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▪ FAMP – Med 1
Lúpus eritematoso sistêmico (LES) é uma doença autoimune multissistêmica inflamatória crônica que acomete diferentes órgãos e
sistemas. É caracterizada por manifestações clínicas altamente variáveis, com períodos de exacerbação e remissão. Caracteriza-se por
acometimento de múltiplos órgãos e presença de alterações imunológicas variadas, com formação de auto-anticorpos. Apresenta
etiologia desconhecida. Prevalente em mulheres 10:1, com idade entre 15 e 45 anos (idade fértil). Após os 60 anos, 3:1. Doenças
reumatológicas alem de acometer articulações, tb se manifestam em diversos órgãos e sistemas provocando inflamação do “seu tecido
conjuntivo” rico em colágeno – COLAGENOSES. Mais comum em mulheres 12-45 anos (9:1); mais grave na raça negra.
Fatores etiopatogênicos:
Genéticos
Maior freqüência de HLA DR2 e DR3.
Muito encontrado em uma mesma família, pacientes com LES e outras doenças do colágeno.
Maior positividade do FAN em familiares do que na população geral.
Associação com doenças imunológicas hereditárias
Hormonais Parece ser um dos fatores de desencadeamento da doença: Grande prevalência no sexo feminino em período fértil,
agravamento e desencadeamento com anticoncepcionais. (Estradiol liga-se aos receptores nos linfócitos T e B aumentando sua ativação
e sobrevida)
Ambientais
a) DROGAS: Algumas substâncias são capazes de induzir a formação de auto-anticorpos e uma síndrome chamada de Lupus-like,
que é mais branda procainamida, hidralazina, D-penicilamina, hidrazida, sulfonamidas, fentoína, etc..
b) FATORES AMBIENTAIS: Ultravioleta desnatura o DNA das células epidérmicas, bem como induz a apoptose do queratinócito,
deslocando o antígeno Ro para a superfície da célula, tornando-as antigênicas.
Infecciosos (?)
Patogenia
LES é o resultado da ação de diversos AC produzidos pelo desequilíbrio do sistema imunológico, formando imunocomplexos e
desencadeando reação inflamatória. A maioria dos pctes com LES tem HLA DR2 e DR3.
Fatores de risco que levam a produção de auto anticorpos que lesam varias partes do corpo: estrogênio, raça negra, tabagismo,
exposição luz ultravioleta, epstein-bar.
É resultante de respostas imunes anormais, incluindo hiper-reatividade e hipersensibilidade dos linfócitos T e B e regulação ineficaz da
disponibilidade de Ag e das respostas de Ac. O resultado final é a produção incessante de Auto-Ac patogênicos e a formação de IMC que
se fixam nos tecidos-alvo. No LES a fagocitose e remoção as células apoptóticas e dos IMC estão prejudicados, permitindo uma
permanência maior e acumulando o dano tecidual.
Mecanismos de lesão são variados:
A) Depósito de Imunocomplexos com ativação de complemento: vasculites, nefrite, serosites, lesões cutâneas, etc.
B) Anticorpos citotóxicos: anemia hemolítica, leucopenia, linfopenia.
C) Anticorpos contra antígenos teciduais ou reação cruzada com estes: neurológica
Clinica:
“ITES” e “PENIAS” em SURTOS E REMISSÕES. A doença lúpica se manifesta em
surtos (fase em que há maior produção de anticorpos) e remissões. O que os
anticorpos fazem é basicamente a inflamação – assim, teremos inflamação
(dermatite, nefrite, pleurite, pericardite, cerebrite) em surtos e remissões. Os
anticorpos também podem atacar as células sanguíneas, levando as “penias”. Pode
ocorrer em um ou mais sistemas orgânicos. Aparecem exacerbações intercaladas
com períodos de relativa tranqüilidade, mas fadiga e mialgias/artralgias estão
presentes a maior parte do tempo. Na doença grave há febre, prostração, perda
ponderal e anemia.
Sintomas gerais: emagrecimento, febre, astenia, adinamia, fadiga: 65 a
80% de doença ativa. Desaparecem com a melhora do quadro.
Anorexia, náuseas e vômitos: 11 a 56%
Febre; astenia; perda de peso; fadiga
1) Pele: rash malar, discóide, alopecia, ulcera oral
2) Articulação: artralgia; artrite não erosiva
3) Serosas: pericardite; pleurite
4) SNC
5) Rins
- Sangue: anemia hemolítica auto imune; leuco-linfopenia; plaquetas diminuídas.
OBS: independente da forma clinica de apresentação, a maioria dos
doentes tem períodos de exacerbação intercalados por períodos de relativa
melhora ou mesmo inatividade.
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Nas biópsias de pele há depósitos de Ig na junção dermalepidérmica (JDE), lesão nos ceratinócitos basais e inflamação dominada por
linfócitos T na JDE e aos redor dos vasos sanguíneos.
- CRÔNICO:
4) discóide: ocorre em 20% dos pctes; predomina face, pescoço, couro cabeludo e pavilhão auricular; presença de placas eritematosas,
infiltradas e hiperpigmentadas que evoluem com discreta descamação e atrofia central (lesão que deixa cicatriz)
OBS: se o rash malar acometer o sulco naso labial é dermatomiosite.
- SUBAGUDO:
5) lúpus cutâneo subagudo: lesão eritematodescamativa ou anelar difusa, não ulcerativa, predomínio em MMSS e parte superior do
tronco. Precipitada pelo sol, não deixa seqüelas (anti RO).
ARTICULAÇÃO/ MUSCULAR
- Artralgia transitória
- Artrite não erosiva: também poupa interfalanges distais e acomete mãos e punhos. Porem ela é migratória dura 1-3 dias em cada
articulação. Se deformar: ARTROPATIA DE JACCOUD (não erosiva).
- Osteonecrose: infarto dos microvasos que nutrem os ossos, causando dor (quadril, joelho, ombro). Relacionado à atividade lúpica e a
presença de AC antifosfolipede e ao uso de corticóide.
- miopatia /miosite
SEROSAS
- Pericardite: é a principal alteração cardíaca em LES; mesmo qdo sintomática não tem repercussões, e tamponamento e pericardite
constritiva é rara.
- Derrame pleural: mais comum bilateral, mas pode ser unilateral; sempre exudato com níveis de glicose normal; FAN no liquido pleural.
OBS: até aqui o LES é considerado brando (pele, articulação e serosa). Tratamento geralmente ambulatorial.
PULMONAR:
- Pneumonite lupica: febre, tosse, dispnéia e hemoptise. Raio x com infiltrado alveolar difuso, principalmente em base. Responde bem ao
corticóide. NÃO esquecer que a causa mais comum de infiltrado pulmonar é a pneumonia, assim qdo pcte desenvolver um quadro
pneumônico até provem o contrario é infecção.
CARDIACO:
- Endocardite de libman sacks: forma verrucosa e não bacteriana de endocardite, principalmente na válvula mitral, tomar cuidado com
embolia arterial. Há uma grande relação com AC anti fosfolipede.
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- Baço com fibrose perivascular, lesão igual a casca de cebola (patognomonico de lúpus).
- Produção de AC contra o fator VIII levando a um distúrbio hemorrágico. A hemorragia não responde a reposição de plasma fresco ou
crioprecipitado. Mais responde ao complexo protrombinico ativado (prothromplex).
OBS: pode ter vasculite mesenterica semelhante a a PAN, como resultado pode haver dor abdominal principalmente pos prandial.
SNC:
- Cefaléia: tipo enxaqueca, mais frequente
- Convulsão
- AVCi: por trombose devido ao SAF, embolia cerebral por endocardite de libman sack, vasculite cerebral
- Psicose
- Confusão mental
- Neurite periférica 15% dos pctes (sd pé e/ou mão caído) por vasculite da vasa nervorum (pequenos vasos que nutrem os nervos).
OBS: sangue e SNC são considerados graves.
AVALIAÇÃO LABORATÓRIAL
Auto anticorpo:
- FAN (98% dos pctes com LES tem FAN +): não é especifico do LES
- Anti nucleares:
1) anti DNA dupla S (70%): doença ativa e esta relacionado com lesão renal.
2) anti histona (70%): LES fármaco induzido (100%)
3) anti RNP (40%): doença mista tecido conjuntivo
4) anti SM (30%): mais especifico para LES (98%)
5) anti RO (SS-A) (30%): sjogren; tb relacionada com LES neonatal, com BAVT congênito, lúpus cutâneo subagudo, fotossensibilidade e
pode ter FAN – (quase sempre esta relacionado aos casos raros com o FAN-), pctes com anti RO tem menos chance de ter nefrite.
6) anti LA (SS-B) (10%): sjogren
- Anti citoplasmatico:
7) anti P (20%): psicose
- Anti membrana:
8) anti linfocito (70%)
9) anti eritrocito (60%)
10) anti plaqueta (30%)
- Anti fosfolipedeo: 3 elementos: 1) beta 2 glicoproteina (50%) 2) anticoagulante lupico 3) anticardiolipina. Leva a hipercoagubilidade,
pois esse AC agem contra proteínas que se ligam a fosfolipideos (AC do SAF). Leva a trombose venosa e arterial.
Padrão do FAN: padrão homogêneo sugere LES para anti DNA e anti histona.
Outros: VHS e PCR aumentados; complemento diminuído (todos os complementos)
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Diagnostico CRITERIOS
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(**) Esses critérios são contados apenas uma vez – ex.: mesmo que o paciente tenha pleurite e pericardite ao mesmo tempo, ela ganhará
apenas 1 critério – critério de serosas.
Obs.: A anemia mais comum do LES é a anemia de doença crônica (porém, ela não entra como critério para diagnóstico de LES).
Obs2: O ac antifosfolipídio pode interferir no VDRL, tornando o VDRL positivo na ausência de sífilis – assim, o VDRL falso-positivo (VDRL
em baixos títulos, FTA-ABS negativo) é uma forma indireta de se encontrar o ac antifosfolipídio.
Tratamento:
Não há cura e as remissões completas persistentes são raras. Portanto, o tratamento deve ser individualizado e dependerá do padrão de
acometimento e dos órgãos acometidos. A observação e o acompanhamento clínico são fundamentais. Medidas como evitar o sol e
alguns medicamentos, como por exemplo os estrógenos, também são importantes.
Repouso é relativo, pelo menos 10hrs de sono e evitar exaustão.
Evitar medicamentos que causam lúpus fármaco induzido.
Fumo deve ser proibido.
Evitar vacina de vírus vivo.
Medicamentos:
Antimaláricos
Corticosteróides (baixa dose: até 0,5 mg/kg/dia e altas doses: 1mg/kg/dia ou em forma de pulso)
Imunossupressores: Azatioprina, MTX e principalmente a Ciclofosfamida
Talidomida
Dapsona
Micofenolato mofetil
Rirtuximabe
Tópicos: corticosteróides, pimecrolimo, etc
Imunossupressores
- Pulso de Ciclofosfamida: 10mg/kg com aumento mensal de 10% ou 0,5 a 0,75 mg/m2, durante 06 a 08 meses, passando a
trimestral por dois anos. Principal indicação: lesão renal grave.
- Ciclofosfamida Oral: 1 a 2 mg/dia
- Azatioprina: 1 a 2 mg/kg. Nefrite, hematológico e SNC.
- Micofenolato mofetil: principalmente em lesão renal
CORTICOIDE:
Dose de 1-2mg/kg/dia. (risco de osteoporose: cálcio 1500mg/dia + vit D 800UI/dia; pctes na menopausa utilizando mais de 5mg/dia por
mais de 3 meses, fazer profilaxia de osteoporose com alendronato 35mg/semana). Lembrar da profilaxia para strongiloidiase se for usar
drogas imunossupressoras.
CUTANEO- ARTICULAR:
- protetor solar fator >30,
- anti malárico: fazer exame oftalmológico inicial e semestral devido toxicidade oftalmológica (hidroxicloroquina 400mg/dia + usado pq
causa menos toxicidade retiniana ou cloroquina 250mg/dia), ajudam a reduzir os índices de recidiva (pctes em remissão da doença são
mantidos com antimaláricos profiláticos – hidroxicloroquina 200mg 3x por semana).
- AINE: utilizado mais para pele e artrite. Tomar cuidado com toxicidade hepática e renal, qlqr sinal de nefrite lupica ou aumento das
transaminases suspender o AINE.
- pctes refratários utilizar talidomida.
SEROSITE lupica: predinisona em dose de AINE 0,5mg/kg/dia
LUPUS HEMATOLOGICO: predinisona dose imunossupressora 1mg/kg/dia
SNC: predinisona 1mg/kg/dia
NEFRITE CLASSE IV: ciclofosfamida + corticóide (outras nefrites apenas corticóide 1mg/kg/dia)
NOVA DROGA: belibumab 10mg/kg IV a cada 2 semanas por 3 vezes e depois 10mg/kg mensal (inibidor de linfócito B – que é o produtor
dos auto AC).
Pele
O medicamento de escolha inicialmente é a CLOROQUINA: Leva pelo menos três meses para obter efeito adequado
- Difosfato (4mg/kg) ou Hidroxicloroquina (6mg/kg)
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- Evitar o sol (ultra-violeta): filtro solar de no mínimo 15 FPS (ideal por volta de 30)
- CORTICOSTERÓIDES: oral: no máximo 0,5mg/kg de prednisona ou o equivalente de deflazacort, devendo ser usado apenas nos
casos que não respondem às condutas anteriores.
- Outras opções:
- Talidomida: excelente resposta, mas dificuldade para uso em mulheres férteis. Neuropatia periférica: principal efeito colateral
- Dapsona: mais indicada para Lupus Bolhoso
- Tópicos: corticóides, pimecrolimus, etc...
Alterações Hematológicas
- Corticosteróides: avaliar a indicação de acordo com a gravidade Anemia hemolítica e trombocitopenia: deve ser feita dose
alta, de 1 a 2 mg/kg/dia.
- Pulsoterapia com corticóides ou com imunossupressores quando necessário
- Gamaglobulina venosa: ótimos resultados, porém alto custo
- Danazol: alguns casos
Renal
TRATAMENTO DE ACORDO COM A GRAVIDADE E O TIPO HISTOLÓGICO (BIÓPSIA RENAL)
Nas formas focais a conduta pode ser expectante.
Nos casos mais leves, com pouca alteração do sedimento urinário, preservação da função renal e complemento
normal: corticosteróides em dose de até 01 mg/kg/dia.
2-GNPD: com hematúria, cilindrúria, IR, hipertensão, complemento baixo - Pulso de Ciclofosfamida é o mais indicado.
A dose deve ser menor se o paciente tiver Insuficiência renal.
Lúpus e gravidez:
Mulheres com lúpus só devem engravidar após 6 meses de remissão da doença. Pctes com nefrite lupica não devem engravidar.
Gestantes lupicas tem mais chance de parto prematuro, aborto ou natimorto, nefrite, hipertensão e SAF são os principais fatores de
risco. Cuidado com gestantes anti RO+. Se necessário trata o feto usar dexametasona ou betametasona. Durante a gravidez o tratamento
deve ser feito com AINE, corticóide e hidroxicloroquina.
Contraceptivos:
Não devem ser utilizados anticoncepcionais em doses altas, pois aumentam exacerbações do lúpus. O DIU deve ser evitado pelo maior
risco de infecção e hemorragia. Os anticoncepcionais a base de progesterona podem ser utilizados.
Psicose lupica:
O LES pode causar psicose lupica, assim como o corticoide em altas doses. Portanto se um pcte com LES em tratamento com corticoide
em altas doses desenvoover psicose deve-se diminuir ou suspender o corticoide e avaliar resposta. se melhorar a psicose era pela , ed se
nao melhorar era devido ao LES. Ou pode pedir o anti P para confirmar se é pelo LES. O tratamento para psicose do lupus é corticoide.
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complemento normal
padrão homogêneo
anti histona 100%