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Entre os muitos naturalistas estrangeiros que por aqui estiveram no período oitocentista, poucos
participaram tão intensamente do processo de criação da imagem unificada do Brasil quanto Carl
Friedrich Philipp von Martius. Nas obras de vários daqueles viajantes, a palavra “Brasil” aparece como
indicação geral de um território ainda pouco conhecido, apesar de atraente pela riqueza natural e pelo
exotismo cultural. Muitas vezes, depois de percorrer uma porção relativamente restrita do território, já se
podia falar de uma viagem ao “Brasil”, descrevendo-se para tanto algumas das suas paisagens naturais e
sociais. O projeto de von Martius se desenvolveu em uma direção bem mais ampla e ousada. Ele buscou
construir uma visão do Brasil na sua totalidade, procurando apreender, em diferentes obras, o conjunto
da sua flora, a diversidade do seu território, as bases da sua história, entre outros conhecimentos.
É impressionante observar que existe bastante proximidade entre a visão de von Martius e o Mapa dos
biomas brasileiros, publicado, em 2004, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que define a
presença de seis grandes biomas no território: Floresta Amazônica, Caatinga, Cerrado, Pantanal, Pampa
e Mata Atlântica.
A contribuição mais fascinante, porém, diz respeito à síntese conceitual e à linguagem que serve de su-
porte ao desenho do mapa.
As regiões semiáridas do Nordeste são demarcadas pela imagem das hamadríades, ninfas mortais dos
bosques, que nasciam e morriam com cada árvore que lhes servia de morada.
A vegetação da Caatinga, de fato, possui uma alta taxa de renovação anual. As regiões cobertas pela Flo-
resta Amazônica foram identificadas com as náiades, entidades dos regatos e das fontes, apontando a
presença da complexa bacia hidrográfica que interage com aquela grande massa florestal.
As florestas litorâneas, por sua vez, são associadas às dríades, que cuidavam dos bosques situados nas regi-
ões montanhosas. Uma marca da Mata Atlântica é exatamente essa convivência entre florestas e montanhas.
As formas vegetais que hoje identificamos como Cerrado e Pantanal – que cobrem as planícies, os planal-
tos e as chapadas do Brasil central – são significadas, em sua característica campestre, pelas oréades, as
ninfas que acompanhavam Diana, deusa caçadora, no governo dos montes e dos campos.
As regiões do Sul, por fim, com seus campos abertos e suas florestas de montanha, marcadas pela presen-
ça das araucárias, são associadas às napeias, deusas que protegiam os vales e prados.
Os mapas atuais são feitos com modernas tecnologias de sensoriamento remoto. Para buscar sua imagem
integrada, von Martius valeu-se de uma combinação entre suas observações pessoais – na longa viagem
realizada entre 1817 e 1820, que atravessou cerca de 10 mil quilômetros – e uma leitura minuciosa dos
relatos de vários botânicos que percorreram o país, assinalando seus roteiros no próprio mapa. Tratou-se,
portanto, de um trabalho acumulativo e em processo, pois o autor indicou que pretendia aperfeiçoá-lo
na medida em que coletasse novas informações. O próprio mapa revela que no Brasil central existiam
regiões totalmente desconhecidas pelos naturalistas.
Essa breve síntese permite avaliar a importância da contribuição de von Martius para o conhecimento e
a invenção conceitual do território brasileiro. É sempre bom lembrar que o país foi construído historica-
mente em uma região continental dotada de extraordinária riqueza e diversidade natural. Uma região que
deveria ser tratada com cuidado e inteligência e não ser devastada de forma imprevidente e irresponsável:
uma paisagem diversificada que tocou profundamente tanto a razão quanto a emoção do naturalista via-
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jante, pois nela “sob mil formas vivas, cores e odores, o mundo vegetal festeja como num hino eterno, a
força criadora do sol e do planeta.” (SPIX; MARTIUS, 1817, p. 242)
José Augusto Pádua
Instituto de História, Universidade Federal do Rio de Janeiro
Amazônia
Iguana iguana (Linnaeus, 1758)
Nome popular: iguana, iguana verde
Família: Iguanidae
Domínio fitogeográfico: Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica
Estado de conservação: LC – Menos preocupante
(Fonte: Bock et al., 2020; CRIA-Specieslink, 2021)
Ainda, as iguanas verdes são consideradas animais de estimação exóticos e o comércio internacional
movimenta milhões de indivíduos ao ano, provenientes principalmente de fazendas criadouros, mas
infelizmente também são afetadas pela retirada ilegal de animais das florestas (BOCK et al., 2020). Por
isso, a espécie está listada no Apêndice II da Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies
da Fauna e Flora Selvagens Ameaçadas de Extinção (CITES).
A fim de preservar a espécie da sobre-exploração algumas ações de conservação vêm sendo conduzi-
das, tais como: educação ambiental, ecoturismo e o estímulo à criação em cativeiro. Um dos projetos
mais conhecidos foi conduzido pela Fundación Pro-Iguana Verde, no Panamá, onde foi incentivado
que povos rurais criassem iguanas para alimentação e fizessem a soltura das iguanas juvenis no ambien-
te selvagem. A intenção era de fornecer uma fonte adicional de proteína para as famílias participantes
sem exigir a remoção de indivíduos das populações naturais (WERNER 1987, 1991; WERNER e
MILLER 1984, MILLER 1987; COHN 1989 apud BOCK et al., 2020).
Iguana iguana (Linnaeus, 1758) é encontrada em várias áreas protegidas ao longo de sua ampla distribui-
ção na América e, por isso, foi avaliada como Menos preocupante (BOCK et al., 2020).
Patrícia Rosa
Escola Nacional de Botânica Tropical/Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Castanha do Pará
Bertholletia excelsa é a única espécie do gênero Bertholletia. Conhecida como “castanha do Brasil” e “cas-
tanha do Pará”, suas sementes são um recurso alimentar muito apreciado pelas populações amazônicas
e o comércio das sementes em nível internacional também já é bastante expressivo. É encontrada em
florestas não inundadas da região amazônica da Bolívia, Brasil, Colômbia, Guiana, Guiana Francesa,
Peru, Suriname, Venezuela, Trinidade e Tobago e em áreas cultivadas fora de seu hábitat. (ORMINDO;
HEIZER, 2018)
Caatinga
Se, futuramente, percorrendo continuamente, durante anos, estas férteis regiões,
for possível ao botânico fazer rigorosa comparação das várias flores aqui men-
cionadas, poderá a ciência contar com interessantíssimas contribuições para a
história e geografia das plantas.
(SPIX; MARTIUS, 1817, p.139).
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SILVA AESTU APHYLLA, QUAM DICUNT CAA-TINGA - IN PROVINCIAE BAHIESNIS DEESERTO AUSTRALI.
Flora brasiliensis, 1840–1906 | Vol. I, Parte I, Prancha 10
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Além dela, vimos, aqui e acolá, uma árvore, que, na verdade, pode ser consi-
derava maravilha do reino de Flora. A barriguda (Pourretia tuberculata Mart.)
de sessenta a setenta pés de altura, é assim chamada por ter o meio do tronco
inchado a um diâmetro de quinze pés, oferecendo o aspecto inusual de barril
que ainda mais surpreende o viajante, porque, nestas paisagens pobres, o olhar
só raramente encontra formas grandiosas, e, nos meses de seca, a árvore fica
desfolhada. O aspecto dessa gigantesca árvore faz lembrar os animais enormes
antediluvianos, como se ela fosse o representante de uma vegetação antiga mais
maciça. Mas o interior do tronco contém miolo muito balofo, de que se servem
os sertanejos, em vez de cortiça”
(SPIX; MARTIUS, 1817, p. 157)
gadas pelo vento para lugares longe da planta mãe, alcançando novos ambientes para viver (PAIVA, 2020;
BOCAGE e SALES, 2002).
A casca e as folhas da Ceiba glaziovii são usadas na medicina popular no tratamento de reumatismos,
edemas, diabetes, tosse, catarro, sinusite, problemas cardíacos e hipertensão (PEREIRA-JUNIOR et
al., 2014; AGRA et al., 2008). A madeira é utilizada na caixotaria e para fazer rolhas. As fibras dos
frutos também conhecidas como lã de barriguda, são utilizadas para preencher travesseiros, colchões
e estofamento de móveis. Devido à beleza de suas flores brancas, a espécie tem grande potencial or-
namental (Lorenzi, 1998).
Patrícia Rosa
Escola Nacional de Botânica Tropical/Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
da semente, que é rica em vitamina C, as populações locais produzem o cuscuz de licuri (DRUMOND,
2007). Devido a tantas propriedades benéficas, o licuri é conhecido como a “árvore salvadora da vida”
(BONDAR, 1938 apud DRUMOND, 2007). Felizmente a espécie tem ampla distribuição e não está ame-
açada de extinção, foi avaliada na categoria de Menos Preocupante (BGCI, 2019).
Patrícia Rosa
Escola Nacional de Botânica Tropical/Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Martius e Spix citam o juazeiro e sua importância econômica quando passavam pelo caatinga próximo
ao rio São Francisco:
A noite, antes de alcançarmos de novo o rio São Francisco, passamo-la em-
baixo da copa de uma árvore de juá, a única que conserva as folhagens, nesta
região seca. O juazeiro (Zizyphus joazeiro Mart.), com a sua fronte arredondada
de folhagem densa, imprime à paisagem, no interior das províncias da Bahia,
Pernambuco e Piauí, fisionomia característica, e é de máxima importância para
a criação do gado, nessas regiões, pois as suas bagas, que amadurecem na época
da seca, contêm uma polpa mucilaginosa, que é quase o único substituto da
erva dos pastos para o gado, e, por isso, o ano de pouca fruta prejudica os re-
banhos. (SPIX; MARTIUS, 1817, p. 156 e 157)
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O mandacaru, Cereus jamacaru DC. é a planta símbolo da região Nordeste do Brasil e uma das cactáceas
endêmicas do Brasil mais famosas, devido a sua importância na paisagem, na cultura, economia e na
medicina popular (ZAPPI & TAYLOR, 2020). Cresce em solos pedregosos e pobres em nutrientes, na
Caatinga, o mandacaru é facilmente identificado no ambiente pelo seu formato de candelabro alcançan-
do até 10 m de altura (TAYLOR & ZAPPI, 2004). O caule do mandacaru (chamado pelos botânicos de
cladódio) tem a base lenhosa, os ramos verdes com espinhos, já os ramos mais jovens são azulados e
também espinhosos (DAVET et al., 2009; SALES et al., 2014). O mandacaru possui espinhos de diversas
colorações, amarela, vermelha ou marrom, e o que mais impressiona é que os espinhos chegam a medir
30 cm de comprimento!
As flores do mandacaru são brancas, desabrocham à noite e murcham no início do dia seguinte, abelhas
e morcegos são os polinizadores da espécie (SALES et al., 2014). Os frutos têm o formato de uma elipse,
chegando a 15 cm de comprimento e têm a coloração violeta escuro, a polpa é branca e abriga centenas
de sementinhas negras. As flores são importantes para a alimentação das abelhas nativas e os frutos são
consumidos por morcegos, bovinos, caprinos, pássaros e pelos humanos (SALES et al., 2014).
A medicina popular utiliza raízes, caule, flores e frutos em diversos formatos como chás, macerados ou
in natura para a cura de grande número de enfermidades, a saber:
● as raízes são utilizadas para o tratamento de problemas diuréticos e renais, preparadas como infusões
(PAULINO et al., 2011), indígenas xocós, em Sergipe, e os kariris-xocó, no estado de Alagoas realizam
chás a partir das raízes para resolver problemas intestinais, respiratórios e para amenizar febres (AN-
DRADE et al., 2006).
● o caule é utilizado como remédio contra a pressão sanguínea alta, antirreumático e contra diabetes, no
tratamento de problemas vesiculares, na amenização de problemas respiratórios, como tosse e bronquite
(PAULINO et al., 2011; GUEDES et al., 2009). Os indígenas xocós e os kariris-xocó utilizam o macera-
do do caule in natura para o tratamento de hemorroidas (ANDRADE et al., 2006). O caule também é
utilizado na construção e pintura de casas, como cerca-viva e ornamental (SILVA, 2014; Sales et al., 2014;
ANDRADE et al., 2006).
● as flores são utilizadas no tratamento contra verminoses, furúnculos, abcessos e na amenização de fe-
bres através do consumo in natura e por infusão (HERNÁNDEZ-GONZÁLES e VILLARREAL, 2007);
● os frutos são importantes fontes para o tratar úlceras e no combate ao escorbuto através do consumo
in natura (GUEDES et al., 2009).
O mandacaru tem sido motivo de estudos científicos para a busca de novos medicamentos e tratamentos
de mal de Parkinson (SALES et al., apud BRUTON et al., 2006). Outras pesquisas relatam que o extrato
de raízes e caules tem ação anti-inflamatória e anticonceptiva (ANDRADE et al., 2006) e como antibió-
tico natural (DAVET et al., 2009).
O mandacaru compartilha de algumas características de plantas que evoluíram em ambientes áridos, tais
como: o caule revestido por uma grossa película, a qual o protege de perder água por transpiração, raízes
muito eficientes, que rapidamente captam a água quando chove, e, principalmente, um tipo de fisiolo-
gia próprio de espécies de deserto, configurada por alto desempenho na fotossíntese (HERNÁNDEZ-
-GONZÁLES & VILLARREAL, 2007).
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Devido a sua ampla distribuição, a espécie não está ameaçada de extinção, foi avaliado quanto ao risco de
extinção como Menos Preocupante (BRAUN, MACHADO & TAYLOR, 2017).
Patrícia Rosa
Escola Nacional de Botânica Tropical/Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro
Martius estudou a planta baiana que inspirou o nome das favelas cariocas
É fundamental relacionar história do Brasil com as plantas nativas, 80 anos mais tarde da passagem de
von Martius e Spix pela Caatinga, houve a Guerra de Canudos (1896-1897) no interior da Bahia. Os
soldados da recente república brasileira combateram e venceram a miserável população de Canudos,
liderada por Antônio Conselheiro, sob acusação de possibilidade do estabelecimento de uma monarquia
religiosa no Brasil. Essa história foi contada no livro Os Sertões, de Euclides da Cunha, em 1902. Os sol-
dados do exército nacional, ao retornarem a então capital do Brasil, Rio de Janeiro, não receberam o sol-
do, ou seja, o pagamento por terem lutado no interior baiano. À espera do governo, os ex-combatentes
se instalaram no Morro da Providência, na zona portuária da capital e próximo do centro administrativo.
Os ex-soldados chamaram a ocupação de favela, relacionado-a ao Morro da Favela, local onde foi trava-
da a luta final contra Canudos. A palavra favela é atribuída à vegetação de faveleiras, nome popular das
espécies do gênero Cnidoscolus (LAURIA, 2011).
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A faveleira, favela-de-cachorro ou cansanção é um planta de porte arbustivo até arbóreo, mede entre
2 a 12 metros de altura (SPECIESLINK, 2021; GOMES, 2014). A espécie é endêmica da região Nor-
deste brasileira, se desenvolve na vegetação de Caatinga (Flora do Brasil, 2020) e se destaca pela sua
extraordinária resistência à seca. As raízes são as responsáveis por armazenar nutrientes para a planta
sobreviver à estação de estiagem. Seu tronco é curto e sustenta a copa alongada ou arredondada, com
folhas verdes, que caem na estação seca desse bioma (GOMES, 2014). Suas folhas são características
pela variação no formato, alguns indivíduos têm folhas inteiras e outros apresentam folhas recorta-
das, e as nervuras que lembram bordados de rendas (MELO; SALES, 2008). A espécie tem espinhos
grandes (até 1,2 cm) e urticantes em quase todos os órgãos. Os espinhos urticantes, quando tocados,
liberam o látex na pele da vítima, que sente fortes dores localizadas, urticárias e até, em raros casos,
sofrem desmaios (LUTZ 1914; OLIVEIRA, 2011). A floração da faveleira ocorre no período de estia-
gem, quando pequenas flores brancas masculinas e femininas surgem em partes distantes entre si dos
ramos espinhentos. Os frutos esverdeados, apresentam uma coroa de espinhos na base, protegendo-os
de predadores, e abrigam de 3 a 5 sementes marrom-amareladas ou acinzentada, com alto teor de óleo
em seu interior (MELO e SALES, 2008).
Cnidoscolus quercifolius e outras espécies do mesmo gênero são utilizadas na medicina popular (anti-infla-
matório, antimicrobiana), como alimento (farinha e óleo produzidos a partir das sementes), como for-
rageiras, ornamentais e para a restauração de áreas degradadas no semiárido da Caatinga (OLIVEIRA,
2011; LORENZI; MATOS, 1998). O conhecimento popular sobre o uso medicinal da espécie vem
sendo testado e comprovado por pesquisas científicas, Gomes (2014) identificou substâncias anesté-
sicas e anti-inflamatórias provenientes do extrato da casca de C. quercifolius. A madeira da faveleira é
moderadamente pesada e de pouca durabilidade e vem sendo empregada em caixotaria e forros (BGCI
e IUCN/SSC, 2019).
Patrícia Rosa
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Cerrado
Gomphrena regeliana Seub.
Família: Amaranthaceae
Ocorre nos estados do Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná
Estado de conservação: VU - Vulnerável à extinção
(Fonte: Flora do Brasil, 2020b; CNCFlora, 2012.2b; BRASIL-MMA,
2014)
Mata Atlântica
Acrocarpus polyphyllus Nees.
Nome atual: Lagenocarpus polyphyllus (Nees) Kunth
Família: Cyperaceae
Ocorre somente no estado do Rio de Janeiro
Estado de conservação: NE - Não avaliada
(Fonte: COSTA & VITTA, 2020)
Pau-brasil
Pau-brasil, pau-pernambuco, ibitapitanga. Árvore símbolo do Brasil, os indígenas litorâneos chamavam-
-na “ibirapitanga” – madeira vermelha. Antes da chegada dos portugueses ao que seria o nosso país, o
termo “brasil” era usado na Europa para designar uma madeira de tinturaria proveniente da Ásia, a Ca-
esalpinia sappan. Principal sustentáculo da economia durante o início do período colonial, o pau-brasil
foi exportado em larga escala para a Europa entre os séculos XVI e XVIII e terminou por dar nome ao
país, antes conhecido como Terra de Santa Cruz. Do pau-brasil se extraía tinta vermelha empregada em
tecelagem e a madeira era aproveitada para construção civil e móveis finos. Nos dias atuais, a madeira é
empregada na confecção de arcos para violino. Em conseqüência da exploração predatória, o pau-brasil
quase desapareceu. Hoje está incluído na lista vermelha das espécies brasileiras ameaçadas de extinção. O
fim do extrativismo do pau-brasil não o livrou do perigo de extinção. Os ciclos posteriores da cana-de-
-açúcar e do café impulsionaram o desmatamento da faixa litorânea, restringindo drasticamente o hábitat
da espécie. Atualmente, há diversas iniciativas bem-sucedidas de preservação, e a data de 3 de maio foi
escolhida como o “dia do pau-brasil”. Além disso, a Paubrasilia echinata tornou-se popularmente usada
como ornamental.
Caesalpinia echinata Lam.
Leguminosae (Fabaceae)
Nome atual: Paubrasilia echinata (Lam.) Gagnon, H.C.Lima & G.P.Lewis
Fabaceae
Litografia
Flora brasiliensis, 1840–1906
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Pampa
Haloschoenus capillaris Lindl. & Nees.
Nome atual: Rhynchospora tenuis Link
Família: Cyperaceae
Ocorre no bioma Pampa, Amazônia, Caatinga, Cerrado, Mata Atlântica
e Pantanal
Estado de conservação: LC - Menos preocupante
(Fonte: THOMAS; SILVA FILHO, 2020)
Pantanal
Langsdorffia hypogaea Mart.
Nome popular: rosa-de-caboclo, estrela-do-chão, fel-da-terra, urupê
Família: Balanophoraceae
Planta parasita. Ocorre no Pantanal, Amazônia, Caatinga, Cerrado e
Mata Atlântica
Estado de conservação: LC - Menos preocupante
(Fonte: CARDOSO, 2020)
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