Você está na página 1de 9

DIP – Hanseníase domicílio configura-se como um importante

espaço de transmissão da doença.


DESCRIÇÃO
PERÍODO DE INCUBAÇÃO
Doença infectocontagiosa de caráter crônico,
com manifestações dermatoneurológicas e Dura em média de dois a sete anos, embora haja
potencial incapacitante, que pode acometer referências a períodos inferiores a dois e
pessoas de ambos os sexos e de todas as faixas superiores a dez anos.
etárias. Está inserida no grupo de doenças
tropicais negligenciadas e prevalece em áreas em SUSCETIBILIDADE E IMUNIDADE
que a população vive em situações de Estima-se que a maioria das pessoas possua
vulnerabilidade socioeconômica, com defesa natural (imunidade) contra o M. leprae,
dificuldades de acesso aos serviços de saúde. portanto a maior parte da população que tiver
Embora persistam o estigma e a discriminação, contato com o bacilo não adoecerá. É sabido que
fatores marcantes da exclusão social ao longo da a suscetibilidade ao M. leprae tem influência
história, a hanseníase tem cura, e o tratamento genética. Assim, familiares de pessoas com
está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS). hanseníase apresentam maior chance de
adoecer.
AGENTE ETIOLÓGICO

Mycobacterium leprae. Esse bacilo pode infectar MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS


grande número de indivíduos (alta infectividade), Para melhor compreensão e facilidade de
embora poucos adoeçam (baixa patogenicidade). definição de caso, recomenda-se a utilização da
O M. leprae tem predileção pela pele e pelos classificação de Madri (1953): hanseníase
nervos periféricos, especificamente as células de indeterminada, tuberculoide, dimorfa e
Schwann. Pertencente à categoria de parasita virchowiana.
intracelular álcool-ácido resistente, esse bacilo
não cresce em meios de cultura artificiais, ou AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA DOENÇA
seja, não é cultivável in vitro. ESTÃO DIRETAMENTE RELACIONADAS AO
TIPO DE RESPOSTA IMUNE AO M. LEPRAE:
RESERVATÓRIO
• Hanseníase indeterminada: forma inicial. Pode
O ser humano é reconhecido como a única fonte evoluir espontaneamente para a cura ou para as
de transmissão. formas polarizadas em aproximadamente 25%
dos casos, o que costuma ocorrer no prazo de
MODO DE TRANSMISSÃO
três a cinco anos. Geralmente, encontra-se
A transmissão ocorre quando uma pessoa com apenas uma lesão, de cor mais clara que a pele
hanseníase, na forma infectante da doença e sem normal, com distúrbio da sensibilidade, ou áreas
tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, circunscritas de pele com aspecto normal e com
presente em gotículas emitidas pelas vias áreas distúrbio de sensibilidade, podendo ser
superiores, infectando outras pessoas quando há acompanhadas de alopecia e/ou anidrose.
um contato mais próximo e prolongado. O M.
Leprae é um bacilo microaerófilo, ou seja, cresce • Hanseníase tuberculoide: forma clínica que
em ambientes com quantidades pequenas de aparece em pessoas com maior resistência
oxigênio. Sendo assim, ambientes fechados e com imune, com limitação de lesões e formação de
maior número de pessoas aumentam as chances granuloma bem definido. As lesões são poucas
de transmissão da doença. Desse modo, o (ou única), de limites bem definidos e pouco
elevadas, e com ausência de sensibilidade mucosa oral. Costumam ocorrer infiltração facial
(dormência), com distribuição assimétrica. Ocorre com madarose superciliar e ciliar, hansenomas
comprometimento de um tronco nervoso, o que nos pavilhões auriculares, e espessamento e
pode causar dor, fraqueza e atrofia muscular. acentuação dos sulcos cutâneos. Pode, ainda,
Próximos às lesões em placa, podem ser ocorrer acometimento da laringe, com quadro de
encontrados filetes nervosos espessados. Nas rouquidão, e de órgãos internos (fígado, baço,
lesões e/ou nos trajetos de nervos, tende a haver suprarrenais e testículos), bem como a
perda total da sensibilidade térmica, tátil e hanseníase histoide, com predominância de
dolorosa, ausência de sudorese e/ou alopecia. A hansenomas com aspecto de queloides ou
forma nodular infantil pode acometer crianças de fibromas, com grande número de bacilos.
1 a 4 anos, quando há um foco multibacilar no Observa- -se o comprometimento de maior
domicílio. A clínica é caracterizada por lesões número de troncos nervosos.
papulosas ou nodulares, únicas ou em pequeno
número, principalmente na face. CARACTERÍSTICAS

• Hanseníase dimorfa (ou borderline): forma A hanseníase pode cursar com períodos de
clínica caracterizada por imunidade intermediária agudização da doença e das alterações
e instável da doença, com características clínicas inflamatórias, agudas, consequentes a
e laboratoriais que podem se aproximar do polo mecanismos imunológicos, os chamados estados
tuberculoide ou virchowiano. A variedade de reacionais. Na forma dimorfa e na forma
lesões cutâneas é maior e estas se apresentam virchowiana, as lesões tornam-se avermelhadas;
como placas, nódulos eritêmato-acastanhados, e os nervos, inflamados e doloridos. Na forma
em grande número, com tendência à simetria. As virchowiana, pode surgir o eritema nodoso
lesões mais características dessa forma clínica são hansênico (estado reacional): lesões nodulares,
denominadas lesões pré-foveolares ou endurecidas e dolorosas nas pernas, nos braços e
foveolares, sobrelevadas ou não, com áreas na face, acompanhadas de febre, mal-estar, piora
centrais deprimidas e aspecto de pele normal, do estado geral e inflamação de órgãos internos
com limites internos nítidos e externos difusos. O
COMPLICAÇÕES DIRETAS
acometimento dos nervos é mais extenso,
podendo ocorrer neurites agudas de grave Decorrem da presença do bacilo na pele e em
prognóstico. outros tecidos, principalmente em quantidades
maciças, como é o caso dos pacientes
• Hanseníase virchowiana: nesse caso, a multibacilares (MB). A rinite hansênica é causada
imunidade celular é nula, com exacerbação e pela intensa infiltração da mucosa do trato
especificidade da resposta humoral, favorecendo respiratório superior. A ulceração da mucosa
a excessiva multiplicação de bacilos e levando a septal leva à exposição da cartilagem, seguida de
uma maior gravidade da doença, com anestesia necrose e perfuração, ou mesmo perda completa
dos pés e das mãos. Esse quadro favorece o desse suporte da pirâmide nasal. Se houver
surgimento de lesões traumáticas como comprometimento dos ossos próprios nasais, o
complicação, que por sua vez podem causar colapso nasal é completo, com o surgimento do
deformidades, atrofia muscular, inchaço das característico nariz desabado ou “em sela”. Na
pernas e surgimento de lesões nodulares mucosa oral, os principais sinais podem ser
(hansenomas) na pele. As lesões cutâneas observados na gengiva, na porção anterior da
caracterizam-se por placas infiltradas e nódulos, maxila, palato duro e mole, úvula e língua, com
de coloração eritêmato-acastanhada ou nódulos que ulceram e necrosam. Na área ocular,
ferruginosa, passíveis de se instalar também na a triquíase decorre de processo inflamatório do
próprio bulbo piloso ou por atrofia dos tecidos com consequente impossibilidade de oclusão das
que apoiam os folículos, com posicionamento pálpebras, levando ao lagoftalmo. As
anômalo dos cílios, podendo atingir córnea e complicações secundárias são devidas, em geral,
conjuntiva. O expressivo comprometimento dos ao comprometimento neural, embora requeiram
bulbos, com perdas tanto ciliares como um segundo componente causador. As mais
supraciliares, pode levar à madarose ciliar e comuns são as úlceras em mãos e pés, as quais,
supraciliar. Por fim, os frequentes infiltrados devido à perda de sensibilidade protetora, fazem
inflamatórios de pálpebras e pele da região com que a pessoa se exponha a traumas
frontal permitem o surgimento de rugas precoces (queimadura, pressão exacerbada em
e pele redundante palpebral, resultando em determinados pontos, fricção ou perfuração com
blefarocalase. corpo estranho), causando lesões ulceradas na
pele. Da mesma forma, a perda da sensibilidade
COMPLICAÇÕES DECORRENTES DE LESÃO autonômica, que inerva as glândulas sebáceas
NEURAL sudoríparas, leva à perda da lubrificação natural
Podem ser divididas em primárias, decorrentes da pele, deixando-a seca e frágil ao trauma.
do comprometimento sensitivo e motor após
REAÇÕES HANSÊNICAS
reações hansênicas, e secundárias. As
complicações secundárias são consequentes às Os estados reacionais ou reações hansênicas são
alterações geradas pelas complicações primárias, alterações do sistema imunológico, que se
como o mal perfurante plantar em paciente com exteriorizam como manifestações inflamatórias
perda de sensibilidade. agudas e subagudas. Essas reações podem
ocorrer antes do diagnóstico de hanseníase
Os troncos nervosos mais acometidos, no
(oportunizando esse diagnóstico da doença),
membro superior, são o nervo ulnar, o nervo
durante ou depois do tratamento com uma
mediano e o nervo radial. A lesão do nervo ulnar
associação de antibióticos e quimioterápicos, a
acarreta a paralisia da musculatura intrínseca da
Poliquimioterapia Única (PQT-U), e caracterizam-
mão, que leva à hiperextensão das articulações
se por:
metacarpo-falangianas do segundo ao quinto
dedo, com flexão das interfalangianas, • Reação tipo 1 ou reação reversa: aparecimento
ocasionando a garra ulnar. O nervo mediano, agudo de novas lesões dermatológicas (manchas
acometido na região do punho, leva à paralisia ou placas), infiltração, alterações de cor e edema
dos músculos tenares, com perda da oposição do nas lesões antigas, com ou sem espessamento e
polegar. A lesão do nervo radial, menos neurite.
acometido entre eles, conduz à perda da
• Reação tipo 2: o eritema nodoso hansênico é a
extensão de dedos e punho, causando
expressão clínica mais frequente, cujo quadro
deformidade em “mão caída”. No membro
inclui nódulos subcutâneos dolorosos,
inferior, a lesão do tronco tibial posterior acarreta
acompanhados ou não de febre, dores articulares
a garra dos artelhos e importante perda de
e mal- -estar generalizado, com ou sem
sensibilidade da região plantar, com graves
espessamento e neurite.
consequências secundárias (úlceras plantares). A
lesão do nervo fibular comum pode provocar a • Reação crônica ou subintrante: a reação
paralisia da musculatura dorsiflexora e eversora subintrante é a reação intermitente cujos surtos
do pé. O resultado é a impossibilidade de elevar o são tão frequentes que, antes de terminado um,
pé, com marcada alteração da dinâmica normal surge outro. Os doentes respondem ao
da marcha (“pé caído”). Na face, a lesão do nervo tratamento com os medicamentos utilizados para
facial causa paralisia da musculatura orbicular,
a reação, mas, tão logo a dose seja reduzida ou baciloscopia não exclui o diagnóstico da
retirada, a fase aguda recrudesce. Isso pode hanseníase, também não classifica
acontecer mesmo na ausência de doença ativa e obrigatoriamente o doente como PB.
perdurar por muitos anos após o tratamento.
• Exame histopatológico: indicado como apoio na
DIAGNÓSTICO CLÍNICO elucidação diagnóstica em casos mais
complicados e principalmente para diagnóstico
O diagnóstico se dá por meio do exame clínico e diferencial. Na ausência de bacilos visíveis, esse
epidemiológico. É realizado por meio do exame exame não deve ser utilizado isoladamente para
da pele e dos nervos para identificar lesões ou classificação como PB ou MB. Quando
áreas de pele com alteração de sensibilidade disponíveis, os exames laboratoriais
e/ou comprometimento de nervos periféricos, complementares, como hemograma, TGO, TGP e
com alterações sensitivas e/ ou motoras e/ou creatinina, devem ser solicitados no início do
autonômicas. Também se faz necessária a tratamento, em casos de episódios reacionais e
investigação do histórico familiar de casos de efeitos adversos a medicamentos no seguimento
hanseníase e da rede social de convívio, como dos doentes. A análise dos resultados desses
forma de analisar o contexto socioepidemiológico exames não deve retardar o início da PQT-U,
no qual o indivíduo está inserido exceto nos casos em que a avaliação clínica
A classificação operacional (Quadro 1) do caso de sugerir doenças que contraindiquem o início do
hanseníase é baseada no número de lesões tratamento.
cutâneas, de acordo com os seguintes critérios,
ELETROFISIOLÓGICO
conforme recomendações da Organização
Mundial da Saúde (OMS): • Eletroneuromiograma (eletroneuromiografia):
quando disponível, é indicada como apoio na
 Paucibacilar (PB): casos com até cinco
elucidação diagnóstica em casos mais
lesões de pele.
complicados e principalmente para diagnóstico
 Multibacilar (MB): casos com mais de
diferencial.
cinco lesões de pele.
TRATAMENTO

O tratamento da hanseníase é realizado no


âmbito do SUS, em regime ambulatorial, por
meio de PQT-U, padronizada pela OMS. Está
disponível em unidades públicas de saúde,
básicas e de referência. Os medicamentos são
disponibilizados via Componente Estratégico da
Assistência Farmacêutica (Cesaf) e estão alocados
no Anexo II da Relação Nacional de
Medicamentos Essenciais – Rename (BRASIL,
LABORATORIAL
2020a). A PQT-U é eficaz e diminui a resistência
• Exame baciloscópico: a baciloscopia (esfregaço medicamentosa do bacilo, provocando a sua
intradérmico raspado de pele) deve ser utilizada morte e evitando a evolução da doença. Ou seja,
como exame complementar para a classificação se o tratamento é realizado de forma completa e
dos casos como PB ou MB. A baciloscopia positiva correta, a transmissão da doença é interrompida,
classifica o caso como MB, independentemente o que impede que outras pessoas sejam
do número de lesões. O resultado negativo da infectadas, e o paciente é curado. O paciente
deve tomar as doses mensais supervisionadas recebem a cartela com os medicamentos nas
pelo profissional de saúde. As demais são doses a serem autoadministradas em domicílio.
autoadministradas. A alta por cura é dada após a Essa oportunidade deve ser aproveitada para
administração do número de doses preconizado, avaliação do doente, em caso de:
dentro do prazo recomendado.
• Comprometimento neural. • Surgimento de
reações hansênicas. • Efeitos adversos. •
Orientações sobre higiene e autocuidado.

Também devem-se convocar e agendar contatos


faltosos para serem examinados, esclarecer
dúvidas e fornecer orientações.

O cartão de agendamento deve ser usado para


registro e aprazamento da administração das
doses supervisionadas administradas,
HANSENÍASE PAUCIBACILAR agendamento de retorno e avaliações
neurológicas simplificadas, registro de dados
Duração: 6 doses.
clínicos gerais e contatos.
Seguimento dos casos: comparecimento mensal
CRITÉRIOS DE ALTA POR CURA
para dose supervisionada.
O encerramento da PQT-U deve acontecer
Critério de alta: o tratamento estará concluído
segundo os critérios de regularidade no
com 6 doses supervisionadas em até 9 meses.
tratamento: número de doses registradas e
Na última dose do tratamento, devem-se realizar tempo de tratamento recomendado, sempre com
o exame físico, a avaliação neurológica avaliação neurológica simplificada, avaliação do
simplificada e a avaliação do grau de grau de incapacidade física e orientação para os
incapacidade física, e dar alta por cura. cuidados após a alta. Para pacientes PB, o
tratamento estará concluído com seis doses
HANSENÍASE MULTIBACILAR supervisionadas em até nove meses. Para MB, o
tratamento estará concluído com 12 doses
Duração: 12 doses.
supervisionadas em até 18 meses.
Seguimento dos casos: comparecimento mensal
As seguintes situações devem ser observadas:
para dose supervisionada.
• Condutas para pacientes irregulares: aqueles
Critério de alta: o tratamento estará concluído
que não completaram o tratamento preconizado
com 12 doses supervisionadas em até 18 meses.
PB (seis doses, em até nove meses) e MB (12
Na última dose do tratamento, devem-se realizar doses, em até 18 meses) deverão ser avaliados
o exame físico, a avaliação neurológica quanto à necessidade de reinício ou à
simplificada e a avaliação do grau de possibilidade de aproveitamento de doses
incapacidade física, e dar alta por cura. anteriores, visando à finalização do tratamento
dentro do prazo preconizado.
SEGUIMENTO DE CASOS
• Casos MB que iniciam o tratamento com
Os pacientes devem ser agendados para retorno numerosas lesões ou extensas áreas de infiltração
a cada 28 dias. Nessas consultas, eles tomam a cutânea podem ter um risco maior de
dose supervisionada no serviço de saúde e desenvolver reações e dano neural após
completar as 12 doses. Esses casos poderão cura. Após a confirmação da recidiva, esses casos
apresentar uma regressão mais lenta das lesões devem ser notificados no modo de entrada
de pele. A maioria desses doentes continuará a “recidiva”. O diagnóstico diferencial entre reação
melhorar após a conclusão do tratamento com 12 e recidiva deverá ser baseado na associação de
doses. É possível, no entanto, que alguns deles exames clínicos e laboratoriais, especialmente a
não demonstrem melhora clínica ou apresentem baciloscopia de raspado intradérmico.
involução das lesões em comparação com o
momento do diagnóstico. Se isso acontecer, RESISTÊNCIA MEDICAMENTOSA
deverão ser avaliados pela referência (municipal, Situação rara, da qual se deve suspeitar quando
regional, estadual ou nacional) quanto à pacientes que realizaram tratamento adequado
necessidade de 12 doses adicionais da PQT-U. apresentam evolução desfavorável sem sinais de
Nesse caso, o tratamento deverá ser definido a melhora clínica, mesmo após a extensão do
partir da associação de sinais de atividade da tempo de tratamento, resultando em falência
doença, mediante exame clínico e correlação terapêutica. Esses casos devem ser
laboratorial (baciloscopia e, se indicada, encaminhados à referência para avaliação clínica
histopatologia). A alta por cura representa a saída e investigação laboratorial de resistência
do paciente do registro ativo da doença no bacteriana aos medicamentos preconizados.
Sistema de Informação de Agravos de Notificação
(Sinan), mas não impede que o usuário continue a DEVE-SE SUSPEITAR DE RESISTÊNCIA
ser acompanhado na atenção primária por equipe MEDICAMENTOSA QUANDO:
multidisciplinar, que pode continuar a prestar
• Aparecerem lesões invadindo áreas
apoio social, apoio psicológico, vigilância/controle
habitualmente poupadas, como linha média
das reações hansênicas, tratamento da dor
dorsal, região central da coluna vertebral, axilas e
neuropática, reabilitação e tratamento de
oco poplíteo.
comorbidades (hipertensão arterial, diabetes
mellitus, entre outros). • Houver alterações enzimático-metabólicas dos
doentes que implicarem diminuição da eficácia
SITUAÇÕES PÓS-ALTA POR CURA
dos medicamentos, a qual será aventada quando,
Reações pós-alta por cura Pacientes na situação na investigação molecular de resistência
de pós-alta por cura podem apresentar reações medicamentosa, o bacilo não apresentar
hansênicas tipo 1 (reação reversa) e tipo 2 mutação de resistência a nenhum dos principais
(eritema nodoso hansênico). Nesses casos, é medicamentos da PQT-U. Casos de hanseníase
preciso fazer o diagnóstico diferencial com com irregularidade do tratamento são os que têm
recidivas. maior probabilidade de apresentar bacilo com
resistência medicamentosa e, por isso, devem ser
RECIDIVA encaminhados às unidades de referências para
Definem-se como recidiva todos os casos de acompanhamento.
hanseníase tratados regularmente, com os
VIGILÂNCIA EPIDEMIOLÓGICA
esquemas padronizados e corretamente
indicados, que receberam alta por cura, isto é,
saíram do registro ativo da doença no Sinan, e OBJETIVOS
que voltaram a apresentar novos sinais e • Detectar e tratar precocemente os casos novos,
sintomas clínicos de doença infecciosa ativa. Os a fim de interromper a cadeia de transmissão e
casos de recidiva em hanseníase geralmente prevenir as incapacidades físicas.
ocorrem em período superior a cinco anos após a
• Examinar e orientar contatos de casos novos de que deve ser preenchida por profissionais de
hanseníase, com enfoque na detecção em fase saúde no local em que o paciente foi
inicial da doença e na redução das fontes de diagnosticado, sejam esses serviços públicos ou
transmissão. privados dos três níveis de atenção à saúde. A
notificação deve seguir o fluxo do Sinan
• Examinar e orientar os indivíduos que residem
estabelecido para cada unidade de saúde,
em áreas de elevada endemicidade (áreas
permanecendo uma cópia do documento
territoriais de maior risco), com enfoque na
anexada ao prontuário.
detecção precoce e na redução das fontes de
transmissão. A vigilância epidemiológica deve ser INVESTIGAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA
organizada em todos os níveis de complexidade
da Rede de Atenção à Saúde, de modo a garantir Tem por finalidade a descoberta de casos entre
informações a respeito da distribuição, da os indivíduos que convivem ou conviveram com o
magnitude e da carga da doença, nas diversas doente e suas possíveis fontes de infecção. A
áreas geográficas. A descoberta do caso de partir do diagnóstico de um caso de hanseníase,
hanseníase é feita por meio da detecção ativa deve ser feita, de imediato, a investigação
(investigação epidemiológica de contatos e epidemiológica. As pessoas que vivem com o
exame de coletividade, como inquéritos e doente correm maior risco de serem infectadas e
campanhas) e passiva (demanda espontânea e de adoecerem do que a população geral. Essa é a
encaminhamento). principal medida de controle para estabelecer a
rede de contatos e de possíveis demais casos de
DEFINIÇÃO DE CASO hanseníase a partir do caso notificado. A entrada
do caso suspeito de hanseníase deve se dar pela
Considera-se caso de hanseníase a pessoa que
Unidade Básica de Saúde (UBS), porta de entrada
apresente um ou mais dos seguintes sinais
ao SUS.
cardinais, necessitando de tratamento com PQT:
ROTEIRO DA INVESTIGAÇÃO
• lesão(ões) e/ou área(s) da pele com alteração
da sensibilidade térmica e/ou dolorosa e/ou tátil;
ou IDENTIFICAÇÃO DO PACIENTE
O modo de entrada “caso novo” corresponde ao
• comprometimento do nervo periférico,
caso de hanseníase que nunca recebeu qualquer
geralmente espessamento, associado a
tratamento específico. O modo de entrada
alterações autonômicas e/ou sensitivas e/ou
“outros reingressos” representa situações em que
motoras; ou
o paciente recebeu algum tipo de saída, a
• presença de bacilos M. leprae, confirmada na exemplo de abandono, e retorna requerendo
baciloscopia de esfregaço intradérmico e/ou na tratamento específico para hanseníase – à
biópsia de pele (a baciloscopia negativa não exceção dos casos de recidiva. Outras entradas
descarta o diagnóstico de hanseníase) possíveis são transferência do mesmo município
(outra unidade), transferência de outro município
NOTIFICAÇÃO (mesma unidade da Federação – UF),
A hanseníase é doença de notificação transferência de outro estado, transferência de
compulsória em todo o território nacional e de outro país e recidiva. Para recidiva, ver o item
investigação obrigatória. Cada caso identificado sobre investigação de recidivas. Coleta de dados
deve ser notificado, na semana epidemiológica de clínicos e epidemiológicos.
ocorrência do diagnóstico, por meio da Ficha de
Notificação/Investigação da Hanseníase do Sinan,
Os dados deverão ser registrados, consolidados e comparecerem à dose supervisionada deverão
analisados pela unidade de saúde e pelas esferas ser visitados nos domicílios em no máximo 30
municipal, estadual e federal do sistema de dias, buscando-se a continuidade do tratamento
saúde. A análise dos dados permitirá conhecer a até a cura. No ato do comparecimento à unidade
distribuição espacial dos casos, por sexo, faixa de saúde, para receber a medicação específica
etária e classificação operacional, além de avaliar preconizada de modo supervisionado, o paciente
a tendência da endemia. Acompanhamento do deve ser avaliado por um médico e/ou
caso Informações relativas ao acompanhamento enfermeiro responsável pelo monitoramento
do caso são úteis para a avaliação da efetividade clínico e terapêutico, com o objetivo de verificar a
do tratamento e da qualidade da atenção. Por ser evolução clínica da doença e identificar reações
a hanseníase uma doença infecciosa crônica, os hansênicas, efeitos adversos aos medicamentos
casos notificados demandam atualização das em uso e possível surgimento de dano neural.
informações do acompanhamento e seguimento Recomenda-se a avaliação do exame físico no
da evolução clínica dos casos notificados pela mínimo uma vez ao ano, por pelo menos cinco
unidade de saúde, mediante o preenchimento do anos, de todos os contatos que não foram
Boletim de Acompanhamento de casos do Sinan. diagnosticados com hanseníase na avaliação
O município é responsável por imprimir e enviar inicial, independentemente da classificação
mensalmente, às unidades de saúde, o Boletim operacional do caso notificado – paucibacilar (PB)
de Acompanhamento com o nome dos pacientes ou multibacilar (MB). Após esse período, esses
notificados, para atualização das informações. contatos deverão ser informados quanto à
Após a atualização, as unidades de saúde deverão possibilidade de surgimento, no futuro, de sinais
devolvê-lo à vigilância epidemiológica para a e sintomas sugestivos de hanseníase. A Ficha de
digitação no Sinan. As alterações dos casos no Notificação/Investigação e o Boletim de
Sinan só poderão ser feitas no primeiro nível Acompanhamento são essenciais para a análise
informatizado. O Boletim de Acompanhamento dos indicadores epidemiológicos e operacionais,
de casos deve ser encaminhado pela unidade de os quais subsidiam as avaliações das intervenções
saúde, ao final de cada mês, ao nível hierárquico e embasam o planejamento de novas ações
superior, preenchido com as seguintes
informações: data do último comparecimento; ENCERRAMENTO DE CASO
classificação operacional atual; esquema O término da PQT-U (alta por cura) deve ser
terapêutico atual; número de doses de PQT-U estabelecido segundo os critérios de regularidade
administradas; número de contatos examinados; ao tratamento: número de doses e tempo de
e, em caso de encerramento do caso, o tipo de tratamento, de acordo com cada esquema
encerramento, a data do encerramento e o grau mencionado anteriormente, sempre com
de incapacidade na alta por cura. O Boletim de avaliação neurológica simplificada, avaliação do
Acompanhamento deverá conter informações grau de incapacidade física e orientação para os
relativas ao monitoramento do número de cuidados pós-alta. A saída por “abandono”
contatos domiciliares registrados e o número de deverá ser informada no caso de doentes com
contatos domiciliares examinados, referentes ao classificação operacional PB que não
primeiro exame realizado, após o diagnóstico do compareceram ao serviço de saúde por mais de
caso notificado. Recomenda-se aproveitar a três meses consecutivos, e de doentes com
presença do doente na unidade de saúde para classificação operacional MB que não
agendar o exame físico de todos os contatos e compareceram ao serviço de saúde por mais de
orientar a administração da vacina BCG, seis meses consecutivos, a partir da data do
conforme preconizado. Os doentes que não último comparecimento, apesar de repetidas
tentativas do serviço para o retorno e o
seguimento do tratamento. Somente a unidade
de saúde responsável pelo acompanhamento do
paciente deverá informar no Boletim de
Acompanhamento do Sinan o “tipo de saída” por
abandono. Casos que retornam ao mesmo ou a
outro serviço de saúde após abandono do
tratamento devem ser reexaminados para
definição da conduta terapêutica adequada,
notificados no Sinan com o modo de entrada
“outros reingressos” e registrados no campo
“observações” como “reingresso por abandono”.

OUTROS ENCERRAMENTOS POSSÍVEIS

são transferência para o mesmo município, para


outro município, para outro estado ou para outro
país, óbito por hanseníase ou por outra causa,
como erro diagnóstico

FLUXOGRAMA

Você também pode gostar