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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA

NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO - UEMAnet


CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM SEGURANÇA NO TRABALHO

DISCIPLINA: SEGURANÇA NA ÁREA RURAL


Prof: Alessandro Costa da Silva
Governador do Estado do Maranhão Edição
Flávio Dino de Castro e Costa Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Núcleo de Tecnologias para Educação - UEMAnet
Reitor da Uema
Prof. Gustavo Pereira da Costa Coordenadora do UEMAnet
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Vice-reitor da Uema
Prof. Walter Canales Sant’ana Coordenadora Administrativa de Designer Educacional
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Pró-reitor de Administração
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Alessandro Costa da Silva
Pró-reitor de Extensão e Assuntos Estudantis
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Universidade Estadual do Maranhão - UEMA

Núcleo de Tecnologias para Educação - UEMAnet

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Fone-fax (98) 2106-8970

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Ficha catalográfica
Silva, Alessandro Costa da.

Disciplina: segurança na área rural [livro eletrônico] /


Alessandro Costa da Silva. – São Luís: UEMAnet, 2017

73 p

ISBN:

1. Ambiente rural. 2. Normas de segurança. 3. Defensivos


agrícolas. 4. Ergonomia rural. 5. Doenças no campo. 6. Máquinas
agrícolas. Título

CDU: 614.79
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO

UNIDADE 1

1.1 Armazenamento, uso e manipulação .......................................................... 08

1.2 Formas seguras de aplicação ..................................................................... 12

1.3 Exposição e causas de intoxicação .............................................................13

UNIDADE 2

2.1 O que são e para que servem ? ..................................................................17

2.2 Incidências no ambiente rural .....................................................................18

2.3 Procedimentos em acidentes ......................................................................26

UNIDADE 3

3.1 Uso e aplicações seguras ...........................................................................29

3.2 Importância para o bem-estar .....................................................................30

3.3 Adequações dos pares de opostos .............................................................33

UNIDADE 4

4.1 Principais doenças ......................................................................................38

4.2 Formas de mitigação ...................................................................................40

4.3 Causas e efeitos no trabalhador ..................................................................44

Alessandro Costa da Silva


UNIDADE 5

5.1 Normas de segurança ................................................................................. 49

5.2 Importância da manutenção e uso .............................................................. 50

5.3 Fiscalização sobre o uso ............................................................................. 53

UNIDADE 6

6.1 Formas seguras de uso ...............................................................................58

6.2 Tratores e motosserras ................................................................................63

6.3 Possibilidades de riscos ...............................................................................67

Alessandro Costa da Silva 4


APRESENTAÇÃO

Caro (a) aluno (a),

Como pode ser percebido pela ementa, nossa disciplina “Segurança no


Ambiente Rural”é abrangente e plural decorrência da demanda atual por alimento,
o que culmina, também em problemas de saúde. Lembrando que ao usar a palavra
“problema”, estou afirmando que existe uma solução, por isso a necessidade do
conhecimento na busca pela segurança rural, isto é: da população que vive e
trabalha no campo.

A população do campo é diversa; incluindo as chamadas famílias rurais,


que plantam para subsistência, os pequenos agricultores e médios, os grandes
fazendeiros (aqueles do agronegócio) e os empresários das “agroindústrias”, setor
que tem crescido nos últimos anos.

Para facilitar o seu entendimento o conteúdo da disciplina foi organizado em


Unidades, redigidas de forma independente, embora com forte correlação. Nesse
sentido, os 9 tópicos da ementa foram distribuídos neste e-Book, em 6 Unidades:
Unidade 1 - Defensivos agrícolas; Unidade 2 - Animais peçonhentos; Unidade 3-
Ergonomias rural e a propriedade rural; Unidade 4 - Doenças no campo; Unidade
5 - EPI rural e Unidade 6 - NR31, máquinas agrícolas.

Visando fazer as referidas adequações do conteúdo deste e-Book com a


ementa da disciplina, os três tópicos: Animais na propriedade, Metais nos fertilizantes
e Ferramentas manuais foram remanejados e incluídos nas Unidades 3, 4 e 6,
respectivamente.

As seis Unidades foram organizadas, seguindo uma didática para serem


entendidas por: uma gama de leitores estudantes de curso técnico e tecnológico nas

Alessandro Costa da Silva 5


suas mais diferentes formações, e em diferentes níveis, ou seja, médio e superior.

Claro que em virtude da relevância do conteúdo, algumas Unidades serão


mais extensas que outras; umas com enfoque mais de química, outras mais de
saúde, mas sempre voltadas para o âmbito da segurança rural.

É provável, devido a abrangência do tema, que um outro autor modificasse


a estrutura das Unidades deste e-Book, ou mesmo permutasse a disposição dos
assuntos, aumentando ou diminuindo seu conteúdo; o que seria compreensível:
os profissionais pensam e sentem de forma individualizada. Por isso, as críticas e
sugestões dos estudantes serão sempre bem-vindas.

Por fim, queria dizer a você, caro estudante que :dedicação e esforço são
caminhos naturais para o sucesso de qualquer atividade. Espero que a maneira
como organizei este e-Book potencialize o aprendizado de nossa disciplina.

Bons estudos!

Alessandro Costa da Silva 6


ÍCONES
Caro estudante,

Além do texto com as informações do conteúdo da disciplina, estamos lhe


apresentando os ícones, elementos gráficos que ampliam as formas de linguagem
e simplificam a organização e a leitura hipertextual. Você deve clicá-los para ter
acesso às informações que cada um representa. Observe os significados:

ABC OU GLOSSÁRIO ATENÇÃO!

define uma palavra, termo ou


destaca informações imprescindíveis
expressão utilizada no texto;
no texto, indica pontos de maior
relevância no texto;

SAIBA MAIS
SUGESTÃO DE LEITURA – indica
traz informações, curiosidades
outras leituras, contendo temas
ou notícias acrescentadas ao
relacionados com o conteúdo do texto;
texto e relacionadas ao tema
estudado;

REFERÊNCIAS

estão relacionadas no final de


cada aula/unidade, de acordo
com as normas da ABNT.
1
Unidade
DEFENSIVOS AGRÍCOLAS

Objetivos
• Identificar os riscos potenciais à saúde do trabalhador sobre o uso dos
agrotóxicos;

• Conhecer sobre a segurança que se faz necessária para o preparo da


calda (diluição dos agrotóxicos); bem como da sua aplicação no campo.

1.1 Armazenamento, uso e manipulação

O
aparecimento de produtos químicos empregados no combate às pragas e as
doenças na lavoura representou grande progresso na agricultura, quanto a
isso não se tem dúvidas. Entretanto, o uso inadequado e excessivo também
traz transtornos à saúde e a segurança do trabalhador rural. O conjunto desses
produtos químicos é conhecido pelas denominações de Agrotóxicos, Agroquímicos,
Alessandro Costa da Silva 8
Pesticidas, Produtos fitossanitários e até mesmo “defensivos agrícolas”. Sendo que
esse último termo produz controvérsias porque não defendem nada (SILVA, 2016).

A Organização Mundial da Saúde (OMS), em conjunto com a Organização


Internacional do Trabalho (OIT), estimou em 2015, mais de 10 milhões de pessoas
intoxicadas pelo uso incorreto dos agrotóxicos. Aqui estão computadas, inclusive,
intoxicações por produtos (agrotóxicos) com prazo de validade vencido e aqueles
comprados de forma clandestina; alguns até de uso proibidos no Brasil (ABRASCO,
2015).

É consenso entre empresas e pesquisadores que os problemas enfrentados


pelos trabalhadores com a intoxicação por agrotóxicos são decorrentes da
imprudência por não observar as instruções contidas nas bulas e rótulos dos produtos.
Outra possibilidade de intoxicação seria o fato de utilizarem os equipamentos de
segurança inadequados para a referida atividade. E como pode ser visto pelo
Quadro 1, existe uma diversidade de produtos que por sua vez são enquadrados
em função de sua toxicidade.

Quadro 1 – Classificação toxicológica

Fonte: ANVISA, 2003

Alessandro Costa da Silva 9


O uso excessivo, muitas vezes, é decorrente de estratégias de venda (direta)
para o trabalhador rural. A entrada desses produtos na propriedade rural geralmente
é feita pelo vendedor ou por propagandas na mídia, induzindo ao uso excessivo
(mais venda) sem maiores explicações sobre os riscos. É sabido da carência de
informação do trabalhador rural em relação aos agrotóxicos; e da total ausência de
supervisão por parte do vendedor de como o trabalhador irá “preparar” e aplicar
estes produtos (GARCIA et al., 2005). Além, também, da ausência do controle por
parte dos órgãos públicos como por exemplo: Vigilância Sanitária e Ambiental.

O local para armazenamento (na propriedade) das embalagens cheias de


agrotóxicos deve: i)ser livre de inundações e separado de outras construções, como
residências e instalações para animais; ii) a construção deve ser de alvenaria, com
boa ventilação e iluminação natural; iii) o piso deve ser cimentado e o telhado
sem goteiras para permitir que o ambiente fique sempre seco; iv) as instalações
elétricas devem estar em bom estado de conservação para evitar curto-circuito e
incêndios; v) deve estar sinalizado com uma placa “cuidado veneno”; vi) as portas
devem permanecer trancadas para evitar a entrada de crianças, animais e pessoas
não autorizadas; vii) os produtos devem estar armazenados de forma organizada,
separados de alimentos, rações animais, medicamentos e sementes.(http://www.
nufarm.com/Assets/15066/1/Manual_UCS.pdf).

É importante sinalizar a localização e disposição das classes de produtos, para


não permitir que diferentes classes (para uso agrícola) possam ficar juntas. Desta
forma, se evita a chamada contaminação re-cruzada, por exemplo: pesticidas com
fertilizantes. Cabe, aqui, lembrar que o trabalhador rural também deve se preocupar
em intercalar produtos inflamáveis com produtos não inflamáveis, evitando dessa
forma a possibilidade e o agravamento do risco de incêndio.

Não é recomendável armazenar (estocar) além das quantidades suficientes


para seu uso. Em geral, recomenda-se um uso em curto prazo ou no máximo, para
uma safra. Mantenha sempre os produtos ou restos em suas embalagens originais
e sempre armazene os produtos separados por tipo e data.

O trabalhador rural também deve ficar atento ao descarte de embalagens


vazias: ele nunca deve armazenar essas embalagens; mas caso seja necessário
Alessandro Costa da Silva 10
reaproveite todo o seu conteúdo (mesmo diluído) no pulverizador, faça a tríplice
lavagem e depois fure essas referidas embalagens. Assim evita que outros tentem
reutilizar as embalagens vazias para acondicionar alimentos e bebidas; o que é
“proibido” por lei (FUDACENTRO, 2011).

Os locais para armazenamento de embalagens vazias também seguem


protocolos, não é só ir descartando (jogando) e amontoando-as. Após, lavadas as
embalagens de agrotóxicos líquidos devem ser guardadas com suas respectivas
tampas dentro de caixas de papelão. Já as embalagens de agrotóxicos granulados
ou em pó, devido serem vendidos em sacos plásticos, sacos de papel ou mistas; o
procedimento é diferente. Pelo fato dessas embalagens serem flexíveis não podem
ser lavadas; devemos separá-las, identificá-las e armazená-las em recipientes
próprios, fornecidos pela própria empresa que vendeu o produto.

Embora, exista riscos no armazenamento de embalagens vazias é


recomendável que o trabalhador rural devolva as embalagens somente após
o término da safra, quando reunir uma quantidade que justifique o transporte. É
dado o prazo de um ano depois da compra para devolver as embalagens vazias.
Enquanto isto, as embalagens (vazias) podem ser guardadas de forma organizada
no mesmo depósito onde são armazenadas as embalagens cheias (NETO et al.,
2014). Existem Unidades de Recebimento de Embalagens Licenciadas, cabendo
ao revendedor informar na nota fiscal o endereço da unidade para envio.

A preparação da calda*exige muitos cuidados, pois é neste momento que o


trabalhador está mais susceptível à contaminação, pelo fato de estar manuseando
o produto concentrado (Figura 1). Nesta etapa, o trabalhador deve tomar diversas
precauções para evitar acidentes, dentre as quais se destacam as relacionadas a
seguir.

(http://www.nufarm.com/Assets/15066/1/Manual_UCS.pdf)

Alessandro Costa da Silva 11


* Calda é o termo que usamos para definir quando os agrotóxicos
estão preparados, já no ponto de serem aplicados (pulverizados).
Lembrando que esses produtos são adquiridos (comprados) na
forma concentrada, devendo sofrer um processo de diluição,
que ocorre preferencialmente com uso de água. As normas e
as proporções que o trabalhador vai usar no preparo da calda
são definidas pelo fabricante e estão especificadas no rótulo das
embalagens.

Figura 1 – Formas seguras de preparo da calda

Fonte: ANDEF, 2010

1.2 Formas seguras de aplicação

P
ara o preparo e manipulação da calda devemos abrir a embalagem com
cuidado para evitar derramamento do produto; utilizar sempre balanças,
copos graduados, baldes e funis específicos para o preparo; e nunca reutilizar
esses mesmos utensílios para outras atividades, visto que estão contaminados.

As embalagens vazias dos agrotóxicos devem ser descartadas por meio


de procedimentos técnicos. Uma prática realizada no mundo inteiro para reduzir

Alessandro Costa da Silva 12


os riscos de contaminação das pessoas (Segurança) para proteger os recursos
naturais (Ambiente) e se aproveitar o máximo de determinado produto (Economia),
é o que chamamos de Tríplice lavagem1 e de Lavagem sob pressão2.

1
Para executar a tríplice lavagem: esvazie completamente o conteúdo da
embalagem no tanque do pulverizador; Adicione água limpa à embalagem até
1/4 do seu volume;Tampe bem a embalagem e agite-a por 30 segundos; Despeje
a água de lavagem no tanque do pulverizador; Faça esta operação 3 vezes;
Inutilize a embalagem plástica ou metálica, perfurando o fundo.

2
Este procedimento somente pode ser realizado em pulverizadores com
acessórios adaptados para esta finalidade; Encaixe a embalagem vazia no local
apropriado do funil instalado no pulverizador; Acione o mecanismo para liberar
o jato de águia limpa; Direcione o jato de água para todas as paredes internas
da embalagem por 30 segundos;A água de lavagem deve ser transferida para o
interior do tanque do pulverizador;Inutilize a embalagem plástica ou metálica,
perfurando o fundo.

1.3 Exposição e causas de intoxicação

N
as áreas onde o agrotóxico está sendo aplicado não deve haver qualquer
outro tipo de atividade, nem ser permitido o acesso de pessoas sem
vestimentas e equipamentos de proteção, até que seja cumprido o “período
de reentrada” estabelecido no rótulo ou na bula dos produtos utilizados naquela
área.

Alessandro Costa da Silva 13


A aplicação desses produtos deve ser planejada e executada de forma a
evitar a contaminação de outras áreas de produção (hortas, pastagens, piscicultura
etc.) rios, lagos ou fontes de água utilizadas pela população. A Figura 2 apresenta
uma forma segura de aplicar agrotóxico, que é a favor do vento. Lembrando que
a velocidade do ar é importante durante a aplicação para evitar “deriva”, que é a
perda de produto por causa do descolamento das correntes de vento.

Figura 2- Forma adequada de aplicação

Fonte: ANDEF, 2010

Por fim, queria lembrar que, como veremos na Unidade 5, o trabalhador rural
deve sempre usar os EPIs (Equipamento de Proteção Individual) para aplicar os
agrotóxicos; evitando aplicá-los nas horas mais quentes do dia. Após a aplicação,
deve manter as pessoas afastadas das áreas tratadas, observando (como vimos
anteriormente) período de sua reentrada na lavoura.

Alessandro Costa da Silva 14


Resumo

Finalizamos assim nossa primeira Unidade, na qual


você estudou o que são agrotóxicos e sua classificação
toxicológica. A importância de manuseá-los e aplicá-los
de forma segura. Você também estudou que devemos
considerar o tempo de exposição, à toxicidade do produto,
a avaliar os riscos de exposição ao trabalhador, além dos
cuidados ao armazenar embalagens cheias e ao descartar as
embalagens vazias.

Referências

ANDEF, Associação Nacional de Defesa Vegetal. Manual de Segurança e


Saúde. Campinas. Linea Creativa, 2010. 295p.

ANVISA, Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Problemas de saúde


relacionados à exposição por agrotóxicos. Brasília, 2003. 75p.

ABRASCO, Associação Brasileira de Combate aos Agrotóxicos. Dossiê Abrasco:


Um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Fiocruz. Rio de Janeiro,
2015. 634p.

FUNDACENTRO - Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina


do Trabalho, Manual de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho Rural.
São Paulo. Ministério do Trabalho. Disponível em: www.fundacentro.gov.br. >.
Acesso em: 30 nov.2011.

Alessandro Costa da Silva 15


GARCIA, E.; ALVES J.P.Filho. Aspectos de prevenção e controle de acidentes
no trabalho com agrotóxicos. São Paulo: Fundacentro, 2005. 52p.

Manual de Seguraça no trabalho rural. Disponivel em: < http://www.nufarm.com/


Assets/15066/1/Manual_UCS.pdf.>. Acesso em: 28 ago. 2017.

NETO, E. N. LACAZ, F. A. C. PIGNATI W. A. Vigilância em saúde e agronegócio:


os impactos dos agrotóxicos na saúde e no ambiente rural. Ciência & Saúde
Coletiva, v.19, n.12:4709-4718. 2014.

SILVA, A. C. Química ambiental: uma abordagem introdutória e generalista.


1.ed.d Ed.Uema. São Luís, 2016. 297p.

Alessandro Costa da Silva 16


2
Unidade
ANIMAIS PEÇONHENTOS

Objetivos
• Conhecer quais são os principais animais peçonhentos e seus riscos
ao trabalhador rural;

• Entender as formas de envenenamento por esses animais, bem como


as medidas a serem tomadas caso algum trabalhador seja exposto.

2.1 O que são e para que servem ?

V
amos iniciar esta Unidade informando a você, caro estudante, que os acidentes
com animais peçonhentos representam um grave problema de saúde pública
no Brasil. Embora a maioria dos casos relatados no Brasil fossem de cobras
e aranhas, recentemente ocorreu uma mudança. Segundo o Ministério da Saúde em
2016, foram registrados 175 mil acidentes com animais peçonhentos; desses, 90
Alessandro Costa da Silva 17
mil foram acidentes com escorpiões. Comportamento que está sendo estudado por
pesquisadores da Fundação Oswaldo cruz e do Instituto Butantan (MS, 2017).

2.2 Incidências no ambiente rural

E
mbora mais corriqueiro no ambiente rural, os casos de envenenamento por
picadas ou mordeduras têm se tornado comuns em alguns ambientes urbanos,
principalmente aqueles próximos de matas e banhados. Queria aproveitar para
avisar que apesar de sua nocividade, alguns desses animais peçonhentos (cobras,
escorpiões, aranhas e taturanas) são imprescindíveis para o equilíbrio ambiental,
visto que regulam os diferentes níveis tróficos dentro da cadeia alimentar.

Calma, vou explicar: se extinguirmos as cobras, teremos infestação de ratos;


se extinguirmos os escorpiões, teremos infestação de baratas; se extinguirmos
as taturanas, não teremos mais borboletas. Outra importância desses animais
peçonhentos é que, por mais incrível que possa parecer: eles são usados em
diversas pesquisas. Uma dessas é a tentativa de encontrar cura para doenças erétil,
musculares e neurológicas como as pesquisas com Parkinson e Alzheimer (BRASIL,
2017).

Segundo a Fundação Nacional de Saúde, os acidentes com animais


peçonhentos, são definidos como aqueles que produzem nocividade ativada por
picadas ou mordeduras, no caso dos não venenosos; e dotados de glândulas
secretoras e aparelho inoculador de substância de alta nocividade, para aqueles
venenosos. A aparição desses animais é mais frequente em épocas (estações)
quentes e períodos noturnos, mas como veremos a seguir, existem suas exceções
(FUNASA, 2001).

As alterações produzidas pelos animais peçonhentos estão relacionadas


à inoculação de uma complexa mistura de enzimas, levando a uma intoxicação
neurológica e até chegando a causar imobilização ou em casos extremos a morte da
vítima. Embora alguns desses animais sejam parecidos existem muitas diferenças,
Alessandro Costa da Silva 18
algumas bastante perceptível, como é o caso das cobras. Mesmo achando que todas
as cobras tenham mesma feição (formato), aquelas venenosas têm características
peculiares como: cabeça triangular, achatada, destacada do corpo, olhos pequenos e
escamas pequenas; cauda curta e grossa, escamas arrepiadas e algumas espécies
apresentam chocalhos.

Nos acidentes com cobras existem 4 tipos de ofidismo (envenenamentos),


vejamos:

• Botrópico - ocorre pela picada da jararaca, com manifestações precoces,


ou seja, até três horas do acidente, com dor imediata, inchaço (edema),
calor, vermelhidão no local picado, alterações na coagulação do sangue,
hemorragia no local da picada ou bem distantes dela, como nas gengivas e
bexiga (urina);

• Crotálico - ocorre pela picada da cascavel. Neste caso quase não se vê sinal
da picada, e há pouco inchaço no local. Nas primeiras horas os sinais são de
dificuldade em abrir os olhos, visão dupla ou turva, feição de embriagado, dor
muscular discreta, urina avermelhada, bloqueio neuromuscular e midríase,
dilatação da pupila em função da contração do músculo dilatador. Após 6 a
12 horas a urina fica escurecida. As consequências são dor muscular intensa
e insuficiência renal aguda;

• Laquético - ocorre pela picada da surucucu e as manifestações ocorrem


até 3 horas do acidente, com dor imediata, inchaço, calor, vermelhidão ou
arroxeamento no local picado, hemorragia no local da picada e diarreia. As
principais complicações são bolhas, gangrena e insuficiência renal aguda; e

• Elapídico - ocorre pela picada da cobra coral (verdadeira), ocasionando no


local da picada uma pequena reação, dificuldade em abrir os olhos, pálpebra
caída, cara de bêbado, falta de ar, salivação, dificuldade em engolir, vômitos,
sonolência, perda de equilíbrio, midríase (dilatação da pupila) e insuficiência
respiratória aguda.

Alessandro Costa da Silva 19


Claro que existem algumas maneiras de prevenir os acidentes ofídicos, como o
uso de luvas, botas de cano alto e perneiras, máscaras. Essas atitudes apenas
diminuem a probabilidade de um acidente entre um trabalhador e uma cobra.
Cabe ressaltar que existe um dispositivo eletrônico vendido no comércio como
repelente. Este dispositivo emite ondas sonoras não perceptível ao ser humano,
mas que afugentam répteis, principalmente cobras.

Para saber mais sugiro assistir ao vídeo: https://www.youtube.com/


watch?v=dQ2S5KBSeCs.

No caso de acidentes com escorpiões, a probabilidade era bem menor,


comparado com as cobras. Mas nos últimos anos (como vimos) tem aumentado
bastante. Situações excepcionais de infestamento foram relatados em algumas
cidades paulistanas, tanto em ambientes urbanos quanto rurais. A literatura relata
dois tipos de escorpiões: o preto, não venenoso, com tamanho acima de 10 cm,
também conhecido como escorpião gigante, não são comuns no Brasil; o marrom e
o amarelo, são escorpiões que podem variar de tamanho, indo de 6 a 8 cm.

Os escorpiões inoculam o veneno pelo telson (ferrão), localizado no último


segmento da cauda. Sua letalidade depende da toxidez da picada, da quantidade
do veneno injetado e do tamanho da pessoa atingida. Mas só picam quando se
sentem ameaçados. Tem hábitos noturnos e se alimentam principalmente de insetos,
como baratas e grilos. Durante o dia estão alojados sobre pedras, troncos, madeira,
entulhos, telhas, tijolos etc. Seus principais predadores são galinhas, patos e outras
aves terrestres.

As regiões onde são mais encontrados, no Brasil, são: a região Sul e a


Sudeste, o escorpião amarelo é responsável pela maioria dos casos graves, muito

Alessandro Costa da Silva 20


embora algumas cidades da região Nordeste, no caso da Bahia; também tenham
relatados casos. Minas Gerais e São Paulo são os estados que respondem por
96% das ocorrências no país. Belo Horizonte é a capital recordista dos acidentes
escorpiônicos. A explicação é a falta de esgotamento sanitário e de higiene, que
leva a proliferação de baratas, que por serem dieta dos escorpiões, eles acabam se
alastrando.

Frequentemente, a picada de escorpião é seguida de dor moderada ou intensa,


bem como formigamento no local da picada Os sintomas nos primeiros 30 minutos
após a picada são de dor e formigamento, os sintomas, após esses 30 minutos são:
cefaleia, náuseas ou vômito, suor excessivo, agitação, tremores, salivação, aumento
da frequência cardíaca (taquicardia), alterações na pressão arterial, dormência, visão
turva, edema pulmonar agudo, convulsões e coma são os mais comuns. Nessa
situação, deve-se procurar atendimento hospitalar imediato.

Ao prestar os primeiros socorros para a vítima, deixe-a em repouso absoluto,


mantendo a parte afetada em posição mais baixa que o corpo para dificultar a difusão
do veneno. Não esqueça que a vida do acidentado depende da rapidez com que
se faz o tratamento com o soro antiescorpiônico adequado. Infelizmente, devido as
diferenças entomológicas, o referido soro é específico para cada tipo (variedade) de
escorpião. Para afastá-los do seu local de trabalho, ou de suas residências. Deve-se
manter os quintais limpos, impedindo com isso a presença de matos e baratas. Evite
remover tijolos empilhados e entulhos diversos, principalmente aqueles objetos que
estão sem utilidade habitual.

Os acidentes com aracnídeos, diferente dos escorpiões, já são mais frequentes,


mais até do que os ofídicos (cobras); muito embora não sejam de elevada gravidade.
Por isso muitos não são registrados pelos órgãos oficiais. Picadas por aranhas
apresentam uma nocividade: baixa, média e alta (pouco comum); que vai depender
exclusivamente do tipo (e não tamanho) de aranha em questão.

Vejamos, o caso da aranha marrom (Loxosceles), embora seja uma das


menores aranhas do mundo é uma das mais perigosas. Ela tem de 12 mm a 3 cm
de tamanho e pode se reproduzir rapidamente. Essas aranhas têm seis olhos bem
próximos um do outro. Seu alastramento é explicado pelo fato de cada fêmea produz
Alessandro Costa da Silva 21
até 150 ovos. Habitualmente, elas atacam quando se sentem ameaçadas e quando
são pressionadas contra o corpo da vítima, geralmente na roupa (uniforme) e toalhas.
Situação que ocorre tanto em casa quanto no trabalho. Essas aranhas são adaptadas
ao clima quente e úmido; somente na América latina são conhecidas mais de 50
espécies.

Devido ser de pequeno porte e ter sua picada pouco dolorida os acidentes
com este tipo de animal geralmente são subnotificados nos centros de saúde; sendo
o risco de envenenamento, na maioria das vezes, subestimado. É um aracnídeo de
hábitos noturnos, pouco agressivo e encontrado em pilhas de objetos. Ao ser picado
o trabalhador apresenta como sintoma pequena dor na hora da picada. Após 12 a 36
horas o quadro evolui para dor local com inchaço, mal-estar geral, náuseas e febre,
podendo causar necrose no local do ferimento. Em alguns raros casos pode ocorrer
anemia hemolítica (destruição das hemácias) e até coagulação do sangue.

O gênero Loxosceles é considerado cosmopolita, no Brasil existem relatos de


casos em todo o território nacional, principalmente na região Sul, com 95% do total
de casos registrados (FUNASA, 2001). Recentemente, a Secretaria de Saúde do
Maranhão enviou uma nota a população explicando sobre alguns casos de acidentes
com aranha marrom, devido aos casos (esporádicos) registrados pela Vigilância
Sanitária e Ambiental (SES, 2017). Após a picada deve-se aplicar o antídoto o mais
rápido possível para que não haja sequelas. O soro antiloxoscélico ou antiaracnídeo
deve ser aplicado após a percepção dos sintomas ou, se possível, logo após a picada.

Outras duas aranhas de alta nocividade são a armadeira e a viúva negra. A


armadeira (gênero Phoneutria) foi responsável por 15% dos casos de acidentes com
aranhas das 29 mil notificações (MS, 2017). É uma aranha muito agressiva, com
hábitos vespertinos e noturnos. São encontradas em pés de bananeiras e outras
folhagens, e no interior das residências. É uma aranha peculiar porque não constrói
teia e seu tamanho pode atingir até 12 cm de diâmetro.

Já a viúva negra (gênero Latrodectus), apresenta cor avermelhada, tem hábitos


diurno e vive em plantações, sendo também encontrada no interior de residências
rurais. Embora seja muito ativa durante o dia essa aranha não é agressiva. Os
acidentes por Latrodectus têm sido relatados preferencialmente na região Nordeste,
Alessandro Costa da Silva 22
nos estados da Bahia, Rio Grande do Norte e Sergipe. Relatos estatísticos inferem que
os acidentados são do sexo masculino na faixa etária de 10 a 30 anos. A explicação
é devido ao fato desses jovens (homens) serem mais ativos no que diz respeito às
atividades laborais.

Os sintomas comuns de acidentes com essas aranhas são dor imediata,


de forma intensa, podendo irradiar-se para todo o membro acometido. No local da
picada, o mais comum é ocorrer edema, eritema, amortecimento e sudorese, que
pode evoluir para arritmia cardíaca, edema agudo de pulmão, hipotensão arterial e
choque, bem como dificuldade de respirar. Ao verificar a presença de duas marcas
em forma de pontos, existe a possibilidade de ter sido picado; procure atendimento
médico imediatamente.

O veneno das armadeiras podem provocar em homens o priapismo*. Embora


o veneno seja prejudicial, estudos feitos na Universidade Federal de Minas Gerais
revelaram que (também) pode ser benéfico: busca por novos medicamentos para
disfunção erétil (BRASIL, 2017).

*É uma condição, geralmente dolorosa, na qual o pênis fica ereto e não retorna
ao seu estado de flacidez. É um caso potencialmente danoso, em que a ereção
dura em média 4 horas, e pode levar à impotência sexual definitiva.

As chamadas aranhas de grande porte (tarântula e caranguejeira) embora


sejam de aparência agressiva gerando fobia em boa parte da população. São animais
de boa convivência, praticamente não são agressivas, exceto quando ameaçadas.
Alguns índios da região amazônica e de países asiáticos usam esses animais como
alimento, por acreditar que são afrodisíacos.

Alessandro Costa da Silva 23


A Tarântula (Scaptocosa Lycosa), é uma aranha de hábitos diurnos, pouco
agressiva e que não produz teia. Encontradas em beira de barrancos, gramados e
em alguns casos: no interior das residências. A sua picada apresenta como sintoma
dor no local, havendo a possibilidade de evoluir para necrose. Já a Caranguejeira
(Mygalomorphae) embora de boa convivência, quando ameaçada pode se tornar
bastante agressiva. Mesmo não tendo veneno, o porte robusto induz ao medo e seus
ferrões grandes são responsáveis por ferroadas bastante dolorosas.

Cabe lembrar que, em geral, acidentes com aranhas, normalmente são


acidentes menos graves e a grande maioria dos casos notificados são provenientes
das regiões Sul e Sudeste, o que sugere que nas outras regiões podem ocorrer casos
sem que haja registro; justamente por causa da baixa nocividade.

Outra classe de animais peçonhentos são as taturanas, também chamadas


de lagartas, lacraias, centopeias e marandovás. Na verdade são diversos tipos de
lagartas, algumas venenosas como as lacraias e centopeias outras não venenosas
como taturanas chamadas de bicho cabeludo. Algumas dessas lagartas identificam o
estado larval de lepidópteros, as borboletas (de hábito diurno) e mariposas (de hábito
noturno). Sobre os chamados “piolho de cobra”, mais detalhes podem ser obtidos no
Boletim 7 (BUTATAN,2010).

As lagartas são responsáveis por causar acidentes de baixa gravidade, embora


sejam espalhados por todo o Brasil. Dados das regiões Sul e Sudeste indicam que
existe uma sazonalidade na ocorrência desses acidentes, que se expressa mais nos
meses de verão (novembro a março). Vários fatores podem explicar esses acidentes,
como uma diversidade de tipos (gênero) dessas lagartas, e o deslocamento em
direção às residências, por causa do: desmatamento, condições climáticas favoráveis,
diminuição dos predadores e adaptação a diferentes vegetais, já que as lagartas se
alimentam de folhas.

As lagartas venenosas (gênero Lonomia) são animais peludos, com presença


de espículos simples ou arborescentes por onde expelem veneno, que atua no sangue
da vítima provocando coagulação. Mesmo aquelas lagartas não venenosas expelem
substâncias alergênicas pelo seus espículos, que causam coceira e provocam
queimadura e dor. Apresentam-se de cor marrom-claro-esverdeado, com manchas
Alessandro Costa da Silva 24
amarelo-escuro, com listras de coloração castanho-escuro ao longo do corpo e
espinhos urtigantes ao longo do dorso. Seu tamanho não ultrapassa 7 centímetros,
mas acidentes com esses pequenos animais ainda são bastante comuns.

Os principais sintomas (no local) são dor e queimação, seguida de vermelhidão


e edema, o quadro clínico pode evoluir para cefaleia, náuseas e vômito. De 8 a 72
horas após o acidente podem surgir manifestações hemorrágicas, com manchas pelo
corpo, sangramentos gengivais, nariz, urina e por ferimentos recentes. Nos casos
mais graves pode evoluir para insuficiência renal e morte, bem como melena (fezes
escuras) e hemorragia intracraniana.

Uma Medida preventiva no caso de acidentes com lagartas seria olhar,


atentamente, para as folhas e troncos de árvores, evitando contato com elas; verificar
presença de folhas roídas, casulos ou pupas e fezes de lagartas no solo; e, claro, usar
luvas quando manipular troncos, árvores frutíferas ou em atividades de jardinagem.
Visando facilitar o aprendizado a Figura 3 apresenta exemplos de alguns animais
peçonhentos por meio de um pictograma.

Para saber mais sugiro acessar ao sítio: www. hospvirt.org.br.

Figura 3- Exemplo de animais peçonhentos

Fonte: FUNASA, 2001

Alessandro Costa da Silva 25


2.3 Procedimentos em acidentes

Nos ambientes rurais devemos ter cuidado: com lugares escuros, e ao


manipular lixo e entulho ou colocar a mão em buracos no solo. Os locais próximos às
residências, celeiros, currais, canis e outros devem estar sempre limpos e capinados.
O lixo deve ser acondicionado em recipientes fechados e limpos. A preocupação não
é somente para evitar a presença de animais peçonhentos, mas também para não
atrair insetos e pequenos roedores visto que fazem parte da dieta desses animais.

Quando todos os cuidados preventivos falharem e por ventura um acidente


acontecer, algumas medidas importantes devem ser tomadas para que os prejuízos
e complicações sejam minimizados como: não amarrar a parte do corpo acometida,
pois o torniquete ou mesmo um garrote, dificulta a circulação do sangue, podendo
produzir necrose ou gangrena e, se possível capture o animal para que o soro seja
bem administrado, já que é específico para cada animal.

Alguns procedimentos não impedem (em nada) que o veneno seja absorvido
pelo corpo como, por exemplo: cortar o local da picada, pois alguns venenos podem,
inclusive, provocar hemorragias e o corte aumentará a perda de sangue; sugar o
local da picada, existe possibilidade de envenenamento via cárie dentária. Outra
informação relevante, principalmente no ambiente rural é: nunca agir baseado em
crenças populares (OLIVEIRA et al., 2013). Apenas lave o local afetado com água
e sabão, afrouxe as roupas da vítima, retire acessórios que dificultem a circulação
sanguínea, e procure tranquilizá-la.

Mantenha sempre o acidentado em repouso e ao conseguir um transporte


(veículo), leve-o o mais rápido possível para um serviço de saúde para receber o
soro antiveneno. Em caso de acidente, faça a lavagem da região com água corrente
e compressa fria. Colete o animal em um vidro, feche-o para identificação e procure
ajuda médica. Jamais toque no animal diretamente. Use uma pinça para recolhê-lo.
Em caso de dúvida, ligue para o Centro de Intoxicações de sua região.

Alessandro Costa da Silva 26


Resumo

Como estudamos nesta Unidade, embora os animais


peçonhentos sejam diversos (cobras, aranhas, escorpiões,
lagartas, insetos voadores etc.) os casos mais comuns
de acidentes são com os dois primeiros. Muito embora
recentemente casos com escorpiões tenham aumentado
abruptamente. Aprendemos que os casos de internação
ou mesmo de prostração do acidentado acarretam em
afastamento do seu local de trabalho, causando-lhe prejuízos
na saúde humana e nas finanças.

Alessandro Costa da Silva 27


Referências

BRASIL, Agência Brasil de Notícias. Disponível em: < www.agenciabrasil.ebc.com.


br/pesquisa-com-venenos-de-animais. >. Acesso em: 20 abr.2017.

BUTATAN, Instituto Butatan. Acidentes com animais peçonhentos. Boletim No 9.


São Paulo, 2010. 5p.

FUNASA, Fundação Nacional de Saúde. Manual de Diagnóstico e Tratamento


de Acidentes por Animais Peçonhentos. Brasília, 2001. 120p.

MS, Ministério da Saúde. Casos de acidentes com animais peçonhentos.


Disponível em:< www.portalsaude.saude.gov.br/svs/acidentes-por-animais-
peçonhentos.>. Acesso em: 20 abr. 2017.

OLIVEIRA, H. F. A.; COSTA, C. F.; SASSI, R. Relatos de acidentes por animais


peçonhentos e medicina popular em agricultores na região do Curimataú, Paraíba,
Brasil. Rev. Bras. Epidem. 16(3):633-643, 2013.

SES, Secretaria de Estado da Saúde. Loxosceles: Secretaria de Saúde do


Maranhão Esclarece. Disponível em:< www.saude.ma.gov.br/noticias.>.Acesso
em: 20 abr. 2017.

Alessandro Costa da Silva 28


3
Unidade
ERGONOMIA RURAL

Objetivos
• Conhecer o que é ergonomia rural, a necessidade do seu cumprimento
(execução)por parte do trabalhador;

• Entender que a sua não execução acarretará em danos à saúde desse


trabalhador rural.

3.1 Conceito e definição

V
amos iniciar definindo “ergonomia rural”, muito embora já seja um termo
corriqueiro para estudantes de cursos técnicos, estabelecida na NR 17. Pode-
se dizer que é a ciência que estuda o modo e a forma como o trabalhador
no ambiente não urbano exerce (executa) suas funções laborais, seja in door (local
fechado) seja out door (céu aberto). Para ser exitosa, a ergonomia se baseia em
Alessandro Costa da Silva 29
diversos princípios, que são normas de conduta (regras); as orientações para que o
trabalhador rural execute e realize suas atividades sem causar-lhe desconfortos.

Por isso, é necessário que ele verifique algumas condições do seu trabalho
como: excesso de calor, ritmo acelerado nas atividades, posturas incorretas, esforços
repetitivos, uso inadequado de equipamentos, dentre outros (MARTINS; FERREIRA,
2015). Esse comportamento na busca segura e saudável nas atividades laborais,
como pode ser visto na Figura 4, deve ser realizado não somente pelo trabalhador,
mas também pelo patrão. Condição já estabelecida pela NR10, preconizando as
condições mínimas exigidas para garantir a segurança e saúde dos trabalhadores.

Figura 4 – Importância da ergonomia rural

Fonte: Faria, 2005

3.2 Importância para o bem-estar

A
partir desses estudos, são realizadas adaptações que visam melhorar a
postura na hora de trabalhar, diminuindo a exposição ao ruído e vibração,
evitando os movimentos repetitivos e esforços em excesso, que são
executados diariamente nas diversas atividades (funções). A ergonomia cognitiva
tem um papel fundamental neste processo, e viabiliza respostas para muitos dos
problemas cotidianos principalmente daquele trabalhador rural que opera tratores e
máquinas agrícolas (VILAGRA, 2009).

Alessandro Costa da Silva 30


A postura incorreta pode levar ao cansaço dos músculos das costas, pernas
e braços, além de outros desconfortos. Com o tempo, podem surgir problemas como
lesões e inflamações. O excesso de ruídos pode ocasionar alterações na audição e
até problemas como dores de ouvido, surdez temporária ou mesmo permanente; e
induzir fadiga no trabalhador. Existem casos em que o trabalhador mesmo mudando
de atividade, o problema auditivo pode demorar algum tempo para desaparecer.

No caso da vibração, que (como o ruído) também é um risco físico, pode


ocasionar, dependendo de sua intensidade diversos problemas. Esses problemas
(desconfortos) podem ser desde uma dor lombar, passando pela degeneração dos
discos intervertebrais até a chamada doença dos “dedos brancos”.

Os movimentos repetitivos e esforços excessivos são bastante estudados na


ergonomia, pois acarretam em muitos danos à saúde, não somente por causa das
dores nas juntas, músculos e dificuldade nos movimentos do corpo, mas também pela
indisposição que causa no trabalhador, em algumas situações ele fica com receio de
fazer certos movimentos, pela possibilidade do retorno da dor (ERGOMAIS, 2017).

As atividades laborais que não seguem os preceitos da ergonomia induzem


a diversas simatologias. Algumas têm como consequência, por exemplo, as LER,
que são as Lesões por Esforço Repetitivo, e agora mais recentemente estudadas as
DORT, que são as Doenças Osteomusculares Relacionadas com o Trabalho.

Mas, não são somente as atividades físicas que são estudadas pela ergonomia.
O excesso de calor faz com que a temperatura do corpo aumente, e transtornos
podem ocorrer. Na medida em que o corpo retém o calor, a pessoa começa a perder
sua capacidade de concentração e, como consequência, torna-se vulnerável aos
acidentes de trabalho. Enfim, estes e outros pontos importantes são analisados pela
ergonomia, proporcionando a você, trabalhador, funcionalidade no trabalho, maior
tempo ativo, aumento de produtividade e melhor qualidade de vida, além de evitar
danos à sua saúde.

Alguns estudos epidemiológicos têm revelado, por mais difícil de acreditar,


que a atividade rural está associada a muitos riscos ocupacionais, sendo considerada
por sua diversidade como uma das profissões mais preocupantes (FARIA, 2005).

Alessandro Costa da Silva 31


Acidentes incapacitantes com sequelas e os acidentes fatais se apresentam
como a face mais visível e contundente dos riscos relacionados a esses trabalhos.
Esse conceito se agrava quando o trabalhador rural é também operador de uma
máquina, em alguns casos trabalha de forma desgastante seja em nível braçal e /ou
psíquico. O operador de máquinas agrícolas tem muitas vezes uma jornada exaustiva
muito acima do recomendado.

Além da jornada, o relacionamento do trabalhador com o maquinário nem


sempre é ideal e oferece também riscos à saúde, colocando-o frente à possibilidade
de acidentes devido à falta de adequação ao trabalho. Autores, como Vilagra (2009)
afirmam que o princípio geral da ergonomia diz que as máquinas e o ambiente
de trabalho devem ser adaptados ao homem. Existem grandes diferenças entre
as pessoas que vão executar determinada função, porém é possível através de
treinamento, adaptarem-se e alcançarem melhor desempenho no trabalho de forma
segura e correta, por meio da ergonomia.

De acordo com Silva (2016), as limitações fisiológicas de um trabalhador rural


podem ser comparáveis ao desempenho de uma máquina: quanto de combustível
ela consome, a temperatura e condições de operação, as ligações do sistema elétrico
etc. Já se tornou até um jargão popular: “o homem atua como uma máquina”; portanto
é imprescindível que façamos também nossas manutenções, como por exemplo:
nossos exames clínicos periódicos.

E como ocorrem com as diferentes marcas dos equipamentos, que variam


sua performance de acordo com a qualidade do produto; essas limitações no labor
humano também variam (consequentemente) entre os diferentes trabalhadores.
Cabe, aqui, ressaltar que, o desempenho de um trabalhador pode variar, inclusive, na
mesma pessoa, de um dia para outro dia. Ainda não somos máquinas, muito embora
alguns patrões acreditem que podem nos obrigar a trabalhar de forma intermitente.

Os resultados da fadiga, ou seja, do cansaço, são motivos de investigação e


atenção por parte da ergonomia. Os problemas devem ser identificados e observados,
a fim de se evitar insatisfação e prejuízos não somente aos trabalhadores diretamente
afetados, mas também a toda sua família e círculos de amizade. Por essa razão a NR
36 está sendo discutida no que diz respeito a trabalhos intermitentes, isto é, as jornadas
Alessandro Costa da Silva 32
excessivas, que recentemente foram evidenciadas nos frigoríficos. A proposta dessa
discussão é preservar a saúde física e mental do trabalhador induzindo-o a pausas
de descanso, visando evitar as consequências do processo de fadiga (ERGOMAIS,
2017).

Pesquisadores como Rio e Pires (2001) descrevem que a carga de trabalho


representa o nível máximo de atividades laborais tanto físicas quanto psíquicas
exigidas do trabalhador durante sua execução. A carga externa dessas atividades
é denominada em ergonomia como “contrainte” e representa impactos que vêm do
meio externo sobre o indivíduo, no caso o trabalhador.

Eles explicam que a expressão fadiga psíquica refere-se a uma redução


da capacidade do sistema psíquico em função da exposição às cargas psíquicas
acima do limite da adaptação positiva do indivíduo. Essa carga pode ser sensorial,
exemplo do ruído de origem cognitiva, como a sobrecarga de informações (de origem
emocional), como aquela derivada de relacionamentos interpessoais tensos ou de
origem intrapsíquica, como as pressões derivadas de nossos “interiores”, isto é:
dentro da nossa própria mente.

3.3 Adequações dos pares de opostos

O
s pares de opostos que se mostram mais fortemente divergentes após
uma atividade (trabalho) fatigante são, preferencialmente, demonstrados
nestes oito sistemas: Descansado-Cansado; Sonolento-Desperto; Vigoroso-
Esgotado; Fraco-Forte; Energético-Apático; Estimulado-Desanimado; Interessado-
Desinteressado; Atento-Distraído. Um estudo e uma adequação desses pares de
opostos (pelo empregador) podem evitar diversas doenças ocupacionais; que muitas
vezes levam ao afastamento (do empregado) de seu local de trabalho. Sobre essas
doenças, vamos explicar melhor na Unidade 4.

As operações repetitivas, como aquelas que ocorrem na operação com


maquinários agrícolas; são condições propícias à monotonia relacionada ao par
Alessandro Costa da Silva 33
Sonolento e Desperto. Monotonia é a reação do organismo a um ambiente uniforme,
pobre em estímulos ou com pouca variação de excitações, como no “desperto”.
Os sintomas mais indicativos da monotonia são sensação de fadiga, sonolência,
morosidade, lentidão e diminuição de atenção.

Em termos operacionais, existem duas consequências mensuráveis da


monotonia que são a diminuição de atenção e o aumento do tempo da reação. Em
condições experimentais, verifica-se que o desempenho na percepção de sinais
pode ser aumentado, por exemplo, melhorando-se a visibilidade do sinal e a sua
intensidade, proporcionando uma realimentação ao operador.

Para a minha, para a nossa (...) e para a sua segurança ergonométrica: execute
suas atividades sempre em posição confortável, quando o assento está alto, a pressão
nos músculos da coxa pode provocar câimbras, isso serve tanto para o trabalhador no
escritório quanto no trator. Exerça seu trabalho dentro das suas limitações, não exija
demais dos seus músculos, no caso de maquinários; as alavancas e chaves de boca,
foram criadas justamente para multiplicar a força do homem: use-as sempre que
precisar. Mantenha-se em movimento constante, o movimento do corpo no trabalho
dinâmico ajuda a circulação sanguínea, exercita uma grande variedade de músculos
e é mais indicado do que o trabalho parado ou com pouco movimento (ABERGO,
2017).

Além dos problemas decorrentes da falta de “postura” no manuseio de


maquinários, a ergonomia rural também se preocupa com a “postura” no manuseio
com animais. Acredito que você (caro estudante) já tenha visto que uma simples tarefa
como “tirar leite de vaca”, se for executada de forma inadequada pode ocasionar sérios
problemas na saúde do trabalhador. Se ele não levar em consideração a “ergonomia”
além de problemas na coluna e dores nas mãos, pode (dependendo da situação) até
levar uma “patada” do animal que estiver ordenhando. E as consequências dessa
patada, podem ser imprevisíveis.

Os animais ainda são muito utilizados no meio rural, apesar da mecanização


no campo. Eles normalmente são empregados para extração de leite e carne, na
preparação do solo, locomoção dos trabalhadores, no transporte de materiais, dentre
outros. Por isso, os arreios devem estar sempre conservados para evitar quedas.
Alessandro Costa da Silva 34
E como pode ser visto na Unidade 4, além das questões ergonométricas,
existem riscos voltados às doenças. Dependendo do “trato” com o animal, esse pode
(dependendo de suas sanidades) doenças como brucelose, carbunculose, febre
aftosa, tuberculose e verminoses. O cuidado na relação com os animais deve ser
considerado não só quanto a sua utilização no trabalho, como, também, enquanto
geradores de renda, como é o caso da criação de gado de corte, gado leiteiro, suínos
e aves, além de cavalos, avestruz, javalis e outros animais.

Nas construções rurais destinadas ao manuseio do gado é importante ter


algumas benfeitorias destinadas a contenção dos animais para segurança do animal
e, principalmente, do trabalhador rural (MYRRHA, 1999).

Outro gargalo na ergonomia é a execução (pelo trabalhador rural) de algumas


tarefas como as atividades de descarga e recepção de animais. Essas devem ser
organizadas e bem planejadas: como sinalização e/ou separação das áreas de
passagem de veículos, animais e pessoas; plataformas de descarregamento de
animais isoladas de outros setores ou locais de trabalho; postos de trabalho, da
recepção até o curral de animais de grande porte, protegidos contra intempéries;
medidas de proteção contra a movimentação intempestiva e perigosa dos animais de
grande porte que possam gerar risco aos trabalhadores; passarelas para circulação
dos trabalhadores ao lado ou acima da plataforma quando o acesso aos animais assim
o exigir; informação aos trabalhadores sobre os riscos e as medidas de prevenção
no trabalho com animais vivos; estabelecimento de procedimentos de orientação aos
contratados e terceiros acerca das disposições relativas aos riscos ocupacionais.

Para evitar acidentes nessas áreas de recepção e descarga de animais é


prudente a permanência (neste local) somente trabalhadores devidamente informados
e treinados. O local de atordoamento e de abates dos animais deve ser projetado e
adequado para essas atividades; devendo, portanto, permitir a execução segura da
atividade para qualquer tipo, tamanho e forma de abate.

Por fim, mas não como ação laboral final: faça sempre que puder, pausas
frequentes e curtas, elas são mais eficazes na recuperação das energias, do que as
longas e raras. Caro estudante, nosso corpo tem certas características e limitações
de ordem fisiológica, posso citar como exemplo: o tônus muscular, que vai estar
Alessandro Costa da Silva 35
diretamente relacionada com sua força; a eficiência metabólica, quanto de alimento
é usado para fazer seu metabolismo funcionar bem; a resistência a certas doenças,
que está diretamente relacionada a fatores nutricionais e finalmente: uma boa hora
de sono e de descanso, que vão estar associadas a sua disposição e a todas as
externalidades que são exigidas pelo seu corpo durante a sua jornada de trabalho.

Resumo

Nesta Unidade, você teve a oportunidade de conhecer o


que é ergonomia rural e compreender sua importância para
o bem-estar do trabalhador. Você deve ter percebido que
a execução de atividades laborais seguindo os princípios
ergonométricos evitam a incidência das chamadas doenças
ocupacionais, que além de afastarem o trabalhador de seu
local de serviço, podem trazer transtornos duradouros, tanto
físicas quanto psíquicos.

Alessandro Costa da Silva 36


Referências

ABERGO, Associação Brasileira de Ergonomia. As premissas da ergonomia rural.


X Congresso Brasileiro de Ergonomia. Rio de Janeiro, 2000. Disponível em:
www.ergonomianotrabalho.com.br/abergo.html>. Acesso em: 20 abr. 2017.

ERGOMAIS. Empresa de Soluções Ergonométricas. Análise e discussão sobre


a NR 36. Disponível em: www.ergomais.com.br/index.php/blog/nr36-frigorífrico.
Acesso em: 20 abr. 2017.

FARIA, N. M. Saúde do trabalhador rural. Tese de Doutorado em Epidemiologia


Programa de Pós-Graduação em epidemiologia, Universidade Federal de Pelotas,
UFPel. 2005. 310p.

MARTINS, A. J. A.; FERREIRA, N. S. A ergonomia no trabalho rural. Rev. Eletr.


Atualiza Saúde. 2(2):125-136. 2015.

MYRRHA, M. A. de L. Benfeitorias para Bovinocultura. Fascículo 3. São Paulo,


1999. 62p.

RIO, R. P.; PIRES, L. Ergonomia: fundamentos da prática ergonômica. 3.ed. LTr:


São Paulo, 2001.

SILVA, A. C. Química ambiental: uma abordagem introdutória e generalista. 1.


ed. Ed.Uema. São Luís, 2016. 297p.

VILAGRA M, José. Adequação ergonômica de trator agrícola de média


potência. Tese de doutorado em Engenharia de Produção. Universidade Federal
de Santa Catarina. Florianópolis, 2009. 210p.

Alessandro Costa da Silva 37


4
Unidade
DOENÇAS NO CAMPO

Objetivos
• Entender o motivo pelo qual algumas atividades laborais no campo
podem acarretar em prejuízos na saúde do trabalhador rural;

• Verificar a existência de doenças que estão diretamente associadas


as atividades laborais na área rural, principalmente se executadas de
forma inadequada.

4.1 Principais doenças

V
amos iniciar esta Unidade, comentando que as doenças no campo podem
ter como causa diversas fontes, desde a falta de saneamento básico na
propriedade até problemas de sanidade animal, que podem acarretar de forma
direta em doenças orgânicas (físicas) no trabalhador por meio de uma diversidade de
Alessandro Costa da Silva 38
vetores; e indireta por meio de síndromes depressivas causadas pela perda (morte)
de seus animais. A depreciação da saúde tanto física quanto mental pode ter como
consequências doenças agudas, sintomas fortes, mas passageiros; ou crônicas,
sintomas leves, mas persistentes.

Queria reforçar um problema nas comunidades rurais, principalmente aquelas


situadas no Nordeste brasileiro, que são as doenças psíquicas. Embora muitos não
acreditem, mas, o estresse e a ansiedade afetam também a saúde e bem-estar desse
trabalhador rural. E uma das causas mais apontadas pelos trabalhadores é, por mais
incrível que possa parecer: as dificuldades em manter os animais na propriedade,
sejam esses: de pequeno, médio ou grande porte.

Dentre as dificuldades encontram-se a alimentação e dessedentação dos


animais, em especial no período das secas. Muitos trabalhadores sobrevivem da
venda desses animais. A aquisição(compra) de animais baratos: não vacinado e com
problemas sanitários, bem como a baixa qualidade das instalações que não propiciam
bem-estar animal, são outras dificuldades encontradas. Para aqueles trabalhadores
do ramo pecuário: gado de corte e de leite; as dificuldades em determinadas épocas
são bem maiores afetando além do manejo sanitário, a produção e a qualidade da
carne e, claro: do leite e de seus derivados (FREITAS et al., 2009).

Como pode ser percebido todas essas dificuldades apontadas corroboram


para o surgimento de doenças e transtornos psicológicos no trabalhador que vive
no campo, como taquicardias noturnas, mal-estar, e, principalmente: ansiedade
e quadros de depressão. Alguns podem não acreditar, mas o trabalho rural, em
determinados momentos, pode ser tão angustiante e estressante quanto aqueles em
ambientes urbanos. Por mais incrível que nos possa parecer.

Daí reside o fato das atividades laborais no ambiente rural serem uma das
mais regulamentadas do Brasil. Além do Ministério da Agricultura e Abastecimento
(MAPA), do Ministério da Saúde (MS), e do Ministério do Meio Ambiente (MMA) ainda
está sob constante vigilância do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por causa
dos episódios infelizes envolvendo “trabalho escravo”. Claro, que a vigilância e o
controle da segurança desses trabalhadores rurais perpassam, também, por diversos
órgãos das chamadas esferas estaduais e municipais.
Alessandro Costa da Silva 39
4.2 Formas de mitigação

No que diz respeito aos riscos ambientais que um trabalhador rural está
submetido e que podem acarretar em doenças são abrangentes e diversos, podendo
causar doenças e transtornos. Mais detalhes podem ser obtidos por meio do CID
10, que é Comissão de Informação de Doenças (MS, 2017). Muito embora alguns
(patrões) ainda não acreditem, o trabalhador rural também está exposto.

Os riscos, mais comuns, sofridos pelo trabalhador são: Acidentes com


ferramentas manuais, com máquinas e implementos agrícolas ou provocados por
animais; Acidentes com animais peçonhentos: cobras, aranhas, escorpiões taturanas
e até insetos voadores como abelhas, marimbondos e vespas.

O trabalhador também está submetido a exposição insetos causadores de


doenças, como os mosquitos, nas suas mais diversas formas (Anopheles, Aedes)
que causam enfermidades como dengue, malária, febre amarela, dentre muitas
outras. Essas prostrações nos seres humanos podem ser de leve, média intensidade,
levando quase sempre ao afastamento do trabalho; até casos de grave intensidade,
podendo levar a morte do trabalhador. Dados da Organização Mundial da Saúde,
relatam que o mosquito é o mais perigoso dos insetos; diferentes de outros, tem
contato direto com os seres humanos.

Para saber mais sugiro acessar (www.who.int/eportuguese/publications/pt).

Alessandro Costa da Silva 40


Um problema e muito corriqueiro no campo é a exposição à radiação solar, sem
proteção: falta de vestimentas adequadas e do uso de filtros solares. Essa exposição
pode ocasionar queimaduras dermatológicas, envelhecimento precoce e até, em
casos extremos um câncer de pele. Daí reside a necessidade do uso de protetores
solares como forma de prevenir os casos de câncer de pele em trabalhadores rurais.
É importante que durante a atividade que tanto o empregador quanto o empregado
percebam da necessidade do uso de filtros para se protegerem do sol. Mesmo que um
pequeno agricultor não tenha recurso para adquirir protetores solares é imprescindível
o uso de bonés e toucas (ROSA et al., 2001).

Para saber mais sobre as doenças de pele acesse ao sítio: http:// www.
dermatologia.net/ novo/base/doencas_pele. shtml#letrad. A exposição às
radiações solares por longos períodos, sem observar pausas e as reposições
calóricas e hídricas necessárias, desencadeia uma série de problemas de saúde,
tais como câimbras, síncopes, exaustão por calor, envelhecimento precoce e
câncer de pele.

Outra situação, embora não seja grave, mas é muito comum, é a exposição
térmica. A presença (no local de trabalho) de calor excessivo por longos períodos,
pode ocasionar câimbras musculares e sudorese em demasia. No que diz respeito às
questões musculares, problemas como Ler e Dort (Lesões por Esforços Repetitivos
e Doenças Osteomusculares Relacionadas com o Trabalho).

Para pesquisadores como Costa (2011), embora sejam específicas para


algumas atividades laborais, já são consideradas como uma das mais comuns
doenças ocupacionais*. Essas doenças são ocasionadas pela divisão e ritmo
intenso de trabalho com cobrança de produtividade, jornada de trabalho prolongada,
ausência de pausas e outros aspectos da organização do trabalho. São consequências
da espécie de trabalho executada e tem equiparação ao acidente de trabalho e,
portanto, geram para fins legais os mesmos benefícios e direitos.
Alessandro Costa da Silva 41
*Doença Ocupacional é aquela que causa alteração na saúde de qualquer
trabalhador, em qualquer área de execução do serviço, desde as tarefas mais
simples, até as mais complexas. E deve estar sempre relacionada ao tipo de
ocupação que o trabalhador exerce. As mais comuns são aquelas relacionadas
ao sistema respiratório e as de pele, como: asbestose e silicose, dermatites
câncer de pele, dentre outras.

Cabe, aqui, enfatizar que, a doença ocupacional é específica para aquela


“ocupação” em que, o trabalhador atuou e ficou exposto a agentes nocivos para
sua saúde, sem que houvesse a proteção necessária contra eles, ou ainda mesmo
com a proteção. Nesses casos, é prerrogativa que neste ambiente laboral, o grau de
exposição do trabalhador foi acima do tolerável por lei, em períodos longos, médios
ou curtos. Elas podem demorar anos para se manifestarem, mas quando o fazem a
situação já está crítica. Já os acidentes de trabalho ocorrem de forma imediata, e são
provocados pelos mais variados fatores e, entre eles, os mais comuns são: cortes,
queimaduras, amputações de membros, quebraduras, entre outros (CONNAPA,
2017).

Um risco a que o trabalhador rural está sujeito e que antes (20 anos atrás)
não era associado como doença é a exposição aos agentes biológicos como por
exemplo, a dos grãos armazenados; sejam a céu aberto ou em silos fechados. Como
você já deve ter percebido a estocagem de grãos de milho, arroz e soja em silos é
mais preocupante porque além dos riscos biológicos existe possibilidade de explosão
por causa dos gases liberados pela fermentação.

Para saber mais acesse (www.cpt.com.br/cursos/noticias).

Alessandro Costa da Silva 42


Devido a expansão do agronegócio, principalmente da soja, as doenças
relacionadas à liberação de odores e de gases pelo processo natural de fermentação
têm se intensificado seja no campo ou mesmo nos terminais portuários. Alguns
trabalhadores rurais estão sendo deslocados de suas atividades no campo para
funções administrativas, por causa de problemas alérgicos. Outros, infelizmente
são afastados do serviço por causa de intoxicações, que pode acarretar em outros
problemas indiretos na saúde.

A exposição do trabalhador rural aos agentes de origem biológica, como


no caso das partículas de grãos armazenados, ácaros, pólen detritos de origem
animal, componentes de células de bactérias e fungos podem (visto anteriormente)
provocar diversas doenças. Dessas as mais comuns são as respiratórias, como a
asma ocupacional e as pneumonites por hipersensibilização. Cabe, aqui, ressaltar
esses problemas de saúde agora que estão sendo reconhecidos pelo Ministério do
Trabalho e Emprego (MTE) como sendo uma doença ocupacional, visto que eram
pouco registrados, possivelmente pelo fato de não associarem as doenças ao local
de trabalho.

Outra grave exposição do trabalhador rural refere-se aos produtos químicos.


Embora esses produtos sejam diversos e com vários níveis de toxicidade (NR 15), as
atividades laborais no campo são mais propensas a duas classes: os agrotóxicos e
os fertilizantes. Ambos podem causar intoxicações graves ao trabalhador rural, seja
em nível agudo e/ou crônico; podendo em casos levar a morte. A NRR5 preconiza
as informações referentes ao uso e manipulação dos diferentes produtos químicos
usados no ambiente rural; caso tenha interesse acesse as NRs relacionados ao tema.

No caso particular da exposição aos agrotóxicos, esses podem causar


sintomas agudos como náusea, cefaleia, tontura, vômito, parestesias (incômodos na
pele), coma e morte; e sintomas crônicos como paresias (disfunção do movimento de
um ou mais membros), paralisia reversível, ação neurotóxica retardada irreversível e
pancitopenia (diminuição de elementos celulares no sangue).

Como vimos, essa exposição (a agrotóxicos) inclui não só problemas de


intoxicações agudas, determinadas pelo contato direto com produtos altamente
tóxicos e de consequências imediatas, podendo levar o indivíduo à morte; mas
Alessandro Costa da Silva 43
também (e principalmente) problemas crônicos determinados pelo contato tanto
direto como indireto a produtos muitas vezes de baixa toxicidade aguda e por tempo
prolongado.

Caso tenha interesse, existem pesquisas afirmando que a exposição excessiva


a alguns desses produtos podem causar transtornos psíquicos ao trabalhador rural,
levando a suicídios. Situação mais comum em atividades na indústria fumageira,
presente preferencialmente em municípios gaúchos, como Santa Cruz do Sul e
Venâncio Aires.

Diferente dos agrotóxicos (compostos orgânicos) as doenças causadas por


fertilizantes são causadas devido a presença de contaminantes metálicos (metais
pesados). Existem cerca de 20 elementos considerados tóxicos para os seres
humanos, incluindo Hg, Cd, Zn, Cu, Fe, Pb, As, Mn, Tl, Cr, Ni, Se, Te, Sb, Co, Mo, Sn,
W e V. Destes, somente os dez primeiros são aqueles de maior utilização industrial
e, por isso mesmo, são os mais estudados sob o ponto de vista toxicológico (SILVA,
2016).

Outros fertilizantes como aqueles a base de fosfatos e sais de potássio são


considerados de média toxicidade. As intoxicações por fosfatos se caracterizam por
hipocalcemia, enquanto as causadas por sais de potássio provocam ulceração da
mucosa gástrica, hemorragia, perfuração intestinal etc. Já fertilizantes a base de
nitratos, são considerados de alta nocividade; uma vez no organismo, se transformam
(via reações metabólicas) em nitrosaminas, que são substâncias cancerígenas.

4.3 Causas e efeitos no trabalhador

C
aso um trabalhador rural seja contaminado por produtos químicos, seja
agrotóxico ou fertilizante, deve-se lavar o acidentado, vestir roupa limpa e
encaminhá-lo imediatamente para o hospital. Mesmo que a intoxicação
seja acidental e de leve dano, ainda assim deve-se avisar a Vigilância Sanitária e
Ambiental da sua região e ligar para o telefone de emergência do fabricante. Nesse
Alessandro Costa da Silva 44
contato, deve-se informar o nome e idade do paciente, o nome do médico e o telefone
do hospital.

Embora as doenças causadas pela exposição a produtos químicos sejam de


alta gravidade, as doenças mais comuns nos trabalhadores rurais advêm de agentes
físicos como a exposição ao sol, no caso as dermatites e do desgaste muscular, no
caso as artroses.

Outro risco ambiental de natureza física é a exposição a vibração e ruído,


que diferente daquelas de natureza biológica, já são considerados como doenças
ocupacionais. Esses riscos são comuns na atividade do trabalhador rural, pois são
decorrentes do uso de maquinários como: motosserras, colhedeiras, tratores etc. O
ruído provoca diversas doenças no trabalhador como a perda lenta e progressiva da
audição, fadiga, irritabilidade, aumento da pressão arterial, distúrbios do sono etc.

A exposição do trabalhador rural a insetos específicos (agentes infecciosos e


parasitários endêmicos) também podem provocar doenças sérias ao trabalhador rural
como a esquistossomose, causada pelo “barbeiro”; além de outras ainda comuns
como a taxoplasmose. Já a exposição a partículas de grãos armazenados, ácaros,
pólen, detritos de origem animal, componentes de células de bactérias e fungos
provocam um problema de saúde muito comum em trabalhadores rurais. Na Unidade
3, estudamos que, o manuseio dos animais e máquinas também podem ocasionar
lesões traumáticas de diferentes graus de intensidade; até mesmo em doenças.

Os fatores de risco psicossocial no trabalho (FRPT), embora alguns não


acreditem; podem interferir até mais do que fatores físicos no desempenho do
trabalhador rural. Comportamento decorrente do fato desses fatores serem os menos
estudados. Além de raramente serem considerados capazes de causar doenças
ocupacionais ou relacionados com o trabalho. Nas poucas pesquisas disponíveis
já foram relatados casos de doenças psicossomáticas graves ao trabalhador rural.
Muitas dessas doenças são oriundas da aplicação de agrotóxicos nas culturas de
fumo (tabaco).

Alessandro Costa da Silva 45


Caso queira mais informações sobre este assunto sugiro acessar à tese.

SANTOS, C. L. M. Proposta de sistema de gestão de estresse por médicos em


hospitais. Tese de Doutorado em Engenharia de Produção. Universidade Federal
da Paraíba. UFPB, João Pessoa. 2008, 280p.

Outro vetor de doenças para o trabalhador rural são os problemas decorrentes


da geração e descarte inadequado de resíduos, seja de origem inorgânica ou orgânica.
Em toda propriedade rural há grande geração de resíduos como: embalagens de
papelão, caixas de madeira, sobras de alimento, resíduos de banheiros, seringas e
material para inseminação artificial de animais, restos de medicamento e de placenta,
resíduos perigosos de agrotóxicos, de óleos para motor, de combustíveis para veículos
e máquinas, dentre outros.

O problema da geração e destinação de resíduos ainda é um grande gargalo


(problema) na propriedade rural seja ele de origem doméstica ou não. A falta de
esgotamento sanitário é outro grande gargalo a ser superado, pois a disposição
inadequada dos dejetos humanos acarreta em doenças. O destino desses materiais,
em algumas propriedades, ainda segue a antiga prática de se fazer um grande buraco
e jogar tudo dentro, o que acaba atraindo vetores. Outras, embora tenham fossas,
essas são mal construídas e mal direcionadas, podendo contaminar rios, o solo, e até
o lençol freático, água subterrânea decorrente das chuvas.

Visando mitigar esses problemas, é exigido de toda a propriedade rural


que tenha um Plano de Gerenciamento de Resíduos Sólidos (PGRS), no qual
são registrados os tipos de resíduos gerados, a quantidade estimada de geração
de cada um, a forma de acondicionamento e de tratamento e destinação final. A
vantagem deste PGRS é que os resíduos são segregados (separados) na fonte
Alessandro Costa da Silva 46
geradora e acondicionados em recipientes adequados. Nas propriedades rurais, os
resíduos orgânicos (compostos por restos de alimentos) e o estrume (dejetos de
animais) devem ser encaminhados para compostagem. Já os resíduos que podem
ser recicláveis (plásticos, metais e papéis) devem ser encaminhados às empresas
especializadas. Aqui não se enquadram as embalagens de agrotóxicos, pois têm
normas específicas.

Por fim queria avisar, a você caro estudante, que as doenças outrora
chamadas de “ocupacionais” e hoje melhor definidas como “doenças do trabalhador”
incluem uma diversidade. A lista dessas doenças que incluem aquelas provocadas
por agentes químicos e físico, infecciosas e parasitárias, do aparelho respiratório,
cutâneas e outras; estão definidas e preconizadas no Decreto Regulamentar No 6 de
2001, que foi revisto por meio do Decreto No 76 em 2007.

Resumo

Nesta Unidade, você teve a oportunidade de entender sobre


as doenças que um trabalhador rural está susceptível. Essa
situação, como visto, é decorrente das diversas empresas a
que está submetido: desde insetos e organismos vetores de
doenças até aos riscos ambientais, sejam esses de natureza
química, física e/ou biológica.

Alessandro Costa da Silva 47


Referências

CONNAPA, Consultoria Nacional sobre Prevenção de Acidentes. Segurança,


saúde no trabalho e higiene ocupacional. Disponível em: www.connapa.com.
br.>. Acesso em: 20 abr. 2017.

COSTA, C. K. L. Avaliação ergonômica do trabalhador rural: enfoque nos riscos


laborais associados à carga física Rev. Gepros. 6(2):101-112, 2011.

FREITAS, A. F. et. al. Produção animal integrada aos sistemas agroflorestais:


necessidades e desafios. Agriculturas. 6(2):30-35.2009.

MS, Ministério da Saúde. Comissão de Informação de Doenças. Disponível


em:<http:// www.saude.gov.br.>. Acesso 20 abr. 2017.

ROSA, D. O., BERGANO, N. M., DORINI, S. R. Organização e uso de caixa


de emergência: primeiros socorros nas empresas. Curso de Especialização em
Medicina do Trabalho. Universidade Federal de Santa Catarina. UFSC, Blumenau.
2001, 68p.

SANTOS, C. L. M. Proposta de sistema de gestão de estresse por médicos


em hospitais. Tese de Doutorado em Engenharia de Produção. Universidade
Federal da Paraíba. UFPB, João Pessoa. 2008, 280p.

SILVA, A. C. Química ambiental: uma abordagem introdutória e generalista. 1.


ed. EdUema. São Luís, 2016. 297p.

Alessandro Costa da Silva 48


5
Unidade
EPI rural

Objetivo
• Conhecer a importância do uso de equipamentos de proteção
individual, EPIs, no ambiente rural e a utilização desses equipamentos
no trabalho com maquinários na manipulação de produtos químicos
perigosos.

5.1 Normas de segurança

S
em sombra de dúvidas que, as atividades de risco exercidas pelo trabalhador
rural, existem algumas em que, o uso compulsório de Equipamentos
de Proteção Individual (EPI), não podem deixar de existir como: o uso de
maquinários e a manipulação de agrotóxicos e fertilizantes. Esses equipamentos
Alessandro Costa da Silva 49
(EPI), já preconizados na NRR4, são fundamentais para reduzir o risco de acidentes e
claro: absorção do produto tóxico pelo organismo, protegendo a saúde do trabalhador.

Para serem comercializados, os EPIs devem possuir o Certificado de Aprovação


(CA) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A Lei Nº6.514 de 1977 instituiu a
obrigatoriedade do CA para que um equipamento seja considerado EPI. Já a Portaria
Nº121 do MTE de 30/9/2009 determinou critérios quanto à realização de ensaios
para atestar a qualidade das vestimentas (calça, jaleco e touca/capuz) utilizadas para
a proteção de quem manuseia produtos químicos no campo. Lembrando que, os
EPIs devem estar higienizados e identificados com o nome do fabricante e número
do Certificado de Aprovação (CA), e a sua conservação é de responsabilidade do
trabalhador usuário daquele referido EPI.

5.2 Importância da manutenção e uso

No que diz respeito à proteção, visando a segurança laboral, a nossa legislação


é clara: “é obrigação do patrão fornecer os EPI adequados ao trabalhador, instruir e
treiná-lo quanto ao uso, e substituir o equipamento quando necessário”. Como já está
estabelecido e preconizado por meio da NR 6, em seu item 6.3.

O empregador poderá responder na área criminal ou cível, além de ser multado


pelo Ministério do Trabalho e Emprego caso um funcionário venha a desenvolver
uma doença trabalhista ou sofrer um acidente, devido a não disponibilidade (pelo
empregador) de equipamentos de proteção individual para seus funcionários.
Entretanto, caberá ao trabalhador cumprir com suas obrigações de usar e conservar
os seus EPIs, pois também está sujeito a sanções trabalhistas, podendo até ser
demitido por justa causa (CARDELLA, 1999).

Ao manusear tratores e máquinas algumas partes do nosso corpo são


expostas às intempéries, principalmente quando o maquinário é a “céu aberto”, isto
é: em teto e sem proteção laterais; requerendo, nesse caso, o uso de vestimentas
apropriadas, botas, luvas, capacete, óculos e protetores auriculares. Para aqueles
Alessandro Costa da Silva 50
maquinários fechados (teto e laterais) como por exemplo, tratores com isolamento
térmico e acústico; ainda assim é importante que o setor de higiene e segurança,
verifiquem a necessidade de algum tipo de EPI específico.

Também é bom lembrar que todos veículos que transportam produtos perigosos
devem portar um kit de emergência e pelo menos um conjunto completo de EPI
(equipamentos de proteção individual) para cada pessoa (motoristas e ajudantes).
Deste modo, a presença de pessoas estranhas (caronas) pode resultar em “infração
de transporte”, além de colocar em risco a vida do trabalhador.

Quando um trabalhador realiza atividades com produtos químicos várias


partes do seu corpo também ficam expostas mesmo tomando todo o cuidado. De
acordo com Faria(2005), as principais vias de contaminação são a via oral, dérmica,
respiratória e a ocular, como pode ser visto na Figura 5. Por essa razão o trabalhador
rural deve dispor de EPI adequados e seguir orientações.

Figura 5 – Representação das principais vias de contaminação: oral, dérmica, respiratória e ocular

Fonte: ANDEF, 2010

No que tange as vestimentas, essas devem ser usadas sobre a roupa comum
(bermuda e camisa de algodão) para aumentar o conforto e permitir a retirada em
locais abertos. A calça deve ter um reforço extra na perna com material impermeável
(perneira); os cordões da calça e do jaleco devem estar bem ajustados e guardados
para dentro da roupa. Para proteger os pés e parte inferior da perna deve-se utilizar
botas, e ficar atento para o tipo de material que este tipo de proteção. As botas para
uso na agricultura, especialmente quando estamos aplicando agrotóxicos, devem ser
de PVC, de preferência brancas. Botinas de couro não são recomendadas, pois não
são impermeáveis e encharcam facilmente. A bota deve ser usada com meia. A barra
da calça deve ficar para fora do cano para o produto não escorrer para os pés.
Alessandro Costa da Silva 51
O avental protege o corpo durante o preparo da calda, e durante a
pulverização com equipamento de pulverização costal ou mangueira; deve ser de
material impermeável e de fácil fixação nos ombros; O comprimento deve ser até
a altura dos joelhos, na altura da perneira da calça. A máscara evita a inalação de
vapores orgânicos, névoas e partículas finas através das vias respiratórias; Existem
basicamente dois tipos de respiradores: sem manutenção (chamados descartáveis)
e os de baixa manutenção, que possuem filtros especiais para reposição; Os
respiradores devem sempre possuir carvão ativado; O aplicador deve estar barbeado
para permitir que o respirador fique encaixado perfeitamente na face.

A viseira protege os olhos e o rosto das gotas ou névoa da pulverização. O


material da viseira deve ser de acetato, com boa transparência para não distorcer
a imagem; forrada com espuma na testa e revestida com viés (tiras de tecido) para
evitar cortes. Já o uso de boné (Árabe) é geralmente esquecido tanto pelo empregador
e pelo empregado (trabalhador), mas é de grande importância para evitar o contato
do produto com o couro cabeludo e evitar que os respingos atinjam o pescoço. Este
EPI deve ser confeccionado em algodão tratado para tornar-se hidrorrepelente, para
evitar molhar a cabeça (COGAP, 2010).

Cabe, aqui, ressaltar que, os responsáveis pela aplicação de agrotóxicos devem


ler e seguir as informações contidas nos rótulos, bulas e Fichas de Informação de
Segurança de Produto (FISPQ), fornecidas pelas indústrias e sobre os EPI que devem
ser utilizados para cada produto. A Figura 6 apresenta um quadro, contendo algumas
atividades realizadas pelo trabalhador rural com seus respectivos equipamentos de
proteção individual (EPI).

Alessandro Costa da Silva 52


Figura 6- Relação entre EPI E Atividades laborais

hidrossolúvel

Termonebolização
Calça hidrorrepelente
Jaleco hidrorrepelente

Fonte: ANDEF, 2010

5.3 Fiscalização sobre o uso

O papel do engenheiro agrônomo durante a emissão da receita é fundamental


para indicar os EPI adequados, pois, além das características do produto, como
a toxicidade, a formulação e a embalagem, o profissional deve considerar os
equipamentos disponíveis para a aplicação (costal, trator de cabina aberta ou fechada,
tipo de pulverizadores e bicos), as etapas da manipulação e as condições da lavoura,
como o porte, a topografia do terreno, entre outros. Para manuseio com solventes
tóxicos além de luvas e óculos de segurança deve-se ter máscaras semifacial com
filtro para vapores orgânicos e gases ácidos, combinado com filtro mecânico.

A limpeza dos equipamentos (EPIs) é complicada, principalmente porque é


difícil visualizar a contaminação de EPIs com agrotóxicos. Portanto, após a jornada
de trabalho, os EPIs devem ser sempre higienizados, para não contaminarem os
Alessandro Costa da Silva 53
aplicadores. Em relação a limpeza das vestimentas, essas deverão ser higienizadas
de acordo com as instruções descritas no manual de instruções do fabricante de
EPIs. As instruções de higienização podem variar, mas algumas medidas podem ser
generalizadas como forma de aumentar a vida útil das vestimentas de proteção, como:
Lavar separadamente das roupas comuns; Utilizar luvas e avental para proceder a
higienização; Não utilizar detergentes que contenham em sua formulação enzimas
alvejantes ou branqueadores, pois os mesmos retiram o tratamento hidrorrepelente
que as vestimentas possuem; Não deixar de molho ou esfregar.

Já a limpeza das Luvas e botas, essas devem ser lavadas com água e sabão
abundantemente. Os Respiradores, por sua vez, devem ser mantidos conforme
instruções específicas que acompanham cada modelo, aqueles respiradores
“duráveis” que possuem filtros especiais para reposição devem ser higienizados e
armazenados em local limpo. Os Filtros que ainda podem ser usados (não saturados)
devem ser envolvidos em uma embalagem limpa para diminuir o contato com o ar.
As viseiras faciais devem ser lavadas com água e sabão neutro. Utilizar pano macio
para não riscar ou conforme procedimentos descritos no manual de instruções
do fabricante. Os Jalecos, as calças, as toucas árabes e os aventais devem ser
higienizados conforme indicado nas etiquetas dos produtos e nos respectivos manuais
de instruções (FUNDACENTRO, 2017).

No que diz respeito aos locais para armazenamento de produtos químicos ou


mesmo para armazenamento de grãos, deve-se evitar que pessoas não autorizadas
tenham acesso. Para ser permitida a entrada, toda e qualquer pessoa, funcionário ou
visitante, tem que estar devidamente protegida com o EPI respectivo do local, que
em geral deve usar: calça, camisa comprida, sapato e se for o caso capacete, óculos
e até protetor auricular. Outra condição segura seria que o local esteja devidamente
aparelhado com os EPC (Equipamento de Proteção Coletiva), como por exemplo:
vestiário adequado, chuveiros comuns e de emergência, armários individuais duplos
(para evitar que haja mistura de roupas civis com as de trabalho), além de cones,
fitas de segurança, placas de sinalização, caixa de emergência, dentre outros; que
resguardam a integridade física do trabalhador. De acordo com Santos (2008), o
conteúdo da caixa de emergência pode variar em função das atividades laborais,
mas deve conter no mínimo: respirador com filtro apropriado para multigases; luvas

Alessandro Costa da Silva 54


de nitrila ou neoprene; botas de PVC; avental de PVC; óculos ou viseira do tipo ampla
visão, protetores auriculares de espuma e macacão de algodão.

O referido local deve, compulsoriamente, manter em local visível as fichas de


emergência dos produtos comercializados; ter placas ou cartazes com aviso de risco
dos produtos, conforme NBR 7500 e acesso aos telefones de emergência como:
corpo de bombeiros (193), pronto socorro mais próximo, fabricantes dos produtos
envolvidos e Centros de Informação Toxicológica (CITs).

O lava-olhos é formado por dois pequenos chuveiros de média pressão,


acoplados a uma bacia de aço inox, cujo ângulo permita o direcionamento
correto do jato de água na face e olhos).

Por fim queria lembrar a você, caro estudante, o uso correto de EPIs vem
evoluindo rapidamente, mas continua exigindo treinamento e reciclagem de
conhecimentos contínuos dos produtores rurais, empregadores, empregados e demais
profissionais do agronegócio. Os empregadores que simplesmente disponibilizam
EPIs não têm como garantir a proteção da saúde dos trabalhadores, nem como
evitar possíveis contaminações. Incorretamente utilizados, os EPIs podem, inclusive
comprometer ainda mais a segurança dos trabalhadores.

Alessandro Costa da Silva 55


Resumo

Nesta Unidade, estudamos que a nossa legislação trabalhista


estabelece algumas obrigações para os empregadores e
para os empregados. Estudamos também, que é obrigação
do empregador dar treinamento de como usar os EPIs para
seus empregados e que, o documento onde é registrado esse
treinamento deve ser assinado pelo empregado e guardado
para eventuais fiscalizações. Destacamos no nosso estudo,
alguns itens importantes sobre a utilização dos EPIs na
manipulação de agrotóxicos.

Alessandro Costa da Silva 56


Referências

ANDEF, Associação Nacional de Defesa Vegetal. Manual de Segurança e


Saúde. Campinas. Linea Creativa, 2010. 295p.

CARDELLA, B. Segurança no trabalho e prevenção de acidentes: uma


abordagem holística. São Paulo, Atlas, 1999. 254p.

COGAP, Comitê de Boas Práticas Agrícolas Associação Nacional de Defesa


Vegetal. Manual de boas práticas no uso de EPIs. ANDEF, São Paulo. 2010.
32p.

FARIA, N. M. Saúde do trabalhador rural. Tese de Doutorado em Epidemiologia.


Programa de Pós-Graduação em Epidemiologia, Universidade Federal de Pelotas,
UFPel. 2005. 310p.

FUNDACENTRO, Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicina


do Trabalho, Manual de Segurança, Higiene e Medicina do Trabalho Rural.
São Paulo. Ministério do Trabalho. Disponível em:< www.fundacentro.gov.br.>.
Acesso em: 20 abr. 2017.

Alessandro Costa da Silva 57


6
Unidade
NR31, maquinários agrícolas

Objetivos
• Conhecer a Norma Regulamentadora 31, bem como suas especificidades
e peculiaridades;

• Entender como manusear e utilizar de forma exitosa e segura os


implementos: máquinas e equipamentos agrícolas.

6.1 Formas seguras de uso

U
ma das principais consequências da mecanização no ambiente rural foi à
substituição do trabalho braçal pelo trabalho auxiliado pelas máquinas. Por
outro lado, a introdução desses implementos e maquinários ampliou os tipos
de acidentes a que estes trabalhadores estão sujeitos. É claro que esse “aumento”
Alessandro Costa da Silva 58
dos acidentes não se relaciona com quantidade, mas qualidade. Diversas empresas
que comercializam maquinários agrícolas apresentam certificados de qualidade e
durabilidade (MASSEY FERGUSON, 2001).

O ambiente rural tem características peculiares e nem todo o trabalhador


executa a mesma tarefa todos os dias. Em função disso, o controle e fiscalização sobre
o local de trabalho e das próprias atividades fica comprometido. Além disso, existe
outro comprometimento: muitas vezes, o lar e o local de trabalho são os mesmos. A
caracterização de acidentes com máquinas e outros instrumentos agrícolas são de
grande importância, porque diferentes tipos de acidentes ocorrem com diferentes
tipos de implementos agrícolas. Portanto, acidentes de diferentes tipos exigem
atitudes especiais para minimizar o nível de ocorrência e gravidade.

De acordo com Santos (2008), embora Figura 7- Maquinários agrícolas: colheitadeiras


e plantadeiras, respectivamente
o número de acidentes com maquinários
seja menor quando comparado com o
trabalho braçal; a intensidade e gravidade
desses acidentes é bem maior. Aqui, cabe
ressaltar que muitas dessas máquinas e
tratores usados no chamado “agronegócio”
são mais eficazes e mais seguros. Vejamos
(Figura 7) um exemplo desses maquinários,
no caso de uma colheitadeira e de uma
plantadeira.

Fonte: https://www.caseih.com/latam/pt-br

Outra peculiaridade do ambiente rural reside no fato de uma série de atividades


ser exercida pela mesmo trabalhador, o que gera uma sobrecarga laboral. Esse
comportamento ocorre tanto com os trabalhadores autônomos, quanto terceirizados;
causando, entre outros problemas, a fadiga, que em vez de aumentar a produtividade
(como muitos pensam), acabam diminuindo sua capacidade laboral.

Alessandro Costa da Silva 59


A Norma Regulamentadora, NR 31, estabelece parâmetros voltados para a
segurança e para a saúde do trabalhador que utiliza maquinários: na agricultura,
pecuária, silvicultura, exploração florestal e na aquicultura. De forma sucinta, a NR
31 pode ser preconizada por meio de um checklist, onde o trabalhador será orientado
sobre a forma adequada do uso daquele determinado maquinário.

A NR-31 afirma, no item 3.3, que cabe ao empregador rural ou equiparado


adotar medidas de avaliação e gestão do risco com a seguinte ordem de prioridade:
1º eliminação do risco, 2º controle do risco na fonte e 3º redução do risco ao mínimo.
Essas premissas devem ser obtidas por meio de medidas técnicas, de práticas
seguras, de sensibilização e de cursos de capacitação.

É importante que você tenha em mãos para ler toda a norma NR 31; é muito fácil
adquiri-la, basta acessar ao síte <http://www.guiatrabalhista.com.br/legislacao/
nr/nr31.htm>.

Além da NR 31, ponto focal desta Unidade, outra norma muito importante é a NR
9, que trata do Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), se quiser
acessar outras normas visite o sítio http://portal.mte.gov.br/legislacao/normas-
regulamentadoras-1.htm. É interessante que você conheça também a norma
OHSAS 18001:2007, que trata do Sistema de Gestão da Segurança e Saúde no
Trabalho. Essa norma se aplica a qualquer organização que almeje entre outros,
eliminar ou minimizar riscos às pessoas e a outras partes interessadas que
possam estar expostas aos perigos. Caso você tenha curiosidade sobre esse
sistema de gestão da segurança, acesse ao sítio: www.isotec-quality.com.br/
normas/ohsas_18001.pdf

Alessandro Costa da Silva 60


No que diz respeito às ferramentas manuais, em geral, não causam os
chamados acidentes graves, mas podem trazer incapacidade parcial ou permanente
conforme o caso. Por isso, é bom tomar algumas precauções já que algumas delas
podem ser causa contínua de acidentes. Atualmente, já existem alguns casos de
mortes causadas por acidentes com equipamentos manuais portáteis, o que na
prática são ferramentas manuais mecanizadas ou motorizadas, como as motosserras.
Portanto, esses equipamentos são merecedores de total atenção por parte dos
usuários, evitando-se, assim, maiores transtornos e avarias.

Para atividades laborais seguras essas ferramentas devem ser: a) seguras e


eficientes; b) utilizadas exclusivamente para os fins a que se destinam; c) mantidas
em perfeito estado de uso. O empregador deve instruir e disponibilizar, gratuitamente,
ferramentas e equipamentos adequados as atividades laborais e condizentes com
as características físicas do trabalhador, substituindo sempre que necessário. Em
geral, não causam acidentes graves, mas podem trazer incapacidade parcial ou
permanente, caso não esteja preparada para o uso ao qual se destina. Lembrando
que certas ferramentas manuais exigem do trabalhador a utilização da proteção
individual (ver Figura 8).

Figura 8 - Importância de dispor as ferramentas e utensílios de forma adequada

Fonte:https://www.cpt.com.br/cursos-administracaorural/artigos/acidente-de-trabalho-rural-
cuidados-quanto-a-utilizacao-de-ferramentas-e-equipamentos

Alessandro Costa da Silva 61


Mesmo durante o trabalho, as ferramentas devem ficar onde não ofereçam
perigo a ninguém, e nas oficinas devem ficar em caixas de ferramentas ou em
quadros fixos. Certas ferramentas manuais exigem do trabalhador a utilização da
proteção individual, como luvas, perneiras e botas. Deve-se, também, manter certa
distância entre trabalhadores para evitar que eles sejam atingidos na movimentação
das ferramentas. É importante, também, que um trabalhador nunca jogue uma
ferramenta para o companheiro pegar, o correto é entregar nas mãos, diretamente.

No caso particular daquelas de corte, essas devem ser: guardadas e


transportadas em bainha, e mantidas sempre afiadas. Cabe ao trabalhador vistoriar
regularmente as ferramentas, antes do início do trabalho, escolher e usar as adequadas
e encaminhar as defeituosas para manutenção; Ao transportar um conjunto de
ferramentas, utilizar uma caixa com alça, ou um cinturão “porta-ferramentas”; e, uma
condição de segurança muito importante principalmente para o trabalhador rural:
nunca conduza ferramentas afiadas ou pontiagudas no bolso.

Os cabos devem permitir boa aderência em qualquer situação de trabalho,


possuir formato que favoreça a adaptação à mão do trabalhador, e ser fixados de
forma a não se soltar acidentalmente. A chave de fenda, por ser de uso caseiro, é a
que mais se apresenta como causa de acidentes, devido ao uso inadequado. Essas
chamadas ferramentas de “oficina” devem (para evitar acidentes) ser monitoradas:
deixe-as fora do alcance de crianças e, quando for trabalhar com energia elétrica, use
todas as ferramentas com capa isolante. Leia e siga, sempre, o Manual de Operação
(se houver) bem como as advertências escritas no equipamento.

Para as diversas e amplas atividades laborais o trabalhador deve se proteger


de: lascas e fiapos, o uso dos óculos de segurança das máscaras é eficiente; faíscas
e centelhas, para isso não deve usar roupas muito folgadas e de tecido inflamável;
escalpo, o uso de toucas e capacete é adequado, principalmente se usar ferramentas
girantes e tiver cabelo comprido; marteladas, nesse caso a atenção é imprescindível
(olhe e cuide do seu dedo); amputações, além da atenção é aconselhável não usar
anéis, pulseiras e cordões, quando estiver trabalhando; choques elétricos, o uso de
luvas é cabível, mas evite usar qualquer chave de fenda para saber se um circuito
tem carga.

Alessandro Costa da Silva 62


Na segurança do trabalho rural que manuseia tratores, motosserras e
diversos outros maquinários; muito tem se ouvido falar da importância da análise e
gerenciamento de riscos. Toda essa premissa; nada mais é do que o ditado “melhor
prevenir que remediar”. Identificar os procedimentos de execução daquele maquinário
induz ao trabalhador usar somente se somente se conhecê-lo. Isto significa que,
naquele momento, antes de usar o maquinário, o trabalhador vai requerer atenção.
Tais premissas procuram evitar imprudências, negligências e imperícias que por
conseguinte irão minimizar os parâmetros que podem causar acidentes.

Pesquisas apontam para uma situação preocupante em nosso país, que é o


aumento do índice de acidentes no meio rural, em função do crescimento da aquisição
de maquinários agrícolas. Embora os custos de aquisição ainda sejam bem elevados,
o vendedor sempre dilui o valor em diversas prestações o que acaba facilitando sua
aquisição. Lembrando que, o avanço da mecanização e automação do trabalho rural
não seja a responsável por aumento no número de acidentes no campo. Acredita-
se que os maquinários chamados hi-tech (alta tecnologia) são projetados de forma
“ergonométrica”, isto é: ambientalmente confortáveis, buscando o bem-estar do
trabalhador; portanto (também) mais seguros (REIS ; MACHADO, 2009).

Os acidentes com implementos agrícolas, além de representar danos humanos


têm um custo elevado por causa do tratamento médico, visto que os hospitais de
áreas rurais, em geral, não são especializados em traumatologia; cortes e fraturas
são as consequências mais comuns. Outros problemas desses acidentes, decorre
por exemplo: das indenizações, gastos com maquinários avariados, dos atrasos na
entrega (venda) de produtos, dentre outros.

6.2 Tratores e motosserras

M
as não se tem dúvidas: os acidentes trazem desconfortos mesmo é para
o trabalhador e para sua família. Esse problema é agravado no meio rural,
onde se concentra uma alta taxa de trabalhadores sem registro e, portanto,
desamparados (desassistidos) pelos órgãos de assistência social e saúde pública.
Alessandro Costa da Silva 63
Muitas vezes o trabalhador rural exerce uma atividade que não foi bem instruído, e
quando se trata de maquinários, principalmente tratores e motosserras, os transtornos
e danos são maiores.

Operar um trator agrícola e um equipamento de motosserra não é tarefa


simples, embora seja rotineira para muitos trabalhadores rurais. Executá-la com
cuidado é fundamental para a segurança do operador e, por questões financeiras: do
referido maquinário. As consequências de uma operação irresponsável ou incorreta
podem em alguns casos ser fatal para o trabalhador.

Atenção! Clique em cima das palavras e verá algumas instruções para o uso de
trator e motosserra, que o trabalhador rural deve seguir para manter sua segurança
e preservar sua saúde. Observe:

• Não ande próximo a barrancos, pois o peso do trator poderá provocar


desmoronamentos;
trator
• Nunca deixe o trator ligado em recintos fechados. O monóxido de
carbono produzido pela combustão do motor é altamente tóxico;

• Quando tracionar carretas ou implementos de arrasto, certifique-se


quanto ao seu correto acoplamento e a compatibilidade entre máquina
e implemento, isto é, colocar um implemento para um trator grande
em um pequeno;

• Ao transitar em rodovias acender o farol; Não ingerir bebida alcoólica


quando for operar o trator ou outras máquinas agrícolas;

• Quando verificar o nível da solução da batia, não use chamas ou


faíscas próximo, pois poderá provocar uma explosão devido aos
gases liberados;

• Nunca utilize o terceiro ponto do trator para serviços de tração;

• Quando utilizar o eixo da tomada de potência ligado a correias ou cardã


não permita que pessoas permaneçam próximas a esse mecanismo;

Alessandro Costa da Silva 64


• Sempre que parar o trator aplique o freio de estacionamento;

• Nunca deixe outras pessoas subirem no trator ou nos implementos e nem permanecerem
próximos à área de trabalho;

• Cuidado ao retirar a tampa do radiador quando o motor estiver quente; Antes de iniciar
o trabalho verifique o perfeito funcionamento de todos os instrumentos e mecanismo de
controle;

• Em declives utilize a mesma marcha que seria utilizada para subir. Nunca desça em
ponto morto ou com a embreagem desacoplada;

• Jamais frear somente uma roda quando estiver se deslocando em estradas;

• Mantenha os freios sempre unidos pela trava de união;

• Ao operar em terrenos com curvas ou próximo a tocos, pedras etc., observe sempre a
largura do implemento;

• Antes de iniciar qualquer trabalho de manutenção no trator desligue o motor.

• A regulagem da corrente deve ser feita periodicamente, junto com a


tensão. A tensão da corrente estará correta, quando em temperatura
motosserra
ambiente, a corrente encostar na parte inferior do sabre e ainda puder
ser puxada com a mão sobre o mesmo;

• Efetue a regulagem da corrente somente com a motosserra desligada;

• Mantenha a corrente sempre regulada, pois a mesma apertada força


o motor e frouxa há riscos de desprender da canaleta do sabre;

• A tensão da corrente deve ser controlada visualmente durante o



trabalho de corte e, se necessário, corrigida. Ao manuseá-la para
cortes de toras (madeira): Segure firmemente a motosserra tendo o
polegar esquerdo sob o volante;
Alessandro Costa da Silva 65
• Posicione com a perna esquerda à frente, apoiando a motosserra;

• Proibido posicionar o pé esquerdo sobre a tora a ser cortada;

• Durante a operação com motosserra, esteja sempre acompanhado de outro operador;

• Corte a madeira sempre que possível de cima para baixo; Procure sempre uma posição
firme e segura durante o trabalho;

• Em situações que necessite operar a motosserra acima da cintura, redobre a atenção e os


cuidados e trabalhe com a motosserra em baixa rotação, segurando-a firmemente. Para
evitar o retrocesso, siga as seguintes recomendações: Segure a motosserra firmemente
com as duas mãos;

• Não trabalhe com o corpo muito inclinado para a frente e não corte acima da altura dos
ombros;

• Tome cuidado especial, quando o sabre tiver que ser colocado num corte já iniciado;

• Atente para as condições da madeira e para as forças que podem fechar a fenda do corte
e, com isto, prender a corrente. Trabalhe somente com a corrente corretamente afiada e
tensionada e caso vá manuseá-la, nunca: Testar ou regular a corrente com o motor em
funcionamento;

• Operar a motosserra sem estar treinado e habilitado;

• Operar a motosserra sem estar utilizando os EPIs específicos;

• Transportar a motosserra com o motor em funcionamento.

Alessandro Costa da Silva 66


Os cuidados necessários para se evitar acidentes (no trabalho rural), em
muitos casos, são práticas simples e de observações do cotidiano, o que não exige
de nenhuma das partes (empregado ou empregador), dispêndio de energia ou tempo.
“Entre essas medidas destacam-se: cuidados pessoais, do próprio trabalhador,
cuidados no uso de ferramentas e equipamentos e, claro: adoção e atenção às
medidas agrícolas de segurança”. Como as motosserras são equipamentos de risco
ao trabalhador, por causa de seu uso rotineiro, é bom fazer algumas considerações:

Como foi comentado, o trabalho com motosserra é altamente perigoso. Cerca


de 85% dos acidentes com motosserras são provocados pela corrente (elemento
cortante) em movimento. Os casos fatais, na sua maioria, devem-se a queda de
árvores que são derrubadas sem a devida técnica. O grande número de acidentes fez
com que o governo editasse um anexo, na NR-12, ou seja, o Anexo I. Neste anexo, no
item 3, estão descritos os dispositivos de segurança que as motosserras, fabricadas
e importadas devem ser de: Freio manual de corrente; Pino pega corrente; Protetor
da mão direita e esquerda; Trava de segurança. Devendo fornecer informações para
utilização segura e promover treinamento, com carga horária mínima de 8 horas.

6.3 Possibilidades de riscos

C
omo visto, os acidentes de trabalho (com maquinários) mais comuns na
área rural são os cortes, dilacerações e contusões. Por causa da dificuldade
de primeiros socorros imediato, estes ferimentos podem infeccionar e se
transformarem em graves. Daí a necessidade de se ter a caixa de primeiros socorros
em cada posto de trabalho. E, sempre usando os equipamentos de segurança
adequados para cada situação.

Todo implemento (equipamento)no campo, deve ser transportado em lugares


especialmente preparados para tal finalidade, nunca espalhados e soltos nas
carrocerias ou nas cabines dos caminhões. Certos tipos de ferramentas precisam
utilizar estojo protetor ou bainhas, como machado, foice, facão e outras ferramentas
de corte, assim evitam-se ferimentos. Cada ferramenta deve estar preparada para
o uso ao qual se destina. Os instrumentos cortantes, por exemplo, devem estar

Alessandro Costa da Silva 67


bem afiados, para evitar maior esforço do trabalhador e para conservá-las em boas
condições de uso.

Para realizar as atividades laborais no campo, o trabalhador utiliza um grande


número de ferramentas manuais, máquinas, implementos, além dos veículos leves e
pesados. Entretanto, caso não sejam usados, corretamente, poderão causar inúmeros
acidentes, inclusive graves; comprometendo seriamente a saúde do trabalhador.

Sendo assim, fatores de prevenção deverão ser considerados para que o


trabalhador rural e seu empregador se resguardem contra qualquer tipo de prejuízo,
seja ele relativo a saúde física.

Sobre o manuseio de ferramentas manuais, essas estão relacionadas com


quatro pontos (situações). Em primeiro lugar temos os chamados “pontos de cortes”,
que são formados quando duas partes da máquina agrícolas se movem uma em
relação à outra. Para evitar acidentes neste caso: manter as proteções das máquinas
no local indicado; usar a capa protetora no eixo do cardã; não usar roupas ou cabelos
soltos próximo às partes das máquinas que se movem e, a atitude mais importante
para evitar perigos mecânicos, é parar a máquina quando for necessária uma
aproximação.

Em segundo lugar temos os “pontos de esmagamento”, que são formados


pelo movimento entre dois objetos, um contra o outro, com uma folga entre eles.
Estes pontos de esmagamento são comuns durante o acoplamento de implementos
agrícolas. Para evitar acidentes não permitir que pessoas se interponham entre o trator
e o implemento. Em terceiro destacam-se os “pontos de captura”, formados por partes
contra rotantes de máquinas de colheita de grãos, colheita de forragem ou picadores
de alimentos para animais. Para evitar acidentes devemos primeiro ter consciência
do perigo, evitando excesso de confiança ao manusear estes equipamentos e, acima
de tudo, respeitar as normas de segurança.

E por fim, em quarto lugar temos os “pontos de queimaduras”, que geralmente


estão presentes em canos de descargas, blocos do motor e sistemas de refrigeração
dos equipamentos. Para evitar acidentes durante as manutenções devemos verificar
primeiro a temperatura dos objetos para depois iniciar o trabalho. Temos (também)

Alessandro Costa da Silva 68


que ter cuidados com objetos arremessados e energia armazenada, que no primeiro
caso ocorre quando uma máquina descarrega material ao seu redor, operação comum
com colhedoras de forragem, enxadas rotativas e roçadoras. No caso da energia
armazenada, geralmente ocorre em sistemas pressurizados como molas e sistemas
hidráulicos. Neste último caso, para evitar acidentes, retire a pressão hidráulica do
sistema baixando o implemento logo que a tarefa tenha terminado.

Sempre leia o manual de instruções do fabricante do equipamento ou do


maquinário, do mesmo jeito que você faz quando compra um televisor novo, você não
sai logo ligando. Regular um equipamento ou um maquinário consiste em ajustar os
componentes da máquina às características da cultura e produtos a serem utilizados;
exemplo: Ajuste da velocidade, espaçamento entre bicos, altura da barra entre
outros, Já Calibrar, consiste em verificar a vazão das pontas, determinar o volume
de aplicação e a quantidade de produto a ser colocada no tanque. É muito comum
os aplicadores ignorarem a regulagem e realizarem apenas a calibração, o que pode
provocar perdas significativas de tempo e de produto.

Autores como Debiase, H., Schlosser F. J. Willes, J, H. (2004) comentam


que o operador de máquinas agrícolas, normalmente opera um trator mal projetado
ergonomicamente e este fator aumenta o nível de estresse físico e mental, ocasionando
a fadiga que compromete a saúde do trabalhador e a sua produtividade. Na Figura 9,
podemos observar (em azul) o dispositivo para determinação da correta posição do
assento. Esse sistema, SIP (Seat Index Point) é o ponto de referência do operador
sentado, conforme a norma ISO 5353, que estabelece diretrizes sobre o assento em
um posto de operação.
Figura 9 - Dispositivo para a determinação do SIP

Fonte: Rozin(et al., 2010)


Alessandro Costa da Silva 69
Os cuidados remotos isto é, aqueles que independem do trabalhador, como
a presença de estranhos, que devem ser observados previamente. Caso esses
cuidados não sejam observados pode acarretar em situação de risco, o trabalhador
pode se desconcentrar e operar seu maquinário de forma inadequada. Para os
ambientes rurais esse cuidado deve ser rotineiro, pois seu trabalho como agricultor
pode coincidir com sua propriedade, e a família pode estar (sempre) por perto. Antes
de ligar o trator, maquinário e/ou outros implementos agrícolas, o trabalhador deve
verificar se há crianças por perto e retirá-las da área. Traumas causados por tratores
e máquinas são geralmente graves, inclusive colocam em risco a saúde física de
crianças e adolescentes.

Esses cuidados dos operadores de tratores e máquinas agrícolas devem ser


rotineiros, para minimizar erros e falhas que originam prejuízos dos mais variados
tanto para o trabalhador quanto para aos demais envolvidos. A forma de processar
informações, de perceber, pensar e resolver problemas é algo de caráter individual. O
conhecimento é uma somatória de experiências. Por isso, a aprendizagem resultante
de treinamento permite ampliar o conhecimento, agregando valor real à rotina do
operador, capacitando-o, enquanto profissional e protegendo-o, enquanto indivíduo
(ALMEIDA; COSTA,2008).

Quando se discuti operar maquinários agrícolas, já está incluso (também) a


qualidade e segurança desses implementos (tratores e máquinas). Um trator
mal projetado ergonomicamente pode colaborar no aumento do estresse físico
e mental do trabalhador(operador). Sobre os diversos perigos na atividade
agrícola associados às máquinas que os trabalhadores operam; conhecê-los
é sempre uma tarefa difícil. Mais detalhes sobre esse assunto, acesse ao sítio
http://www.agronomos.ning.com/group/ riscosdeacidentesnazonarural.

Alessandro Costa da Silva 70


As características físicas ou as limitações de uma pessoa podem ser
comparadas às especificações de projeto de uma máquina (seu tamanho, peso,
potência, voltagem etc.), coisas que não são mudadas facilmente. Se o operador
reconhece as suas limitações físicas e trabalha dentro delas, terá menos acidentes
do que alguém que tenta trabalhar além dos seus limites. Agindo assim, o operador
tem melhor controle do ambiente e da máquina que opera, sendo capaz de evitar
acidentes mais facilmente.

A segurança e o desempenho pessoal dependem de fatores psicológicos.


Neste aspecto, como esperado, as pessoas são muito diferentes das máquinas.
O homem tem emoções e sentimentos, e (como sabemos) as máquinas não. Os
problemas psicológicos resultam de uma série de situações como conflitos pessoais
e profissionais que geram confusão e incerteza, dificuldades no trabalho; gerando
introversão, impedindo-o de solicitar informações que seriam úteis à prevenção de
acidentes.

Bem, caro estudante, finalizamos a Unidade (N31, máquinas e equipamentos).


Caso você queira se aprofundar mais, sugiro ler a norma regulamentadora.

Livros como os de Dull e Weerdemeester (2001) apresentam informações


relacionadas às atividades laborais de interação homem/máquina. O texto
embora técnico é de fácil compreensão.

Alessandro Costa da Silva 71


Resumo

Nesta Unidade, estudamos as causas dos acidentes com


máquinas agrícolas e a importância de ter um trabalhador,
que opera máquinas agrícolas, em perfeito estado de saúde
e que não deve trabalhar além da sua capacidade física.

Finalizamos esta Unidade em que estudamos também,


sobre os riscos relacionados à ergonomia dos operadores
de tratores agrícolas e sobre as medidas de segurança que
devem ser observadas para evitar acidentes.

Alessandro Costa da Silva 72


Referências

ALMEIDA, A. T.; COSTA A. C. P. S. Sistemas de informação e gestão do


conhecimento. In BATALHA, M.O. (Org.). Introdução à engenharia de produção.
Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

DEBIASE, H., SCHLOSSER F. J. WILLES, J, H. Acidentes de trabalho


envolvendo conjuntos tratorizados em propriedades rurais do Rio G. do Sul.
Ciência Rural, Santa Maria. 34(3):779-796.2004.

DULL, T.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher,


2001.

MASSEY FERGUSON. Operação do trator e normas de segurança. 2001,


Fascículo 1. 16p.

REIS, V. A.; MACHADO T. L. A.; Acidentes com máquinas agrícolas: Texto de


Referência para Técnicos e Extensionistas. Editora UFPEL. Pelotas, 2009. 67p.

ROZIN, D. et al. Conformidade dos comandos de operação de tratores agrícolas


nacionais com a norma NBR ISO 4253. Rev. Bras. Eng. Agr. Amb. 14(9):1014-
1019, 2010.

SANTOS, C. L. M. Proposta de sistema de gestão de estresse por médicos


em hospitais. Tese de Doutorado em Engenharia de Produção. Universidade
Federal da Paraíba. UFPB, João Pessoa. 2008, 280p.

WEERDMEESTER, B. Ergonomia Prática. São Paulo: Edgard Blucher, 2001.


345p.

Alessandro Costa da Silva 73

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