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GINECOLOGIA Prof.

Alexandre Melitto | Endometriose 2

APRESENTAÇÃO:

PROF. ALEXANDRE
MELITTO
Caro Estrategista, a endometriose é um dos temas mais
frequentes da Ginecologia nas provas de Residência. Este resumo
abrange os principais pontos desse tema e traz muitas dicas das
questões mais frequentes. Com certeza, irá ajudá-lo a garantir a
tão sonhada vaga!

Vamos lá!!!

prof.alexandremelitto

/estrategiamed Estratégia MED

@estrategiamed t.me/estrategiamed

Estratégia
MED
GINECOLOGIA Endometriose Estratégia
MED

SUMÁRIO

1.0 DEFINIÇÃO 4
1.1 EPIDEMIOLOGIA 4

2.0 FISIOPATOLOGIA 5
3.0 CLASSIFICAÇÃO 7
4.0 FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO 8
5.0 QUADRO CLÍNICO 9
5.1 SINTOMAS 9
5.2 EXAME FÍSICO 10

6.0 DIAGNÓSTICO 10
6.1 ULTRASSONOGRAFIA 11
6.2 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 11
6.3 OUTROS EXAMES DIAGNÓSTICOS 11
6.4 VIDEOLAPAROSCOPIA 11
6.5 EXAMES LABORATORIAIS 12

7.0 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL 13


8.0 TRATAMENTO 14
8.1 TRATAMENTO CLÍNICO 14
8.2 TRATAMENTO CIRÚRGICO 16
8.2.1 TRATAMENTO DO ENDOMETRIOMA DE OVÁRIO 17
8.2.2 TRATAMENTO DA INFERTILIDADE 18
8.2.3 TRATAMENTO DA ENDOMETRIOSE DO TRATO URINÁRIO 18
8.2.4 TRATAMENTO DA ENDOMETRIOSE EXTRAPÉLVICA 20
8.2.5 TRATAMENTO DA ENDOMETRIOSE INTESTINAL 20

9.0 ASSOCIAÇÃO COM O CÂNCER DE OVÁRIO 20


10.0 LISTA DE QUESTÕES 21
11.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 22
12.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 22

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CAPÍTULO

1.0 DEFINIÇÃO
A endometriose é definida como a presença de endométrio fora da cavidade uterina.
Ela geralmente acomete a pelve, mas pode ser encontrada também fora da pelve, no abdômen, tórax, cérebro e até mesmo na pele.

Endometriose

Peritoneal Ovariana Profunda

Lesão que penetra no espaço


retroperitoneal ou na parede dos órgãos
Presença de implantes superficiais no Implantes superficiais ou cistos pélvicos com profundidade > 5 mm.
peritônio (endometriomas) Lesões no septo retovaginal, reto,
sigmoide, bexiga, ureter, ligamentos
uterinos e vagina.

Tabela: Formas de Endometriose.

Locais mais frequentes de acometimento pela endometriose

Ovários

Fundo de saco anterior e posterior

Ligamentos uterossacros

Ligamentos largos posteriores

Útero (serosa)

Trompas

Sigmoide, apêndice

Ligamentos redondos

Tabela – Locais mais frequentes de acometimento pela endometriose (Fonte: Bereck & Novak 2020 / Uptodate).

1.1 EPIDEMIOLOGIA

Acredita-se que a endometriose tenha uma prevalência de 5% a 10% das mulheres na idade reprodutiva (menacme).
Nas pacientes sintomáticas, a endometriose apresenta uma prevalência muito maior. Ela está presente em 70% das pacientes com dor
pélvica e 50% das pacientes com infertilidade.

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CAPÍTULO

2.0 FISIOPATOLOGIA
TEORIAS

Teoria de Sampson: essa é a teoria mais aceita e diz que a origem da endometriose é a menstruação retrógrada
através das trompas. Entende-se que as células endometriais provenientes dessa menstruação retrógrada aderem-
se, implantam-se e proliferam-se no peritônio e outros órgãos pélvicos, provocando a doença.

Figura: Teoria da menstruação retrógrada ou teoria de Sampson para a fisiopatologia da endometriose.

Teoria da metaplasia celômica: essa teoria sugere que o epitélio celômico ovariano e peritoneal pode se transformar em tecido
endometrial.

Teoria da menstruação em neonatos: essa teoria tem o objetivo de explicar a ocorrência de casos de endometriose em meninas antes
da menarca. Logo após o nascimento, o útero da bebê apresenta uma resposta aos hormônios maternos. Foi observado que uma
pequena porcentagem das RN’s (cerca de 5%) apresenta um tipo de “menstruação” que não se exterioriza devido ao colo ser muito
comprido e ter muito muco nessa fase da vida. Devido à obstrução cervical, o conteúdo menstrual acaba refluindo pelas trompas,
levando os fragmentos de tecido endometrial com células progenitoras desse epitélio. Essas células poderiam se aderir ao peritônio
e outros órgãos pélvicos e aguardar para serem “ativadas” quando receberem um estímulo estrogênico, na puberdade, próximo à
menarca.

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Teoria das alterações genéticas ou epigenéticas: haveria uma predisposição genética ou alterações epigenéticas (associadas ao
ambiente peritoneal), tais como fatores imunológicos ou inflamatórios, que poderiam provocar o aparecimento da doença.

Teoria da disseminação linfática ou vascular: segundo essa teoria, a endometriose é causada por disseminação vascular ou linfática do
tecido endometrial.

Teoria da indução: essa teoria postula que algum fator (ainda desconhecido) pode induzir a transformação de células indiferenciadas
em células endometriais.

Teoria imunológica: essa é a peça que falta na teoria da menstruação retrógrada. As células endometriais que refluem na menstruação
retrógrada deveriam ser eliminadas pelo sistema imunológico, mas isso não ocorre nas pacientes com endometriose. Alterações nos
sistemas imune celular (células NK, macrófagos e linfócitos) e humoral (citocinas e interleucinas) dessas pacientes justificam essa teoria.
Ou seja, as pacientes com endometriose possuem “defeitos” no seu sistema imunológico, permitindo que as células endometriais
provenientes do refluxo menstrual se implantem e se proliferem na pelve, causando a endometriose.

Teoria Iatrogênica: essa teoria justifica a ocorrência de endometriose próxima das cicatrizes cirúrgicas, tais como a cesárea e
a episiotomia, e nas punções de videolaparoscopia. A explicação para esses casos é a de que houve um “transporte” das células
endometriais de dentro do útero para o local afetado durante o procedimento e que, a partir disso, essas células puderam se aderir e
se proliferar nesses locais.

Estrategista, existem muitas teorias para a fisiopatologia da endometriose. Quando existem


muitas teorias é porque nenhuma delas explica completamente a doença. Nenhuma das teorias explica
a ocorrência da endometriose em todos os locais que ela pode acometer.

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Figura: Fisiopatologia e patogênese da endometriose (Fonte: Zondervan et al. NEJM, 2020).

CAPÍTULO

3.0 CLASSIFICAÇÃO
A classificação da endometriose foi estabelecida pela American Society for Reproductive Medicine e leva em consideração os achados
da cirurgia, considerando a aparência das lesões, sua dimensão e profundidade:

• Estádio I (doença mínima) – implantes isolados e sem aderências significativas;


• Estádio II (doença leve) – implantes superficiais, com menos de 5 cm, espalhados no peritônio e nos ovários, sem aderências
significativas;
• Estádio III (doença moderada) – múltiplos implantes, aderências tubárias e ovarianas evidentes;
• Estádio IV (doença grave) – múltiplos implantes superficiais e profundos, incluindo endometriomas e aderências densas e
espessas.

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Estrategista, não existe correlação entre o estádio da endometriose e os sintomas. A dor depende da
profundidade do implante e da sua localização em áreas mais inervadas.

CAPÍTULO

4.0 FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO

Estrategista, as bancas gostam muito de cobrar quais são os fatores de risco para a endometriose!
A maioria desses fatores está relacionada ao maior número de ciclos menstruais durante a vida
reprodutiva da mulher.

Fatores de Risco para o desenvolvimento de Endometriose

Menarca precoce/menopausa tardia

Fluxo menstrual aumentado/menstruações mais frequentes

História familiar

Nuliparidade

Gestação tardia

Malformações uterinas (müllerianas)

Estenose cervical

Raça branca ou asiática

Índice de massa corpórea baixo/paciente longilínea

Consumo de gordura trans insaturada

Exposição ao dietilestilbestrol intraútero

Exposição à dioxina

Exposição ao abuso físico ou sexual na infância/adolescência

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Seguindo o mesmo raciocínio, quanto menor a exposição ao estrogênio e o número das menstruações da mulher, menor o risco de
desenvolver endometriose.
São fatores associados a um risco diminuído de endometriose (fatores de proteção):
• Multiparidade;
• Intervalo prolongados de amamentação;
• Menarca tardia (após os 14 anos);
• Consumo de ácidos graxos ômega 3;
• Uso de pílulas anticoncepcionais (proteção contra o endometrioma).

CAPÍTULO

5.0 QUADRO CLÍNICO

5.1 SINTOMAS

Os sintomas “clássicos” da endometriose são: a dismenorreia, a dispareunia, a dor pélvica crônica e a


infertilidade (dificuldade para engravidar). Pense nos 4 D’s!!! Sintomas cíclicos (relacionados com a menstruação)
também são sugestivos de endometriose. Muitas questões dizem respeito ao quadro clínico da endometriose e
perguntam sobre seu diagnóstico diferencial.

Sintomas da Endometriose

Dismenorreia (progressiva)

Dispareunia

Dor pélvica crônica (acíclica)

Infertilidade

Alterações urinárias

Disfunção intestinal

Dor lombar

Fadiga crônica

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5.2 EXAME FÍSICO

Inspeção: em alguns casos, podemos visibilizar o


endometrioma de parede na cicatriz da cesárea ou da episiotomia

Exame especular: em alguns casos, podemos visibilizar lesões


arroxeadas no colo uterino ou no fundo de saco, o colo do útero
deslocado lateralmente devido ao acometimento e encurtamento
unilateral de um dos ligamentos uterossacros, que traciona o colo
na direção do lado acometido.

Toque bimanual: a palpação de nodularidade nos ligamentos


uterossacros ou dor são sinais da doença. A palpação de anexo
aumentado, móvel ou fixo, sugere a presença de um endometrioma
de ovário. Também podemos encontrar um útero retrovertido fixo
ou pouco móvel e doloroso ao toque.

Toque retal: avalia o acometimento retal e do septo


retovaginal, além de possibilitar uma melhor avaliação dos
ligamentos uterossacros.

Figura: deslocamento lateral do colo uterino devido ao acometimento do


ligamento uterossacro esquerdo pela endometriose.

CAPÍTULO

6.0 DIAGNÓSTICO

Estrategista, a videolaparoscopia é o exame padrão ouro para o diagnóstico da endometriose. Os exames


de imagem têm a capacidade de sugerir, com boa acurácia, a presença de endometriose profunda e endometriomas
ovarianos, sendo menos invasivos, mas apresentam limitação para o diagnóstico da endometriose superficial.

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6.1 ULTRASSONOGRAFIA

A ultrassonografia pélvica ou transvaginal (simples – sem preparo intestinal) é um ótimo exame para a detecção de endometriomas de
ovário e pode afastar outras causas de dor pélvica.
Entretanto, o ultrassom (simples) não é capaz de detectar implantes superficiais ou aderências. Por isso, é necessário o preparo
intestinal, que “limpa” o intestino, reduzindo resíduos de fezes e melhorando a sensibilidade e acurácia do método. A ultrassonografia com
preparo intestinal é uma das opções para o diagnóstico por imagem da endometriose, mas trata-se de um exame que depende absolutamente
da experiência do profissional, devendo ser realizado por ultrassonografista especializado nesse tipo de exame.

Apesar da ultrassonografia com preparo intestinal apresentar sensibilidade e especificidade similar


à ressonância magnética para a doença retrocervical e intestinal, as questões costumam aceitar que a
ultrassonografia é superior à ressonância para o diagnóstico de lesões retrocervicais (septo retovaginal).

6.2 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA

A ressonância magnética tem sido cada vez mais usada como método não invasivo para diagnóstico da endometriose porque não
depende do examinador. É útil também para o diagnóstico dos endometriomas de ovário, sendo o método de imagem padrão ouro para o
diagnóstico dessas lesões.

6.3 OUTROS EXAMES DIAGNÓSTICOS

Tomografia computadorizada: não é indicada para a investigação diagnóstica da endometriose, pois não é capaz de diferenciar os
tecidos normais das lesões endometrióticas, mas é indicada para investigar a endometriose torácica ou cerebral.

6.4 VIDEOLAPAROSCOPIA

Estrategista, uma das questões mais frequentes é: qual é o exame padrão ouro para o diagnóstico
da endometriose?

A videolaparoscopia.

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O diagnóstico definitivo da endometriose é feito pela avaliação histológica de uma lesão biopsiada cirurgicamente
(geralmente, através da videolaparoscopia).
Alguns especialistas consideram a simples confirmação visual da endometriose, sem a realização de biópsia, suficiente.
Segundo o consenso da ESHRE e da ASRM, o padrão ouro para diagnóstico de endometriose é a laparoscopia com visualização
dos implantes, não sendo necessário biópsia para confirmação histopatológica. Como os achados videolaparoscópicos e
histológicos são muito concordantes, a realização de biópsia para o estudo histológico somente serviria para aumentar o custo da
investigação.

Entretanto, isso ainda não é universalmente aceito!

6.5 EXAMES LABORATORIAIS

Não há exame laboratorial definitivo para o diagnóstico da endometriose.

O CA 125 pode estar aumentado nas mulheres com endometriose, mas somente nos casos
avançados. O CA 125 costuma mostrar-se normal nos casos. iniciais. Além disso, o CA 125 é um exame
muito pouco específico, apresentando-se alterado em diversas patologias. Por isso, não está indicado
para o diagnóstico da endometriose, sendo utilizado para o acompanhamento durante o tratamento e
pesquisa de recorrências.

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7.0 DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL


Muitos dos sintomas da endometriose são iguais aos de outras doenças. O diagnóstico diferencial da endometriose deve ser feito com
outras patologias que também apresentam sintomas de dismenorreia e dor pélvica crônica.

Diagnósticos Diferenciais da Endometriose

Ginecológico Não Ginecológico

Doença inflamatória pélvica Cistite intersticial

Abscesso tubo-ovariano Infecção crônica do trato urinário

Miomatose Cálculo renal

Adenomiose Doença inflamatória intestinal

Cisto ovariano hemorrágico Síndrome do intestino irritável

Torção ovariana Diverticulite

Dismenorreia primária Linfadenite mesentérica

Leiomioma em degeneração Distúrbios musculoesqueléticos

Gravidez ectópica -

Outras complicações da gestação -

Tabela: Diagnósticos diferenciais da endometriose (Fonte: Ginecologia de Williams, 2014).

Estrategista, questões sobre o diagnóstico diferencial da endometriose com a adenomiose e os miomas


são frequentes. Lembre-se de que a endometriose não aumenta o fluxo menstrual e essas doenças costumam
aumentar! Outra questão sobre diagnóstico diferencial frequente é com a DIP, porém a dismenorreia não é um
dos critérios diagnósticos da DIP, mas é um dos principais sintomas da endometriose.

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CAPÍTULO

8.0 TRATAMENTO

8.1 TRATAMENTO CLÍNICO

Tratamento não hormonal

Anti-inflamatórios não hormonais

Os anti-inflamatórios não esteroides são o tratamento de primeira escolha para a dor pélvica crônica, incluindo a endometriose e a
dismenorreia primária. Podem ser utilizados em associação ao tratamento hormonal e também indicados para as pacientes que desejam
engravidar.

Tratamento hormonal

Estrategista, lembre-se de que a teoria mais aceita na e aliviar sua dor.


fisiopatologia da endometriose é a teoria da menstruação retrógrada Por isso, a supressão da função ovariana (bloqueio hormonal)
(teoria de Sampson). Ou seja, o problema está no aumento do reduz a dor associada à endometriose. O bloqueio hormonal pode
fluxo menstrual retrógrado. Além disso, podemos entender que a ser feito com diferentes medicamentos, como, por exemplo, os
dor da paciente piora durante a menstruação porque os implantes contraceptivos orais combinados, os progestágenos e os agonistas
endometrióticos “sangram” nesse período. Baseando-se nisso, do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH). Todos são
podemos seguir a lógica de que se “bloquearmos ou diminuirmos” igualmente eficazes em reduzir a dor, mas têm efeitos colaterais e
a menstruação dessa paciente, poderemos melhorar seus sintomas custos diferentes.

Anticoncepcional combinado:
Anticoncepcionais combinados são a opção de primeira escolha para a maioria das mulheres com dor e que não desejam engravidar. O
mecanismo de ação é similar ao dos progestágenos e agem induzindo a decidualização (descamação) e atrofia do tecido endometrial ectópico.

Progestágenos:
Os progestágenos agem bloqueando a ovulação e inibindo a proliferação endometrial, levando à atrofia das lesões endometrióticas.

Danazol:
É um medicamento derivado da testosterona e age inibindo a liberação de hormônio luteinizante (LH) e a esteroidogênese ovariana,
aumentando a testosterona livre. Apresenta muitos efeitos colaterais devido à atividade androgênica, já que é derivado da testosterona.

Gestrinona:
É um antiprogestágeno, antiestrogênico androgênico. Também apresenta efeitos colaterais androgênicos, tais como a acne e o
hirsutismo.

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Análogos agonistas do GnRH:

Agem no hipotálamo, ocupando os receptores do GnRH O hipoestrogenismo (menopausa medicamentosa) causado


e provocando a inibição da liberação de FSH e LH pela hipófise. pelos agonistas do GnRH pode acarretar sintomas climatéricos
Consequentemente, ocorre um estado de hipoestrogenismo e como fogachos, secura vaginal, redução de libido e perda de massa
anovulação, semelhante ao observado no climatério. Demoram óssea. Por isso, devemos evitar o uso prolongado (não devemos
14 dias para começar a fazer efeito, porque, de início, ocorre o estender mais que 6 a 12 meses).
estímulo dos receptores até que esses sejam saturados (efeito flare Existe a opção do uso de reposição hormonal de estrógeno
up). A eficácia dos análogos do GnRH é similar àquela de outras e progesterona em baixas doses (add-back therapy) para reduzir
opções medicamentosas. esses efeitos.

Análogos antagonistas do GnRH:


Eles inibem a produção das gonadotrofinas (LH e FSH) e criam um estado hipoestrogênico (menopausa medicamentosa). Ao contrário
dos agonistas do GnRH, esses agentes são imediatamente eficazes, pois não apresentam o efeito flare up. Os antagonistas da GnRH são mais
fáceis de administrar do que os agonistas do GnRH, porque têm a opção de serem administrados por via oral.
A terapia add back também pode ser usada nos casos em tratamento com antagonistas do GnRH.

Inibidores da aromatase:
O tecido endometrial é capaz de produzir, localmente, a enzima aromatase, que é responsável pela conversão da androstenediona
em estradiol. Ou seja, o tecido endometriótico tem a capacidade de produzir o estrogênio localmente. Além disso, ocorre a conversão de
andrógenos em estrona na gordura periférica. Provavelmente por isso algumas mulheres continuam tendo endometriose mesmo após a
menopausa.

Por isso, os inibidores da aromatase são uma opção para o tratamento da endometriose.

Opções de tratamento clínico da dor pélvica na endometriose (em ordem “geral” de escolha)

Mais comuns

Anti-inflamatórios não hormonais

Anticoncepcionais combinados

Progestágenos isolados

Menos comuns

Danazol

Gestrinona

Análogo agonista do GnRH (+ terapia “add-back”)

Análogo antagonista do GnRH (+ terapia “add-back”)

Inibidores da aromatase (+ terapia “add-back”)

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8.2 TRATAMENTO CIRÚRGICO

Indicações de tratamento cirúrgico da endometriose

Dor refratária ao tratamento medicamentoso

Recusa ao tratamento clínico (ou contraindicações medicamentosas)

Necessidade de diagnóstico histológico de endometriose

Exclusão de malignidade de uma massa anexial

Obstrução do trato urinário ou intestinal

Endometrioma de ovário > 5 - 6 cm

Tratamento da infertilidade

CIRURGIA CONSERVADORA VERSUS DEFINITIVA

A cirurgia conservadora é a exérese ou cauterização dos implantes endometrióticos, preservando o útero e o máximo de
tecido ovariano possível. A cirurgia conservadora (de preferência pela via laparoscópica) é a primeira escolha de tratamento
cirúrgico da endometriose, porque preserva a fertilidade e a produção de hormônios, é menos invasiva e a recuperação é
mais rápida.

A desvantagem da cirurgia conservadora é a maior taxa de recorrência dos sintomas em comparação à cirurgia definitiva.

A cirurgia definitiva para o tratamento da endometriose é a histerectomia, com ou sem ooforectomia. É indicada para mulheres
com sintomas refratários aos outros tipos de tratamento, com prole constituída. Lembre-se de que a endometriose é uma doença
dependente do estrogênio. As pacientes submetidas à ooforectomia apresentam menor risco de recorrência que as pacientes que
preservam os ovários.

Neurectomia pré-sacral:

Essa é a última escolha para o tratamento da dor devido à endometriose. Indicamos esse procedimento para os casos em que não
houve melhora com nenhuma das outras opções terapêuticas. Sua eficácia é controversa.

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8.2.1 TRATAMENTO DO ENDOMETRIOMA DE OVÁRIO

Estrategista, as bancas gostam muito dos endometriomas! O endometrioma de ovário é um cisto


resultante do tecido endometrial ectópico dentro do ovário. Ele contém fluido espesso, marrom, sendo
comumente chamado de "cisto de chocolate", “cisto café com leite” ou cisto com conteúdo de “vidro
fosco”.

Figura: Endometrioma de ovário visto à videolaparoscopia e apresentação ultrassonográfica.

O tratamento clínico (medicamentoso) é uma boa opção para o tratamento da dor pélvica, mas não é eficaz para o tratamento dos
endometriomas de ovário.

Estrategista, você deve estar pensando: “e agora? Como tratar o endometrioma?”.


Se por um lado é importante fazer sua exérese para tratar a dor, por outro lado, essa pode afetar a fertilidade
da paciente devido à retirada de parte do tecido ovariano. Por isso, operamos os endometriomas somente
quando estão sintomáticos e grandes (> 5-6 cm). Quando são assintomáticos e pequenos, a melhor opção é o
acompanhamento através de exame de imagem.
Deve ser realizada a exérese completa do endometrioma (cistectomia ou ooforoplastia), e não a punção, para evitar sua
recorrência.
Questões sobre o tratamento dos endometriomas são muito frequentes!!!

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8.2.2 TRATAMENTO DA INFERTILIDADE

Cerca de 40% das mulheres com endometriose apresentam infertilidade.

Mas, afinal de contas, por que a endometriose causa infertilidade? Veja abaixo:
• distorção da arquitetura da cavidade pélvica (implantes e aderências)
• alteração do fluido peritoneal com aumento de prostaglandinas e citocinas devido ao processo inflamatório
• resistência do tecido endometrial à ação da progesterona

Tudo isso leva à dificuldade para liberar os óvulos, e a captação desses pelas trompas, à diminuição da mobilidade dos espermatozoides
e ao prejuízo da fecundação e implantação do embrião.

Estrategista, lembre-se de que a dificuldade para engravidar não está diretamente relacionada ao estádio da
endometriose. Isso acontece porque, mesmo nos estádios iniciais, em que não há distorção da cavidade pélvica,
temos a alteração do líquido peritoneal pelos fatores inflamatórios.

Para a decisão do tratamento, levamos em consideração, principalmente, a idade da paciente e o tempo de infertilidade. A idade é
muito importante, porque após os 35 anos ocorre queda na qualidade e quantidade dos óvulos, que leva a uma menor taxa de fecundação
e maior taxa de aborto.
O único medicamento que pode ser usado para os casos de infertilidade devido à endometriose é o análogo do GnRH, que é administrado
por 3 meses antes da FIV.

O tratamento de escolha para a infertilidade devido à endometriose é o cirúrgico (videolaparoscopia),


porque a cauterização ou exérese dos implantes endometrióticos restaura a arquitetura da pelve e
diminui os fatores inflamatórios no líquido peritoneal.

8.2.3 TRATAMENTO DA ENDOMETRIOSE DO TRATO URINÁRIO

Estrategista, as bancas gostam de perguntar sobre a indicação de tratamento cirúrgico na endometriose


do trato urinário. Guarde bem: está indicado o tratamento cirúrgico quando há obstrução das vias urinárias, o
que costuma aparecer nas questões com a presença de hidronefrose.

Prof. Alexandre Melitto | Resumo Estratégico | 2023 18


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Endometriose do
trato urinário

Bexiga

USG

Nódulo vesical Hidronefrose


/ aderências

Endometriose
ureteral ou
Endometriose
obstrução do
Vesical
óstio ureteral

Uretrocistoscopia Pielografia
+ biópsia intravenosa /
TC / RNM

Tratamento
clínico com ACH Tratamento cirúrgico
/ exêrese das lesões

Bloqueio
hormonal

Fluxograma: Tratamento da endometriose do trato urinário.

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8.2.4 TRATAMENTO DA ENDOMETRIOSE EXTRAPÉLVICA

Parede abdominal – a endometriose de parede abdominal manifesta-se com um nódulo, que pode ser doloroso, geralmente próximo
a uma cicatriz cirúrgica prévia (por exemplo, de cesárea). Pode variar de tamanho, ficar roxo e sangrar durante o período menstrual. O
tratamento é feito com a exérese da lesão.
Umbilical – A endometriose umbilical é bastante rara. Essas lesões, geralmente, ocorrem devido ao transporte de células endometriais
durante uma cirurgia laparoscópica para o local onde o trocarte umbilical foi inserido. Apresenta-se como um nódulo na cicatriz umbilical, que
pode variar de tamanho, ficar roxo e sangrar durante o período menstrual. O tratamento é feito com a exérese da lesão.

8.2.5 TRATAMENTO DA ENDOMETRIOSE INTESTINAL

A endometriose do intestino pode ser tratada clinicamente com o uso de medicamentos como os anti-inflamatórios, pílulas
anticoncepcionais combinadas ou de progesterona ou análogos do GnRH, ou cirurgicamente através da excisão da lesão.
O tratamento cirúrgico é obrigatório, caso haja sinal de obstrução, mesmo que parcial.

• Shaving ou excisão superficial - Só pode ser realizada nas lesões superficiais, que ultrapassam a serosa. Pode ser feita pela
cauterização ou pelo laser.
• Ressecção discoide - A lesão é ressecada em toda a espessura da parede intestinal. Após a ressecção da lesão, a parede intestinal
é suturada manualmente em duas camadas.
• Ressecção segmentar do intestino e anastomose – Indicada para lesões obstrutivas (estenosantes), maiores que 3 cm, ou que
atinjam mais da metade da circunferência intestinal, ou lesões multifocais.

CAPÍTULO

9.0 ASSOCIAÇÃO COM O CÂNCER DE OVÁRIO


O risco de transformação maligna da endometriose (endometrioma) em câncer de ovário é baixo, estando ao redor de 1% a 2,5%. Os
tipos histológicos mais comuns são: o carcinoma endometrioide e o carcinoma de células claras.

Prof. Alexandre Melitto | Resumo Estratégico | 2023 20


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CAPÍTULO

11.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


1. Tratado de Ginecologia - FEBRASGO - 2019.
2. Ginecologia de WILLIAMS - 2ª Edição - 2014.
3. Berek & Novak's Gynecology - 16ª Edição - 2020.
4. Zondervan KT, Becker CM, Missmer SA. Endometriosis. The New England journal of medicine. 2020.
5. Chapron C, Marcellin L, Borghese B, Santulli P. Rethinking mechanisms, diagnosis and management of endometriosis. Nature Reviews
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9. Macer ML, Taylor HS. Endometriosis and infertility: a review of the pathogenesis and treatment of endometriosis-associated infertility.
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10. Keyhan S, Hughes C, Price T, Muasher S. An Update on Surgical versus Expectant Management of Ovarian Endometriomas in Infertile
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12. Moss EL, Hollingworth J, Reynolds TM. The role of CA125 in clinical practice. J Clin Pathol 2005; 58:308).

CAPÍTULO

12.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Estrategista, chegamos ao fim do nosso resumo sobre endometriose! Este é um assunto extenso, bastante cobrado nas provas e com
alguns detalhes importantes! Falamos de alguns tópicos que são “figurinhas batidas” e tenho certeza que serão muito valiosos para você!!!!
O conteúdo completo você encontra no nosso Livro Digital.

Conte comigo nesta jornada! Fico à disposição para tirar suas dúvidas!

Voa coruja!!!

Prof. Alexandre Melitto | Resumo Estratégico | 2023 22


GINECOLOGIA Endometriose Estratégia
MED

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