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SOI III – SISTEMAS ORGÂNICOS INTEGRADOS III

PROFESSORA: NÚBIA
GRUPO D3 APG – S014 P02

ALUNO: JAMES LEITE DE BRITO

PROBLEMA

PASSO 1: DEFINIÇÃO DE PALAVRAS DESCONHECIDAS;


PASSO 2: PERGUNTAS;
PASSO 3: RESPOSTAS COM CONHECIMENTO PRÉVIO;
PASSO 4: RESUMO/ SÍNTESE DA DISCUSSÃO;
PASSO 5: OBJETIVO;
PASSO 6: SOCIALIZAÇÃO;
PASSO 7: ESTUDAR E AUTO APRENDIZAGEM;
PASSO 8: COMPARTILHAMENTO;
PASSO 9: SÍNTESE DO COORDENADOR.

OBJETIVOS:

1- COMPREENDER A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA HANSENÍASE;


2- ENTENDER AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, FATORES DE RISCO, DIAGNÓSTICO E
TRATAMENTO DA HANSENÍASE;
3- ESTUDAR SOBRE O ESTIGMA RELACIONADO À HANSENÍASE.
1- COMPREENDER A EPIDEMIOLOGIA, ETIOLOGIA E FISIOPATOLOGIA DA HANSENÍASE.

EPIDEMIOLOGIA

A discussão sobre a origem da hanseníase no continente asiático ou africano ainda se


mantém entre os especialistas, todavia, sabe-se é que conhecida há mais de quatro mil anos na
Índia, China, Japão e Egito. No decorrer dos séculos, ainda de forma imprecisa, a hanseníase era
agrupada juntamente com outras patologias cutâneas como a psoríase, escabiose, impetigo, pela
designação de lepra. A infecção por hanseníase acomete pessoas de ambos os sexos e de
qualquer idade. Entretanto, é necessário um longo período de exposição à bactéria, sendo que
apenas uma pequena parcela da população infectada realmente adoece. As lesões neurais
decorrentes conferem à doença um alto poder incapacitante, principal responsável pelo estigma e
discriminação às pessoas acometidas pela doença.
O Brasil ocupa a 2ª posição do mundo entre os países que registram casos novos. Em
razão de sua elevada carga, a doença permanece como um importante problema de saúde pública
no país, sendo de notificação compulsória e investigação obrigatória. A partir da década de 1980 o
Brasil dispõe de iniciativas institucionais que modificam a estratégia de cuidado as pessoas
acometidas pela hanseníase, com o fechamento dos hospitais colônia que pressupunham a
internação compulsória daqueles acometidos pela doença. Em 1995, como iniciativa inovadora para
ressignificação social da doença, o Brasil determina através da Lei nº 9.010, que o termo “lepra” e
seus derivados não podem mais ser utilizados na linguagem empregada nos documentos oficiais da
Administração centralizada e descentralizada da União e dos estados. Esses passos foram
importantes para ampliar a compreensão da história da hanseníase enquanto uma trajetória que
não é do bacilo, mas de pessoas e famílias acometidas pela doença.
A hanseníase está fortemente relacionada a condições econômicas, sociais e ambientais
desfavoráveis. Com registro de casos novos em todas as unidades federadas, a doença exibe
distribuição heterogênea no país, com elevadas concentrações nas regiões Norte, Nordeste e
Centro-Oeste, importantes áreas de transmissão da doença. Sua alta endemicidade compromete a
interrupção da cadeia de transmissão, tornando-se imprescindível a incorporação de ações
estratégicas que visem garantir o atendimento integral às pessoas acometidas pela doença.
A procura dos casos de hanseníase deve se dar por meio da assistência prestada à
população geral nas unidades de saúde dos municípios brasileiros, bem como pela investigação
dos contatos domiciliares dos casos diagnosticados, conforme recomendações das diretrizes
nacionais. O Ministério da Saúde disponibiliza um painel de indicadores e dados básicos de
hanseníase para o conjunto dos municípios brasileiros. A série de painéis apresenta a distribuição
municipal dos principais indicadores epidemiológicos e operacionais, visando a maior qualidade e
tempestividade das tomadas de decisão realizadas por diferentes instâncias de gestão.
ETIOLOGIA

A transmissão ocorre quando uma pessoa com hanseníase, na forma infectante da


doença, sem tratamento, elimina o bacilo para o meio exterior, infectando outras pessoas
suscetíveis, ou seja, com maior probabilidade de adoecer. A forma de eliminação do bacilo pelo
doente são as vias aéreas superiores (por meio do espirro, tosse ou fala), e não pelos objetos
utilizados pelo paciente. Também é necessário um contato próximo e prolongado. Os doentes com
poucos bacilos – paucibacilares (PB) – não são considerados importantes fontes de transmissão da
doença, devido à baixa carga bacilar.
Não se transmite a hanseníase pelo abraço, compartilhamentos de pratos, talheres, roupas
de cama e outros objetos. Já as pessoas com muitos bacilos – multibacilares (MB) – constituem o
grupo contagiante, mantendo-se como fonte de infecção enquanto o tratamento específico não for
iniciado. A hanseníase apresenta longo período de incubação, ou seja, o tempo em que os sinais e
sintomas se manifestam desde a infecção. Geralmente, esse período dura em média de dois a sete
anos; porém, há referências a períodos inferiores a dois e superiores a dez anos.

FISIOPATOLOGIA

Em linhas gerais, a fisiopatogenia da hanseníase depende da ativação dos macrófagos


teciduais, que assumem dois fenótipos distintos, classificados como M1, quando se apresentam
como células epitelioides predominantes nos granulomas do polo tuberculoide, ou M2, quando se
apresentam como células vacuoladas prevalentes no polo virchowiano da doença. Embora os
mecanismos responsáveis por essa diferenciação celular não estejam completamente elucidados, o
papel da imunidade adaptativa mediante as citocinas produzidas por linfócitos T auxiliares (Th) tem
papel fundamental no direcionamento da resposta imune. Tem-se demonstrado que, enquanto as
citocinas IL-2 e INF-γ produzidas por células Th1 promovem a diferenciação de macrófagos para o
fenótipo microbicida (M1), com destruição do M. leprae ou limitação da carga bacilar, as citocinas
IL-4, IL-5 e IL- 10 inibem essa função, favorecendo o surgimento de formas difusas da doença. Mais
recentemente, tem-se destacado também a importância da ativação de células T do tipo Th17 na
indução da resposta inflamatória e na ativação dos macrófagos.
Desse modo, tanto a resistência natural à doença como as suas diferentes formas clínicas
refletem o perfil predominante da imunidade individual frente ao bacilo, orquestrada especialmente
pelo padrão de resposta apresentado pelos linfócitos T auxiliares (Th1 ou Th2). Nas formas clínicas
polares da hanseníase, o predomínio da resposta Th1 ou Th2 é bem definido; porém, nas formas
interpolares, observam-se padrões mistos e instáveis. Por outro lado, nas formas iniciais da doença,
a resposta imune pode ser ainda indefinida e sem repercussão clínica.
Acredita-se que, quando um indivíduo é exposto a cargas bacilares elevadas e apresenta
ativação preferencial de células T do tipo Th1 e Th17, não desenvolverá a hanseníase ou
desenvolverá uma forma restrita da doença, com lesões cutâneas e neurológicas localizadas. Por
outro lado, em indivíduos que ativam preferencialmente células T do tipo Th2 e T reguladoras/Treg,
ocorrerá estímulo à produção de anticorpos específicos, mediada por linfócitos B que, no entanto,
não são úteis para limitar a proliferação do M. leprae. Nesses casos, os pacientes desenvolverão
formas multibacilares da hanseníase e atuarão como importantes fontes de contágio para a
comunidade.
A resposta imune contra o bacilo não apenas define o tipo de doença que o indivíduo
infectado pode ou não desenvolver, mas também é causa importante de morbidade, provocada
especialmente por inflamação tecidual aguda observada durante os eventos conhecidos como
reações hansênicas. Esses episódios inflamatórios são classificados em dois tipos: a reação tipo 1
ou reação reversa, mediada por exacerbação da resposta Th1 e que ocorre principalmente em
pacientes com formas instáveis da doença (dimorfos), e a reação tipo 2 ou eritema nodoso
hansênico (ENH), observada exclusivamente em pacientes com altas cargas bacilares
2- ENTENDER AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS, FATORES DE RISCO, DIAGNÓSTICO E
TRATAMENTO DA HANSENÍASE.

SINAIS E SINTOMAS

Os sinais e sintomas mais frequentes da hanseníase são:

 Manchas (brancas, avermelhadas, acastanhadas ou amarronzadas) e/ou área (s) da pele com
alteração da sensibilidade térmica (ao calor e frio) e/ou dolorosa (à dor) e/ou tátil (ao tato);
 Comprometimento do (s) nervo (s) periférico (s) – geralmente espessamento (engrossamento) –,
associado a alterações sensitivas e/ou motoras e/ou autonômicas;
 Áreas com diminuição dos pelos e do suor;
 Sensação de formigamento e/ou fisgadas, principalmente em mãos e pés;
 Diminuição ou ausência da sensibilidade e/ou da força muscular na face, e/ou nas mãos e/ou
nos pés;
 Caroços (nódulos) no corpo, em alguns casos avermelhados e dolorosos.

As complicações da hanseníase, muitas vezes, se confundem com a evolução do próprio


quadro clínico da doença. Muitas dependem da resposta imune dos indivíduos acometidos, outras
estão relacionadas com a presença do M. leprae nos tecidos e, por fim, algumas das complicações
estão ligadas às lesões neurais características da hanseníase.

Complicações diretas:

São aquelas decorrentes da presença do bacilo na pele e outros tecidos, principalmente


em quantidades elevadas, como é o caso dos pacientes multibacilares com alta carga bacilar.

Complicações devido à lesão neural:

São decorrentes do comprometimento sensitivo e motor, e, quando não tratadas


oportunamente, podem levar à limitação funcional (incapacidade). Uma complicação decorrente de
lesão neural também pode limitar ou inviabilizar a participação do indivíduo em espaços sociais e
comunitários, visto que a dor neuropática e as incapacidades podem impedir a realização de
algumas atividades como a locomoção, realizar atividades manuais finas e a prática de alguns
esportes.

Complicações devido às reações:

São alterações do sistema imunológico, que se expressam por meio de manifestações


inflamatórias agudas e subagudas, ocorrendo com maior frequência nos casos multibacilares,
durante ou depois do tratamento com Poliquimioterapia Única (PQT-U)
Sinais e sintomas como febre alta, dor no trajeto dos nervos, surgimento de lesões da pele (placas
ou nódulos) e piora do aspecto de lesões que já existiam previamente são denominadas reações
hansênicas ou estados reacionais.
Para o estado reacional é imprescindível determinar o tipo de reação (tipo 1 ou tipo 2) para
estabelecer o tratamento adequado. Para as reações tipo 1 utiliza-se a prednisona.
A Reação Tipo 1 ou Reação Reversa caracteriza-se pelo aparecimento de novas lesões
dermatológicas (manchas ou placas), infiltrações, alterações de cor e edema nas lesões antigas,
com ou sem espessamento e dor de nervos periféricos (neurite). A Reação Tipo 2, cuja
manifestação clínica mais frequente é o Eritema Nodoso Hansênico (ENH), caracteriza-se pelo
aparecimento de nódulos subcutâneos dolorosos, acompanhados ou não de manifestações
sistêmicas como: febre, dor articular, mal-estar generalizado, orquite, iridociclites, com ou sem
espessamento e dor de nervos periféricos (neurite). Para as reações de tipo 2 utiliza-se a
talidomida.
Entretanto, nos casos em que houver reação crônica ou subintrante, e que não
responderem à talidomida, recomenda-se a clofazimina. Recomenda-se ainda a pentoxifilina como
esquema terapêutico alternativo para as reações tipo 2.

DIAGNÓSTICO

Os casos de hanseníase são diagnosticados por meio do exame físico geral dermatológico
e neurológico para identificar lesões ou áreas de pele com alteração de sensibilidade e/ou
comprometimento de nervos periféricos, com alterações sensitivas e/ou motoras e/ou
autonômicas. Os casos com suspeita de comprometimento neural, sem lesão cutânea (suspeita de
hanseníase neural primária), e aqueles que apresentam área com alteração sensitiva e/ou
autonômica duvidosa e sem lesão cutânea evidente, deverão ser encaminhados para unidades de
saúde de maior complexidade para confirmação diagnóstica.
Recomenda-se que, nessas unidades, tais pacientes sejam submetidos novamente aos
exames dermatológico e neurológico criteriosos, à coleta de material para exames laboratoriais
(baciloscopia ou histopatologia cutânea ou de nervo periférico sensitivo) e a exames
eletrofisiológicos e/ou outros mais complexos, para identificar comprometimento cutâneo ou neural
discreto e realizar diagnóstico diferencial com outras neuropatias periféricas. Em crianças, o
diagnóstico da hanseníase exige avaliação ainda mais criteriosa, diante da dificuldade de aplicação
e interpretação dos testes de sensibilidade.
Casos de hanseníase em crianças podem sinalizar transmissão ativa da doença,
especialmente entre os familiares; por esse motivo, deve-se intensificar a investigação dos
contatos. O diagnóstico de hanseníase deve ser recebido de modo semelhante ao de outras
doenças curáveis. Entretanto, se vier a causar sofrimento psíquico, tanto a quem adoeceu quanto
aos familiares ou pessoas de sua rede social, essa situação requererá uma abordagem apropriada
pela equipe de saúde, para tomadas de decisão que incidam para uma melhor adesão ao
tratamento e enfrentamento aos problemas psicossociais.
Essa atenção qualificada deve ser oferecida desde o diagnóstico, bem como no decorrer
do tratamento da doença e, se necessário, após a alta. A Caderneta de Saúde da Pessoa
Acometida pela Hanseníase é um instrumento para que o paciente acompanhe e registre seu
tratamento e tenha em mãos orientações sobre a doença, direitos e autocuidado. Enquanto uma
ferramenta de registro, ela é muito importante para gestão do cuidado às equipes de saúde,
todavia, é de posse do paciente. A Caderneta deve ser entregue ao paciente no momento do
diagnóstico.

TRATAMENTO

O Sistema Único de Saúde (SUS) disponibiliza o tratamento e acompanhamento dos


pacientes em unidades básicas de saúde e em referência, não sendo necessário internação.O
tratamento medicamentoso é realizado com a associação de três antimicrobianos (Rifampicina,
Dapsona e Clofazimina) a qual denominamos de Poliquimioterapia Única (PQT-U). Essa
associação diminui a resistência medicamentosa do bacilo, que ocorre com frequência quando se
utiliza apenas um medicamento, o que acaba impossibilitando a cura da doença.
A duração do tratamento varia de acordo com a forma clínica da doença. Para pacientes
com hanseníase paucibacilar (PB) a duração é de seis meses e para pacientes com hanseníase
multibacilar (MB) a duração é de doze meses. Os medicamentos são seguros e eficazes. Ainda no
início do tratamento, a doença deixa de ser transmitida. Familiares, colegas de trabalho e amigos,
além de apoiar o tratamento, também devem ser examinados.
Durante as consultas mensais o paciente recebe uma nova cartela de PQT-U e sendo
assistido por um profissional de saúde, faz uso da dose supervisionada. As demais doses da cartela
de PQT-U são tomadas em seu domicílio. Quando o paciente completa o tratamento
medicamentoso com regularidade, isto é, fez o uso correto de todas as doses de medicamentos
dentro do prazo estipulado (seis ou doze meses), inclusive as supervisionadas, e tendo sido bem
avaliado na última consulta médica, o paciente recebe a alta por cura. Quando necessário, e a
critério médico, durante ou após o tratamento medicamentoso, alguns pacientes podem ser
encaminhados para Centros de Referência em hanseníase, para a uma avaliação clínica mais
aprofundada e da necessidade de prescrição de outros medicamentos para além da PQT-U.
Questões importantes:
 A gravidez e o aleitamento materno não contraindicam o uso de PQT-U;
 Pessoas com peso inferior a 30 Kg devem ter as doses de medicamentos ajustadas para
sua condição;
 O uso de anticoncepcionais orais pode ter sua ação reduzida pelo uso da rifampicina;
 Caso haja necessidade de esquemas substitutivos à PQT-U, o SUS também disponibiliza
esses medicamentos de forma gratuita;
 É importante que os contatos de pacientes com hanseníase também sejam avaliados por
um profissional de saúde.
3- ESTUDAR SOBRE O ESTIGMA RELACIONADO À HANSENÍASE.

Aspectos relacionados ao estigma e à discriminação podem promover a exclusão social e,


ao mesmo tempo, podem produzir consequências negativas que resultam em interações sociais
desconfortáveis, limitando o convívio social, sofrimento psíquico e, consequentemente, pode
interferir no diagnóstico e adesão ao tratamento da hanseníase, perpetuando um ciclo de exclusão
social e econômica. Situações em que ocorrem o estigma e a discriminação podem ocorrer na
família, na escola, no trabalho e até mesmo nos serviços de saúde. O Brasil não possui leis
discriminatórias contra as pessoas acometidas pela hanseníase e seus familiares, em vigor.
Embora destaque-se por ser o primeiro país no mundo que desenvolveu legislação que
proíbe linguagem discriminatória contra as pessoas acometidas pela hanseníase, representando
importante avanço para a garantia dos direitos das pessoas atingidas pela hanseníase, não existe
nacionalmente penalidades impostas para quem as infringirem. Você pode registrar práticas
discriminatórias em canais específicos, como as ouvidorias de saúde, o DISQUE SAÚDE 136.

REFERÊNCIAS

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Doenças de


Condições Crônicas e Infecções Sexualmente Transmissíveis. Protocolo Clínico e Diretrizes
Terapêuticas da Hanseníase [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Ciência,
Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde. –
Brasília : Ministério da Saúde, 2022.

https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/h/hanseniase

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