Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE CUITO CUANAVALE

INSTITUTO SUPERIOR DE CIENCIAS DA SAUDE DO CUANDO CUBANGO

ENFERMAGEM MÉDICO-CIRÚRGICO E COMUNITÁRIO

TEMA: LEPRA

Autores:
João Ndala Intumba Kambinda
Lúcia Cassule Capemba
Marta Gertrudes Fernando
Madalena Calumbo Cristina Kahilho
Nelson Candido de Almeida Silvestre

Docente

______________________________

Menongue, 2023
CONCEITO

Lepra ou Hanseníase é uma doença crónica causada pela bactéria Mycobacterium


Leprae e, é à resposta inmune ao germe pelo hospedeiro, que leva ao aparecimento de
manchas esbranquiçadas na pele e alteração dos nervos periféricos, o que diminui a
sensibilidade à dor, toque e calor. O nome é em homenagem ao descubridor do bacilo
Gerhar Hansen.

CLASSIFICAÇÃO

A lepra pode ser classificada pelo tipo e número de áreas da pele afetadas:

 Paucibacilar (<5 lesões cutâneas; ausência de bacilos); Pessoas com lepra


paucibacilar têm cinco ou menos áreas da pele afetadas. Nenhuma bactéria é
detectada em amostras coletadas dessas áreas. Este tipo de lepra também
pode se considerar como:

Lepra indeterminada: A forma Indeterminada é a forma inicial e transitória da doença,


mais frequente em crianças; por norma, tem cura espontânea. A partir do estado inicial,
a lepra pode permanecer estável (maior parte dos casos) ou pode evoluir para lepra
tuberculoide ou lepromatosa, dependendo da predisposição genética particular de cada
paciente.

Lepra Tuberculoide: “forma benigna” é causada pelo Mycobacterium leprae e


corresponde à forma imunologicamente estável, paucibacilar e pouco contagiosa da
doença, com baciloscopia negativa que ocorre em indivíduos com algum grau de
resistência ao bacilo.

Esta doença manifesta-se pela presença de um número reduzido de lesões cutâneas, que
podem mostrar-se eritematosas, em descamação, anidróticas, alopécicas e anestésicas.
Esta perda de sensibilidade encontra-se distribuída de forma assimétrica e resulta na
destruição dos nervos cutâneos, que leva a alterações sensitivas e motoras das
extremidades, osteoporose por desuso, reabsorção óssea e mal perfurante plantar.

 Multibacilar (>5 lesões cutâneas; presença de bacilos; espessamento


de nervos periféricos, perda de sensibilidade ou de força muscular). Pessoas
com lepra multibacilar têm seis ou mais áreas afetadas na pele e/ou têm
bactérias detectadas em amostras de uma área afetada. Este tipo de lepra
também pode se considerar como:

Lepra Lepromatosa: forma “maligna” é causada pelo Mycobacterium lepromatosis


(espécie não consensual) e corresponde à forma multibacilar e altamente contagiosa
com baciloscopia positiva da doença. Esta forma ocorre em indivíduos com baixa
resistência imunológica e permite a disseminação de grande número de bacilos por todo
o organismo - pele, nervos, nariz, boca, laringe, faringe, olhos e vísceras.

As manifestações clínicas são numerosas, bilaterais e simétricas e de morfologia,


extensão e localização variáveis. As principais lesões cutâneas incluem:

2
 Máculas eritematosas simétricas;
 Infiltrações difusas na pele, extensas e localizadas no rosto, dorso
das mãos, antebraços e pernas;
 Nódulos e lepromas, que atingem as regiões supraciliares e malares,
as orelhas, o processo mental e os membros (maior frequência
nos cotovelos, joelhos e terço distal dos antebraços). A coexistência destas
lesões com a infiltração difusa resulta no aspeto físico característico de
quem sofre desta doença: facies leonina e alopecia/madarose.

As alterações da mucosa nasal, para além da obstrução nasal e epistaxes, podem


conduzir a fenómenos destrutivos, com consequente perfuração do septo e colapso da
pirâmide nasal. Quando não diagnosticada e tratada precocemente, pode atingir vários
órgãos e ser causador de múltiplas morbilidades, como cegueira, lagoftalmia,
conjuntivite, osteoporose, esterilidade, insuficiências hepática e renal, dedos “em garra”
e mal perfurante plantar.

Dimórfica: Comprende a maior parte dos casos de grupos instáveis, nos quais o
indivíduo pode apresentar lesões de diferentes aspectos. O padrão de resposta imune
celular é intermediário, podendo apresentar mudanças dentro do grupo dimorfo,
desencadeadas por variações imunes do indivíduo pela carga bacilar, condições de
imunossupressão, estados reacionais, retardo do diagnóstico ou do início do tratamento.

FISIOPATOLOGÍA

Após a entrada no organismo, o bacilo desenvolve-se lentamente a duplicação demora


12 a 13 dias. As manifestações clínicas ocorrem quando o bacilo atinge a pele e os
nervos periféricos. As lesões produzidas nos nervos levam à perda da sensibilidade e da
função motora local.

MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS:

 Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas.


 Pele seca com falta de suor e quedas de pêlos, sobretudo nas sobrancelhas.
 Área da pele com perda ou ausência de sensibilidade.
 Parestesias (mãos e pés).
 Dor e sensação de choque nos nervos de braços e pés.
 Diminuição da força dos musculos das mãos e pés.
 Úlceras de pernas e pés.
 Nódulo no corpo.
 Febre, edemas, artralgia, sangramento, mal-estar geral e emagrecimento.

COMPLICAÇÕES

Neurite: São episódios agudos envolvendo os nervos periféricos que ocorrem durante
as reações hansênicas. Podem aparecer nervos engrossados e doloridos, diminuição de
sensibilidade nas áreas inervadas por eles: olhos, mãos e pés, e diminuição da força dos
3
músculos inervados pelos nervos comprometidos. Essas lesões são responsáveis pelas
incapacidades e deformidades características da hanseníase.

Úlceras: São manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com perda da sensibilidade


ao calor, frio, dor e tato; as áreas da pele aparentemente normais têm alteração da
sensibilidade e da secreção de suor; caroços e placas em qualquer local do corpo;
diminuição da força muscular.

Osteoporose: Diminuição da massa óssea e da sua resistência mecânica que ocasiona


suscetibilidade para as fraturas fundamentalmente em mulheres depois da menopausa e
os anciões em geral.

DIAGNÓSTICO.

Os casos de hanseníase são diagnosticados por meio do exame físico geral


dermatológico e neurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de
sensibilidade ou comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas ou
motoras e autonômicas.

Os exames complementares são a baciloscopia, que busca visualizar a bactéria, e a


histopatologia, que analisa as alterações do tecido.

TRATAMENTO

A cura é mais facil e rápida quanto mais precoce for o diagnóstico, o tratamento é por
via oral, de acordo a lista nacional de medicamentos essenciais os medicamentos
utilizados no tratamento da lepra incluem:
Nome genérico Apresentação RAM Contra-indicações Precauções
Clofazimina Cápsula 50mg Pele seca,
Cápsula 100mg descoloração,
Comprimido 25 mg nauseas, vomitos,
Dapsona Comprimido 50 mg rash, prurido,
Comprimido 100 mg mareos, cefaleias, Hipersensibilidade Adultos
anemia hemolítica ao medicamento. maiores
Comprimido 150 mg Febre, rash, Neurites ópticas. Transtornos
Comprimido 300 mg prurido, Crianças menores visuais.
leucopenia, de 6 anos.
Rifampicina. vertigem, nauseas,
vomitos, neuritis
diarreias, gota,
fadiga,
estrenhimento.

4
MEDIDAS DE CONTROLO

 Notificação obrigatória segundo o programa.


 Não requer isolamento nas quarentenas.
 Desinfecções concorrentes dos exsudados nasais.
 Investigação dos contactos: exames neurológicos e dermatológicos, durante 5
anos.
 Quimioprofilaxia.

CUIDADOS DE ENFERMAGEM

 Realizar orientações quanto a importância de aparecimento dos contactos para


realização dos testes de baciloscopia.
 Ressaltar a importância do tratamento
 Explicar sobre as possíveis reações adversas dos medicamentos.
 Realizar visitas domiciliares a pacientes com risco de abandono e aos faltosos.
 Orientar, treinar e supervisionar os agentes de saúde para o reconhecimento de
casos suspeitos.
 Dar educação sanitária acerca da doença.

5
CONSIDERAÇOES FINAIS

Lepra ou Hanseníase é uma doença crónica causada pela bactéria Mycobacterium


Leprae, que leva ao aparecimento de manchas esbranquiçadas na pele e alteração dos
nervos periféricos, o que diminui a sensibilidade à dor, toque e calor. Ela pode ser
classificada pelo tipo e número de áreas da pele afetada. A cura é mais fácil e rápida
quanto mais precoce for o diagnóstico, o tratamento é seguido de acordo com a
orientação do médico, respeitando a dosagem e o tempo de tratamento, sendo
normalmente indicado o uso de antibióticos.

Você também pode gostar