Você está na página 1de 9

Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS

Medicina veterinária – 5° fase


CCR: Doenças infecciosas

Leptospirose
 O nome oficial da doença é derivado do nome do seu agente etiológico  leptospira
o Leptos  alongado
o Spira  em espiral

DESCRIÇÃO
 Doença infectocontagiosa (infecciosa e contagiosa), aguda (a crônica), enzoótica, sistêmica (atinge
todos os órgãos), febril, com grave quadro entérico, hepático e renal.
o A leptospirose transita entre as espécies e, por esse motivo, é tida como uma zoonose
 É uma vasculite infecciosa
o A bactéria quando entra no organismo, acometem os vasos sanguíneos, onde elas se
reproduzem e liberal suas toxinas, destruindo os vasos
 Possui uma alta morbidade; mortalidade e letalidade depende da espécie
o Para humanos e cachorros a leptospirose é uma doença considerada grave, chegando a 75%
de morbidade, letalidade e mortalidade
FATORES DE RISCO
 Estão mais próximos da doença pessoas que possuem contato direto com animais ou água com
possível contaminação
o Açougueiros
o Trabalhadores com águas residuais
o Pescadores
o Veterinários
o Trabalhadores agrícolas

SINONÍMIA
 Existem diversas nomenclaturas que se referem a leptospirose:
o Doença de Weil
o Icterícia hemorrágica
o Icterícia leptospírica
o Febre dos pântanos
o Doença dos porqueiros
o Febre dos 7 dias
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS
Medicina veterinária – 5° fase
CCR: Doenças infecciosas
o Febre dos arrozais
o Febre outonal
o Tifo bilioso
o Tifo canino
o Doença de Stuttgart
o Febre canícola

ETIOLOGIA
 O patógeno mais comum para veterinária é a leptospira interrogans
o bactéria helicoidal, longa e flexível, com 0,1 mm x 10-20 mm L
o extremidade em gancho
 Usado para se ligar na estrutura desejada
o Móvel
o Filamento axial
 Possui um filamento ao longo do seu eixo que confere estabilidade para a bactéria
o Endoflagelos
 Também são responsáveis por dar estrutura para a bactéria
o Aeróbica obrigatória
o pH: 6,8-7,4
o Gram negativa; coradas pela impregnação da prata
 A leptospira não é corada pela coloração de gram, dessa forma, ela não pode ser
entendida como gram positivo ou negativo
 No entanto, ela se assemelha mais com gram negativos
o temperatura: 32 a 35 ⁰C (10 a 34 ⁰C)
 Se adapta melhor a temperaturas ambientes
o Sensibilidade: desidratação e pH baixo
o resistência: sobrevivem bem em terrenos úmidos, pântanos, córregos, lagos e instalações
com excesso de detritos e umidade
 sobrevivem, em média 1 mês em água fresca (experimental até 180 d); pode
sobreviver por semanas na lama com urina ; e em algumas horas no leite

ESPÉCIE
 LPS  fornece condições de identificar a espécie por meio da sorologia
o Também pode ser feita a identificação por meio do DNA
 Através do DNA, já se identificaram 22 espécies de leptospira, seno 10 patogênicas
o L. borgpetersenii
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS
Medicina veterinária – 5° fase
CCR: Doenças infecciosas
o L. interrogans
o L. alstoni
o L. mayottensis
o L. kirschneri
o L. kmetyi
o L. noguchii
o L. santarosai
o L. weilii
o L. alexander
 Pela sorologia, através do reconhecimento dos carboidratos de membrana, chega-se a mais de 300
sorovares com 25 sorogrupos
o Sorovar  unidade taxonômica
 Ex.: Leptospira interrogans sorovar pomona (o sorovar diz respeito a uma variedade
e não a uma espécie)
o Existem variações regionais de leptospira
 Para um laboratório, não é interessante que se tenha espécies que não são
recorrentes na região
o Variações nas espécies
 Bovinos, equinos e outras espécies possuem espécies mais específicas de leptospira
FONTE DE INFECÇÃO
 Todos os roedores são reservatórios de leptospiras
o Os roedores, diferente dos outros mamíferos, apenas albergam a bactéria e não apresentam
sinais
 Se instala no túbulo contorcido proximal e, por esse motivo, o animal fica eliminando
a leptospira pela urina a vida inteira

Por conta do comportamento adrenérgico, o rato possui a característica de sempre urinar no local em que
se alimenta
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS
Medicina veterinária – 5° fase
CCR: Doenças infecciosas

Observa-se que ambas as espécies são contaminadas pela L.interrogans. portanto, o sorovar varia entre as
espécies animais
 O sorovar da leptospira pode se alojar em diferentes locais no corpo de diferentes espécies animais
o Em bovinos: vesícula seminal, testículos, epidídimo
 Se caracteriza como uma doença reprodutora
o Suínos: testículos (sorovar Bratislava), rins (pomona) e útero
 Ratos e animais silvestres são considerados hospedeiros permanentes; Suínos (até 2 anos), bovinos
e cães (60-90 dias) são considerados reservatórios temporários; Humanos são hospedeiros finais e
acidentais
FONTE DE INFECÇÃO
 Veículos: água, urina, solo molhado, lama
o Sabendo que a fonte de infecção está intimamente ligada com a água, é necessário uma
maior atenção a programas de saneamento
MODO DE TRASMISSÃO
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS
Medicina veterinária – 5° fase
CCR: Doenças infecciosas
 O modo de transmissão pode ser direto ou indireto
o Direto  contato com leptospiras do meio ambiente; promiscuidade; cães errantes ou
mantidos em grupos, em abrigos
o Indireto  exposição prolongada dos suscetíveis à água, ao solo ou pela ingestão de
alimentos contaminados

Cadeia de transmissão entre os animais


PORTA DE ENTRADA
 Pele íntegra ou escoriada
o A pele não precisa estar lesada para que ocorra a entrada das bactérias
 Mucosas
Ficar muito tempo exposto a água acaba afrouxando a ligação entre células e facilitando a entrada da
bactéria
HOSPEDEIRO
 Mamíferos
o A especificidade do hospedeiro não é sorovar exclusiva
 Os humanos são tidos como hospedeiros acidentais
SUSCETÍVEIS
 TODOS os mamíferos
o Qualquer um que esteja no ciclo da bactéria pode ser afetado
 Suínos e bovinos são mais suscetíveis
 Humano  imunidade sorovar-específica
o A cada novo sorovar, nós nos infectaremos novamente

PORTADOR
 Rato
o O único mamífero que adquire a doença e não fica doente é o rato. Todos os outros
adquirem, manifestam os sinais, ficam doentes e excretam para o organismo
PORTA DE SAÍDA
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS
Medicina veterinária – 5° fase
CCR: Doenças infecciosas
 Urina
 Em casos de aborto, nos animais de produção, a porta de saída também pode ser o feto ou até os
envoltórios fetais
VETOR
 Não há nenhum vetor identificado
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
 De 4 a 19 dias  média 7 dias
o Leva em média uma semana entre o contato e a apresentação dos primeiros sinais

PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE
 Suínos  leptospirúria constante e permanente entre 30 a 60 d (6 m -2 a)
 Bovinos  10-180 d
 Caninos  60-90 d
 Ratos  permanente
 Humanos  não há
Se houver o tratamento com antibióticos, ocorrerá uma alteração no período de transmissibilidade
PATOGENIA
 Depende de dois fatores:
o Virulência do sorovar
o Suscetibilidade do hospedeiro

Representação esquemática que todos os processos que envolvem a patogenia da leptospira


Leptospiremia = multiplicação das leptospiras no sangue  fase aguda
 Uma vez que a bactéria se instala nos tecidos e começa a liberar substâncias tóxicas, existem dois
aspectos principais da patogênese da leptospirose
o Lesão direta do endotélio vascular, levando a uma espécie de “capilarite generalizada”
 Quando a bactéria se instala em um tecido, é como se todos os capilares do tecido
fossem prejudicados
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS
Medicina veterinária – 5° fase
CCR: Doenças infecciosas
o Adesão das leptospiras à membrana das células, determinando lesão ou disfunção celular,
desproporcional aos achados histopatológicos
 Independente do tecido em que a bactéria estiver, ela irá aderir a membrana, se
estabelecer, provocando alterações e disfunções que muitas vezes são
desproporcionais com os achados histopatológicos

Azul claro: epiderme; azul mais escuro: derme; rosa: vaso sanguíneo
As leptospiras possuem proteínas de superfície LigB que se ligam a vários componentes celulares, como
proteínas do complemento, trombina, fibrinogênio e plasminogênio e matriz extracelular (MEC). Também
possuem a proteína de superfície LipL32 que se liga a fibroblastos, macrófagos, células endoteliais e células
epiteliais renais
QUADRO CLÍNICO
 Nos cães, nós temos duas formas clínicas da doença pelo fato de a espécie ser acometida com dois
sorovares diferentes
o Forma icterícia (= doença de Weil)  ocorre o comprometimento hepático, está
relacionado com o sorovar icterohaemorrhagiae, acomete cães jovens (menos de 3 anos) e
causa a síndrome icterohemorrágica
 Tem como sinais clínicos:
 Prostração, anorexia, vômito
 Hipertermia, poliúria, polidipsia
 Dor abdominal e/ou lombar, diarreia, mialgia, halitose, úlceras bucais
 Caracterizada como uma doença hiperaguda
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS
Medicina veterinária – 5° fase
CCR: Doenças infecciosas

o Forma hemorrágica (doença de Stuttgart)  ocorre o comprometimento renal grave, está


relacionado com o sorovar canícola, acomete cães de qualquer idade e causa a síndrome
urêmica
 Tem como sinais clínicos:
 Inapetência, depressão e vômitos
 Sem febre e icterícia
 Dispepsia, estomatite ulcerosa, glossite necrótica e gastrenterite hemorrágica
 Cheiro fétido na boca, conjuntiva congesta
 Evolui geralmente para IRC
 Caracterizada como uma doença crônica
 Suínos
o Como sinais clínicos nós temos a prostração, anorexia, febre e diarreiaicterícia em leitões
o Em suínos, a doença tende a ser crônica, apresentando os seguintes sinais
o Transtornos reprodutivos no terço final da gestação
o Abortos, fetos macerados ou mumificados, natimortos ou neonatos fracos, que morrem
poucas horas após o nascimento
o Retorno ao cio e descargas vulvares
 Bovinos
o Em bezerros, predominam a forma aguda e em vacas, com aborto, predominam a forma
crônica
 Forma aguda: acomete bezerros e causa letargia, febre, anorexia, anemia; rigidez
dos membros pélvicos. Síndrome hemolítica (aquoso, incoagulável), hemoglobinúria
e morte (5-24h)
 Forma subaguda: febre alta (3-7 d), anorexia, depressão, discreta diarreia, às vezes
hemoglobinúria, paresia ou paralisia ruminal. Vacas em lactação: mamites atípicas
com início súbito e queda da produção leiteira (80%); leite espesso, amarelado, com
sangue
 Forma crônica: causa aborto entre 5-6m de gestação; natimorfos e infertilidade
 Ovinos e caprinos
o Infecção assintomática é mais frequente
o Forma aguda: rara; anorexia, abatimento, hemoglobinúria, icterícia, anemia e mortalidade
alta
o Forma crônica: quadro de nefrite é observado; alterações reprodutivas
 Equinos
o Nos equinos a leptorspirose tende a ser subclínica e sem grandes sinais evidentes
 Em equinos, a leptospirose pode causar
Universidade Federal da Fronteira Sul – UFFS
Medicina veterinária – 5° fase
CCR: Doenças infecciosas
 Febre, letargia e anorexia; icterícia e morte por NIA
 Abortos (3-6m), animais fracos ou prematuros, natimortos e mortalidade neonatal
 Uveíte recorrente equina = cegueira da lua = conjuntivite, epífora, blefaroespasmo,
fotofobia, opacidade de córnea, podendo levar à cegueira
 Felinos
o Em felinos, a leptospirose é rara ou não diagnosticada e, quando contaminado, esses
animais apresentam sinais clínicos parecidos com os cães
LESÕES
 Caninos
o Hepatomegalia, degeneração e fibrose hepática
o Congestão, edema, petéquias e sufusões: pulmões, rins, trato GI
o Úlceras na língua
o Aderência de cápsula renal
o Nas infecções pelo sorovar icterohaemorrhagiae: pronunciada icterícia de serosas e
conjuntivas
 Suínos, bovinos, pequenos ruminantes e equinos
o Anemia, icterícia
o Petéquias e sufusões
o Esplenomegalia e hepatomegalia
o Congestão e edema renal, hemorragias corticais; após 7-10 dias focos necróticos; sem aderência de
cápsula renal
o Hepatização vermelha
o Linfonodos aumentados de volume

DIAGNÓSTICO
 O diagnóstico se baseia no quadro clínico, histórico e exames laboratoriais
o
 Métodos direto  diagnóstico em que veremos/trabalharemos a bactéria
o K
o K
o K
 Métodos indiretos  diagnóstico feito a partir das alterações do corpo do animal

Você também pode gostar