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Secção I - Introdução

Muitas vezes, os profissionais tratam o ciclo gravídico-puerperal de forma não


integrada. É raro todo esse período receber assistência de uma mesma instituição e, em
geral, os mecanismos de referência e contrarreferência são inexistentes ou ineficientes.
O puerpério, tempo de seis a oito semanas após o parto, didacticamente, pode ser
dividido em três períodos, sendo: imediato (1º ao 10º dia), tardio (11º ao 45º dia) e
remoto (a partir do 45º dia).

No puerpério ocorrem modificações internas e externas, configurando-se como um


período carregado de transformações psíquicas, onde a mulher continua a precisar de
cuidado e protecção. Assim, a mulher, durante o período puerperal, precisa ser atendida
em sua totalidade, por meio de uma visão integral que considere o contexto sócio-
cultural e familiar. Os profissionais de saúde devem estar atentos e disponíveis para
perceber e atender as reais necessidades apresentadas por cada mulher, qualificando o
cuidado dispensado.

O puerpério é o período pelo qual a mulher passa após o


nascimento do bebé. Ele se inicia logo após o parto e dura até
por volta da 8ª semana após dar à luz. Durante o puerpério
ocorrem uma série de mudanças no corpo da mulher. Esta fase
também requer uma série de cuidados.

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Secção II - Puerpério

2.1 Noções sobre a Puerpério

Puerpério é o período que ocorre logo após o parto, também denominado de pós-parto.
Nesta fase, o corpo da mulher está em processo de recuperação da gravidez, sofrendo
uma séries de modificações físicas e psicológicas.

Durante o puerpério, a mulher é clinicamente chamada de puérpera. Neste período,


assim como acontece no pré-natal, a mulher deve manter alguns cuidados para atingir a
completa recuperação e evitar problemas de saúde.

Os médicos estimam que o tempo médio do puerpério é de 6 semanas, começando


imediatamente após o nascimento do bebé. Durante esta fase, o corpo da puérpera está
em processo de estabilização, voltando ao que era antes da gravidez. A mulher deve
continuar procurando orientação médica até a total recuperação do organismo.

É durante o puerpério que a mulher dá início a amamentação, com a subida dos


harmónios responsáveis em produzir o leite materno. Por este motivo, pode ser que
durante a fase de amamentação a mulher sofra alterações no seu ciclo menstrual.

Normalmente, mulheres que não amamentam conseguem estabilizar a sua função


ovulatória com até 8 semanas após o parto. No entanto, as que estão em processo de
amamentação podem ficar entre 6 e 8 meses sem ovular.

2.2 Fases do puerpério

Directamente influenciado pela amamentação, o puerpério se divide em três fases:

 Puerpério imediato: do 1° ao 10° dia pós-parto. Tem início logo após a


expulsão da placenta. Na primeira hora, o útero continua contraindo e os sinais
vitais estabilizam. Ainda, nas primeiras horas, é crucial que a nova mamãs
levante e caminhe após o parto. Isto evita o surgimento de trombose, beneficia o
fluxo intestinal e colabora para seu bem-estar. A mulher fica em contínua
observação em sua reabilitação inicial. É neste momento em que ela tende a ter
sensações mais intensas e uma grande alteração hormonal.

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 Puerpério tardio: do 11° ao 42° dia do pós-parto. O corpo feminino ainda está
sofrendo alterações e o cuidado deve ser maior. Tanto o útero quanto a região
genital ainda está passando por mudanças para retornar ao seu estado natural.
 Puerpério remoto: A partir do 43° dia do pós-parto. Mesmo após a mãe
começar a amamentar, ela tem modificações em seu corpo. No período
puerperal, a mulher não ovular. Entretanto, a partir do quadragésimo dia, ela
poderá se reproduzir novamente, sendo recomendado o uso de métodos
contraceptivos caso deseje evitar uma nova gravidez.

2.3 O que se passa no corpo feminino?

 Equilíbrio hormonal: O caimento dos níveis hormonais é um dos principais


factores de transformações no corpo feminino depois do nascimento do filho.
Devido a isso, a mulher pode se sentir mais fadigada e abatida neste período.
 Mamas: Diferentemente do período gestacional, em que as mamas são mais
flexíveis e não apresenta desconforto, no estado puerperal elas ficam mais
cheias, quentes e doloridas devido à produção de leite. O aparecimento do leite
surge entre 24 a 72 horas após o parto. O alívio dos sintomas ocorre através da
amamentação.
 Barriga: O abdómen fica inchado e seu tamanho normal vai retornando aos
poucos, o que faz com que a pele se torne flácida. Mulheres como mais de 35
anos e que dão à luz a um bebé  com mais de 4 kg ou a gémeos, podem ter seus
músculos da parede abdominal separados, conhecido como diástase abdominal.
 Evolução do útero: Logo após a eliminação da placenta, as contracções uterinas
continuam para que o útero permaneça rígido e volte ao seu tamanho normal,
procedimento que dura em média 10 dias. É normal a mulher sentir cólica ou
algum incómodo abdominal enquanto amamenta. Isto acontece pela sucção do
bebé que incentiva a produção de ocitocina, harmónio responsável por promover
as contracções musculares uterinas. O útero encolhe aproximadamente 1 cm por
dia, cessando a cólica dentro de 20 dias.
 Região íntima: Mulheres que tiveram parto normal com episiotomia (corte na
região muscular entre a vagina e ânus para ajudar na retirada do bebé) sentem
dor e desconforto na região em que foi feita a incisão. Porém, qualquer mulher

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que tenha filho sofre mudanças em sua vagina, pois ela tende a ficar mais
dilatada e inchada nos primeiros dias após o parto.
 Sangramento vaginal: Parecido com a menstruação, os lóquios são um
corrimento vaginal formado por secreções uterinas e vaginais, sangue e
revestimento do útero. Sua duração é de cerca 15 dias, podendo se estender até 3
meses depois do parto. O corrimento é mais intenso nos primeiros 2 a 4 dias,
com cor de sangue, e vai diminuindo, ficando mais rosado até se tornar
esbranquiçado ou amarelado após 10 dias.
 Incontinência urinária: É o desejo súbito de urinar, sem conseguir controlar
completamente o xixi, podendo passar na calcinha. A perda de controlo é
comum em mulheres que tiveram parto normal, mas pode aparecer também
naquelas que fizeram cesáreas. Esta situação dura cerca de 3 meses e pode ser
resolvida por meio de exercícios que tonificam a musculatura do períneo (região
onde estão localizados os órgãos genitais e ânus) ou fisioterapia.
 Hemorroidas: Hemorroidas são veias dilatadas no ânus, podendo ser internas
ou externas. Causam dor e em alguns casos, até sangramento. Aparecem no
decorrer da gestação ou originam pela força exercida durante o parto.
 Cicatriz da cesariana: 50% dos partos realizados no Brasil são cesáreas um
corte no abdómen e útero da mulher para retirar o bebé, devido a complicações
na gestação ou com o recém-nascido. Os pontos são retirados em 8 dias e a
incisão uterina cicatriza em torno de 6 semanas.
 Menstruação: A volta da menstruação está sujeita à amamentação. Quando a
mulher estimula a produção de leite, o ciclo menstrual retorna por volta de 6
meses. Caso ela não amamente, a menstruação ressurge dentre 1 a 2 meses.
 Relação sexual: Durante o resguardo, o sexo deve ser restrito, mas não
necessariamente evitado. A vida sexual pode ser retomada a partir do primeiro
mês depois do parto com a aprovação do obstetra. Contudo, neste intervalo de
tempo, a mulher ainda não está ovulando, provocando a falta de libido e estando
sujeita a infecções.
 Emocional abalado: Grande parte das mamãs passa por um momento de
tristeza após o parto, episódio conhecido como baby blues, que atinge 15 em
cada 100 mulheres. Esta fase dura aproximadamente duas semanas e some

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sozinha. A nova mamãs passa por mudanças de humor, ataques de choro,
ansiedade e noites mal dormidas.

As dificuldades mais comuns encontradas por mulheres em transição para o papel


materno são o banho, cautela com o coto umbilical, amamentação, identificação do
choro, tipo de parto e fragilidade física.

Além disso, durante a quarentena, a mãe passa por alterações hormonais, como já
citados acima, tornando-a mais sensível e sentimental.

 Depressão pós-parto feminina: A vinda de uma criança é motivo de


comemoração, mas juntamente com ela, vêm as responsabilidades e mudanças
na rotina. Amamentação a qualquer hora do dia, noites sem dormir e apreensão
em relação a outros filhos são preocupações frequentes. Contudo, algumas
mulheres podem apresentar os sintomas de forma mais intensa e desenvolver
a depressão pós-parto.

A mãe pode se sentir insegura em relação aos cuidados necessários com o bebé e
consigo mesma nesta fase inicial. Especialistas desconhecem o motivo exacto que
desencadeia a doença, mas crêem que seja o conjunto de factores hormonais,
ambientais, psicológicos e genéticos.

Sem o devido tratamento, a depressão pode persistir durante meses ou até anos. O
distúrbio extremo pode originar a psicose pós-parto. Por isso, é essencial que o parceiro
e familiares estejam atentos e preparados para ajudá-la.

 Psicose pós-parto: Geralmente, a psicose pós-parto ou psicose puerperal atinge


mulheres em torno de 2 a 3 semanas depois do nascimento do bebé. Apresenta
todos os sintomas da depressão pós-parto e pode evoluir dessa doença. O que as
difere é que a mulher apresenta, na psicose, confusão mental, delírios e visões. O
número de suicídios de mulheres com transtornos psicóticos é alto, bem como o
risco de infanticídio.
 Depressão pós-parto masculina: A doença não é exclusivamente feminina: um
a cada dez pais têm depressão pós-parto. Os desafios de um novo estilo de vida e
de ver a família crescer colaboram para o surgimento de estresse e ansiedade.
Questionamentos do tipo como ser um bom pai, como educar a criança e
reciprocidade de afecto levam os homens a perder a disposição, o apetite, o

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prazer e a alegria da nova “função”. As chances de desenvolver a doença
aumentam no primeiro ano do bebé e nos pais de primeira viagem.

2.4 Como evitar o estresse pós-parto?

Para evitar o estresse ou amenizar os sintomas, seguem algumas instruções para as


novas mamãs:

 Seja saudável: Mulheres jovens ou com idade acima de 35 anos, abortos


reincidentes e portadoras de doenças crónicas possuem maiores chances de ter
uma gravidez de risco, favorecendo o surgimento do estresse. Ter uma
alimentação equilibrada, ingerir muita água, realizar atividade física regular e
branda, não fumar, não consumir bebidas alcoólicas e não usar drogas contribui
para um emocional mais estável.
 Tenha laços afectivos: Ter laços afectivos com familiares e amigos é muito
importante, ainda mais se a gravidez não foi programada ou é indesejada.
Receber apoio e auxílio neste momento faz com que o estresse diminua. O
vínculo com o bebé deve ser feito enquanto ele estiver dentro da barriga.
Converse com ele, faça carinho, massageie as extremidades. Caso tenha outros
filhos, tente aproximá-los durante a gestação, pois os ciúmes podem se tornar
um problema futuro.

Não se apavore: Mães de primeira viagem ficam ansiosas com as novas


responsabilidades. A chave é seguir seus instintos e procurar informações, seja com
outras mães, familiares, livros ou sites especializados, sobre os cuidados necessários
após o nascimento do bebé e mudanças no corpo.

Deixe suas contas em dia: Ter dívidas aumenta muito o estresse. Por isso, se organizar
e deixar as contas em dias é fundamental. Além disso, poupar e ter uma reserva em
casos de emergências vai evitar possíveis transtornos.

Consulta pós-parto: Depois do nascimento do bebé, é fundamental que a mulher faça


um acompanhamento da saúde com seu obstetra. Se o parto foi normal, a primeira
consulta deve feita entre 4 a 6 semanas após dar à luz. No caso da cesariana, a consulta
deve acontecer entre 8 a 10 semanas depois da alta hospitalar.

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O médico irá analisar o condicionamento físico da mãe, amamentação e sangramento
vaginal, examinar a cicatrização e retirada dos pontos, além de poder tirar possíveis
dúvidas em relação ao estado puerperal.

2.5 Complicações

 Problemas nos seios: O incómodo se dá pelo surgimento da mastite puerperal,


inflamação das glândulas mamárias durante a fase puerperal, causada pela
sucção do bebé ao mordiscar e da umidade na parte externa dos seios, que
facilita o surgimento de fendas nos mamilos.

Na mastite puerperal, a mulher sente dor, inchaço e aumento de temperatura no seio


inflamado. O médico deve ser accionado e indicar o melhor tratamento, podendo ser
receitado antibióticos, em caso de infecção, ou pomadas cicatrizantes. Durante o
período de cura, a amamentação directa deve ser evitada.

Em 10% das ocorrências, a mastite puerperal evolui para um abscesso mamário, que é


uma colecção de pus formada na mama. Nestes casos, a amamentação deve ser
interrompida.

Tais problemas podem ser evitados seguindo algumas recomendações:

 O bebé precisa sugar de maneira correcta no momento da amamentação e


esgotar leite do peito;
 Usar sutiãs confortáveis mas que dê sustentação, evitando os de meia-taça com
ferrinho;
 Muito repouso;
 Ter uma boa alimentação

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 Hemorragias: Hemorragias são frequentes no puerpério e surgem tanto pelo
parto normal quanto cesariana. Ocorrem durante as primeiras horas após o parto
e geralmente são externas, devido ao rompimento no canal do parto ou no útero,
contenção de fragmentos de placenta, contracção uterina escassa ou mudanças
na coagulação sanguínea.

Em casos específicos, pode ocorrer uma hemorragia interna, provocada pela ruptura de
um vaso sanguíneo gerado pela força realizada pela cabeça do bebé ao atravessar o
canal do parto. O sangue fica concentrado abaixo dos tecidos superficiais, ocasionando
uma dor na área e hematoma.

De forma incomum, as hemorragias também são originadas no puerpério desenvolvido,


causadas por restos da placenta não retirados do útero, devido a uma falha na detecção
ao final do parto.

Normalmente, a hemorragia desaparece sozinha dentro de alguns dias, mas a mulher


pode passar por tratamento médico conforme sintomas apresentados.

 Infecções: É a segunda complicação mais corriqueira no período puerperal.


Contudo, as ocorrências reduziram drasticamente em virtude dos procedimentos
utilizados no parto para evitar a entrada de germes causadores de doenças no
organismo, técnicas dominadas assepsia. As infecções surgem em circunstâncias
como a ruptura da bolsa, extensos trabalhos de parto ou no decorrer da
cesárea. Febresuperior a 38°C, arrepios e suor são indicadores de infecção. O
problema é constatado ainda nas primeiras horas do parto, portanto, a paciente é
tratada ainda no hospital. Contudo, se a mulher identificar os sintomas em casa,
deve contactar o médico imediatamente.

2.6 Tratamento contra depressão pós-parto

O tratamento vai depender do grau de gravidade em que a paciente se encontra.


Técnicas como psicofármaco, psicoterapia, tratamentos hormonais e
eletroconvulsoterapia podem ser utilizadas.

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 Psicofármaco: Uso de medicamentos como antidepressivos, antipsicóticos e
estabilizadores do humor.
 Psicoterapia: Neste tratamento, o psicólogo irá acompanhar a paciente
juntamente com seus familiares com a intenção de buscar um equilíbrio
emocional nesta nova realidade.
 Uma das abordagens que pode ser utilizada é a terapia cognitivo-
comportamental, que analisa e modifica os pensamentos e emoções que a pessoa
tem de si mesma de forma distorcida e que são a causa de suas reacções
comportamentais disfuncionais, reestruturando estas percepções. A psicoterapia
pode ajudar, também, a descontinuar ou reduzir a dose do tratamento
farmacêutico, reduzindo a ameaça de uma recaída ou dos sintomas da depressão
pós-parto. Contudo, em casos mais graves ou recorrentes, não é recomendável
interromper a farmacoterapia.
 Tratamentos hormonais: Podem ser receitados medicamentos a base de
estrogênio (harmónio encarregado pelo controle da ovulação e do
desenvolvimento de características femininas) sublingual e transdérmicos
(aplicação na pele). O tratamento equilibra a quantidade de harmónio, o que
diminui as variações de humor e consequentemente auxilia nos transtornos
psíquicos da mulher.
 Eletroconvulsoterapia (ECT): Mulheres com alguns tipos de depressão, com
ideias suicidas ou em surtos psicóticos podem precisar de internação. A
eletroconvulsoterapia é usado quando a paciente não responde aos
medicamentos ou quando excede os efeitos colaterais dos mesmos.

O tratamento não tem nada a ver com o eletrochoque aplicado antigamente para fins de
tortura. São feitos disparos cadenciados cerebrais auto-limitados, que faz os
neurotransmissores (responsáveis por disseminar os impulsos nervosos do cérebro e
preservar o bem-estar) ficarem estáveis.

O paciente recebe anestesia, relaxante muscular e oxigenação, além de ser verificado


por monitores cardíacos, cerebrais e de pressão arterial.

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2.7 Cuidados de Enfermagem

A assistência à mulher no pós-parto imediato e nas primeiras semanas após o parto é de


fundamental importância para a saúde materna e neonatal torna-se essencial a
assistência de enfermagem qualificada, tendo como base a prevenção de complicações,
o conforto emocional e físico do binómio mãe-filho.

A mulher tem necessidades de atenção física e psíquica. Não deve ser tratada como um
número que corresponda ao seu leito ou enfermaria, e sim pelo nome, com respeito e
atenção. Nos momentos iniciais após o parto, a relação mãe-filho não está ainda bem
elaborada, portanto não se devem concentrar todas as atenções apenas à criança, pelo
risco de que isso seja interpretado como desprezo às suas ansiedades ou queixas. Deve-
se lembrar de que o alvo da atenção neste momento é a puérpera. A avaliação clínica
deve ser rigorosa, sendo os achados transcritos para o prontuário médico, de forma clara
e obedecendo a uma padronização.

Deve-se proceder a um exame físico completo:

 Deambulação: estimular a deambulação o mais precoce possível.

Higiene: após iniciada a deambulação e estando bem, deve-se estimular o banho de


chuveiro. Não há necessidade de utilizar substâncias antissépticas na região perineal.
Nos casos de parto por cesariana, aconselha-se proteger o curativo ou renová-lo no 1º
dia, sendo que a partir do 2º dia deverá permanecer descoberta a ferida, o que inclusive
permite melhor observação.  

 Mamas: a utilização de sutiã deve ser recomendada, por proporcionar melhor


conforto à mulher. O colostro já está presente no momento do parto. A descida
do leite, no entanto, ocorre entre o 1º e 3º dia pós-parto, embora a colocação da
criança ao peito deva ser feita logo após o nascimento para que ocorra liberação
de prolactina e ocitocina, com consequente produção e liberação do leite. A
identificação de deformidades nos mamilos, ou presença de fissuras, geralmente
ocasionadas por pega inadequada ao peito, pode trazer prejuízos à mulher,
favorecendo o ingurgitamento, e ao aleitamento. Mastites e abscessos
necessitam de atenção especial, não sendo motivos para se desencorajar o
aleitamento exclusivo.

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 Abdómen: identificação de vísceras aumentadas e ou dolorosas, atenção à
involução uterina e à ferida cirúrgica, se o parto ocorreu por cesariana. É
necessário proceder à ausculta dos ruídos hidroaéreos.
 Genitália: inspeccionar sistematicamente a região perineal, com atenção
especial aos lóquios. O achado de edemas, equimoses e hematomas implicam na
necessidade de aplicação de frio no local, com bolsa de gelo, nas primeiras 24
horas. A identificação de lóquios fétidos pode traduzir quadro infeccioso.
 Membros: pesquisar sinais de trombose venosa profunda, principalmente o
relato de dores nos membros inferiores e edema súbito. Identificar o
aparecimento de sinais flogísticos.

2.8 Recomendação

Recomenda-se a prescrição de sulfato ferroso (600 mg/dia), dois comprimidos de


300mg ao dia e também a suplementação de Vitamina A (200.000 UI por via oral, dose
única). Naquelas mulheres que apresentam desconforto por dores no local da
episiorrafia, podem-se utilizar analgésicos (acetaminofen 750 mg/4 vezes ao dia ou
dipirona 500 mg/4 vezes ao dia), bem como a colocação de bolsa de gelo nas primeiras
24 horas sobre a episiorrafia.

 Alta hospitalar: Não se deve dar a alta à puérpera sem conhecimento da


classificação sanguínea da mãe. Naquelas com fator Rh negativo, não
sensibilizadas e com recém-nascido Rh positivo e Coombs negativo, utiliza-
se a imunoglobulina anti-D, nas primeiras 72 horas. Importante também é
conhecer o resultado da sorologia para sífilis. Sendo positiva, iniciar o
tratamento, se este não foi realizado previamente, e comunicar ao médico
responsável pela assistência do recém-nascido. Nas puérperas que estão bem
e não se detectam anormalidades, a alta pode ser consentida após as
primeiras 24 horas, e nas submetidas à cesárea, com 48 horas.

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Secção III - Conclusão

Após das pesquisas feitas cheguei a concluir que o puerpério constitui-se como
momento de fragilidade, demandando dos profissionais de saúde um comprometimento
na avaliação e no cuidado dispensado durante este período à mãe, criança e família.
Neste estudo, destacaram-se a indissociabilidade do cuidado à mãe e à criança, o
aleitamento materno, o planejamento familiar e a morbimortalidade materna e infantil
como aspectos, especialmente, relevantes, merecedores de atenção no puerpério, na
perspectiva da integralidade, promoção da saúde e qualidade de vida.

Quando as intervenções de saúde realizadas no puerpério são dirigidas atreladamente à


mulher, criança e família acabam por promover a saúde e bem-estar infantil, uma vez
que a presença da mãe é fundamental para a criança, tal como a convivência com pais
que se relacionam bem, num ambiente familiar saudável. Assim, os determinantes do
processo saúde-doença comuns, nesse período, bem como as acções de saúde ou
ausência delas, repercutem directa e indirectamente na saúde das crianças. Sendo as
crianças seres mais vulneráveis, são elas as mais beneficiadas por um contexto saudável
de vida em família.

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Bibliografia e Referência

Bibliografia

 Vieira F, Bachion MM, Salge AKM, Munari DB. Diagnósticos de


enfermagem na Nanda no período pós-parto imediato e tardio. Esc Anna
Nery. 2010 jan/mar;14(1):83-9.
 Ministério da Saúde (BR), Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de
Acções Programáticas Estratégicas, Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-
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Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2006.
 Hoffmann IC. A percepção e o percurso das mulheres nos cenários públicos
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Universidade Federal de Santa Maria; 2008.
 Ministério da Saúde (BR). Gabinete do Ministro. Portaria nº 1.459, de 24 de
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Rede Cegonha [Internet]. 2011; [acesso 2014 Jun 2]. Disponível em:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2011/
prt1459_24_06_2011.html
 Marconi MA, Lakatos EM. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução
de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e
interpretação de dados. 7ª ed. 3ª reimpr. São Paulo: Atlas; 2010. 7.

Referência

 http://www.cordvida.com.br/blog/o-que-e-puerperio-entenda-e-saiba-como-
cuidar-da-mulher-no-pos-parto/
 https://bebemamae.com/parto/puerperio-o-que-e-quanto-tempo-dura-e-cuidados
 https://www.significados.com.br/puerperio/
 http://www.saude.sp.gov.br/resources/ses/perfil/gestor/destaques/atencao-a-
gestante-e-a-puerpera-no-sus-sp/manual-tecnico-do-pre-natal-e-puerperio/
manual_tecnicoii.pdf
 http://www.scielo.br/pdf/ean/v19n1/1414-8145-ean-19-01-0181.pdf

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