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e pág. 1 – Revoada na Reserva de Desenvolvimento Sustentável do Piranha,


em Manacapuru (Amazonas), onde diversas espécies de aves nidificam em colônias
feitas nas árvores, usadas também como dormitório.

Págs. 2 e 3 – Guarás (Eudocimus ruber) em Cubatão (São Paulo), com seu colorido
vivo, que tinge de vermelho as árvores onde nidificam. Vivem em grandes bandos e
o ninho é construído tanto pelo macho como pela fêmea. Seus ninhais são muitas
vezes divididos com pássaros como o colhereiro e a garça-azul.

Págs. 4 a 7 – Ninhal de biguás (Phalacrocorax brasilianus) e biguatingas (Anhinga


anhinga), aves comuns no Pantanal mato-grossense, que constroem seus ninhos com
gravetos, em grandes colônias instaladas no alto das árvores, sobre rios e lagos.

Pág. 8 – Ninhos em colônias de japim (Cacicus cela). Os machos são maiores que as
fêmeas, e freqüentemente exibem as partes amarelas da plumagem e vocalizam ao
lado do ninho, diante das companheiras.

Págs. 24 e 25 – Campainha-azul (Porphyrospiza caerulescens) e seus filhotes.


Sumário

Os berços da vida no mundo das aves

Arte e Ciência

Histórias de Amor

Ninhos de aves brasileiras

Referências bibliográficas

Índice

A seqüência das famílias e a nomenclatura das espécies seguem o livro Ornitologia


brasileira (Sick, 1997), com algumas alterações propostas pelo Comitê Brasileiro de
Registros Ornitológicos (2005).
Os berços da vida no mundo das
aves

Ninho é berço, o recanto seguro que as aves constroem para depositar


seus ovos, chocá-los e criar os filhotes. Habilidades da natureza para a
perpetuação das espécies, cada espécie com as suas. O beija-flor, por
exemplo, faz seu ninho em lugares protegidos pela sombra, às vezes
sob árvores, em barrancos, mas também perto de residências, onde
busca esconderijos em ambientes calmos, ajardinados, e os encontra
nos emaranhados de trepadeiras e até em vasos de samambaia. Já o
sabiá escolhe lugares altos, gosta de montar seu ninho nas folhagens
inacessíveis dos troncos extensos, enquanto a arara-azul-de-lear, ave
considerada em extinção e que vive unicamente no Raso da Catarina,
na Bahia, escolhe o barranco, e o quero-quero, da mesma maneira
que o talha-mar, faz seu ninho direto no solo.

As corujas muitas vezes aproveitam-se das cavidades abertas nas


árvores pelos pica-paus, e lá criam seus filhotes. Há aves que
procuram a proteção dos espinhos de grandes cactos e há as que
preferem as fendas nas rochas. Os ninhos às vezes são simples, como
o das pombas, ou sofisticados, como o do joão-de-barro, que constrói
verdadeiros edifícios de barro, ou como, mais uma vez, o do beija-flor,
que usa teias de aranha, musgos e liquens para firmá-los.
Há ninhos construídos pelo macho, ninhos construídos pela fêmea e
ninhos construídos pelo casal. Em algumas espécies só a fêmea choca
os ovos, em outras, como a ema, só o macho, e em outras ainda a
tarefa é dividida entre os dois – e existem também os “solidários”, em
que várias fêmeas colocam seus ovos no mesmo ninho. A maioria das
aves constrói seu próprio ninho, mas algumas, como o chopim,
aproveitam-se do de outras espécies, deixando neles seus ovos para
serem chocados e os filhotes criados por outra mãe.

Cada casal em geral constrói seu próprio ninho e, para proteger suas
crias, desenvolve diferentes formas de camuflagem. É o caso do
urutau, também chamado mãe-da-lua, que bota seu ovo sobre um
tronco de mesma cor que a sua e lá fica com a cabeça erguida, como
se fosse uma extensão do galho.
Assim como as aves que procuram lugares calmos e protegidos para
criar os filhotes, há as que vivem em meio à algazarra: biguás,
biguatingas, guarás, socós e garças estão entre elas. Essas aves formam
grandes comunidades – já foram localizadas comunidades com mais
de 6 mil guarás – e nidificam em ninhais, ou seja, uma ou mais
árvores próximas usadas às vezes por centenas de aves, de uma ou
mais espécies, que misturam seus cantos e suas cores no lugar que
escolheram para chocar seus ovos.

Muitos e variados são os ninhos no mundo das aves. Este livro,


concebido pelo jornalista e fotógrafo Silvestre Silva, mostra um pouco
do que cada espécie tem a contar. Silvestre, autor dos livros Flores do
alimento, Frutas Brasil frutas e Frutas no Brasil, caminha há trinta anos
por matas, praias, serras, planícies, cerrados e sertões brasileiros,
captando em imagens as manifestações da vida natural. Em parceria
com instituições e pesquisadores de áreas especializadas, agrega às
suas buscas a informação científica, reunindo, guardando e
ampliando, assim, um conhecimento organizado que socializa por
meio de livros como este, em que divide a autoria das fotos com
Dante Buzzetti.

Além de fotógrafo e autor do texto deste livro, Dante é ornitólogo e há


muitos anos fotografa os ninhos e a vida das aves recém-nascidas,
encontradas por ele em seus estudos e pesquisas realizados em vários
locais do Brasil, em especial em suas viagens para prestar serviços de
consultorias envolvendo estudos ambientais. Pela especialidade, a
abrangência e, simultaneamente, a beleza das fotos, seu acervo, com
séries inteiras sobre a construção dos ninhos, o nascimento das
pequenas aves e o vôo destas para a vida adulta, é uma imensa
preciosidade.

O Brasil possui uma das mais diversificadas avifaunas do planeta, e


com este livro queremos apresentar esse mundo maravilhoso de
encantos e mistérios a partir de seus ninhos. Para sua realização,
contamos com o apoio do Ministério da Cultura, por meio de sua lei
de incentivo cultural, e gostaríamos de agradecer às empresas que o
patrocinaram, permitindo a sua realização: Jaakko-Pöyry, Kvaerner do
Brasil Ltda., Rhodia, Concórdia Corretora de Valores e Grupo Rede -
Empresas de Energia Elétrica.

Os editores
Arte e Ciência

Berços da vida – Ninhos de aves brasileiras é um livro ímpar. Ao


mesmo tempo que encanta o leitor leigo, curioso e interessado pela
natureza de nosso país, constitui uma obra de importância acadêmica,
sem dúvida indispensável para os cientistas que estudam a vasta
avifauna brasileira.

Neste livro, Dante Buzzetti e Silvestre Silva cumprem, por meio de


suas fotos, um duplo papel. Não apenas apresentam informações
científicas inéditas, nunca antes publicadas, como também colocam à
disposição do leitor, numa linguagem sem mistérios, uma enorme e
instigante massa de conhecimento que antes estava confinada às
publicações especializadas.

Difícil e desnecessário definir qual dessas virtudes é a maior, pois o


que realmente importa é que os dedicados esforços desses dois
fotógrafos apaixonados pela natureza resultaram numa inestimável
contribuição à ciência e à conservação do nosso meio ambiente. Ao
apresentarem ao leitor tanta beleza e tantos aspectos interessantes de
nossas aves, eles são capazes de obter, com tremenda eficiência, o
que muitas campanhas de conscientização popular não conseguem de
todo: despertar nas pessoas o desejo e o entusiasmo pela proteção à
natureza. Por outro lado, suas informações precisas, ricas e de
primeira mão constituem uma ferramenta útil e necessária para
subsidiar projetos e programas de conservação de espécies em perigo
e de ambientes ameaçados de destruição.

Sem querer estragar as surpresas e as preciosidades que o leitor


descobrirá ao percorrer as páginas deste volume, gostaria de apontar
alguns dos aspectos que tornam esta obra tão especial do ponto de
vista técnico e acadêmico.
Organizado no que os cientistas chamam de “seqüência taxonômica”
(isto é, em ordem crescente de complexidade evolutiva), este livro
aborda os aspectos reprodutivos de quase metade das noventa famílias
de aves que ocorrem no Brasil, incluindo praticamente todas as que
são importantes em termos de número de espécies e urgência de
conservação.

Estão aqui registrados ninhos de aves habitantes de cada um dos


grandes domínios naturais do país: Floresta Amazônica, Mata
Atlântica, Cerrado, Caatinga, Pantanal, Campos Naturais. Não foram
esquecidos, porém, ambientes criados pelo ser humano, como as
cidades, onde um número surpreendente de espécies consegue se
reproduzir.
As aves fotografadas incluem desde espécies presentes no dia-a-dia do
morador da grande cidade até aquelas tão raras que poucos
ornitólogos tiveram o privilégio de encontrar em campo. Quem diria
que a reprodução de aves tão comuns como o urubu-de-cabeça-preta,
o joão-de-barro, o sabiá-laranjeira e o pardal tivesse detalhes tão
interessantes? E que dizer do fascínio de testemunhar a privacidade
dos ninhos de aves tão espetaculares como a arara-azul-grande, o
tucanuçu e o tuiuiú, verdadeiros símbolos da exuberância tropical de
nossa avifauna?
Para o cientista, o livro de Dante e Silvestre reserva inúmeros tesouros,
pois traz informações exclusivas sobre a reprodução e a biologia de
espécies raras, ameaçadas e pouco conhecidas. Em alguns casos, os
ninhos aqui fotografados constituem o primeiro registro documentado
da espécie. Assim, nenhum ornitólogo conhecia os ninhos da
campainha-azul e do cardeal-de-goiás antes de as fotos deste livro
serem feitas.

Outros pontos altos do livro são as fotos do ninho de uma espécie


apenas recentemente reconhecida pelos cientistas, a choca-de-
sooretama, e as informações sobre aves de biologia reprodutiva quase
desconhecida, como o galito e o tiririzinho-do-mato, que talvez nunca
tenham tido seus ninhos fotografados antes. Aliás, a foto deste último
foi feita na Serra da Cantareira, às portas de São Paulo, a maior cidade
do país, o que demonstra o quanto é desconhecida nossa natureza e o
muito que ainda existe por descobrir.

Somem-se a tudo isso, ainda, as fotos de espécies ameaçadas de


extinção, como a arara-azul-grande, o curiango-do-banhado, a
noivinha-de-rabo-preto e o pássaro-preto-de-veste-amarela, e de aves
que só existem em nosso país, como a arara-azul-de-lear, o balança-
rabo-canela, o pintadinho e o brejal, cujo estudo e conservação são de
inteira responsabilidade dos brasileiros.

O resultado final é um amplo painel dos hábitos reprodutivos de nossa


avifauna, uma importante fonte de informações acerca da história
natural, tão pouco conhecida em regiões tropicais como o Brasil.
Impressiona neste livro a riqueza de detalhes sobre a reprodução das
aves. Comportamentos de corte, acasalamento e defesa de território,
tipos de ninhos e locais de construção, papel do macho e da fêmea na
construção do ninho, na incubação dos ovos e na criação dos filhotes,
colorido e número de ovos, comportamento dos filhotes, proteção da
prole contra predadores, todos esses temas merecem atenção na obra
e proporcionam ao leitor uma visão reveladora da vida e dos hábitos
de nossas aves, com toda a variação existente dentro desse fascinante
grupo animal.

Dante Buzzetti e Silvestre Silva realizaram um feito admirável: aliaram


o prazer estético da contemplação de belas fotos à perpetuação da
informação científica inédita e relevante. Produziram não apenas uma
obra de arte, mas um documento científico de valor permanente. Indo
mais além, o trabalho dos dois prova que arte e ciência podem (e
devem!) ser aliadas na luta pela conservação do maravilhoso
patrimônio natural do Brasil.

Martha Argel
Ornitóloga e ecóloga
Histórias de Amor

O que motiva esses dois senhores, um de quarenta e outro de sessenta


anos, a correr florestas, matas, rios, pântanos do Brasil inteiro,
andando quilômetros a pé, subindo serras, escalando árvores, algumas
de dez metros de altura, amoitando durante horas e horas para...
fotografar ninhos? Ninhos de passarinhos?

São muitas as respostas, mas a principal delas talvez se resuma a uma


palavra: Amor; assim, Maiúsculo; Amor pela Natureza.

Como todo Amor é exigente, os dois senhores desenvolveram com


sucesso algumas virtudes: paciência, humildade, resignação,
mansuetude etc. etc. Porque são, afinal, muitos fins de semana
comprometidos, despesas pesadas, terrível esforço físico à espera de
que minúsculos seres voadores, de alguns gramas de peso, concordem
em lhes revelar onde guardam suas maiores intimidades. Seus
tesouros.

Silvestre Silva e Dante Buzzetti: insólitos, poéticos caçadores de


ninhos. Ainda bem que o nosso Planeta pode contar com eles.
Essa história de realismo fantástico começou em 1999, quando
Silvestre, o mais velho, armou rede na varanda de uma fazenda em
Brumadinho, Minas Gerais, sua terra, e resolveu observar,
mineiramente, o nada. Mas o joão-garrancho, pássaro comum
naquelas plagas, insistia em despertar-lhe a atenção. Muito pequena, a
ave conseguia transportar gravetos que pareciam impossíveis de
carregar. “Que coisa...”, admirou-se o mineiro. “Onde será o ninho
dele?”
Meses depois, a imagem bucólica não lhe saía da mente. “Por que não
fotografar um grande número de ninhos, quem sabe fazer um livro?”
Autor de vários títulos, Silvestre, que faz da emoção, da arte, da
estética em particular, a inspiração maior da sua vida, decidiu, ainda
muito jovem, especializar-se em fotos de árvores, flores e frutos. Tinha
pouco mais de vinte anos e foi com alguma coragem que largou o
fotojornalismo tradicional para dedicar-se às imagens silvestres, à
Botânica. E logo começou a colecionar sucessos, seus trabalhos
expostos no Brasil e muito além. Tornou-se um autor importante na
área.

Registrar ninhos, porém, seria um trabalho diferente. Mas ele pensou:


aves e florestas dependem umas das outras; formam, com outros
elementos, o chamado Meio Ambiente, ou a Unidade, ou até, indo
mais longe, o Mistério da Vida. Qual a diferença, profundamente
falando, entre uma flor e um pássaro?
Dante Buzzetti
Silvestre Silva
Em pouco tempo, lá estava ele fascinado por aqueles seres especiais
da Natureza e seus refúgios, como a superzelosa coruja, mãe perfeita
que chega a procriar duas vezes ao ano, mas que nem sequer põe
ovos se o ambiente não se mostrar propício, se não houver alimento
em abundância. Tão diferente de outra mãe, a chopim, desnaturada,
pondo seus ovos no ninho da mãe tico-tico; e esta, extremosa como a
coruja, criando com igual desvelo seus próprios rebentos e os da
outra, vadia. O filhote chopim, em ninho de tico-tico, chega a ser
patético: enorme, negro, completamente diferente dos pequenos e
sarapintados irmãos adotivos. O flagrante dessa cena rara está aqui,
neste livro, registrado por Silvestre. Dê uma olhada na página 232.
Mas nem tudo foi assim, poesia pura. Os ninhos em geral são
encontrados apenas nos meses finais do ano, já que as cruzas ocorrem
na primavera. Mas, pense bem: quantas vezes na vida você descobriu,
por conta própria, um ninho?

Para encontrá-los, Silvestre usou de um recurso infalível: suas


andanças pelo Brasil, registrando imagens em matas e florestas, deu-
lhe, entre outras bem-aventuranças, uma extensa rede de
colaboradores fiéis. Gente simples dos cafundós, caipiras de poucas
letras, mas especialistas em achar ninhos de quase todas as espécies.
Gente, assim, que sabe piar como um sabiá, chamar pintassilgos,
encontrar uirapurus. Foram os guias de Silvestre para este trabalho
incrível.
Foi assim com o ninho do tucano, em Minas, no topo de uma
palmeira chamada macaúba. Um informante descobriu, ligou para
Silvestre em São Paulo e imediatamente ele viajou até lá. Mas como
chegar a vinte metros de altura? O jeito foi contar com andaimes de
uma obra próxima, que tiveram de ser ligados uns aos outros até o
objetivo. Uma trabalheira sem fim, mas valeu: lá estavam três ovos.
Quinze dias depois, a novela se repetiu, e a foto dos tucaninhos está
aí, para vocês se emocionarem (página 118).
Silvestre usa uma máquina Nikon convencional 35 mm, equipamento
leve. Aliás, para subir em árvores e andar por todos os matos
brasileiros, de norte a sul, durante uma semana seguida, às vezes,
Silvestre não pode passar dos seus orgulhosos sessenta e oito quilos.
Isso significa pouco vinho, que ele ama, e doces menos ainda. Mas é
pouco sacrifício diante da emoção de observar os xexéus, em plena
floresta amazônica, cujos pios e resmungos lembram comadres a
matraquear; ou a mãe coleirinha, que faz sombra com as asas para
proteger os filhotes do sol a pino no Vale do Ribeira, São Paulo.
Uma pesquisa dessas, pensou Silvestre, não ficaria pronta em menos
de dez anos de trabalho. E foi aí que procurou um parceiro à altura,
tão apaixonado como ele. “Tive muita sorte ao encontrar o Dante.”

Dante Buzzetti nasceu em Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul, muito


próximo à Natureza, aos ninhos. Muitos ninhos. Passou a infância
andando pelas matas à procura de segredos dos bichos. Vem daí sua
incrível facilidade de identificar cantos, pios e sinais dos pássaros. E
de achar ninhos em lugares improváveis, ou mesmo inimagináveis, e
sem que ninguém o ajude.
Dante possui um perfil profissional bastante interessante: cursou
Administração de Empresas e, para acompanhar sua vocação principal
de observador da Natureza, fez Biologia. Apesar de todos os
currículos, seu trabalho preferido é o de estudar as aves e seus ninhos.

Dante chegou ainda garoto a São Paulo, ao bairro do Brooklin, e


encantava seus amigos paulistanos com a incrível habilidade de
reconhecer cantos e explorar pistas de pássaros na cidade. E de imitá-
los, inclusive. Ele explica: “Para descobrir coisas numa floresta, você
tem de usar dez por cento de visão e noventa de audição. Na
Amazônia, mais ainda...”.
Chegou uma hora em que as pesquisas de Dante evoluíram tanto que
ele passou a tratá-las cientificamente. E cuidou de catalogar o som dos
pássaros usando, inclusive, alguns artifícios engenhosos, como criar
falsos concorrentes às espécies que ele gostaria de pesquisar. Ele
reproduzia um canto gravado e enganava os passarinhos, que são
territorialistas. Ao ouvir o canto de “outro” da mesma espécie, eles
vêm à luz, perdem até o medo do homem, para encarar o “invasor”. A
partir daí, basta acompanhá-los, para gravar-lhes o canto e/ou
descobrir-lhes o ninho. Dante gravou cantorias de mil e duzentas
espécies – e tem tudo devidamente catalogado. Ele é organizadíssimo.

“Minha preocupação sempre foi a de registrar, gravar”, ele diz. “As


imagens dos ninhos vieram paralelamente, de uma forma natural. Até
porque eu nunca pensei em fotografar e nunca fiz curso de fotografia.”

Imagine se tivesse feito. Sua primeira foto de ninho aconteceu em


1990, mas ele só admite que há apenas cinco anos é que começou a
descobrir as técnicas mais sutis, dos efeitos plásticos. Com uma
prosaica Canon EOS 5, Dante está sempre procurando o close, o que
torna seus registros mais difíceis. “Para mim”, ele continua, “o maior
trunfo é a descoberta do ninho em si, e não sua imagem.”
Quem fala agora não é o fotógrafo, mas o naturalista, o engenheiro, o
biólogo, o consultor super-requisitado para comandar estudos
ambientais: “O que me interessa mesmo é o comportamento das aves.
A ave deposita, nos ninhos que monta, todos os seus segredos. Ela
investe na camuflagem, para escapar dos predadores. Chega a fingir
que está ferida, para ludibriar o homem, quando se percebe
descoberta. Ao verificar o material que ela usa para compor seu
ninho, descobrimos o que existe em abundância na região. Na
verdade, quando você encontra o ninho, acaba sabendo tudo daquela
ave, mas também do ambiente. É emocionante quando os animais
aparecem, assim, sem reservas. Nesta situação, sua preocupação
maior é defender o ninho e a prole. E, ao fazê-lo, seus outros
interesses passam a segundo plano, até seu próprio instinto de
sobrevivência. Se o homem descobrir onde está o ninho, a ave perde a
distância de segurança. Mostra-se. Aceita o homem por perto. Mas, às
vezes, somente após uma longa negociação”.

Ele lembra as oito horas que esperou, no interior do Rio Grande do


Sul, para conseguir uma imagem da noivinha-do-rabo-preto no ninho.
Primeiro encontrou-o, o que não foi fácil; depois, montou o tripé e o
disparador. Foi obrigado a desprezar o foco – que virou loteria. Mas
Dante acertou na mosca e conseguiu a imagem, dê uma olhada na
página 164.
O mesmo aconteceu com o galito, no Cerrado do Brasil central. A
espera durou de cinco da manhã às cinco da tarde. E Dante rodou mil
e duzentos quilômetros de carro de São Paulo até Goiás, só para tentar
essas fotos (página 170).

Já aquele pica-pau (amarelo, do tamanho de um pombo, lindo), lá do


Maranhão, não se deixou fotografar. Dante usou seu único dia de folga
em quinze, no estudo de impacto ambiental que fazia, sobre uma
barragem, para correr atrás do bicho. Conseguiu descobrir o ninho
com um filhote dentro; fotografou-o (página 120) e passou o dia
inteiro à espera da mamãe pica-pau que rodeou, rodeou, mas não
chegou nem perto.

Para encontrar um beija-flor, o balança-rabo-canela, que só existe no


sul da Bahia (páginas 98 e 99), Dante pegou avião e alugou carro. Mas
valeu mesmo: o balança-rabo-canela é uma espécie ameaçadíssima de
extinção. Só vive na floresta. Faz o ninho em uma determinada folha
de uma certa palmeira, desde que ela esteja pendendo sobre um
riacho. Se não houver essas exatas condições ambientais, ele não se
reproduz. “Esta é a relevância maior do meu trabalho”, afirma Dante.
“Uma informação assim, por exemplo, é valiosíssima para a
conservação e o manejo ambiental.”
Dante Buzzetti
Sobre o andaime: Silvestre Silva
Esse delicado beija-flor é, das espécies que ele encontrou, a que está
em situação mais crítica. Pode acontecer com ela, daqui a algum
tempo, o que ocorreu com a arara-azul-pequena, que não é vista
desde 1837. Isso, para quem trabalha com aves, ou para qualquer um
de nós, se tivermos um mínimo de sensibilidade, é uma dor jamais
aliviada. Um pedaço do planeta, um pedaço nosso, que deixou de ser.
Daí a sensação inefável que esses senhores sentem ao achar um ninho
jamais encontrado. É o caso do campainha-azul, da Serra da Canastra
(páginas 24/25, 224 e 225). Ou do tiririzinho-do-mato, na Serra da
Cantareira (página 162). Dante Buzzetti foi o primeiro a lhes revelar a
intimidade.

Há outras sensações de sonho quase êxtase nesse trabalho de busca


poético-científica. Foi o que Dante sentiu ao flagrar, parado no ar, um
caçula. É uma das menores aves do mundo, habitante de Rondônia, às
margens do rio Guaporé. Possui apenas cinco gramas de peso. Dê
uma olhada na foto da página 146: lá está mamãe caçula levando
comida e, próximo dela, o filhote esfomeado, de bico aberto.

Dante Buzzetti garante que não é possível imaginar a sensação que se


tem ao conseguir uma imagem assim. Mas é engano dele. Nós todos
vamos sentir sensações parecidas ao folhear este livro, espécie de
homenagem ao Amor Maiúsculo.

Fernando Portela
Família Rheidae

As emas caracterizam-se pela poligamia, na qual um macho convive


com várias fêmeas. Na primavera e no verão, época da reprodução, o
macho reúne um grupo de três a seis fêmeas e estabelece um
território, defendendo-o e expulsando qualquer outro macho que se
aproxime.
Para nidificar, o macho prepara, numa depressão no solo, uma
plataforma de ramos e folhas secas com cerca de dois metros de
diâmetro e vinte centímetros de altura, que forra com suas próprias
plumas e onde as fêmeas põem os ovos. É o macho que incuba os
ovos e se encarrega de todos os cuidados com a prole.

Quando está no ninho, o macho freqüentemente deixa cair o pescoço


esticado sobre o solo, conseguindo desta forma uma camuflagem
bastante eficiente. Se algum predador se aproxima ele emite um sibilar
semelhante ao de uma cobra, com o bico aberto, e em seguida se
levanta e abre as asas em atitude atemorizadora, perseguindo, bicando
e muitas vezes expulsando um predador maior a pontapés.

A ema é a maior ave brasileira. Ela chega a atingir 1,60 metro de altura
e a pesar 34 quilos, e não voa, mas pode correr a sessenta quilômetros
por hora. Vive em bandos nas paisagens abertas do interior do Brasil,
principalmente no Cerrado e nos campos do sul do país.
O ninho da ema (Rhea americana), preparado pelo macho, costuma ter de dez a
trinta ovos, de diferentes fêmeas.
Família Tinamidae

Uma das características mais marcantes da família dos macucos e das


perdizes é que os cuidados com a incubação dos ovos e com os
filhotes são tarefas exclusivamente masculinas, o que é pouco comum
entre as aves. Com hábitos terrícolas, algumas espécies florestais de
grande porte empoleiram apenas para dormir. Como o ninho é feito no
solo, algumas dessas aves podem chegar a voar dezenas de metros
para entrar e sair dele, em vez de caminhar, para não deixar rastros,
protegendo-o dos predadores que se orientam pelo olfato. Seus ovos
são em geral coloridos e brilhantes, parecendo porcelana, e os
filhotes, horas depois de nascer, já são capazes de caminhar atrás do
pai e de se esconder dos predadores.
Em cima, o macho da perdiz (Rhynchotus rufescens) chocando no ninho construído
sobre moitas de capim. Várias fêmeas da espécie costumam usar um mesmo ninho
para pôr seus ovos e o macho, ao ausentar-se, cobre o ninho com penas arrancadas
de seu próprio abdômen, para camuflá-lo, como mostra a foto de baixo.
Ovos esverdeados de macuco (Tinamus solitarius), e arroxeados de perdiz
(Rhynchotus rufescens).
O macuco costuma pôr de dois a três ovos em ninhos feitos ao lado de troncos de
grandes árvores no interior da mata. Muitas vezes, ao incubar, o macho esconde a
cabeça sob as asas, para se camuflar. Ao deixar o ninho, cobre os ovos com folhas
secas.
Família Ardeidae

Uma das imagens mais fortes que permanecem na lembrança de


quem visita um manguezal ou lugares como o Pantanal é a algazarra e
a mistura de cores e cantos das aves em revoada ou pousadas uma ao
lado da outra nas copas das árvores. A garça e o socó, que nidificam
em ninhais que muitas vezes abrigam aves de diferentes espécies
numa mesma ou em várias árvores próximas, estão entre elas. Essas
aves, com suas pernas compridas, o pescoço fino e o bico longo e
pontiagudo, alimentam-se principalmente de peixes e insetos que
espreitam à beira d’água e de caranguejos que encontram na lama da
maré vazante dos manguezais.
Uma família de garças-brancas-grandes (Casmerodius albus) em ninhal construído
na vegetação sobre a água. Os ninhais muitas vezes contam com centenas de
ninhos.
O ninho e o filhote da garça-azul (Egretta caerulea). A ave constrói uma plataforma
de gravetos sobre as árvores do mangue. Os filhotes deslocam-se pela ramaria do
entorno do ninho mesmo antes de estarem totalmente emplumados.
Ninho e filhote do savacu-de-coroa (Nyctanassa violacea), uma espécie típica dos
manguezais que costuma nidificar nos mesmos ninhais que a garça-azul e a garça-
branca-grande.
O adulto e, abaixo, o ninho.
O mesmo ninho no ambiente e na árvore em que foi construído.
Família Threskiornithidae

A curicaca é uma das aves mais conhecidas da família, à qual


pertence também o guará. É vista freqüentemente aos bandos, com
sua plumagem multicolorida e seu grito característico, onomatopéico,
no entorno de fazendas, inspecionando o solo úmido com seu bico
longo e curvo, à procura de minhocas, aranhas, gafanhotos e lagartos.
O casal constrói seu ninho em locais de difícil acesso e geralmente a
boa altura do solo, em reentrâncias de paredões rochosos, no alto de
buritis e até mesmo sobre casas abandonadas.
O ninho da curicaca (Theristicus caudatus) com dois filhotes. A fêmea põe dois ovos
bastante alongados, com intervalo de vários dias, e a incubação é iniciada após a
postura do primeiro ovo, de forma que os filhotes não nascem ao mesmo tempo. Na
foto, observa-se uma nítida diferença de idade entre eles.
Família Ciconiidae

Ave-símbolo do Pantanal mato-grossense, onde pode ser observada em


grande quantidade, o tuiuiú pertence à família das cegonhas.
Alimenta-se de peixes, caramujos, caranguejos, rãs e até cobras, que
captura com seu possante bico em poças d’água formadas durante a
época de vazante nas áreas alagáveis. Seu tamanho avantajado e a
silhueta singular, semelhante a uma pessoa quando avistada de longe,
valeram-lhe o nome popular de joão-grande.
Ao contrário das garças, que nidificam em colônias, os tuiuiús (Jabiru mycteria)
fazem seus ninhos no alto das grandes árvores, isoladamente. Essas aves utilizam o
mesmo ninho – uma grande plataforma de galhos e gravetos onde põem de dois a
quatro ovos brancos – por vários anos seguidos, “reformando-o” e incorporando
material novo a cada ano. Na base do ninho instalam-se freqüentemente outras aves
para nidificar, entre elas a caturrita e o pássaro-preto ou graúna.
Família Cathartidae

As várias espécies de urubu têm como principal alimento os animais


mortos, que muitas vezes são devorados por grandes grupos reunidos.
Mas o fato curioso de extraírem da morte a sua própria vida não os
torna mais simpáticos aos olhos humanos, ainda que esses hábitos
alimentares lhes confiram um importante papel sanitário por retirarem
do ambiente os cadáveres em decomposição. Os urubus possuem
olfato muito desenvolvido e visão aguçada, sentidos utilizados na
localização de suas presas. Planam com destreza, aproveitando-se de
correntes ascendentes de ar, o que os faz atingir grandes alturas.

Os urubus-de-cabeça-preta não forram seus ninhos, põem geralmente


dois ovos diretamente no solo, em local abrigado no interior da mata,
sob uma grande rocha ou debaixo de troncos caídos. Os filhotes
permanecem no ninho por cerca de oitenta dias. Quando algum
predador se aproxima, tanto os filhotes quanto os adultos emitem um
grito rouco gutural com a intenção de afugentá-lo. Os filhotes emitem
também um sibilar semelhante ao de uma cobra, que provavelmente
tem a mesma função. Nessa situação, tem-se a rara oportunidade de
ouvir um urubu emitir algum som, uma vez que em geral são
praticamente mudos.
Em cima, ovos de urubu-de-cabeça-preta (Coragyps atratus), já vazios. Embaixo, os
filhotes recém-nascidos. Eles nascem com uma espessa penugem cor creme e só
depois de um mês começam a aparecer as primeiras penas pretas nas asas.
Os mesmos filhotes, prestes a deixar o ninho.
Família Accipitridae

Os gaviões são aves de rapina, caçadores por excelência, que com sua
visão e audição bastante aguçadas, garras e bicos fortes, capturam e
manipulam suas presas. As espécies de maior porte apanham
principalmente aves, cobras e mamíferos, e algumas também comem
peixes. As espécies menores preferem insetos e pequenos artrópodes.
O gavião-real (Harpia harpyja) é a ave de rapina mais possante do mundo. Chega a
ter quase um metro de altura, dois metros de envergadura e pode pesar até nove
quilos. Caça principalmente aves e mamíferos de porte avantajado, como mutuns,
araras, preguiças e até filhotes de veados e porcos-do-mato. Seu ninho é uma imensa
plataforma de gravetos construída nas árvores mais altas da floresta. Põe dois ovos,
mas geralmente apenas um dos filhotes sobrevive. A potência descomunal do
gavião-real, com suas garras impressionantes, evidencia-se na imagem ao lado, do
adulto que chega ao ninho carregando um macaco preso apenas por um dos pés.
Um sovi (Ictinia plumbea) no ninho construído com gravetos sobre galhos grossos,
em forma de forquilha. Exímio caçador de insetos, que apanha com os pés e leva ao
bico em pleno vôo, é migratório no centro-sul do Brasil, de onde se ausenta no
inverno, reaparecendo na primavera para se reproduzir.
O gavião-caboclo (Heterospizias meridionalis), em pleno vôo na foto, vive em áreas
campestres e pousa freqüentemente sobre mourões de cerca, nas horas mais quentes
do dia, de onde espreita cobras e lagartos.
Como a maioria das espécies da família, constrói seu ninho em locais isolados, no
alto de árvores, como nas fotos e, no detalhe.
Família Falconidae

Com uma longa cauda e pernas compridas, o falcão-relógio é uma das


maiores espécies de sua família, que inclui o falcão-peregrino, o
acauã e o carcará. Vive na floresta, onde voa, corre e pula no solo e
nos galhos com agilidade. Alimenta-se de aves, pequenos mamíferos e
insetos, que caça no interior da mata. É bastante ativo no crepúsculo,
principalmente no entardecer, quando também emite seu longo canto,
uma nota repetida por minutos a fio, em intervalos constantes, da qual
deriva seu nome popular. Constrói o ninho em cavidades no interior
de ocos de árvores. No Pantanal, utiliza as mesmas cavidades que as
araras-azuis-grandes, geralmente ocos do manduvi.
Falcão-relógio (Micrastur semitorquatus) em seu ninho, construído num oco de
árvore.
Família Opisthocomidae

O nome cigana vem da plumagem chamativa dessas aves e dos


movimentos que fazem, abrindo e levantando as asas bem alto
quando perturbadas. A cigana vive em bandos sobre a vegetação que
cresce ao longo dos rios da Amazônia. Alimenta-se exclusivamente de
matéria vegetal, principalmente folhas, o que é um fato raro entre as
aves. Ao nidificar, constrói seu ninho em arbustos sobre a água,
formando pequenas colônias em igarapés ou braços de rios. Os
filhotes nascem com “garras” no encontro das asas, adaptação
impressionante que permite desde cedo o deslocamento sobre a
vegetação no entorno do ninho. Quando caem na água, nadam,
mergulham e utilizam as “garras” para subir novamente na ramaria.
Em cima, a cigana (Opisthocomus hoazin), com seu topete sempre eriçado.
Embaixo, os ovos no ninho de gravetos construído em arbusto sobre a água.
Família Rallidae

Ao contrário dos patos, o frango-d’água não tem adaptações nos pés


para a vida aquática, mas, assim como eles, nada muito bem. Vive em
todo o Brasil, em lagoas e brejos com abundância de vegetação
aquática, onde encontra alimento. É aí também que ele constrói o
ninho, uma plataforma flutuante de folhas encaixada na vegetação.
Seus filhotes, poucos dias depois de nascerem, já caminham pela
vegetação no entorno do ninho.
O frango-d’água (Gallinula chloropus) põe cerca de sete ovos no ninho construído
sobre a vegetação flutuante.
Família Eurypygidae

Único representante de sua família, o pavãozinho-do-pará é uma


espécie tipicamente amazônica, que vive no entorno de lagoas e rios.
Pousa geralmente em galhos e troncos caídos sobre a água e alimenta-
se de insetos e pequenos peixes, que captura junto às margens dos
rios. A fêmea põe de um a dois ovos no ninho feito na vegetação
acima da água, e a incubação e o cuidado com os filhotes são
divididos por ambos os pais. Desde pequenos, quando ameaçados,
abrem as asas e mostram um desenho na plumagem em que
sobressaem dois grandes “olhos” que podem intimidar um possível
predador.
Ninho do pavãozinho-do-pará (Eurypyga helias), construído sobre galho horizontal,
na vegetação acima da água, amalgamado com barro, raízes e folhas umedecidas.
O adulto chocando.
Família Cariamidae

As seriemas vivem aos pares, e revezam-se no choco e nos cuidados


com a prole. Quando os filhotes nascem, o casal fica extremamente
zeloso e ataca qualquer um que se aproxime do ninho, perseguindo o
intruso com as penas do corpo arrepiadas e emitindo altos gritos. Essas
aves passam o dia no solo, à procura de insetos, pequenos roedores e
cobras, que, segundo a crença popular, são seu alimento preferido.
São rápidas no chão e raramente voam, mas constroem seus ninhos no
alto das árvores, aos quais chegam pulando de galho em galho entre a
ramagem. Seu canto alto e melodioso, entoado em dueto pelo casal,
pode ser ouvido a grande distância e é um dos sons mais típicos do
Cerrado, em especial ao amanhecer e no final da tarde.
Em cima, os ovos da seriema (Cariama cristata), no ninho construído com gravetos
colocados sobre galhos grossos. Embaixo, filhotes no ninho que costuma ser forrado
com barro ou esterco de vaca.
Casal de seriemas pronto para defender o ninho.
Família Jacanidae

As jaçanãs habitam brejos e banhados, principalmente onde a


vegetação aquática é abundante, e alimentam-se de insetos, pequenos
moluscos e peixes, que apanham entre os aguapés e outras plantas
flutuantes. São bastante irrequietas, levantam as asas e vocalizam com
freqüência quando algum animal ou pessoa se aproxima, e os machos
defendem seus ninhos com bastante vigor. Seus ovos são colocados
diretamente sobre a vegetação aquática, com pouca ou nenhuma
forração no ninho, e possuem um colorido amarelado, com riscos
pretos, permitindo boa camuflagem num ambiente exposto e
ensolarado. Os filhotes nascem com os dedos muito longos e logo são
capazes de andar sobre a vegetação flutuante. Eles nascem com a
plumagem mais discreta que a dos adultos, e só depois de um ano
adquirem o colorido chamativo de seus pais.
Em cima, ovos da jaçanã (Jacana jacana) colocados sobre a vegetação aquática.
Embaixo, os filhotes, com suas pernas altas e dedos longos e finos, que permitem
que caminhem sobre a vegetação aquática sem afundar.
O adulto com suas cores exuberantes.
Família Charadriidae

No interior do país, o quero-quero é muito estimado pelos


fazendeiros, pois atua como sentinela, emitindo fortes gritos
onomatopéicos que soam como “quero-quero”, ao menor sinal
estranho no ambiente. Eles habitam áreas abertas de todo o Brasil,
incluindo as cidades, onde fazem seus ninhos em parques e até em
campos de futebol.

O quero-quero põe de três a quatro ovos, e o casal divide os cuidados


com a incubação e os filhotes. Quando está nidificando, torna-se
extremamente agressivo, atacando pessoas ou qualquer animal que se
aproxime, até aqueles de tamanho avantajado, como vacas e cavalos.
Além de gritar bastante, realiza vôos rasantes sobre o intruso,
afugentando-o. O quero-quero possui um esporão vermelho no
encontro das asas, semelhante à espora de um galo, que também pode
ser utilizado contra possíveis predadores que se aproximem de seu
ninho.
Acima, ovos de quero-quero (Vanellus chilensis) no ninho construído no solo, entre a
vegetação rasteira, onde a ave reúne pedrinhas e capim seco para forração. Embaixo,
o filhote, que nasce com uma penugem parda, manchada de preto, e ao menor sinal
de perigo agacha-se e fica imóvel, perfeitamente camuflado.
O quero-quero em área gramada, seu ambiente preferido.
Família Rynchopidae

Aparentado às gaivotas e aos trinta-réis, o talha-mar ou corta-água vive


ao longo dos grandes rios e estuários de todo o Brasil. Quando se
alimenta, voa rente à água com a parte inferior do bico parcialmente
mergulhada. Sua mandíbula é muito mais comprida que a maxila e é
utilizada para localizar junto à superfície da água pequenos peixes e
crustáceos, dos quais se alimenta. Seus filhotes nascem com uma
penugem da cor da areia, o que lhes confere uma camuflagem
bastante eficiente, e ficam sempre agachados no fundo do ninho,
exceto quando recebem alimento dos pais.
Em cima, um filhote de talha-mar (Rynchops niger) camuflado na areia e diante de
um adulto, embaixo.
O ninho escavado na areia de uma praia fluvial do rio Araguaia, com três ovos
pardos com pintinhas pretas, que se camuflam perfeitamente na areia.
Família Columbidae

Uma das aves mais comuns nas cidades, o pombo foi imortalizado
como símbolo da paz pelo traço de Picasso, no final da década de
1940. Muitas raças de pombo-doméstico são criadas em cativeiro, por
sua beleza e seu canto, por suas habilidades acrobáticas, que os
tornaram personagens habituais nos chapéus dos mágicos, ou, ainda,
como o pombo-correio, por seu senso de direção e capacidade de
voar centenas de quilômetros e voltar ao ponto de partida, levando
informações, estratégias e sobretudo notícias aos soldados nas guerras.
Todas as espécies brasileiras de pombos constroem ninhos pouco
elaborados: apenas uma plataforma rala de ramos ou folhas sobre a
qual põem um ou dois ovos, geralmente brancos. Mas são muito
férteis: há espécies que chegam a ter seis ninhadas por ano.
A avoante ou ribaçã (Zenaida auriculata).
Constrói seu ninho com pequenos ramos e gravetos em áreas abertas, no solo ou
sobre um arbusto.
Um filhote recém-nascido, com o corpo coberto por uma penugem fina e
amarelada.
O ninho da pariri (Geotrygon montana) é uma plataforma de folhas sobre bromélias
ou sobre uma folha seca de palmeira, que fica a pouca altura do chão, no interior da
floresta, como nas fotos destas páginas. A fêmea põe dois ovos rosados, que são
incubados por ambos os pais. Se perturbada no ninho, a pariri pode fingir estar
ferida, voando para o solo e batendo as asas na intenção de afastar um possível
predador.
Família Psittacidae

As aves desta família estão entre as mais conhecidas e admiradas do


país, pela beleza de sua plumagem e pela habilidade de algumas delas
de imitar a voz humana. No Brasil, ocorrem mais de oitenta espécies.
A maioria delas tem hábitos gregários, vivendo em bandos dos quais
os casais se separam no período da reprodução. Uma vez formado, o
casal em geral se mantém unido por toda a vida. Nidificam em
cavidades que muitas vezes são alargadas e preparadas com seu bico
possante. As espécies maiores geralmente utilizam grandes ocos em
árvores mortas, como buritis e outras palmeiras, e as espécies menores
escavam os ninhos em galhos mortos e em cupinzeiros. O tuim ocupa
freqüentemente ninhos de joão-de-barro abandonados.

O tempo de incubação dos ovos é de aproximadamente dezoito dias


para espécies pequenas, como o tuim, e pode atingir até trinta dias
para as araras, período semelhante ao de outras aves de grande porte.
Araras-azuis-grandes (Anodorhynchus hyacinthinus) no Pantanal mato-grossense,
onde gostam de nidificar em ocos do manduvi, árvore que oferece cavidades
amplas. Dessa forma, o casal pode permanecer junto no ninho.
A arara-azul-de-lear (Anodorhynchus leari), é uma espécie muito rara que vive
somente no nordeste da Bahia e é bastante visada pelo tráfico internacional de aves
silvestres.
Constrói seu ninho em cavidades nos paredões rochosos do Raso da Catarina, na
região de Jeremoabo.
Revoada de araras-azuis-de-lear sobre os licuris, palmeiras que produzem os
coquinhos dos quais se alimentam.
As caturritas (Myiopsitta monachus), são exceção dentro da família: constroem um
ninho volumoso, um verdadeiro “condomínio” de gravetos onde cada casal possui
seu “apartamento”.
O casal de jandaias-de-testa-vermelha (Aratinga auricapilla) escavou seu ninho em
um galho morto de guapuruvu, árvore de galhos grossos e madeira mole, utilizada
por vários periquitos e maritacas para nidificar.
O papagaio-verdadeiro (Amazona aestiva) costuma fazer o ninho em cavidades nas
árvores, mas no Parque Nacional das Emas (Goiás), onde há poucas árvores de
grande porte, aproveitou uma cavidade escavada por um pica-pau-do-campo num
cupinzeiro terrestre para instalar seu ninho. Embora sejam muito barulhentos, os
papagaios ficam extremamente silenciosos no entorno do ninho, como ocorre na
maioria das espécies da família.
Família Tytonidae

Cosmopolita, a suindara é uma coruja que vive em praticamente todos


os ambientes abertos do Brasil e que se adaptou bem ao entorno
humano, prestando um grande serviço ao caçar enorme quantidade de
roedores nocivos. Rapineira, alimenta-se de camundongos e outros
roedores, que muitas vezes engole inteiros, sem deixar restos. Mas não
digere totalmente sua presa: algum tempo depois, regurgita ossos e
pêlos em forma de pelotas. Constrói o ninho em cavernas ou sob
construções abandonadas ou pouco freqüentadas, como galpões,
caixas-d’água e torres de igrejas, razão pela qual é também conhecida
popularmente como coruja-da-igreja.
Pelotas que contêm ossos e pêlos não digeridos e regurgitados pelas suindaras (Tyto
alba). Essas pelotas são encontradas no local de pouso da coruja e perto de seu
ninho.
Filhotes de suindara.
Família Strigidae

Por terem olhos grandes e observadores, e comportamento muito


particular, as corujas simbolizavam a sabedoria na Grécia Antiga. Com
hábitos noturnos, usam sua audição aguçada para localizar na
escuridão insetos, roedores e outras presas, que capturam com suas
garras fortes e afiadas, e seguram com seu bico encurvado antes de
devorá-los.

A maioria das corujas brasileiras faz seu ninho em cavidades no


interior de troncos de árvores, exceto as espécies de maior porte, que
em geral nidificam no solo. Como as demais corujas, a corujinha-do-
mato não escava seu próprio ninho. Ela nidifica em cavidades já
existentes, tanto em troncos mortos como em cupinzeiros.
A corujinha-do-mato (Otus choliba) inspecionando o entorno do ninho.
Família Nyctibiidae

O canto triste e melancólico do urutau, emitido amiúde nas noites de


lua cheia, valeu-lhe também o nome de mãe-da-lua e inspirou o
imaginário popular na criação de mitos, lendas e canções, pois as
pessoas sempre ouvem seu canto, mas quase nunca conseguem vê-lo.
Ave muito bizarra, de hábitos noturnos, que se alimenta de insetos, o
urutau possui uma impressionante capacidade de camuflagem: pousa
na ponta de um galho em postura ereta, de forma que seu corpo imita
perfeitamente o prolongamento do galho no qual está pousado. Além
disso, sua pálpebra superior tem duas fendas que funcionam como um
“olho mágico”, permitindo que enxergue com os olhos fechados,
detalhe exclusivo de sua família e que torna a camuflagem ainda mais
perfeita durante o repouso em seu poleiro diurno.
Com sua incrível capacidade de camuflagem, o urutau (Nyctibius griseus),
confunde-se tanto na cor como na forma com o tronco em que pousou.
A fêmea bota um único ovo diretamente sobre a reentrância de um galho ou tronco
(abaixo), e tanto ela como o macho chocam o ovo e ali criam o filhote. Desde cedo
ele aprende a se camuflar como os pais, mantendo os olhos fechados, esticando o
pescoço e apontando o bico para cima ao menor sinal de perigo.
Família Caprimulgidae

Aves noturnas, muito ativas no crepúsculo logo após o pôr-do-sol, os


curiangos e os bacuraus alimentam-se exclusivamente de insetos que
apanham abrindo sua enorme boca em pleno vôo, auxiliados por
penas pontiagudas ao redor do bico, que lembram pêlos e facilitam a
captura de mariposas e besouros. Têm plumagem discreta, marrom,
castanha ou cinzenta, o que facilita sua camuflagem durante o dia,
período em que estão em repouso. Nos caminhos ou estradas de terra,
em noites de lua cheia, são muitas vezes confundidos com pequenas
pedras, assustando as pessoas que se aproximam sem notá-los, ao
levantarem vôo e pousarem logo à frente. Em geral o casal participa
dos cuidados com a incubação dos ovos e com a prole, que varia de
um a dois filhotes, mas em algumas espécies essa tarefa é apenas da
fêmea.
Em cima, um ovo de curiango no ninho, colocado diretamente sobre o solo;
embaixo, os filhotes, que nascem cobertos por uma penugem espessa, macia como
algodão, camuflados entre as folhas secas.
A fêmea do curiango (Nyctidromus albicollis), cujo nome é onomatopéico, imitando
o som de seu canto. Essa ave noturna pode ser ouvida em fazendas e campos por
todo o Brasil e até mesmo no entorno de cidades.
O curiango-do-banhado (Eleothreptus anomalus), uma espécie pouco comum e de
hábitos ainda quase desconhecidos, vive nos remanescentes de Campos Naturais do
sul e sudeste do Brasil, principalmente no estado do Paraná. As fotos à esquerda
mostram a fêmea (abaixo) e dois filhotes recém-nascidos (acima), com as cascas dos
ovos ainda no ninho.
O ninho e filhotes entre as moitas de capim.
Família Apodidae

Com sua plumagem escura, as asas extremamente afiladas e a cauda


geralmente curta, os andorinhões são muitas vezes confundidos com
morcegos ou andorinhas. Passam boa parte de suas vidas cruzando os
céus à procura de insetos. A maioria tem hábitos gregários, reunindo-
se em grandes grupos para pernoitar em paredões de rocha sob
cachoeiras. Seus pés possuem adaptações especiais, com quatro dedos
orientados para a frente e unhas bastante fortes, o que lhes permite
agarrar superfícies verticais rugosas. Em contrapartida, são incapazes
de pousar em galhos ou fios. Seus ninhos em geral são presos a
superfícies verticais ou colocados sobre pequenas plataformas, em
reentrâncias de paredões rochosos. Costumam pôr de três a cinco ovos
brancos e a incubação é realizada pelo casal.
O ninho do andorinhão-estofador (Panyptila cayennensis), uma estrutura tubular
impermeável bastante elaborada, amalgamada com saliva, painas, sementes de
embiruçu e penas de outras aves, semelhante a um feltro. Colado ao tronco rugoso
das árvores mais altas da floresta, o ninho possui um orifício de entrada na parte
inferior e, em seu interior, uma pequena plataforma aderida à parede, onde são
depositados os ovos, que assim ficam completamente protegidos de predadores e da
chuva. O ninho é utilizado também pelo casal como dormitório, fora do período
reprodutivo.
A tesourinha (Tachornis squamata), que faz seu ninho sob as folhas do buriti ou da
carnaúba, com as penas que arranca do dorso das pombas e de outras aves,
bicando-as em pleno vôo. Os filhotes desde pequenos possuem unhas fortes e pés
bem desenvolvidos, agarrando-se às folhas ásperas do buriti, no entorno do ninho.
Na seqüência, o ninho com ovos e os filhotes do andorinhão-do-temporal (Chaetura
meridionalis), que nascem cegos e sem penugem, e só após vários dias começam a
apresentar os primeiros sinais de penas. Entre os meses de setembro e janeiro, no sul
e sudeste do Brasil, a ave recolhe em pleno vôo, nas copas das árvores, pequenos
pedaços de galhos secos e “cola” o material com sua própria saliva, que ao secar
adere à parede. Muitas vezes constrói seu ninho no interior das chaminés das casas,
pouco usadas nessa época do ano.
Família Trochilidae

Uma das aves mais encantadoras do Brasil, o beija-flor é capaz de


parar no ar, com suas asas batendo muito rapidamente, enquanto se
alimenta do néctar das flores. É a única ave que voa para trás. Os
beija-flores são exclusivos das três Américas e, das cerca de 320
espécies existentes, mais de oitenta foram registradas no país, em
particular na Mata Atlântica e nos campos rupestres do Brasil central.

Seus ninhos são delicados e bem elaborados, construídos em geral


com material macio, como a paina e o algodão, mas, dependendo da
espécie, também com raízes, filamentos de folhas de palmeiras,
pequenas fibras e sementes de compostas (plantas aparentadas à
margarida). Os ninhos são quase sempre envolvidos por teias de
aranha, delicadamente colocadas para mantê-los coesos e fixá-los aos
galhos ou folhas. No revestimento externo do ninho, os beija-flores
demonstram imensa criatividade, utilizando materiais como liquens de
diversas cores e formatos, musgos, pequenos pedaços de cascas de
árvores, folhas secas e até casulos de insetos. É difícil encontrar seus
ninhos, pois, além de serem muito pequenos, em geral ficam bem
camuflados entre os galhos e as folhas secas.

O conhecimento do comportamento reprodutivo das espécies mais


raras e ameaçadas de extinção, como o balança-rabo-canela, envolve
informações sobre o tipo de ambiente onde nidificam, o local onde
encontram alimento para os filhotes e o material que usam na
construção do ninho. Esses dados são imprescindíveis para embasar
medidas de conservação dessas espécies e do ambiente onde vivem.
O ninho do beija-flor-grande-do-mato (Ramphodon naevius) em geral pende de
folhas como a do palmito e costuma ser construído perto de riachos no interior da
Mata Atlântica litorânea. É composto de raízes trançadas e muitas folhas secas, e
todo o material é envolto por teias de aranha e ornamentado muitas vezes com
liquens cinzentos.
O ninho do balança-rabo-canela (Glaucis dohrnii), beija-flor muito raro e ameaçado
de extinção, encontrado atualmente apenas nos remanescentes de florestas virgens
do sul da Bahia, como no Parque Nacional de Monte Pascoal e na Estação Veracruz,
em Porto Seguro, onde foi fotografado. Construído às margens de riachos no interior
da floresta, a poucos metros do solo, pendente na ponta da folha de uma palmeira
ou filodendro, o ninho é composto de raízes trançadas, fibras vegetais e folhas secas
envoltas por teias de aranha e é ornamentado na parte externa com liquens verde-
claro. A fêmea põe um ou dois minúsculos ovos brancos, e alimenta os filhotes em
pleno vôo, pairando ao lado do ninho. Ela costuma usar um galho seco como
poleiro, e de lá vigia seus filhotes, ausentando-se apenas para procurar alimento.
Entre os chamados beija-flores da sombra, que vivem em ambientes pouco
iluminados no interior da floresta, são comuns os ninhos construídos na ponta das
folhas, como o do balança-rabo-de-bico-torto (Glaucis hirsuta), à direita, onde o
ninho e filhotes passam facilmente despercebidos, como se fossem um amontoado
de folhas secas.
O besourinho-da-mata (Phaethornis ruber), um dos menores beija-flores brasileiros,
escolhe cuidadosamente o local da floresta onde vai nidificar: a fêmea testa várias
folhas pendurando-se com os pés, para verificar a que melhor suportará o peso dos
filhotes. Nas estações reprodutivas consecutivas, é comum que construa um novo
ninho ao lado do anterior.
O beija-flor rabo-branco-de-garganta-rajada (Phaethornis eurynome), que
ornamenta as bordas e o interior do ninho com um líquen avermelhado chamado
Spiloma roseum, que com a ação do calor tinge os ovos de rosado durante a
incubação. À esquerda, fêmea choca os ovos com a cauda levantada e o bico
apontado para cima, postura bastante característica em ninhos pendentes.
Típico das matas do sudeste do Brasil, o beija-flor-de-fronte-violeta (Thalurania
glaucopis) constrói o ninho, à direita, sobre galhos de arbustos a pouca altura do
solo, com pequenas fibras de xaxim e samambaiaçu, o que lhe confere uma cor
marrom-avermelhada. A câmara onde ficam os ovos é forrada com fibras macias,
geralmente paina, e toda a estrutura do ninho é envolvida por teias de aranha e
ornamentada externamente com liquens cinzentos e musgos.
À esquerda, o beija-flor-de-garganta-verde (Amazilia fimbriata); à direita, um ninho
encontrado no Cerrado, e que, ao que tudo indica, pertence ao beija-flor-de-orelha-
violeta (Colibri serrirostris).
O ninho do beija-flor-de-peito-azul (Amazilia lactea), com os ovos e os filhotes.
Dois filhotes do beija-flor-preto (Anthracothorax nigricollis), que coloca liquens
cinzentos na parte externa do ninho, proporcionando uma camuflagem perfeita com
o galho sobre o qual está instalado.
Entre os beija-flores, a construção do ninho, a incubação dos ovos e os cuidados
com os filhotes são sempre tarefas femininas. Acima, uma fêmea de beija-flor-verde
(Polytmus theresiae) pousa atenta na borda do ninho, e abaixo, os filhotes esperam
por comida com o bico aberto.
Os beija-flores são muito ariscos quando constroem seus ninhos ou chocam seus
ovos, e em geral afastam-se rapidamente do local com a aproximação de intrusos.
No caso do beija-flor-de-costas-violetas (Thalurania watertonii), se a aproximação é
lenta, a fêmea prefere confiar na sua camuflagem, deixando-se fotografar a menos de
um metro de distância, como abaixo. Acima, o mesmo ninho com dois ovos.
É comum encontrar o besourinho-de-bico-vermelho (Chlorostilbon aureoventris),
com sua plumagem verde-brilhante, em jardins, varandas e pomares da zona rural.
Ele em geral constrói o ninho sob barrancos, à beira de estradas ou junto a riachos, e
eventualmente no interior de construções pouco freqüentadas, como celeiros e
galpões, usando como suporte fios de eletricidade ou arames pendentes no teto. A
principal característica do ninho é a presença de pequenos pedaços de cascas de
árvores revestindo toda a parte externa, como na foto.
O ninho do beija-flor-de-garganta-azul (Chlorestes notatus), revestido de musgos
verdes, folhas secas e um líquen branco semelhante a uma linha de costura.
O ninho do beija-flor rabo-branco-de-sobre-amarelo (Phaethornis pretrei): à
esquerda, filhotes com cerca de doze dias; à direita, com vinte dias e já parcialmente
emplumados, perto de deixar o ninho.
O ninho do beija-flor rabo-branco-de-sobre-amarelo (Phaethornis pretrei): dois
filhotes recém-nascidos, ainda com os pedaços das cascas dos ovos no ninho, e a
fêmea chocando junto a uma lâmpada. Este beija-flor vive em áreas abertas do
interior, perto das matas ciliares, mas também se adaptou ao entorno humano e às
vezes nidifica em cômodos pouco freqüentados, aproveitando algum suporte
pendente do teto. Constrói um novo ninho a cada postura, próximo ao anterior,
como na foto, ou até mesmo sobreposto.
Família Galbulidae

Vistosos, com plumagem reluzente e bico longo, muitas vezes os


bicos-de-agulha são confundidos com os beija-flores, apesar de serem
bem maiores e terem a cauda em geral mais comprida. Alimentam-se
exclusivamente de insetos, principalmente borboletas, libélulas,
cigarras e pequenos besouros, que apanham em pleno vôo. Elegem
um poleiro preferencial e de lá espreitam os insetos que passam,
realizando vôos rápidos e capturando-os com seus bicos pontiagudos.
Os pais constroem juntos o ninho, escavando o solo com o bico e
removendo o material com os pés. Geralmente escolhem os barrancos
às margens de rios e riachos no interior da floresta, e aí cavam uma
longa galeria que leva até a câmara que abriga de dois a quatro ovos
brancos. Eles também dividem as tarefas da incubação dos ovos e da
criação dos filhotes.
A maioria dos galbulídeos não usa forração no ninho, mas o bico-de-agulha-de-
rabo-vermelho (Galbula ruficauda) às vezes forra a câmara com as carapaças de
insetos dos quais se alimenta, que emitem um brilho metálico verde ao serem
iluminadas no fundo da cavidade escura, como mostra a foto à esquerda.
O local do ninho e a ave adulta.
Família Ramphastidae

Entre as quatro espécies de tucanos existentes no Brasil, o tucanuçu é


a maior e mais conhecida. Seu bico descomunal e vivamente colorido
e seu comportamento irrequieto o tornaram uma das aves mais
admiradas do país. Embora sejam essencialmente frugívoros, os
tucanos comem também carne e são saqueadores inveterados dos
ninhos de outras aves, alimentando-se dos ovos e dos filhotes, razão
pela qual são bastante temidos por outras espécies. Os filhotes do
tucanuçu nascem sem penugem, com os olhos fechados, e possuem
uma calosidade no calcanhar que protege o pé e auxilia na
locomoção dentro do ninho. Os pais alimentam os filhotes com
muitos frutos e também com grandes percevejos e cigarras.
O tucanuçu (Ramphastos toco) em geral constrói seu ninho em cavidades de
árvores, mas pode também aproveitar o ninho abandonado de um pica-pau-do-
campo, no interior de um grande cupinzeiro terrestre, ampliando o orifício de
entrada e ali se instalando para nidificar.
No interior de Minas Gerais, foi encontrado um ninho no oco de um tronco seco de
macaúba que havia sido atingida por um raio. Um casal de tucanuçus (Ramphastos
toco) ampliou a cavidade por dentro e forrou-a com lascas de madeira da própria
macaúba e sementes de frutos. Os três ovos brancos foram incubados por cerca de
dezoito dias.
Os ovos e os filhotes recém-nascidos no oco da árvore.
Família Picidae

Desde meados dos anos 50, quando apareceu pela primeira vez na
televisão, o pica-pau se transformou em um dos maiores clássicos da
animação, provocando o riso e cativando as crianças com suas
trapalhadas. Seu topete de penas, o bico pontudo e o hábito incomum
de subir pelos galhos são características que ficaram na memória das
pessoas.

Os pica-paus têm garras fortes, com dois dedos virados para frente e
dois para trás, que utilizam para escalar verticalmente os troncos. Com
sua língua extremamente longa, exploram orifícios na madeira à
procura de insetos e larvas. Usam o bico possante para escavar o
cerne dos troncos e galhos mortos, construindo cavidades para
pernoitar e nidificar. Em geral, forram a cavidade com pequenos
pedaços de madeira mole, obtidos durante a escavação, e põem de
dois a quatro ovos brancos, dependendo da espécie. As cavidades
feitas pelos pica-paus são usadas como ninho e local de abrigo por
outras aves e também por outros animais, como mamíferos, anfíbios e
répteis.
Um filhote do pica-pau-amarelo (Celeus flavus) prestes a deixar o ninho.
Casal de picapauzinhos-verde-carijós (Veniliornis spilogaster). A fêmea está na
entrada do ninho segurando no bico uma larva de inseto, um dos principais
alimentos oferecidos aos filhotes.
Família Thamnophilidae

Os pássaros desta família vivem aos casais, são em geral florestais e


bastante territorialistas. Os machos têm cores diferentes das fêmeas, e
com seu canto bem compassado e repetido marcam e defendem com
vigor o território, diante da presença de outros da mesma espécie.
Muitos são conhecidos como formigueiros ou papa-formigas, pois
seguem com freqüência as grandes correições de formigas que se
deslocam pela floresta. Mas não é das formigas que se alimentam, e
sim dos insetos e outros animalejos espantados por elas. A maioria das
espécies constrói cestinhos abertos atados a dois galhos em forma de
forquilha horizontal, onde põem dois ovos brancos, manchados de
castanho. O tempo de incubação dos ovos varia de catorze a dezoito
dias, como ocorre com a maioria dos pássaros.
O casal de chorós-boi (Taraba major) se reveza na incubação dos ovos e nos
cuidados com a prole. Seu ninho é um cesto profundo, construído na ramaria densa
da floresta. Na página ao lado, o macho (em cima) e a fêmea chocando (embaixo).
O ninho com um ovo e um filhote recém-nascido.
Ninho de choca-barrada (Thamnophilus doliatus).
A fêmea da choca-de-sooretama (Thamnophilus ambiguus) no ninho.
O pintadinho (Drymophila squamata) vive na porção litorânea da Mata Atlântica
que acompanha a costa brasileira, e constrói o ninho bem perto do solo, no interior
da floresta úmida e sombria. A fêmea trabalha na construção de um cestinho
profundo, elaborado com folhas secas de taquara, crina vegetal e musgos verdes que
cobrem toda a parte externa do ninho. Os filhotes são alimentados com grilos,
aranhas, pequenos gafanhotos e lagartas.
A choquinha-lisa (Dysithamnus mentalis), à esquerda, constrói o ninho com crina
vegetal (um tipo de fungo que forma longos fios negros), raízes e bastante musgo na
parte externa, além de pedaços macerados de teias de aranha e folhas secas, que
ficam pendentes embaixo do ninho, melhorando sua camuflagem.
O papa-formigas-de-grota (Myrmeciza loricata), vive no interior da floresta.
Diferente da maioria dos pássaros de sua família, instala o ninho sobre uma
plataforma de ramos e gravetos, colocada diretamente sobre o solo da mata. Ao
sentir a presença humana, o papa-formigas-de-grota sai do ninho voando baixo e
gritando bastante, com a intenção de desviar a atenção e afastar o intruso de perto
de seu ninho.
O papa-formigas-vermelho (Formicivora rufa) vive em áreas abertas, capoeiras e
bordas de mata, e constrói seu ninho no interior de moitas de capim entremeadas
com arbustos. Como a maioria das espécies aparentadas, este passarinho necessita
de ramos firmes, em forma de forquilha, para fixar seu ninho.
Detalhe do filhote no ninho.
Família Formicariidae

Com sua plumagem discreta, olhos grandes e pernas compridas, o


tovacuçu é um pássaro tímido que vive no interior da floresta sombria:
é um mestre na camuflagem e raramente pode ser observado.
Desloca-se com habilidade pelo solo e pousa sobre troncos e galhos
grossos, de onde emite seu canto semelhante ao de uma coruja,
geralmente no crepúsculo, razão pela qual é conhecido popularmente
como boca-da-noite. Constrói seu ninho em cavidades de troncos,
com entrada ampla, a pouca altura do solo, mas na falta de cavidades
pode utilizar uma touceira de bromélias como suporte. Em geral põe
dois ovos de coloração verde, bastante chamativa. O casal se reveza
na incubação e alimenta os filhotes com minhocas e outros
invertebrados capturados sob as folhas secas no solo da mata.
O tovacuçu (Grallaria varia) mostra sua técnica de camuflagem. Quando algum
intruso se aproxima do ninho, vira a cabeça lentamente até que seu bico fique
apontado para o possível predador, e dessa forma muda completamente sua silhueta.
Quem o observa nessa posição chega a duvidar de que ali possa estar uma ave.
Um filhote e um ovo que não eclodiu. Os ovos falidos são retirados do ninho pelos
pais após alguns dias.
Família Conopophagidae

Com suas pernas longas e cauda curta, os cuspidores e chupa-dentes


são aves que vivem perto do solo, em ambientes sombrios no interior
da mata. Seu nome popular deriva de sons que emitem quando macho
e fêmea se comunicam no escuro da floresta. O cuspidor-de-máscara-
preta constrói o ninho geralmente sobre bromélias e samambaiaçus, a
menos de um metro de altura, e o casal se reveza na tarefa de incubar
os ovos: o macho permanece no ninho pela manhã, e a fêmea à tarde
e à noite. O chupa-dente constrói uma plataforma alta de folhas e
ramos secos, entre galhos de arbustos.
Dois ovos no ninho do cuspidor-de-máscara-preta (Conopophaga melanops).
O macho, à esquerda, e a fêmea no ninho incubando os ovos, à direita. A plumagem
da fêmea é mais discreta que a do macho, o que favorece sua camuflagem quando
está no ninho.
Quando os filhotes de chupa-dente (Conopophaga lineata) deixam o ninho, possuem
uma plumagem escura, diferente da dos pais, o que facilita sua camuflagem entre as
folhas secas do chão da mata (embaixo). Em cima, a fêmea chocando.
Dois filhotes no ninho.
Família Furnariidae

A família dos furnarídeos congrega grandes construtores de ninhos.


Alguns fazem ninhos de barro, outros de gravetos, e outros ainda
constroem ninhos em cavidades escavadas em barrancos e troncos
com madeira mole. Os ninhos são quase sempre fechados. O membro
mais ilustre e popular da família é o joão-de-barro. Tanto o macho
quanto a fêmea desse passarinho trabalham na construção do ninho,
trazendo pacientemente no bico fragmentos de barro úmido que
apanham no solo após as chuvas. O casal freqüentemente canta em
dueto ao lado do ninho, que leva cerca de vinte dias para ficar pronto,
e onde depositam três ou quatro ovos brancos, sem máculas. Há várias
lendas que tratam do joão-de-barro: a mais conhecida delas relata que
um macho poderia lacrar uma fêmea infiel viva dentro do ninho.
Embora sem fundamento, essas crendices demonstram como é grande
a popularidade desse pássaro.
O joão-de-pau (Phacellodomus rufifrons), também conhecido como joão-garrancho
ou joão-graveto, em geral faz seu ninho pendurado na ponta dos galhos, em árvores
isoladas à beira de estradas e em pastagens nas fazendas.
O tamanho avantajado do ninho ajuda a ocultar o local onde ficam os ovos. O casal
muitas vezes constrói entradas falsas e saídas de emergência em vários pontos da
estrutura, com a intenção de ludibriar eventuais predadores. Em geral o ninho é
utilizado o ano todo como dormitório pelo casal e muitas vezes abriga toda a
família, incluindo filhotes já crescidos, de várias ninhadas.
Em muitos casos, o joão-de-barro (Furnarius rufus) constrói vários ninhos lado a lado
ou sobrepostos, e cada um deles corresponde a uma postura distinta do mesmo
casal, ao longo de vários anos. Como são muito territorialistas, essas aves não
permitem que outro casal da mesma espécie chegue perto de seu ninho.
O casaca-de-couro-amarelo (Furnarius leucopus), embaixo, é parente bem próximo
do joão-de-barro, e assim como ele constrói ninhos de barro firmemente assentados
sobre galhos, geralmente perto dos rios. A diferença entre os ninhos desses dois
pássaros está em geral no material empregado na construção e na cor do ninho. O
casaca-de-couro-amarelo utiliza o barro das margens dos rios misturado com muita
matéria vegetal, o que confere ao ninho uma coloração mais escura.
O ninho do pichororé (Synallaxis ruficapilla), pode ser instalado tanto no solo,
camuflado entre os ramos secos de uma árvore caída, quanto no alto das árvores,
entre a vegetação emaranhada de cipós e folhas no interior da floresta. Ele é feito
com um amontoado de gravetos, e tem forma de retorta, com um pequeno orifício
de entrada numa das extremidades. A câmara que contém os ovos fica escondida no
meio dos gravetos e é forrada com folhas verdes bem macias e aromáticas.
O arredio-pálido (Cranioleuca pallida) constrói um ninho esférico feito de ramos,
raízes e folhas secas, com entrada lateral e geralmente colocado sobre um galho
grosso ou uma plataforma sólida. Na falta de local mais abrigado, pode instalar seu
ninho na varanda de um sítio, aproveitando o suporte de um lustre.
Família Dendrocolaptidae

Os arapaçus sobem pelos troncos como os pica-paus, à procura de


insetos e pequenos invertebrados escondidos sob as cascas das árvores
e entre as bromélias. Embora possuam um bico longo e forte, não
escavam a madeira como os pica-paus, mas aproveitam as cavidades
já existentes para dormir e nidificar. São muito ativos no crepúsculo,
cantam bastante na alvorada e ao entardecer, e são ariscos e difíceis
de observar perto do ninho, principalmente as espécies que vivem no
interior da floresta.
O arapaçu-rajado (Xiphorhynchus fuscus) forra o ninho com fragmentos de cascas de
árvores e põe dois ovos brancos, manchados de marrom. Desde pequenos, os
filhotes agarram-se verticalmente aos troncos com firmeza.
Família Tyrannidae

Com mais de duzentas espécies, esta é a maior família de aves do


Brasil, e seu representante mais conhecido é o bem-te-vi. Muitas delas
são chamadas popularmente de papa-moscas, por terem predileção
por insetos. A grande diversidade de tamanho e cor dos tyranídeos se
reflete também nos ninhos: alguns são abertos, em forma de cestos,
cuidadosamente decorados; outros são fechados e globulares,
instalados sobre plataformas sólidas; e outros ainda ficam pendentes
como bolsas e são muito bem camuflados com musgos, liquens, raízes
e folhas.
Pesando apenas cinco gramas, o caçula (Myiornis ecaudatus) é uma das menores
aves do mundo. Vive na Amazônia, no interior da floresta, onde constrói um
minúsculo ninho esférico pendente na ponta de um galho e camuflado sob uma
folha. Assim que ouvem o barulho das asas dos pais, os filhotes abrem o bico para
receber a comida.
O bem-te-vi-rajado (Myiodynastes maculatus), ao contrário de seu primo mais
famoso, constrói o ninho em cavidades de árvores, como mostram as fotos à
esquerda e embaixo. Ele migra para o norte do país no outono e no inverno,
retornando ao sul e sudeste na primavera, para nidificar.
O risadinha (Camptostoma obsoletum), no ninho feito sob um barranco, camuflado
no meio das folhas de uma samambaia.
A noivinha-branca (Xolmis velata) habita as paisagens abertas e freqüentemente
aproveita a cavidade escavada por pica-paus em cupinzeiros para nidificar. Voa com
habilidade e às vezes paira no ar, como na foto, para inspecionar o entorno do
ninho.
E só então pousa para alimentar os filhotes com insetos e pequenas lagartixas.
O chibum (Elaenia chiriquensis) constrói uma pequena tigela sobre galhos e
forquilhas de arbustos, feita de raízes e teias de aranha.
Um adulto chega ao ninho para alimentar o filhote.
A guaracava-de-barriga-amarela (Elaenia flavogaster) costuma utilizar liquens
cinzentos na decoração da parte externa do ninho, conferindo coesão ao material e
excelente camuflagem com o galho no qual está instalado.
O ninho do patinho (Platyrinchus mystaceus) é apoiado em galhos finos, bem perto
do chão da mata, e revestido externamente com folhas secas de taquarinhas. Estas
são previamente umedecidas e coladas uma a uma, de maneira que, quando secam,
dão rigidez a toda a estrutura. A parte interna é forrada com crina vegetal.
O adulto chocando; embaixo, os filhotes no ninho.
O cabeçudo (Leptopogon amaurocephalus) vive no interior da floresta e constrói um
ninho volumoso, pendente na ponta de raízes sob barrancos, confeccionado com
musgos e raízes. A parte interna do ninho é muito macia e acolchoada, forrada com
o algodão dos frutos de paineiras e embiruçus, como mostra a foto abaixo.
Um dos pais traz no bico uma esperança para alimentar os filhotes.
Nesta página, abaixo, a guaracava-de-bico-pequeno (Elaenia parvirostris) chocando
no ninho construído sobre os ramos de uma araucária.
Os ovos abrigados sobre as penas que forram o interior do ninho.
O enferrujado (Lathrotriccus euleri) aproveita cavidades em troncos para nidificar,
conseguindo assim boa proteção contra a chuva e o vento.
O ninho do amarelinho (Inezia subflava) é uma estrutura pouco elaborada, feita de
raízes e teias de aranha, firmemente instalada sobre galhos secos de árvores caídas
nas margens dos rios da Amazônia. Quando está incubando os ovos, como na foto
abaixo, a avezinha confia muito em sua camuflagem, permanece imóvel mesmo se
uma pessoa chega bem perto do ninho.
A maria-branca (Xolmis cinerea) pode construir seu ninho sobre o pilar de
sustentação de uma varanda (em cima) ou sobre os galhos de uma árvore (embaixo).
Os pais caçam ativamente no campo e trazem insetos, aranhas e até mesmo
pequenas cobras para alimentar os filhotes.
A tesoura (Tyrannus savana) é uma ave migratória, que passa os meses frios no norte
do Brasil e chega ao centro-sul em meados de setembro para nidificar. O macho
monta sentinela ao lado do ninho, enquanto a fêmea incuba os ovos.
O ninho do tiririzinho-do-mato (Hemitriccus orbitatus), descoberto na Serra da
Cantareira, no estado de São Paulo, mostrado aqui provavelmente pela primeira vez,
é uma pequena bolsa pendente feita de musgos, ramos secos e cascas de árvores,
muito bem camuflada no sub-bosque da floresta.
O ferreirinho (Todirostrum cinereum), à esquerda, e o sebinho-de-olho-de-ouro
(Hemitriccus margaritaceiventer), à direita, constroem seus ninhos como bolsas
pendentes, com entrada lateral protegida por um “alpendre”. Por serem fechados, os
ninhos oferecem proteção contra a chuva e também contra predadores, pois ovos e
filhotes não ficam visíveis.
Devido à índole desconfiada e ao comportamento extremamente arisco da noivinha-
de-rabo-preto (Heteroxolmis dominicana), é muito difícil localizar seu ninho.
Essa ave, que vive no sul do país e nidifica no interior de banhados, mantém uma
estreita ligação com o pássaro-preto-de-veste-amarela, atuando como sentinela
quando ambos procuram alimento em campo aberto.
A maria-preta-ribeirinha (Knipolegus orenocensis), constrói seu ninho nas ilhas
fluviais do rio Araguaia, entre as raízes aquáticas que ficam expostas durante o
período de seca.
A maria-preta-de-bico-azulado (Knipolegus cyanirostris) chocando, no ninho
camuflado entre musgos.
Os arbustos sobre a água, nos brejos e lagoas, servem de base para os ninhos da
lavadeira-de-cabeça-branca (Arundinicola leucocephala), que utiliza muitas penas
de garças e de outras aves paludícolas para forrar a parte interna do ninho.
Antes presente apenas no nordeste do Brasil, a lavadeira-mascarada (Fluvicola
nengeta) vem ampliando sua distribuição e adaptou-se bem ao entorno das chácaras
e fazendas da zona rural do sudeste do país. Constrói seu ninho nas árvores dos
quintais, em vasos de plantas e até mesmo no interior de um galpão, sobre fios de
arame enrolados, como na foto. O casal canta em dueto ao lado do ninho, abrindo
as asas e a cauda, exibindo-se mutuamente para marcar seu território.
Os caneleiros-pretos (Pachyramphus polychopterus) constroem um volumoso ninho
esférico com entrada lateral, instalado entre galhos. Na foto, tirada no sertão de
Pernambuco, o ninho foi construído sobre uma planta urticante e revestido com um
material bastante incomum: peles de cobras decoravam toda a parte externa do
ninho, provavelmente com a função de afastar eventuais predadores.
As fotos são talvez as primeiras imagens conhecidas do ninho do galito (Alectrurus
tricolor), pássaro que habita os campos úmidos do centro-sul do Brasil, ambiente
bastante ameaçado pela expansão agrícola. O ninho, construído sob moitas de
capim, com raízes e folhas de gramíneas secas, é revestido internamente com penas,
onde a fêmea põe três ovos brancos. Os galitos não formam casais.
A cauda do macho é incomum, achatada na vertical como a cauda de um avião, e é
exibida em vôos acrobáticos para atrair a fêmea durante o acasalamento. A fêmea
depois constrói o ninho, incuba os ovos e cuida dos filhotes sozinha.
Família Pipridae

Uma das aves mais curiosas dessa família é o tangará, também


conhecido como dançarino, pois ele ”dança” para atrair as fêmeas:
uma de suas características é formar uma espécie de arena onde vários
machos cantam, dançam e exibem sua plumagem vivamente colorida
para a fêmea. O tangará não forma casais, a fêmea escolhe um
parceiro entre os vários machos que se exibem e depois, sozinha,
constrói o ninho, incuba os ovos e cuida dos filhotes.
O soldadinho (Antilophia galeata) vive no Brasil central, ao longo das matas que
acompanham os rios. Como em todas as espécies da família, a fêmea se ocupa
sozinha da construção do ninho e dos cuidados com os filhotes. O ninho é uma
tigela rasa, construída geralmente em arbustos sobre a água. São usadas folhas secas
na estrutura, várias delas “coladas” na parte externa do ninho, o que confere ótima
camuflagem e proteção aos ovos.
O tangará (Chiroxiphia caudata) vive na Mata Atlântica do sudeste e do sul do Brasil,
e seu ninho é um pequeno cesto atado a dois galhos horizontais em forma de
forquilha, forrado internamente com gavinhas espiraladas. O local preferido de
nidificação são as ramagens pendentes sobre riachos, no interior da floresta. Na
página ao lado, embaixo, o ninho aparece no centro da foto.
As fêmeas têm plumagem verde e alimentam os filhotes principalmente com frutos.
O tangará macho, com sua plumagem colorida.
Família Cotingidae

O tropeiro é uma das aves mais características da Amazônia. Sua


plumagem não é vistosa, mas o canto forte é ouvido durante todo o
dia, a grandes distâncias, à semelhança do que ocorre com a
araponga, pássaro da mesma família. Por isso o tropeiro é bem
conhecido pelo povo amazônico, e é chamado também de cricrió ou
seringueiro. Seu ninho é pouco elaborado, construído a média altura
no interior da floresta, e geralmente é instalado sobre uma pequena
plataforma.
O ninho do tropeiro (Lipaugus vociferans), encontrado na Serra do Cachimbo, sul do
Pará. Ele está construído sobre uma minúscula touceira de orquídeas, onde a fêmea
incuba um único ovo. A estrutura é composta apenas de algumas gavinhas, de
maneira que o ovo mal se equilibra no ninho.
Família Hirundinidae

As andorinhas são famosas por realizarem anualmente migrações,


cruzando os céus em grandes bandos. Algumas espécies reúnem-se
aos milhares em seus locais de pouso e pontos de parada, fato
bastante conhecido pela população de cidades do interior de São
Paulo, como São José do Rio Preto e Campinas. Nesta última, as
andorinhas são tidas como ave-símbolo. Elas consomem grande
quantidade de insetos por onde passam, ao longo de suas rotas
migratórias. No Brasil, as migrações ocorrem em dois períodos: os
bandos partem para o norte no outono, logo após a reprodução, e
retornam na primavera para nidificar.
A andorinha-doméstica-grande (Progne chalybea) é uma das espécies migratórias
mais conhecidas e nidifica em colônias. Constrói o ninho em cavidades de
construções, freqüentemente sob o beiral das casas. Até a reentrância de um
monumento pode lhe servir de morada, como na foto.
A andorinha-pequena-de-casa (Notiochelidon cyanoleuca) não se reúne em grandes
bandos para migrar, como as outras andorinhas, e alguns casais permanecem o ano
inteiro no mesmo local. Habita o centro-sul do país e é bem conhecida por viver no
entorno das pessoas. Nas cidades, constrói seu ninho sob o telhado das casas; já nas
áreas rurais, o casal escolhe cavidades em barrancos, como na foto, onde cria até
quatro filhotes.
Família Corvidae

As gralhas estão entre as aves mais inteligentes e perspicazes do


mundo; de índole muito curiosa, estão sempre alertas. A sentinela do
grupo soa um alarme ao menor sinal de perigo ou movimentação
incomum em seu território, e todo o bando se aproxima, emitindo
gritos incessantes e inspecionando o local. De comportamento
gregário, vivem em bandos, e vários indivíduos colaboram no
atendimento ao ninho e aos filhotes. Freqüentemente os filhotes já
crescidos ajudam na alimentação dos ninhegos, isto é, as avezinhas
mais novas, ainda no ninho. A dificuldade em encontrar o ninho das
gralhas gerou uma lenda no sertão nordestino, segundo a qual quem
encontra o ninho da cancã, espécie que vive na região, enriquece.
A gralha-do-pantanal (Cyanocorax cyanomelas), bela espécie de plumagem
arroxeada, camufla seu ninho na vegetação densa, a mais de dez metros de altura. É
muito difícil encontrar o ninho desta gralha, inclusive pelo comportamento
dissimulado do bando nas proximidades do ninho.
Família Troglodytidae

Os troglodytídeos são excelentes cantores: eles entoam melodias


elaboradas, muitas vezes emitidas em dueto pelo casal. O uirapuru-
verdadeiro vive na Amazônia e é o membro mais famoso da família.
Possui um canto melodioso e aflautado, de excepcional beleza, que
ecoa por toda a floresta. O casal de uirapurus constrói um ninho
volumoso, feito de folhas e raízes secas, com um pequeno orifício de
entrada na parte lateral. No interior do ninho, ovos e filhotes ficam
acomodados sobre uma forração de folhas bem macias.
O ninho do uirapuru-verdadeiro (Cyphorhinus aradus), encontrado na Serra do
Cachimbo, Pará, é construído sobre pequenas palmeiras com espinhos no sub-
bosque da floresta. O casal constrói freqüentemente um segundo ninho nas
proximidades do ninho principal, provavelmente para abrigar o macho ou os filhotes
já crescidos de ninhadas passadas. Os uirapurus-verdadeiros, assim como várias
outras espécies da família, usam o ninho como dormitório durante todo o ano.
A corruíra, também conhecida por garrincha (Troglodytes musculus), adaptou-se
muito bem ao convívio com as pessoas, tanto na cidade quanto no campo, e está
presente em todos os lugares do Brasil. Seu ninho já foi encontrado em lugares tão
inusitados quanto regadores, sapatos velhos, lustres, um berimbau e, como mostram
as fotos, no interior do bambu usado na construção desta casa.
Família Turdidae

No início da primavera, no sudeste do Brasil, o canto melodioso dos


sabiás pode ser ouvido até mesmo de madrugada. A maioria das
espécies tem hábitos florestais, mas algumas vivem em áreas abertas,
em chácaras e pomares, e nas cidades. O sabiá-laranjeira, uma das
espécies mais conhecidas, é extremamente comum na cidade de São
Paulo, onde pode ser encontrado em praças, parques e bairros
arborizados. Gosta muito de caçar minhocas nos jardins. Seu ninho é
construído geralmente sobre galhos, no alto das árvores, mas nas
cidades utiliza os mais variados locais onde possa encontrar um
substrato firme e abrigado.
O ninho do sabiá-laranjeira (Turdus rufiventris), construído sobre um vaso de
plantas.
Outro ninho encaixado sobre ramos em meio à folhagem.
O sabiá-barranco (Turdus leucomelas) é mais comum na área rural, mas também
consegue se estabelecer próximo às pessoas. Muitas vezes constrói o ninho, feito de
raízes e barro, sobre pilares de sustentação da varanda de uma casa, como nas fotos.
Ou na base das folhas de um coqueiro.
O sabiá-coleira (Turdus albicollis) vive no interior da floresta, e seu canto melodioso
e pausado é um dos mais belos entre os sabiás. Seu ninho é construído na mata,
geralmente sobre troncos mortos, a pouca altura do chão, como nestas páginas. Os
pais são muito zelosos, principalmente quando os filhotes estão prestes a deixar o
ninho, e chegam a atacar com bicadas na cabeça as pessoas que se aproximam.
Família Motacillidae

Com sua discreta plumagem, o caminheiro-de-barriga-acanelada


confunde-se com a vegetação dos campos onde vive, no alto das
montanhas do sudeste e sul do Brasil. É no solo, entre as moitas de
capim, que faz o ninho, uma pequena tigela construída com capim
seco, que fica escondida na vegetação e é muito difícil de ser
encontrada. Os filhotes são alimentados pelos pais com pequenas
lagartas e gafanhotos, e tão logo estejam emplumados saem do ninho
e escondem-se sob o capim.
Filhotes de caminheiro-de-barriga-acanelada (Anthus hellmayri) no ninho e a fêmea
chocando.
O macho exibe sua plumagem, que se camufla com os capinzais devido ao colorido
estriado.
Família Vireonidae

Mesmo nas horas mais quentes do dia pode-se ouvir o canto


melodioso e monótono da juruviara, repetido incansavelmente na
primavera e no verão. Ela realiza migrações anuais, desaparecendo
das matas do sudeste do Brasil nos meses de inverno e retornando na
primavera para nidificar.
Ninho da juruviara (Vireo olivaceus) com o adulto chocando: uma pequena tigela
presa a dois galhos horizontais em forma de forquilha. A câmara onde ficam os ovos
é forrada com ramos bem finos e a parte externa é sempre ornamentada com
materiais variados, como teias de aranha maceradas, musgos e liquens.
Ninho do vite-vite-de-cabeça-cinza (Hylophilus pectoralis), ave da Amazônia que
constrói seu ninho no alto de árvores da mata ciliar e na vegetação das ilhas fluviais.
O casal usa fibras bem macias e muitas teias de aranha na construção.
Família Parulidae

O pula-pula-assobiador vive perto do chão, andando sobre as folhas


caídas ou pulando nos galhos mais baixos. Habita as matas sombrias e
úmidas, principalmente na região serrana do sul e sudeste do Brasil.
Seu ninho é construído no solo, entre as plantinhas novas e as folhas
secas, onde reúne grande quantidade de ramos e folhas. Quando está
nidificando, é muito hábil na arte de despistar, fingindo-se de ferido e
atraindo a atenção de quem o observa para longe do ninho.
O ninho do pula-pula-assobiador (Basileuterus leucoblepharus) é uma esfera de
material macio, com um pequeno orifício de entrada lateral. O seu interior é forrado
com raízes finas, onde a fêmea põe três ovos brancos salpicados de castanho, como
na foto.
O adulto chocando.
Família Coerebidae

Uma das aves mais comuns do Brasil, a cambacica pode ser


observada tanto nas florestas quanto nas cidades densamente
povoadas. Com seu bico curvado para baixo e de ponta afilada, suga o
néctar das plantas e captura bichinhos que vivem dentro das flores. É
freqüentadora assídua das garrafinhas com água açucarada utilizadas
para atrair beija-flores. Quando nidifica nas cidades, usa fios de lã,
algodão e qualquer material macio. Às vezes constrói estruturas
semelhantes a um ninho, só que menores e menos elaboradas, que
servem como dormitório fora do período reprodutivo.
A fêmea da cambacica (Coereba flaveola) incuba sozinha os ovos e alimenta os
filhotes a partir da entrada do ninho.
Na foto, o ninho com dois filhotes.
Família Thraupidae

Os traupídeos são em geral bastante coloridos e as frutas são seu


alimento preferido. A maioria das espécies vive aos casais, e
geralmente os machos possuem plumagem mais chamativa que as
fêmeas. Constroem ninhos bem elaborados, em forma de tigela,
camuflados no interior da ramagem densa.
O bico-de-veludo (Schistochlamys ruficapillus) vive em áreas abertas, principalmente
em regiões serranas, e constrói seu ninho entre moitas, perto do solo. Na foto, o
ninho com o adulto chocando.
O ninho, com dois ovos, é feito com ramos secos e forrado internamente com hastes
de semente de capim.
A cigarra-do-campo (Neothraupis fasciata) é uma ave típica do Cerrado. Quando
seus filhotes deixam o ninho, ficam escondidos na vegetação rasteira ou entre os
arbustos, onde são alimentados pelos pais com gafanhotos e outros insetos,.
Filhote de sanhaço-de-coleira (Schistochlamys melanopis) no ninho.
O tiê-do-mato-grosso (Habia rubica) vive no interior da floresta úmida e constrói o
ninho sobre arbustos, como nas fotos. Uma característica marcante de seu ninho é o
material empregado: a fêmea usa na ornamentação da parte externa do ninho hastes
de uma planta aparentada às samambaias, com pequenas folhas verdes
arredondadas. A câmara onde ficam os ovos é forrada com crina vegetal, um fungo
semelhante a um fio de cabelo, que o pássaro encontra na base dos grandes troncos
das árvores da mata.
A pipira-vermelha (Ramphocelus carbo) vive no Brasil central e na Amazônia,
freqüentemente nas matas ciliares do entorno das cidades. Seus ovos têm um
colorido vivo e a fêmea pode aproveitar fios de náilon ou outro material que
encontre perto das casas para forrar a parte interna do ninho, como nas fotos.
O sanhaço-de-fogo (Piranga flava) constrói o ninho sobre árvores isoladas no
Cerrado ou no campo. O casal se reveza trazendo material no bico e, enquanto a
fêmea aguarda sua vez, o macho, com sua plumagem vermelha, acondiciona
cuidadosamente os ramos.
Essa ave costuma usar capim verde para forrar o interior do ninho, o que lhe confere
um colorido singular, diferente do que se observa nas outras espécies da família.
O sanhaço-cinzento (Thraupis sayaca) em seu ninho, construído com folhas secas e
barba-de-velho, um tipo de bromélia filamentosa.
O ninho da saíra-diamante (Tangara velia) é construído geralmente na base da folha
de uma palmeira ou entre a ramagem densa, no alto das árvores. A fêmea utiliza na
construção materiais macios variados, como fragmentos de cascas de árvores, ramos
secos, crina vegetal e também um fungo arroxeado que tinge os ovos de lilás com o
calor da incubação.
Ninho e ovos da figuinha-de-rabo-castanho (Conirostrum speciosum).
Família Emberizidae

Os pássaros desta família, entre os quais estão o canário-da-terra, a


patativa e o curió, são bem conhecidos por suas qualidades como
cantores, o que faz com que sejam freqüentemente aprisionados como
aves de estimação. Em geral vivem em áreas campestres e alimentam-
se principalmente de sementes. A maioria dos emberizídeos faz
ninhos em forma de tigela, encaixados entre ramos de arbustos.
Alguns constroem ninhos esféricos, feitos de raízes e palha seca, que
são instalados no solo, entre moitas de capim ou entre folhas secas do
chão da floresta.
O tico-tico (Zonotrichia capensis), é uma das espécies mais comuns e pode ser
encontrado em qualquer área aberta do campo ou da cidade. Seu ninho tem forma
de tigela, é muitas vezes parasitado pelo chopim, e pode estar localizado tanto no
interior de uma moita de capim quanto no solo ou sobre um arbusto de jardim.
O tico-tico-do-campo (Ammodramus humeralis), constrói um ninho fechado (nesta
página), com entrada lateral, instalado no solo, sob uma moita de capim. Seus ovos
são brancos e sem manchas, diferentes daqueles do tico-tico.
O sabiá-do-banhado (Embernagra platensis) constrói um cestinho de palha, muito
camuflado e difícil de ser encontrado, no interior de uma moita de capim. Sua
presença só é denunciada quando se observa um dos pais levando no bico material
para a construção do ninho ou alimento para os filhotes.
O coleirinho ou papa-capim (Sporophila caerulescens) é uma das espécies canoras
mais conhecidas e abundantes do sudeste do país. Encontrado com freqüência perto
de chácaras, constrói uma pequena tigela feita de raízes e hastes de sementes de
capim sobre árvores e arbustos, em pomares e jardins.
Os filhotes no ninho.
Os filhotes no ninho.
O brejal (Sporophila albogularis) é endêmico do nordeste do Brasil, vive na Caatinga
e constrói o ninho sobre arbustos às margens de açudes e pequenos corpos d’água.
A cor do ninho é bastante peculiar, pois a fêmea forra a câmara onde deposita os
ovos com fibras brancas que envolvem as sementes do algodão-de-seda, arbusto
típico da região.
O tico-tico-do-mato-de-bico-preto (Arremon taciturnus), vive no interior da mata,
pulando pelo chão ou sobre os troncos caídos. Constrói um ninho esférico e
volumoso, camuflado no solo entre as folhas secas.
O canarinho-rasteiro (Sicalis citrina), vive no Cerrado e nos campos rupestres do alto
das serras do sudeste do Brasil. Seu ninho é uma tigela espessa de capim seco
construída entre moitas de capim ou sobre um arbusto, perto do chão.
O galo-de-campina-da-amazônia (Paroaria gularis) constrói o ninho em arbustos
isolados sobre a água, na época das cheias na Amazônia. Isso evita que predadores
terrestres, como cobras e pequenos mamíferos, cheguem perto do ninho. Em
períodos muito chuvosos, no entanto, alguns ninhos são inundados pelas águas dos
rios, durante as enchentes.
O cavalaria (Paroaria capitata) vive no sudoeste do Brasil, principalmente no
Pantanal, onde se reúne em grandes bandos. Na época da reprodução, os casais se
separam do grupo e constroem o ninho sobre a água, entre folhas de palmeiras com
espinhos, às margens dos corixos, que são os riachos pantaneiros.
O cardeal-de-goiás (Paroaria baeri) é endêmico do Brasil central e seu ninho não era
conhecido pela ciência. O ninho tem formato de tigela, é feito com raízes, hastes e
pequenos frutos secos, firmemente fixados na ramagem com teias de aranha. Foi
encontrado sobre um arbusto acima da água, na vegetação sazonalmente inundada
das ilhas fluviais do rio Araguaia. Embora o macho tenha sido observado perto do
ninho, ao que parece apenas a fêmea se ocupa de sua construção e da incubação
dos ovos.
Uma fêmea de patativa-verdadeira (Sporophila plumbea) chegando ao ninho.
Estas fotos, feitas no Parque Nacional da Serra da Canastra, Minas Gerais, são os
primeiros registros do ninho do campainha-azul (Porphyrospiza caerulescens).
Encontrado perto do solo, o ninho foi construído com capim seco entre canelas-de-
ema, planta típica da região. À esquerda, a fêmea, com sua plumagem discreta, traz
pequenas lagartas para os filhotes. No centro e à direita, o macho, com sua linda
plumagem azul, também alimenta os filhotes com um bicho-pau e um gafanhoto.
O campainha-azul habita os campos rupestres, de vegetação baixa entremeada com
pedras, no alto das serras do Brasil central, ambiente retratado na foto ao lado. Na
primavera, o macho pousa no alto das pedras para anunciar seu território, emitindo
um canto metálico e muito agudo.
Família Cardinalidae

A maioria das espécies desta família possui canto melodioso e bico


forte, que justificam os nomes populares como tempera-viola, trinca-
ferro e bico-grosso, atribuídos a algumas delas.Vivem geralmente aos
casais, e na época da reprodução cantam vigorosamente para marcar
e defender seu território. Nesta situação, são bastante agressivos diante
de outros da mesma espécie.
Embaixo, o tempera-viola (Saltator maximus) sobre o ninho, e acima os ovos
esverdeados com riscos pretos, como várias espécies aparentadas. O ninho é uma
tigela espessa construída com raízes e folhas secas, sobre a vegetação densa. Na
construção do ninho, o tempera-viola gosta de usar principalmente folhas alongadas
de capim e de taquara.
O bico-de-pimenta (Saltator atricollis) alimenta os filhotes. Esse pássaro vive no
Cerrado, e constrói o ninho entre moitas de capim, perto do chão. Costumam usar
bastante palha seca e ramos de macela para decorar o ninho.
Família Icteridae

Os icterídeos possuem bico forte e pontiagudo e plumagem


geralmente negra, combinada com amarelo ou vermelho. São muito
inteligentes, além de excelentes cantores – alguns gostam de imitar o
canto de outras aves e até aprendem trechos de músicas quando vivem
perto das pessoas.
Seus ninhos são em geral muito bem elaborados, alguns com formato
de bolsas pendentes, cuidadosamente tecidos no alto das árvores.
Outros fazem o ninho na vegetação baixa ou mesmo no chão, e há
ainda aqueles que são parasitas e não constroem ninhos, como o
chopim e a iraúna grande.
O ninho do japim, também conhecido como xexéu (Cacicus cela), é feito em
colônias – muitos ninhos numa mesma árvore – como nestas fotos. As bolsas
compridas, com uma pequena fenda de entrada na parte superior, são instaladas na
ponta dos galhos, muitas vezes ao lado de vespeiros. Os ninhos são confeccionados
com tiras arrancadas das folhas de palmeiras, crina vegetal e outras fibras flexíveis,
trançadas com grande habilidade pelas fêmeas.
O japu, também conhecido como rei-congo (Psarocolius decumanus), é uma das
maiores espécies da família e também nidifica em colônias. Seu ninho, em forma de
bolsa, pode chegar a dois metros de comprimento.
A iraúna-de-bico-branco (Cacicus solitarius), faz um ninho semelhante ao do japim e
ao do japu, mas não nidifica em colônias – cada casal constrói seu ninho
isoladamente.
O pássaro-preto-de-veste-amarela (Xanthopsar flavus) é uma espécie ameaçada de
extinção, que no Brasil habita apenas a Serra Gaúcha e os pampas do extremo sul do
país. Constrói o ninho sobre arbustos no interior de banhados, formando colônias
com vários casais, lado a lado com a noivinha-de-rabo-preto, espécie com a qual
mantém estreita associação.
O chopim-do-brejo (Pseudoleistes guirahuro) constrói o ninho com formato de cesto
profundo, entre a vegetação às margens de brejos, e vários indivíduos do bando se
revezam na alimentação dos filhotes. O ninho do chopim-do-brejo abriga também
um filhote de chopim, ou gaudério (Molothrus bonariensis), espécie parasita que põe
seus ovos no ninho de outros pássaros, para que os incubem e criem seus filhotes.
Ninho com três ovos de tico-tico (Zonotrichia capensis) e um de chopim (Molothrus
bonariensis); embaixo, o mesmo ninho com um filhote de chopim e outro de tico-
tico. Em geral, apenas um filhote de tico-tico sobrevive, ou somente o filhote do
chopim, pois este monopoliza a maior parte do alimento oferecido pelos pais. Entre
as várias espécies parasitadas pelo chopim, o tico-tico é a mais molestada. Já foram
encontrados ninhos de tico-tico com nove ovos, dos quais sete eram de chopim. Em
casos assim, o casal de tico-ticos costuma abandonar o ninho.
Família Fringillidae

Com sua plumagem amarela e preta, índole inquieta e canto rápido e


melodioso, o pintassilgo é um passarinho muito cobiçado como ave
de gaiola. Habita o centro-sul do Brasil e pode ser observado em
bandos nas capoeiras, áreas abertas, chácaras e parques,
principalmente onde existem pinheiros.
O pintassilgo (Carduelis magellanicus), gosta de nidificar no alto de pinheiros e
araucárias.
Sobre seus ramos, a fêmea constrói uma pequena tigela de capim seco forrada com
paina, onde põe dois ou três ovos.
Família Passeridae

De acordo com relatos históricos, o pardal foi introduzido no Brasil


em 1906, no Rio de Janeiro, trazido da Europa para eliminar
mosquitos e outros insetos transmissores de doenças. Sua
disseminação pelo país acompanhou inicialmente o traçado dos
grandes rios navegáveis, das estradas de ferro e posteriormente das
rodovias.

O pardal é um pássaro extremamente adaptado ao entorno humano,


que se alimenta tanto de sementes quanto de insetos, migalhas e
quase tudo que possa encontrar perto das habitações. Nidifica às
vezes em colônias, onde cada casal cuida de seu próprio ninho, mas
não defende um território. Os casais geralmente ficam unidos por toda
a vida.
O ninho do pardal (Passer domesticus) é um amontoado de material das mais
diversas procedências, aglomerado com pouco esmero e instalado muitas vezes em
cavidades e fendas de telhados. Na falta destes, pode utilizar até mesmo um orifício
na estrutura de um semáforo, como nestas fotos.
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Índice

Família

Accipitridae 45
Apodidae 91
Ardeidae 33
Caprimulgidae 87
Cardinalidae 227
Cariamidae 57
Cathartidae 43
Charadriidae 61
Ciconiidae 41
Coerebidae 199
Columbidae 65
Conopophagidae 135
Corvidae 181
Cotingidae 177
Dendrocolaptidae 145
Emberizidae 211
Eurypygidae 55
Falconidae 49
Formicariidae 133
Fringillidae 237
Furnariidae 139
Galbulidae 115
Hirundinidae 179
Icteridae 229
Jacanidae 59
Motacillidae 193
Nyctibiidae 85
Opisthocomidae 51
Parulidae 197
Passeridae 239
Picidae 121
Pipridae 173
Psittacidae 71
Rallidae 53
Ramphastidae 117
Rheidae 27
Rynchopidae 63
Strigidae 83
Thamnophilidae 123
Thraupidae 201
Threskiornithidae 39
Tinamidae 27
Trochilidae 97
Troglodytidae 183
Turdidae 187
Tyrannidae 147
Tytonidae 79
Vireonidae 195

Scientific Names

Alectrurus tricolor 170 and 171


Amazilia fimbriata 104 and 105
Amazilia lactea 106
Amazona aestiva 77
Ammodramus humeralis 211
Anhinga anhinga 4 to 7
Anodorhynchus hyacinthinus 70
Anodorhynchus leari 72 to 75
Anthracothorax nigricollis 107
Anthus hellmayri 192
Antilophia galeata 172
Aratinga auricapilla 76b
Arremon taciturnus 218
Arundinicola leucocephala 168
Basileuterus leucoblepharus 196 and 197
Buteogallus meridionalis 46 and 47
Cacicus cela 8, 228 and 229
Cacicus solitarius 231
Camptostoma obsoletum 149
Carduelis magellanicus 236 and 237
Cariama cristata 56 and 57
Casmerodius albus 32
Celeus flavus 120
Chaetura meridionalis 94 and 95
Chiroxiphia caudata 174 and 175
Chlorestes notatus 110
Chlorostilbon aureoventris 111
Coereba flaveola 198 and 199
Colibri serrirostris 105
Conirostrum speciosum 209
Conopophaga lineata 136 and 137
Conopophaga melanops 134 and 135
Coragyps atratus 42 and 43
Cranioleuca pallida 143
Cyanocorax cyanomelas 180
Cyphorhinus aradus 182
Drymophila squamata 126 and 127
Dysithamnus mentalis 128
Egretta caerulea 34
Elaenia chiriquensis 152
Elaenia flavogaster 153
Elaenia parvirostris 157
Eleothreptus anomalus 88 and 89
Embernagra platensis 212 and 213
Eudocimus ruber 2 and 3
Eurypyga helias 54 and 55
Fluvicola nengeta 169a
Formicivora rufa 130 and 131
Furnarius leucopus 141
Furnarius rufus 140
Galbula ruficauda 114 and 115
Gallinula chloropus 52 and 53
Geotrygon montana 68 and 69
Glaucis dohrnii 98 and 99
Glaucis hirsuta 101
Grallaria varia 132 and 133
Habia rubica 204
Harpia harpyja 44
Hemitriccus margaritaceiventer 163b
Hemitriccus orbitatus 162
Heteroxolmis dominicana 164 and 165
Hylophilus pectoralis 194b
Ictinia plumbea 45
Inezia subflava 159
Jabiru mycteria 40
Jacana jacana 58 and 59
Knipolegus cyanirostris 167
Knipolegus orenocensis 166
Lathrotriccus euleri 158
Leptopogon amaurocephalus 156
Lipaugus vociferans 176 and 177
Micrastur semitorquatus 48
Molothrus bonariensis 233 to 235
Myiodynastes maculatus 148
Myiopsitta monachus 76a
Myiornis ecaudatus 146
Myrmeciza loricata 129
Neothraupis fasciata 202 and 203
Notiochelidon cyanoleuca 179
Nyctanassa violacea 35 to 37
Nyctibius griseus 84 and 85
Nyctidromus albicollis 86 and 87
Opisthocomus hoazin 50
Otus choliba 82
Pachyramphus polychopterus 169b
Panyptila cayennensis 90
Paroaria baeri 222
Paroaria capitata 221
Paroaria gularis 220
Passer domesticus 238 and 239
Phacellodomus rufifrons 138 and 139
Phaethornis eurynome 102
Phaethornis pretrei 112 and 113
Phaethornis ruber 100
Phalacrocorax brasilianus 4 to 7
Piranga flava 206
Platyrinchus mystaceus 154 and 155
Polytmus theresiae 108
Porphyrospiza caerulescens 24, 25, 224 and 225
Progne chalybea 178
Psarocolius decumanus 230
Pseudoleistes guirahuro 233
Ramphastos toco 116, 118 and 119
Ramphocelus carbo 205b and 205c
Ramphodon naevius 96
Rhea americana 30
Rhynchotus rufescens 26 to 28
Rynchops niger 62 and 63
Saltator atricollis 227
Saltator maximus 226
Schistochlamys melanopis 205a
Schistochlamys ruficapillus 200 and 201
Sicalis citrina 219
Sporophila albogularis 216 and 217
Sporophila caerulescens 214 and 215
Sporophila plumbea 223
Synallaxis ruficapilla 142
Tachomis squamata 92 and 93
Tangara velia 208
Taraba major 122 and 123
Thalurania glaucopis 103
Thalurania watertonii 109
Thamnophilus ambiguus 125
Thamnophilus doliatus 124
Theristicus caudatus 38 and 39
Thraupis sayaca 207
Tinamus solitarius 29
Todirostrum cinereum 163a
Troglodytes musculus 184 and 185
Turdus albicollis 190 and 191
Turdus leucomelas 188 and 189
Turdus rufiventris 186 and 187
Tyrannus savana 161
Tyto alba 78, 80 and 81
Vanellus chilensis 60 and 61
Veniliornis spilogaster 121
Vireo chivi 194a
Xanthopsar flavus 232
Xiphorhynchus fuscus 144
Xolmis cinerea 160
Xolmis velata 150 and 151
Zenaida auriculata 64 to 67
Zonotrichia capensis 210, 234 and 235

Nome popular

Amarelinho 159
Andorinha-doméstica-grande 178
Andorinhão-do-temporal 94 e 95
Andorinhão-estofador 90
Andorinha-pequena-de-casa 179
Arapaçu-rajado 144
Arara-azul-de-lear 72 a 75
Arara-azul-grande 70
Arredio-pálido 143
Avoante/ribaçã 65 a 67
Balança-rabo-canela 98 e 99
Balança-rabo-de-bico-torto 101
Beija-flor-de-costas-violeta 109
Beija-flor-de-fronte-violeta 103
Beija-flor-de-garganta-azul 110
Beija-flor-de-garganta-verde 104 e 105
Beija-flor-de-orelha-violeta 105
Beija-flor-de-peito-azul 106
Beija-flor-grande-do-mato 96
Beija-flor-preto 107
Beija-flor-verde 108
Bem-te-vi-rajado 148
Besourinho-da-mata 100
Besourinho-de-bico-vermelho 111
Bico-de-agulha-de-rabo-vermelho 114 e 115
Bico-de-pimenta 227
Bico-de-veludo 200 e 201
Biguá 4 a 7
Biguatinga 4 a 7
Brejal 216 e 217
Cabeçudo 156
Caçula 146
Cambacica 198 e 199
Caminheiro-de-barriga-acanelada 192
Campainha-azul 24, 25, 224 e 225
Canarinho-rasteiro 219
Caneleiro-preto 169b
Cardeal-de-goiás 222
Casaca-de-couro-amarelo 141
Caturrita 76a
Cavalaria 221
Chibum 152
Choca-barrada 124
Choca-de-sooretama 125
Chopim/gaudério 233 a 235
Chopim-do-brejo 233
Choquinha-lisa 128
Choró-boi 122 e 123
Chupa-dente 136 e 137
Cigana 50
Cigarra-do-campo 202 e 203
Coleirinho/papa-capim 214 e 215
Corruíra/garrincha 184 e 185
Corujinha-do-mato 82
Curiango 86 e 87
Curiango-do-banhado 88 e 89
Curicaca 38 e 39
Cuspidor-de-máscara-preta 134 e 135
Ema 30
Enferrujado 158
Ferreirinho 163a
Figuinha-de-rabo-castanho 209
Frango-d’água 52 e 53
Galito 170 e 171
Galo-de-campina-da-amazônia 220
Garça-azul 34
Garça-branca-grande 32
Gavião-caboclo 46 e 47
Gavião-real 44
Gavião-relógio 48
Gralha-do-pantanal 180
Guará 2 e 3
Guaracava-de-barriga-amarela 153
Guaracava-de-bico-pequeno 157
Iraúna-de-bico-branco 231
Jaçanã 58 e 59
Jandaia-de-testa-vermelha 76b
Japim/xexéu 8, 228 e 229
Japu/rei-congo 230
João-de-barro 140
João-de-pau 138 e 139
Juruviara 194a
Lavadeira-de-cabeça-branca 168
Lavadeira-mascarada 169a
Macuco 29
Maria-branca 160
Maria-preta-de-bico-azulado 167
Maria-preta-ribeirinha 166
Noivinha-branca 150 e 151
Noivinha-de-rabo-preto 164 e 165
Papa-formigas-de-grota 129
Papa-formigas-vermelho 130 e 131
Papagaio-verdadeiro 77
Pardal 238 e 239
Pariri 68 e 69
Pássaro-preto-de-veste-amarela 232
Patativa-verdadeira 223
Patinho 154 e 155
Pavãozinho-do-pará 54 e 55
Perdiz 26 e 28
Pica-pau-amarelo 120
Picapauzinho-verde-carijó 121
Pichororé 142
Pintadinho 126 e 127
Pintassilgo 236 e 237
Pipira-vermelha 205b e 205c
Pula-pula-assobiador 196 e 197
Quero-quero 60 e 61
Rabo-branco-de-garganta-rajada 102
Rabo-branco-de-sobre-amarelo 112 e 113
Risadinha 149
Sabiá-barranco 188 e 189
Sabiá-coleira 190 e 191
Sabiá-do-banhado 212 e 213
Sabiá-laranjeira 186 e 187
Saíra-diamante 208
Sanhaço-cinzento 207
Sanhaço-de-coleira 205a
Sanhaço-de-fogo 206
Savacu-de-coroa 35 a 37
Sebinho-de-olho-de-ouro 163b
Seriema 56 e 57
Soldadinho 172
Sovi 45
Suindara 78, 80 e 81
Talha-mar 62 e 63
Tangará 174 e 175
Tempera-viola 226
Tesoura 161
Tesourinha 92 e 93
Tico-tico 210, 234 e 235
Tico-tico-do-campo 211
Tico-tico-do-mato-de-bico-preto 218
Tiê-do-mato-grosso 204
Tiririzinho-do-mato 162
Tovacuçu 132 e 133
Tropeiro 176 e 177
Tucanuçu 116, 118 e 119
Tuiuiú 40
Uirapuru-verdadeiro 182
Urubu-de-cabeça-preta 42 e 43
Urutau 84 e 85
Vite-vite-de-cabeça-cinza 194b
Créditos

Editora Mary Lou Paris


Assessoria editorial Dominique Ruprecht Scaravaglioni, Douglas Bianchi,
Gustavo Regina Leme, Irene Paris Buarque de
Hollanda, Joana Penteado, Mary Ann Ribeiro de
Almeida, Sarah Czapski Simoni, Teresa Cecília de
Oliveira Ramos
Assessoria científica Martha Argel and Juan Mazar Barnett
Fotos Dante Buzzetti (www.dantebuzzetti.com.br)pp. 4/5,
6/7, 8, 24/25, 26a, 26b, 28, 29, 30, 38, 39, 40, 42a,
42b, 43, 44, 45, 48, 50a, 50b, 52, 54, 57, 58a, 58b,
59, 60b, 61, 63, 66/67, 68, 69, 70a, 70b, 76a, 76b, 77,
82, 84, 85, 86a, 86b, 87, 88a, 88b, 89, 90, 92, 93a,
93b, 94, 94/ 95, 95, 96a, 96b, 98a, 98b, 99, 100, 101,
102a, 102b, 102c,103, 104/105, 107, 108a, 108b,
109a, 109b, 110, 112a, 112b, 113a, 113b, 114, 115a,
115b, 116, 120, 121, 122a, 122b, 123, 124, 125, 126,
127, 128a, 128b, 129a, 129b, 130, 131, 132a, 132b,
133, 134, 135a, 135b, 136a, 136b, 137, 141, 142a,
142b, 143, 144a, 144b, 146, 149, 150, 151, 152a,
152b, 153a, 153b, 154, 155, 156a, 156b, 157a, 157b,
158a, 158b, 159, 160a, 160b, 161, 162, 163a, 163b,
164a, 164b, 165, 166, 167, 168, 169b, 170a, 170b,
171, 172, 174, 175a, 175b, 176, 177, 179, 180, 182,
190a, 190b, 191a, 191b, 192a, 192b, 193, 194a, 194b,
196, 197, 198, 199, 200, 201, 202/203, 204a, 204b,
205a, 205b, 205c, 206a, 206b, 207, 208, 209, 210a,
210b, 211, 212, 213, 216, 217, 218, 219, 220a, 220b,
221a, 221b, 222a, 222b, 223, 224a, 224b, 224/ 225,
225, 226a, 226b, 227, 228, 230, 231, 232a, 232b,
233, 236, 237
Silvestre Silva (www.silvestresilva.com.br)guardas e pp.
2/3, 32, 34a, 34b, 35a, 35b, 36a, 36b, 37, 46a, 46b,
47, 56a, 56b, 60a, 64a, 64b, 72a, 73, 74/75, 78a, 78b,
80/81, 105, 106a, 106b, 111, 118a, 118b,118c, 119,
138, 139, 140a, 140b, 148a, 148b, 169a, 178, 184a,
184b, 185, 186, 187, 188, 189a, 189b, 214, 215a,
215b, 229, 234a, 234b, 235, 238a, 238b, 239
Adriano Paiva, p. 72b
Andrea Gomes de Azevedo, pp. 18, 22
Fábio Colombini, pp. 53, 55, 62a, 62b, 65
Gustavo Irgang, p. 18
Roberta dos Santos, p. 22
Capa e projeto gráfico Iris Di Ciommo e Guilherme Valverde
Produção do E-book Schaffer Editorial
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CPI)
(Câmara Brasileira do Livro, SP. Brasil)

Buzzetti, Dante
 
Berços da vida : ninhos de aves brasileiras / texto Dante Buzzetti ; fotos do autor,
Silvestre Silva. - 1. ed. - São Paulo, Editora Terceiro Nome, 2005.
 
e-ISBN 978-85-7816-300-6
 
1. Aves - Brasil - Ninhos 2. Fotografias I. Silva, Silvestre. II. Título.
 
05-8207 CDD-591.56409981

 
Índices para catálogo sistemático:
1. Aves brasileiras : Ninhos :
Zoologia 591.5640981
2. Brasil : Ninhos de aves :
Zoologia 591.5640981
 
 
Copyright © Dante Buzzetti e Silvestre Silva, 2005
All rights reserved for:
Editora Terceiro Nome
Rua Professor Laerte Ramos de Carvalho, 159 Cep 01325-030 São Paulo SP
www.terceironome.com.br tel (11) 3293 8150
São Paulo 2005
 
 
Agradecimentos
Aos amigos, colegas e instituições que colaboraram com entusiasmo durante os
trabalhos de campo, na obtenção das imagens e dados, na indicação de locais,
permissões de acesso, financiamento de viagens e projetos, e na troca de
informações e opiniões, nossos sinceros agradecimentos:
 
Adriana A. Paiva, Adriana Mattoso, Adriani Haas, Andréa Gomes, Angelica Uejima,
Ari Gitz, Arizio Fonseca da Silva, Cassiano Gatto, Cássio Corrêa, Cecília Alarsa,
Célia Mancini e Rui Falco, Christian Dalgas Frisch, Cinthia Pessa, Clarice Rocha
Passos, Denise Oliveira, Elcio de Oliveira Lima, Fábio Colombini, Francisco Belluci
Neto, George Georgiadis e Silvana Campello, Gustavo Irgang e Roberta dos Santos,
Igor Patrick Isone de Oliveira, Jan Karel Mähler Jr., Jeremy Minns, João Rafael da
Silva, Johan Dalgas Frisch, José Eduardo Simon, José Fonseca da Silva, Juan Mazar
Barnett, Lucília Bentes de Siqueira, Luís Fábio Silveira, Manoel Carlos Chaparro,
Maria Flávia Conti Nunes, Martha Argel, Martino Buzzetti (in memorian), Monika
Richter, Paula Guedes, Roberto Antonelli Filho, Rogério Andrade Paixão, Rolf
Grantsau, Sônia Roda, Vander de Souza Dias, Vitória da Riva, Walter Behr, Wandir
Ribeiro, Weber Girão Silva, Yoshika Oniki, Fundação O Boticário de Proteção à
Natureza, Ibama, Instituto Florestal Probio

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