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PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA

Portal Educação

CURSO DE

TOXICOLOGIA GERAL

Aluno:

EaD – Educação a Distância Portal Educação

AN02FREV001/REV 4.0

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CURSO DE

TOXICOLOGIA GERAL

MÓDULO III

Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este
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aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas.

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MÓDULO III

15 ANIMAIS PEÇONHENTOS

Animais peçonhentos são aqueles que possuem glândulas de veneno que


se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou aguilhões, por onde o veneno passa
ativamente. Portanto, peçonhentos são os animais que injetam veneno com
facilidade e de maneira ativa. Ex.: serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas,
entre outros.
Já os animais venenosos são aqueles que produzem veneno, mas não
possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento
passivo por contato (lonomia ou taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão
(peixe baiacu).

15.1 OFIDISMO

15.1.1 Aspectos epidemiológicos

Dentre os acidentes por animais peçonhentos, o ofidismo é o principal deles,


pela sua frequência e gravidade. Ocorrem em todas as regiões e estados brasileiros
e são um importante problema de saúde, quando não se institui a soroterapia de
forma precoce e adequada.
As serpentes são animais vertebrados, com as seguintes características:
 Corpo alongado coberto por escamas;
 Ausência de membros locomotores (patas), o que faz com que se
arrastem pelo chão. Daí serem chamadas de répteis;

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 Ausência de ouvido. As serpentes não escutam, elas sentem as
vibrações do solo pelo próprio esqueleto;
 Língua bífida, ou seja, dividida em duas partes na ponta. Essa língua
serve para explorar o ambiente e pegar pequenas substâncias suspensas no
ar, encaminhando-as a um órgão localizado dentro da boca (órgão de
Jacobson), e que desempenha função equivalente ao olfato;
 Olhos sem pálpebras, sempre abertos;
 Sangue "frio" (pecilotérmico), isto é, sua temperatura varia de acordo
com a do ambiente;
 Órgãos internos como os demais vertebrados, tais como pulmão,
fígado, coração, rins, testículos, ovários, etc. Estes órgãos são alongados,
acompanhando o formato do corpo. A cobra não possui bexiga. Do mesmo
modo que as aves, as cobras eliminam a urina junto com as fezes. As
serpentes são animais adaptados à vida em diversos ambientes: na
superfície ou embaixo da terra, na água e nas árvores;
 Possuem várias glândulas na cabeça e na boca, que produzem
substâncias que podem ser tóxicas, variando em quantidade e qualidade
entre as espécies. O veneno é uma secreção que funciona para captura e
digestão do alimento e, também, como defesa do animal contra seus
agressores;
 As serpentes, quando assustadas, podem tomar atitudes diversas: as
venenosas em geral ficam enrodilhadas, prontas para o bote, e afastam-se
lentamente; serpentes não venenosas dão em geral vários botes na pessoa,
extremamente rápidos, e afastam-se velozmente. Algumas serpentes não
venenosas, além de morder, abocanham o local e dificilmente soltam; então é
necessário abrir a boca do réptil, afastando os maxilares do local mordido,
para evitar dilaceração.
Alguns critérios de identificação permitem reconhecer a maioria das
serpentes peçonhentas brasileiras, distinguindo-as das não peçonhentas:
a) as serpentes peçonhentas possuem dentes inoculadores de veneno
localizados na região anterior do maxilar superior. Nas Micrurus (corais),
essas presas são fixas e pequenas, podendo passar despercebidas;

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b) presença de fosseta loreal – com exceção das corais, as serpentes
peçonhentas têm entre a narina e o olho um orifício termo receptor,
denominado fosseta loreal. Vista em posição frontal, este animal
apresenta quatro orifícios na região anterior da cabeça, o que justifica a
denominação popular de "cobra de quatro ventas";
c) as corais verdadeiras (Micrurus) são a exceção à regra acima referida,
pois apresentam características externas iguais às das serpentes não
peçonhentas (são desprovidas de fosseta loreal, apresentando coloração
viva e brilhante). De modo geral, toda serpente com padrão de coloração
que inclua anéis coloridos deve ser considerada perigosa;
d) as serpentes não peçonhentas têm geralmente hábitos diurnos, vivem em
todos os ambientes, particularmente próximos às coleções líquidas, têm
coloração viva, brilhante e escamas lisas. São popularmente conhecidas
por "cobras d'água", "cobra cipó", "cobra verde", dentre outras numerosas
denominações. Estão relacionadas, abaixo, as espécies consideradas de
maior importância médico-sanitária, em face do número ou da gravidade
dos acidentes que provocam, nas diversas regiões do país.

15.2 SERPENTES PEÇONHENTAS

No mundo todo existem, aproximadamente, 2.500 espécies de serpentes.


Destas, 250 são conhecidas no Brasil, das quais 70 são consideradas peçonhentas
e pertencentes a dois grupos, Crotalíneos e Elapíneos, e quatro gêneros, Bothrops,
Crotalus, Lachesis e Micrurus, responsáveis por cerca de 20 mil vítimas por ano.

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15.2.1 Crotalíneos

15.2.1.1 Características

Este grupo apresenta as seguintes características:


 Fosseta loreal, ou seja, um buraco entre o olho e a narina em cada lado da
cabeça, que serve para a cobra perceber modificações de temperatura a
sua frente. Por isso, elas podem se movimentar e caçar à noite, mesmo
sem a visão normal. É chamada, também, de cobra-de-quatro-ventas;
 Cabeça triangular recoberta com escamas pequenas;
 Dentes inoculadores de veneno, grandes, pontiagudos, móveis e ocos,
lembrando agulhas de injeção, situados na frente da boca. Quando a
cobra está em repouso, estes dentes permanecem deitados recobertos por
membranas dando aparência de estar sem dentes;
 Parte superior do corpo recoberta por escamas sem brilho, em forma de
quilha, isto é, como bico de barco ou casca de arroz;
 Caudas diferenciadas para cada gênero que constitui este grupo, ou seja,
cauda lisa (jararacas), cauda com guizo ou chocalho (cascavel) e cauda
com escamas arrepiadas no final (surucucu).

15.2.1.2 Principais gêneros e espécies

Os crotalíneos subdividem-se em três gêneros: Bothrops, Crotalus e


Lachesis.

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15.2.2 Elapíneos

Características: o grupo dos elapíneos – corais verdadeiras – é identificado pelas


seguintes características:
 Não apresenta fosseta loreal;
 Cabeça arredondada recoberta com escamas grandes, placas;
 Dentes inoculadores de veneno pequenos e fixos situados no maxilar
superior na frente da boca;
 Quando em perigo, algumas achatam a parte posterior do corpo, levantam
e enrolam a cauda, como rabo de porco, dando impressão que se trata da
cabeça;
 Corpo recoberto na parte superior por escamas lisas e brilhantes, com
anéis pretos, vermelhos e brancos. No entanto, existem na Amazônia
algumas corais verdadeiras, sem anéis. São de cor marrom escura ou
preta, às vezes, com manchas avermelhadas na barriga.

15.2.2.1 Principais gêneros e espécies

Este grupo é constituído apenas pelo gênero Micrurus, que é formado pelas
corais verdadeiras, também denominadas como coral e boicorá. O quadro seguinte
explica, na forma de diagrama, como identificar as principais serpentes de interesse
neste estudo.

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FIGURA 3

15.3 GÊNERO BOTHROPS

O gênero Bothrops é composto por mais de 30 variedades de cobras que


apresentam cores e desenhos diferentes pelo corpo, variando do verde ao negro.
Pertencem a este grupo: jararaca, urutu, caiçara, cotiara, jararacuçu e jararaca
pintada. Apresentam cabeça triangular, fosseta loreal, cauda lisa e presa
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inoculadora de veneno. Possuem hábitos variados, podendo ser encontradas
penduradas em árvores (cobra papagaio), enterradas, entocadas, à beira dos rios ou
dentro d’água. Apresentam tamanhos que variam, na vida adulta, de 40 centímetros
a 2 metros de comprimento. Essas cobras estão distribuídas em todo o território
nacional e são responsáveis por 88% dos acidentes ofídicos no país.

15.3.1 Principais espécies

Nome científico: Bothrops alternatus FIGURA 4


Nomes populares: urutu, urutu-cruzeira, cruzeira.
Características: possui desenhos em forma de gancho de
telefone. Mede cerca de um metro e meio de
comprimento. Encontrada em vegetação rasteira, perto de
rios e lagos ou em plantações. Apresenta poucos relatos
de casos. Acidentes graves. Distribuição geográfica: RS,
SC, PR, SP, MS e MG. Foto: Ivan Sazima

Nome científico: Bothrops atrox FIGURA 5


Nomes populares: surucucurana, jararaca-do-norte,
comboia.
Características: Porte médio; indivíduos grandes
podem alcançar quase 1,50 m de comprimento;
agressiva; hábitos terrestres; atividade noturna, mas
também ativa durante o dia. É a espécie que provoca
o maior número de acidentes no Norte do Brasil. Até
Foto Marcio Martins
o presente, é a espécie responsável pela maioria dos
registros de acidentes na Amazônia.
Distribuição geográfica: Encontrada em toda a
Amazônia, tanto nas florestas como em regiões de
vegetação secundária, capoeiras, locais inundados e

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áreas com atividades agropastoris. AC, AM, RR, PA,
AP, MA, RO, TO, CE e MT (áreas de florestas).

FIGURA 6
Nome científico: Bothrops erythromelas
Nome popular: jararaca ou jararaca-da-seca.
Características: porte pequeno, aproximadamente
0,50 m de comprimento; hábitos terrestres.
Sintomas: Os distúrbios de coagulação são as
manifestações mais comumente registradas.
Acidentes com poucas alterações locais,
geralmente benignas.
Distribuição geográfica: PI, CE, RN, PB, PE, AL,
SE, BA e MG (áreas xerófitas/caatinga). Foto: Ivan Sazima

Nome científico: Bothrops jararaca


Nome popular: jararaca, jararaca-do-rabo-branco
Características: coloração esverdeada FIGURA 7

com desenhos semelhantes a um "V"


invertido, corpo delgado medindo
aproximadamente um metro de
comprimento.
Sintomas: causa muita dor e edema no
local da picada. Pode haver sangramento
no local da picada, nas gengivas ou
Foto Ivan Sazima
outros ferimentos. Acidente de médio
risco de vida. Casos graves ou óbitos são
pouco frequentes. Distribuição geográfica:
BA, MG, ES, RJ, SP, PR, SC e RS.

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Nome científico: Bothrops jararacuçu FIGURA 8
Nome popular: jararacuçu. Características:
provoca acidentes graves, com casos fatais.
Distribuição geográfica: BA, ES, RJ, SP, PR, MG,
MT e SC.

Foto Ivan Sazima

FIGURA 9

Nome científico: Bothrops leucurus.


Distribuição geográfica: BA.

Foto: Marcio Martins

FIGURA 10

Nome científico: Bothrops moojeni


Nome popular: jararacão, jararaca, caiçaca.
Características: porte médio; indivíduos grandes podem
ultrapassar 1,50 m de comprimento; agressiva; terrestre,
vive em áreas mais secas; a combinação de cores e
desenhos empresta à pele do animal um aspecto
aveludado. Distribuição geográfica: PI, TO, DF, GO, MG,
SP, MT, MS e PR. Foto: Cristiano Nogueira

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FIGURA 11
Nome científico: Bothrops neuwiedi
Nome popular: jararaca-pintada
Características: provoca acidentes geralmente
com bom diagnóstico.
Distribuição geográfica: em todo o país, exceto
na Amazônia.

Foto Otávio Marques

15.4 GÊNERO CROTALUS

15.4.1 Características

Este é o grupo das cascavéis. Há cinco subespécies de cascavéis no país.


Apresentam cabeça triangular, fosseta loreal, cauda com chocalho (guizo) e presa
inoculadora de veneno. Habitam os campos abertos, regiões secas e pedregosas e
também os pastos. Até o momento, ainda não foram identificadas no litoral. Chegam
a atingir na fase adulta 1,6 m de comprimento. Sua característica mais importante é
a presença de um guizo ou chocalho na ponta da cauda.

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15.4.1.1 Principal espécie

Nome científico: Crotalus durissus


FIGURA 12
Nome popular: cascavel, maracamboia,
boicininga.
Características: coloração marrom-amarelado,
medindo cerca de 1 metro. Apresenta chocalho
na ponta da cauda. Prefere regiões pedregosas
e secas. Sintomas: após a picada, o paciente
apresenta visão dupla e borrada. Acidente de
alto risco de morte. Distribuição geográfica: em
todo o país, exceto áreas florestais e zona
Foto: Ivan Sazima
litorânea.

15.5 GÊNERO LACHESIS

Constituem serpentes de grande porte. Apresentam cabeça triangular,


fosseta loreal e cauda com escamas arrepiadas e presas inoculadoras de veneno.
Com duas subespécies, é a maior serpente peçonhenta das Américas. Poucos
relatos de acidente tendo o animal por causador foi trazido para identificação.
Existem semelhanças nos quadros clínicos entre os acidentes laquético e botrópico,
com possibilidade de confusão diagnóstica deles. Estudos clínicos mais detalhados
fazem-se necessários para melhor caracterizar o acidente laquético.

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15.5.1 Principal espécie

Nome científico: Lachesis muta FIGURA 13


Nome popular: surucucu, surucucu-pico-de-
jaca, surucutinga
Características: apresenta fosseta loreal e
porção final da cauda com escamas eriçadas.
É a maior das serpentes peçonhentas do
Brasil, pois pode atingir mais de 3 m de
comprimento. Possui hábitos terrestres; vive
exclusivamente em áreas florestadas; tem
maior atividade noturna. Distribuição Foto: Ivan Sazima
geográfica: floresta amazônica e Mata
Atlântica, do Nordeste ao Rio de Janeiro.

15.6 GÊNERO MICRURUS (GRUPO ELAPÍNEOS)

Este grupo é formado pelas corais verdadeiras. É importante lembrar que as


corais não têm fosseta loreal. Em virtude de seus dentes pequenos e fixos,
inoculadores de veneno, e habitarem, preferencialmente, buracos, os acidentes são
raros, porém mais graves do que os causados pelos demais ofídios, devido ao seu
potencial de evolução para o bloqueio neuromuscular, paralisia respiratória e até
mesmo óbito. A prevalência de acidentes por Micrurus é baixíssima, representando
menos de 0,5% do total de acidentes ofídicos.

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15.6.1 Principais espécies

FIGURA 14 – MICRURUS CORALLINUS

Nome científico: Micrurus corallinus


Nome popular: coral, boicorá
Características: porte pequeno,
aproximadamente 60 cm de
comprimento; a principal característica é
apresentar o anel preto margeado por
branco, sendo este conjunto separado

FONTE: Manual de Diagnóstico e por anel vermelho bem mais largo; é


Tratamento de Acidentes por Animais encontrada principalmente no Sul e no
Peçonhentos – 1998. Fundação Nacional Sudeste, com frequência na faixa
de Saúde – Ministério da Saúde
litorânea. Distribuição geográfica: BA, ES,
RJ, SP, MS, PR, SC e RS.

Nome científico: Micrurus frontalis


Nome popular: coral, coral verdadeira.
Características: possui anéis vermelhos, pretos e brancos ao redor do corpo. Mede
entre 70 cm e 80 cm de comprimento. Pode ser encontrada em todo o território do
Rio Grande do Sul. Escondem-se em buracos, montes de lenha e troncos de
árvores. Não é agressiva. Acidente de alto risco para a vida.
Distribuição geográfica: MT, MS, GO, BA, MG, SP, PR, SC, RS e DF.

Nome científico: Micrurus ibiboboca


Nome popular: coral, ibiboboca
Características: porte pequeno, aproximadamente 60 cm de comprimento; anéis
negros dispostos em tríades. Distribuição geográfica: MA, PI, CE, RN, PB, PE, SE,
AL, BA e MG.

Nome científico: Micrurus lemniscatus

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Nome popular: coral
Distribuição geográfica: AM, PA, RR, AP, MA, RN, AL, PE, BA, GO, MG, MT, MS, RJ
e SP.

Nome científico: Micrurus surinamensis


Nome popular: coral, coral aquática.
Distribuição geográfica: AM, PA, RR, AP, MA, AC e RO.

Nome científico: Micrurus spixii


Nome popular: coral
Características: porte médio, pode ultrapassar 1 m de comprimento; anéis negros
dispostos em tríades; vive em solo úmido da mata primária, procurando abrigo sob a
folhagem e as cavidades.
Distribuição geográfica: AM, PA, MA, RO, MT e AC.

16 SERPENTES NÃO PEÇONHENTAS

Os colubrídeos constituem a maior família de ofídios. Algumas espécies do


gênero Philodryas sp e Clélia sp têm interesse médico, pois há relatos de quadro
clínico de envenenamento. São conhecidas popularmente por cobra-cipó ou cobra-
verde (Philodryas) e muçurana ou cobra-preta (Clélia). Estas são ofiófagas, isto é,
predam naturalmente serpentes peçonhentas. Para injetar o veneno, mordem e se
prendem ao local.

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FIGURA 15 – COBRA-VERDE FIGURA 16 – MUÇURANA
(PHILODRYAS) ‘ ‘ OU COBRA-PRETA (CLÉLIA)

Fotos: Marcus Buanonato

Componentes com atividade hemorrágica (ações da secreção da glândula


de Durvenoy) têm sido detectados na saliva de colubrídeos, como Rhabdophis
subminatus e Phylodryas olfersi (cobra-cipó listrada, cobra-verde-das-árvores).
Segundo Assakura e Cols, a saliva da Phylodryas apresenta atividade
fibrinogenolítica, hemorrágica e formadora de edema.
Quadro clínico: Pouco se conhece da ação dos venenos de colubrídeos.
Philodrya olfersii possui atividades hemorrágica, proteolítica, fibrinogenolítica e
fibrinolítica, estando ausentes as frações coagulantes. Na maior parte dos casos, as
mordeduras apresentam como resultado um quadro leve, com marcas dos pequenos
dentes (serrilhados) ou arranhaduras, edema e dor discreta, sem manifestações
sistêmicas. A evolução benigna (achados clínicos locais inalterados e testes de
coagulação normais), após observação de quatro a seis horas, permite o diagnóstico
diferencial com acidentes por viperídeos (Bothrops), quando a serpente não tiver
sido capturada e identificada.
Casos mais graves por colubrídeos (especialmente os opistóglifos) estão
relacionados com contato continuado (mordedura prolongada por mais de 30
segundos) ou repetido (várias mordeduras). Pode ocorrer edema local importante,
equimose e dor.

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Tratamento: Sintomático e de suporte: analgésicos, se necessário, cuidados locais
rotineiros (assepsia), profilaxia antitetânica, observação da evolução do quadro
(principalmente em crianças). Observação cuidadosa da evolução do caso.

RESUMO DAS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS E TRATAMENTO NOS ACIDENTES


POR OFÍDIOS DE IMPORTÂNCIA TOXICOLÓGICA
BOTHROPS
QUADRO TRATAMENTO
ALTERAÇÕES TRATAMENT
CLÍNICO MANIFESTAÇÕ MANIFESTAÇÕ COMPLEMENT
LABORATORIA O
AVALIAÇÃO ES LOCAIS ES SISTÊMICAS AR E
IS ESPECÍFICO
INICIAL SINTOMÁTICO

-
Analgésico
- Tempo de 2 a 4
- Edema, - Drenagem
coagulação ampolas
LEVE eritema e dor - Ausentes postural
(TC) = normal SAB ou
discretos. - Hidratação
ou alterado SABC - I.V.
- Profilaxia do
tétano
-
- edema,
Analgésico
eritema e dor - Tempo de 4 a 8
- Drenagem
MODERAD evidentes, - Ausentes ou coagulação ampolas
postural
A atingindo hemorragias (TC) = normal SAB ou
- Hidratação
segmento ou alterado SABC - I.V.
- Profilaxia do
superior.
tétano
- -
- Tempo de
Manifestações - Hipotensão - Analgésico
coagulação
locais choque 12 ampolas - Drenagem
(TC) = normal
GRAVE intensas - Hemorragia SAB ou postural
ou alterado
(equimose, grave SABC - I.V. - Hidratação
- Provas de
bolhas, - I.R.A. - Profilaxia do
função renal
necrose) tétano

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CROTALUS
TRATAMENT
QUADRO
ALTERAÇÕE TRATAME O
CLÍNICO MANIFESTAÇ
MANIFESTAÇ S NTO COMPLEMEN
AVALIAÇ ÕES
ÕES LOCAIS LABORATOR ESPECÍFIC TAR E
ÃO SISTÊMICAS
IAIS O SINTOMÁTIC
INICIAL
O
- Fácies
- Nenhuma ou miastênica - Tempo de
5 ampolas
edema e discreta coagulação - Analgésico
LEVE SAC ou
parestesia - Mialgia (TC) = normal - Hidratação
SABC – I.V.
discretos. discreta ou ou alterado
ausente
- Nenhuma ou - Fácies - Tempo de
10 ampolas
MODERA edema e miastênica coagulação - Analgésico
SAC ou
DA parestesia evidente (TC) = normal - Hidratação
SABC – I.V.
discretos. - Mialgia ou alterado
- Fácies
miastênica - Analgésico
- Tempo de
evidente - Hidratação
- Nenhuma ou coagulação
- Mialgia 20 ampolas - Diurese
edema e (TC) = normal
GRAVE evidente SAC ou osmótica
parestesia ou alterado
- Oliguria ou SABC – I.V. - ventilação
discretos. - Provas de
anúria artificial (ambu
função renal
- Insuficiência ou mecânica)
respiratória

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MICRURUS
TRATAMENT
QUADRO
ALTERAÇÕE TRATAME O
CLÍNICO MANIFESTAÇ
MANIFESTAÇ S NTO COMPLEMEN
AVALIAÇ ÕES
ÕES LOCAIS LABORATOR ESPECÍFIC TAR E
ÃO SISTÊMICAS
IAIS O SINTOMÁTIC
INICIAL
O

_____ _____ ___ _____


LEVE _________
_____ _____ _______ _____

MODERA _____ _____ ___ _____


__________
DA ____ _____ _______ _____

- Nenhuma ou - Neostignina
- Fácies
dor local e _____ 10 ampolas - Ventilação
GRAVE miastênica
parestesia _____ SAE - I.V. artificial (ambu
- Mialgia
discretas ou mecânica)

ABREVIAÇÕES:
SAB – Soro Antibotrópico SAE – Soro Antielapídico
SABC – Soro Antibotrópico – Crotálico I.V. – Intravenoso.
SAC – Soro Anticrotálico T.C. – Tempo de Coagulação.

17 ESCORPIONISMO

Os escorpiões são animais invertebrados. Apresentam o corpo dividido em


tronco e cauda; quatro pares de patas, um par de ferrões (queliceras), um par de
pedipalpos (em forma de pinça e que serve para capturar o alimento); um ferrão no
final da cauda por onde sai o veneno. São também chamados de lacraus, picam
com a cauda e variam de tamanho entre 6 a 8,5 cm de comprimento.

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No mundo todo existem aproximadamente 1.400 espécies de escorpiões até
hoje descritas, sendo que no Brasil há aproximadamente 75 espécies amplamente
distribuídas. Esses animais podem ser encontrados tanto em áreas urbanas quanto
rurais.
Os escorpiões são carnívoros, alimentando-se principalmente de insetos,
como grilos, baratas e outros, desempenhando papel importante no equilíbrio
ecológico. De hábitos noturnos, escondem-se durante o dia sob cascas de árvores,
pedras, troncos podres, dormentes de linha de trem, madeiras empilhadas, em
entulhos, telhas ou tijolos e dentro das residências. Muitas espécies vivem em áreas
urbanas, onde encontram abrigo dentro e próximo das casas, bem como
alimentação farta. Os escorpiões podem sobreviver vários meses sem alimento e
mesmo sem água, o que torna seu combate muito difícil.
Na área urbana, estes animais aparecem em prédios comerciais e
residenciais, armazéns, lojas, madeireiras, depósitos com empilhamento de caixas e
outros. Eles aparecem, principalmente, por meio de instalações elétricas e esgotos.
São sensíveis aos inseticidas, desde que aplicados diretamente sobre eles. As
desinsetizações habituais não os eliminam, pois o produto fica no ambiente em que
foi aplicado e os escorpiões costumam estar escondidos. O fato de respirarem o
inseticida ou comer insetos envenenados não os mata. São resistentes inclusive à
radiação.
Seu aparecimento ocorre principalmente devido à presença de baratas,
portanto a eliminação destas, de caixas de gordura e canos que conduzem ao
esgoto, é a principal prevenção contra o aparecimento dos escorpiões.
Não têm audição e sentem vibrações do ar e do solo. Enxergam pouco,
apesar de terem dois olhos grandes e vários pequenos. Seus principais predadores
são pássaros, lagartixas e alguns mamíferos insetívoros.

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17.1 PRINCIPAIS ESPÉCIES

Os escorpiões de importância médica no Brasil pertencem ao gênero Tityus,


que é o mais rico em espécies, representando cerca de 60% da fauna escorpiônica
neotropical. As principais espécies são: Tityus serrulatus, responsável por acidentes
de maior gravidade, Tityus bahiensis e Tityus stigmurus. O Tityus cambridgei
(escorpião preto) é a espécie mais frequente na Amazônia Ocidental (Pará e
Marajó), embora quase não haja registro de acidentes. As diversas espécies do
gênero Tityus apresentam tamanho de cerca de 6 cm a 7 cm, sendo o Tityus
cambridgei um pouco maior.

FIGURA 17 – TITYUS SERRULATUS

Tityus serrulatus
Também chamado escorpião amarelo,
pode atingir até 7 cm de comprimento. Apresenta
o tronco escuro, patas, pedipalpos e cauda
amarela sendo esta serrilhada no lado dorsal.
Considerado o mais venenoso da América do Sul,
é o escorpião causador de acidentes graves,
principalmente no estado de Minas Gerais. FONTE: Manual de Diagnóstico e Tratamento

Distribuição geográfica: Minas Gerais, Bahia, de Acidentes por Animais Peçonhentos,


1998.
Espírito Santo, Rio de Janeiro e São Paulo.

FIGURA 18 – TITYUS BAHIENSIS


Tityus bahiensis
Apresenta colorido geral marrom-escuro, às
vezes marrom-avermelhado, pernas amareladas com
manchas escuras. Fêmures e tíbias dos pedipalpos
com mancha escura. A mão do macho é bem dilatada.
É o escorpião que causa os acidentes mais FONTE: Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por

frequentes no Estado de São Paulo. Distribuição Animais Peçonhentos - 1998

geográfica: Bahia até Santa Catarina e Mato Grosso do Sul

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Tityus stigmurus
Apresenta colorido geral amarelo-claro, com um triângulo negro na cabeça e
uma faixa longitudinal mediana e manchas laterais no tronco. Distribuição
geográfica: Nordeste do Brasil.

FIGURA 18 – TITYUS STIGMURUS

FONTE: Manual de Diagnóstico e


Tratamento de Acidentes por Animais
Peçonhentos, 1998.

FIGURA 19 – TITYUS CAMBRIDGEI


Tityus cambridgei

Apresenta colorido geral


castanho-avermelhado, com pontos de
cor clara. O macho apresenta uma cauda
mais longa que a da fêmea. Distribuição
geográfica: Região Amazônica. FONTE: Manual de Diagnóstico e
Tratamento de Acidentes por Animais
Peçonhentos, 1998.

Tityus trivittatus
Apresenta colorido amarelo-escuro, com três faixas longitudinais quase
negras, podendo haver pequenas variações na cor. Atinge cerca de 7 cm de
tamanho. Distribuição geográfica: Rio Grande do Sul, Paraná, Mato Grosso do Sul,
Mato Grosso, Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

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18 ARANEÍSMO

As aranhas são animais carnívoros, alimentando-se principalmente de


insetos, como grilos e baratas. Muitas têm hábitos domiciliares e peridomiciliares.
Apresentam o corpo dividido em cefalotórax e abdome. No cefalotórax articulam-se
os quatro pares de patas, um par de pedipalpos e um par de quelíceras. Nas
quelíceras, estão os ferrões utilizados para inoculação do veneno.

18.1 ARANHAS PEÇONHENTAS

No Brasil, existem três gêneros de aranhas de importância médica:


Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus. Além dos acidentes causados por Lycosa
(aranha-de-grama), bastante frequentes e pelas caranguejeiras, muito temidas.
Aspectos clínicos: são três gêneros de importância médica no Brasil:
Phoneutria, Loxosceles e Latrodectus, responsáveis por quadros clínicos distintos.
Foneutrismo: os acidentes causados pela Phoneutria sp representam a
forma de araneísmo mais comumente observada no país. Apresentam dor local
intensa, frequentemente imediata, edema discreto, eritema e sudorese local.
Loxoscelismo: são descritas duas variedades clínicas:
 Forma Cutânea: é a mais comum, caracterizando-se pelo
aparecimento de lesão inflamatória no ponto da picada, que evolui para necrose e
ulceração.
 Forma cutâneo-visceral: além de lesão cutânea, os pacientes evoluem
com anemia, icterícia cutâneo-mucosa, hemoglobinúria. A insuficiência renal aguda
é a complicação mais temida. O tratamento soroterápico está indicado nas duas
formas clínicas do acidente por loxosceles. Dependendo da evolução, outras
medidas terapêuticas deverão ser tomadas.

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111
Latrodectismo: quadro clínico caracterizado por dor local intensa,
eventualmente irradiado. Alterações sistêmicas como sudorese, contraturas
musculares, hipertensão arterial e choque são registrados.

18.1.1 Soros

 Soro antiaracnídico é utilizado nos acidentes causados por aranhas


dos gêneros Loxosceles e Phoneutria.
 Soro Antiloxocélico é utilizado nos acidentes causados por aranhas
do gênero Loxosceles.
 Soro Antilatrodetico (importado da Argentina) é utilizado nos
acidentes causados por aranhas do gênero Latrodectus.

18.1.2 Epidemiologia

São notificados anualmente cerca de 5.000 acidentes com aranhas no país.


As predominâncias dessas notificações são nas regiões Sul e Sudeste, dificultando
uma análise mais abrangente do acidente em todo o país. Em face das informações
disponíveis, pode-se considerar:
Os acidentes por Phoneutria aumentam significativamente no início da
estação fria (abril/maio), enquanto os casos de loxoscelismo sofrem incremento nos
meses quentes do ano (outubro/março). Isso pode estar relacionado ao fato de que
no Sul e no Sudeste as estações do ano são mais bem definidas quando
comparadas com as demais regiões do país.
A maioria dos acidentes por Phoneutria foi notificada pelo estado de São
Paulo. Com respeito aos acidentes por loxosceles, os registros provêm das regiões
Sudeste e Sul, particularmente no Paraná, onde se concentra a maior casuística de
loxoscelismo do país. A partir da década de 80, começaram a ser relatados
acidentes por viúva-negra (Latrodectus) na Bahia e, mais recentemente, no Ceará.

AN02FREV001/REV 4.0

112
18.1.3 Phoneutria

FIGURA 20 – ARANHA
São as chamadas armadeiras, porque,
ARMADEIRA
quando ameaçadas, “armam-se” levantando as
patas dianteiras e eriçando os espinhos. É
extremamente agressiva. Habitam sob troncos,
normalmente folhagens densas, como
bananeiras, montes de lenha ou materiais de
construção empilhados e, eventualmente,
aparecem dentro das residências,
principalmente em roupas e calçados.
O animal adulto mede 3 cm de corpo e FONTE: Plantas Venenosas e Animais
Peçonhentos – Samuel Schvarstsman,
até 15 cm de envergadura de pernas. Não faz 1992.

teia e tem coloração marrom-escura com


manchas claras formando pares no dorso do
abdome. Após a picada, sua vítima sente dor
intensa e imediata no local e, em casos mais
graves, suor e vômitos.

18.1.4 Principais espécies

Phoneutria nigriventer (aranha armadeira): responsável pela maioria dos


acidentes por aranhas na cidade de São Paulo.
Phoneutria fera: é encontrada na região Amazônica, mas os dados sobre
acidentes são muito precários.
Phoneutria keyserling: amplamente distribuídas nas regiões Sul e Sudeste,
com pequeno número de acidentes registrados.

AN02FREV001/REV 4.0

113
FIGURA 21 – PHONEUTRIA NIGRIVENTER

FONTE: Manual de Diagnóstico e


Tratamento de Acidentes por Animais
Peçonhentos, 1998.

18.1.5 Loxosceles
FIGURA 22 – LOXOSCELES

Conhecida como aranha marrom,


é encontrada com facilidade em
residências, atrás de quadros, armários,
no meio de livros, caixas de papelão e
outros objetos pouco remexidos. Em
ambiente externo, podem proliferar-se em
telhas ou materiais de construção
FONTE: Folder "Essas aranhas
empilhados, folhas secas, em casca de podem provocar graves acidentes" –
árvores, paredes de galinheiros, muros Secretaria de Saúde do Paraná
velhos e outros.
São animais pequenos, atingindo 4 cm de diâmetro quando adultos, com
coloração que varia de marrom-claro a marrom-escuro, possuem abdome em forma
de caroço de azeitona e pernas longas e finas. Não são agressivas. Gostam de
lugares escuros, quentes e secos. Constroem teias irregulares com aparência de
algodão esfiapado e se alimentam de pequenos animais (formigas, tatuzinho,
pulgas, traças, cupins, etc.). Produzem dor pouco intensa no momento da picada,
mas entre 12 e 24 horas após, formam-se, no local da picada, bolhas e
escurecimento da pele (necrose). Também pode ocorrer escurecimento da urina,
febre, vermelhidão e coceira na pele.

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114
18.1.5.1 Principais espécies

 Loxosceles amazônica: relato de acidente no Ceará.


 Loxosceles gaúcho (aranha marrom): causa mais frequente de acidentes em
São Paulo.
 Loxosceles intermedia: principal espécie causadora de acidentes no Paraná
e Santa Catarina.
 Loxosceles laeta: encontrada na região Sul; possivelmente causa de
acidentes.
 As loxosceles saem em busca de alimento à noite, e é nessa oportunidade
que podem se ocultar em vestimentas, toalhas e roupas de cama.
Os acidentes acontecem quando a pessoa, ao se vestir, ou mesmo durante
o sono, comprime o animal contra a pele. A picada nem sempre é percebida pela
pessoa, por ser pouco dolorosa. A dor pode ter início em várias horas após.
As alterações locais mais comuns são: dor, vermelhidão, mancha rocha,
inchaço, bolhas, coceira e enduração. Tardiamente podem ocorrer várias outras
graves alterações.

FIGURA 23 – LATRODECTUS
CURACAVIENSIS
18.1.6 Latrodectus

O gênero Latrodectus (“viúva


negra”) – cuja espécie mais comum no
Brasil é a Latrodectus curacaviensis -,
ao contrário do que se verifica em
FONTE: Manual de Diagnóstico e
outros países, é agente raro de Tratamento de Acidentes por Animais
acidente em nosso país. Peçonhentos, 1998.

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115
Lycosa

As aranhas do gênero lycosa,


FIGURA 24 – LYCOSA
chamadas de aranhas de jardins, são
ERYTHROGNATHA
comumente encontradas em residências;
também causam acidentes leves, sem
necessidade de tratamento específico.
Apresentam cor marrom-acinzentado e
desenho em forma de seta no abdome.
O animal adulto mede entre 2 e 3 cm
de corpo e 5 e 6 cm de envergadura de pernas.
Habita campos e gramados e não é agressivo.
FONTE: Manual de Diagnóstico
e Tratamento de Acidentes por
No local da picada pode haver leve
Animais Peçonhentos, 1998. descamação da pele.

Caranguejeiras

FIGURA 25 –
As aranhas caranguejeiras, apesar
MYGALOMORPHAE
de seu aspecto assustador (podem chegar
a medir 20 cm de diâmetro), causam
acidentes leves. A picada pode ser muito
dolorosa, porém seu veneno é pouco ativo
para os seres humanos, somente seus
pelos podem causar irritação em algumas
pessoas.
Características: cor marrom escuro, coberta
de pelos, pode atingir até 25 cm de
FONTE: Manual de Diagnóstico e
comprimento com as patas estendidas.
Tratamento de Acidentes por Animais
Sintomas: Dificilmente pica. O que ocorre com
Peçonhentos, 1998.
maior frequência é uma dermatite pela ação
irritante dos pelos do seu abdome, que se

AN02FREV001/REV 4.0

116
desprendem quando o animal se sente
ameaçado.

19 OUTROS ANIMAIS PEÇONHENTOS

19.1 LACRAIAS

As "lacraias", também conhecidas como "centopeias", são animais


caçadores noturnos muito rápidos e têm o corpo adaptado para penetrar em frestas,
onde se escondem durante o dia. Podem medir até 23 cm e se alimentam de
insetos, lagartixas, camundongos e até filhotes de pássaros, têm o corpo formado
por 21 segmentos, cada um com um par de patas pontiagudas. Em sua cabeça
situam-se duas antenas e olhos. Embaixo dela ficam os ferrões venenosos que
funcionam como pinças. O último par de patas não serve para a locomoção, e sim
como órgão sensorial e de captura de alimentos. Quando esse órgão presente ou
toca em uma presa, a segura com força e todo o corpo da lacraia se dobra para trás.
Aí, então, ela injeta o veneno que paralisará ou matará a presa, que depois será
ingerida aos pedaços.
O veneno das lacraias é muito pouco tóxico para o homem. Embora existam
muitas lendas a respeito desse animal, não há, no Brasil, relatos comprovados de
morte nem de envenenamentos graves em acidentes com lacrais. Os sintomas são
dor forte e inchaço (edema) no local da picada. Em acidentes com lacraias grandes
também podem ocorrer febre, calafrios, tremores e suores, além de uma pequena
ferida. As lacrais gostam muito de umidade. Como perambulam muito, é comum
penetrarem nas casas, onde causam muitos acidentes, que podem ser evitados
tomando-se as seguintes precauções:
• limpar os ralos semanalmente com creolina e água quente, e mantê-los
fechados quando não em uso;
• limpar e manter fechadas as caixas de gordura e os esgotos;

AN02FREV001/REV 4.0

117
• os jardins devem ser limpos, a grama aparada e as plantas ornamentais e
trepadeiras devem ser afastadas das casas e podadas para que os galhos
não toquem o chão;
• porões, garagens e quintais não devem servir de depósito para objetos fora
de uso que possam servir de esconderijo para as lacraias;
• os muros e calçamentos devem ser cuidados para que não apresentem
frestas onde a umidade se acumule e os animais possam se esconder.
Tomando-se esses cuidados, a ocorrência de lacraias diminui muito. Mas,
em caso de acidente, evite beber álcool, querosene, cachaça, etc., pois isso só lhe
causaria intoxicação. Mantenha o local da picada o mais limpo possível. Embora o
veneno das lacraias não seja muito perigoso para o ser humano, é bom procurar
orientação médica.

19.1.1 Tratamento

Não existe antídoto. Devem-se aplicar compressas quentes no local. Pode-


se fazer uso de analgésicos e anestésicos sem adrenalina no local.

19.2 ABELHAS

As abelhas de origem alemã (Apis mellifera mellifera) foram introduzidas no


Brasil em 1839. Posteriormente, em 1870, foram trazidas as abelhas italianas (Apis
mellifera ligustica). Essas duas subespécies foram levadas principalmente ao Sul do
Brasil. Já em 1956, foram introduzidas as abelhas africanas (Apis mellifera
scutellata), identificadas anteriormente como Apis mellifera adansonii. As abelhas
africanas e seus híbridos com as abelhas europeias são responsáveis pela formação
das chamadas abelhas africanizadas que, hoje, dominam toda a América do Sul, a
América Central e parte da América do Norte. O deslocamento destas abelhas foi
mais rápido no Nordeste do Brasil, aproximadamente 500 km/ano, onde o clima é

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118
tropical seco; de 200 a 250 km/ano em clima úmido, tais como florestas tropicais da
bacia amazônica e Guianas; e, em direção ao Paraguai e à Bolívia foi de
aproximadamente 150 km/ano e tornou-se zero após os paralelos 33 e 34, entre as
províncias de Entre Rios, Santa Fé, Córdoba e São Luiz, na Argentina.
O veneno da Apis mellifera é uma mistura complexa de substâncias
químicas com atividades tóxicas como: enzimas hialuronidases e fosfolipases,
peptídeos ativos como melitina e a apamina, aminas como histamina e serotonina
entre outras. A fosfolipase A2, o principal alérgeno, e a melitina representam
aproximadamente 75% dos constituintes químicos do veneno. São agentes
bloqueadores neuromusculares, podem provocar paralisia respiratória, possuem
poderosa ação destrutiva sobre membranas biológicas, como exemplo, sobre as
hemácias, produzindo hemólise. A apamina representa cerca de 2% do veneno total
e se comporta como neurotoxina de ação motora. O cardiopeptídeo, não tóxico, tem
ação semelhante à das drogas adrenérgicas e demonstra propriedades
antiarrítmicas. O peptídeo MCD, fator degranulador de mastócidos, é um dos
responsáveis pela liberação de histamina e serotonina no organismo dos animais
picados.
As reações desencadeadas pela picada de abelhas são variáveis, de acordo
com o local e o número de ferroadas, as características e o passado alérgico do
indivíduo atingido. As manifestações clínicas podem ser: alérgicas (mesmo com uma
só picada) e tóxicas (múltiplas picadas).

19.2.1 Manifestações

1. Locais: Habitualmente, após uma ferroada, há dores agudas no local, que


tende a desaparecer espontaneamente em poucos minutos, deixando vermelhidão,
prurido e edema por várias horas ou dias. A intensidade desta reação inicial causada
por uma ou múltiplas picadas deve alertar para um possível estado de sensibilidade
e exacerbação de resposta às picadas subsequentes.
2. Regionais: São de início lento. Além do eritema e prurido, o edema
flogístico evolui para enduração local que aumenta de tamanho nas primeiras 24-48

AN02FREV001/REV 4.0

119
horas, diminuindo-se gradativamente nos dias subsequentes. Podem ser tão
exuberantes a ponto de limitar a mobilidade do membro. Menos de 10% dos
indivíduos que experimentaram grandes reações localizadas apresentarão a seguir
reações sistêmicas.
3. Sistêmicas: Apresentam-se como manifestações clássicas de anafilaxia,
com sintomas de início rápido, 2 a 3 minutos após a picada. Além das reações
locais, podem estar presentes sintomas gerais como cefaleia, vertigens e calafrios,
agitação psicomotora, sensação de opressão torácica e outros sintomas e sinais.
a) Tegumentares: prurido generalizado, eritema, urticária e angioedema;
b) Respiratórias: rinite, edema de laringe e árvore respiratória, trazendo
como consequência dispneia, rouquidão, estridor e respiração asmatiforme. Pode
haver broncoespasmo;
c) Digestivas: prurido no palato ou na faringe, edema no local dos lábios,
língua, úvula e epiglote, disfagia, náuseas, cólicas abdominais ou pélvicas, vômitos e
diarreia;
d) Cardiocirculatórias: a hipotensão é o sinal maior, manifestando-se por
tontura ou insuficiência postural até colapso vascular total. Podem ocorrer
palpitações e arritmias cardíacas e, quando há lesões preexistentes (aterosclerose),
infartos isquêmicos no coração ou cérebro.
4. Reações alérgicas tardias: Há relatos de raros casos de reações alérgicas
que ocorrem vários dias após a(s) picada(s) e se manifestaram pela presença de
artralgias, febre e encefalite, quadro semelhante à doença do soro.
5. Tóxicas: Nos acidentes provocados por ataque múltiplo de abelhas
(enxame) desenvolve-se um quadro tóxico generalizado denominado de síndrome
de envenenamento, por causa de quantidade de veneno inoculada. Além das
manifestações já descritas, há dados indicativos de hemólise intravascular e
rabdomiólise. Alterações neurológicas como torpor e coma, hipotensão arterial,
oligúria/anúria e insuficiência renal aguda podem ocorrer.
As reações de hipersensibilidade podem ser desencadeadas por uma única
picada e levar o acidentado à morte, em virtude de edema de glote ou choque
anafilático.
Na síndrome de envenenamento, descrita em pacientes que geralmente
sofreram mais de 500 picadas, distúrbios graves hidroeletrolíticos e do equilíbrio

AN02FREV001/REV 4.0

120
ácido básico, anemia aguda pela hemólise, depressão respiratória e insuficiência
renal aguda são as complicações mais frequentemente relatadas.
Remoção dos ferrões: Nos acidentes causados por enxame, a retirada dos
ferrões da pele deverá ser feita por raspagem com lâminas e não pelo pinçamento
de cada um deles, pois a compressão poderá espremer a glândula ligada ao ferrão e
inocular no paciente o veneno ainda existente.

19.3 FORMIGAS

Formigas são insetos sociais pertencentes à ordem Hymenoptera,


superfamília Formicoidea. Sua estrutura social é complexa, compreendendo
inúmeras operárias e guerreiras (formas não capazes de reprodução) e rainhas e
machos alados que determinarão o aparecimento de novas colônias. Algumas
espécies são portadoras de um aguilhão abdominal ligado a glândulas de veneno. A
picada pode ser muito dolorosa e provocar complicações tais como anafilaxia,
necrose e infecção secundária.
A subfamília Ponerinae inclui a Paraponera clavata, a formiga tocandira,
cabo-verde ou formiga vinte-e-quatro-horas de cor negra, capaz de atingir 3 cm de
comprimento e encontrada nas regiões Norte e Centro-Oeste. Sua picada é
extremamente dolorosa e pode provocar edema e eritema no local, ocasionalmente
acompanhados de fenômenos sistêmicos (calafrios, sudorese, taquicardia).
As formigas de correição, gênero eciton (subfamília Dorilinae), ocorrem na
selva amazônica, são carnívoras e se locomovem em grande número, predando
pequenos seres vivos. Sua picada é pouco dolorosa. De interesse médico são as
formigas da subfamília Myrmicinae, como as formigas-de-fogo ou lava-pés (gênero
Solenopsis) e as saúvas (gênero Atta).
As formigas-de-fogo tornam-se agressivas e atacam em grande número se o
formigueiro for perturbado. A ferroada é extremamente dolorosa e uma formiga é
capaz de ferroar 10-12 vezes, fixando suas mandíbulas na pele e ferroando
repetidamente em torno desse eixo, o que leva a uma pequena lesão dupla no
centro de várias lesões pustulosas.

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121
As espécies mais comuns são a Solenopsis invicta, a formiga lava-pés
vermelho, originária das regiões Centro-Oeste e Sudeste (particularmente o
Pantanal mato-grossense) e a Solenopsis richteri, a formiga lava-pés preta,
originária do Rio Grande do Sul, Argentina e Uruguai. A primeira é responsável pelo
quadro pustuloso clássico do acidente. O formigueiro do gênero tem características
próprias: tem inúmeras aberturas e a grama próxima não é atacada, podendo haver
folhas de permeio à terra da colônia. As saúvas, comuns em todo o Brasil, podem
produzir cortes na pele humana com as potentes mandíbulas.
O veneno da formiga lava-pés (gênero Solenopsis) é produzido em uma
glândula conectada ao ferrão e cerca de 90% é constituído de alcaloides oleosos,
onde a fração mais importante é a Solenopsin A, de efeito citotóxico. Menos de 10%
têm constituição proteica, com pouco efeito local, mas capaz de provocar reações
alérgicas em determinados indivíduos. A morte celular provocada pelo veneno
promove diapedese de neutrófilos no ponto da ferroada.
Imediatamente após a picada, forma-se uma pápula urticariforme de 0,5 a
1,0 cm no local. A dor é importante, mas com o passar das horas, esta cede e o
local pode se tornar pruriginoso. Aproximadamente 24 horas após, a pápula dá lugar
a uma pústula estéril, que é reabsorvida de 7 a 10 dias. Acidentes múltiplos são
comuns em crianças, alcoólatras e incapacitados. Pode haver infecção secundária
das lesões, causada pelo rompimento da pústula pelo ato de coçar. Processos
alérgicos em diferentes graus podem ocorrer, sendo inclusive causa de óbito. O
paciente atópico é mais sensível. Infecção secundária é mais comum, podendo
ocorrer abscessos, celulites, erisipela. O diagnóstico é basicamente clínico.

19.3.1 TRATAMENTO

O tratamento do acidente por Solenopsis sp (lava-pés) deve ser feito pelo


uso imediato de compressas fria locais, seguida da aplicação de corticoides tópicos.
A analgesia pode ser feita com paracetamol e há sempre a indicação do uso de anti-
histamínicos por via oral. Acidentes maciços ou complicações alérgicas têm
indicação do uso de prednisona, 30 mg, por via oral, diminuindo-se 5 mg a cada três

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122
dias, após a melhora das lesões. Anafilaxia ou reações respiratórias do tipo
asmático são emergências que devem ser tratadas prontamente.

20 PLANTAS TÓXICAS

FIGURA 26 – COPO DE LEITE


Família: Araceae
Nome científico: Zantedeschia aethiopica
Spreng.
Nome popular: copo-de-leite
Parte tóxica: todas as partes da planta
Princípio ativo: Oxalato de Cálcio
Quadro clínico: Irritante mecânico por ingestão e
contato (ráfides). Dor em queimação, eritema e
edema (inchaço) de lábios, língua, palato e
faringe. Sialorreia, disfagia, asfixia. Cólicas
abdominais, náuseas, vômitos e diarreia.
FONTE: Arquivo pessoal do autor Contato ocular: irritação intensa com congestão,
edema, fotofobia. Lacrimejamento.
Tratamento: Evitar lavagem gástrica ou êmese.
Tratamento sintomático: Demulcentes (leite, clara de ovo, azeite de oliva,
bochechos com hidróxido de alumínio); analgésicos e antiespasmódicos; anti-
histamínicos. Corticoides em casos graves.
Contato ocular: lavagem demorada com água corrente, colírio antissépticos.
Oftalmologista.

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123
FIGURA 27 – COMIGO-NINGUÉM-PODE
Família: Araceae
Nome científico: Dieffenbachia picta Schott.
Nome popular: Aninga-do-Pará.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio Ativo: Oxalato de Cálcio
Quadro clínico: irritante mecânico por ingestão e
contato (ráfides). Dor em queimação, eritema e
edema (inchaço) de lábios, língua, palato e
FONTE: Arquivo pessoal do autor
faringe. Sialorreia, disfagia, asfixia. Cólicas
abdominais, náuseas, vômitos e diarreia.
Contato ocular: irritação intensa com congestão, edema, fotofobia.
Lacrimejamento.
Tratamento: Evitar lavagem gástrica ou êmese. Tratamento sintomático:
Demulcentes (leite, clara de ovo, azeite de oliva, bochechos com hidróxido de
alumínio); analgésicos e antiespasmódicos. Anti-histamínicos. Corticoides em
casos graves.
Contato ocular: Lavagem demorada com água corrente, colírios
antissépticos. Oftalmologista.

FIGURA 28 – TINHORÃO
Família: Araceae
Nome científico: Caladium bicolor Vent.
Nome popular: tajá, taiá, caládio.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio ativo: Oxalato de Cálcio
Quadro clínico: Irritante mecânico por ingestão e
contato (ráfides). Dor em queimação, eritema e
edema (inchaço) de lábios, língua, palato e
FONTE: Arquivo pessoal do autor faringe. Sialorreia, disfagia, asfixia. Cólicas
abdominais, náuseas, vômitos e diarreia.
Contato ocular: irritação intensa com congestão, edema, fotofobia. Lacrimejamento.

AN02FREV001/REV 4.0

124
Tratamento: Evitar lavagem gástrica ou êmese.
Tratamento sintomático: Demulcentes (leite, clara de ovo, azeite de oliva,
bochechos com hidróxido de alumínio), analgésicos e antiespasmódicos. Anti-
histamínicos. Corticoides em casos graves.
Contato ocular: Lavagem demorada com água corrente, colírios antissépticos.
Oftalmologista.

FIGURA 29 – TAIOBA-BRAVA
Família: Araceae.
Nome científico: Colocasia antiquorum Schott.
Nome popular: cocó, taió, tajá.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio ativo: Oxalato de Cálcio
Quadro clínico: irritante mecânico por ingestão
e contato (ráfides).
Dor em queimação, eritema e edema (inchaço)
de lábios, língua, palato e faringe. Sialorreia,
FONTE: Arquivo pessoal do autor
disfagia, asfixia. Cólicas abdominais, náuseas,
vômitos e diarreia.
Contato ocular: irritação intensa com congestão, edema, fotofobia.
Lacrimejamento.
Tratamento: Evitar lavagem gástrica ou êmese.
Tratamento sintomático: Demulcentes (leite, clara de ovo, azeite de
oliva, bochechos com hidróxido de alumínio), analgésicos e antiespasmódicos. Anti-
histamínicos. Corticoides em casos graves.
Contato ocular: Lavagem demorada com água corrente, colírios
antissépticos. Oftalmologista.

AN02FREV001/REV 4.0

125
BANANA DE MACACO
FIGURA 30 – BANANA DE
MARCACO
Família: Annonaceae
Nome científico: Rollinia leptopetala R.E.Fr.
Nome popular: araticum, ata-brava, banana-
de-macaco, bananinha, bananinha-de-
macaco, bananinha-de-quem-quem, fruta-
de-macaco, pereiro.
Parte tóxica : todas as partes da planta.
Princípio ativo: Oxalato de Cálcio
Quadro clínico: irritante mecânico por
ingestão e contato (ráfides).
Dor em queimação, eritema e edema
(inchaço) de lábios, língua, palato e faringe.
Sialorreia, disfagia, asfixia. Cólicas FONTE: Disponível em:
abdominais, náuseas, vômitos e diarreia. <http://pt.wikipedia.org/wiki/Philodendron_bipinn
atifidum>. Acesso em: 28 dez. 2011.
Contato ocular: irritação intensa com
congestão, edema, fotofobia.
Lacrimejamento. Tratamento: Evitar lavagem
gástrica ou êmese.
Tratamento sintomático: Demulcentes (leite, clara de ovo, azeite de oliva, bochechos
com hidróxido de alumínio), analgésicos e antiespasmódicos. Anti-histamínicos.
Corticoides em casos graves.
Contato ocular: Lavagem demorada com água corrente, colírios antissépticos.
Oftalmologista.

AN02FREV001/REV 4.0

126
Família: Euphorbiaceae. FIGURA 31 – COROA DE CRISTO
Nome científico: Euphorbia milii L.
Nome popular: coroa-de-cristo.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio ativo: látex irritante
Quadro clínico: irritação de pele e mucosas
com hiperemia ou vesículas e bolhas; pústulas,
prurido, dor em queimação.
Ingestão: lesão irritativa, sialorreia, disfagia,
edema de lábios e língua, dor em queimação, FONTE: Arquivo pessoal do autor

náuseas, vômitos.
Contato ocular: Conjuntivite (processos inflamatórios), lesões na córnea.
Tratamento: lesões de pele: cuidados higiênicos, lavagem com permanganato de
potássio 1:10.000, pomadas de corticoides, anti-histamínicos VO
Ingestão: evitar esvaziamento gástrico. Analgésicos e antiespasmódicos. Protetores
de mucosa (leite, óleo de oliva).
Casos graves: corticoides. Contato ocular: lavagem com água corrente, colírios
antissépticos, avaliação oftalmológica.

FIGURA 32 – BICO-DE-PAPAGAIO
Família: Euphorbiaceae.
Nome científico: Euphorbia pulcherrima Willd.
Nome popular: rabo-de-arara, papagaio.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio ativo: látex Irritante
Quadro clínico: irritação de pele e mucosas
com hiperemia ou vesículas e bolhas;
pústulas, prurido, dor em queimação.
Ingestão: lesão irritativa, sialorreia, disfagia,
FONTE: Arquivo pessoal do autor
edema de lábios e língua, dor em queimação,
náuseas, vômitos.
Contato ocular: Conjuntivite (processos inflamatórios), lesões de córnea.

AN02FREV001/REV 4.0

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Tratamento: Lesões de pele: cuidados higiênicos, lavagem com permanganato de
potássio 1:10.000, pomadas de corticoides, anti-histamínicos VO.
Ingestão: evitar esvaziamento gástrico. Analgésicos e antiespasmódicos. Protetores
de mucosa (leite, óleo de oliva). Casos graves: corticoides.
Contato ocular: lavagem com água corrente, colírios antissépticos, avaliação
oftalmológica.

FIGURA 33 – AVELÓS
Família: Euphorbiaceae.
Nome científico: Euphorbia tirucalli L.
Nome popular: graveto-do-cão, figueira-do-diabo,
dedo-do-diabo, pau-pelado, árvore de São
Sebastião.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio ativo: látex irritante
Quadro clínico: Irritação de pele e mucosas com
hiperemia ou vesículas e bolhas; pústulas, prurido,
dor em queimação.

FONTE : Arquivo pessoal do autor Ingestão: lesão irritativa, sialorreia, disfagia, edema
de lábios e língua, dor em queimação, náuseas,
vômitos.
Contato ocular: Conjuntivite (processos inflamatórios), lesões de córnea.
Tratamento: Lesões de pele: cuidados higiênicos, lavagem com permanganato de
potássio 1:10.000, pomadas de corticoides, anti-histamínicos VO.
Ingestão: Evitar esvaziamento gástrico. Analgésicos e antiespasmódicos. Protetores
de mucosa (leite, óleo de oliva). Casos graves: corticoides.
Contato ocular: lavagem com água corrente, colírios antissépticos, avaliação
oftalmológica.

AN02FREV001/REV 4.0

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FIGURA 34 – PINHÃO-ROXO
Família: Euphorbiaceae
Nome científico: Jatropha curcas L.
Nome popular: pinhão-de-purga, pinhão-
paraguaio, pinhão-bravo, pinhão, pião, pião-
roxo, mamoninho, purgante-de-cavalo.
Parte tóxica: folhas e frutos.

FONTE: Arquivo pessoal do autor Princípio ativo: Toxalbumina (curcina)


Quadro clínico: ingesta: ação irritativa do trato
gastrointestinal, dor abdominal, náuseas, vômitos, cólicas intensas, diarreia, às
vezes sanguinolentas. Hipotensão, dispneia, arritmia, parada cardíaca. Evolução
para desidratação grave, choque, distúrbios hidroeletrolíticos, torpor, hiporreflexia,
coma. Pode ocorrer insuficiência renal.
Contato: látex, pelos e espinhos: irritante de pele e mucosas.
Tratamento: Antiespasmódicos, antieméticos, eventualmente antidiarreicos.
Correção precoce dos distúrbios hidroeletrolíticos.
Lesões de pele: soluções antissépticas, analgésicos, anti-histamínicos. Casos
graves: corticoides.

FIGURA 35 – MAMONA
Família: Euphorbiaceae.
Nome científico: Ricinus communis L.
Nome popular: carrapateira, rícino,
mamoeira, palma-de-cristo, carrapato.
Parte tóxica: sementes.
Princípio ativo: Toxalbumina (ricina)
Quadro clínico: ingesta: ação irritativa do
FONTE: Arquivo pessoal do autor trato gastrointestinal, dor abdominal, náuseas,
vômitos, cólicas intensas, diarreia às vezes sanguinolentas. Hipotensão, dispneia,
arritmia, parada cardíaca. Evolução para desidratação grave, choque, distúrbios
hidroeletrolíticos, torpor, hiporreflexia, coma. Pode ocorrer insuficiência renal.
Contato: látex, pelos e espinhos: irritante de pele e mucosas.

AN02FREV001/REV 4.0

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Tratamento: Antiespasmódicos, antieméticos, eventualmente antidiarreicos.
Correção precoce dos distúrbios hidroeletrolíticos
Lesões de pele: soluções antissépticas, analgésicos, anti-histamínicos.
Casos graves: corticoides.

FIGURA 36 – SAIA-BRANCA
Família: Solanaceae.
Nome científico: Datura suaveolens L.
Nome popular: trombeta, trombeta-de-anjo,
trombeteira, cartucheira, zabumba.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio ativo: alcaloides beladonados (atropina,
escopolamina e hioscina).
Quadro clínico: Início rápido: náuseas e vômitos.
Quadro semelhante à intoxicação por atropina: pele
quente, seca e avermelhada, rubor facial, mucosas
FONTE: Arquivo pessoal do autor secas, taquicardia, midríase, agitação psicomotora,
febre, distúrbios de comportamento, alucinações e
delírios, vasodilatação periférica.
Nos casos graves: depressão neurológica e coma, distúrbios cardiovasculares,
respiratórios e óbito.
Tratamento: Esvaziamento gástrico com lavagem gástrica (em tempo útil) com água,
permanganato de potássio ou ácido tânico a 4%. Tratamento de suporte/sintomático.
Tratar hipertermia com medidas físicas. Evitar sedativos nos casos mais graves.

Nome científico: Datura metel


Nome popular: saia roxa
Parte tóxica: semente
Princípio ativo: Alcaloide daturina
Quadro clínico: início rápido: náuseas e vômitos.

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Quadro semelhante à intoxicação por atropina: pele
FIGURA 37 – SAIA ROXA
quente, seca e avermelhada, rubor facial, mucosas
secas, taquicardia, midríase, agitação psicomotora,
febre, distúrbios de comportamento, alucinações e
delírios, vasodilatação periférica.
Nos casos graves: depressão neurológica e coma,
distúrbios cardiovasculares, respiratórios e óbito.
Tratamento: Esvaziamento gástrico com lavagem
gástrica (em tempo útil) com água, permanganato de
potássio ou ácido tânico a
4%. Tratamento de suporte/sintomático. Tratar FONTE: Arquivo pessoal do autor

hipertermia com medidas físicas. Evitar sedativos


nos casos mais graves.

FIGURA 38 – ESTRAMÔNIO
Família: Solanaceae
Nome científico: Datura stramonium L.
Nome popular: zabumba, mata
zombando, figueira do inferno
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio ativo: Plantas beladonadas
Quadro clínico: Início rápido: náuseas e
vômitos.
FONTE: Arquivo pessoal do autor Quadro semelhante à intoxicação por atropina:
pele quente, seca e avermelhada, rubor facial,
mucosas secas, taquicardia, midríase, agitação psicomotora, febre, distúrbios de
comportamento, alucinações e delírios, vasodilatação periférica. Nos casos graves:
depressão neurológica e coma, distúrbios cardiovasculares, respiratórios e óbito.
Tratamento: esvaziamento gástrico com lavagem gástrica (em tempo útil) com água,
permanganato de potássio ou ácido tânico a 4%. Tratamento de
suporte/sintomático. Tratar hipertermia com medidas físicas. Evitar sedativos nos
casos mais graves.

AN02FREV001/REV 4.0

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FIGURA 39 – LÍRIO
Família: Meliaceae
Nome científico: Melia azedarach L.
Nome popular: lilás ou lírio da índia, cinamomo,
lírio ou lilás da china, lírio ou lilás do Japão,
jasmim-de-caiena, jasmim-de-cachorro,
jasmim-de-soldado, árvore-santa, loureiro-

FONTE: Arquivo pessoal do autor grego, Santa Bárbara.


Parte tóxica: frutos e chá das folhas.
Princípio ativo: saponinas e alcaloides neurotóxicos (azaridina).
Quadro clínico: Início rápido: náuseas e vômitos.
Quadro semelhante à intoxicação poratropina: pele quente, seca e avermelhada,
rubor facial, mucosas secas, taquicardia, midríase, agitação psicomotora, febre,
distúrbios de comportamento, alucinações e delírios, vasodilatação periférica. Nos
casos graves: depressão neurológica e coma, distúrbios cardiovasculares,
respiratórios e óbito.
Tratamento: Esvaziamento gástrico com lavagem gástrica (em tempo útil) com água,
permanganato de potássio ou ácido tânico a 4%. Tratamento de
suporte/sintomático. Tratar hipertermia com medidas físicas. Evitar sedativos nos
casos mais graves.

FIGURA 40 – CHAPÉU-DE-NAPOLEÃO
Família: Apocynaceae.
Nome científico: Thevetia peruviana Schum.
Nome popular: jorro-jorro, bolsa-de-pastor.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio Ativo: Glicosídeos Cardiotóxicos
Quadro Clínico: Quadro semelhante à
intoxicação por digitálicos.
FONTE: Arquivo pessoal do autor
Ingestão: dor/queimação, sialorreia, náuseas,

AN02FREV001/REV 4.0

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vômitos, cólicas abdominais, diarreia.
Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas, confusão mental e distúrbios
visuais.
Distúrbios cardiovasculares: arritmias, bradicardia, hipotensão.
Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival, lacrimejamento.
Tratamento: Tratamento de suporte, com atenção especial aos distúrbios
hidroeletrolíticos.
Antiarrítmicos habituais nos distúrbios de ritmo.
Antiespasmódicos, antieméticos, protetores de mucosa e adsorventes intestinais.
Contato ocular: lavagem com água corrente, colírios antissépticos, analgésicos e
avaliação oftalmológica.

FIGURA 41 – OFICIAL DE SALA


Família: Asclepiadaceae
Nome científico: Asclepias curassavica L.
Nome popular: paina-de-sapo, oficial-de-
sala, cega-olhos, erva-de-paina,
margaridinha, imbira-de-sapo, erva de rato
falsa.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio ativo: glicosídeos cardiotóxicos
Quadro clínico: Quadro semelhante à intoxicação
FONTE: Arquivo pessoal do autor
por digitálicos.
Ingestão: dor/queimação, sialorreia, náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia.
Manifestações neurológicas com cefaleia, tonturas, confusão mental e distúrbios
visuais. Distúrbios cardiovasculares: arritmias, bradicardia, hipotensão.
Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival, lacrimejamento.
Tratamento: Tratamento de suporte, com atenção especial aos distúrbios
hidroeletrolíticos.
Antiarrítmicos habituais nos distúrbios de ritmo.
Antiespasmódicos, antieméticos, protetores de mucosa e adsorventes intestinais.

AN02FREV001/REV 4.0

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Contato ocular: lavagem com água corrente, colírios antissépticos, analgésicos e
avaliação oftalmológica.
FIGURA 42 – ESPIRRADEIRA
Família: Apocynaceae.
Nome científico: Nerium oleander L.
Nome popular: oleandro, louro rosa.
Parte tóxica: todas as partes da planta.
Princípio ativo: glicosídeos cardiotóxicos
Quadro clínico: quadro semelhante à intoxicação
por digitálicos.
Ingestão: dor/queimação, sialorreia, náuseas,
vômitos, cólicas abdominais, diarreia.

Manifestações neurológicas com cefaleia, FONTE: Arquivo pessoal do autor


tonturas, confusão mental e distúrbios visuais.
Distúrbios cardiovasculares: arritmias, bradicardia, hipotensão.
Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival, lacrimejamento.
Tratamento: Tratamento de suporte, com atenção especial aos distúrbios
hidroeletrolíticos.
Antiarrítmicos habituais nos distúrbios de ritmo.
Antiespasmódicos, antieméticos, protetores de mucosa e adsorventes intestinais.
Contato ocular: lavagem com água corrente, colírios antissépticos, analgésicos e
avaliação oftalmológica.

AN02FREV001/REV 4.0

134
FIGURA 43 – DEDALEIRA
Família: Scrophulariaceae
Nome científico: Digitalis purpúrea L.
Nome popular: Dedaleira, digital.
Parte tóxica: folha e flor
Princípio ativo: glicosídeos cardiotóxicos
Quadro clínico: quadro semelhante à
intoxicação por digitálicos.
Ingestão: dor/queimação, sialorreia, náuseas,
vômitos, cólicas abdominais, diarreia.
Manifestações neurológicas com cefaleia,

FONTE: Arquivo pessoal do autor tonturas, confusão mental e distúrbios visuais.


Distúrbios cardiovasculares: arritmias,
bradicardia, hipotensão.
Contato ocular: fotofobia, congestão conjuntival, lacrimejamento.
Tratamento: tratamento de suporte, com atenção especial aos distúrbios
hidroeletrolíticos.
Antiarrítmicos habituais nos distúrbios de ritmo.
Antiespasmódicos, antieméticos, protetores de mucosa e adsorventes intestinais.
Contato ocular: lavagem com água corrente, colírios antissépticos, analgésicos e
avaliação oftalmológica.

FIGURA 44 – MANDIOCA-BRAVA
Família: Euphorbiaceae.
Nome científico: Manihot utilissima Pohl.
(Manihot esculenta ranz).
Nome popular: mandioca, maniva.
Parte tóxica: raiz e folhas.
Princípio ativo: glicosídios cianogênicos

FONTE: Arquivo pessoal do autor

AN02FREV001/REV 4.0

135
Quadro clínico: liberam ácido cianídrico causando anóxia celular. Distúrbios
gastrointestinais: náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia, acidose
metabólica, hálito de amêndoas amargas.
Distúrbios neurológicos: sonolência, torpor, convulsões e coma.
Crise típica: opistótono, trismas e midríase.
Distúrbios respiratórios: dispneia, apneia, secreções, cianose, distúrbios
cardiocirculatórios.
Hipotensão na fase final. Sangue vermelho rutilante.
Tratamento: tratamento precoce. Exames laboratoriais para detecção de tiocianatos
na saliva ou cianeto no sangue. Nitrito de amila por via inalatória 30 seg a cada 2
min: formação de cianometahemoglobina (atóxica). Nitrito de sódio 3% – 10 ml EV
(adultos), se necessário. Tratar com Azul de Metileno + Vit C.
Hipossulfito de sódio 25% - 25 a 50 ml EV (adultos), 1 ml/Kg (crianças).
Dão origem a tiocianatos.O2. Hidroxicobalamina 15.000 mcg EV-formação de ciano-
cobalamina (atóxica). Esvaziamento gástrico.

FIGURA 45 – CORAÇÃO DE NEGRO


OU PESSEGUEIRO BRAVO

Família: Rosaceae
Nome científico: Prunus sphaerocarpa SW
Nome popular: pessegueiro bravo, marmeleiro bravo.
Partes tóxicas: frutas e sementes.
Princípio ativo: glicosídios cianogênicos
Quadro clínico: liberam ácido cianídrico causando
anóxia celular.
FONTE: Arquivo pessoal do autor
Distúrbios gastrointestinais: náuseas, vômitos,
cólicas abdominais, diarreia, acidose metabólica, hálito de amêndoas amargas.
Distúrbios neurológicos: sonolência, torpor, convulsões e coma.
Crise típica: opistótono, trismas e midríase.
Distúrbios respiratórios: dispneia, apneia, secreções, cianose, distúrbios
cardiocirculatórios.

AN02FREV001/REV 4.0

136
Hipotensão na fase final. Sangue vermelho rutilante.
Tratamento: Tratamento precoce. Exames laboratoriais para detecção de tiocianatos
na saliva ou cianeto no sangue.
Nitrito de amila por via inalatória 30 seg a cada 2 min: formação de
cianometahemoglobina (atóxica).
Nitrito de sódio 3% - 10 ml EV (adultos), se necessário. Tratar com Azul de Metileno
+ Vit C.
Hipossulfito de sódio 25% - 25 a 50 ml EV (adultos), 1 ml/kg (crianças).
Dão origem a tiocianatos.O2.Hidroxicobalamina 15.000 mcg EV-formação de ciano-
cobalamina (atóxica). Esvaziamento gástrico.

BROTO DE BAMBU

FIGURA 46 – BROTO DE BAMBU


Princípio ativo: glicosídios cianogênicos
Quadro clínico: liberam ácido cianídrico causando
anóxia celular. Distúrbios gastrointestinais:
náuseas, vômitos, cólicas abdominais, diarreia,
acidose metabólica, hálito de amêndoas amargas.
Distúrbios neurológicos: sonolência, torpor,
convulsões e coma.

Crise típica: opistótono, trismas e midríase. FONTE: Arquivo pessoal do autor


Distúrbios respiratórios: dispneia, apneia,
secreções, cianose, distúrbios cardiocirculatórios.
Hipotensão na fase final. Sangue vermelho rutilante.
Tratamento: Tratamento precoce. Exames laboratoriais para detecção de tiocianatos
na saliva ou cianeto no sangue.
Nitrito de amila por via inalatória 30 seg. a cada 2 min: formação de
cianometahemoglobina (atóxica).
Nitrito de sódio 3% – 10 ml EV (adultos), se necessário. Tratar com Azul de Metileno
+ Vit C. Hipossulfito de sódio 25% – 25 a 50 ml EV (adultos), 1 ml/kg (crianças).
Dão origem a tiocianatos.O2.Hidroxicobalamina 15.000 mcg EV-formação de ciano-
cobalamina (atóxica). Esvaziamento gástrico.
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FIGURA 47 – GIESTA
Família: Leguminosae (Fabaceae)
Nome científico: Cytisus Scoparius
Nome popular: giesta.
Parte tóxica: folha, caule e flor.
Princípio ativo: alcaloides não atropínicos
Quadro clínico: predominam sintomas
gastrointestinais: náuseas, cólicas
abdominais e diarreia.

FONTE: Arquivo pessoal do autor Distúrbios hidroeletrolíticos. Raramente


torpor e discreta confusão mental.
Tratamento: Esvaziamento gástrico (muitas vezes não é necessária lavagem
gástrica). Antiespasmódico, antiemético. Manter o estado de hidratação. Tratamento
sintomático.

FIGURA 48 – JOÁ
Família: Solanaceae
Nome científico: Nicandra physaloides
Nome Popular: Joá-de-capote
Nome popular: Joá.
Parte tóxica: fruto e semente.
Princípio ativo: alcaloides não atropínicos

Quadro clínico: predominam sintomas


FONTE: Arquivo pessoal do autor
gastrointestinais: náuseas, cólicas abdominais e
diarreia.
Distúrbios hidroeletrolíticos. Raramente torpor e discreta confusão mental, sintomas
de intoxicação atropínica e, às vezes, obstrução intestinal.
Torpor, astenia e prostração. Quadro simula abdômen agudo.
Tratamento: Esvaziamento gástrico (muitas vezes não é necessário lavagem

AN02FREV001/REV 4.0

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gástrica). Antiespasmódico, antiemético. Manter o estado de hidratação. No quadro
obstrutivo por joá: clister à base de soro fisiológico. Tratamento sintomático.

FIGURA 49 – ESPORINHA
Família: Ranunculaceae
Nome científico: Delphinium spp
Nome popular: esporinha
Parte tóxica: semente
Princípio ativo: alcaloides não atropínicos
(alcaloide delfina)
Quadro clínico: predominam sintomas
gastrointestinais: náuseas, cólicas abdominais
FONTE: Arquivo pessoal do autor e diarreia.
Distúrbios hidroeletrolíticos. Raramente torpor e
discreta confusão mental.
Tratamento: esvaziamento gástrico (muitas vezes não é necessária lavagem
gástrica). Antiespasmódico, antiemético. Manter o estado de hidratação.

FIGURA 50 – FLOR DAS ALMAS


Família: Asteraceae
Nome científico: Senecio spp.
Nome popular: maria-mole, tasneirinha, flor das almas.
Princípio ativo: alcaloides não atropínicos
Quadro clínico: predominam sintomas gastrointestinais:
náuseas, cólicas abdominais e diarreia.
Distúrbios hidroeletrolíticos. Raramente torpor e

discreta confusão mental. FONTE: Arquivo pessoal do autor


Principalmente crônica, pode causar doença
hepática com evolução para cirrose ou S. Budd-Chiari.
Tratamento: esvaziamento gástrico (muitas vezes não é necessária lavagem
gástrica). Antiespasmódico, antiemético. Manter o estado de hidratação.

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Plantas: Cogumelos não comestíveis: Várias famílias e gênero: Amanita sp, Boletus
sp, Clavaria sp e outros.
Princípio ativo: Cogumelos
Quadro clínico: (pp. síndromes) síndrome gastrointestinal: náuseas, vômitos,
desconforto e dores abdominais e diarreia.
Aparecimento em 1 a 3 horas.
Distúrbios hidroeletrolíticos e circulatórios.
Síndrome muscarínica: período de incubação geralmente de uma hora. Cefaleia,
vômitos, cólicas abdominais, sudorese intensa. Visão borrada, miose, salivação,
broncoespasmo, lacrimejamento, rinorreia. Bradicardia, tremores, tonturas,
hipotensão arterial, choque.
Tratamento: síndrome gastrointestinal: sintomático, antiemético, antiespasmódico,
correção dos distúrbios hidroeletrolíticos. Observar paciente por 2-3 dias.
Síndrome muscarínica: atropina. Medidas sintomáticas e de suporte.

20.1 OUTRAS PLANTAS TÓXICAS

FIGURA 51 – URTIGA
Família: Urticaceae.
Nome científico: Fleurya aestuans L.
Nome popular: urtiga-brava, urtigão,
cansanção.
Parte tóxica: pelos do caule e folhas.
Princípio ativo: histamina, acetilcolina,
serotonina.
Sintomas: o contato causa dor imediata devido FONTE: Arquivo pessoal do autor
ao efeito irritativo, com inflamação, vermelhidão
cutânea, bolhas e coceiras.

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FIGURA 52 – AROEIRA
Família: Anacardiaceae.
Nome científico: Lithraea brasiliens March.
Nome popular: pau-de-bugre, coração-de-
bugre, aroeirinha preta, aroeira-do-mato,
aroeira-brava.
Parte tóxica: todas as partes da planta.

FONTE: Arquivo pessoal do autor Princípio ativo: os conhecidos são os óleos


voláteis, felandreno, carvacrol e pineno.
Sintomas: o contato e/ou a proximidade provocam reação dérmica local (bolhas,
vermelhidão e coceira), que persiste por vários dias; a ingestão pode provocar
manifestações gastrointestinais.

MEDIDAS PREVENTIVAS

1 – Mantenha as plantas venenosas fora do alcance das crianças.


2 – Conheça as plantas venenosas existentes em sua casa e arredores pelo nome e
características.
3 – Ensine às crianças a não colocar plantas na boca e a não utilizá-las como
brinquedos (fazer comidinhas, tirar leite, etc.).
4 – Não prepare remédios ou chás caseiros com plantas sem orientação médica.
5 – Não coma folhas, frutos e raízes desconhecidos. Lembre-se de que não há
regras ou testes seguros para distinguir as plantas comestíveis das venenosas. Nem
sempre o cozimento elimina a toxicidade da planta.
6 – Tome cuidado ao podar as plantas que liberam látex provocando irritação na
pele e principalmente nos olhos; evite deixar os galhos em qualquer local onde
possam ser manuseados por crianças; quando estiver lidando com plantas
venenosas, use luvas e lave bem as mãos após esta atividade.

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7 – Em caso de acidente, procure imediatamente orientação médica e guarde a
planta para identificação.
8 – Em caso de dúvida, ligue para o Centro de Intoxicação de sua região.

FIM MÓDULO III

AN02FREV001/REV 4.0

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