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MED
SUMÁRIO
2.1.1 FIBROADENOMA 11
2.2.1 CLASSIFICAÇÃO 16
2.2.2 DIAGNÓSTICO 17
2.2.3 TRATAMENTO 17
2 .3 DESCARGA PAPILAR 18
2.4.1 CLASSIFICAÇÃO 21
CAPÍTULO
Separei para você neste bloco os pontos mais abordados nas questões sobre a anatomia e o desenvolvimento das
mamas! Esta parte inicial serve como base para o entendimento de todas as patologias da mama, tanto benignas,
quanto malignas.
As glândulas mamárias são consideradas glândulas sudoríparas modificadas e altamente especializadas, cuja função é a produção de
leite pelos lóbulos, que são as unidades funcionais mamárias. A mama é composta por 12 a 15 sistemas de ductos independentes, sendo que
cada um deles drena aproximadamente 40 lóbulos. O tecido mamário estende-se até a axila e chamamos essa extensão de cauda de Spence.
A figura também mostra o plexo toracodorsal, responsável pela irrigação do músculo grande dorsal. Sua lesão acidental durante o
esvaziamento axilar impossibilita usar esse músculo na reconstrução da mama retirada.
Quando existe a indicação de esvaziar a axila e retirar todos os linfonodos contidos nela, as 3 estruturas que devem ser,
obrigatoriamente, preservadas são:
• Veia axilar
• Nervo torácico longo (nervo de Bell)
• Plexo toracodorsal
A maior parte da drenagem linfática da mama é feita pelos linfonodos axilares (cerca de 70%). Existem, geralmente, de 20 a 30 linfonodos
na região axilar e esses linfonodos são mais frequentemente acometidos pelo câncer do que os mamários internos ou claviculares.
Como dissemos, o câncer de mama geralmente dissemina-se para os linfonodos axilares. Para
“medir” o quanto ele avançou nestes linfonodos, dividimos cada um deles em níveis, de acordo
com sua localização. Para obter a localização exata, utilizamos como ponto de referência o músculo
peitoral menor.
Os linfonodos localizados lateralmente ao músculo peitoral menor são chamados de nível I; os
linfonodos que ficam atrás do peitoral menor são chamados de nível II; e os linfonodos localizados
medialmente ao músculo peitoral menor são chamados de nível III.
As mamas começam a desenvolver-se na vida embrionária. Na puberdade, ocorre o início do amadurecimento da glândula, mas a
diferenciação dos lóbulos vai acontecendo durante toda a vida reprodutiva da mulher.
Agora que conversamos sobre os principais conceitos da anatomia e fisiologia das mamas, que servem de
base para o entendimento de todas as patologias que acometem esse órgão, vamos entrar no tema do
livro propriamente dito: as doenças benignas das mamas. Mas, antes disso, preciso explicar sobre algumas
anormalidades que acontecem durante o desenvolvimento mamário e aparecem em questões de prova.
A anormalidade adquirida da mama mais comum e evitável é a amastia iatrogênica. Ela ocorre quando se realiza
uma biópsia (ou exérese) desnecessária do broto mamário que aparece como um nódulo fibroelástico pouco
antes da puberdade. Com isso, ocorre a lesão ou retirada do broto mamário e, consequentemente, a paciente
não desenvolve a mama.
CAPÍTULO
2 .1 NÓDULO MAMÁRIO
A maioria dos nódulos é benigno, mas precisamos sempre de nódulos em pacientes jovens. Já, nas mulheres de meia-idade,
lembrar que o nódulo é a principal manifestação do câncer de mama. ao redor dos 40 anos, devemos pensar em fibroadenoma, cisto ou
Por isso, é muito importante saber diferenciar as características dos até mesmo um câncer. Por sua vez, nas mulheres menopausadas,
nódulos benignos dos malignos. sempre devemos pensar na possibilidade de câncer.
O fibroadenoma é a primeira hipótese diagnóstica nos casos
Figura: Epidemiologia dos nódulos mamários por faixa etária Fonte: Tratado de Ginecologia FEBRASGO 2019.
Estrategista, uma das principais perguntas que deve ser feita para uma paciente com nódulo na mama é
a sua idade.
Nas questões, toda vez que o enunciado trouxer que a paciente se queixa de nódulo mamário, preste
atenção na idade dessa paciente. Tenho certeza de que essa informação simples pode fazer você acertar a
questão com facilidadeQueixa de nódulo mamário em mulher jovem: pensar em fibroadenoma!
Em pacientes de meia-idade: pensar em fibroadenoma, cisto ou até mesmo câncer.Em pacientes idosas:
a principal hipótese é o câncer!
Agora, vamos conversar sobre cada um dos nódulos para que você acerte todas as questões sobre esse tema!
2.1.1 FIBROADENOMA
• fibroelástico,
• bem delimitado
• móvel
Os fibroadenomas costumam ter um crescimento limitado e, em geral, não ultrapassam 2 cm. Não é necessário retirar todos os
fibroadenomas, somente realizamos a exérese nas seguintes situações:
• Crescimento tumoral
• Nódulos grandes (> 2cm)
• Suspeita de tumor Phyllodes
• Desejo da paciente
• Crescimento rápido
• Consistência fibroelástica
• Nódulo grande (> 3 cm)
• Nódulo móvel
O tratamento do tumor phyllodes é a ressecção completa do tumor com margens livres de pelo menos 1 cm. O tipo de cirurgia
vai depender do tamanho do tumor no momento do diagnóstico. Para tumores pequenos, diagnosticados no início, a tumorectomia é o
tratamento de escolha. Se o tumor comprometer toda a mama, devido ao seu rápido crescimento, o tratamento escolhido é a mastectomia.
O tumor phyllodes não costuma acometer os linfonodos, portanto não há necessidade de realizar a linfadenectomia.
O cisto mamário é uma formação redonda ou ovóide cheia de líquido. São decorrentes do acúmulo de líquido na unidade lobular do
ducto terminal, o que ocorre devido à distensão e obstrução do ducto.
CLASSIFICAÇÃO
Classificamos os cistos em 3 tipos:
Cisto simples: é um acúmulo de líquido circunscrito, sem nenhum componente sólido no seu interior. São os cistos
mais frequentes. No exame ultrassonográfico, são anecóicos (pretos) e apresentam reforço acústico posterior (área
branca abaixo do cisto). Os cistos simples são absolutamente benignos, sendo considerados categoria BI-RADS 2. A
conduta, em geral, é somente o seguimento.
Cisto complicado: Apresenta alguma imagem interna, que pode ser um septo ou uma trave, calcificações ou
coágulos. Também não tem componente sólido no seu interior. Como são benignos, a conduta, em geral, também
é o seu seguimento.
Cisto complexo: apresenta um componente sólido no seu interior, que se mostra hipoecogênico (cinza) dentro do
cisto anecoico (preto). Trata-se de uma lesão suspeita de malignidade, sendo considerada categoria BIRADS 4 e
estando indicada biópsia ou exérese desses cistos.
Figura: Cisto complexo, com área hipoecogênica (sólida) no seu interior (seta).
Estrategista, vamos resumir! Costumo dizer que: “cisto simples na mama não é nada!” A maioria dos
cistos da mama são simples e, como dissemos, absolutamente benignos, só precisam ser acompanhados.
Costumam regredir espontaneamente.
Somente pensamos em puncioná-los para esvaziá-los quando são grandes (> 2cm), dolorosos e
palpáveis. Nesses casos, realizamos a punção aspirativa por agulha fina (PAAF).
Cisto da mama
2.2.1 CLASSIFICAÇÃO
1. Mastalgia Cíclica
A alteração funcional benigna das mamas, ou doença proliferação e melhora dos sintomas.
fibrocística benigna da mama, é caracterizada por sintomas de As mulheres costumam referir dor bilateral, geralmente nos
dor ou nódulos que se manifestam no final do ciclo menstrual e quadrantes súpero laterais das mamas. Durante o exame clínico,
melhoram após a menstruação. Sua fisiopatologia está ligada às pode haver um espessamento, que regride após a menstruação.
variações do estrógeno e da progesterona do ciclo menstrual. Como dissemos, a alteração funcional benigna das mamas é
O estrógeno e a progesterona estimulam a proliferação benigna e até mesmo fisiológica. A primeira conduta a ser tomada
glandular na 2ª fase do ciclo menstrual, causando espessamento é orientar e tranquilizar a paciente, afastando o medo do câncer. A
(nodular) e dor perto do período menstrual. Com a diminuição maioria das pacientes costuma “melhorar” após essa orientação.
dos níveis hormonais após a menstruação, ocorre a regressão da
2. Mastalgia Acíclica
Nesses casos, a dor não está relacionada ao ciclo menstrual e pode ser constante ou intermitente. A dor geralmente é unilateral,
podendo ter origem mamária ou extramamária. A mastalgia acíclica está geralmente associada ao esforço muscular. Também é comum estar
relacionada a um trauma ou lesão na mama, ou na parede torácica.
Tabela: Causas mamárias e extramamárias de mastalgia acíclica (Fonte: Tratado de Ginecologia da FEBRASGO, 2019)
2.2.2 DIAGNÓSTICO
A primeira característica que devemos prestar atenção é se a dor está relacionada à menstruação ou não.
Se a mastalgia estiver relacionada à menstruação, é cíclica. Se não estiver relacionada à menstruação, é acíclica.
A segunda pergunta que deve ser respondida é se a dor é mamária ou não.
O exame clínico é essencial para confirmar o diagnóstico. A mastalgia cíclica costuma ser bilateral, com
dor maior nos quadrantes súpero laterais. Na mastalgia acíclica, é comum a paciente referir dor unilateral,
frequentemente muscular, confirmada na palpação da borda do músculo peitoral maior. Em outros casos,
podemos verificar a dor à palpação das bordas do esterno, devido a uma costocondrite (Sd. Tietze).
Os exames subsidiários, como a mamografia e o ultrassom, estão indicados para os casos de dúvida
diagnóstica ou para afastar a malignidade.
2.2.3 TRATAMENTO
Somente 15% das mulheres com mastalgia precisam de do GnRH. Todos eles agem bloqueando o eixo e inibindo a secreção
tratamento medicamentoso. Os anti-inflamatórios não hormonais de LH e FSH.
ou analgésicos (tópicos ou via oral) são os medicamentos de O tratamento com vitaminas (E, B1 e B6) ou óleo de prímula
primeira escolha. Podem ser usados para as mastalgias cíclicas e em não é eficaz e não está indicado, pois apresenta eficácia semelhante
alguns casos de mastalgia acíclica (costocondrite e outros processos ao placebo.
inflamatórios). O tratamento cirúrgico está indicado somente para causas
Como segunda opção medicamentosa, temos o tamoxifeno, específicas, como a drenagem de abscessos (mastites) ou o câncer.
indicado para as mulheres com mastalgia cíclica que não Agora, vou apresentar um fluxograma que resume bem tudo
melhoraram com o uso de analgésicos ou anti-inflamatórios. isso que foi explicado:
Outras opções seriam: o danazol, a gestrinona e os análogos
Fluxograma: Mastalgia
2 .3 DESCARGA PAPILAR
A secreção mamilar pode ser fisiológica ou patológica. A amamentação (lactação) ou a pequena quantidade de secreção após a
estimulação excessiva do mamilo são fisiológicas. Dentre as causas patológicas, a grande maioria é benigna (90% a 95%). Existe uma pequena
chance de malignidade e o mais importante é saber reconhecer qual é a descarga papilar suspeita de malignidade, para prosseguir na
investigação diagnóstica.
Os tipos e causas de descarga papilar são:
‒ Galactorreia / Hiperprolactinemia
‒ Ectasia ductal
‒ Descarga papilar suspeita
Galactorreia / Hiperprolactinemia
Uma das principais causas da galactorreia é a hiperprolactinemia. Mas, algumas pacientes podem apresentar galactorreia sem aumento
de níveis de prolactina detectáveis. A causa mais comum da hiperprolactinemia é a utilização de fármacos supressores da dopamina.
Tabela: Medicamentos que podem causar galactorreia (Fonte: Tratado de Ginecologia. FEBRASGO, 2019)
Ectasia Ductal
A ectasia dos ductos é uma causa patológica benigna comum azulada ou esverdeada e sua saída pode ocorrer de forma
de descarga papilar, observada em aproximadamente 25% dos espontânea ou não.
casos de descarga patológica. A conduta para esses casos é a observação e seguimento,
Nesses casos, a descarga papilar geralmente é bilateral porque costumam se resolver sem necessidade de nenhuma
e multiductal, ocorrendo pelo acúmulo de líquido nos ductos intervenção médica.
ectasiados (dilatados). A descarga pode ser citrina, amarelada,
A maioria das questões sobre esse assunto quer que você diferencie a descarga papilar suspeita de
malignidade, que pode se originar de um câncer, da não suspeita. Guarde bem! A descarga suspeita é
unilateral, proveniente de um único ducto e espontânea. Pode ser serosa (água de rocha) ou sanguinolenta.
Felizmente, na maioria dos casos, esse tipo de secreção não está associada ao câncer, sendo a causa mais
frequente o papiloma intraductal, uma lesão benigna.
2.4.1 CLASSIFICAÇÃO
Mastite aguda (lactacional) – também conhecida como puerperal, é a mastite aguda mais frequente. É decorrente da infecção da
mama durante a amamentação e costuma durar menos do que 30 dias.
Mastite Crônica (não lactacional): apresenta tempo de evolução maior do que 30 dias ou episódios recorrentes. Pode ser infecciosa
ou não infecciosa.
A infecção pode progredir para a formação de abscesso local se não for tratada imediatamente.
Na presença de abscesso mamário, a drenagem cirúrgica (ou punção) é obrigatória. Lembre-se do aforisma: “abscesso diagnosticado é
abscesso drenado!”.
A mastite periareolar, ou periductal, é caracterizada pela inflamação dos ductos subareolares e sua causa ainda é desconhecida.
A grande maioria das pacientes com mastite periareolar é fumante. O tabagismo está associado a danos nos ductos subareolares, com
necrose tecidual e, posteriormente, infecção. Também está associado à metaplasia escamosa, que pode levar à obstrução parcial do ducto,
que acaba dilatando, inflamando e infeccionando.
A causa da mastite periareolar é desconhecida, mas sabemos que está geralmente associada ao
tabagismo.
Por isso, nas questões sobre mastite, preste atenção se a paciente é fumante! Essa costuma ser a
“dica” da questão. A história da paciente, analisada em conjunto com o exame físico, fecha o diagnóstico de
mastite periareolar.
O tratamento da mastite periareolar na forma aguda é a As pacientes com quadros recidivantes devem ser tratadas
antibioticoterapia com drenagem ou punção do abscesso associado. cirurgicamente, com exérese dos ductos comprometidos. Esses
Podemos usar o metronidazol com a cefalexina, ou a amoxicilina + ductos estão “estragados” e são suscetíveis às infecções recorrentes.
clavulanato.
Dividimos as lesões proliferativas da mama em lesões proliferativas sem atipia e lesões proliferativas com atipia.
As lesões proliferativas sem atipia incluem a hiperplasia ductal usual, os papilomas intraductais, a adenose esclerosante, as cicatrizes
radiais e os fibroadenomas. Essas lesões estão associadas a um aumento muito pequeno do risco de desenvolver câncer de mama, de apenas
1,5 a 2 vezes maior em relação à população em geral.
Já falamos dos fibroadenomas e dos papilomas. As outras lesões proliferativas sem atipias são
pouco cobradas nas provas de Residência Médica, mas sempre aparecem como alternativas para chegar ao
diagnóstico diferencial. Por isso, é importante que você saiba do que se trata.
E, o mais importante: lembre-se de que as lesões proliferativas sem atipias praticamente não
aumentam o risco de desenvolver câncer de mama.
As lesões proliferativas com atipia estão associadas à transformação para o câncer. Essas lesões são precursoras do câncer de mama ou
marcadoras de alto risco. As principais são: a hiperplasia ductal atípica (HDA) e a neoplasia lobular. A neoplasia lobular engloba a hiperplasia
lobular atípica (HLA) e o carcinoma lobular in situ (CLIS).
Hiperplasia Ductal
atípica
Lesões proliferativas
com atipia Hiperplasia Lobular
atípica
Neoplasia Lobular
Carcinoma Lobular in
situ
As lesões proliferativas com atipia estão associadas com um alto risco para o desenvolvimento do
câncer de mama. Por isso, a conduta para esses casos é a exérese total da lesão ou o uso da quimioprevenção
(geralmente com tamoxifeno).
Lembre-se: as lesões proliferativas sem atipia não apresentam risco para o câncer de mama, já, as
lesões proliferativas com atipia apresentam alto risco para o desenvolvimento do câncer de mama.
Papilomas múltiplos 3x
Estrategista, neste tópico, falo de algumas outras lesões que podem aparecer como diagnóstico
diferencial nas questões, mas que não costumam ser cobradas nas provas (“tema frio”).