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MANUAL

ACIDENTES
COM
ANIMAIS
PEÇONHENTOS
"Guia prático sobre acidentes com animais peçonhentos: tudo o que você
precisa saber para agir com eficiência em situações de emergência"

1ª EDIÇÃO
2023

POR AUGUSTO CÉSAR U. DE MORAES


Título:
Acidentes com Animais Peçonhentos
“Guia Prático Sobre Acidentes Com Animais Peçonhentos:
Tudo O que Você Precisa Saber
Para Agir Com Eficiência Em Situações De Emergência”

Copyright© 2022:
Augusto César U.
De Moraes

Organização:
Augusto César U.
De Moraes

Revisão:
Versão Final

Imagens:
Google imagens

1ª Edição
2023

Contato:
controledehemorragias@gmail.com

Proibida a reprodução total ou parcial desta


obra sem o consentimento por escrito do autor
CONTEÚDO:

Introdução

Definições e reconhecimento dos acidentes

Morfologia dos animais peçonhentos

Principais animais de importância clínica no


Brasil

Sinais e sintomas nos acidentes com animais


peçonhentos

Condutas de emergência

Soroterapia específica

Orientações sobre manejo de animais


peçonhentos

Prevenção de acidentes com animais


peçonhentos

Conclusão

1
INTRODUÇÃO:

Os acidentes com animais peçonhentos são


comuns em várias regiões do mundo. Eles
podem ocorrer em qualquer ambiente e
podem ser muito perigosos, até mesmo fatais,
dependendo do animal e da gravidade do
acidente. Este e-book tem como objetivo
fornecer informações sobre o
reconhecimento dos acidentes com animais
peçonhentos, os principais sinais e sintomas,
medidas preventivas e condutas de
emergência no tratamento desses casos.

Este e-book é um material complementar ao


curso homônimo hospedado na plataforma
MONETIZZE, na categoria EAD.

2
DEFINIÇÕES E
RECONHECIMENTO DOS
ACIDENTES

O acidente com animais peçonhentos


acontece quando uma pessoa é picada,
mordida ou ferroada por um animal que
possui glândulas produtoras de veneno,
causando reações adversas ao organismo
humano. Os sintomas do acidente com
animais peçonhentos variam de acordo com o
tipo de animal, quantidade de veneno injetado
e a resposta individual de cada pessoa. Os
acidentes mais graves podem levar à morte se
não forem tratados rapidamente. Por isso, é
importante que as pessoas estejam informadas
sobre como reconhecer os animais
peçonhentos e como agir em caso de acidente.
A prevenção também é uma medida
importante para evitar esse tipo de acidente.

3
DEFINIÇÕES E
RECONHECIMENTO DOS
ACIDENTES

Embora os termos "animal peçonhento" e


"animal venenoso" sejam frequentemente
usados como sinônimos, há uma diferença
importante entre eles.
Um animal peçonhento é aquele que produz
veneno e o injeta em suas presas, geralmente
como uma forma de se defender ou para
capturar uma presa. Exemplos de animais
peçonhentos incluem serpentes, aranhas,
escorpiões, algumas espécies de peixes e
lagartas.
Por outro lado, um animal venenoso é aquele
que produz uma toxina que pode ser
transmitida ao organismo humano através do
contato com a pele ou ingestão do animal ou
de alguma parte dele. Alguns exemplos de
animais venenosos incluem algumas espécies
de sapos e rãs, alguns tipos de peixes, certas
lagartas, entre outros.

4
DEFINIÇÕES E
RECONHECIMENTO DOS
ACIDENTES

Em resumo, a principal diferença entre


animais peçonhentos e venenosos está na
forma como a substância tóxica é transmitida
ao organismo humano: no primeiro caso,
através de uma mordida, picada ou ferroada, e
no segundo, por contato direto com a pele ou
ingestão do animal.

Sapo: venenoso Escorpião: peçonhento

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MORFOLOGIA DOS
ANIMAIS PEÇONHENTOS

Os animais peçonhentos possuem uma


variedade de morfologias, dependendo do
grupo taxonômico ao qual pertencem.
Algumas características morfológicas comuns
encontradas em animais peçonhentos
incluem:

Serpentes: corpo alongado e escamas em


forma de losango ou hexagonal; cabeça
triangular e mandíbulas móveis; presença
de duas presas ocas localizadas na parte
anterior da boca; ausência de patas.

Aranhas: corpo dividido em duas partes, a


cefalotórax e o abdômen; quatro pares de
pernas; presença de quelíceras na parte
anterior da boca que contêm glândulas
produtoras de veneno; algumas espécies
possuem uma marca em forma de violino
no cefalotórax.

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MORFOLOGIA DOS
ANIMAIS PEÇONHENTOS

Escorpiões: corpo dividido em duas partes,


o cefalotórax e o abdômen; quatro pares
de pernas; presença de uma cauda curta
com um ferrão na ponta, que contém
glândulas produtoras de veneno.

Abelhas e vespas: corpo dividido em três


partes, a cabeça, o tórax e o abdômen; dois
pares de asas membranosas; presença de
um ferrão que pode ser retrátil, localizado
na parte posterior do abdômen; algumas
espécies possuem cores vibrantes ou listras
no corpo.

Lagartas e mariposas: corpo dividido em


cabeça, tórax e abdômen; algumas espécies
possuem cerdas ou pelos que podem
causar irritações na pele; algumas espécies
possuem cores vibrantes ou padrões
interessantes nas asas.

7
MORFOLOGIA DOS
ANIMAIS PEÇONHENTOS

Formigas: corpo dividido em três partes, a


cabeça, o tórax e o abdômen; três pares de
pernas; algumas espécies possuem
mandíbulas proeminentes e afiadas;
algumas espécies possuem uma estrutura
em forma de espinho no final do
abdômen, chamada de ácido fórmico, que
é capaz de causar irritações na pele.

Peixes peçonhentos: presença de espinhos


ou escamas modificadas capazes de causar
lesões; algumas espécies possuem
glândulas de veneno localizadas na base
dos espinhos.

Em resumo, a morfologia dos animais


peçonhentos varia amplamente, mas é
importante conhecer as características básicas
de cada grupo taxonômico para identificar
possíveis ameaças e prevenir acidentes.

8
MORFOLOGIA DOS
ANIMAIS PEÇONHENTOS

ESCORPIÃO

SERPENTE

FORMIGA

ABELHA

9
MORFOLOGIA DOS
ANIMAIS PEÇONHENTOS

LAGARTA

ARANHA

10
MORFOLOGIA DOS
ANIMAIS PEÇONHENTOS

A seguir nós veremos as características dos


principais animais causadores de acidentes
no Brasil, em termos proporcionais, seja em
comportamento, quanto características
físicas e toxicológicas

Obs.: este é um resumo, colocado de forma


clara para todos os públicos, portanto,
alterações de expressões ou palavras foram
realizadas para melhor entendimento

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ARANHAS

Cefalotórax: é a primeira parte do corpo


da aranha, formada pela fusão da cabeça e
do tórax. É revestido por um exoesqueleto
resistente e possui quatro pares de pernas,
um par de quelíceras (apêndices na frente
da cabeça usados para capturar e injetar
veneno na presa) e um par de pedipalpos
(apêndices usados para manipular a presa e
reprodução).
Abdômen: é a segunda parte do corpo da
aranha, localizado atrás do cefalotórax. É
revestido por um exoesqueleto mais fino e
flexível e contém os órgãos internos da
aranha, como os pulmões em livro (usados
para a respiração) e o intestino.
Olhos: as aranhas possuem geralmente
oito olhos, dispostos em duas filas, embora
algumas espécies possam ter seis, quatro
ou mesmo dois olhos.

12
ARANHAS

Pelos sensoriais: muitas espécies de


aranhas possuem pêlos sensoriais em todo
o corpo, que ajudam a detectar vibrações,
odores e outros estímulos do ambiente.
Glândulas de veneno: as aranhas são
animais peçonhentos, portanto possuem
glândulas de veneno localizadas nas
quelíceras, que são usadas para imobilizar
e digerir a presa.
Espinhas e garras: muitas espécies de
aranhas possuem espinhas e garras nas
pernas, que ajudam a capturar e segurar a
presa.

13
ARANHAS

Coloração: a coloração das aranhas pode


variar muito entre as diferentes espécies,
podendo ser de tons de preto, marrom,
amarelo, vermelho, verde, azul e até
mesmo coloridas e brilhantes. A coloração
pode ajudar a aranha a se camuflar ou a se
comunicar visualmente com outras
aranhas.
Tamanho: as aranhas podem variar muito
em tamanho, desde espécies minúsculas,
com menos de 1 milímetro de
comprimento, até espécies grandes, como
a tarântula-golias (Theraphosa blondi), que
pode ter mais de 25 centímetros de
envergadura.

14
ARANHAS

Algumas espécies de aranhas constroem teias,


enquanto outras não. As aranhas que
constroem teias geralmente usam as teias para
capturar presas, se locomover ou se proteger
de predadores. Algumas espécies constroem
teias complexas, como as aranhas orb-weaver,
que tecem teias circulares e regulares,
enquanto outras espécies constroem teias
irregulares ou em forma de túnel. No entanto,
nem todas as espécies de aranhas constroem
teias. Algumas aranhas caçam ativamente suas
presas sem usar teias, como as aranhas
saltadoras, que são capazes de pular grandes
distâncias para capturar presas. Outras
espécies de aranhas, como as aranhas de
emboscada, permanecem imóveis e
camufladas para capturar suas presas.

Outro dado importante: com algumas


exceções, todas as aranhas são peçonhentas

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ARANHAS

Anatomia geral de uma aranha

COMO DITO ANTERIORMENTE, A ANATOMIA DOS


ANIMAIS PODEM MUDAR DE ACORDO COM A
ESPÉCIE, HABITAT, ETC. ESSA É APENAS UMA
REPRESENTAÇÃO GENERALISTA SOBRE O CORPO
DE UMA ARANHA

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ESCORPIÕES

Cefalotórax: É a primeira parte do corpo do


escorpião, onde se localizam os olhos, as
quelíceras (mandíbulas modificadas), as
patas dianteiras e as pernas médias.
Abdomen: É a segunda parte do corpo do
escorpião, composto por sete segmentos. O
último segmento, chamado telson, é
responsável pela injeção do veneno.
Pedipalpos: São as patas dianteiras do
escorpião, que possuem uma estrutura
semelhante a uma pinça e são utilizados
para capturar presas e se defender.
Pernas: São as pernas médias e traseiras do
escorpião, responsáveis pelo movimento e
equilíbrio do animal.

17
ESCORPIÕES

Cauda: É a estrutura final do corpo do


escorpião, que inclui o telson (ponta da
cauda), vesícula de veneno, ducto e aguilhão.
O aguilhão é utilizado para injetar veneno
em presas ou ameaças.
Cerdas: São estruturas sensoriais
encontradas em todo o corpo do escorpião,
que auxiliam na percepção de movimento e
vibração.
Olhos: Escorpiões possuem entre 2 e 12
olhos, dependendo da espécie, que são
utilizados principalmente para detectar luz e
sombras.
Coloração: A cor do escorpião pode variar
de acordo com a espécie e habitat, podendo
ser marrom, preto, amarelo ou vermelho.
Tamanho: O tamanho do escorpião
também varia de acordo com a espécie,
podendo medir de alguns centímetros até
mais de 20 cm de comprimento.

18
ESCORPIÕES

A ANATOMIA DESSES ANIMAIS PODERÁ SOFRER


LEVES ALTERAÇÕES DE ACORDO COM A ESPÉCIE.
ESSA É UMA REPRESENTAÇÃO GENERALISTA DA
MORFOLOGIA DE UM ESCORPIÃO

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LAGARTAS

Cabeça: É a primeira parte do corpo da


lagarta, onde se localizam a boca, as antenas
e os olhos.
Tórax: É a segunda parte do corpo da
lagarta, composto por três segmentos. Cada
segmento possui um par de patas
verdadeiras.
Abdômen: É a terceira parte do corpo da
lagarta, composto por vários segmentos.
Cada segmento possui um par de patas
falsas.
Pelos: A maioria das lagartas possuem pelos
em todo o corpo, que podem ser curtos ou
longos, finos ou grossos, e de diferentes
cores e formatos.
Coloração: A cor da lagarta pode variar de
acordo com a espécie e habitat, podendo ser
verde, marrom, preto, amarelo ou
vermelho.

20
LAGARTAS

Tamanho: O tamanho da lagarta também


varia de acordo com a espécie, podendo
medir de alguns milímetros até mais de 10
cm de comprimento.
Outras estruturas: Algumas lagartas podem
possuir estruturas adicionais, como espinhos
ou cerdas urticantes, que podem ser
utilizadas para se defender de predadores ou
humanos.
É importante ressaltar que a morfologia das
lagartas pode variar bastante de acordo com
a espécie, sendo que algumas possuem
características muito diferentes das descritas
acima. Além disso, as lagartas passam por
várias mudas de pele durante seu
desenvolvimento, o que pode alterar sua
aparência e estrutura ao longo do tempo.

21
LAGARTAS

22
LAGARTAS

Imagem ampliada das cerdas de uma lagarta

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24
FORMIGAS

Cabeça: É a primeira parte do corpo da


formiga, onde se localizam a boca, as
antenas e os olhos compostos.
Tórax: É a segunda parte do corpo da
formiga, composto por três segmentos. Cada
segmento possui um par de pernas e as asas
(quando presentes) são fixadas neste
segmento.
Abdômen: É a terceira parte do corpo da
formiga, composto por vários segmentos. O
último segmento abriga as glândulas de
veneno, conhecido como ácido fórmico, que
é utilizado para se defender de predadores.

25
FORMIGAS

Pelos: As formigas possuem pelos em todo o


corpo, que podem ser curtos ou longos,
finos ou grossos, e de diferentes cores e
formatos.
Coloração: A cor da formiga pode variar de
acordo com a espécie e habitat, podendo ser
preto, marrom, amarelo ou vermelho.
Tamanho: O tamanho da formiga também
varia de acordo com a espécie, podendo
medir de alguns milímetros até mais de 2
cm de comprimento.
Outras estruturas: Algumas formigas podem
possuir estruturas adicionais, como
mandíbulas desenvolvidas para cavar ou
cortar folhas, ou espinhos para se defender.

É IMPORTANTE RESSALTAR QUE A MORFOLOGIA DAS


FORMIGAS PODE VARIAR BASTANTE DE ACORDO COM A
ESPÉCIE, SENDO QUE ALGUMAS POSSUEM
CARACTERÍSTICAS MUITO DIFERENTES DAS DESCRITAS
ACIMA. ALÉM DISSO, AS FORMIGAS PODEM APRESENTAR
DIFERENTES FORMAS E TAMANHOS DE ACORDO COM A
FUNÇÃO QUE DESEMPENHAM DENTRO DA COLÔNIA, COMO
AS RAINHAS, OPERÁRIAS E SOLDADOS.

26
FORMIGAS

IMAGEM GENERALISTA DA MORFOLOGIA DE


UMA FORMIGA

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28
SERPENTES

Cabeça: É a primeira parte do corpo da


serpente, onde se localizam a boca, as
narinas e os olhos, que podem ter pupilas
redondas ou verticais.
Corpo: É a parte mais longa da serpente,
composto por uma série de vértebras que se
articulam entre si, permitindo a serpente se
mover em diferentes direções.
Escamas: As serpentes possuem escamas em
todo o corpo, que são usadas para proteção e
para ajudar na locomoção. As escamas
podem variar em tamanho, forma e textura,
de acordo com a espécie.
Pele: A pele das serpentes é elástica e pode
se esticar bastante, permitindo que a
serpente engula presas maiores do que sua
própria cabeça.

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SERPENTES

Coloração: A cor da serpente pode variar


bastante de acordo com a espécie e habitat,
podendo ser verde, marrom, cinza, preto,
amarelo, vermelho, entre outras.
Tamanho: As serpentes podem variar
bastante de tamanho, desde espécies que
medem apenas alguns centímetros até
outras que podem chegar a mais de 10
metros de comprimento.
Veneno: Algumas serpentes possuem
glândulas de veneno, que podem ser usadas
para se defender ou para capturar presas. As
presas de serpentes venenosas possuem
presas especializadas para injetar o veneno.

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SERPENTES

Língua bifurcada: a língua bifurcada das


serpentes é uma adaptação para a percepção
de cheiros. As duas pontas da língua captam
as partículas de cheiro do ambiente e as
levam para o órgão de Jacobson, localizado
no céu da boca, onde são processadas e
interpretadas.
Órgão de Jacobson: este órgão é responsável
por interpretar os cheiros captados pela
língua bifurcada das serpentes. Ele é
composto por duas cavidades preenchidas
com células receptoras especializadas que
transmitem informações sensoriais para o
cérebro da serpente.

31
SERPENTES

Mandíbulas móveis: as serpentes possuem


mandíbulas móveis que são capazes de se
abrir em um ângulo muito amplo. Isso
permite que elas engulam presas que são
maiores do que sua própria cabeça.
Escamas sensoriais: as serpentes possuem
escamas especiais em seus corpos que
contêm células sensoriais. Essas células
podem detectar vibrações no solo e ajudar as
serpentes a localizar suas presas e se orientar
no ambiente.
Fosseta loreal: é um órgão sensorial
presente em algumas serpentes venenosas,
como as víboras e as cascavéis. É uma
pequena cavidade localizada entre o olho e a
narina, coberta por uma membrana fina.
Esse órgão é capaz de detectar variações
sutis de temperatura no ambiente,
permitindo que a serpente localize suas
presas, mesmo em condições de pouca luz
ou visibilidade reduzida.

32
AS PRESAS DAS
SERPENTES
Áglifa: ausência de dentes inoculadores de
veneno. São encontradas principalmente em
cobras que se alimentam de presas que
podem ser engolidas inteiras, como as
jiboias.
Opistóglifa: dentes inoculadores de veneno
localizados na parte posterior da maxila
superior. São encontradas principalmente
em cobras venenosas da família Colubridae,
como as cobras-coral falsas.
Proteróglifa: dentes inoculadores de veneno
localizados na parte anterior da maxila
superior. São encontradas em cobras
venenosas da família Elapidae, como as
cobras-coral verdadeiras.
Solenóglifa: dentes inoculadores de veneno
ocos e retráteis localizados na parte anterior
da maxila superior. São encontradas em
cobras venenosas da família Viperidae,
como as cascavéis e as jararacas.

33
AS PRESAS DAS
SERPENTES

Representação das dentições das serpentes

34
AS PRESAS DAS
SERPENTES

Dentição Áglifa

35
AS PRESAS DAS
SERPENTES

Dentição Proteróglifa

36
AS PRESAS DAS
SERPENTES

Dentição Solenóglifa

37
AS PRESAS DAS
SERPENTES

Dentição Opistóglifa

38
AS PRESAS DAS
SERPENTES

Dentição Áglifa: dentição encontrada nas


serpentes não peçonhentas e com
características constritoras (Jibóia, Sucuri,
Python)

Dentição Solenóglifa: dentição encontrada


nas Jararacas, Cascavéis e Surucucus
(considerando apenas as serpentes brasileiras)

Dentição Proteróglifa: encontrada nas Corais


Verdadeiras (considerando apenas serpentes
brasileiras)

Dentição Opistóglifa: encontrada nas Falsas


Corais (considerando apenas serpentes
brasileiras)

39
ESPÉCIES DE SERPENTES
"JARARACAS"
No Brasil, existem várias espécies de jararacas
pertencentes ao gênero Bothrops, algumas
das quais incluem:

Jararaca (Bothrops jararaca)


Jararaca-ilhoa (Bothrops insularis)
Jararaca-pintada (Bothrops pictus)
Jararaca-de-alcatrazes (Bothrops alcatraz)
Jararaca-do-campo (Bothrops alternatus)
Jararaca-do-norte (Bothrops atrox)
Jararaca-verde (Bothrops bilineatus)
Jararaca-da-seca (Bothrops erythromelas)
Jararaca-da-mata (Bothrops fonsecai)
Jararaca-de-ouro (Bothrops aurea)
Jararaca-da-amazônia (Bothrops brazili)
Jararaca-da-serra (Bothrops bocainensis)
Jararaca-de-sete-listras (Bothrops diporus)
Jararaca-de-são-mateus (Bothrops
moojeni)
Jararaca-da-tijuca (Bothrops sazimai)

40
ESPÉCIES DE SERPENTES
"CORAL VERDADEIRA"
O gênero Micrurus é composto por diversas
espécies de serpentes venenosas, conhecidas
popularmente como cobras-corais
verdadeiras. No Brasil, são reconhecidas mais
de 30 espécies deste gênero. A seguir,
algumas espécies de serpentes do gênero
Micrurus presentes no Brasil:

Micrurus averyi
Micrurus bernadi
Micrurus brasiliensis
Micrurus corallinus
Micrurus frontalis
Micrurus fulvius
Micrurus hemprichii
Micrurus ibiboboca
Micrurus lemniscatus
Micrurus lintoni
Micrurus nattereri
Micrurus obscurus
Para leitura complementar a respeito do Gênero Micrurus, acesse:
https://www.biodiversity4all.org/taxa/30493-Micrurus

41
ESPÉCIES DE SERPENTES
"CORAL VERDADEIRA"
(GÊNERO LEPTOMICRURUS)

Leptomicrurus narduccii: conhecida


popularmente como "Coralzinha de
Narducci", ocorre nos estados de Minas
Gerais, Goiás, Distrito Federal e Mato
Grosso do Sul.
Leptomicrurus corpentis: conhecida
popularmente como "Coralzinha de
Corpenti", ocorre nos estados de Minas
Gerais, Goiás e Distrito Federal.
Leptomicrurus spixii: conhecida
popularmente como "Coralzinha de Spix",
ocorre nos estados da Bahia, Minas Gerais,
Goiás, Tocantins, São Paulo, Paraná, Santa
Catarina e Rio Grande do Sul.
Leptomicrurus scutiventris é uma espécie
de cobra coral verdadeira encontrada na
região Norte do Brasil, especificamente
nos estados do Pará e Amazonas.

42
ESPÉCIES DE SERPENTES
"CASCAVÉIS"
No Brasil, há apenas uma espécie de cascavel:
a Crotalus durissus. No entanto, essa espécie
pode ser subdividida em várias subespécies,
com diferenças em sua distribuição
geográfica, coloração e outras características.
Abaixo está algumas das subespécies de
Crotalus durissus encontradas no Brasil:
Crotalus durissus terrificus: encontrada em
grande parte do território brasileiro, com
exceção da região Nordeste.
Crotalus durissus cascavella: encontrada no
Rio Grande do Sul, Santa Catarina e
Paraná.
Crotalus durissus collilineatus: encontrada no
Nordeste do Brasil, nos estados de
Pernambuco, Paraíba, Rio Grande do
Norte e Ceará.
Crotalus durissus marajoensis: encontrada
apenas na Ilha de Marajó, no Pará.
Crotalus durissus ruruima: encontrada no
estado de Roraima.
Crotalus durissus vegrandis: encontrada na
Amazônia, nos estados de Amazonas e

43
Pará.
44
SINAIS E SINTOMAS NOS
ACIDENTES COM
ANIMAIS PEÇONHENTOS
Os sinais e sintomas em casos de acidentes com
animais peçonhentos variam de acordo com o tipo
de animal, com a quantidade de veneno injetado,
com a fisiologia das vítima. De um modo
GENERALISTA, sempre fique atento a sinais
como:

Dor intensa no local da picada


Inchaço no local da picada
Vermelhidão na região afetada
Queimação ou formigamento no local da picada
Náuseas e vômitos
Tontura e desmaio
Sudorese (suor intenso)
Palpitações
Dificuldade para respirar
Alterações na pressão arterial
Alterações na frequência cardíaca
Confusão mental
Paralisia
Convulsões

45
SINAIS E SINTOMAS NOS
ACIDENTES COM
ANIMAIS PEÇONHENTOS

Além dos sinais e sintomas já mencionados, os


acidentes com animais peçonhentos podem apresentar
diversas outras manifestações clínicas. Atente-se a:

Dificuldade para falar ou engolir;


Alterações visuais, como visão dupla ou turva;
Dor abdominal intensa;
Diarreia;
Sangramentos;
Falta de ar;
Fraqueza muscular;
Coceira pelo corpo;
Alterações da pele, como bolhas ou manchas (que
podem variar em cor e tamanho)

A seguir veremos algumas alterações conforme o tipo


de acidente e o agente causador

46
SINAIS E SINTOMAS NOS
ACIDENTES COM
SERPENTES:

A dentição das serpentes é um bom indicativo e nos dá


um norteamento do tipo de animal que estamos
lidando nessa emergência.
Não via de regra, mas na maioria dos acidentes
ofídicos podemos visualizar o padrão da dentição
marcado na pele da vítima

47
SINAIS E SINTOMAS NOS
ACIDENTES COM
SERPENTES:

A dentição das serpentes é um bom indicativo e nos dá


um norteamento do tipo de animal que estamos
lidando nessa emergência.
Não via de regra, mas na maioria dos acidentes
ofídicos podemos visualizar o padrão da dentição
marcado na pele da vítima
DICA: muitas vezes, devido ao tamanho, uma lupa
poderá ser necessária para conseguirmos visualizar o
padrão de dentição

48
SINAIS E SINTOMAS NOS
ACIDENTES COM
SERPENTES:

Acima, condição conhecida como "Face Miastênica".


Há a presença de Blefaroptose (queda das pálpebras),
rugas na testa, devido à elevação dos músculos da face
na tentativa de abrir os olhos.

Essa caracterísitca está presente em grande parte dos


acidentes com NEUROTOXINAS, em especial nos
acidentes com Cascavéis e Corais

49
SINAIS E SINTOMAS NOS
ACIDENTES COM
SERPENTES:

Além da "Face Miastênica", poderão ser visualizados


sinais como:

Dislalia (dificuldade de fala (fala "enrolada")


Perda de mobilidade
Fraqueza muscular
Convulsões
Visão turva

50
CONDUTAS DE
EMERGÊNCIA
Manter a função cardiorrespiratória estável, tratamento para algias
(dores) e processos inflamatórios (sob orientação médica)
Evitar movimentações desnecessárias da vítima. Mantenha-a em
repouso e de forma confortável
Uso de soro específico de acordo com a espécie do animal
peçonhento
Não tente capturar o animal se você não se sentir SEGURO(A) para
fazê-lo e não tiver materiais adequados para isso. Não seja outra
vítima!
Não oferte líquidos e alimentos à vítima, até que haja
recomendação/orientação médica. Certos acidentes costumam
ocasionar distúrbios gastrointestinais e oferecer alimentos/líquidos
pode acarretar em complicações
Não fique esperando o surgimento de sinais e sintomas mais
graves para levar/ir até um pronto atendimento. Na dúvida, VÁ o
quanto antes
Antes de atender uma vítima, certifique-se de que o animal
causador do acidente não esteja em iminente ameaça à sua
integridade física. Se necessário, defenda-se com os meios que
julgar corretos. Só mate o animal caso seja EXTREMAMENTE
necessário! Eles são tão importantes para o mundo quanto seu
filho!
Não use Torniquete/Garrote nas situações em que você
desconheça a ação da toxina. Citotoxinas, hematotoxinas, toxinas
proteolíticas e de ação direta na cascata de coagulação sanguínea
podem ter a condição agravada nesses casos. Só faça o que você
tiver CERTEZA e obedeça sempre as oeirntações de um profissional
habilitado para tal.
NÃO DÊ MEDICAÇÕES à vítima sem antes ter uma
orientação/prescrição médica. Parece algo tão simples, mas a falta
de conhecimento técnico pode levar a vítima à morte.

51
CONDUTAS DE
EMERGÊNCIA
Para níveis de conhecimento, um simples Paracetamol® pode
agravar casos de acidentes onde a toxina envolvida tenha ação
hepatotóxica (no fígado). A dose tóxica do Paracetamol, que já é
baixa, tende a ser potencializada. CUIDADO!
Dipirona® é uma medicação da classe dos Analgésicos Não
Narcóticos e Antipiréticos. O que muita gente não sabe é que ela
causa Hipotensão Transitória (queda da pressão arterial) e gera um
pico de hipertermia (febre) antes de iniciar sua baixa . Acidentes que
geram, por si sós, essas condições, terão o uso de Dipirona como
potencial agravante do quadro.
As vítimas não necessariamente serão tratadas todas da mesma
forma. Cada uma será avaliada conforme suas peculiaridades como:
idade, peso, patologias associadas, condições preexistentes, eventos
relacionados ao acidente, etc
Caso você seja portador(a) de alguma reação alérgia conhecida de
uma toxina ou medicação, INFORME a equipe de socorro. Carregue
consigo uma carteirinha que contenha essas informações, bem
como tipo sanguíneo. Faça o mesmo caso conviva com alguém
nessas condições.
NÚMEROS DE EMERGÊNCIA: 192 (SAMU), 193 (BOMBEIROS). Só ligue
para a Polícia Militar (190) caso os outros serviços não estejam
disponíveis na sua região. A Polícia NÃO FAZ ATENDIMENTO À
VÍTIMAS de nenhuma natureza. Casos excepcionais TALVEZ possam
ser abertos (essa não é a regra, é a exceção. Atente-se a isso!)
Não culpe as equipes de atendimento por demora no
atendimento/deslocamento. Em 99,9% dos casos, não há culpa.
Cobre os políticos que fazem questão de cobrir os olhos para as
carências dos serviços de assistência á saúde (em especial os
móveis). Centenas de municípios do Brasil contam com apenas UMA
ambulância para atender toda a cidade...

52
SOROTERAPIA
ESPECÍFICA
SERPENTES

SORO ANTIBOTRÓPICO (PENTAVALENTE)


Indicado no tratamento do envenenamento por
serpente do gênero Bothrops, (jararaca, jararacuçu,
urutu, surucucu, comboia). As doses variam de
acordo com a gravidade
Acesse a bula para pacientes
Acesse a bula para profissionais de saúde

SORO ANTIBOTRÓPICO (PENTAVALENTE)


E ANTILAQUÉTICO
INDICADO NO TRATAMENTO DO ENVENENAMENTO POR
SERPENTES DO GÊNERO BOTHROPS (JARARACA,
JARARACUÇU, URUTU, SURUCUCU, COMBOIA), OU EM
ACIDENTES POR LACHESIS (SURUCUCU-PICO-DE-JACA),
ENCONTRADA PRINCIPALMENTE NA AMAZÔNIA.
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53
SOROTERAPIA
ESPECÍFICA
SERPENTES

SORO ANTICROTÁLICO
INDICADO NO TRATAMENTO DO
ENVENENAMENTO POR SERPENTE DO GÊNERO
CROTALUS, (COBRA CASCAVEL). AS DOSES
VARIAM DE ACORDO COM A GRAVIDADE.
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ACESSE A BULA PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE

SORO ANTIBOTRÓPICO (PENTAVALENTE)


E ANTICROTÁLICO

INDICADO NO TRATAMENTO DO ENVENENAMENTO POR


SERPENTES DO GÊNERO BOTHROPS (JARARACA,
JARARACUÇU, URUTU, SURUCUCU, COMBOIA), OU EM
ACIDENTE POR CROTALUS (COBRA CASCAVEL)
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54
SOROTERAPIA
ESPECÍFICA
SERPENTES

SORO ANTIELAPÍDICO
INDICADO NO TRATAMENTO DO
ENVENENAMENTO POR SERPENTE DO GÊNERO
MICRURUS, (CORAL VERDADEIRA).
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55
SOROTERAPIA
ESPECÍFICA
ESCORPIÕES

SORO ANTIESCORPIÔNICO
INDICADO NO TRATAMENTO DO
ENVENENAMENTO POR ESCORPIÃO DO GÊNERO
TITYUS (ESCORPIÕES AMARELO, MARROM OU
PRETO), QUANDO HOUVER INDICAÇÃO.
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56
SOROTERAPIA
ESPECÍFICA
ARACNÍDEOS

SORO ANTIARACNÍDICO (LOXOSCELES,


PHONEUTRIA E TITYUS)
INDICADO NO TRATAMENTO DO
ENVENENAMENTO POR ESCORPIÃO DO GÊNERO
TITYUS (ESCORPIÕES AMARELO, MARROM OU
PRETO), OU ARANHAS DO GÊNERO
PHONEUTRIA (ARANHA ARMADEIRA) OU
LOXOSCELES (ARANHA MARROM).
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57
SOROTERAPIA
ESPECÍFICA
LAGARTAS

SORO ANTILONÔMICO
INDICADO NO TRATAMENTO DO
ENVENENAMENTO POR LAGARTAS DO GÊNERO
LONOMIA (TATURANA, ORUGA, TAPURU),
QUANDO HOUVER INDICAÇÃO.
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MANEJO DE ANIMAIS
PEÇONHENTOS

Lidar com animais peçonhentos pode ser arriscado, por


isso é crucial priorizar a segurança. Sempre chame
profissionais treinados e capacitados para manejar e
remover esses animais, e nunca tente fazer isso por
conta própria, a menos que tenha treinamento
específico.

A prevenção é a melhor forma de evitar encontros


perigosos com animais peçonhentos

Material útil para manejo seguro:


Luvas de proteção.
Pinças longas para captura à distância.
Recipientes apropriados para acondicionar o
animal (como caixas de plástico com tampa).
Lanterna para visualização noturna.
Calçados fechados
Caneleira/perneira (p/ serpentes)

59
MANEJO DE ANIMAIS
PEÇONHENTOS
CONHEÇA O
COMPORTAMENTO DO
ANIMAL

Fazer o manejo de animais peçonhentos pode ser uma


situação traumática e estressante para eles. Portanto, é
fundamental estar ciente que qualquer manipulação
poderá acarretar em um acidente. Conhecer o
comportanto dos animais, tanto em suas reações de total
normalidade, de defesa ou de ataque, é uma medida de
prever e evitar esses acidentes

60
PREVENÇÃO DE
ACIDENTES

Mantenha sua casa e arredores limpos e livres


de entulhos, pois isso reduzirá a presença de
animais peçonhentos;
Use calçados fechados ao caminhar ao ar livre,
especialmente à noite;
Evite colocar as mãos ou os pés em locais
onde você não possa ver claramente;
Use equipamentos de proteção individual
sempre que for realizar a manipulação de animais
peçonhentos;
Examinas calçados, roupas, roupas de cama e
banho antes de usá-las
Limpar regularmente móveis, cortinas,
quadros, cantos de parede;
Vedar frestas e buracos em paredes,
assoalhos, forros e rodapés;
Utilizar telas, vedantes ou sacos de areia em
portas, janelas e ralos;

61
CONCLUSÃO
Caro leitor,
Chegar ao final deste e-book é motivo de grande
satisfação e gratidão.

Primeiramente, gostaria de agradecer a você,


caro leitor, por dedicar seu tempo a explorar
este material e aprender mais sobre como
prevenir e lidar com acidentes envolvendo
animais peçonhentos. Espero que as
informações fornecidas tenham sido úteis e
valiosas para você e para sua comunidade.

Também gostaria de estender meus


agradecimentos a todos os especialistas e
pesquisadores que compartilharam seu
conhecimento e experiência neste campo. Suas
contribuições foram fundamentais para a
precisão e relevância deste e-book.

62
ESPERO QUE ESTE E-BOOK TENHA SIDO UMA
FONTE VALIOSA DE INFORMAÇÃO E QUE VOCÊ
SAIA DELE MAIS PREPARADO PARA ENFRENTAR OS
DESAFIOS RELACIONADOS AOS ANIMAIS
PEÇONHENTOS. CONTINUAREI A TRABALHAR PARA
MELHORAR E EXPANDIR ESSE CONHECIMENTO, NA
ESPERANÇA DE QUE POSSAMOS TORNAR NOSSAS
COMUNIDADES MAIS SEGURAS.
MUITO OBRIGADO POR FAZER PARTE DESTE
IMPORTANTE PROJETO.

COM GRATIDÃO,
AUGUSTO CÉSAR U. DE MORAES

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