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Estágio II | Módulo I | Késsia, Janine, Jucelino, Larissa D. e Ketylen | IV Semestre | 2022.

CSE – AULA 9

O que é Hanseníase? FORMAS DA DOENÇA


A hanseníase é uma doença infecciosa, Paucibacilar (PB)
contagiosa, de evolução crônica, causada pela
É a forma da doença em que o sistema
bactéria Mycobacterium leprae. Atinge
imune da pessoa consegue destruir os bacilos
principalmente a pele, as mucosas e os nervos
espontaneamente, ou seja, nesses casos, a
periféricos, com capacidade de ocasionar lesões
baciloscopia é negativa e a biópsia de pele quase
neurais, podendo acarretar danos irreversíveis,
sempre não demonstra bacilos, e nem confirma
inclusive exclusão social, caso o diagnóstico seja
sozinha o diagnóstico. A mesma pode evoluir e
tardio ou o tratamento inadequado.
chegar ao estágio onde pode ser transmitida e
A infecção por hanseníase acomete
conforme o MS são casos com até cinco lesões de
pessoas de ambos os sexos e de qualquer idade.
pele.
Entretanto, é necessário um longo período de
exposição à bactéria, sendo que apenas uma Multibacilar (MB)
pequena parcela da população infectada Constituem o grupo contagiante,
realmente adoece mantendo-se como fonte de infecção enquanto
Está associada à pobreza e ao acesso o tratamento específico não for iniciado. A
precário à moradia, alimentação, cuidados de hanseníase apresenta longo período de
saúde e educação. No Brasil ainda é considerada incubação, ou seja, o tempo em que os sinais e
um importante desafio em saúde pública e trata- sintomas se manifestam desde a infecção além
se de uma das doenças mais antigas da disso, conforme o MS são os casos com mais de
humanidade. cinco lesões de pele.

SINAIS E SINTOMAS Reações hansênicas


• Manchas e/ou área (s) da pele com As reações hansênicas são fenômenos de
alteração da sensibilidade térmica e/ou aumento da atividade da doença, com piora
dolorosa (à dor) e/ou tátil (ao tato); clínica que podem ocorrer de forma aguda antes,
• Comprometimento do (s) nervo (s) durante ou após o final do tratamento. Essas
periférico (s) – geralmente espessamento reações resultam da inflamação aguda causada
(engrossamento) –, associado a alterações pela atuação do sistema imunológico do
sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas; hospedeiro que ataca o bacilo. As características
• Áreas com diminuição dos pelos e do típicas dessa resposta são: edema, calor, rubor,
suor; dor e perda da função.
• Sensação de formigamento e/ou
fisgadas, principalmente em mãos e pés; Tipo I
• Diminuição ou ausência da sensibilidade
Os sinais e sintomas são os seguintes:
e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos
- Lesões de pele mais avermelhadas e inchadas;
e/ou nos pés;
e/ou
• Caroços (nódulos) no corpo, em alguns
- Os nervos periféricos ficarem mais dolorosos;
casos avermelhados e dolorosos.
e/ou

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- Piora dos sinais neurológicos de perda de Se um paciente chegar apresentando os


sensibilidade ou perda de função muscular; e/ou sinais e sintomas realiza-se uma avaliação como
- Mãos e pés ficarem inchados; e/ou um todo, realiza testes de sensibilidade e solicita
- Surgimento abrupto de novas lesões de pele exames laboratoriais e a baciloscopia realiza no
até 5 anos após a alta medicamentosa. local para verificar se há a presença do bacilo.
Por conseguinte o enfermeiro encaminha para a
Tipo II (eritema nodoso hansênico) fisioterapeuta para verificar os nervos se existe
Os sinais e sintomas são os seguintes: a presença de pés caídos, testes de alteração
- Manchas ou “caroços” na pele, quentes, neurológica ou outro comprometimento, em
dolorosos e avermelhados, às vezes ulcerados; seguida, encaminha-se para o médico para
e/ou diagnosticar e se confirmar a doença inicia-se o
- Febre, “dor nas juntas”, mal-estar; e/ou • tratamento medicamentoso e se necessário
ocasionalmente dor nos nervos periféricos; e/ou encaminha para fisioterapia (o do local é só para
- comprometimento dos olhos; e/ou avaliação).
- comprometimento sistêmico (anemia severa Dispensa-se o medicamento, orienta o
aguda, leucocitose com desvio à esquerda, paciente, dá um cartão de aprazamento,
comprometimento do fígado, baço, linfonodos, questiona se há pessoas que residam com ele,
rins, testículos, suprarrenais). sinaliza em um papel se sim ou não e solicita que
o mesmo converse com a família para que eles
Como é transmitida? venham até o programa. Ao chegar ao local
realiza a mesma avaliação dita anteriormente
A hanseníase é transmitida por meio de
caso tenha manchas, se não houver e nem sinais
contato próximo e prolongado de uma pessoa
e sintomas, aplica a BCG (2 doses) que é aplicada
suscetível (com maior probabilidade de adoecer)
para evitar a evolução para o estágio mais grave.
com um doente com hanseníase que não está
Geralmente os pacientes vem até o CSE
sendo tratado. A bactéria é transmitida pelas
encaminhados pelo PSF ou UBS, mas se for direto
vias respiratórias (pelo ar), e não pelos objetos
ao local ele será atendido de igual forma e se for
utilizados pelo paciente.
advindo de um hospital ou clínica particular tem
o mesmo direito ao atendimento.
Como funciona o programa no cse? Além disso, para os casos de hanseníase é
No programa no quadro de funcionários necessário notificar os mesmos para o SINAN
têm-se a técnica de enfermagem denominada dado que ela é caracterizada uma doença de
Cris, a Enfermeira Kaline, Farmacêutica notificação compulsória e de investigação
Responsável Ana Paula, Fisioterapeuta, obrigatória e deve-se notificar através da ficha
Assistente Social, Nutricionista, de Notificação/ Investigação do Sistema de
Dermatologista, Médico. Está incluso no Informação de Agravo de Notificação – SINAN
componente estratégico do SUS e os (em anexo figura 1). Essa ficha deve ser
medicamentos são financiados diretamente preenchida por profissionais das unidades de
pelo mesmo. saúde onde o(a) doente foi diagnosticado(a), na
Inicialmente tem-se a recepção que possui semana epidemiológica do diagnóstico.
os armários que armazenam as fichas dos
tratamento
pacientes e os exames, a sala de coleta para
exames, em casos de baciloscopia a mesma é O tratamento da hanseníase é realizado
feita no programa ao lado na Tuberculose e em através da associação de medicamentos
outros casos de exames complementares estes (poliquimioterapia – PQT) conhecidos como
são realizados no hospital da mulher. Rifampicina, Dapsona e Clofazimina. Deve-se
iniciar o tratamento já na primeira consulta,

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após a definição do diagnóstico, se não houver TRATAMENTO DAS REAÇÕES HANSÊNICAS


contraindicações formais (alergia à sulfa ou à
rifampicina). Em casos de reações do tipo I normalmente
Anteriormente cada forma da doença (PB e utiliza-se corticoides como a predinizona que o
MB) tinha seu medicamento separado, mas foi máximo é 60 mg, mas não é a formulação usual,
unificado e denomina-se PQT U (único) que era o então, administra-se 3 de 20 mg e ao decorrer do
medicamento utilizado para o MB. Para o PB tratamento vai efetuando o desmame, com 15d
utiliza-se o medicamento durante 6 meses e se baixa para 55 mg e após 50 mg, existe a
for MB durante 12 meses. Em casos de formulação de 5 mg e de 20 mg para o desmame
abandonar o tratamento para o PB realiza uma quando as reações se estabilizam. Para utilizar
conta do dia que ele entrou para ver se esse medicamento é necessário realizar a
ultrapassou 9 meses e se sim, refaz todo o desparasitação para evitar anemias severas por
tratamento e para os MB se ultrapassou 18 meses conta da Strongyloides Stercoralis
terá que refazer também. Para o tipo II utiliza-se a talidomida, mas
Além disso ao final do tratamento para o em algumas situações pacientes combinam a
MB se realizar a baciloscopia e der positivo será predinizona com a talidomida, para liberar a
necessário reiniciar o tratamento, ademais, ao talidomida é necessário que o farmacêutico
iniciar o tratamento o MB para de transmitir responsável a dispense e que seja aplicado ali no
com 24h mas se abandonar volta a transmitir. local o anticoncepcional e é necessário trazer o
As orientações para o paciente conforme a beta HCG negativo, os anticoncepcionais
enfermeira: disponíveis são:
- Paciente deve estar bem alimentado, Medroxiprogesterona e Enatato.
administra a parte de cima da cartela toda num
mesmo dia de forma supervisionada;
- E segue o tratamento conforme os dias na
cartela na parte de baixo.
Em casos de pacientes intolerantes a
dapsona ou com anemia devem ser submetidos
a esquemas alternativos de PQT como o uso do
ofloxacino. O esquema alternativo, associando
rifampicina, clofazimina e ofloxacino foi
preconizado em 2010 pelo Ministério da Saúde
(Portaria nº 3.125) e se persistir a anemia pode-
se trocar o ofloxacino pela aminociclina.
Sendo que o OFLOXACINO É A 1°
ESCOLHA para o PQT alternativo e a
AMINOCICLINA A 2°. Pacientes alcoolistas,
alteração ou disfunção hepática e anemia como
dito anteriormente podem recorrer ao PQT
alternativo além de ser possível recorrer aos
mesmos em caso de efeitos adversos excessivos.
Em casos de tratamento para o público infantil
tem-se o PQT U infantil com dosagem menor.

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