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Curso de Graduação em Medicina

Discente: Marcela Hikari Cabral Kato

Problemas frequentes na criança


Questão 1- Menino de 2 meses e 15 dias é trazido pela mãe à UBS para realizar a 3ª consulta de
puericultura. Amamentação exclusiva. Bom desenvolvimento psicomotor. Vacinação em dia.
Eliminações normais. Mãe relata que a criança está com assadura. Nega febre, vômitos,
sonolência e alteração no comportamento da criança.
Sinais Vitais e Medidas Antropométricas
Frequência respiratória: 45 rpm; Frequência cardíaca: 100 bpm; Peso: 6,200 g; Comprimento: 57
cm; Temperatura: 36,8 ºC; Perímetro Cefálico (PC): 43 cm
Ao exame:
Lesão eritematosa, brilhante, com
descamação nas regiões em contato com as
fraldas (dermatite em W), podendo abranger
nádegas, púbis e face interna das coxas,
poupando as dobras.

Diante do quadro acima qual diagnostico mais provável, possíveis diagnósticos


diferenciais, orientações e tratamentos a serem implementados?
Resposta:
Diagnóstico mais provável: Dermatite da área das fraldas irritativa primária, grau leve;
Diagnósticos diferenciais: Dermatite atópica, reações alérgicas, infecção pelo fungo Candida ou
bactérias;
Orientações e tratamento: Evitar deixar o bebê com as fraldas úmidas por muito tempo e trocá-las
com frequência, deixar a área genital bem sequinha, evitar o uso de lenços umedecidos e
higienizar a área com água morna e sabonete neutro e secando bem o local para não ficar úmido,
manter as mãos limpas ao higienizar o local. Para tratamento pode ser utilizado cremes de
barreira ou pastas mais espessas e aderentes, à base de óxido de zinco, dióxido de titânio e
amido ou cremes com dexpantenol, que tem como objetivo ajudar a prevenir o contato das fezes
com a pele já danificada, pois aderem à epiderme. Se o eritema persistir, pode-se associar
corticóide tópico de baixa potência, como hidrocortisona a 1%, no máximo duas vezes ao dia por
dois a sete dias a fim de aliviar a inflamação. Caso ainda não resolva, deve ser investigado com
os diagnósticos diferenciais.
Questão 2- Visita domiciliar da primeira semana em Criança nascida a termo de parto normal,
Apgar 9/10, em amamentação exclusiva. Peso ao nascer: 3350 g; comprimento: 48 cm; Perímetro
cefálico: 36 cm. Criança recebeu todas as vacinas do nascimento ainda no hospital. Sogra e
cuidadora temporária no período puerperal relata ao Médico achar que o RN estar muito amarelo.
Ao exame:
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Discente: Marcela Hikari Cabral Kato

Olhos e face com aspecto amarelado e ainda


sinais de icterícia que se estendem até tórax,
não alcançando abdome ou extremidades.
A partir da descrição do exame físico e
segundo Kramer qual seria classificação?
E se a icterícia atinge-se até abdome
inferior? Em ambos os casos quais
condutas a serem estabelecidas?

Resposta: A classificação de Kramer para o estado encontrado no exame físico é o “ZONA 2”


pois a área afetada é desde o tronco (cabeça) até o tórax. Quando a área afetada se estende até
o abdome inferior é classificado como “ZONA 3”, podendo atingir até as coxas. No caso da ZONA
2, a conduta é a fototerapia feita de acordo com a idade gestacional, nível de BT, a idade pós-
natal e presença de fatores agravantes, pois as dosagens variam conforme esses aspectos. A
conduta para ZONA 3 também pode ser feito a fototerapia com a dosagem recomendada de
acordo com os aspectos já mencionados, porém, é necessário investigar a etiologia dessa
icterícia e tratar conforme o diagnóstico, as vezes sendo necessário a exsanguinotransfusão.

Questão 03- Lactente do sexo feminino com três meses, trazido a uma Unidade Básica de Saúde
de um município da região Sul de Rondônia pela avó materna, que relata acumulo de secreção
ocular que piora ao acordar por estar bem espessa, a situação preocupa a avó, pois se arrasta
desde primeiro mês de vida, e ela pergunta se pode ser conjuntivite. Nascido à termo de uma
gravidez não planejada. Parto hospitalar com realização de cesariana por motivo desconhecido.
Apgar 9 e 10, no primeiro e quinto minuto. Vacinas em dia. Teste do Pezinho: resultado normal.
Curva de crescimento: ascendente em toda trajetória.
Ao exame: Acianótico, anictérico, afebril. Peso: 7.500 g Comprimento: 62 cm Perímetro cefálico:
40 cm
Olho apresenta um lacrimejamento unilateral,
sem edema palpebral, sem hiperemia, olho
calmo, apresentando “ramela”
Descreva diagnostico mais provável,
principais diagnósticos diferenciais, plano
de cuidados e situações que devem ser
referenciados para especialidades?
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Discente: Marcela Hikari Cabral Kato

Resposta:
Diagnóstico mais provável: Obstrução Congênita da Vias Lacrimais (OCVL);
Diagnósticos diferenciais: Glaucoma congênito, Dacriocistite, Blefarite Conjuntivite, Triquíase,
Fechamento incompleto das pálpebras.
Plano de cuidado: explicar sobre o diagnóstico e dizer que na maioria dos casos, o problema
tende a se resolver até o bebê completar um ano. Isso porque com o tempo a espessura das vias
lacrimais aumenta, ajudando a desobstruir. Mas, para melhorar a drenagem das lágrimas é
possível realizar alguns procedimentos, como a massagem das vias lacrimais. Até o quinto mês
de vida, observamos a evolução do quadro com medidas menos invasivas, como massagem e
limpeza dos olhos com soros fisiológicos e água morna. A cada consulta de puericultura avaliar
como está o quadro clínico.
Encaminhamento para o especialista: se não houver sinais de melhora e intensificação dos
sintomas. Sempre que houver alguma lesão feita por produtos químicos ou corpos estranhos
causando desconforto e/ou sangramento deve-se procurar o oftalmologista.

Questão 4- Lactente um mês, trazida por genitora para consulta na UBS por estar preocupada
com aspecto da cicatriz umbilical. Relata que coto umbilical caiu aos 10 dias de nascimento, e
evolui com aparência estranha.
Ao exame: Acianótico, anictérico, afebril. Peso: 4,200 g Comprimento: 55 cm Perímetro cefálico:
37 cm.
Excesso de tecido na base do umbigo,
líquido seroso ou serossanguíneo e umidade
ao redor do umbigo. Conforme imagem.
Qual o diagnostico provável e cuidados a
serem implementados, e ainda descreva
os cuidados com coto umbilical do RN e
possíveis complicações, apontando para
as respectivas orientações.

geralmente poucas aplicações são


suficientes para o tratamento. Para reduzir o
Resposta:
risco de queimadura química, deve-se
Diagnóstico provável: Granuloma Umbilical; proteger a pele da região periumbilical com
vaselina.
Conduta: Para o tratamento do granuloma
umbilical, na falta de nitrato de prata bastão, Cuidados com o coto umbilical: cuidados de
pode ser manipulada solução aquosa com higiene com o coto umbilical com o uso de
nitrato de prata a 10%. Assim como o bastão, álcool 70% para reduzir contaminação
a solução aquosa de nitrato de prata deve bacteriana. O nitrato de prata não deve ser
ser aplicada por profissional de saúde, na utilizado para a higiene do coto umbilical.
unidade, com o uso de cotonete, 1 a 2 vezes Após a queda do coto umbilical, a
por semana, durante 2 a 3 semanas, mas recomendação é continuar com higiene na
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cicatriz umbilical com água e sabão no Ao exame: Acianótico, anictérico, afebril.


banho, removendo secreções e crostas, para Peso: 3.500 g; comprimento: 51 cm;
diminuir a população bacteriana no local. Perímetro cefálico: 36 cm
Complicações: Na presença de sinais de Protrusão mamária em mama esquerda sem
inflamação ao redor do umbigo, como sinais flogísticos ou expressão.
edema, hiperemia e calor no local com ou
Diante da queixa e exame físico no recém-
sem sinais sistêmicos de infecção em um
nascido, como você descreve o achado, e
recém-nascido, deve-se suspeitar de onfalite.
possíveis orientações à nutriz em relação
A onfalite é uma infecção potencialmente
a necessidade de saúde referida?
grave, que exige tratamento hospitalar.

Questão 5- Nutriz busca atendimento na


UBS para RN do sexo feminino, 15 dias,
devido um aumento em mama esquerda.
Criança nascida a termo de parto normal,
Apgar 9/10, em amamentação exclusiva.
Peso ao nascer: 3150 g; comprimento: 49
cm; Perímetro cefálico: 35 cm. Criança
recebeu todas as vacinas do nascimento
ainda no hospital.

Resposta: Mamas inchadas estão presentes durante a primeira semana de vida em muitos
bebês do sexo feminino e masculino. Elas são causadas pela passagem de hormônios femininos
pela placenta da mãe e permanecem inchadas durante duas ou quatro semanas. Podem ficar
inchadas mais tempo em crianças amamentadas no peito e nos bebês do sexo feminino. Um
peito pode desinchar um mês ou mais antes do outro. Nunca esprema o peito porque isto pode
causar infecção.

Questão 6- Recém-nascido de 20 dias, sexo masculino, trazido por mãe, pois relata que o
mesmo está com sapinho e dificuldades com amamentação, relata ainda episódio de esforços,
gemidos e choro antes da evacuação, embora a consistência das fezes seja de consistência
normal. Nascido de parto Cesária, IG 39 semanas e onde o RN necessitou ficar internado com
uma infecção (SIC), liberado do hospital no terceiro
dia e em uso de cefalexina por mais 4 dias. Peso ao
nascer: 3.000 g; comprimento: 48 cm; Perímetro
cefálico: 34 cm.
Ao exame: Acianótico, anictérico, afebril. Peso:
3.200 g; comprimento: 50 cm; Perímetro cefálico: 35
cm.
Abdome Globoso, sem alteração a palpação.
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Discente: Marcela Hikari Cabral Kato

Presença de lesões em cavidade oral e língua, esbranquiçadas, aderentes, de aspecto leitoso.


Descreva o que acomete a cavidade oral, e principal diagnostico diferencial, apontado para
ações necessárias para cuidado deste RN. Em relação as descrições do ato evacuatório do
RN como você avalia e orienta a nutriz?
Resposta:
Cavidade oral: Monolíase oral/Candidíase oral;
Diagnóstico diferencial: Observa-se que a maioria (mais de 90%) dos pacientes que possuem
uma lesão branca apresenta candidíase. Do restante, 85% têm leucoplasia; 4,9% hiperqueratose
dos fumantes; 3,4% mucosa modiscada; 3,3% líquen plano; 2,1% papilite nicotínica; 0,9%
leucoedema e as demais patologias somadas não chegam a 0,5%.
Conduta: Mãos limpar, higienizar a boca da criança usando um pano macio enrolado no dedo e
umedecido com água e sal, usar nistatina (25 a 50.000 UI/kg/dose, 1 a 2 mL, via oral, de 6/6
horas, espalhando bem na boca da criança durante 7 dias, Levar para reavaliação da equipe de
saúde em uma semana, usar a mesma conduta no seio materno se ele for a fonte da infecção.
Orientações ao ato evacuatório: o bebê pode estar tendo um caso de disquesia, que é quando o
bebê apresenta episódios de esforços muito grande com choro e gemido, face avermelhada,
durante 10 a 20 minutos antes da evacuação das fezes, estas com consistência amolecida. É
muito comum nos primeiros 6 meses de vida e acreditam que está relacionado a uma
incoordenação psicofísica entre a vontade de evacuar e a musculatura intestinal e do assoalho
pélvico, devido à imaturidade neuromuscular do bebê. Chorar é a tentativa do bebê de criar
aumento da pressão intra-abdominal, antes que ele aprenda a aguentar mais efetivamente o
movimento intestinal. Desaparece em algumas semanas e não é necessário nenhum tratamento
farmacológico, apenas medidas para acalmar o bebê como dar colo, afeto etc.

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