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Curso de Graduação em

Medicina
Discente: Marcela Hikari Cabral Kato, Turma 1.
AC: Oficina Estações Clínicas.

Resumo sobre incapacidades ocasionadas pela Hanseníase.


A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada pela bactéria Mycobacterium
leprae de alto poder incapacitante que podem ocorrer através das vias neurogênica e
inflamatória. Pode apresentar em diferentes condições clínicas, que vão depender,
principalmente, de como a resposta imune do hospedeiro vai reagir contra a bactéria, que
possui tropismo por células da pele e dos nervos periféricos, assim determinando os níveis
de gravidade da doença.
Os principais comprometimentos de caráter neurogênico são: fibras nervosas
sensitivas, podendo ocasionar diminuição ou perda da sensibilidade térmica, dolorosa e tátil,
levando à anestesia; fibras motoras, causando diminuição ou perda da força muscular; fibras
autonômicas, levando à diminuição ou perda da sudorese e lubrificação da pele. sudorese e
lubrificação da pele. Nos processos inflamatórios identificam-se a uveíte, orquite e outras.
Portanto, as lesões primárias são atribuídas às alterações neurológicas e inflamatórias
decorrentes da ação direta da bactéria.
Na face, as lesões do nervo facial e trigêmeo quando ocorrem simultaneamente,
levam à paralisia do músculo orbicular dos olhos, o que mesmo separadamente leva ao
comprometimento ocular com anestesia da córnea, lagoftalmo e ou ectrópio. No globo
ocular à hanseníase pode associar-se irite, iridociclite, ceratite, com opacidade corneana,
ulcerações e infecções secundárias, que comprometem a visão e pode evoluir para a
cegueira. Nos membros superiores, os comprometimentos sensitivos podem variar de
hipoestesia (diminuição da capacidade de discriminação de textura) à anestesia (perda da
sensibilidade protetora), com predisposição a traumas que levam à destruição progressiva
das mãos, se não for realizado o autocuidado.
As lesões motoras podem evoluir para as deformidades, como "mão em garra", "mão
caída", anquiloses e reabsorções. Nos membros inferiores, com a lesão do nervo tibial
posterior, ocorrerá a retração dos dedos do pé (garra de artelhos) e a lesão do fibular, que
limita dorsiflexão do pé (pé caído) e provoca contratura da articulação tíbio astragalina.
Normalmente ocorre lesão do tibial posterior e, em seguida, do fibular, ocasionando perdas
sensitivas motoras em grande parte do pé, principalmente na área plantar, com maior risco
de traumas e incapacidades que juntamente com a deambulação, podem evoluir para
úlceras plantares as quais, se não forem devidamente tratadas, podem gerar infecções
secundárias e alterações da estrutura dos pés.
Déficits sensitivos, motores e autonômicos são classificados como causas primárias,
enquanto lesões traumáticas, retrações e infecções pós-traumáticas são consideradas
secundárias, visto que ocorrem em decorrência da ausência de cuidados preventivos após o
processo primário.
Quando não há comprometimento neural, os pacientes são classificados como grau
0 de incapacidade física, o grau 1 de incapacidade ocorre quando há diminuição ou perda
de sensibilidade nos olhos, mãos e pés, e grau 2 de incapacidade quando há lesões mais
graves nos olhos, mãos e pés, sendo deformidades e perda de sensibilidade. Nesta
avaliação é utilizada o escore OMP (olhos, mãos e pés) é um instrumento complementar de
avaliação da graduação da incapacidade no paciente de hanseníase e tem como objetivo
proporcionar maior detalhamento sobre cada incapacidade isoladamente, possibilitando uma
melhor qualidade do cuidado.
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Medicina
Quadro - Critérios para avaliação do grau de incapacidade física na Hanseníase.

Estas complicações podem ser responsáveis por sequelas permanentes ao


indivíduo, pois podem atingir os receptores nervosos responsáveis pela dor, visão e
sensibilidade tátil, tornando-os mais susceptíveis a acidentes, queimaduras, feridas e, até
mesmo, amputações, resultando em danos sociais e psíquicos que interferem na qualidade
de vida.
Referências Bibliográficas:
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância
das Doenças Transmissíveis. Guia prático sobre a hanseníase [recurso eletrônico] /
Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das
Doenças Transmissíveis. – Brasília : Ministério da Saúde, 2017. 68 p. : il.
DE CÁSSIA RIBEIRO, Gabriela; LANA, Francisco Carlos Félix. Incapacidades físicas em
hanseníase: caracterização, fatores relacionados e evolução. Cogitare Enfermagem, v. 20,
n. 3, p. 496-503, 2015.
Santana EMF, Brito KKG, Nogueira JA, Leabedal ODCP, Costa MML, Silva MA, et al.
Deficiências e incapacidades na hanseníase: do diagnóstico à alta por cura. Rev. Eletr. Enf.
[Internet]. 2018 [acesso em: 10 de maio, 2020];20:v20a15. Disponível em:
https://doi.org/10.5216/ree.v20.50436.
VIEIRA, Carmen Silvia de Campos; SILVA, Eliete Maria. Ações de prevenção de
incapacidades em hanseníase no Ambulatório Regional de Taubaté nos anos 90. Hansen
Int, v. 27, n. 1, p. 14-22, 2002.

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