lado e do outro, e de- nossa pescaria? (João põe a asa na cabeça e
pois batem as mãos fechadas em punho)! diz: – Só me faltava essa agora, admirar mamãe
João: – É isso aí Clarinha, “é nóisss”, mutum e seus filhotes em plena pescaria.
“tamo junto”! “Bora” pescar mulher!).
Clarinha: – Força João! Amanhã vamos Clarinha: – Calma João, não é isso! Deixa
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Sugestões de atividades pedagógicas para educadores inspiradas no livro “João Paizão”

eu te explicar. Ontem mesmo passei por aqui Um dos filhotes: –


e vi a dona Mutum botando ovos. Hoje eles já Obaaaaa, quantos peixes!
estão correndo e voando, pensa! João: – Trouxemos traíra (João pega o
João: – Caramba, que apressadinhos, peixe das mãos do(a) aluno(a) que represen-
hein! ta a traíra, mostra para o público, em seguida
Clarinha: – Isso acontece porque eles são entrega para um dos filhotes), cará, tuvira,
da família das galinhas. Já com a gente a coisa camboatá e sardinha (João deve mostrar os
é bem diferente porque somos da família das tipos de peixes para o público e, em seguida,
cegonhas! entregar para um dos filhotes).
João: – Ah, isso eu sei. Nossos filhotes Os filhotes batem na barriga e dizem
dão bem mais trabalho... juntos: – Humm que delícia, obrigado pai,
Clarinha: – Sim, nós ainda pequenos fica- obrigado mãe!
mos no ninho por uns dois meses, totalmente O filhote 1 bate com as mãos na barriga
dependentes dos cuidados de nossos pais... e diz: – Humm, eu adoro traíra, cará e tuvira!
Ei, não reclama não, João! Você também já foi O filhote 2 bate com as mãos na barriga
filhote um dia! e diz: – Humm, eu adoro traíra, cará, tuvira e
João: – É mesmo, tem razão... mas falan- camboatá!
do nisso, “bora” lá que temos que levar o jan- O filhote 3 (Túlio Topete) bate com as
tar para nossos filhotes. mãos na barriga e diz: – Humm, eu adoro traíra,
Clarinha: – “Bora”! cará, tuvira, camboatá e sardinha, tudo, tudo!
Narrador: E, assim, tudo ficou bem no
Cena 6 ninho de João Paizão e Clarinha. Os filhotes
João e Clarinha voam até uma lagoa, onde cresceram saudáveis e fortes e voaram com
pescam vários peixes (encenação da pescaria). seus pais. Hoje, João e Clarinha estão bem
Depois da pescaria, voam até o ninho, onde velhinhos e têm muitos netos, bisnetos e ta-
são recepcionados pelos filhotes. taranetos. Isso aconteceu muito tempo atrás,
João chega e diz: – Olha o que papai e mas até hoje a gente ouve falar.
mamãe trouxeram para vocês!
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Sugestões de atividades pedagógicas para educadores inspiradas no livro “João Paizão”

C) Algumas atividades
complementares
1. Peça para que os alunos proponham al- 2. Utilizando os figurinos confecciona-
gumas inserções na trama ou um final diferente dos para o teatro, peça aos alunos que mon-
para a história. Alguns exemplos: tem uma cadeia alimentar. Comece com quem
a) Túlio Topete foi participar de uma outra está no topo (a jaguatirica, por exemplo, come
brincadeira, escondido de seus pais, e se deu cabeça-seca, que come peixe, que come... ??).
muito mal. Foi foi bicado por um caracará, so- Pesquise com os alunos quais são os itens ali-
freu ferimentos, mas Clarinha chegou a tempo mentares dos peixes consumidos pelos cabe-
de salvá-lo; ças-secas. Os peixes mencionados na história
b) Túlio Topete foi participar de uma outra são: traíra, cará, tuvira, camboatá e sardinha.
brincadeira, escondido de seus pais, e quase se
deu muito mal! Maria Pernalta conseguiu afu- 3. Vamos imaginar que o homem faça uma
gentar o gavião urubutinga; obra na região do Pantanal e por causa dela o
c) João Pescador só consegue vencer o nível da água nas lagoas aonde os cabeças-se-
trauma de infância dele quando seus filhotes cas costumam ir pescar se tornasse muito baixo
já estão muito fraquinhos. Ao perceber que po- ou então muito alto, tão alto que a água chega-
deriam morrer, João, Clarinha e vários amigos ria no pescoço deles! O que poderia acontecer
saem desesperadamente em busca de muitos e nestas duas situações?
muitos peixes para conseguir salvá-los; a) Interpretem a cena dos cabeças-secas
d) Uma tempestade muito intensa obrigou pescando numa baia muito rasa. No início até
João Pescador e Clarinha a abandonar o ninho seria bom, porque haveria muitos peixes con-
por bastante tempo. Na ausência dos pais, o centrados numa baía, mas com o passar do
ninho sofre o ataque de predadores aéreos, tempo a quantidade de peixes deverá diminuir
mas os filhotes conseguem escapar dos gavi- e várias baías poderão secar permanentemente.
ões caracará e urubutinga. Depois disso, João Nessa última condição, os cabeças-secas terão
Pescador se convence de que eles já são capa- dificuldade de encontrar alimento suficiente
zes de se defender sozinhos; para alimentar seus filhotes.
e) Clarinha se cansa de tanto ir pescar so- b) Interpretem a cena dos cabeças-secas
zinha e perde a paciência com a insegurança e pescando numa baía muito cheia. Eles teriam
superproteção do João Paizão. Ela está quase muita dificuldade para se deslocar dentro da
decidida a pedir separação! Sentindo que po- água e seria bem mais difícil pescar os peixes
derá perder o grande amor da sua vida, João que precisam para alimentar seus filhotes.
Pescador se conscientiza que ele precisa mudar
de atitude para o bem de sua própria família.
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Sugestões de atividades pedagógicas para educadores inspiradas no livro “João Paizão”
Que peixe sou eu?
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Que peixe sou eu?
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Que peixe sou eu?
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Que peixe sou eu?
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Que peixe sou eu?
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Cabeça-seca
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Caracará
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Gavião urubutinga
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Gavião urubutinga
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Jacaré
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Jaguatirica
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Sucuri
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Sucuri
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Sucuri
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Mamãe Mutum
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Mutum filhote

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