HANSENIASE: ocorrer antes ou depois do diagnóstico e, comumente,
durante o tratamento da hanseníase. Sendo classificadas
Apresentação clínica da hanseníase como reação tipo 1 (reversa), tipo 2 (eritema nodoso A hanseníase possui quatro formas de apresentação hanseníaco) ou reação crônica (subintrante). clínica, que ocorrem de acordo com a resposta imune do Na reação tipo 1, ocorre aparecimento de lesões hospedeiro. São elas: forma tuberculoide (HT), cutâneas, alterações de cor e edema nas lesões antigas virchowiana (HV), dimorfa (HD) e indeterminada (HI). (que podem apresentar espessamento) e neurite. A A hanseníase indeterminada é a forma inicial da doença reação tipo 2 é mais frequente, e é caracterizada pela e, na maioria dos casos, evolui para cura espontânea. Já presença de nódulos subcutâneos dolorosos, podendo na hanseníase tuberculóide há exacerbação da resposta ser acompanhados de febre, dores articulares, mal-estar imune celular, formando um granuloma bem definido, generalizado e neurite. Já na reação crônica, os surtos possibilitando a destruição completa dos bacilos nos são sucessivos. Sendo assim, quando o paciente está se tecidos acometidos. recuperando do primeiro, surge um novo surto. Nesses casos, é importante fazer uma investigação de outros Em contrapartida, tanto na forma virchowiana quanto na possíveis fatores predisponentes, como infecções dimorfa, geralmente há deficiência da resposta imune concomitantes, distúrbios hormonais e fatores celular, o que leva a uma multiplicação excessiva dos emocionais. bacilos e disseminação desses para o sistema nervoso periférico e vísceras. Isso ocorre devido a resposta A doença pode provocar complicações como a rinite humoral exacerbada em que os anticorpos para a M. hansênica, nariz “em sela” (caso haja infiltração óssea), leprae (PGL-1) aumentam rapidamente suas madarose ciliar e supraciliar, perda dos incisivos concentrações no soro, o que leva a um desbalanço superiores, triquíase (direcionamento dos cílios para o imune (por isso o déficit imune celular). globo ocular) e blefaroptose (pálpebra superior pendente).Algumas outras complicações podem ocorrer Características a partir das lesões neurais, como o acometimento do Características das lesões na hanseníase nervo ulnar, radial e mediano, além da lagoftalmia - indeterminada: incapacidade de oclusão da pálpebra- devido a lesão do ramo zigomático do nervo facial, úlceras plantares e Normalmente há apenas uma lesão (cor mais clara que a perda da sensibilidade autonômica, que inerva as pele normal), áreas circunscritas de pele com aspecto glândulas sudoríparas (pele torna-se mais seca e frágil). normal e distúrbios de sensibilidade. Diagnóstico Características das lesões da hanseníase tuberculóide: O diagnóstico é fechado através da clínica do paciente, Limites bem definidos, pouco elevados e com ausência dos dados epidemiológicos e do exame de sensibilidade. dermatoneurológico (realizado através do exame da Características das lesões da hanseníase dimorfa: pele, inspeção e palpação dos nervos periféricos para identificar alterações de sensibilidade). Os pacientes com Várias lesões em forma de placas e nódulos eritêmato- hanseníase são divididos em paucibacilares (PB) ou acastanhados, com tendência à simetria. Lesões pré- multibacilares (MB) de acordo com a baciloscopiae faveolares ou faveolares são o tipo mais característico, quadro clínico, conforme tabela abaixo. O exame podendo ser sobrelevadas ou não, com áreas centrais baciloscópico (esfregaço intradérmico) é realizado e, se deprimidas e aspecto de pele normal, limites internos positivo, o indivíduo é classificado como MB. Caso seja nítidos e externos difusos. negativo, na presença das lesões classicamente descritas, ele passa a ser classificado como PB. O exame Características das lesões na hanseníase virchowiana: histopatológico (biópsia da pele) pode ser utilizado para Placas infiltradas e nódulos (denominados hansenomas), confirmar diagnóstico. de coloração eritêmato-acastanhada ou ferruginosa. Podem ter origem na mucosa nasal.
A resposta imune do hospedeiro, no combate a M.
leprae, pode levar as reações hansênicas, caracterizadas por inflamações de manifestação cutânea, oftálmica e neurais no curso da doença. É importante saber identificá-las, pois são as principais causas de perda permanente de função dos nervos. O quadro pode Tratamento
O tratamento é realizado em regime ambulatorial,
através da poliquimioterapia, que evita a evolução da doença e interrompe a transmissão. Os medicamentos utilizados para o tratamento da hanseníase PB e MB são a rifampicina, dapsona e clofazimina. Na hanseníase PB, os pacientes serão tratados por 6 meses, e na MB, por 12 meses.
As reações hansênicas, com ou sem neurite, devem ser
encaminhadas para as urgências, com objetivo de que o tratamento seja realizado nas primeiras 24 horas. O medicamento de escolha para tratar a reação hansênica tipo 1 é a prednisona na dose 1mg/kg/dia e, para tratar a reação hansênica tipo 2, utiliza-se a talidomida 100 a 400mg/dia.