Você está na página 1de 5

Gabriele Martins - 2022 1

LESÕES ULCERADAS
Lesão em que ocorre solução de continuidade do epitélio, com exposição do tecido subjacente
(conjuntivo)

INFLAMATÓRIAS
Úlceras decorrentes de processo inflamatório

ULCERAÇÃO AFTOSA RECORRENTE


▪ Causa desconhecida (pode ser desencadeada por deficiência vitamínica, hereditariedade,
alteração hormonal, imunossupressão)
▪ Gera dor e é caracterizada por halo eritematoso e leito amarelado

MENOR
▪ Pequenas (2-8mm)
▪ Aparece em mucosa não queratinizada (assoalho lingual, ventre de língua, mucosa labial,
mucosa jugal, palato mole)
▪ Reparo em 10 dias
▪ Não deixa cicatriz

MAIOR (SUTTON)
▪ >1cm
▪ Aparece em mucosa queratinizada (palato duro, alvéolo) ou não queratinizada. A úlcera
geralmente é elevada em relação à mucosa adjacente
▪ Reparo 1-2 meses
▪ Deixa cicatriz (lesão mais profunda e com maior tempo para reparo)

HERPETIFORME
Clinicamente semelhante à gengivoestomatite herpética primária ou herpes simples recorrente
intraoral (mas não tem associação sistêmica, aparece em outros lugares, não é advindo de vesícula
e tem reparo mais longo)

▪ Tamanhos variados
▪ Numerosas úlceras em mucosa queratinizada e não queratinizada
▪ Reparo em 1 mês
▪ Não deixa cicatriz

Diagnóstico: clínico (características da lesão + exclusão de doenças sistêmicas)

Tratamento: paliativo. Anestésico tópico para dor e bochecho com algum corticoide se precisar (ex.
se for autoimune), para diminuir a inflamação. Bochecho é melhor do que pomada pela adesão do
paciente (é mais simples) e pega todas as lesões (como são múltiplas, o paciente pode esquecer
de passar em alguma). Orientar o paciente a não comer alimentos ácidos, cítricos ou apimentados
para não arder e para tomar cuidado na escovação para não gerar atrito na lesão

DOENÇA DE BEHÇET
Vasculite multisistêmica relacionada à imunodesregulação primária ou a agente desencadeador
(bactérias, vírus, pesticidas)

▪ Manifesta-se como ulceração aftosa recorrente (menor, maior ou herpética), além de


inflamação na mucosa ocular, inflamação genital recorrente e pseudofoliculite (inflamação
do folículo piloso)
▪ Diagnóstico: afta + pelo menos 2 dos outros sintomas (se tiver os 3, fecha diagnóstico).
Faz teste de patergia (deverão aparecer pápulas pós trauma do teste = patergia positivo)
Gabriele Martins - 2022 2

▪ Tratamento: para as lesões, tratamento paliativo (anestésico tópico para dor e bochecho
com corticide). Para a inflamação ocular, genital e/ou foliculite, tratamento médico

TRAUMÁTICAS
Aparecem a partir de trauma mecânico, térmico ou químico. Pode gerar dor e o diagnóstico é feito
através da relação causa-efeito (saber na anamnese se houve trauma)

▪ Úlceras no local do trauma, com leito amarelado e halo eritematoso ou esbranquiçado


(=mancha branca, que remete a queratose traumática. Na região da úlcera já ultrapassou
o ponto da queratose e atingiu o TC)
▪ Tratamento: remoção do agente traumático (deverá cicatrizar em até 2 semanas)

DOENÇA DE RIGA-FEDE
Traumatismo crônico por dentes natais e neonatais

ÚLCERA EOSINOFÍLICA
▪ Regressão só após 7-8 meses da remoção do agente traumático
▪ Histologicamente, encontra-se o estroma eosinofílico (forma de diagnóstico)
▪ A úlcera terá borda elevada e endurecida (indica inflamação)
▪ Necessita biópsia

INFECCIOSAS ESPECÍFICAS

SÍFILIS
Infecção bacteriana crônica pelo Treponema Pallidum

FASE PRIMÁRIA
Cancro solitário na área de inoculação (boca por sexo oral e região genital). Em boca verá uma
úlcera de base clara e indolor

FASE SECUNDÁRIA (DISSEMINADA)


Sinais em regiões diferentes da área de inoculação. A pessoa poderá ter perda de peso, febre, mal-
estar, linfadenopatia. Observa-se lesões cutâneas de máculas avermelhadas (pé, palma da mão e
tórax) e em boca, placa mucosa (placa esbranquiçada não destacável que tem a superfície lisa e
brilhante igual à da mucosa, com estrias vermelhas). O diagnóstico depende da anamnese
(correlação sistêmica)

FASE TERCIÁRIA
É a mais grave, podendo acometer o sistema cardíaco e nervoso. Se vê uma infecção granulomatosa
(GOMA = nódulo amolecido que pode ulcerar). Em boca, aparece ulceração em palato e língua
(pode criar comunicação buco-sino). As lesões aparecem 1-30 anos após a infecção secundária
não tratada (bactéria latente pós cicatrização)

▪ Diagnóstico específico: FTA (encontra o treponema) e biópsia incisional ou citologia


esfoliativa
▪ Diagnóstico inespecífico: VDRL: pode positivar para outras doenças como o pênfigo vulgar
(usado para triagem)

Tratamento: penicilina G, anestésico tópico e analgésico para sintomas

TUBERCULOSE
Causada pela Mycobacterium Tuberculosis
Gabriele Martins - 2022 3

▪ Disseminação pessoa-pessoa por gotículas de saliva


▪ Primária (assintomática) e secundária (após latência por imunossupressão, gera febre, mal-
estar, linfadenopatia, tosse produtiva)
▪ Em boca, encontra-se úlcera crônica na infecção secundária, indolor, com leito, halo
esbranquiçado e definido (=úlcera traumática, mas sem trauma, infecção). Também se
encontram nódulos múltiplos com superfície ulcerada, principalmente em palato
▪ Diagnóstico: cultura de escarro e biópsia incisional
▪ Tratamento supervisionado por agente de saúde por 6 meses. vacinar

HANSENÍASE
Causada pela Mycobacterium Leprae (acomete pele, mucosa e nervos periféricos = diminui
sensibilidade)
▪ Período de incubação prolongado (2-12 anos)

PAUCIBACILAR
Lesão menor, delimitadas, hipopigmentadas e com diminuição da sensibilidade local

MULTIBACILAR
Mais lesões (em pele, mancha e pápulas) hipopigmentadas, mal definidas, com diminuição da
sensibilidade local e aparecimento da face leonina. Em boca, se veem pápulas achatadas, que pode
ulcerar e virar fibrose

▪ Diagnóstico: clínico + biópsia incisional ou PCR


▪ Tratamento supervisionado por 6-9 meses com antibiótico

PARACOCCIDIOIDOMICOSE
Infecção fúngica por Paracoccidioidomicoses Brasiliensis

▪ Em boca, encontraremos úlceras moriformes (leito amarelado espalhado e pontos


hemorrágicos – disseminada, sem limite nítido e superfície granulosa), sialorreia,
linfadenopatia e acometimento cutâneo. A dor é variável
▪ Diagnóstico: IgG e IgM, cultura (demora 40-70 dias), biópsia incisional e citologia esfoliativa
(verá cabeça do Mickey e roda de leme)
▪ Tratamento: antifúngico. Deve-se tratar pois o fungo pode ir para o pulmão

HISTOPLASMOSE
Infecção fúngica, pelo Histoplasma capsulatum

▪ Instalação pela inalação de esporos advindos de fezes de pombos, causando infecção


pulmonar
▪ Na fase aguda, os sintomas são iguais de gripe. Na fase crônica, iguais da tuberculose, com
tosse produtiva. Na fase disseminada que veremos sintomas extra-pulmonares,
desenvolvendo úlceras em boca, únicas ou múltiplas, com borda endurecida = diagnóstico
diferencial com carcinoma espinocelular
▪ Diagnóstico: IgG, IgM, cultura, biópsia incisional para achar o fungo e diferenciar da
neoplasia
▪ Tratamento: antifúngico

NEOPLÁSICAS

CARCINOMA ESPINOCELULAR
Neoplasia maligna mais comum da mucosa bucal
Gabriele Martins - 2022 4

▪ Comum em homens, na 5° década de vida, brancos


▪ Fatores de risco: álcool, tabaco, raios UV (lesão em lábio), HPV (lesão em orofaringe)
▪ Úlceras com centro exofítico (expulsivo) ou endofítico (destrutivo), com manchas
leucoplásicas/eritroplásicas/eritroleucoplásicas, borda dura e leito branco (necrose). Junto
a lesão podemos ver trismo, metástase regional (linfadenopatia), perda de peso
▪ Lesão progressiva, não cicatriza nem diminui
▪ Diagnóstico: biópsia incisional

OUTRAS LESÕES

ÚLCERA NEUTROPÊNICA
Causada por imunodeficiência (neutropenia encontrada em leucograma)

▪ Acomete pacientes com leucemia ou sob quimioterapia


▪ Úlceras com borda irregular e leito amarelado que podem estar associadas a infecção
secundária e dor intensa
▪ Diagnóstico clínico + exame laboratorial

CERATOACANTOMA
Proliferação epitelial benigna (não cancerizável) associada a exposição solar, semelhante ao
carcinoma
▪ Fator de risco: álcool, tabaco, raios UV e HPV = carcinoma
▪ Nódulos ulcerados com tampão de queratina, formando uma crosta escura na superfície
▪ Lesão progressiva, mas que pode regredir
▪ Diagnóstico diferencial com carcinoma espinocelular: fator de risco e clínico parecidos. Fazer
biópsia incisional e como é benigno, trata com exérese
+

▪ Queimadura
▪ Excesso de anestésico = necrose
▪ GUNA
▪ Líquen plano erosivo
Gabriele Martins - 2022 5

Você também pode gostar