Resumo sobre incapacidades ocasionadas pela Hanseníase.
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae de alto poder incapacitante que podem ocorrer através das vias neurogênica e inflamatória. Pode apresentar em diferentes condições clínicas, que vão depender, principalmente, de como a resposta imune do hospedeiro vai reagir contra a bactéria, que possui tropismo por células da pele e dos nervos periféricos, assim determinando os níveis de gravidade da doença. Os principais comprometimentos de caráter neurogênico são: fibras nervosas sensitivas, podendo ocasionar diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil, levando à anestesia; fibras motoras, causando diminuição ou perda da força muscular; fibras autonômicas, levando à diminuição ou perda da sudorese e lubrificação da pele. sudorese e lubrificação da pele. Nos processos inflamatórios identificam-se a uveíte, orquite e outras. Portanto, as lesões primárias são atribuídas às alterações neurológicas e inflamatórias decorrentes da ação direta da bactéria. Na face, as lesões do nervo facial e trigêmeo quando ocorrem simultaneamente, levam à paralisia do músculo orbicular dos olhos, o que mesmo separadamente leva ao comprometimento ocular com anestesia da córnea, lagoftalmo e ou ectrópio. No globo ocular à hanseníase pode associar-se irite, iridociclite, ceratite, com opacidade corneana, ulcerações e infecções secundárias, que comprometem a visão e pode evoluir para a cegueira. Nos membros superiores, os comprometimentos sensitivos podem variar de hipoestesia (diminuição da capacidade de discriminação de textura) à anestesia (perda da sensibilidade protetora), com predisposição a traumas que levam à destruição progressiva das mãos, se não for realizado o autocuidado. As lesões motoras podem evoluir para as deformidades, como "mão em garra", "mão caída", anquiloses e reabsorções. Nos membros inferiores, com a lesão do nervo tibial posterior, ocorrerá a retração dos dedos do pé (garra de artelhos) e a lesão do fibular, que limita dorsiflexão do pé (pé caído) e provoca contratura da articulação tíbio astragalina. Normalmente ocorre lesão do tibial posterior e, em seguida, do fibular, ocasionando perdas sensitivas motoras em grande parte do pé, principalmente na área plantar, com maior risco de traumas e incapacidades que juntamente com a deambulação, podem evoluir para úlceras plantares as quais, se não forem devidamente tratadas, podem gerar infecções secundárias e alterações da estrutura dos pés. Déficits sensitivos, motores e autonômicos são classificados como causas primárias, enquanto lesões traumáticas, retrações e infecções pós-traumáticas são consideradas secundárias, visto que ocorrem em decorrência da ausência de cuidados preventivos após o processo primário. Quando não há comprometimento neural, os pacientes são classificados como grau 0 de incapacidade física, o grau 1 de incapacidade ocorre quando há diminuição ou perda de sensibilidade nos olhos, mãos e pés, e grau 2 de incapacidade quando há lesões mais graves nos olhos, mãos e pés, sendo deformidades e perda de sensibilidade. Nesta avaliação é utilizada o escore OMP (olhos, mãos e pés) é um instrumento complementar de avaliação da graduação da incapacidade no paciente de hanseníase e tem como objetivo proporcionar maior detalhamento sobre cada incapacidade isoladamente, possibilitando uma melhor qualidade do cuidado. Curso de Graduação em Medicina Quadro - Critérios para avaliação do grau de incapacidade física na Hanseníase.
Estas complicações podem ser responsáveis por sequelas permanentes ao
indivíduo, pois podem atingir os receptores nervosos responsáveis pela dor, visão e sensibilidade tátil, tornando-os mais susceptíveis a acidentes, queimaduras, feridas e, até mesmo, amputações, resultando em danos sociais e psíquicos que interferem na qualidade de vida. Referências Bibliográficas: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Guia prático sobre a hanseníase [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017. 68 p. : il. DE CÁSSIA RIBEIRO, Gabriela; LANA, Francisco Carlos Félix. Incapacidades físicas em hanseníase: caracterização, fatores relacionados e evolução. Cogitare Enfermagem, v. 20, n. 3, p. 496-503, 2015. Santana EMF, Brito KKG, Nogueira JA, Leabedal ODCP, Costa MML, Silva MA, et al. Deficiências e incapacidades na hanseníase: do diagnóstico à alta por cura. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. 2018 [acesso em: 10 de maio, 2020];20:v20a15. Disponível em: https://doi.org/10.5216/ree.v20.50436. VIEIRA, Carmen Silvia de Campos; SILVA, Eliete Maria. Ações de prevenção de incapacidades em hanseníase no Ambulatório Regional de Taubaté nos anos 90. Hansen Int, v. 27, n. 1, p. 14-22, 2002.