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MASTITES

DR WANKEL OTTO BECCARIA VIOLA


R3 GINECOLOGIA E OBSTETRICIA
Mastites 

 A mastite refere-se à inflamação do tecido mamário que pode ou


não estar acompanhado de infecção.

 Mastites Lactacional (puerperal) 


   
 Mastites não Lactacional 
   - Mastite periductal 
   - Mastite granulomatosa idiopática
Mastite Lactacional – Fatores de Risco
Estima-se que a mastite ocorra entre 2% e 10% das

mulheres que amamentam.

 Fatores de risco para a mastite lactacional:


- história prévia de mastite, 
- ducto bloqueado, 
- mamilos rachados, 
- uso de creme nos mamilos (particularmente creme antifúngico) 
- uso de bomba de mama.

Committee on Health Care for Underserved Women, American College of Obstetricians and Gynecologists. ACOG Committee Opinion No. 361: Breastfeeding
maternal and infant aspects. Obstet Gynecol 2007; 109:479.
Mastite Lactacional – Fatores de Risco

  Causas de ingurgitamento mamário


1.  Drenagem reduzida  
2.  Pressão no peito (ex:sutiã apertado) 
3.  Excesso de oferta de leite 
4.  Mamadas infrequentes 
5.  Escoriação ou rachaduras nos mamilos 
6.  Desmame rápido 
7.  Doença na mãe ou no bebê
8.  Estresse materno ou fadiga excessiva 
9.  Desnutrição materna 
Mastite Lactacional – Fatores de Risco

 O risco de desenvolver mastite lactacional pode ser reduzido pelo


esvaziamento frequente e completo da mama e pela otimização da técnica
de amamentação.

Department of child and adolescent health and development. Mastitis: Causes and management. World Health Organization 2000.
Mastite Lactacional - Microbiologia

 A maioria dos episódios de mastite lactacional é causada por


Staphylococcus aureus

 Patógenos menos frequentes incluem 


- Streptococcus pyogenes (grupo A ou B),
- Escherichia coli,
- Espécies de Bacteroides,
- Espécies de Corynebacterium
- Estafilococos coagulase-negativos 
Mastite Lactacional – Quadro Clínico
 Ingurgitamento mamário, inchaço e obstrução de um ou mais
ductos lácteos
 Sintomas persistirem após 24 horas

           Mastite Lactacional Infecciosa


            

Kvist LJ, Larsson BW, Hall-Lord ML, et al. The role of bacteria in lactational mastitis and some considerations of the use of antibiotic treatme
nt.
Int Breastfeed J 2008; 3:6.
Mastite Lactacional – Quadro Clínico

Mastite Lactacional Infecciosa


  área firme, vermelha, dolorosa e

inchada de uma mama 


 associada a febre> 38,3ºC em uma

mulher que amamenta; 


 secreção de leite pode ser diminuída.

  mialgia, calafrios, mal-estar e sintomas semelhantes

aos da gripe.
Mastite Lactacional - Diagnostico

 O diagnóstico de mastite é baseado em manifestações clínicas;

 Testes laboratoriais não são necessários. 

 Cultura do leite materno: útil para orientar a seleção de antibióticos; importante no


contexto de infecção grave, adquirida no hospital ou que não responde aos
antibióticos empíricos iniciais. 

Spencer JP. Management of mastitis in breastfeeding women.


Am Fam Physician 2008; 78:727.
Mastite Lactacional - Diagnostico
 A imagem é útil se a mastite lactacional não responder,
dentro de 48 a 72 horas, aos cuidados de suporte e
antibióticos.
  O ultra-som é o método mais eficaz para diferenciar a

mastite do abscesso mamário. 

Dixon JM. Breast abscess. Br J Hosp Med (Lond) 2007; 68:315.


 Ingurgitamento grave: ingurgitamento é bilateral, com
envolvimento generalizado.

DIAGNÓSTICO Abscesso mamário: mastite pode progredir para a formação


de abscessos locais se não for tratada prontamente . Área

DIFERENCIAL 
flutuante sensível.
 Ducto obstruído: nódulo palpável com sensibilidade,
ausência de achados sistêmicos.

Committee on Health Care for Underserved Women, American College of Obstetricians and Gynecologists. ACOG Co
mmittee Opinion No. 361: Breastfeeding: maternal and infant aspects. Obstet Gynecol 2007; 109:479.
Mastite Lactacional –
Diagnostico Diferencial

 Galactocele: é uma coleção cística de fluido geralmente


causada por um ducto de leite obstruído. 
    - Massas císticas moles;
    - Não são sensíveis
    - Não estão associadas a manifestações sistêmicas
    - Ultrassonografia pode demonstrar
    um simples cisto do leite ou uma massa complexa.
Mastite Lactacional - Manejo
 Manejo inicial da mastite lactacional não-grave
 Tratamento sintomático para reduzir a dor e o inchaço

(agentes inflamatórios não-esteróides, compressas frias)


 Completo esvaziamento da mama (via amamentação,

bombeamento, expressão manual)


 Cessação da lactação não é necessária. 
Mastite Lactacional - Antibioticoterapia
 Infecção não grave, terapia ambulatorial: 

                          Dicloxacilina 500 mg VO de 6/6h 


                                                Ou
                          Cefalexina 500 mg VO de 6/6h
                                                Ou 
                         Clindamicina 300 – 450mg de 8/8h
Mastite Lactacional - Antibioticoterapia
 Infecção grave

  instabilidade hemodinâmica, eritema progressivo em uso de 


antibióticos

 Terapia empírica: 
       Vancomicina 15 a 20 mg/kg/dose a cada 8 - 12 horas
                           (não excedendo 2 g por dose) 

 A terapia deve ser adaptada aos resultados de cultura e sensibilidade


Mastite Lactacional - Antibioticoterapia
 A duração ideal da terapia não é certa;

 10 a 14 dias podem reduzir o risco de recidiva,

 5 a 7 dias podem ser usados se a resposta à terapia for rápida


e completa.

 Se não houver melhora clínica dentro de 48 a 72 horas, a


avaliação com ultrassonografia para determinar se há um
abscesso subjacente deve ser investigada.
Mastites Não-Lactacional

 Mastite periductal ou Doença de Zuskar


 
 Abscesso subareolar e fistulas periareolar

 Mastite Granulomatosa Idiopatica


Mastite periductal ou Doença de
Zuskar
 Condição inflamatória dos ductos subareolares;

 Causa desconhecida

 Afeta principalmente mulheres jovens, mas também pode


ocorrer em homens

 Maioria dos pacientes são tabagistas


Mastite periductal ou Doença de Zuskar
 Postulou-se que o tabagismo está associado a danos
nos ductos subareolares, com necrose tecidual e
infecção subseqüente

 As substâncias tóxicas na fumaça do cigarro podem


danificar os ductos diretamente ou pode haver um
efeito hipóxico localizado

  A cotinina, metabólito da nicotina, tem maiores


concentrações nos ductos papilares do que no plasma

Dixon JM. Breast infection. In: ABC of Breast Diseases, Dixon JM (Ed), Blackwell Publishing, Oxford 2006.
Mastite periductal ou Doença de Zuskar
 A mastite periductal também está associada à metaplasia
escamosa

 Provavelmente uma consequência da inflamação em curso

 Tem sido sugerido que a metaplasia escamosa pode levar a


obstrução parcial do ducto com subsequente dilatação e
inflamação secundária e infecção.

Dixon JM, Ravisekar O, Chetty U, Anderson TJ. Periductal mastitis and duct ectasia: different conditions with different
aetiologies. Br J Surg 1996; 
Mastite periductal ou Doença de Zuskar
Manifestações Clínicas
 Inflamação periareolar 
 Infecção secundária de ductos inflamados
 Danos ao ducto e subsequente quebra com formação de

abscesso
 Tende a fistulizar na região periareolar 
Mastite periductal ou Doença de Zuskar
 Microbiologia

 As culturas são positivas para organismos patogênicos ou


potencialmente patogênicos em 62% a 85% dos casos

 Os organismos mais comuns são estafilococos, enterococos,


estreptococos anaeróbios, bacteroides e proteus.

Rahal RM, Júnior RF, Reis C, et al. Prevalence of bacteria in the nipple discharge of patients with duct ectasia. Int J
Clin Pract 2005; 
Mastite periductal ou Doença de Zuskar
Conduta

 A mastite periductal geralmente é um problema crônico.

 Na presença de secreção mamilar purulenta, a coloração de


Gram e a cultura devem ser obtidas

 Cerca de 50% dos casos se resolve com antibioticoterapia


juntamente com aspiração por agulha ou incisão e drenagem
de qualquer abscesso associado.
Lannin DR. Twenty-two year experience with recurring subareolar abscess
andlactiferous duct fistula treated by a single breast surgeon. Am J Surg 2004
Mastite periductal ou Doença de Zuskar
  Pacientes com episódios repetidos de infecção periareolar
garantem tratamento cirúrgico com excisão de ductos doentes
Mastite periductal ou Doença de Zuskar
Antibioticoterapia

 Empirico: Amoxicilina-clavulanato 875 mg VO 12/12 horas

 Esquemas alternativos:
   - Dicloxacilina 500 mg VO de 6/6h ou
   - Cefalexina 500 mg VO de 6/6h + Metronidazol 500 mg VO
de  8/8h [18,21].
Mastite periductal ou Doença de Zuskar
Antibioticoterapia 

 A duração ideal da terapia não é certa;  

 Um curso de 5 a 7 dias pode ser usado se a resposta à terapia for rápida e


completa; 

  Se necessário, a duração pode ser prolongada para 10 a 14 dias. 

 A cessação do tabagismo é útil para reduzir o risco de repetição da infecção.

Schäfer P, Fürrer C, Mermillod B. An association of cigarette smoking with recurrent subareolar breast abscess.
Int J Epidemiol 1988;
Abscesso Subareolar e Fistula Periareolar
 O manejo do abscesso subareolar consiste em antibioticoterapia e
drenagem do abscesso

 A aspiração ou incisão da agulha e a drenagem de um abscesso estão


associadas à recorrência de abscesso subareolar em até metade dos
pacientes. 

 A infecção ocorre porque esses procedimentos não removem a mastite


periductal subjacente 

Schäfer P, Fürrer C, Mermillod B. An association of cigarette smoking with recurrent subareolar breast abscess. Int J Epidemiol 198
Abscesso Subareolar e Fistula Periareolar
 A infecção ocorre porque esses procedimentos não removem
a mastite periductal subjacente

 Conduta: ressecção cirurgica dos ductos acometidos e do


trajeto fistuloso

 O tratamento antibiótico para mastite periductal deve ser


iniciado no momento da cirurgia e no pós-operatório
continuado até que todos os sinais de infecção tenham sido
resolvidos.
Mastite Granulomatosa Idiopática
 Doença inflamatória benigna rara de etiologia desconhecida 

 Acomente mulheres jovens, com amamentação recente 

  Também pode ocorrer em mulheres nulíparas.  

 Não há aumento do risco de câncer de mama subseqüente. 

 Condições tais como a tuberculose, a reação de corpo estranho,  


 granulomatose com poliangiite, histoplasmose, sarcoidose ou  
 tela também induzem a mastite granulomatosa. 

Dixon JM. Breast abscess. Br J Hosp Med (Lond) 2007; 68:315.


Mastite Granulomatosa Idiopática 
Manifestações clínicas 

 Massa mamária inflamatória periférica;


 Múltiplas areas simultâneas de infecção periférica (e raramente

central) 
 Abscessos repetidos ao longo de semanas a meses
 Edemas e ulceração
  Retração do mamilo, 
 Adenopatia axilar podem acompanhar esses

achados
Mastite Granulomatosa Idiopática

 O exame de ultrassonografia geralmente demonstra uma


massa sólida, geralmente com um ou mais abscessos.
 A mamografia pode ser sugestiva de malignidade.

Gombos EC, et al. Granulomatous mastitis. J Women's Imaging 2004


Mastite Granulomatosa Idiopática 
 Diagnóstico 

 Biópsia por agulha grossa de massa sólida. 


 Coloração de Gram, cultura bacteriana, BAAR, para fungos e

histopatologia. 
 Os achados de biópsia geralmente 

demonstram lesões granulomatosas 


centradas no lóbulo mamário.
Mastite Granulomatosa Idiopática 
 Manejo

 Condição inflamatória autolimitada que se resolve lentamente; 

 A resolução completa pode levar de 9 a 12 meses. 

 A excisão cirúrgica para IGM é frequentemente 


seguida por cicatrização lenta e não é recomendada.

Bouton ME, Jayaram L, O'Neill PJ, et al. Management of idiopathic granulomatous mastitis with
observation. Am J Surg 2015
Mastite Granulomatosa Idiopática 
 Quando associado o processo infeccioso, a abordagem da
antibioticoterapia é semelhante a mastite periductal 

 Amoxicilina-clavulanato 875 mg VO 12/12 horas ou


 Dicloxacilina 500 mg VO de 6/6h ou
 Cefalexina 500 mg VO de 6/6h

 + Metronidazol 500 mg VO de  8/8h.


Mastite Granulomatosa Idiopática 
 A dor localizada pode ser administrada por medicamentos anti-
inflamatórios não esteróides (AINEs). 
 Pacientes com lesões unilaterais,  pequenas (<5,0 cm), com pequenas

quantidades de drenagem ou ulceração


          Tratamento com prednisona 0,5 mg/kg/dia
 Pacientes com múltiplas lesões, lesões ≥5 cm, lesões bilaterais, ulceração

significativa, drenagem, ou fístulas, 


          Tratamento com prednisona 0,5 a 1,0mg/kg/dia 
        +  metotrexato 10 a 15 mg VO 1x/sem 
 (Juntamente com suplementação diária de ácido

 fólico)  
 

Sheybani F, Sarvghad M, Naderi HR, Gharib M. Treatment for and clinical characteristics of granulomatous mastitis.
Mastite Granulomatosa Idiopática 
 Os pacientes tratados com esteróides devem começar a
diminuir quando o eritema e a dor se resolverem 
 Muitos pacientes são capazes de descontinuar a terapia

dentro de 12 meses.
 Monitorar as lesões com fotografias semanais pode ser útil. 
 A repetição da ultrassonografia pode ser útil

 se houver suspeita de novas lesões ou de novo


 acúmulo de abscesso.

Akbulut S, Yilmaz D, Bakir S. Methotrexate in the management of idiopathic granulomatous mastitis: review of 108
published cases and report of four cases. Breast J 2011
Referencias
 Nonlactational mastitis in adults Authors: J Michael Dixon, MD, Kenneth MPariser,MD,
Section Editors: Anees B Chagpar, MD, MSc, MA, MPH, MBA, FACS, FRCS(C),
Daniel J Sexton, MD, Deputy Editor: Meg Sullivan, MD, Contributor Disclosures, All
topics are updated as new evidence becomes available and our peer review process is
complete. Literature review current through: Feb 2019. | This topic last updated: Nov
27, 2017.
 Lactational mastitis Author: J Michael Dixon, MD Section Editors:
Anees B Chagpar, MD, MSc, MA, MPH, MBA, FACS, FRCS(C), Daniel J Sexton, MD,
Deputy Editors: Meg Sullivan, MD ,Kristen Eckler, MD, FACOG, Contributor Disclosures
, All topics are updated as new evidence becomes available and our 
peer review process is complete. Literature review current through: Mar 2019. | This
topic last updated: Jun 12, 2018.
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