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HANSENÍASE
D
HANSENÍASE – CLASSIFICAÇÃO
OPERACIONAL
• Após a conclusão diagnóstica a partir do exame clínico e/ou baciloscópico, os casos de
hanseníase devem ser classificados para fins de tratamento, de acordo com os critérios
definidos pela OMS.
DIMORFA (BUDERLAINE)
MULTIBACILAR
( > 5 LESÕES)
VIRCHOWIANA
(2022 / UNIOESTE / Prefeitura de Ramilândia – PR)
A Hanseníase é uma doença infectocontagiosa de caráter crônico, com manifestações dermatoneurológicas e
potencial incapacitante (BRASIL, 2021). Sobre a classificação operacional da Hanseníase, é CORRETO afirmar:
Alternativas
A) Hanseníase paucibacilar tuberculoide é caracterizada por áreas de hipo ou anestesia, parestesias, manchas
hipocrômicas e/ou eritemo-hipocrômicas, com ou sem diminuição da sudorese e rarefação de pelos.
B) Hanseníase paucibacilar indeterminada é caracterizada por placas eritematosas, eritêmato-hipocrômicas, até 5
lesões de pele bem delimitadas, hipo ou anestésicas, podendo ocorrer comprometimento de nervos.
C) Hanseníase multibacilar dimorfa é caracterizada por lesões pré-foveolares (eritematosas planas com o centro
claro). Lesões foveolares (eritematopigmentares de tonalidade ferruginosa ou pardacenta), apresentando
alterações de sensibilidade.
D) Hanseníase paucibacilar indeterminada é caracterizada por lesões pré-foveolares (eritematosas planas com o
centro claro). Lesões foveolares (eritematopigmentares de tonalidade ferruginosa ou pardacenta), apresentando
alterações de sensibilidade.
E) Hanseníase multibacilar dimorfa é caracterizada por áreas de hipo ou anestesia, parestesias, manchas
hipocrômicas e/ou eritemo-hipocrômicas, com ou sem diminuição da sudorese e rarefação de pelos.
C
HANSENÍASE INDETERMINADA (PB)
• É a forma inicial da doença, surgindo com manifestações discretas e menos perceptíveis. Todos os
pacientes passam por essa fase no início da doença.
• Suas manifestações clínicas não se relacionam à resposta imune específica, caracterizando-se por
manchas na pele (geralmente única), em pequeno número, mais claras que a pele ao redor
(hipocrômicas), sem qualquer alteração do relevo nem da textura da pele. Apresenta bordas mal
delimitadas, e é seca (“não pega poeira” – uma vez que não ocorre sudorese na respectiva área).
• O comprometimento sensitivo é discreto, geralmente com hipoestesia térmica apenas; mais raramente,
há diminuição da sensibilidade dolorosa, enquanto a sensibilidade tátil é preservada.
• Pode ou não haver diminuição da sudorese (anidrose / hipoidrose) e rarefação de pelos nas lesões,
indicando comprometimento da inervação autonômica. Podendo ser acompanhadas de alopecia
• Essa forma clínica pode inicialmente manifestar-se por distúrbios da sensibilidade, sem alteração da cor
da pele.
• Por ser uma forma inicial, não há comprometimento de nervos periféricos e, portanto, não se observam
repercussões neurológicas nas mãos, pés e olhos.
• A quantidade de bacilos é muito pequena, indetectável pelos métodos usuais, e via de regra a
baciloscopia é negativa.
HANSENÍASE INDETERMINADA (PB)
• No membro inferior, a lesão do tronco tibial posterior acarreta a garra dos artelhos e
importante perda de sensibilidade da região plantar, com graves consequências
secundárias (úlceras plantares).
• A lesão do nervo fibular comum pode provocar a paralisia da musculatura dorsiflexora e
eversora do pé. O resultado é a impossibilidade de elevar o pé, com marcada alteração
da dinâmica normal da marcha (“pé caído”).
• Na face, a lesão do nervo facial causa paralisia da musculatura orbicular, com
consequente impossibilidade de oclusão das pálpebras, levando ao lagoftalmo
(dificuldade de oclusão das palpebras).
HANSENÍASE - COMPLICAÇÕES DECORRENTES DE LESÃO
NEURAL
Coluna II
( ) Eritema nodoso hansênico
( ) Alterações de core edema nas lesões antigas
( ) Glomerulonefrite.
( ) Aparecimento de novas lesões dermatológicas
( ) Lesões oculares reacionais.
A sequência correta é:
Alternativas
A
A) 2,1,2 ,1 ,2 . B) 1,2,1,2,1. C) 2,2,1 ,1 ,2 . D) 1,1,2,2,1. E) 2,1,1 ,2 ,2 .
REAÇÕES HANSENÍCAS
• Os estados reacionais ou reações hansênicas são alterações do sistema imunológico,
que se exteriorizam como manifestações inflamatórias agudas e subagudas.
• Enquanto a reação hansênica tipo 1 são reações de hipersensibilidade celular e geram
sinais e sintomas mais restritos, associados à localização dos antígenos bacilares, a
reação hansênica tipo 2 é uma síndrome mediada por imunocomplexos, resultando em
um quadro sistêmico e acometendo potencialmente diversos órgãos e tecidos.
Clinicamente, a reação reversa caracteriza-se por Pode-se observar leucocitose elevada com
um processo inflamatório agudo. As lesões neutrofilia, às vezes com desvio à esquerda,
cutâneas tornam-se mais visíveis, com coloração plaquetose, elevação da velocidade de
eritemato-vinhosa, edemaciadas, algumas vezes hemossedimentação e proteína C reativa,
dolorosas. proteinúria e hematúria.
Reação hansênica tipo 1 Reação hansênica tipo 2
(reação reversa) (eritema nodoso hansênico)
A prednisona é o medicamento de escolha (após ingerida O tratamento é feito preferencialmente com talidomida,
e absorvida, sofre metabolização hepática, sendo administrada por via oral
convertida em prednisolona, que é sua forma na dose de 100 a 400mg/dia,
farmacologicamente ativa);
Prednisona 1 mg/kg/dia via oral (pela manhã, no café da Nos pacientes que apresentam quadros associados a
manhã) orquite, episclerite e/ou neurite aguda (definida pela
palpação dos nervos periféricos e pela avaliação da função
Dexametasona 0,15 mg/kg/dia em casos de doentes neural), o tratamento deverá
hipertensos ou cardiopatas ser feito com corticosteroides, como descrito para a
reação tipo 1.
Para a “dor nos nervos”, associar antidepressivo tricíclico Na associação de talidomida e corticoide, deve-se
em dose baixa (amitriptilina 25 mg por dia), associado a prescrever ácido acetilsalicílico 100mg/dia como profilaxia
clorpromazina 5 gotas (5 mg) duas vezes ao dia, ou a para tromboembolismo.
carbamazepina 200 a 400 mg por dia.
Não trate “dor nos nervos” com prednisona nem A pentoxifilina pode ser uma opção terapêutica
com talidomida. A dose de amitriptilina pode chegar a 75 para os casos de contraindicação da talidomida e quando
mg por dia e a de clorpromazina não houver indicação para o
até 50 mg por dia, em aumentos graduais. uso de corticoterapia, como em mulheres com potencial
reprodutivo e sem neurite.
FATORES ASSOCIADOS OU
PRECIPITANTES DAS REAÇÕES HANSÊNICAS
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
As seguintes dermatoses podem se assemelhar a algumas formas e reações de
hanseníase e exigem segura diferenciação: eczemátides, nervo acrômico, pitiríase
versicolor, vitiligo, pitiríase rósea de Gilbert, eritema solar, eritrodermias e eritemas difusos
vários, psoríase, eritema polimorfo, eritema nodoso, eritemas anulares, granuloma anular,
lúpus eritematoso, farmacodermias, fotodermatites polimorfas, pelagra, sífilis, alopecia
areata (pelada), sarcoidose, tuberculose, xantomas, esclerodermias e neurofibromatose de
von Recklinghausen. A principal forma de diferenciação reside na presença de redução de
sensibilidade (dormência) da lesão de pele, presente na hanseníase e ausente nas
doenças citadas anteriormente.
HANSENÍASE - DIAGNÓSTICO
ULTRASSOM DE NERVOS PERIFÉRICOS
A ultrassonografia de nervos periféricos contribui diretamente para a avaliação do dano
neural, pela demonstração de espessamentos focais, edema intraneural, microabscessos e
perda da arquitetura fascicular normal dos nervos periféricos. Alterações da textura podem
ser verificadas pelo aumento ou diminuição nos padrões ecogênicos normais, enquanto o
doppler colorido é muito útil para analisar a vascularização, às vezes aumentada pelo
processo inflamatório. Além disso, o exame permite analisar nervos em áreas anatômicas
em que a palpação é mais difícil ou inacessíve
(2022 / IBADE / INOVA Capixaba – ES)
A investigação epidemiológica de contatos do portador de hanseníase é uma das
estratégias para identificação de novos casos. Neste contexto, o contato de hanseníase é:
A) toda e qualquer pessoa da família, que resida e conviva com o doente de hanseníase,
no último ano que antecedeu ao diagnóstico da doença.
B) toda e qualquer pessoa, da família ou não, que tenha convivido com o doente de
hanseníase, nos dois anos anteriores ao diagnóstico da doença.
C) toda e qualquer pessoa, da família ou não, que resida ou tenha residido, conviva ou
tenha convivido, com o doente de hanseníase, nos seis meses anteriores ao diagnóstico da
doença.
D) toda e qualquer pessoa, da família, que resida ou tenha residido, conviva ou tenha
convivido, com o doente de hanseníase, nos sessenta dias anteriores ao diagnóstico da
doença.
E) toda e qualquer pessoa, da família ou não, que resida ou tenha residido, conviva ou
tenha convivido, com o doente de hanseníase, nos cinco anos anteriores ao diagnóstico da
doença.
E
INVESTIGAÇÃO DE CONTATOS
• Contato domiciliar: toda e qualquer pessoa que resida ou tenha residido, conviva ou
tenha convivido com o doente de hanseníase, no âmbito domiciliar, nos últimos cinco (5)
anos anteriores ao diagnóstico da doença, podendo ser familiar ou não. Atenção especial
deve ser dada aos familiares do caso notificado, por apresentarem maior risco de
adoecimento, mesmo não residindo no domicílio do caso. Devem ser incluídas, também,
as pessoas que mantenham convívio mais próximo, mesmo sem vínculo familiar,
sobretudo, àqueles que frequentem o domicílio do doente ou tenham seus domicílios
frequentados por ele.
• Contato social: toda e qualquer pessoa que conviva ou tenha convivido em relações
sociais (familiares ou não), de forma próxima e prolongada com o caso notificado. Os
contatos sociais que incluem vizinhos, colegas de trabalho e de escola, entre outros,
devem ser investigados de acordo com o grau e tipo de convivência, ou seja, aqueles
que tiveram contato muito próximo e prolongado com o paciente não tratado.
INVESTIGAÇÃO DE CONTATOS:
NOTAS
• Atenção especial deve ser dada aos familiares do doente (pais, irmãos, avós,
netos, tios, etc.), por estarem inclusos no grupo de maior risco de adoecimento, mesmo
que não residam no mesmo domicílio.
• Tanto os contatos domiciliares quanto os sociais deverão ser identificados a partir do
consentimento do caso notificado, buscando-se estabelecer estratégias de acolhimento e
aconselha mento que permitam abordagem qualificada e ética, prevenindo situações que
potencializem diagnóstico tardio, estigma e preconceito.
• Recomenda-se a avaliação dermatoneurológica pelo menos uma vez ao ano, por
pelo menos (5) anos, de todos os contatos domiciliares e sociais que não foram
identificados como casos de hanseníase na avaliação inicial, independentemente da
classificação operacional do caso notificado – paucibacilar (PB) ou multibacilar (MB).
Após esse período esses contatos deverão ser esclarecidos quanto à possibilidade de
surgimento, no futuro, de sinais e sintomas sugestivos de hanseníase.
(2023 / Quadrix / IIER – SP)
A hanseníase é uma doença crônica, causada pela bactéria Mycobacterium leprae
e transmitida por gotículas, que pode afetar qualquer pessoa. Entre seus sinais e
sintomas, estão a alteração, a diminuição ou a perda da sensibilidade térmica,
dolorosa, tátil e de força muscular, principalmente em mãos, braços, pés, pernas e
olhos, que podem gerar incapacidades permanentes. No SUS, o tratamento
farmacológico da hanseníase é feito com poliquimioterapia única (PQT-U), que
associa três fármacos. A partir dessas informações, assinale a alternativa que
apresenta corretamente os três fármacos utilizados no tratamento da hanseníase.
A) rifampicina, isoniazida e clofazimina
B) rifampicina, dapsona e etambuto
C) rifampicina, isoniazida e pirazinamida
D) rifampicina, isoniazida e etambutol
E) rifampicina, dapsona e clofazimina
E
HANSENÍASE - TRATAMENTO
• O tratamento da hanseníase é realizado no âmbito do SUS, em regime ambulatorial,
por meio de PQT-U, padronizada pela OMS. Está disponível em unidades públicas de
saúde, básicas e de referência.
• Os medicamentos são disponibilizados via Componente Estratégico da Assistência
Farmacêutica (Cesaf) e estão alocados no Anexo II da Relação Nacional de
Medicamentos Essenciais – Rename.
• A PQT-U é eficaz e diminui a resistência medicamentosa do bacilo, provocando a sua
morte e evitando a evolução da doença. Ou seja, se o tratamento é realizado de forma
completa e correta, a transmissão da doença é interrompida, o que impede que outras
pessoas sejam infectadas, e o paciente é curado.
• O paciente deve tomar as doses mensais supervisionadas pelo profissional de
saúde. As demais são autoadministradas.
• A alta por cura é dada após a administração do número de doses preconizado, dentro do
prazo recomendado.
HANSENÍASE - TRATAMENTO
• A regressão das lesões dermatológicas da hanseníase, durante e após o uso da
poliquimioterapia, é bastante variável, podendo levar meses ou anos para ocorrer.
• Essa resposta pode ser ainda mais lenta nos MB, especialmente em pacientes com
hansenomas, lesões infiltradas e índice baciloscópico (IB) elevado.
• Nos casos de doentes com intolerância grave ou contraindicação a algum dos
medicamentos do esquema-padrão da PQT-U, são indicados esquemas substitutivos,
que devem ser conduzidos sob orientação de serviços de saúde de referência.
• Nos casos de hanseníase neural pura, o tratamento com PQT-U dependerá da
classificação, conforme avaliação do centro de referência; além disso, faz-se o
tratamento adequado do dano neural.
• Os pacientes deverão ser orientados para retorno imediato à unidade de saúde, em caso
de aparecimento de lesões de pele e/ou de dores nos trajetos dos nervos periféricos,
e/ou de piora da função sensitiva e/ou motora, mesmo após o fim do tratamento.
HANSENIASE – SEGMENTO DOS
CASOS
Os pacientes devem ser agendados para retorno a cada 28 dias. Nessas consultas,
eles tomam a dose supervisionada no serviço de saúde e recebem a cartela com os
medicamentos nas doses a serem auto administradas em domicílio.
Essa oportunidade deve ser aproveitada para avaliação do doente, em caso de:
• Comprometimento neural.
• Surgimento de reações hansênicas.
• Efeitos adversos.
• Orientações sobre higiene e autocuidado.
• Também devem-se convocar e agendar contatos faltosos para serem examinados,
esclarecer dúvidas e fornecer orientações.
CRITERIO DE ALTA POR CURA
• O encerramento da PQT-U deve acontecer segundo os critérios de regularidade no
tratamento: número de doses registradas e tempo de tratamento recomendado, sempre
com avaliação neurológica simplificada, avaliação do grau de incapacidade física e
orientação para os cuidados após a alta.
• Para pacientes PB, o tratamento estará concluído com seis doses supervisionadas em
até nove meses. Na sexta dose supervisionada, os pacientes deverão ser submetidos ao
exame dermatológico, à avaliação neurológica simplificada e à avaliação do grau de
incapacidade física, e receber alta por cura.
• Para pacientes MB, o tratamento estará concluído com 12 doses supervisionadas em
até 18 meses. Na 12ª dose supervisionada, os pacientes deverão ser submetidos ao
exame dermatológico, à avaliação neurológica simplificada e à avaliação do grau de
incapacidade física, e receber alta por cura.
CRITERIO DE ALTA POR CURA
A alta por cura representa a saída do paciente do registro ativo da doença no Sistema de
Informação de Agravos de Notificação (Sinan), mas não impede que o usuário continue a
ser acompanhado na atenção primária por equipe multidisciplinar, que pode continuar a
prestar apoio social, apoio psicológico, vigilância/controle das reações hansênicas,
tratamento da dor neuropática, reabilitação e tratamento de comorbidades (hipertensão
arterial, diabetes mellitus, entre outros).
REICIDIVA