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APRESENTAÇÃO:
PROF. ALEXANDRE
MELITTO
Caro Estrategista, a endometriose é um dos temas mais
frequentes da Ginecologia nas provas de Residência. Este resumo
abrange os principais pontos desse tema e traz muitas dicas das
questões mais frequentes. Com certeza, irá ajudá-lo a garantir a
tão sonhada vaga!
Vamos lá!!!
prof.alexandremelitto
@estrategiamed t.me/estrategiamed
Estratégia
MED
GINECOLOGIA Endometriose Estratégia
MED
SUMÁRIO
1.0 DEFINIÇÃO 4
1.1 EPIDEMIOLOGIA 4
2.0 FISIOPATOLOGIA 5
3.0 CLASSIFICAÇÃO 7
4.0 FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO 8
5.0 QUADRO CLÍNICO 9
5.1 SINTOMAS 9
5.2 EXAME FÍSICO 10
6.0 DIAGNÓSTICO 10
6.1 ULTRASSONOGRAFIA 11
6.2 RESSONÂNCIA MAGNÉTICA 11
6.3 OUTROS EXAMES DIAGNÓSTICOS 11
6.4 VIDEOLAPAROSCOPIA 11
6.5 EXAMES LABORATORIAIS 12
CAPÍTULO
1.0 DEFINIÇÃO
A endometriose é definida como a presença de endométrio fora da cavidade uterina.
Ela geralmente acomete a pelve, mas pode ser encontrada também fora da pelve, no abdômen, tórax, cérebro e até mesmo na pele.
Endometriose
Ovários
Ligamentos uterossacros
Útero (serosa)
Trompas
Sigmoide, apêndice
Ligamentos redondos
Tabela – Locais mais frequentes de acometimento pela endometriose (Fonte: Bereck & Novak 2020 / Uptodate).
1.1 EPIDEMIOLOGIA
Acredita-se que a endometriose tenha uma prevalência de 5% a 10% das mulheres na idade reprodutiva (menacme).
Nas pacientes sintomáticas, a endometriose apresenta uma prevalência muito maior. Ela está presente em 70% das pacientes com dor
pélvica e 50% das pacientes com infertilidade.
CAPÍTULO
2.0 FISIOPATOLOGIA
TEORIAS
Teoria de Sampson: essa é a teoria mais aceita e diz que a origem da endometriose é a menstruação retrógrada
através das trompas. Entende-se que as células endometriais provenientes dessa menstruação retrógrada aderem-
se, implantam-se e proliferam-se no peritônio e outros órgãos pélvicos, provocando a doença.
Teoria da metaplasia celômica: essa teoria sugere que o epitélio celômico ovariano e peritoneal pode se transformar em tecido
endometrial.
Teoria da menstruação em neonatos: essa teoria tem o objetivo de explicar a ocorrência de casos de endometriose em meninas antes
da menarca. Logo após o nascimento, o útero da bebê apresenta uma resposta aos hormônios maternos. Foi observado que uma
pequena porcentagem das RN’s (cerca de 5%) apresenta um tipo de “menstruação” que não se exterioriza devido ao colo ser muito
comprido e ter muito muco nessa fase da vida. Devido à obstrução cervical, o conteúdo menstrual acaba refluindo pelas trompas,
levando os fragmentos de tecido endometrial com células progenitoras desse epitélio. Essas células poderiam se aderir ao peritônio
e outros órgãos pélvicos e aguardar para serem “ativadas” quando receberem um estímulo estrogênico, na puberdade, próximo à
menarca.
Teoria das alterações genéticas ou epigenéticas: haveria uma predisposição genética ou alterações epigenéticas (associadas ao
ambiente peritoneal), tais como fatores imunológicos ou inflamatórios, que poderiam provocar o aparecimento da doença.
Teoria da disseminação linfática ou vascular: segundo essa teoria, a endometriose é causada por disseminação vascular ou linfática do
tecido endometrial.
Teoria da indução: essa teoria postula que algum fator (ainda desconhecido) pode induzir a transformação de células indiferenciadas
em células endometriais.
Teoria imunológica: essa é a peça que falta na teoria da menstruação retrógrada. As células endometriais que refluem na menstruação
retrógrada deveriam ser eliminadas pelo sistema imunológico, mas isso não ocorre nas pacientes com endometriose. Alterações nos
sistemas imune celular (células NK, macrófagos e linfócitos) e humoral (citocinas e interleucinas) dessas pacientes justificam essa teoria.
Ou seja, as pacientes com endometriose possuem “defeitos” no seu sistema imunológico, permitindo que as células endometriais
provenientes do refluxo menstrual se implantem e se proliferem na pelve, causando a endometriose.
Teoria Iatrogênica: essa teoria justifica a ocorrência de endometriose próxima das cicatrizes cirúrgicas, tais como a cesárea e
a episiotomia, e nas punções de videolaparoscopia. A explicação para esses casos é a de que houve um “transporte” das células
endometriais de dentro do útero para o local afetado durante o procedimento e que, a partir disso, essas células puderam se aderir e
se proliferar nesses locais.
CAPÍTULO
3.0 CLASSIFICAÇÃO
A classificação da endometriose foi estabelecida pela American Society for Reproductive Medicine e leva em consideração os achados
da cirurgia, considerando a aparência das lesões, sua dimensão e profundidade:
Estrategista, não existe correlação entre o estádio da endometriose e os sintomas. A dor depende da
profundidade do implante e da sua localização em áreas mais inervadas.
CAPÍTULO
Estrategista, as bancas gostam muito de cobrar quais são os fatores de risco para a endometriose!
A maioria desses fatores está relacionada ao maior número de ciclos menstruais durante a vida
reprodutiva da mulher.
História familiar
Nuliparidade
Gestação tardia
Estenose cervical
Exposição à dioxina
Seguindo o mesmo raciocínio, quanto menor a exposição ao estrogênio e o número das menstruações da mulher, menor o risco de
desenvolver endometriose.
São fatores associados a um risco diminuído de endometriose (fatores de proteção):
• Multiparidade;
• Intervalo prolongados de amamentação;
• Menarca tardia (após os 14 anos);
• Consumo de ácidos graxos ômega 3;
• Uso de pílulas anticoncepcionais (proteção contra o endometrioma).
CAPÍTULO
5.1 SINTOMAS
Sintomas da Endometriose
Dismenorreia (progressiva)
Dispareunia
Infertilidade
Alterações urinárias
Disfunção intestinal
Dor lombar
Fadiga crônica
CAPÍTULO
6.0 DIAGNÓSTICO
6.1 ULTRASSONOGRAFIA
A ultrassonografia pélvica ou transvaginal (simples – sem preparo intestinal) é um ótimo exame para a detecção de endometriomas de
ovário e pode afastar outras causas de dor pélvica.
Entretanto, o ultrassom (simples) não é capaz de detectar implantes superficiais ou aderências. Por isso, é necessário o preparo
intestinal, que “limpa” o intestino, reduzindo resíduos de fezes e melhorando a sensibilidade e acurácia do método. A ultrassonografia com
preparo intestinal é uma das opções para o diagnóstico por imagem da endometriose, mas trata-se de um exame que depende absolutamente
da experiência do profissional, devendo ser realizado por ultrassonografista especializado nesse tipo de exame.
A ressonância magnética tem sido cada vez mais usada como método não invasivo para diagnóstico da endometriose porque não
depende do examinador. É útil também para o diagnóstico dos endometriomas de ovário, sendo o método de imagem padrão ouro para o
diagnóstico dessas lesões.
Tomografia computadorizada: não é indicada para a investigação diagnóstica da endometriose, pois não é capaz de diferenciar os
tecidos normais das lesões endometrióticas, mas é indicada para investigar a endometriose torácica ou cerebral.
6.4 VIDEOLAPAROSCOPIA
Estrategista, uma das questões mais frequentes é: qual é o exame padrão ouro para o diagnóstico
da endometriose?
A videolaparoscopia.
O diagnóstico definitivo da endometriose é feito pela avaliação histológica de uma lesão biopsiada cirurgicamente
(geralmente, através da videolaparoscopia).
Alguns especialistas consideram a simples confirmação visual da endometriose, sem a realização de biópsia, suficiente.
Segundo o consenso da ESHRE e da ASRM, o padrão ouro para diagnóstico de endometriose é a laparoscopia com visualização
dos implantes, não sendo necessário biópsia para confirmação histopatológica. Como os achados videolaparoscópicos e
histológicos são muito concordantes, a realização de biópsia para o estudo histológico somente serviria para aumentar o custo da
investigação.
O CA 125 pode estar aumentado nas mulheres com endometriose, mas somente nos casos
avançados. O CA 125 costuma mostrar-se normal nos casos. iniciais. Além disso, o CA 125 é um exame
muito pouco específico, apresentando-se alterado em diversas patologias. Por isso, não está indicado
para o diagnóstico da endometriose, sendo utilizado para o acompanhamento durante o tratamento e
pesquisa de recorrências.
CAPÍTULO
Gravidez ectópica -
CAPÍTULO
8.0 TRATAMENTO
Os anti-inflamatórios não esteroides são o tratamento de primeira escolha para a dor pélvica crônica, incluindo a endometriose e a
dismenorreia primária. Podem ser utilizados em associação ao tratamento hormonal e também indicados para as pacientes que desejam
engravidar.
Tratamento hormonal
Anticoncepcional combinado:
Anticoncepcionais combinados são a opção de primeira escolha para a maioria das mulheres com dor e que não desejam engravidar. O
mecanismo de ação é similar ao dos progestágenos e agem induzindo a decidualização (descamação) e atrofia do tecido endometrial ectópico.
Progestágenos:
Os progestágenos agem bloqueando a ovulação e inibindo a proliferação endometrial, levando à atrofia das lesões endometrióticas.
Danazol:
É um medicamento derivado da testosterona e age inibindo a liberação de hormônio luteinizante (LH) e a esteroidogênese ovariana,
aumentando a testosterona livre. Apresenta muitos efeitos colaterais devido à atividade androgênica, já que é derivado da testosterona.
Gestrinona:
É um antiprogestágeno, antiestrogênico androgênico. Também apresenta efeitos colaterais androgênicos, tais como a acne e o
hirsutismo.
Inibidores da aromatase:
O tecido endometrial é capaz de produzir, localmente, a enzima aromatase, que é responsável pela conversão da androstenediona
em estradiol. Ou seja, o tecido endometriótico tem a capacidade de produzir o estrogênio localmente. Além disso, ocorre a conversão de
andrógenos em estrona na gordura periférica. Provavelmente por isso algumas mulheres continuam tendo endometriose mesmo após a
menopausa.
Por isso, os inibidores da aromatase são uma opção para o tratamento da endometriose.
Opções de tratamento clínico da dor pélvica na endometriose (em ordem “geral” de escolha)
Mais comuns
Anticoncepcionais combinados
Progestágenos isolados
Menos comuns
Danazol
Gestrinona
Tratamento da infertilidade
A cirurgia conservadora é a exérese ou cauterização dos implantes endometrióticos, preservando o útero e o máximo de
tecido ovariano possível. A cirurgia conservadora (de preferência pela via laparoscópica) é a primeira escolha de tratamento
cirúrgico da endometriose, porque preserva a fertilidade e a produção de hormônios, é menos invasiva e a recuperação é
mais rápida.
A desvantagem da cirurgia conservadora é a maior taxa de recorrência dos sintomas em comparação à cirurgia definitiva.
A cirurgia definitiva para o tratamento da endometriose é a histerectomia, com ou sem ooforectomia. É indicada para mulheres
com sintomas refratários aos outros tipos de tratamento, com prole constituída. Lembre-se de que a endometriose é uma doença
dependente do estrogênio. As pacientes submetidas à ooforectomia apresentam menor risco de recorrência que as pacientes que
preservam os ovários.
Neurectomia pré-sacral:
Essa é a última escolha para o tratamento da dor devido à endometriose. Indicamos esse procedimento para os casos em que não
houve melhora com nenhuma das outras opções terapêuticas. Sua eficácia é controversa.
O tratamento clínico (medicamentoso) é uma boa opção para o tratamento da dor pélvica, mas não é eficaz para o tratamento dos
endometriomas de ovário.
Mas, afinal de contas, por que a endometriose causa infertilidade? Veja abaixo:
• distorção da arquitetura da cavidade pélvica (implantes e aderências)
• alteração do fluido peritoneal com aumento de prostaglandinas e citocinas devido ao processo inflamatório
• resistência do tecido endometrial à ação da progesterona
Tudo isso leva à dificuldade para liberar os óvulos, e a captação desses pelas trompas, à diminuição da mobilidade dos espermatozoides
e ao prejuízo da fecundação e implantação do embrião.
Estrategista, lembre-se de que a dificuldade para engravidar não está diretamente relacionada ao estádio da
endometriose. Isso acontece porque, mesmo nos estádios iniciais, em que não há distorção da cavidade pélvica,
temos a alteração do líquido peritoneal pelos fatores inflamatórios.
Para a decisão do tratamento, levamos em consideração, principalmente, a idade da paciente e o tempo de infertilidade. A idade é
muito importante, porque após os 35 anos ocorre queda na qualidade e quantidade dos óvulos, que leva a uma menor taxa de fecundação
e maior taxa de aborto.
O único medicamento que pode ser usado para os casos de infertilidade devido à endometriose é o análogo do GnRH, que é administrado
por 3 meses antes da FIV.
Endometriose do
trato urinário
Bexiga
USG
Endometriose
ureteral ou
Endometriose
obstrução do
Vesical
óstio ureteral
Uretrocistoscopia Pielografia
+ biópsia intravenosa /
TC / RNM
Tratamento
clínico com ACH Tratamento cirúrgico
/ exêrese das lesões
Bloqueio
hormonal
Parede abdominal – a endometriose de parede abdominal manifesta-se com um nódulo, que pode ser doloroso, geralmente próximo
a uma cicatriz cirúrgica prévia (por exemplo, de cesárea). Pode variar de tamanho, ficar roxo e sangrar durante o período menstrual. O
tratamento é feito com a exérese da lesão.
Umbilical – A endometriose umbilical é bastante rara. Essas lesões, geralmente, ocorrem devido ao transporte de células endometriais
durante uma cirurgia laparoscópica para o local onde o trocarte umbilical foi inserido. Apresenta-se como um nódulo na cicatriz umbilical, que
pode variar de tamanho, ficar roxo e sangrar durante o período menstrual. O tratamento é feito com a exérese da lesão.
A endometriose do intestino pode ser tratada clinicamente com o uso de medicamentos como os anti-inflamatórios, pílulas
anticoncepcionais combinadas ou de progesterona ou análogos do GnRH, ou cirurgicamente através da excisão da lesão.
O tratamento cirúrgico é obrigatório, caso haja sinal de obstrução, mesmo que parcial.
• Shaving ou excisão superficial - Só pode ser realizada nas lesões superficiais, que ultrapassam a serosa. Pode ser feita pela
cauterização ou pelo laser.
• Ressecção discoide - A lesão é ressecada em toda a espessura da parede intestinal. Após a ressecção da lesão, a parede intestinal
é suturada manualmente em duas camadas.
• Ressecção segmentar do intestino e anastomose – Indicada para lesões obstrutivas (estenosantes), maiores que 3 cm, ou que
atinjam mais da metade da circunferência intestinal, ou lesões multifocais.
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Conte comigo nesta jornada! Fico à disposição para tirar suas dúvidas!
Voa coruja!!!