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Doenças virais:
o Herpes vírus simples:
- 2 formas de contágio: primária (sistêmica) e secundária (localizada).
- Herpes vírus simples primário: Contágio através da saliva infectada ou de lesões periorais
ativas. Atinge faringe, regiões intraorais, lábios, olhos e pele acima da cintura.
- Gengivoestomatite herpética primária. Padrão mais comum da infecção primária.
Desenvolvem diversas vesículas puntiformes, que rompem e formam diversas lesões
pequenas e avermelhadas. Erupção vesicular na pele, vermelhão no lábio e na mucosa oral.
Tratamento: aciclovir e análogos; deve ser iniciado precocemente. 7 - 10 dias as lesões
regridem sem formação de cicatriz.
- Herpes secundária ou recorrente: é a reativação do vírus latente. Sintomas prodrômicos:
formigamento, queimação ou dor no local em que irão aparecer. Vesículas frágeis
aparecem, se rompem e formam “mapas”; Pápulas pequenas e eritematosas que formam
grupamentos de vesículas preenchidas por líquido. Conhecida como “HERPES LABIAL”.
Tratamento: aciclovir. Diagnóstico diferencial: Pênfigo vulgar, líquen plano erosivo, doença
da imunoglobulina A linear, alergia de contato, lúpus eritematoso discoide, epidermólise
bolhosa adquirida.
- Panarício herpético: infecção primária ou secundária pelo HSV que envolve os dedos.
o Varicela-zóster:
- Doença primária (varicela, catapora): erupção vesicular no tronco, na cabeça e no pescoço
ocorrendo em episódios sucessivos; sinais e sintomas sistêmicos como febre, mal-estar,
outros. Tratamento: suporte.
- Varicela: Passa por ela na infância (maioria). Febre, calafrios, mal-estar e cafaleia podem
acompanhar. Infecção autolimitante e dura várias semanas. Mucosa oral pode ser
envolvida e demonstra várias úlceras superficiais, que são precedidas por vesículas de curta
duração. Diagnóstico diferencial: HSV e mão-pé-boca.
- Doença secundária (Zóster, Cobreiro): Exantema, vesículas e úlceras dolorosas
unilateralmente ao longo do dermátomo. Grande chance de neuralgia/dor pós-herpética
intensa. Tratamento: aciclovir
- Herpes-zoster: Sintomas prodrômicos de dor e parestesia se desenvolvem e persistem por
vários dias assim que o vírus infecta o nervo sensorial de um dermátomo (tronco ou cabeça
e pescoço). Erupção vesicular na pele torna-se pustular úlcera. Diagnóstico
diferencial: HSV (indistinguível pelos aspectos clínicos). Tratamento: aciclovir.
o Doença Mãos-Pés-Boca:
- Picornavírus: grupo Coxsakie A.
- Predominantemente em crianças menores de 5 anos. Condição é resolvida
espontaneamente em 1 a 2 semanas. Sintomas de intensidade leve a moderada. Febre
baixa, mal-estar, linfadenopatia e dor moderada na boca. Iniciada com vesículas que se
rompem e se tornam úlceras, que são cobertas por uma membrana fibrinosa amarela
circundado por um halo eritematoso. Lesões múltiplas podem ocorrer: na boca (palato,
língua e mucosa jugal); lesões maculopapulares nos pés e mãos.
- Diagnóstico diferencial: gengivoestomatite herpética primária e varicela
o Herpangina:
- Infecção pelo vírus Coxsakie A.
- Enantema vesicular. Mal-estar, febre, disfagia e dor na garganta após curto período de
incubação. Intaoral: erupção vesicular no palato mole, nos pilares amigdalianos e nas
tonsilas (4 a 6 dias); faringe eritematosa difusa presente. Duram menos de 1 semana.
Diagnóstico diferencial: Gengivoestomatite herpética primária, MPB e varicela.
o Sarampo:
- Família paramixovírus
- Transmitido através de gotículas de ar pelo epitélio respiratório da nasofaringe. Pico de
incubação: 7 a 21 dias, com período prodrômico de 1 a 7 dias. Período contagioso: 4 dias
antes até 4 dias após o início da erupção cutânea ou exantema.
- Elevações puntiformes na região do palato mole que coalescem com um leve eritema da
faringe; tonsilas podem apresentar azul-acinzentadas (mancha de Herman).
- Sintomas prodrômicos: febre, mal-estar, coriza, conjuntivite, fotofobia e tosse.
- 1 a 2 dias pequenas máculas eritematosas com o centro branco necrótico aparecem na
mucosa jugal. Manchas de Koplik anunciam o início da erupção cutânea maculopapular.
Exantema inicial afeta cabeça e pescoço, seguido de tronco e extremidades. Complicações:
encefalite e púrpura trombocitopênica; infecção secundária pode desenvolver como otite
média ou pneumonia.
Doenças Imunológicas:
o Pênfigo vulgar:
- Bolhas intraepiteliais (resultam na quebra ou perda da adesão intercelular entre os
queratinócitos, resultando na separação das células epiteliais da pele e das mucosas). Após
ruptura das bolas ulceração superficial e difusa dor debilitante, perda de fluidos e
desequilíbrio de eletrólitos.
- Pênfigo vulgar; Pênfigo foliáceo; Pênfigo IgA e Pênfigo paraneoplásico. Se diferenciam em
nível intraepitelial da doença.
- Pênfigo vulgar e vegentante: afetam o epitélio suprabasal; afetam a mucosa oral com ou
sem envolvimento da pele; O vegentante é extremamente raro e é considerado uma
variante do vulgar.
- Pênfigo foliáceo afeta apenas a parte superior da camada espinhosa da pele.
- Pênfigo paraneoplásico: padrão de doença mucocutânea largamente distribuída; variante
do vulgar na presença de uma neoplasia maligna; na síndrome autoimune paraneoplásica é
notado distúrbios e alterações tanto na superfície epitelial como na região da membrana
basal (pacientes apresentam linfoma ou outras malignidades).
- Pênfigo vulgar: vesículas e bolhas flácidas úlceras dolorosas. 1ºs sinais aparecem na
mucosa oral. Bolhas se rompem deixando uma base vermelha, dolorosa e ulcerada com
uma borda ou margem epitelial friável. Varia de lesões pequenas (como lesões aftosas) a
lesões grandes (como mapas). Tração suave na mucosa não afetada descamação do
epitélio (sinal de Nikolsky positivo). Grande desconforto com confluência e ulceração de
vesículas menores do palato, da mucosa jugal, do assoalho da boca e da orofaringe.
- Tratamento: Imunossupressores (corticosteoides/ azatioprina / ciclofasfamida /
micofenolato / IVIg) e agentes biológicos (rituximabe)
- Biópsia convencional e teste de imunofluorescência direta (IFD)
- Diagnóstico diferencial: lesões do pênfigo vulgar devem ser diferenciadas de outras lesões
vesicobolhosas (penfigoide das membranas mucosas, eritema multiforme, líquen plano
erosivo, pênfigo paraneoplásico e ulceração aftosa). No pênfigo vegetante a remissão é
espontânea com completa recuperação, não sendo característico do pênfigo vulgar.
o Penfigoide Bolhoso:
- Diferença em relação ao PMM é que os autoanticorpos circulantes contra os antígenos da
zona da membrana basal são geralmente detectáveis no penfigoide bolhoso por meio de
métodos de rotina.
- Encontrada principalmente nos idosos (70 - 80 anos: pico de incidência).
- Lesões caracteristicamente na pele, porém ocorrem lesões concomitantes nas
membranas mucosas em 1/3 dos pacientes.
- Lesões cutâneas: distribuição no tronco e nos membros; vesículas e bolhas tensas são
precedidas ou associadas a uma erupção papular eritematosa; lesões da mucosa oral não
podem ser distinguidas da PMM; bolhas e erosões podem ser observadas, principalmente
na gengiva inserida; pode envolver o palato mole, mucosa jugal e o assoalho bucal.
- Tratamento: Corticosteroides; agentes imunossupressores não esteroidais; antibióticos e
niaciamida; doença grave = agentes biológicos como o rituximabe.
o Dermatite Herpetiforme
- Doença vesicobolhosa cutânea caracterizada por prurido intenso.
- Manifestação cutânea da doença celíaca.
- Doença crônica tipicamente encontroada em jovens e em adultos de meia-idade, com
discreta predileção pelo sexo masculino.
- Característica: exarcebação e remissão.
- Lesões cutâneas são papulares, eritematosas, vesiculares e apresentam intenso prurido
(normalmente); lesões simétricas nas superfícies extensoras (cotovelo, ombro, sacro e
nádegas); envolvimento do couro cabeludo e da face é importante para diagnóstico da
doença; lesões são agregadas (herpetiformes), normalmente estão dispostas
individualmente; exarcebações podem estar associadas à ingestão de alimentos ou
medicamente contendo compostos iodados (alguns pacientes); em outros, pode ser
observado pico de incidência sazonal (meses de verão).
- Incomum na cavidade oral; manifestação: vesículas e bolhas úlceras superficiais não
específicas com base fibrinosa e base eritematose; essas lesões podem ser vistas em
muitos indivíduos que possuem a doença (podem envolver as musocas queratinizadas e
não queratinizadas).
- Tratamento: dapsona, sulfoxona e sulfapiridina; eliminação de glúten para pacientes com
enteropatia associadas.
- Maioria dos casos é uma condição que dura a vida toda (frequentes longos períodos de
remissão), muitos pacientes ficam condenados a restrições alimentares, tratamentos com
fármacos, ou ambos, por um longo tempo.
o Doença Bolhosa da Imunoglobina A Linear (DAL)
- Doença autoimune da pele que comumente atinge a mucosa, inclusive a gengiva; não está
associada à enteropatia sensitiva ao glúten.
- Lesões cutâneas: podem ser urticariformes, anulares, em forma de alvo ou bolhosas;
lesões orais, na maioria dos casos, são ulceradas (precedidas por bolhas) ou erosivsas;
lesões oculares (similares ao penfigoide ocular).
- Pode ser pela natureza idiopática ou por estarem associados à exposição a medicamentos
(antibiótico vancomicina).
- Tratamento: Dapsona sendo utilizada inicialmente; corticosteroides sistêmicos ou agentes
imunossupressores (azatioprina, ciclofosfamida e ciclosporina) em casos mais graves ou
refratários ao tratamento.
Doença Hereditária:
o Epidermólise Bolhosa:
- Forma adquirida e mais 20 variedades genéticas ou hereditárias de doenças
caracterizadas pela formação de bolhas em locais que sofreram trauma leve.
- Epidermólise bolhosa adquirida: forma autoimune hereditária adquirida; é precipitada
pela exposição a substâncias específicas.
- Nas formas hereditárias não se encontram evidentes anticorpos circulantes; a patogenia
parece estar relacionada com defeitos genéticas nas células basais, hemidesmossomos ou
filamentos de ancoragem do tecido conjuntivo.
- Formação de bolha com trauma leve (geralmente em locais de estresse: cotovelos e
joelhos); formas hereditárias: início da doença é observado no começo ou durante a
infância; forma adquirida: durante a fase adulta.
- Gravidade é alta nos casos hereditários na forma recessiva; bolhas podem espalhar,
tornando-se mais graves e podendo gerar cicatriz e atrofia.
- Unhas podem ser distróficas em algumas formas de doença.
- Lesões orais: comuns e graves na forma recessiva e incomuns na forma adquirida;
manifestações orais: bolhas que regridem com a formação de cicatriz, constrição do orifício
oral (resultado da cicatrização e dentes hipoplásicos) - essas alterações são mais
encontradas na epidermólise bolhosa distrófica recessiva.
- Tratamento: depende do subtipo; inclui prevenção do trauma, medidas de suporte e
agentes quimioterápicos; corticosteroides, vitamina E, fenitoína, retinóides, dapsona e
agentes imunossupressores; imuglobina intravenosa e agente biológico monoclonal
infiximabe.
DOENÇAS ULCERATIVAS:
Lesões Reativas:
o Úlceras Traumáticas:
- Lesões de tecido mole mais comuns na cavidade bucal; maioria é causada por um simples
trauma mecânico; muitas são resultados de trauma acidental e aparecem em regiões que
são facilmente aprisionadas ou lesionadas pelos dentes, (lábio inferior, língua e mucosa
jugal).
- Úlcera traumática na região anterior da língua de lactentes que têm dentes natais e
neonatais = doença de Riga-Fede.
- Próteses e dentaduras estão relacionadas com a lesão.
- Agudas ou crônicas.
- Podem ter origem iatrogênica.
- Substâncias podem causar úlceras devido à acidez ou à alcalinidade (pode ser induzido
pelo paciente ou ser iatrogênico).
- Úlceras intraorais por queimaduras térmicas são relativamente incomuns; queimaduras
por comidas podem ser observadas no palato; uso inadvertido de material de impressão
dental termoplástico ou compósito aquecido para fazer próteses são térmicas iatrogênicas.
- Podem acontecer pela radioterapia e certas quimioterapias para cânceres de cabeça e
pescoço; no carcinoma de células escamosas as úlceras são invariavelmente observadas
nos tecidos expostos no caminho do feixe de radiação.
- Úlceras limpas: ocorrerá a cura espontânea sem a formação de cicatrizes
- Características clínicas: úlceras reativas agudas - sinais e sintomas clínicos de inflamação
aguda, variados graus de dor, vermelhidão e edema; são recobertas por um exsudato
fibrinoso branco-amarelado e são circundadas por um halo eritematoso; cicatriza em 7 - 10
dias se a causa for eliminada. Úlceras crônicas - pouca ou nenhuma dor; base amarelada e
margens elevadas (cicatriz) que podem apresentar hiperqueratose; histórico de trauma;
atraso na cicatrização da presença de irritação (principalmente na língua); mimetiza
carcinoma ou úlceras infecciosas (aspecto clínico).
- Granuloma traumático = úlcera crônica benigno com aspecto diferenciado; geralmente
1cm a 2cm de diâmetro; geralmente encontrada na língua.
- Sialometaplasia necrotizante = úlcera crônica com aspecto diferenciado; encontrado no
palato duro; trauma induzido pela necrose isquêmica de uma glândula salivar menor;
cicatriza de maneira espontânea em algumas semanas.
- Diagnóstico: úlceras reativas agudas - relação causa/efeito é visto durante exame clínico e
histórico (em etiologia de natureza factícia é um desafio); úlceras crônicas reativas - pode
não ser prontamente observada, é considerada 2 condições (infecção - sífilis, TB, infecções
fúngicas profundas; neoplasias malignas), havendo grande suspeita de que seja traumática,
a causa deve ser investigada.
- Tratamento: maioria deve ser apenas observada; pode usar enxaguatórios bucais
mucolíticos (bicarbonato de sódio diluído em água morna) - ajudar na limpeza; dor intensa
corticosteroide tópico ou intralesional; se não cicatrizar em 2 semanas biópsia.
Infecções bacterianas:
o Sífilis:
- Doença sexualmente transmissível (treponema pallidum)
- Adquirida pelo contato sexual com um parceiro com lesões ativas, por meio de
transfusões de sangue infectado ou por meio da transmissão transplacentária da mão
infectada para o feto.
- Transmitida pelo contato direto: formação de uma úlcera dura ou cancro no local de
entrada da espiroqueta - Primária
- Úlcera é profunda, com base de coloração vermelha, marrom ou roxa e uma borda
irregular (lembrando úlcera crônica traumática, carcinoma de células escamosas e um
linfoma não Hodgkin.
- Ocorre linfadenopatia regional indolor e não supurativa cancro desaparece de modo
espontâneo após algumas semanas sem nenhum tipo de tratamento. Latência sífilis
secundária.
- Sífilis secundária é marcada por um quadro de espiroquetemia de ampla disseminação;
presença de febre, sintomas gripais, lesões mucocutâneas e linfadenopatia; lesões orais
raramente são úlceras profundas, mas apresentam exsudato mucoso (placas mucosas), na
região de comissura labial - formação de pápulas, borda lateral da língua - fissuras
profundas. Ocorre também estágio de remissão espontânea da doença latência.
- Em alguns pacientes pode ocorrer a recidiva da sífilis secundária.
- Em pacientes que estão em fase de latência e não foram tratados, pode ocorrer a
evolução para a sífilis terciária (último estágio da doença); podem apresentar
acometimento do SNC, lesões cardiovasculares ou lesões inflamatórias locais necróticas
(gomas - podem envolver qualquer órgão).
- Sífilis congênita: 2ª metade do período da gravidez; pode causar diversas lesões
inflamatórias e destrutivas em vários órgãos e pode até gerar aborto.
RESUMO:
Adquirida Inicial: Primária (cancro); secundária (placas mucosas orais, lesões cutâneas,
patologias em demais órgãos) latência
Aquirida Tardia: Latência terciária (goma, doença cardiovascular, neurossífilis).
Congênita Inicial: doença secundária, espiroquetemia afetando vários órgãos sistêmicos,
características típicas (defeito dentário, surdez pelo comprometimento do 8º par craniano,
queratite ocular, lesões ósseas e articulares etc.)
Congênita Tardia: Latência
o Gonorreia:
- Infecta o epitélio colunar do trato genital baixo, o reto, a faringe e os olhos.
- Transmitida por meio de contato sexual.
- Período de incubação de menos de 7 dias (possibilita o rastreamento dos contatos, mas a
ausência de sintomas dificulta o mesmo - principalmente em mulheres).
- Transmitida para as mucosas orais e faríngeas através do contato orogenital; faringe é a
queixa principal devido ao seu tipo de epitélio e à sua menor resistência ao trauma.
- Características clínicas: nenhum sinal clínico específico na cavidade oral; ocorrências de
várias úlceras e eritema generalizado; variam de um quadro assintomático até estomatites
generalizadas; casos de infecção gonocócica faringiana - eritema geral associado às úlceras
ou linfadenopatia cervical; queixa principal: pode ser dor de garganta (maioria é
assintomática).
- Diagnóstico diferencial: úlceras aftosas, úlceras herpéticas, eritema multiforme, pênfigo,
penfigoide, erupções medicamentosas e infecção estreptocócica; diagnóstico se dá pela
coloração de prata ou do meio de cultura do microorganismo; a identificação o N.
gonorrhoeae pela imunofluorescência para detecção de anticorpos ou pelos exames
laboratoriais pode confirmar.
- Tratamento: antibiótico apropriado em dose única (penicilina); dose parenteral de
ampicilina.
o Tuberculose:
- Transmitida pelo ar pela inalação de gotículas de ar infectadas.
- Quando a infecção primária não progride, o paciente infectado não terá sintomas.
- Teste cutâneo e radiografia de tórax podem ser os únicos indicativos da infecção.
- Características clínicas: doença reativada - sinais e sintomas de baixo grau (febre,
sudorese noturna, mal-estar e perda de peso); com a progressão tosse, hemoptise e dor
torácica (envolvimento pleural). Úlceras crônicas, endurecidas e que não cicatrizam;
envolvimento do osso da maxila e da mandíbula osteomielite tuberculosa (pode gerar);
envolvimento faríngeo úlceras dolorosas disfagia, odinofagia, alteração na voz.
- Histopatologia: Granulomas caseosos com células gigantes de Langherans; coloração de
Ziehl-Neelsen ou de Fite deve ser utilizada para confirmar presença do microrganismo
dentro dos granulomas.
- Diagnóstico diferencial: úlcera crônica endurecida = sífilis primária ou doença fúngica
profunda; deve ser considerado as reações de corpo estranho, a sarcoidose, a doença de
Crohn, a granulomatose orofacial o carcinoma de células escamosas e a úlcera crônica
traumática.
- Tratamento: Vários fármacos por período prolongado (isoniazida, rifampicina, etambutol).
o Hanseníase:
- Doença infecciosa crônica.
- Moderadamente contagiosa; contato direto frequente com um indivíduo infectado
durante um longo período; período de incubação varia de mais de 5 anos (forma
tuberculoide) e até mais de 12 anos (forma lepromatosa); inoculação através do trato
respiratório pode ser um modo potencial de transmissão.
- Características clínicas: forma lepromatosa - nódulos múltiplos (necróticos e ulcerados)
com remissão lenta e cicatrização atrófica; lesões cutâneas aparecem como placas
eritematosas ou nódulos; com o tempo pode ocorrer graves deformidades maxilofaciais
que ocasionam destruição da espinha nasal anterior e do osso alveolar maxilar anterior,
bem como inflamação na cavidade nasal e destruição tecidual (fácies leprosa);
envolvimento dos nervos periféricos anestesiação trauma nas extremidades e
consequentes alterações (como reabsorção óssea).
- Diagnóstico: sinais e sintomas associados ao envolvimento da pele e de nervos;
diagnóstico diferencial - sífilis terciária, sarcoidose, leishmaniose cutânea, lúpus
eritematoso, linfoma e neoplasia; biópsia deve ser realizada.
- Tratamento: abordagem quimioterápicas com fármacos; dapsona, rifampicina, clofazimina
e minociclina; talidomida é útil no manejo das complicações.
o Actinomicose:
- Não é considerada contagiosa.
- Geralmente ocorre após um trauma, cirurgia ou infecção prévia; extração dentária,
cirurgia gengival e infecção oral prévia predispõem o desenvolvimento.
- Acomete tórax, abdome e a região de cabeça e pescoço; cabeça e pescoço
actinomicose cervicofacial.
- Características clínicas: tumefação na mandíbula (simula infecção piogênica); lesão pode
se tornar endurecida e formar 1 ou mais fístulas que vão dos espaços medulares da
mandíbula à pele do pescoço; curso clínico varia de agudo a crônico; lesões cutâneas são
endurecidas e consistência de “casca de madeira”; qualquer local da mucosa pode ser
envolvido (ossos também são infectados); menos frequente a maxila ser afetada quadro
de osteomielite que drena pela gengiva através de uma fístula; drenagem do pus de uma
lesão crônica pode conter pequenos grânulos amarelos (grânulos sulfúricos - agregados de
microorganismos).
- Diagnóstico diferencial: osteomielite; as infecções de tecido mole (escrófula, infecção de
estafilocócica, botriomicose); diagnóstico depende da identificação do microrganismo
exame direto de exsudato, avaliação microscópica do tecido ou cultura microbiológica.
- Tratamento: altas doses de penicilina por um longo período; drenagem dos abcessos,
desbridamento; excisão cirúrgica da lesão e da fístula para arejar e facilitar a penetração
dos antibióticos.
Actinomicose cervicofacial
o Noma:
- Cancro oral ou estomatite gangrenosa.
- Doença devastadora que acomete crianças desnutridas; processo de destruição dos
tecidos orofaciais.
- Patógenos oportunistas invadem tecidos orais dos indivíduos fragilizados por desnutrição,
gengivite necrotizante aguda, condições debilitantes e outras úlceras; outro fator é a
pneumonia ou sepse.
- Noma neonatal: bebês com baixo peso ao nascimento e que apresentam outras condições
debilitantes.
- Características clínicas: ulceração dolorosa (gengiva ou mucosa jugal), que dissemina
rapidamente torna necrótica; pode ocorrer exposição do osso envolvido (resultando em
necrose e sequestro); dentes podem se tornar perdidos e esfoliados; lesões necróticas
fétidas pela entrada do microrganismo em bochecha, lábios ou palato.
- Tratamento: repor fluidos, eletrólitos e a nutrição geral + antibióticos (clindamicina,
piperacilina e aminoglicosídeo gentamicina).
Infecções fúngicas:
o Infecções Fúngicas Profundas:
- Caracterizada pelo envolvimento primário dos pulmões; disseminam-se deste foco para
outros órgãos.
- Histoplasmose - infecção por fungo encontrado no solo contaminado com fezes de
pássaro ou de morcego (inalação de leveduras a partir do pó oriundos das fezes
contaminadas de pombo principal fonte de infecção); Coccidioidomicose - causada por
um fungo dimórfico que é endêmico - conhecido como febre do vale; Blastomicose -
América do Norte; Mucormicose - leveduras contaminadas; Criptococose - inalação dos
excrementos das avés, mas também pode ocorrer em paciente imunocomprometidos.
- Infecções ocorrem após a disseminação hematogênica dos fungos.
- Características clínicas: estão inicialmente envolvidas ao pulmão e incluem tosse, febre,
sudorese noturna, perda de peso, dor torácica e hemoptise; pode ocorrer erupção cutânea
(assemelha ao eritema multiforme) quando é associado ao coccidioidomicose; lesão oral é
geralmente ulcerada - pode ser única ou múltipla, endurecidas, que não cicatrizam, e
frequentemente são dolorosas; presença de pus em lesões por blastomicose.
- Diagnóstico diferencial: carcinoma de células escamosas oral, traumas crônicos, TB oral e
na sífilis primária - úlceras orais; blastomicose - actinomicose cervicofacial; diagnóstico
definitivo - realização de cultura dos microrganismos das lesões ou identificação
microscópica.
- Tratamento: antimicrobianos (cetoconazol, fluconazol, anfotericina B); ressecção cirúrgica
ou incisão e drenagens podem ser necessárias para as ações dos fármacos no tratamento
de algumas infecções necróticas.
Doenças imunológicas:
o Úlceras aftosas:
- São as mais comuns
- Causas: distúrbio imunológico - mediada por células T; inflamação neurogênica - indução
por neuropeptídeos; defeito na cicatrização da mucosa - inibição de citocinas;
microbiológica - viral, bacteriana; deficiência nutricional - vitamina B12, ácido fólico e ferro;
química - preservativas, componentes das pastas de dente.
- Características clínicas: 3 formas de úlceras aftosas - menor, maior e úlcera aftosa
herpetiforme (se diferem na parte clínica e no grau de gravidade); todas apresentam como
recorrentes úlceras dolorosas; pacientes podem apresentam sintomas prodrômicos -
formigamento ou queimação; úlceras não são precedidas por vesículas e acometem
mucosa vestibular, língua, palato mole, garganta e assoalho da boca (raramente na gengiva
inserida e no palato duro); aftas herpetiformes se diferenciam por ocorrer em qualquer
área da cavidade bucal.
- Úlceras aftosas menores: mais encontradas; úlcera dolorosa, única, oval, < 0,5 cm,
recoberta por uma membrana fibrinosa amarelada e circunscrita por halo eritematoso;
duram 7 a 10 dias - remissão sem cicatriz.
- Úlceras aftosas maiores: lesões grandes - > 5 cm e mais dolorosas e duradoras que as
menores; lesões crateriformes - induzem formação de cicatriz; podem durar mais de 6
semanas; uma desaparece e outra se inicia.
- Úlceras aftosas Herpetiformes: várias pequenas úlceras recorrentes; mucosa oral afetada
(mucosa gengival e palatina também podem); 1 a 2 semanas; diferentes de herpes - não
são precedidas por vesículas e não possuem células infectadas por vírus.
o Síndrome de Behçet:
- Doença rara inflamatória multissistêmica; aftas recorrentes são características
importantes; envolvimento dos olhos e do SNC pode ser grave.
- Não infecciosa; vasculite é uma característica primária; predisposição geográfica (Turquia
e Leste Mediterrâneo).
- Características clínicas: afetam mucosa oral (100%) - aftas menores, genitália (62%) -
úlceras e olhos - conjuntivite, uveíte, retinite; pode estar relacionado à artrite recorrente
de punho, tornozelo e joelho; SNC- forma de cefaleia (pode ter casos de infarto); lesões de
pele - eritema nodoso pustular; policondrites recidivantes associadas à Behçet - síndrome
MAGIC.
- Diagnóstico: Sinais e sintomas associados às diversas regiões afetadas.
- Tratamento: corticosteroides e outros imunossupressores.
Componente oral da síndrome de Conjuntivite causada pela síndrome
Behçet (úlcera aftosa). de Behçet.
o Síndrome de Reiter:
- Forma de artrite reativa.
- Composta de uretrite não específica, conjuntivite, lesões mucocutâneas e artrite ou à
exposição de DST.
- Características clínicas: quadro ocorre de 1 a 3 semanas após exposição sexual ou
disenteria; febre, perda de peso, anormalidades vasomotoras dos pés e lesões cutâneas
(máculas, vesículas e pústulas nas mãos e nos pés); lesões orais - úlceras semelhantes a
aftas; língua assemelhada com a geográfica.
- Prevalência em homens brancos da 3 década de vida.
- Duração: de semanas a meses.
- Diagnóstico: reconhecimento dos vários sinais e sintomas; tipificação tecidual.
- Tratamento: agente anti-inflamatórios não esteroidais no tratamento da doença;
corticosteroides raramente são necessários.
o Eritema Multiforme:
- Reação de hipersensibilidade aguda e autolimitante de lesões autoimunes que acometem
pele e/ou lesões ulcerativas orais.
- Subtipo: forma menor - HSV; forma maior (mais grave) - certos agentes sistêmicos.
- Características clínicas: afete pele e membranas mucosas (ou ambas); condição crônica ou
aguda recorrente - sintomas prodrômicos podem apresentar antes da presença das
erupções; lesões em alvo ou na íris; anéis eritematosos concêntricos separados por anéis
de coloração quase normocrômica; manifestações cutâneas: máculas, pápulas, vesículas,
bolhas e placas urticariformes.
- Lesões orais: variam de pequenas lesões semelhantes à afta a várias lesões ulcerativas
superficiais e generalizadas; lábios, mucosa jugal, palato e língua são os mais afetados
(pode afetar a cavidade oral inteira); recorrentes - várias úlceras dolorosas similares
àquelas do episódio inicial ou como manchas eritematosas menos sintomáticas com
ulceração limitada.
- Prevalência: adultos jovens - primavera ou outono; podem ter recidiva crônica.
- Diagnóstico diferencial: lesões cutâneas e lesões em alvo ou íris - diagnóstico simples;
com a ausência das anteriores - HSV, úlceras aftosas, pênfigo vulgar, penfigoide das
membranas mucosas, pênfigo paraneoplásico e líquen plano erosivo; aspectos favoráveis
ao diagnóstico de EM - ausência geral de sintomas sistêmicos, predileção das lesões orais
por lábios, mucosa jugal, língua e palato, úlceras extensas (não precedidas por bolhas),
histórico de uso recente de medicamentos ou de uma infecção.
- Tratamento: EM menor - enxaguatórios bucais suaves; EM maior - corticosteroides
tópicos com antifúngicos.
Reação de hipersensibilidade.
Urticária cutânea associada à
hipersensibilidade ao
metronidazol.
Angioedema adquirido
ocasionando tumefação do
lábio.
o Alergia de Contato:
- Estimulação antigênica por um vasto de conjunto de substâncias estranhas (alimentos,
condimentos, conservantes, produtos de higiene oral, materiais odontológicos, entre
outros).
- Características clínicas: lesões ocorrem diretamente adjacentes à localização dos agentes
causadores; lesões eritematosas, erosivas, vesiculares, liquenoides e ulcerativas.
- Frequentes na pele e às vezes vista na mucosa oral.
- Destacam-se: cremes dentais, enxaguatórios bucais, as balas, gomas de mascas,
antimicrobianos tópicos, esteroides tópicos, iodo, óleos essenciais, materiais
odontológicos.
- Lesões: em geral brancas ou liquenoides, pode ser observadas lesões ulcerativas e
eritematosas; afeta primariamente a gengiva inserida - lesão avermelhada bilateral.
- Diagnóstico: levantamento de histórico cuidadoso para saber de causa/efeito; achados da
biópsia podem ajudar na confirmação; difícil realizar teste de sensibilidade na cavidade roal
possibilidade de falso-negativo.
- Tratamento: remoção do material causador (caso seja identificado); situações mais
brandas - cicatrizam em 1 a 2 semanas; esteroides tópicos podem ser utilizados -
aceleração da cicatrização.
o Neutropenia Cíclica:
- Rasa discrasia sanguínea; redução cíclica grave ou depleção de neutrófilos do sangue ou
medula com um ciclo médio, ou periódico de 21 dias.
- Forma autossômica, dominante e a esporádica - ocasionadas pela mutação no gene.
- Febre, mal-estar, úlceras orais, linfadenopatia cervical e infecções podem aparecer ainda
na infância; pacientes suscetíveis à doença periodontal.
- Tratamento: fator estimulante de colônias de granulócitos (G-CSF) + cuidados paliativos e
medidas estritas de higiene oral.
- Reconhecimento precoce é importante para a conduta; uso criterioso dos antibióticos.
Neoplasias:
o Carcinoma de Células Escamosas da Cavidade Oral:
- Proporção de homens para mulheres - 2:1.
- Etiologia: tabaco é o mais importante (charutos e cachimbos - mais associados ao
aumento de risco de desenvolver câncer oral do que fumar cigarros); álcool - uso exclusivo
pode aumentar o risco de câncer oral; único fator nutricional - deficiência de ferro da
síndrome de Plummer-Vinson (afeta tipicamente mulheres de meia-idade; provoca língua
vermelha dolorosa, atrofia da mucosa, disfagia e predisposição de desenvolvimento do
carcinoma de células escamosas); luz ultravioleta.
- Patogenia: acúmulo de discretos eventos genéticos levam a um câncer invasivo - mutação,
amplificação ou inativação; perda do controle do ciclo celular, sobrevida celular e
mobilidade celular.
- Características clínicas do carcinoma nos lábios: vermelhidão do lábio inferior se encontra
separado do lábio superior; lábio inferior - mais comuns que os superiores; taxa de
crescimento da doença é menor no lábio inferior que no lábio superior; prognóstico para
lesão em lábio inferior é bastante favorável, mas em superior é consideravelmente pior;
inicia-se no vermelhidão dos lábios e tipicamente apresentam-se como úlceras crônicas
que não cicatrizam ou como lesões exofíticas (naturezas verrucosa); invasão profunda da
lesão - fase tardia da doença.
- Características clínicas do carcinoma em língua: doença maligna intraoral mais comum;
predileção por homem na 6ª, 7ª e 8ª décadas de vida; tipicamente assintomático; estágio
tardio - invasão profunda e os pacientes podem queixar de dor ou disfagia; pode
apresentar 4 formas - lesão endurecida ulcerada que não cicatriza/ lesão vermelha/ lesão
branca/ lesão branca e vermelha; pode se tornar uma lesão endofítica proeminente, bem
como endofítica; pequenas % se constituem um carcinoma invasivo de células escamosas
ou se transformam nas mesmas; maioria das lesões na descoberta caracterizam-se por
serem lesões in situ ou um carcinoma de células escamosas; área mais comum: borda
posterolateral.
- Características clínicas do carcinoma no assoalho de boca: 2ª localização mais comum;
predominante em homens idosos (principalmente usuários crônicos de álcool e tabaco);
úlcera endurecida e indolor que não cicatriza; pode aparecer como placa branca ou
vermelha; lesão pode disseminar pelos tecidos moles do assoalho da boca diminuição da
mobilidade da língua; metástase para linfonodos submandibulares não é incomum.
- Característica clínicas do carcinoma na mucosa jugal e gengiva: 10 % dos casos juntas;
homens na 7ª década; varia de placas brancas a úlceras que não cicatrizam até lesões
exofíticas (carcinoma verrucoso); apresenta-se como massa verrucosa de base ampla;
crescimento lento e bem diferenciado; raramente ocasiona metástase; prognóstico
bastante favorável.
- Características clínicas do carcinoma no palato: palato mole - mais comum; palato duro -
relativamente raro; adenocarcinoma de glândulas salivares é relativamente comum; é
comumente encontrado em países como índia (hábito de fumo invertido); placas
vermelhas ou brancas assintomáticas ou coo massas queratócicas ulceradas; existência de
metástase para os linfonodos cervicais ou de lesões mais extensas está evoluindo de
modo grave.
- Histopatologia: lesões moderadas a bem diferenciadas; pérola de queratina e a
queratinização individual das células; ninhos tumorais; raramente apresentam proliferação
de células fusiformes (não sendo confundidos com o sarcoma).
- Diagnóstico diferencial: presença de úlceras crônicas - considerar outras condições
ulcerativas; trauma crônico (lesões factícias ou autoinduzidas) pode mimetizar um
carcinoma de células escamosa; no palato e tecidos vizinhos - granuloma de linha média e
a sialometaplasia necrotizante.
- Manejo cirúrgico: doença inicial (T1-2, N0) / doença avançada localmente (T3-4, N0) /
doença avançada local e regional (T4, N1-2) / doença não ressecável; ressecção baseado na
localização e no estadiamento do tumor primário; cirurgia do tumor primário - remoção do
tecido mole e do osso envolvido (quando indicado); ressecção mandibular - ressecção
marginal (borda inferior da mandíbula preservada) ou ressecção segmentar (altura total da
mandíbula é removida defeito de continuidade da mandíbula); ressecção com
desarticulação - remoção da articulação temporomandibular; ressecção composta -
remoção de tecidos moles e duros (linfonodos do pescoço, da mandíbula e dos tecidos
moles das áreas correspondentes ao tumor primário).
- Radioterapia: efeitos adversos temporários - úlceras de mucosa/mucosite, dor, alteração
de paladar, candidíase, dermatite, eritema, alopecia focal; efeitos adversos permanentes -
xerostomia, cáries cervicais, osterorradionecrose, teleangiectasias, atrofia epitelial,
alopecia focal, hiperpigmentação focal.
- Quimioterapia.
Carcinoma basocelular.
Carcinoma basocelular.
o Carcinoma de Células Escamosas da Pele:
- Significativo potencial de metástase para os linfonodos reginais e mais além.
- Principal fato associado é o dano crônico e contínuo da luz solar; maior incidência em
peles claras após longo tempo de exposição à luz solar; carcinógenos (alcatrão), óleos e
compostos do arsênico, exposição aos raios X, presença de doenças de pele que deixam
cicatriz (queimaduras graves), lúpus eritematoso discoide predispõe a transformação
maligna do epitélio.
- Evolui durante meses ou anos.
- Características clínicas: úlcera central levemente aumentada, com margens endurecidas e
eventualmente, circunscritas por um eritema; lesões pode apresentar crescimento
verrucoso, pápulas ou placas; área da face mais afetadas - lábio inferior, parte superior
externa da orelha, fronte e região da ponte nasal/infraorbitária; lesões são firmes e
endurecidas infiltração tumoral para tecidos adjacentes.
- Lesões originadas nos locais de irritação, queimadura ou de distúrbios degenerativos
crônicos da pele mais agressivo que lesões homólogas ao sol.
- Queilite actínica: carcinoma que se origina dele invasivo e metastático mais
precocemente que às lesões por dano solar.
- Histopatologia: queratinócitos atípicos que invadem a derme e estruturas mais profundas.
- Tratamento: excisão - depende do tamanho da lesão e sua localização; carcinomas
extensos - excisão ampla, muitas vezes uso de enxertos reconstrutivos ou radioterapia;
cirurgia microscópica direta (cirurgia do Mohs) - vantagem de preservação tecidual; não
cirúrgicas (quimioterapia e radioterapia) - tratamento de pacientes em situações especiais.
LESÕES BRANCAS:
Condições Hereditárias:
o Leucoedema:
- Opacificação discreta da mucosa jugal.
- Variação da normalidade.
- Etiologia e patogenia: desconhecida.
- Características clínicas: assintomática e simetricamente distribuída pela mucosa jugal,
menor extensão pela mucosa labial; alteração branco-acinzentada, difusa, opaca ou leitosa;
casos exacerbados - aparência esbranquiçada com alterações na textura, superfície
enrufada ou corrugada; estiramento da mucosa jugal - alterações opacas mais suaves.
- Mais aparente em pacientes que não sejam brancos (origem afro-americana).
- Histopatologia: acantose e hiperparaqueratinizado; edema intracelular; núcleos pequenos
e picnóticos.
- Diagnóstico diferencial: nervo branco esponjoso, disqueratose intraepitelial benigna
hereditária, reação a uma mordedura crônica da mucosa jugal e líquen plano diferença
pelas características microscópicas.
- Tratamento e prognóstico: sem tratamento; biópsia em caso de dúvida.
LÍQUEN PLANO: procure por lesões reticulares brancas (estrias) bilaterais, erosões,
atrofias e por lesões cutâneas; biópsia para o diagnóstico.
REAÇÃO LIQUENOIDE A MEDICAMENTOS: procure por lesões brancas, geralmente
assimétricas, no contexto do uso de um novo medicamento.
MORDEDURA CRÔNICA DA MUCOSA JUGAL: lesões brancas com aspecto semelhantes a
pelos ao longo do plano oclusal ou em regiões de trauma.
LÚPUS ERITEMATOSO: estrias irradiando-se delicadamente; biópsia para o diagnóstico.
CANDIDÍASE: procure por fatores predisponentes; pode ser destacável; responde ao
tratamento antifúngico.
QUERATOSE FRICCIONAL: Procure por uma causa (ex: próteses mal-adaptadas, trauma);
biópsia para o diagnóstico.
DISPLASIA, CARCINOMA IN SITU, CARCINOMA DE CÉLULAS ESCAMOSAS: Avaliar os
fatores de risco; biópsia para o diagnóstico.
QUEIMADURA (química): Histórico de aplicação de aspirina ou outro agente no local da
lesão - descontinuar o uso.
LÚPUS ERITEMATOSO: Estrias se irradiando delicadamente; biópsia para o diagnóstico.
LEUCOPLASIA PILOSA: Bordas laterais da língua; procurar por uma superfície irregular;
frequentemente bilateral; imunossupressão; biópsia para o diagnóstico.
o Estomatite Nicotínica:
- Etiologia: queratose associada ao tabaco comum; hábito de fumar cachimbo e charuto.
- O efeito local direto do hábito de fumar: nos casos em que o palato duro está recoberto
por uma prótese removível (fornece proteção à mucosa abaixo do dispositivo) permite
que ocorra hiperqueratose nas áreas expostas.
- Estomatite nicotínica: marcador ou indicador de uso intenso do tabaco.
- Raramente evolui para lesão maligna, exceto aos que têm o hábito do fumo invertido
(parte acessa para dentro da boca).
- Carcinógenos do tabaco + calor = consideravelmente intensificada no hábito do fumo
invertido - aumenta o risco de transformação maligna.
- Características clínicas: hiperqueratose (alterações brancas generealizadas); mucosa
palatina - alteração eritematosa queratinização; após a hiperqueratinização do palato
surgem pontos vermelhos circundados por áreas queratóticas; pontos vermelhos =
inflamação dos ductos excretores das glândulas salivares menores.
- Histopatologia: hiperplasia epitelial e hiperqueratose; glândulas salivares menores -
sialoadenite; ductos excretores - podem apresentar metaplasia escamosa.
- Tratamento e prognóstico: descontinuar o uso do tabaco; observar e examinar todas as
regiões da mucosa; por ser uma lesão marcadora ou indicadora, ao seu aparecimento,
pode indicar um risco aumentado para o desenvolvimento de displasia epitelial ou de
neoplasia maligna - em qualquer local da cavidade oral, orofaringe e trato respiratório.
Estomatite nicotínica.
o Leucoplasia Pilosa:
- Etiologia e Patogenia: representa uma infecção oportunista relacionada com pela
presença do vírus Epstein-Barr (EBV) - observada em quase que exclusivamente em
indivíduos infectados pelo HIV; pode ser observada em outras formas de imunossupressão
- transplante de órgãos (imunossupressão induzida por medicamentos), neoplasias
malignas hemotológicas e ao uso prolongado de corticosteroides sistêmicos ou tópicos.
- Prevalência: pacientes com HIV; pode ocorrer antes ou depois do diagnóstico de AIDS;
associada ao desenvolvimento de características clínicas e laboratoriais da AIDS em cerca
de 80%.
- Pode estar secundariamente infectada por Candida albicans (pode observar presença em
casos mais graves)
- Características clínicas: lesão branca assintomática bem delimitada - pode variar de lesão
achatada em placa para uma lesão de aspecto papilar, filiforme ou corrugada; lesão uni ou
bilateral (frequentemente bilateral); vasta localização - ao longo da borda da língua
(ocasionalmente exibe extensão para a superfície dorsal); raramente é observada - mucosa
jugal, assoalho de boca ou palato; não são observadas - mucosa anal ou vaginal.
- Histopatologia: aspecto característico - encontrado nos núcleos das células dos
queratinócitos (nas camadas mais superficiais).
- Diagnóstico diferencial: inclui a leucoplasia idiopática, hiperqueratose friccional (morder a
língua) e leucoplasia associada ao uso de tabaco; outras consideradas - líquen plano, lúpus
eritematoso e a candidíase hiperplásica.
- Tratamento: não existe tratamento específico; paciente com estado imunológico
desconhecido - investigação de infecção pelo HIV ou outras causas de imunossupressão;
lesões melhoram ou se resolvem com a melhora do estado imunológico do paciente.
Queilite actínica.
o Líquen Plano:
- Doença mucocutâneas crônica de etiologia desconhecida.
- Intenso infiltrado inflamatório de células T.
- Predileção: mulheres entre 30 e 60 anos.
- Lesões: acomete mucosa oral - lesões brancas bilaterais, às vezes associadas a úlceras.
- Dor ocasional; natureza persistente; possível relação com o carcinoma de células
escamosas.
- Etiologia a patogenia: reação de hipersensibilidade (processo imunologicamente
mediado); possíveis fatores (minoria) - materiais dentários, estresse, medicamentos e
agentes infecciosos.
- Características clínicas: estrias brancas queratóticas; tipo - reticular, erosivo (ulcerativo),
em placa, papular, atrófico (eritematoso); dor - forma erosiva (ocasionalmente em forma
eritematosa).
- Possível risco de carcinoma: tabagismo; pode ser discretamente elevado na forma erosiva.
- Patologia: Mucosite de interface com hiperqueratose.
- Histopatologia: hiperqueratose; degeneração hidrópica da camada basal com
queratinócitos apoptóticos; infiltrado inflamatório crônico na interface entre os tecidos
epitelial e conjuntivo.
- Diagnóstico diferencial:
APRESENTAÇÃO BILATERAL MULTIFOCAL: reação liquenoide a medicamentos, lúpus
eritematoso (LE), nevo branco esponjoso,
leucoplasia pilosa, mordedura crônica da
mucosa jugal, doença do enxerto versus
hospedeiro e a candidíase.
FORMA DE PLACA: leucoplasia e carcinoma de células
escamosas.
LÍQUEN PLANO EROSIVO OU ATRÓFICO penfigoide cicatricial, pênfigo vulgar, lúpus
(QUE ACOMETE A GENGIVA): eritematoso crônico, hipersensibilidade de
contato e candidíase crônica.
o Lúpus Eritematoso:
- 2 formas: lúpus eritematoso sistêmico (LES) - conhecido por lúpus eritematoso agudo;
lúpus eritematoso discoide (LED) - lúpus eritematoso crônico.
- 3ª forma: lúpus eritematoso cutâneo subagudo (LECS); forma intermediária entre LES e
LED; lesões cutâneas - gravidade de leve a moderada.
- LES: mais importante pelo impacto que tem em muitos órgãos.
- LED: forma menos agressiva; afeta predominantemente a pele; raramente progride para a
forma sistêmica; predileção à face.
- Etiologia e patogenia: doença autoimune - sistema imune humoral e sistema mediado por
células.
- Características clínicas do LED:
Gênero feminino e de meia-idade.
Lesões na pele: especialmente face e couro cabeludo.
Lesões orais e no vermelhão labial - acompanhadas de lesões cutâneas; podem ser
eritematosas ou ulceradas; estrias queratóticas suavemente brancas se irradiando da
periferia
Regiões mais afetadas: mucosa jugal, gengiva e vermelhão do lábio.
Lesões de pele: placas eritematosas em formato semelhante de disco com margens
hiperpigmentadas.
Lesões expandindo perifericamente cura da parte central cicatriz com perda de
pigmentação.
Envolvimento dos folículos pilosos:perda prematura do cabelo (alopecia)
Lúpus eritematoso discoide afetando o lábio. Lúpus eritematoso discoide acometendo a face.
MUCOCUTÂNEA: Localizada (boca, face, couro cabeludo e unhas): candidíase de longa duração
e persistente; evolve - mucosa oral, unhas, pele e mucosa vaginal; usualmente acontece no
início da vida - 2 primeiras décadas; tem início na forma pseudomembranosa seguidas
pelos comprometimentos cutâneo e ungueal.
Associada a síndrome
o Queimaduras Mucosas:
- Etiologia: aplicação tópica de agentes químicos (aspirina ou soluções cáusticas) uso
abusivo de tópicos, aplicação acidental de soluções ou gel de ácido fosfórico (pelo
dentista), uso excessivos de enxaguatórios bucais (com álcool).
- Características clínicas: eritema localizado e discreto; concentração da substância e tempo
de contato aumentam maior chance de necrose de coagulação superficial formação
de lesão ou membrana branca; tracionando - parte superficial da lesão se desprende
deixa o tecido conjuntivo exposto dor; locais - palato duro (ingestão de alimentos
quentes e apimentados) / língua ou palato mole (líquidos quentes); maioria das vezes -
aspecto eritematoso ao invés do branco (necrose); queimadura elétrica - geralmente em
crianças / padrão simétrico / dano tecidual significativo cicatriz espessa que se
estende profundamente até o tecido conjuntivo.
- Histopatologia: químicas e térmicas - necrose de coagulação por toda espessura; exsudato
fibrinoso; tecido conjuntivo subjacente - intensamente inflamado; elétricas - extensão
profunda de necrose, envolve a camada muscular (comumente).
- Tratamento: térmicas ou químicas - bochecho de bicarbonato de sódio, com ou sem
analgésicos sistêmicos (desencorajar uso de colutórios bucais de álcool); elétricas - pode
ser necessário bucomaxilofacial ou odontopediatra nos casos mais graves / dispositivos que
fazem pressão = prevenir contração precoce das feridas / após cicatrização = tratamento
cirúrgico definitivo ou reconstrutivo.
o Fibrose Submucosa:
- Condição essencialmente irreversível.
- Natureza potencialmente maligna.
- Etiologia: deficiências nutricionais e vitamínicas; hipersensibilidade a vários constituintes
da dieta; mais importante - hábito de mascas bétel (noz de areca); consumo crônico de
pimentas; deficiência de ferro e vitaminas B.
- Pacientes entre 20 e 40 anos.
- Características clínicas: alteração branco-amarelada (curso biológico crônico e insidioso);
cavidade oral, pode se estender (faringe e esôfago); pode ser precedida por vesículas ou
apresenta-las concomitantemente; mucosa afetada (palato mole e mucosa jugal) - perde
sua resiliência exibe vascularidade e elasticidade limitadas progride da lâmina própria
para a musculatura subjacente; bandas de tecidos fibrosos - facilmente palpáveis (palato
mole e mucosa jugal); resultado clínico - trismo significativo dificuldade de se alimentar.
- Histopatologia: atrofia do epitélio e fibrose subjacente.
- Tratamento e prognóstico: eliminação dos agentes causais; medidas terapêuticas -
injeções locais de quimiotripsina, hialuronidade e dexametasona + excisão cirúrgica das
bandas fibrosas + inserção de enxertos vascularizados livres na submucosa.
o Grânulos de Fordyce:
- Glândulas sebáceas ectópicas ou coristomas (tecido normal em localização anormal).
- Alteração de desenvolvimento; variação da normalidade.
- Numerosos e frequentemente observados em agregados ou em disposição confluente.
- Características clínicas: mucosa jugal e o vermelhão do lábio superior; distribuídas
simetricamente; perceptíveis após a puberdade (máximo entre 20 a 30 anos); lesões
assintomáticas e identificadas ao acaso pelo paciente ou CD; mais de 80% da população
possui.
- Histopatologia: lóbulos de glândulas sebáceas ao redor ou adjacentes aos ductos
excretores; glândulas heterotópicas - bem formadas e parecem funcionais.
- Tratamento: sem necessidade.
Grânulos de Fordyce.
o Parúlide:
- “Furúnculo gengival”.
- Foco de pus na gengiva; alteração de uma infecção aguda originada de uma bolsa
periodontal obliterada ou do ápice de um dente não vital.
- Caminho de menor resistência leva até a submucosa gengival
- Características clínicas: aumento de volume gengival de coloração amarelo -
esbranquiçada (associada a um eritema); dor - típica (pus começa a ser drenado
sintomas temporariamente aliviados).
- Tratamento: condição subjacente (bolsa periodontal ou dente não vital) - tratamento
necessário para que haja resolução do abcesso gengival.
Parúlide (abscesso gengival)
associada a abscesso periapical.
o Lipoma:
- Característica clínica: massa submucosa de tecido adiposo; sem inflamação; coloração
amarela ou amarelo-esbranquiçada.