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UNIVERSIDADE DE RIBEIRÃO PRETO

CURSO DE MEDICINA
Teste de Progresso Individual
2023/2

PROVA 4
Caderno de Questões Comentadas
Nome:______________________________ Código:_______
Etapa:______ Turma (letra):________
TPI – 2023/2

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TPI – 2023/2

Orientações:
1. Esta avaliação é composta de 120 (cento e vinte) testes de múltipla escolha;
2. Confira se seu caderno de questões está completo;
3. Valor da Avaliação: 10,0 (com equivalência de proporcionalidade dependendo da etapa
de matrícula e segundo a Portaria de Avaliação do Curso de Medicina);
4. O aluno NÃO PODERÁ PORTAR qualquer equipamento eletrônico (celulares,
relógios, calculadoras e outros), mesmo que desligado. Estes objetos deverão estar à
frente da sala ou em outro local designado pelo fiscal. Em caso contrário, será imputada
nota zero ao aluno, sem direito a segunda chamada;
5. Toda e qualquer atitude do aluno que caracterize fraude neste processo de avaliação
(“cola”) resultarão em punições conforme as Normas da Instituição, além de ter o seu
exame anulado (zero) sem direito a segunda chamada;
6. As respostas devem ser assinaladas no cartão de respostas personalizado que o fiscal
lhe entregará. Em caso de incorreções no cartão, avise o fiscal;
7. Existe somente uma resposta correta em cada teste;
8. A prova tem duração exata de 4 (quatro) horas. O início e término da prova serão
registrados e comunicados pelo fiscal de sua sala. O tempo mínimo para entrega da
prova é de 2 (duas) horas. Cartões de respostas entregues fora do prazo não serão
recebidos pelo fiscal, sendo imputada nota zero ao aluno, sem direito a segunda
chamada;
9. Neste momento, o Professor está apenas na qualidade de fiscal da prova, não devendo
auxiliá-lo em qualquer dúvida em relação às questões. Responda cada questão de
acordo com o seu entendimento;
10. Toda e qualquer contestação referente à prova e/ou gabarito deverá ser feita através
de requerimento (via Multiatendimento) no prazo de 3 dias úteis após a prova;
11. Ao final da prova, o caderno de questões poderá ser levado pelo aluno;
12. É proibido ao aluno permanecer nos corredores ou arredores das salas após a prova.
Boa Prova!

COMISSÃO DO TPI - MEDICINA UNAERP


Ribeirão Preto
2023 - 2º Semestre

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TPI – 2023/2
Valores de referência (adultos):
Bioquímica e hormônios (sangue): Ácido Úrico:
Albumina = 3,5 – 5,5 g/dl Homem 3,5 a 7,2 mg/dl
Amilasemia = até 150 UI/L Mulher 2.7 a 6,0 mg/dl
Bilirrubina total = 0,3 – 1,0 mg/dl
Bilirrubina direta = 0,1 – 0,3 mg/dl Hemograma e Coagulograma:
Bilirrubina indireta = 0,2 – 0,7 mg/dl CHCM = 31 – 36 g/dl
Cálcio iônico = 4,6 – 5,5 mg/dl ou 1,15 – 1,38 HCM = 27 – 32 pg
mmol/l VCM = 80 – 100 fl
Cloretos = 98 – 106 mEq/L RDW = 10 – 16%
Creatinina = 0,7 – 1,3 mg/dl Leucócitos = 5.000 – 10.000/mm3
Desidrogenase láctica < 240 U/L Linfócitos = 0,9 – 3,4 mil/mm3
Ferritina: Monócitos = 0,2 – 0,9 mil/mm3
Homens = 22 – 322 ng/ml Neutrófilos = 1,6 – 7,0 mil/mm3
Mulheres = 10 – 291 ng/ml Eosinófilos = 0,05 – 0,5 mil/mm3
Ferro sérico: Plaquetas = 15.000 – 450.000/mm3
Homens = 70 – 180 µg/dl Reticulócitos = 0,5 – 2,0%
Mulheres = 60 – 180 µg/dl Tempo de Protrombina (TP):
Fósforo = 2,5 – 4,8 mg/dl ou 0,81 – 1,55 mmol/l INR = 1,0 – 1,4
Globulinas = 2,0 – 3,5 g/dl Atividade = 70 – 100%
HDL: Tempo de Tromboplastina Parcial Ativada
Homens > 40 mg/dl (TTPA) R = < 1,2
Mulheres > 50 mg/dl Tempo de Trombina (TT) = 14 – 19 s
Lactato = 5 – 15 mg/dl
Magnésio = 1,8 – 3 mg/dl Gasometria arterial:

Potássio = 3,5 – 5,0 mEq/L pH = 7,35 – 7,45


Sódio = 135 – 145 mEq/L pO2 = 80 – 100 mmHg
Proteína total = 5,5 – 8,0 g/dl pCO2 = 35 – 45 mmHg
PSA <4 ng/ml Base Excess (BE) = (-2) – (2)
TSH = 0,4 – 4,0 mUl/ml HCO3 = 22 – 28 mEq/L

Ureia = 10 – 50 mg/dl SatO2 > 95%


TGO/AST: H <40U/L e M <30U/L Líquor (punção lombar):
TGP/ALT - Homem <40 U/L e Mulher <35U/L Células < 4/mm3
GamaGT - Homem <30 U/L e Mulher <24 U/L Lactato < 20 mg/dl
Fosfatase Alcalina < 120 U/L Proteína < 40 mg/dl
PTH = 10 a 65 ng/L

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Pediatria
1- Você atende uma jovem de 16 anos, previamente hígida que teve um episódio inédito de
desmaio enquanto assistia a um show de rock. Em relação ao quadro apresentado, assinale a
alternativa correta:

a) O principal diagnóstico diferencial nesse evento são as intoxicações exógenas


b) O ECG é dispensável neste quadro clínico.
c) A hipoglicemia é uma causa comum nessa faixa etária
d) A posição ortostática do paciente não tem relevância diagnóstica
e) Trata-se de síncope vasovagal, sendo desnecessária qualquer avaliação complementar

Resposta: A
Comentário: Faltam dados clínicos para poder se fazer uma impressão diagnóstica mais acurada
(se ocorreram pródromos, o tempo de duração do evento, a posição da paciente, o estado da
paciente após o evento, a presença de movimentos anormais, liberação esfincteriana e outros).
Entretanto, considerando a faixa etária e o local onde ocorreu o evento, deve-se pensar em síncope
vasovagal e intoxicação exógena, não sendo possível excluir causas cardíacas, razão pela qual no
primeiro episódio está indicada a realização de ECG. Profa. Regina Matielo
Referência: SCHVARTSMAN, Benita G S.; CARNEIRO-SAMPAIO, Paulo Taufi Maluf Jr. e M.
Pronto-socorro 3a ed. (Coleção Pediatria). Editora Manole, 2018. E-book. ISBN 9788520462980.
Seção 1. Emergências. Capítulo 7. Síncope. Roberta Fernandes Machado. Amélia Gorete Reis.
Disponível em: https://app.minhabiblioteca.com.br/#/books/9788520462980/

2- Recém-nascido, de parto normal sem intercorrências, a termo, em aleitamento materno


exclusivo, com 15 dias de vida é trazido para atendimento devido ao aumento das mamas do RN e
saída de secreção. Ao exame físico as mamas do RN estão ingurgitadas e com saída de secreção
leitosa, genitália masculina com criptorquidia unilateral. Qual a conduta?

a) Colher cariótipo e encaminhar ao geneticista


b) Observar a evolução das mamas e sinais flogísticos
c) Dosar hormônios e encaminhar ao endocrinologista
d) Realizar tomografia de crânio
e) Solicitar cultura da secreção

Resposta: B
Comentário: As glândulas mamárias crescem com a idade gestacional e pode ocorrer hipertrofia
bilateral decorrente de estímulo estrogênico materno. Em alguns bebês pode-se observar até a saída
de leite. Profa. Juliana Augustin
Referência: BRASIL. Ministério da Saúde. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas.
Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde/ Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde,.- Brasília: Ministério da Saúde, 2011. v. 1 Cap. 3. p. 72.

3- Você está em sala de parto e o obstetra informa que a gestação é de 41 semanas e 2 dias,
pré-natal sem intercorrências, bolsa rota de 1 hora, líquido amniótico meconial. Recém-Nascido (RN)
nasce de parto normal com respiração irregular e hipotônico. O obstetra realiza estímulo tátil no dorso
do RN por duas vezes, sem resposta. Foi realizado o clampeamento do cordão e transferido para o
berço aquecido. Assinale o próximo passo:

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a) Após a realização dos passos iniciais, é avaliada simultaneamente a frequência cardíaca,
respiração e saturação de oxigênio.
b) Para reduzir a hipotermia, é importante pré-aquecer a sala onde serão realizados os
procedimentos, com temperatura ambiente de 23-26ºC.
c) Os passos iniciais visam a manutenção da normotermia e das vias aéreas pérvias e devem
ser executados em, no máximo, 60 segundos.
d) A sequência a ser realizada é: posicionar o RN sob fonte de calor radiante, se necessário
aspirar vias aéreas, em seguida secar o corpo e desprezar os campos úmidos.
e) A aspiração de boca e narinas não é recomendada de rotina para o RN, independentemente
do aspecto do líquido amniótico.

Resposta: E
Comentário: Há evidências de que recém-nascidos submetidos à aspiração de oro e nasofaringe
logo após o nascimento evoluem com saturação de oxigênio mais baixa e demoram mais para atingir
a saturação alvo do que aqueles que não são aspirados. Além disso, a aspiração de vias aéreas
pode retardar a aplicação da ventilação com pressão positiva nos RN sem boa vitalidade ao nascer.
A aspiração de boca e narinas está reservada apenas ao RN em que há suspeita de obstrução de
vias aéreas por excesso de secreções, independente da característica do líquido amniótico. Prof.
Philippe Paiva
Referência: Almeida MFB, Guinsburg R; Coordenadores Estaduais e Grupo Executivo PRN-SBP;
Conselho Científico Departamento Neonatologia SBP. Reanimação do recém-nascido ≥34 semanas
em sala de parto: diretrizes 2022 da Sociedade Brasileira de Pediatria. Rio de Janeiro: Sociedade
Brasileira de Pediatria; 2022. https://doi.org/10.25060/PRN-SBP-2022-2

4- Criança de 4 anos é admitida em Unidade de Pronto Atendimento após iniciar há 1 dia com
tosse seca, febre e dificuldade para respirar. Está com vacinação em dia, nega comorbidades ou
internações prévias. Ao exame apresenta-se em regular estado geral, FC= 115 bpm e TEC < 3
segundos. FR= 51 ipm, com tiragem intercostal leve, saturação= 90% em ar ambiente. A ausculta
pulmonar murmúrio vesicular presente e simétrico, com estertores finos em base direita. Em relação
ao caso acima, a hipótese diagnóstica e conduta inicial correta são:

a) Pneumonia Atípica; tratamento em regime de internação com cefalosporina de terceira


geração por via endovenosa.
b) Pneumonia Atípica; tratamento em regime ambulatorial com macrolídeo por via oral e
reavaliação em 48 horas.
c) Pneumonia Adquirida na Comunidade; tratamento em regime de internação com penicilina
por via endovenosa.
d) Pneumonia Adquirida na Comunidade; tratamento em regime de internação com
cefalosporina de terceira geração por via endovenosa.
e) Pneumonia Adquirida na Comunidade; tratamento ambulatorial com penicilina por via oral e
reavaliação em 48 horas.

Resposta: C
Comentário: Nas crianças com infecção respiratória aguda, a frequência respiratória deve sempre
ser pesquisada visando ao diagnóstico de Pneumonia Adquirida na Comunidade. Na ausência de
sibilância, as crianças com tosse e frequência respiratória elevada (taquipneia) devem ser
classificadas como tendo Pneumonia Adquirida na Comunidade. Entre os sinais de Pneumonia
Adquirida na comunidade que indicam gravidade e necessidade de internação, está a saturação
menor que 92%. Em relação ao tratamento, o antimicrobiano de escolha a nível ambulatorial ou
internação é a penicilina. No caso acima temos uma criança que apresenta taquipneia sem sibilância
e queda de saturação, sendo então classificada como portadora de Pneumonia Adquirida na
Comunidade Grave com critério de internação, onde deverá ser iniciado penicilina por via
endovenosa. Profa. Josiani Oliveira

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Referência: JÚNIOR, Dioclécio C.; BURNS, Dennis Alexander R.; LOPEZ, Fábio A. Tratado de
pediatria v.2. Editora Manole, 2021.

5- Menino de 8 anos iniciou com febre elevada e odinofagia. No quarto dia de sintomas procurou
o serviço médico devido à persistência da febre alta. Ao exame físico notou-se edema palpebral,
hiperemia de orofaringe, amígdalas hipertrofiadas e hiperemiadas, com exsudato e petéquias em
palato. Apresenta também adenomegalia cervical e inguinal; além de baço palpável a 2 cm abaixo
do rebordo costal. Foi prescrito amoxicilina. No segundo dia de tratamento persistia com febre e
evoluiu com rash maculopapular róseo predominante no tronco. Paciente retornou para reavaliação
clínica sendo suspensa a amoxicilina e iniciada a azitromicina. O diagnóstico é:

a) Exantema súbito.
b) Mononucleose infecciosa.
c) Eritema infeccioso.
d) Farmacodermia.
e) Escarlatina.

Resposta: B
Comentário: Mononucleose infecciosa é uma síndrome caracterizada pela tríade clássica de febre
(temperatura axilar > 37,5ºC), faringoamigdalite e linfadenopatia periférica. Integram os critérios
diagnósticos a hepatomegalia maior que 1,5 cm em menores de 4 anos ou fígado palpável em
crianças maiores e baço palpável (esplenomegalia) em qualquer idade. A chance desse exantema
aparecer na história natural da mononucleose é maior após utilização de ampicilina ou amoxicilina.
Profa. Josiani Oliveira
Referência: CAMPOS JÚNIOR, Dioclécio; BURNS, Denis Alexander Rabelo (Org.). Tratado de
pediatria 4a ed. Barueri, SP: Sociedade Brasileira de Pediatria; Manole, 2017. 2 v.

6- Mãe, G2P2, IG= 41 sem., sorologias negativas, pré-natal sem intercorrências, parto fórceps
com bolsa rota no ato, tipagem B positivo, RN tipagem O negativo, coombs direto negativo. Mãe
relata uso de dipirona. Recém-nascido apresentou APGAR de 6 e 9 no 1º e 5º minuto
respectivamente e peso nascimento foi de 3.520 g. Com 24 horas de vida, apresentava perda de
peso de 5% e icterícia zona II/III. Filho anterior necessitou de fototerapia. Feito coleta de exames
com presença de bilirrubina elevada sendo necessário iniciar fototerapia. Hemograma mostrava
presença de anemia com contagem de reticulócitos elevada, sem sinais de infecção. A causa para o
quadro descrito seria:

a) Icterícia devido deficiência de Glicose-6-Fosfato-Desidrogenase.


b) Icterícia devido Síndrome de Gilbert.
c) Icterícia do aleitamento materno.
d) Icterícia por incompatibilidade ABO.
e) Icterícia por incompatibilidade Rh.

Resposta: A
Comentário: RN apresentando icterícia precoce com quadro de anemia e reticulócitos aumentados
sem a presença de incompatibilidade sanguínea, deve-se investigar presença de deficiência de
G6PD com causa. A ingesta de analgésico pela mãe pode ser o fator estressante para o
desencadeamento do quadro de hemólise no RN. As alternativas “a” e “b” não são possíveis, pois
não há o risco de incompatibilidade sanguínea. As alternativas “d” e “e” não causam hemólise. Prof.
Veidson Marcelo Azenha.
Referência: Atenção à saúde do recém-nascido: guia para os profissionais de saúde. Ministério da
Saúde 2014. Links: Volume 2 - Intervenções comuns, icterícia e infecções:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_saude_recem_nascido_v2.pdf; NELSON

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tratado de pediatria. 20a ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2018. 2 v. ISBN 9788535284669; BURNS,
Denis Alexander Rabelo (org.). Tratado de pediatria. 4. ed. Barueri, SP: Sociedade Brasileira de
Pediatria; Manole, c2017. 2 v. ISBN 9788520446126 (enc. : obra completa); Manual de Neonatologia
- Cloherth, John P. Stark, Ann R. Eichenwald, Eric. 7ª ed. Guanabara Koogan, 2015.

7- Lactente de 3 meses de idade é trazido para uma avaliação de rotina. A mãe está preocupada
se o seu leite é suficiente e tem dúvidas sobre a amamentação. Durante a consulta, a mãe relata que
o bebê tem sido amamentado exclusivamente desde o nascimento. O bebê apresenta ganho de 28
g/dia e crescimento no p50. Qual é a recomendação em relação à amamentação e alimentação para
este paciente?

a) Manter a amamentação até os dois anos de vida, mas já pode iniciar imediatamente papas
de frutas.
b) Manter a amamentação exclusiva até os 4 meses, quando deverá iniciar a papa de frutas.
c) Manter a amamentação exclusiva até os 6 meses e introduzir alimentos gradualmente, sendo
uma nova refeição a cada 20 - 30 dias.
d) Manter a amamentação exclusiva até os 6 meses e, nessa idade, trocar o leite materno por
leite de vaca.
e) Manter a amamentação exclusiva até os 9 meses de idade; quando deverá introduzir
gradualmente novos alimentos.

Resposta: C
Comentário: Nesse caso, a recomendação é que a amamentação exclusiva seja mantida até os 6
meses de idade, quando então devem ser introduzidos alimentos complementares de forma gradual,
mantendo a amamentação até, pelo menos, os 2 anos de idade, de acordo com as diretrizes da
Sociedade Brasileira de Pediatria. Profa. Thais Milioni Luciano
Referência: CAMPOS JÚNIOR, Dioclécio; BURNS, Denis Alexander Rabelo (Org.). Tratado de
pediatria. 5. ed. Barueri, SP: Sociedade Brasileira de Pediatria; Manole, c2021. 2 v. ISBN
9788520433508.

8- Menina, 3 anos, apresenta história de febre alta e fezes amolecidas há 2 dias, além de
algumas lesões nos pés e nas mãos há 1 dia. Exame físico: T=37,5°C. FC= 100 bpm, FR= 30 irpm,
bom estado geral, irritada, chorosa, com sialorreia, linfonodos submandibulares de 0,5cm, móveis,
indolores, sem sinais inflamatórios. Apresenta lesões vesiculosas indolores em mãos, pés e região
perianal. A cavidade oral tem lesões vesiculares hiperemiadas, não coalescentes em pilares
amigdalianos e faringe. O agente etiológico é:

a) Parvovírus
b) Estreptococo beta-hemolítico do grupo A
c) Vírus coxsackie
d) Vírus herpes simples tipo 1
e) Vírus varicela zoster

Resposta: C
Comentário: Clássica descrição da herpangina/ síndrome mão-pé-boca em pré-escolar. Lesões em
orofaringe posterior (vesiculosas e, posteriormente, aftosas) com exantema papular ou papulo-
vesicular em mãos e pés. Profa. Eliana Ribeiro Darrigo
Referência: CAMPOS JÚNIOR, Dioclécio; BURNS, Denis Alexander Rabelo (Org.). Tratado de
pediatria. 5. ed. Barueri, SP: Sociedade Brasileira de Pediatria; Manole, c2021. 2 v. ISBN
9788520433508. Disponível em: http://unaerp.bv3.digitalpages.com.br

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9- Menino de 11 anos e 6 meses comparece acompanhado pelos pais, que se mostram
preocupados com o ganho excessivo de peso apresentado pelo paciente nos últimos 2 anos.
Referem que o adolescente não pratica atividade física e fica mais de 6 h/dia no celular. É muito
ansioso, e nesses momentos come em grande quantidade, principalmente alimentos
industrializados. Não tem o hábito de consumir frutas e verduras. Nesta consulta, o escore-z de IMC
do paciente é +3,3 e de estatura é -2,4. Ao exame físico, você observa a presença de acantose em
região cervical e axilar; além da presença de estrias claras e finas em abdome. O estadiamento
puberal de Tanner é G2P1.
Qual dado do caso clínico apresentado justifica uma investigação clínica e laboratorial mais extensa
deste quadro de obesidade?

a) Compulsão alimentar
b) Estadiamento puberal
c) Estatura
d) Acantose nigricans
e) Estrias claras abdominais

Resposta: C
Comentário: A obesidade é um grave problema de saúde pública atual. Resulta do acúmulo de
tecido adiposo como resultado da interação de diferentes fatores: individuais, ambientais e genéticos.
A grande maioria dos casos correspondem a quadros de obesidade primária/exógena. No entanto,
existe uma pequena parcela, entre 5 - 7% dos casos, que correspondem a causas
secundárias/endógenas, sendo elas: causas endocrinológicas, genéticas (monogênicas ou
sindrômicas) e hipotalâmicas. Apesar de raras, é importante que estas causas sejam reconhecidas
de forma a que um correto manejo do quadro seja realizado. Os principais sinais de alarme que nos
devem fazer suspeitar de uma obesidade endógena são: baixa estatura/desaceleração do
crescimento, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor, hiperfagia, obesidade de início precoce
(antes dos 5 anos de idade) e presença de estigmas sindrômicos no exame físico.
Relativamente ao caso apresentado, podemos observar que a estatura é o único sinal de alerta para
estas condições, já que o adolescente apresenta baixa estatura (abaixo de -2 DP). Na obesidade
primária, frequentemente observamos o contrário: pacientes com alta estatura ou acima do canal
familiar, associado a avanço de idade óssea. Profa. Ana Carolina Teodózio
Referência: Silva LR, Solé D, Silva CAA, Constantino CF, Liberal EF, Lopez FA. Tratado de
Pediatria, SBP, volume 1 – 5ª ed, São Paulo, Editora Manole, 2022. Seção 16, capítulo 6 (p.1218-
1224)

10- Adolescente de 14 anos e 6 meses, vem para atendimento médico de rotina acompanhada
de seus pais. Em relação a este atendimento, é correto afirmar:

a) A quebra do sigilo deve acontecer quando um adolescente solicitar prescrição de


contraceptivos.
b) A quebra de sigilo é sempre necessária se a paciente experimentar psicoativos.
c) O sigilo deve ser mantido em todos os casos de infecções de transmissão sexual.
d) O sigilo pode ser mantido em caso de bullying.
e) O sigilo deve ser quebrado em caso de agressão pelo(a) namorado(a).

Resposta: E
Comentário: A quebra de sigilo no atendimento ao adolescente se justifica nas seguintes situações:
Presença ou suspeita de qualquer violência :emocional, interpessoal, maus-tratos, sexual, bullying,
relacionamento abusivo etc.
Uso de álcool e outras drogas, sinais de dependência química.
Autoagressão, ideação suicida ou fuga de casa, tendência homicida.
Gravidez, abortamento.

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Sorologia positiva para HIV/AIDS (comunicar familiares ou terceiros em risco)
Não adesão a tratamentos deixado o adolescente ou terceiros em risco.
Diagnóstico de doenças graves, quadros depressivos e outros transtornos do campo mental.
Risco de participação em roubos, assaltos, tráfico de drogas, direção de veículos sob efeito de drogas
ou álcool. Profa. Vanessa Ávila
Referência: Manual da adolescência, 2019; CAMPOS JÚNIOR, Dioclécio; BURNS, Denis Alexander
Rabelo (Org.). Tratado de pediatria. 5. ed. Barueri, SP: Sociedade Brasileira de Pediatria; Manole,
c2021. 2 v. Cap. 10, pág. 161. ISBN 9788520433508.

11- Lactente, 13 meses de vida, sexo masculino procura atendimento de puericultura para
consulta de rotina. Você verifica que a criança recebeu todas as vacinas do programa nacional de
imunizações até os 9 meses. Quais vacinas ele deverá receber hoje?

a) Vacina para a poliomielite oral, antipneumocócica-10 valente, anti-meningocócica C e tríplice


viral (sarampo, caxumba e rubéola).
b) Anti-pneumocócica-10 valente, anti-meningocócica C e tríplice viral (sarampo, caxumba e
rubéola).
c) Anti-pneumocócica-10 valente, anti-meningocócica C, tríplice viral (sarampo, caxumba e
rubéola) e varicela.
d) Anti-pneumocócica-10 valente, anti-meningocócica ACWY e vacina tríplice viral (sarampo,
caxumba e rubéola).
e) Anti-pneumocócica-10 valente, anti-meningocócica ACWY e tetravalente viral (sarampo,
caxumba, rubéola e varicela).

Resposta: B
Comentário: A lactente tem sua vacinação completa até os 9 meses de vida, estando em atraso as
vacinas que deveriam ter sido feitas aos 12 meses. As vacinas preconizadas pelo PNI para essa
idade seriam: anti-pneumocócica-10 valente, anti-meningocócica C e vacina tríplice viral (sarampo,
caxumba e rubéola). Profa. Vanessa Ávila
Referência: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/c/calendario-nacional-de-
vacinacao/calendario-vacinal-2022/anexo-calendario-de-vacinacao-da-crianca_atualizado_-final-20-
09-2022.pdf

12- Menina lactante, com quatro meses de idade, apresenta episódio inédito de tosse, febre não
aferida e cansaço, Ao exame físico: FR = 64/min, sem desconforto respiratório. O murmúrio vesicular
está presente e simétrico, acompanha-se de sibilos respiratórios e estertores subcrepitantes grossos
e difusos. O diagnóstico de sibilância e a conduta devem ser respectivamente:

a) Asma; aminofilina
b) Laringite; inalações com adrenalina
c) Bronquiolite; inalações com broncodilatadores
d) Asma; inalações com broncodilatadores
e) Bronquiolite; lavagem nasal com soro fisiológico

Resposta: E
Comentário: Trata-se de um quadro típico de Bronquiolite Viral Aguda cujo tratamento é somente
lavagem nasal, manter a hidratação por via oral, cabeceira elevada e observar. Comissão de Testes
Referência: CAMPOS JÚNIOR, Dioclécio; BURNS, Denis Alexander Rabelo (Org.). Tratado de
pediatria. 5. ed. Barueri, SP: Sociedade Brasileira de Pediatria; Manole, c2021.

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TPI – 2023/2
13- Mãe traz lactente para a primeira consulta de puericultura aos 17 dias de vida. Até o momento
está em aleitamento materno exclusivo, com ganho ponderal adequado e bom desenvolvimento
neuropsicomotor. RN nascido a termo, PIG, (peso do nascimento 2390 g), APGAR 9-10; parto vaginal
sem intercorrências; clampeamento tardio do cordão umbilical. Mãe sem comorbidades e com
seguimento adequado das consultas de pré-natal. Em relação a conduta adequada para
suplementação de Sulfato Ferroso, é correto:

a) Se o lactente for mantido em aleitamento materno exclusivo até os 6 meses de vida, não há
necessidade de suplementar ferro;
b) Iniciar imediatamente a suplementação de ferro na dose de 1mg/kg/dia até o 6° mês de vida;
c) Iniciar a suplementação de ferro imediatamente com 2 mg/kg/dia até os 12 meses de vida e
após passar para 1 mg/kg/dia de ferro elementar até os 2 anos;
d) Iniciar a suplementação de ferro no 30° dia de vida na dose de 2 mg/kg/dia até o 12° mês de
vida e em seguida passar para 1 mg/kg/dia até os 2 anos;
e) Iniciar a suplementação de ferro no 30° dia de vida na dose de 2mg/kg/dia e no 12° mês de
vida avaliar com exames laboratoriais a necessidade de continuar a suplementação;

Resposta: D
Comentário: Segundo Consenso sobre anemia ferropriva de 2021 – há a indicação de
suplementação de ferro para lactentes nascidos a termo e com peso abaixo de 2500 gramas, deve
iniciar no 30° dia de vida com 2 mg/kg/dia de ferro elementar e durar até o 12° mês de vida, passando
então para 1 mg/kg/dia de ferro elementar até os 24 meses de vida. Profa. Ângela DeVito
Referência: CAMPOS JÚNIOR, Dioclécio; BURNS, Denis Alexander Rabelo (Org.). Tratado de
pediatria. 5. ed. Barueri, SP: Sociedade Brasileira de Pediatria; Manole, c2021. 1 v, pág. 230. ISBN
9788520433508.

14- Você atende na puericultura da UBS um menino de 7 anos e 10 meses. Ele e a mãe não
apresentam queixas. A sua curva de altura por idade está representada abaixo. Sua altura alvo é de
178 cm e a idade óssea de 6 anos. Qual diagnóstico e conduta?

11
TPI – 2023/2

a) Baixa estatura. Retorno em 6 meses para avaliar velocidade de crescimento.


b) Baixa estatura familiar. Propor reposição com hormônio de crescimento.
c) Atraso constitucional do crescimento. Acompanhamento anual de rotina.
d) Deficiência de crescimento. Investigar causa orgânica.
e) Eutrofia. Manter seguimento de puericultura anual.

Resposta: D
Comentário: O paciente não tem baixa estatura por definição, visto que sua altura se encontra acima
do escore-Z -2. Entretanto, a curva demonstra uma nítida desaceleração, observada nas 3 últimas
medidas. A velocidade de crescimento baixa é o principal parâmetro para definir o crescimento como
deficiente e demanda investigação imediata de causa orgânica. O paciente do caso apresentava
hipotireoidismo (caso real, apresentado aos alunos na sexta e na nona etapas). Profa. Ana Cláudia
Reis
Referência: Júnior DC, Burns DAR, Lopez FA. Tratado de pediatria. v.1. (5th edição): Editora
Manole; 2021. Capítulo 2.1 Vigilância do Crescimento, páginas 88 e 89.

15- Menina de 7 anos está em avaliação médica devido à queixa de puberdade precoce. Ao
exame encontra-se no z-escore +1,5 para a altura e +2,4 para IMC. Tanner M1P2. Idade óssea 7
anos e 10 meses. Velocidade de crescimento do último ano 5 cm. Altura alvo +1,0. Sobre a
investigação adicional e conduta para esta paciente:

a) Solicitar 17-OH progesterona, DHEA-S, androstenediona e testosterona total. Caso 17-OH


progesterona alterada, solicitar TC de abdome.
b) Solicitar 17-OH progesterona, DHEA-S, glicemia, perfil lipídico e TGP. Alta probabilidade de
variante benigna da puberdade.
c) Solicitar LH, FSH, estradiol, 17-OH progesterona e DHEA-S. Caso LH esteja em níveis
púberes o bloqueio puberal está indicado.
d) Solicitar LH, FSH e estradiol. Caso LH esteja em níveis púberes, solicitar RNM de encéfalo
antes de indicar bloqueio puberal.
e) Solicitar US pélvico, LH, FSH e estradiol. Considerando a idade da criança na apresentação,
é improvável indicação de tratamento específico.

Resposta: B
Comentário: Como a paciente não tem mamas, a investigação do eixo gonadal torna-se
desnecessária. Havendo obesidade, alta probabilidade de ter tido adrenarca precoce secundária ao
excesso do peso, sendo necessário o manejo da obesidade, com indicação de triar comorbidades.
Profa. Ana Cláudia Reis
Referência: Júnior DC, Burns DAR, Lopez FA. Tratado de pediatria. v.1. (5th edição).: Editora
Manole; 2021. Capítulo 3, Distúrbios Puberais, página 1191.; Júnior DC, Burns DAR, Lopez FA.
Tratado de pediatria. v.2. (5th edição).: Editora Manole; 2021. Capítulo 3, Obesidade Exógena,
página 354.

16- Lactente do sexo feminino, 9 meses, em aleitamento materno exclusivo. Ao exame


neurológico: não pega objetos com as mãos, não emite sons e não imita gestos, está mais sonolenta,
com baixo ganho pondero-estatural. Nega trauma. Nega febre. A família refere que o quadro clínico
tem piorado no último mês. Foi internada para investigação. Tomografia computadorizada (TC) de
crânio normal. Sinais vitais sem alterações. Exames laboratoriais da admissão: Hb = 7,2; Ht = 18,2;
VCM = 109; HCM = 36,4; RDW = 36,8; Leucócitos = 1650 e Plaquetas = 46000, aumento de bilirrubina
indireta (BI= 2,3) e reticulocitose discreta (RET= 2,4%). Após 3 dias de internação, evoluiu com piora
do quadro neurológico.

12
TPI – 2023/2
Em relação ao diagnóstico da paciente, qual exame abaixo corroboraria para a investigação
etiológica?

a) Endoscopia digestiva alta


b) Dosagem de cobalamina
c) Líquor cefalorraquidiano
d) Ressonância nuclear magnética
e) Angiotomografia computadorizada de SNC

Resposta: B
Comentário: Esse caso demonstra um acometimento neurológico associado à deficiência de
cobalamina. Os sintomas desta patologia são hematológicos (pancitopenia, visto no caso em
questão), neuropsiquiátricos e/ou cutaneomucosos. Nesse contexto, a anemia macrocítica
(VCM>100) e o rebaixamento do nível de consciência sugerem fortemente carência de vitamina B12.
Pacientes com diagnóstico de anemia megaloblástica devem realizar dosagem de vitamina B12 e
ácido fólico. Prof. Luís Guilherme Darrigo
Referência: HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia de Hoffbrand. 7.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

17- Criança de 5 anos apresenta quadro de febre concomitante ao aparecimento de exantema


que se iniciou em face e couro cabeludo, disseminou rapidamente para o tronco, com menor
acometimento das extremidades. As lesões iniciais são máculas eritematosas que evoluíram em 08-
48 h, progredindo para vesículas e crostas. Qual a recomendação de isolamento para essa doença?

a) A partir do diagnóstico, isolamento de contato e aéreo por 5 dias após o início do antibiótico,
até melhora do exantema.
b) Isolamento aéreo por 7 dias após o início dos sintomas, independentemente das
características das lesões.
c) Isolamento de contato até 5 dias após o desaparecimento da febre, mesmo na presença de
exantema.
d) Isolamento de contato e aéreo por no mínimo 5 dias após o início do exantema, até que todas
as lesões estejam na forma de crostas
e) Isolamento de contato a partir do início do exantema até o desaparecimento da última
vesícula.

Resposta: D
Comentário: Trata-se de um caso de varicela, cujo isolamento deve ser de contato e aéreo por um
período mínimo de 5 dias após o início do exantema, até que todas as lesões estejam na fase de
crostas. Profa. Dalma Rodrigues
Referência: CAMPOS JÚNIOR, Dioclécio; BURNS, Denis Alexander Rabelo (Org.). Tratado de
pediatria. 5. ed. Barueri, SP: Sociedade Brasileira de Pediatria; Manole, c2021. 2 v. ISBN
9788520433508.

Ginecologia e Obstetrícia
18- Mulher, 42 anos de idade, G3P2, com 10 semanas de gestação, relata sangramento vaginal
moderado, confirmado ao exame físico. Apresenta: βhCG sérico de 220.000 mUl/ml e
ultrassonografia apresentada na imagem a seguir.

13
TPI – 2023/2

Qual diagnóstico e conduta corretos para essa paciente?

a) Cisto Hemorrágico e esvaziamento uterino, punção dos cistos anexiais e controle por β-hCG
seriado.
b) Cisto Hemorrágico e ooforectomia bilateral.
c) Doença Trofoblástica Gestacional e esvaziamento uterino com retirada cirúrgica do anexo
comprometido.
d) Doença Trofoblástica Gestacional e Histerectomia com retirada do anexo comprometido
e) Doença Trofoblástica Gestacional e esvaziamento uterino e controle por β-hCG seriado.

Resposta: E
Comentário: A doença trofoblástica gestacional (DTG) pode ser definida como uma anomalia
proliferativa que acomete as células que compõem o tecido trofoblástico placentário, cito e
sinciciotrofoblasto, ainda que seus diferentes estágios histológicos difiram na propensão para
regressão, invasão, metástase e recorrência, todas as formas de apresentação da DTG são
caracterizadas pela presença sérica de um marcador tumoral biológico e específico, o fragmento
beta da gonadotrofina coriônica humana (βhCG), um hormônio glicoproteico produzido quase que na
totalidade pelo sinciciotrofoblasto placentário. O tratamento da DTG, consiste de duas fases:
esvaziamento uterino e seguimento pós-molar do βhCG. Prof. José Chufalo
Referência: Doença trofoblástica gestacional - Antônio Braga, Sue Yazaki Sun, Izildinha Maestá,
Elza Uberti: FEMINA 2019;47(1): 6-17.

19- Gestante de 28 anos, G2A1, comparece a consulta de pré-natal com 12 semanas trazendo
resultado da tipagem sanguínea A RhD fraco, Coombs indireto negativo. Assinale a conduta
adequada para essa paciente.

a) Realizar Cordocentese para pesquisa de hematócrito do feto.


b) Realizar Imunoglobulina anti-D profilática com 28 semanas de gestação.
c) Seguir o pré-natal habitualmente, não sendo necessária a Imunoglobulina anti-D profilática.
d) Realizar ultrassom para avaliação da artéria cerebral média do feto.
e) Realizar Coombs Indireto mensalmente até 28 semanas.

Resposta: C

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TPI – 2023/2
Comentário: Antígenos RhD são variações quantitativas dos antígenos do grupo RhD. Na
interpretação clínica, o RhD fraco se comporta como RhD positivo, não necessitando de profilaxia
antenatal ou pós-natal Profa. Daniela Malzone
Referência: Zugaib Obstetrícia 4ªedição (Capítulo de doença hemolítica perinatal)

20- Gestante, G2P1C0, 39 semanas, sem patologias, é admitida na maternidade para cesárea
eletiva por apresentação pélvica. Nega contrações e perdas vaginais e relata boa movimentação
fetal. Sobre a recomendação de prevenção de sepse neonatal precoce nessa gestante, marque a
assertiva correta:

a) Não se recomenda realizar antibioticoprofilaxia para streptococcus do grupo B nessa


internação.
b) Em caso de febre intraparto ≥ 38ºC deve ser prescrito antibioticoprofilaxia para estreptococos
do grupo B.
c) Em caso de urocultura positiva para streptococcus do grupo B, indica-se antibioticoprofilaxia
intraparto.
d) A ocorrência sepse neonatal em gestação anterior indica antibioticoprofilaxia intraparto nessa
internação.
e) A triagem dessa paciente para streptococcus do grupo B é essencial para definição da
antibioticoterapia.

Resposta: A
Comentário: A antibioticoprofilaxia intraparto está contraindicada nos casos de cesárea eletiva, fora
de trabalho de parto e com membranas das águas integras, independente do status da cultura
vaginal/retal. Prof. Ronaldo Eustáquio
Referência: Zugaib, Marcelo; Francisco, Rossana Pulcineli Vieira (eds). Zugaib obstetrícia [3.ed.].
BARUERI: Manole, 2016. página 699

21- Mulher, 41 anos, G5P3A1, 7 semanas de atraso menstrual, apresenta sangramento vaginal
de moderada quantidade, acompanhado de cólica leve e vômitos frequentes. Ao exame: BEG,
corada, hidratada e consciente. Pulso 90 bpm, PA 100 x 60 mmHg. Toque vaginal com colo fechado,
indolor, útero palpável na cicatriz umbilical, não se ausculta batimento cardíaco fetal. Sobre esse
caso, quais exames são essenciais para elucidação diagnóstica:

a) Ultrassonografia e gonadotrofina coriônica qualitativa.


b) Não são necessário exames para a confirmação diagnóstica.
c) Ultrassonografia e βhCG quantitativo.
d) β-hCG qualitativo.
e) Dosagem de TSH e hemograma.

Resposta: C
Comentário: Este caso sugere Doença Trofoblástica Gestacional como causa do sangramento pois,
há um atraso menstrual menor do que o esperado para idade gestacional. Pode também haver um
erro de data que será confirmado por ultrassom. O βhCG quantitativo elevado com a imagem no
ultrassom são necessários neste caso para confirmar a suspeita diagnóstica. Profa. Giordana
Braga
Referência: Zugaib Obstetrícia 3ª edição 2016, Capítulo 31, página 601.

22- Gestação de 22 semanas que apresenta, na ultrassonografia morfológica de 2º trimestre,


polidrâmnio e abdome fetal com aspecto demonstrado na imagem a seguir.

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TPI – 2023/2

a) Hérnia diafragmática.
b) Dilatação cística de vias biliares.
c) Atresia esofágica.
d) Atresia duodenal.
e) Coarctação da aorta.

Resposta: D
Comentário: A atresia ou estenose duodenal tem uma incidência de aproximadamente: 1:10.000
nascidos vivos. O diagnóstico pré-natal é baseado no achado ultrassonográfico de dupla bolha no
abdome fetal e na maioria das vezes, está associado com polidrâmnio. A dupla bolha é a visualização
do estômago distendido no quadrante superior esquerdo em conexão com o duodeno proximal
dilatado no lado direito. Profa. Cláudia Baraldi
Referência: Zugaib Obstetrícia, Seção 7, Capítulo 65, página 1186.

Para as questões 23 e 24, leia o caso abaixo:

Primigesta, 35 anos, G2PC1A0, com 32 semanas, portadora de hipertensão prévia à gestação,


atualmente em uso de AAS, cálcio e metildopa 1g/dia, com bom controle pressórico, comparece para
consulta de pré-natal com exame demonstrando peso fetal estimado no P2 desde a 28ª semana de
gestação.

23- Considerando a caso clínico, qual o diagnóstico da Síndrome Hipertensiva dessa paciente?

a) Hipertensão arterial crônica


b) Hipertensão arterial crônica com sinais de deterioração fetal.
c) Hipertensão arterial gestacional
d) Pré-eclâmpsia sobreposta à Hipertensão arterial crônica
e) Pré-eclâmpsia

Resposta: D
Comentário: Paciente com diagnóstico de Hipertensão Arterial prévio ou diagnosticado até a
vigésima semana de gestação são classificadas como portadoras de Hipertensão Arterial Crônica.
O surgimento de uma lesão de órgão alvo, após 20 semanas como a Restrição do crescimento
intrauterino define quadro de pré-eclâmpsia. Neste caso, portanto trata-se de um caso de Pré-
eclâmpsia sobreposta à Hipertensão Arterial Crônica. Prof. Sérgio Okano
Referência: FEBRASGO. Pré-eclâmpsia / Eclampsia. 2021.

16
TPI – 2023/2

24- Devido ao quadro foi realizado exame de cardiotocografia com laudo feto hipoativo, não
reativo, e vitalidade foi complementada com ultrassom, cujo Perfil Biofísico Fetal demonstrou nota
4/8 e com maior bolsão único de 2,2 cm. Considerando esse laudo, qual o parâmetro do Perfil
Biofísico Fetal que está normal:

a) Movimentação somática
b) Movimentação respiratória
c) Ausência de desacelerações
d) Reatividade Cardíaca
e) Tônus

Resposta: E
Comentário: Segundo a teoria da hipóxia progressiva, o tônus é o último a se alterar pois foi o
primeiro que surgiu na vida embrionária. Apesar do oligoâmnio, ainda há líquido suficiente para
pontuar no score do PBF (que exige ao menos um bolsão de 2,0 cm) e com CTG alterada também.
Logo, o resultado do PBF 4/10= tônus (2 pontos) e líquido amniótico (2 pontos). Prof. Salim
Demétrio
Referência: Páginas 308, 309 e 310 de Zugaib Obstetrícia 3 ª edição

25- Paciente 16 anos, G2P2C0, 10º puerpério, vem a consulta para reavaliação, após parto com
lactente de prematuridade tardia, com queixa de dificuldade com a amamentação e dor em mama
esquerda, suspendeu a amamentação. Ao exame físico, paciente está febril (38,6º oral), notam-se
fissuras mamarias, mamilo plano, mama volumosa, com hiperemia, calor local e dor a palpação em
mama esquerda, sem pontos de flutuação. Ultrassom de mamas: edema em subcutâneo e ectasia
ductal com grande coleção retromamaria. Qual alternativa contém, respectivamente, diagnóstico,
fator complicador e conduta corretos para o caso?

a) Mastite puerperal. Mamilo plano. Prescrever antibióticos e orientar retomada da


amamentação.
b) Mastite puerperal. Mama volumosa. Prescrever antibióticos e orientar retomada da
amamentação.
c) Mastite puerperal. Prematuridade do concepto. Prescrever antibióticos e drenar abscesso.
d) Ingurgitamento mamário. Mamilo plano. Prescrever anti-inflamatório e orientar ordenha
e) Ingurgitamento mamário. Suspensão da amamentação. Drenagem de abscesso e orientar
ordenha

Resposta: C
Comentário: Pela presença de dor, rubor/hiperemia e calor local, conclui-se o diagnóstico de
Mastite. Mamilo plano, presença de fissuras, prematuridade do concepto e a suspensão da
amamentação em mama acometida são fatores associados à mastite. O tratamento adequado é
composto por drenagem do abscesso e antibioticoterapia, manter a lactação para garantir a
drenagem láctea e analgesia. Prof. Paulo Maurício
Referência: Zugaib Obstetrícia. 4a. Ed. São Paulo: Manole; 2019

26- Gestante de 38 anos, G3P2C2, atualmente com 20 semanas, relata sangramento vaginal. Ao
exame físico, tônus uterino é normal, não se observam contrações e BCF é 142 bpm. Há presença
de sangue residual em fundo vaginal. Você solicita exame de Ultrassom e recebe o seguinte laudo:
“presença de lacunas placentárias e inserção placentária anterior, sem margear o colo uterino”.
Sobre o diagnóstico:

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TPI – 2023/2
I. são fatores de risco: idade materna e presença de cirurgia uterina anterior.
II. é causa importante de hemorragia e mortalidade materna.
III. o ultrassom transvaginal é confirmatório para a condição.

Está correto o afirmado apenas em:

a) II
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) I, II e III

Resposta: B
Comentário: O acretismo placentário é importante causa de hemorragia materna. A maioria dos
estudos aponta a cesárea anterior como o fator predisponente mais importante para acretismo
placentário, concluindo que, quanto maior for o número de cirurgias, maior será o risco. Idade
materna acima de 35 anos também é considerado fator de risco. O achado de lacunas placentárias,
a partir de 15 a 20 semanas de gestação, consiste no sinal ultrassonográfico mais preditivo de
acretismo placentário. Profa. Pamela Dantônio
Referência: Zugaib, Obstetrícia, 2ª edição, Capítulo 39 – Placenta Prévia.

27- Mulher, 39 anos, sem desejo gestacional, assintomática retoma para checar exames após
perda de seguimento na pandemia. Apresenta exame colpocitológico com diagnóstico de
HSIL/LIEAG. Paciente apresentou exames prévios de 2020 e 2021 células escamosas atípicas de
significado indeterminado e lesão intraepitelial de baixo grau, respectivamente.
Assinale a alternativa que corresponda corretamente ao processo fisiopatológico do quadro acima e
qual a conduta frente ao caso:

a) Persistência viral. Histerectomia


b) Persistência viral. Colposcopia
c) Persistência viral. Coleta de citologia em 6 meses
d) Clearance. Colposcopia
e) Clearance. Coleta de citologia em 6 meses

Resposta: B
Comentário: Estamos frente a um caso de seguimento de colpocitologia oncótica do colo uterino,
onde o processo de persistência viral (por provável HPV de alto risco oncogênico) , sendo necessário
a realização de confirmação diagnóstica da lesão de alto grau através da colposcopia, com provável
realização de biópsia diagnóstica do colo. O processo do clearance, ao contrário, levaria à eliminação
do vírus e a normalização da citologia controle. Prof. Duílio Perosa
Referência: Protocolos e Diretrizes para o Rastreamento do Câncer do Colo Uterino -Ministério
Saúde 2016.

28- Mulher, 33 anos, casada, nulípara e usuária de DIU de cobre, vem para consulta ginecologia
anual. Refere ter realizado exames de colpocitologias oncóticas anteriores de 2022 e 2021 com
resultados negativos para malignidade. Em relação a este caso, deve-se nesta consulta:

a) Não há necessidade de exame ginecológico nesta consulta.


b) Oferecer apenas exame ginecológico.
c) Oferecer exame ginecológico, coleta de colpocitologia oncótica e de material para captura
híbrida para HPV.
d) Oferecer exame ginecológico e coleta de nova colpocitologia oncótica.

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TPI – 2023/2
e) Oferecer exame ginecológico e coleta de material para captura híbrida para HPV.

Resposta: B
Comentário: Conforme diretrizes do Ministério da Saúde e do INCA em relação à prevenção do
câncer de colo uterino, após 2 colpocitologias com resultado negativo para malignidade em anos
consecutivos, o rastreamento passa a ser a cada 3 anos. Sendo assim, nesta consulta ginecológica
deve-se apenas realizar o exame ginecológico anual, devido a presença de DIU de cobre. Prof.
Maurício Kobayashi
Referência: Diretrizes brasileiras para o rastreamento do câncer do colo do útero - 2ª Edição, revista,
ampliada e atualizada

29- Mulher, 45 anos, hígida, com queixa de urgência miccional. Realizou urina 1 e urocultura
negativas e fisioterapia sem sucesso. O estudo urodinâmico demonstrou hiperatividade detrusora.
Diante do quadro clínico, qual a alternativa contempla apenas os tratamentos corretos?

I. Cirurgia De Burch
II. Tratamento Clínico Com Bloqueadores Colinérgicos
III. Cirurgia De Kelly-Kennedy.

É correto apenas o que se afirma em:

a) I
b) II
c) I e II
d) I e III
e) II e III

Resposta: B
Justificativa: Diante de um quadro de incontinência urinária por hiperatividade detrusora os
procedimentos cirúrgicos não têm efetividade e o tratamento é fisioterapia ou medicações que
promovam bloqueio das contrações vesicais como os anticolinérgicos ou relaxamento vesical como
os agonistas beta 2. Prof. Fernando Gomes
Referência: Novak, tratado de ginecologia.

30- Mulher, 31 anos, G2P0A2, apreensiva devido ao resultado da ultrassonografia endovaginal


tridimensional que revelou malformação uterina demonstrando 2 cornos e 2 colos uterinos. Qual o
diagnóstico da malformação mulleriana dessa paciente?

a) Útero septado
b) Útero bicorno
c) Útero unicorno
d) Útero didelfo
e) Útero arqueado

Resposta: D
Justificativa: As malformações mullerianas são classificadas de acordo com o número de cornos e
colos visualizados e na parcialidade ou totalidade da fusão dos 2 ductos de Müller na linha média da
pelve do embrião. O útero didelfo é um útero que não ocorre fusão de dois hemi-úteros podendo
apresentar dois colos uterinos. Profa. Daniela Barra
Referência: Ginecologia de Williams – 2ª edição - Capítulo Malformações Mullerianas

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TPI – 2023/2
31- Mulher, 50 anos, G3P3, tabagista, sem comorbidades procura atendimento médico com
queixa de perda de urina com prejuízo em sua rotina quando tosse, espirra ou pega algum peso.
Nega sintomas de urgência urinária, noctúria e esvaziamento vesical incompleto. Não apresenta
prolapso genital ao exame físico. Sobre o caso clínico, qual o diagnóstico e conduta inicial?

a) Síndrome da bexiga hiperativa. Prescrever anticolinérgico.


b) Incontinência Urinária de Esforço. Encaminhar para cirurgia de Sling.
c) Incontinência Urinária de Esforço. Encaminhar para fisioterapia pélvica.
d) Incontinência Urinária Mista. Encaminhar para fisioterapia pélvica.
e) Incontinência Urinária Mista. Encaminhar para estudo urodinâmico.

Resposta: C
Comentário: O caso descrito é claramente de incontinência urinária de esforço, sem sintomas de
urgência/bexiga hiperativa. O quadro não demonstra nenhum elemento que impeça que a primeira
linha de tratamento seja estabelecida (fisioterapia pélvica), não tendo indicação cirúrgica nessa
avaliação inicial. Não há indicação de realização de estudo urodinâmico como primeira linha de
investigação complementar, tratamento deve ser iniciado de acordo com avaliação inicial/diagnóstico
clínico. Profa. Raíssa Eloi
Referência: Febrasgo. Protocolos frebrasgo, incontinências urinárias de esforço, ginecologia, n 50;
2021

32- Mulher, 74 anos, branca, diabética e tabagista comparece para checar exame de
densitometria óssea (abaixo). Refere ingesta de queijo, iogurtes e mais de dois copos de leite por
dia. Entrou na menopausa aos 45 anos e nega reposição hormonal no climatério.
Região Densidade g/cm³ T-score Z-score
Coluna lombar 0,625 -4,8 -2,2
Colo do fêmur 0,832 -2,6 -1,2

Qual o diagnóstico e conduta adequados?

a) Exame normal. prescrever vitamina D e orientar perda de peso.


b) Osteoporose. Prescrever tamoxifeno e aumentar a ingesta de cálcio e vitamina D.
c) Osteoporose. Prescrever bifosfonados e vitamina D.
d) Osteopenia. Prescrever bifosfonados e orientar aumento da exposição solar.
e) Osteopenia. Prescrever bifosfonados e estimular atividades físicas de baixo impacto, como
hidromassagem.

Resposta: C
Comentário: A prescrição de Bifosfonado associado ao cálcio e vitamina D reduz o risco de fratura
vertebral na ordem de 40 a 70 %, e de fratura de quadril de 40 a 50% em pacientes com osteoporose.
Profa. Raíssa Eloi
Referência: Manual brasileiro de osteoporose: orientações práticas para os profissionais de saúde /
organização Adriana Orcesi Pedro, Perola Grinberg Plapler, Vera Lúcia Szejnfeld. -- 1. ed. -- São
Paulo: Editora Clannad, 2021.

33- Mulher 29 anos, G5P3A2, deseja contracepção de emergência, pois teve relação
desprotegida há 3 dias, e está no 10º dia do ciclo menstrual. Assinale a alternativa correta, quanto a
conduta neste momento:

a) Qualquer contracepção de emergência pode ser realizada.


b) O Dispositivo intrauterino de cobre está contraindicado.
c) O Dispositivo intrauterino hormonal está contraindicado.

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TPI – 2023/2
d) Não há necessidade de contracepção de emergência.
e) Apenas dispositivo intrauterino pode ser realizado.

Resposta: A
Comentário: A contracepção de emergência pode ser realizada por meio de pílula de 1,5mg de
levonorgestrel, pílula combinada Yuzpe ou DIU de cobre. Quanto mais próximo da relação sexual
desprotegida, maior eficácia se o uso é de pílula de progestagênio ou método Yuzpe. O DIU de cobre
é o método mais eficaz. O DIU hormonal, apesar de eficácia equivalente avaliada em um ensaio
clínico randomizado, ainda não tem evidência robusta para recomendação como método de
emergência. Prof. Giordana Braga
Referência: Tratado de Ginecologia e Obstetrícia, Girão MJBC et al. 2017.

34- Adolescente trans, 15 anos, procura atendimento ginecológico na UBS pois deseja suspender
a menstruação. Diante deste caso, qual a conduta correta?

a) Acionar o conselho tutelar e orientar tratamento de “cura” psicológica.


b) Indicar histerectomia conforme orienta o Ministério da Saúde
c) Oferecer métodos contraceptivos hormonais, independentemente da autorização do
responsável legal.
d) Aguardar os 16 anos pois não é permitido a prescrição de hormônios para esses fins antes
dessa idade.
e) Realizar bloqueio do GnRH conforme orienta o Conselho Federal de Medicina.

Resposta: C
Comentário: Apesar do MS e CFM não autorizarem a terapia de afirmação de gênero para pessoas
trans antes dos 16 anos, nesta situação, a discussão é sobre contracepção e seus benefícios não
contraceptivos. Segundo a ECA, é permitido ao adolescente a decisão sobre suas escolhas
contraceptivas, mesmo sem a autorização dos pais. Prof. Sérgio Okano
Referência: Conselho Federal de Medicina. Resolução 2.265. 2019 | FEBRASGO. Anticoncepção
para adolescentes – São Paulo: Connexomm, 2017.

Clínica Médica
35- Homem, 52 anos, tabagista ativo, recebeu o diagnóstico de Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2) há
2 meses. Assintomático. Retorna hoje na consulta.
Exame físico: Bom estado geral; PA (pressão arterial) = 145x98 mmHg; FC (frequência cardíaca) =
82 bpm (batimentos por minuto); IMC (índice de massa corporal) = 33,4 Kg/m², com CA
(circunferência abdominal) de 112 cm. Restante sem alterações.
Exames laboratoriais: creatinina = 1,9 mg/dL (CKD EPI 42 ml/min); microalbuminúria = 88 mg/24h;
glicemia de jejum = 170 mg/dL; hemoglobina glicada = 8,5%; LDL colesterol = 140 mg/dL. Restante
sem alterações.
Assinale a alternativa correta:

a) A meta de LDL para este paciente é 100 mg/dL, com indicação de introdução de estatinas.
b) Não há necessidade de intervenção anti-hipertensiva nesse caso
c) O início de Inibidor de Eca neste caso deve aguardar a normalização da Hb glicada, e
reavaliação da taxa de filtração glomerular e microalbuminúria.
d) O tratamento no momento seria somente estímulo às mudanças do estilo de vida
e) Os análogos de GLP1 são uma possibilidade terapêutica nesse caso

Resposta: E

21
TPI – 2023/2
Comentário: Paciente citado no caso possui critérios de síndrome metabólica (CA > 90 cm + PA >
130x85 mmHg + diagnóstico de DM2 + LDL > 40 mg/dL), e DM2. Nesse caso, além do MEV, paciente
é de alto risco cardiovascular e já possui repercussões desse descontrole glicêmico na questão renal
e pressórica. Por isso, mesmo estando assintomático, já tem indicação de complementação com
terapêutica medicamentosa. Assim, os análogos de GLP1 seriam uma excelente opção; além disso,
por ser de alto risco, a meta de LDL nesses casos é < 70 mg/dL; pelo comprometimento renal e
pressórico, se faz sim necessário intervenção como inibidores de SGL2 (por exemplo), como cárdio
e nefroprotetores, ou iECA / BRAs. Profa. Nathalie Sedassari
Referência: Bertoluci MC, Forti AC e, Pititto B de A, Vancea DMM, Malerbi FEK, Valente F, et al.
Diretriz Oficial da Sociedade Brasileira de Diabetes. Conectando Pessoas; 2022.

36- Mulher, 37 anos, com passado de uso de prednisona e ciclofosfamida para nefrite lúpica,
mostrada por biópsia renal, teve a medicação interrompida há 2 anos e tratamento descontinuado
devido a sua boa saúde. Entretanto, durante algumas semanas, notou mal-estar geral, febre baixa,
poliartralgias. Qual dos seguintes exames poderá ser usado como marcador de doença aguda ativa?

a) FAN
b) anti-SSA
c) anti-RNP
d) anti-DNA
e) anti-Sm

Resposta: D
Comentário: Trata-se do anti-DNA. A monitoração dos seus níveis séricos deve ser feita no
acompanhamento clínico do paciente, sendo que um aumento do título pode prever a exacerbação
da doença. Apresentam valor prognóstico, em particular quando acompanhados da queda
concomitante dos níveis do complemento. Profa. Lucienir Silva
Referência: GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil Medicina.: Grupo GEN, 2022. E-
book. ISBN 9788595159297.; AMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al.
Medicina interna de Harrison - 2 volumes.: Grupo A, 2019. E-book. ISBN 9788580556346.

37- Mulher, 75 anos, apresenta cansaço progressivo, sonolência, fraqueza muscular


generalizada, constipação e ganho de 8 kg nos últimos 4 meses. É hipertensa e dislipidêmica há 15
anos, com infarto agudo do miocárdio há 10 anos. Exame físico: Peso 78 kg, FC 64 bpm, PA 120x80
mmHg, edema de membros inferiores, tireoide discretamente aumentada de tamanho. TSH 172
µUI/ml; T4 livre 0,5 ng/dl. Qual é a abordagem inicial adequada?

a) Solicitar US de tireoide
b) Repetir função tireoidiana em 3 meses
c) Observação clínica
d) Levotiroxina 25 mcg/dia, com aumento progressivo da dose
e) Levotiroxina 125 mcg/dia

Resposta: D
Comentário: Paciente com quadro clínico e laboratorial de hipotireoidismo primário, com
necessidade de início de reposição de levotiroxina em doses baixas e com progressão de dose lenta,
visto fatores de risco e antecedentes de doença cardiovascular. Prof. Gabriel Gonçalves
Referência: GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil Medicina.: Grupo GEN, 2022. E-
book. ISBN 9788595159297.; AMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al.
Medicina interna de Harrison - 2 volumes.: Grupo A, 2019. E-book. ISBN 9788580556346.

22
TPI – 2023/2
38- Mulher, 73 anos, em seguimento geriátrico por hipertensão arterial, diabetes melitus,
osteoartrose, síndromes convulsivas e transtorno bipolar do humor. Apresenta-se em pronto
atendimento com dor intensa em toda pele, prostração, febre e calafrios. Refere início de lesões
maculares eritematosas com eritema e edema há 1 dia, que evoluíram com vesículas sobrepostas,
após algumas horas de evolução. Ao exame físico: REG, febril, com descolamento de pele de todas
as áreas fotoexpostas incluindo face, além de tórax e abdome. Apresenta lesões ulceradas em
mucosa oral e genital. Em uso contínuo de: enalapril, hidroclorotiazida, metformina, lamotrigina.
Refere uso de dipirona quando dor e creme de neomicina com bacitracina em pele diariamente sem
prescrição médica. O diagnóstico e o fator desencadeante são:

a) Dermatite Factícia por descompensação do transtorno bipolar do humor


b) Dermatite de Contato Alérgica por creme de Neomicina e Bacitracina
c) Necrólise Epidérmica Tóxica desencadeada por Lamotrigina
d) Fitofotodermatose desencadeada por Metformina
e) Síndrome de Steven-Johnson desencadeada por Enalapril

Resposta: C
Comentário: Fitofotodermatoses ocorrem em contato da radiação solar com substâncias presentes
em certas frutas e plantas, como o limão. Fitofotodermatose não ocorre por metformina. Síndrome
de Steven Johnson é o principal diagnóstico diferencial para o caso clínico apresentado. Trata-se de
uma farmacodermia que acomete menos de 30% da área corporal. A paciente descrita apresenta
desprendimento cutâneo superior a 30%, sendo, portanto, compatível com Necrólise Epidérmica
Tóxica, comumente causada por lamotrigina, alopurinol, sulfonamidas. A dermatite de contato
alérgica por tópico (creme) e a dermatite factícia não gerariam quadro típico descrito, com tamanha
gravidade, além de lesões mucosas. Profa. Heloisa Copesco
Referência: Dermatologia: Dermatologia de Sampaio e Rivitti/Rivitti EA. 4 ed. São Paulo: Artes
Médicas, 2018.

39- Mulher, 55 anos, é sedentária e passa a maior parte do tempo assistindo televisão. Possui os
diagnósticos de hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2 há 8 anos, dislipidemia e obesidade. Em
uso dos seguintes medicamentos: Anlodipino 5mg pela manhã, Rosuvastatina 20mg de noite e
Metformina 500mg duas vezes ao dia. Se apresenta em consulta médica ambulatorial de rotina com
os seguintes exames laboratoriais: Hemoglobina glicada: 8,9%, Glicemia de jejum: 140mg/dL,
Colesterol total 169mg/dL, LDL: 69 mg/dL/ HDL: 30mg/dL / triglicerídeos: 350 mg/dL. / colesterol não-
HDL: 139mg/dL. Qual a conduta adequada?

a) Insulinizar e iniciar empagliflozina


b) Associar ezetimibe e niacina
c) Aumentar a metformina para 2g e iniciar dapagliflozina 10 mg/d
d) Aumentar a dose de estatina para 40 mg
e) Trocar rosuvastatina por atorvastatina e AAS

Resposta: C
Comentário: Paciente com risco intermediário. Caso característico de dislipidemia aterogênica, que
é hipertrigliceridemia associada a níveis baixos de HDL e LDL dentro do valor de referência. Esse
evento ocorre em pacientes com dislipidemia que apresentam síndrome metabólica
inadequadamente tratada devido à resistência insulínica. Uma vez que paciente apresenta LDL
dentro da meta para o risco cardiovascular proposto a orientação é otimizar o tratamento da diabetes
e síndrome metabólica. Prof. Fernando
Referência: Faludi A, Izar M, Saraiva J, Chacra A, Bianco H, Afiune Neto A, et al. ATUALIZAÇÃO
DA DIRETRIZ BRASILEIRA DE DISLIPIDEMIAS E PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE - 2017.
Arq Bras Cardiol [Internet]. 2017;109(1):1212–3. Available from:
http://www.gnresearch.org/doi/10.5935/abc.20170121

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TPI – 2023/2

40- Homem, 54 anos, divorciado foi demitido do trabalho em razão da baixa produtividade.
Concordou com a consulta após longa negociação, pois não vê possibilidade de recuperação. Ao
exame apresenta despertar precoce, desânimo, falta de esperança e de vontade de viver. É ciumento
com suas filhas adolescentes que considera sua única razão de existir. No entanto, se vê como um
pai omisso, e por isso não merece o afeto delas. Considera-se sem capacidade para tentar um novo
emprego e, assim, a família vai acabar passando fome. Conclui que não vale a pena ter que passar
por isso tudo. Em relação as alterações psicopatológicas, as mais importantes no caso são:

a) Ideias de ciúmes e anedonia


b) Ideias de ruína e sentimento de menos valia
c) Prolixidade e hipomnésia de fixação
d) Hipovigilância e distúrbio sensoperceptivo
e) Desorientação apática e somatização

Resposta: B
Comentário: O caso mostra paciente em um Episódio típico de Depressão Maior Grave. Nesses
casos as ideias de ruína e de menos valia são típicas. Prof. José Onildo Contel
Referência: Kaplan HI, Sadock BJ, Grebb JA. Transtornos do Humor. In: Compêndio de Psiquiatria:
Ciências do Comportamento e Psiquiatria Clínica. Artes Médicas, Porto Alegre, 1997. Cap. 15, pp.
493-544.

41- Mulher, 65 anos, apresentou quadro de dor precordial, dispneia e sudorese súbitas, foi levada
à unidade pronto-atendimento imediatamente, onde já chegou em franca insuficiência respiratória,
hipotensa e com sopro em focos do ápice. Após medidas de suporte avançado, intubação orotraqueal
e início de ventilação mecânica, você̂ recebe ECG realizado (abaixo) e opta por fazer ultrassom beira
leito (“point of care”), cujo resultado está́ a seguir. Com este quadro pergunta-se, qual a parede e o
vaso acometidos pelo infarto agudo do miocárdio e a complicação?

ELETROCARDIOGRAMA

ECOCARDIOGRAMA
LV = VE (ventrículo esquerdo), RV = VD (ventrículo direito)

24
TPI – 2023/2

a) Parede anterior extensa, ramo descendente anterior. Comunicação interventricular.


b) Parede anterior extensa, ramo descendente anterior. Pseudoaneurisma da parede livre do
VE.
c) Parede anterior, ramo descendente posterior. Tamponamento cardíaco por rotura do septo
interventricular.
d) Parede inferior, coronária direita. Comunicação interventricular.
e) Parede inferior, ramo circunflexo. Tamponamento cardíaco por rotura de parede livre do VE.

Resposta: A
Comentário:

25
TPI – 2023/2
Complicações do infarto Agudo do Miocárdio

Hemodinâmicas Elétricas Pericardite

Disfunção do VE Bloqueios AV Precoce


Infarto do VD Bloqueios de ramo Tardia (Dressler)
Choque cardiogênico Arritmias complexas

Mecânicas Tromboembólicas

Comunicação interventricular Trombo cavitário


Ruptura de parede livre do VE Embolia sistêmica
Insuf. Mitral aguda TEP
Aneurisma de Ponta do VE Transtornos Hemorrágicos

Profa. Cláudia Cury

Referência: V Diretriz Da Sociedade Brasileira de Cardiologia Sobre tratamento do infarto agudo do


miocárdio com Supradesnível do Segmento St. Volume 105, No 2, Suplemento 1, Agosto 2015;
Indexação: ISI (Thomson Scientific), Cumulated Index Medicus (NLM), SCOPUS, MEDLINE,
EMBASE, LILACS, SciELO, PubMed

42- Homem, 30 anos encontra-se no início do tratamento de um linfoma não Hodgkin de alto grau
(Burkitt) com o protocolo de quimioterapia de altas doses HIPERCVAD. No D+13 procura
atendimento de emergência apresentando febre aferida em 38,5°C. Apresenta-se hipocorado e
reclama de dores na boca e ao deglutir. O exame revela mucosite grau II e o hemograma Hb 7,9
g/dL; GB 800/uL com 10% de neutrófilos; Plaquetas 35.000/uL. Sobre este caso avalie as
proposições

I. A avaliação global com mucosite grau II enquadra este caso em uma neutropenia febril de
baixo risco
II. Cefepime EV deve ser iniciado logo após a coleta urgente de hemoculturas
III. É necessária uma extensa investigação da causa da febre para ofertar o melhor tratamento

a) Apenas I correta
b) Apenas II correta
c) Apenas III correta
d) Apenas I e II corretas
e) Apenas II e III corretas

Resposta: B
Comentário: Trata-se de um caso de neutropenia febril após QT de altas doses em um paciente
apresentando mucosite sintomática. É um caso de alto risco que precisa ser encarado como uma
emergência. Trata-se usualmente de fenômeno de translocação bacteriana pela mucosite intestinal
e neutropenia graves, não estando indicada extensa validação a procura de foco primário antes do
início da antibioticoterapia de largo espectro. Prof. Guilherme Santos
Referência: GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil Medicina.: Grupo GEN, 2022. E-
book. ISBN 9788595159297.; AMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al.
Medicina interna de Harrison - 2 volumes. : Grupo A, 2019. E-book. ISBN 9788580556346.

43- Paciente de 68 anos, peso de 60 kg, portador de insuficiência cardíaca, com fração de ejeção
reduzida (32%), internado devido a descompensação, com dispneia ao repouso e edema de MMII.

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TPI – 2023/2
Apresentava no momento da internação creatinina de 1,3 mg/dL e Ke 4,8 mEq/L, após 12 horas de
evolução, sua creatinina subiu para 2,7 mg/dL e sua diurese foi de 720 ml. Nesse caso, em relação
a função renal podemos estadiar esse paciente como:

a) LRA KDIGO 1, sem indicação de dialise


b) LRA KDIGO 2, sem indicação de dialise
c) LRA KDIGO 2, com indicação de dialise
d) LRA KDIGO 3, sem indicação de dialise
e) LRA KDIGO 3, com indicação de dialise

Resposta: B
Comentário:

Profa. Edmara Sanchez


Referência: Critérios para estadiamento da lesão renal (KDIGO,2012)

44- Mulher, 89 anos, hipertensa, com DPOC, síndrome demencial CDR 2, é trazida para
atendimento médico de emergência devido prostração e sonolência, tosse produtiva de início há 2
dias, sem febre. Ao exame físico apresenta-se sonolenta, desidratada 1+/4+, FR 24 ipm, PA 90 x 60
mmHg, Sat O2 91% em ar ambiente, presença de crepitação bibasal, sem outras alterações
Exames: Hb 10,1 g/dL leucócitos 12.700 cel./ml (1% bastões) plaquetas 301.000/ml, ureia 25 mg/dL,
creatinina 1,6 mg/dL, Na 141 mEq/L, K 3,9 mEq/L, PCR 151 mg/L. O raio X mostra consolidação em
base direita.
Qual a conduta adequada?

a) tratamento em enfermaria com tazocin + azitromicina


b) tratamento em enfermaria com vancomicina
c) tratamento em CTI com cefepime
d) tratamento em CTI, com amoxicilina + clavulanato
e) tratamento ambulatorial com levofloxacino

Resposta: A
Comentário: Paciente idosa portadora de síndrome demencial com diagnóstico de pneumonia e
CURB>2: paciente com diagnostico de demencial fase moderada, sendo elegível aos cuidados
paliativos e baixo benefício em internação em leito de CTI, pontuando CURB>2 e indicado internação
hospitalar para início de terapia antimicrobiana. Dentre as comorbidades, paciente portadora de
DPOC, existindo o risco para infecção por pseudomonas, devendo esta ser coberta e as opções
seriam ceftazidima + levofloxacino ou azitromicina // cefepime + levofloxacino ou azitromicina //
piperacilina/tazobactam + levofloxacino ou azitromicina // meropenem + levofloxacino ou
azitromicina. Profa. Vanessa Bueno
Referência: NETO, Rodrigo Antonio B.; SOUZA, Heraldo Possolo de; MARINO, Lucas O.; et al.
Manual de medicina de emergência: disciplina de emergências clínicas: Hospital das Clínicas da
FMUSP. Editora Manole, 2022. E-book. ISBN 9786555767827.

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TPI – 2023/2
45- Paciente do sexo feminino, 24 anos, sem comorbidades, sem uso de medicamentos
contínuos comparece a consulta ambulatorial devido a quadro de dor de cabeça. Refere que a dor é
unilateral, pulsátil, piora com esforço, moderada, apresentando foto e fonofobia. Eventualmente
apresenta náuseas associadas à dor. Nega sintomas sensitivos ou visuais associados ao quadro.
Tem a dor de cabeça desde os 11 anos, mas nos últimos 3 anos a frequência vem aumentando,
atualmente apresenta 9 episódios por mês com duração de 10h caso não faça uso de analgésicos.
Qual o diagnóstico e a conduta adequada para esta paciente?

a) Enxaqueca Episódica, orientações e prescrição sobre uso correto de abortivos da dor, com
indicação de medicamento profilático para a migrânea.
b) Cefaleia Secundária, devido à piora ao longo dos últimos 3 anos, deve ser investigada com
Tomografia de Crânio.
c) Migrânea Crônica, orientações e prescrição sobre uso correto de abortivos da dor, com
indicação de medicamento profilático para a migrânea.
d) Migrânea Crônica, aplicação de toxina botulínica é o tratamento de maior eficácia para esta
paciente.
e) Migrânea Episódica, orientações e prescrição sobre uso correto de abortivos da dor, sem
indicação de medicamento profilático para a migrânea.

Resposta: A
Comentário: A paciente preenche todos os critérios da Classificação Internacional de Cefaleias para
o diagnóstico de Migrânea. Quanto à frequência, podemos classificá-la como episódica (15 episódios
por mês). Ao ter mais de quatro episódios de cefaleia por mês, há indicação de
tratamento profilático além do tratamento abortivo para a dor. Prof. Guilherme Chaparim
Referência: GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil Medicina.: Grupo GEN, 2022. E-
book. ISBN 9788595159297; AMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al. Medicina
interna de Harrison - 2 volumes.: Grupo A, 2019. E-book. ISBN 9788580556346.; Classificação
Internacional das Cefaleias, 3ª edição.

46- Paciente com diagnóstico recente de AIDS após um quadro de pneumocistose retorna após
o primeiro mês de uso de terapia antirretroviral com dolutegravir, tenofovir e lamivudina em doses
habituais. No início da terapia não tinha sido colhido o LT-CD4+ do paciente, e no retorno ele traz os
resultados para avaliação. Considerando o risco de infecção pelo Complexo Mycobacterium avium,
assinale a droga usada para a profilaxia e sua posologia, em função da contagem de CD4

a) Azitromicina 500 mg 1 vez por dia; CD4 < 100/mm³


b) Azitromicina 500 mg 3 vezes por semana; CD4 < 50/mm³
c) Azitromicina 500 mg 3 vezes por semana; CD4 < 200/mm³
d) Sulfametoxazol-trimetoprima 160/800 3 vezes por semana; CD4 < 100/mm³
e) Sulfametoxazol-trimetoprima 160/800 1 vez por dia; CD4 < 100/mm³

Resposta: B
Comentário: PVA com CD4 < 50/mm³ precisam receber profilaxia para o complexo Mycobacterium
avium, que é realizada com azitromicina 1200 a 1500 mg por semana. Prof. Maurício Llaguno
Referência: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Manejo da Infecção pelo HIV em
Adultos

47- Um homem de 42 anos procurou atendimento na unidade básica devido a dores na parte
inferior das costas, após realizar esforço físico ocasional e intenso. Durante a avaliação verificou-se
Pressão Arterial 156 x 96 mmHg e FC 87 bpm. No retorno, em 3 semanas, o paciente traz 15
anotações de pressão arterial, variando entre PAS 144 e 162 e PAD 87-98 mmHg, o CDK-EPI é 52

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TPI – 2023/2
ml/min/1,73 m² e o exame de urina rotina não mostra proteinúria, hematúria ou outros achados
anormais O paciente não está em uso medicamento. Qual dos medicamentos abaixo é indicado para
o início da terapia deste paciente?

a) doxazozina
b) enalapril
c) anlodipina
d) hidralazina
e) metoprolol

Resposta: B
Comentário: Os inibidores da enzima conversora de angiotensina retardam a progressão da doença
renal crônica, com efeito além do esperado pelo controle da PA, e sempre devem ser utilizados em
paciente do DRC até CDK-EPI 30 ml/min/1,73 m², ao menos! Os agonistas alfa2, betabloqueadores,
bloqueadores dos canais de cálcio e vasodilatadores, não se mostraram eficazes em retardar a
progressão da DRC, além do efeito esperado pelo próprio controle da PA. Prof. Tufik Geleilete
Referência: GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil Medicina. : Grupo GEN, 2022.
E-book. ISBN 9788595159297; AMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; et al.
Medicina interna de Harrison - 2 volumes. : Grupo A, 2019. E-book. ISBN 9788580556346; Ronco,
P., Rovin, B., Schlöndorff, D., York Qais Al-Awqati, N., York Saulo Klahr, N., Louis Thomas Andreoli,
S. E., Rock Roscoe Robinson, L. R., Wyatt, C., York STATISTICIANS Vic Hasselblad, N., Zhezhen
Jin, J., York Joseph Kim, N., Yi-Ju Li, T., Dorothea Nitsch, D., Rajasekhar Ramakrishnan, L., York,
N., Francis, A., Sethu Madhavan, B., Toby Coates, P., Agarwal, A., … Suzuki Yusuke, G. (2021).
KDIGO 2021 Clinical Practice Guideline for the Management of Blood Pressurein Chronic Kidney
Disease. Kidney International, 99(3S), S1–S87. https://www.elsevier.com/books-and-journals/

48- Homem de 76 anos acabou de receber diagnóstico de DPOC. É tabagista ativo e consegue
caminhar 3 quarteirões (aproximadamente 300 metros) no plano. Nunca apresentou exacerbação
que necessitasse procurar atendimento médico. Sua espirometria mostrou valor de VEF1 (volume
expiratório forçado no 1º segundo) de 73% pós broncodilatador. Qual a classificação da DPOC deste
paciente tendo como base o GOLD 2023 e qual tratamento deve ser iniciado neste momento?
LAMA: Antagonistas Muscarínicos de Longa Ação
LABA: Agonistas Beta2-Adrenérgicos de Longa Ação
SABA: Agonistas Beta2-Adrenérgicos de curta duração

a) DPOC GOLD 3B. Associação LAMA + LABA + corticoide inalado


b) DPOC GOLD 1E. SABA sob demanda
c) DPOC GOLD 4B. SABA + corticoide sistêmico
d) DPOC GOLD 3A. LABA + corticoide inalado
e) DPOC GOLD 2B. LABA ou LAMA isolados

Resposta: E
Comentário: Tendo como base GOLD2023:VEF1 de 73% pós broncodilatador (classificação 2: 79-
50%), não apresentou exacerbação moderada ou grave e caminha 300 metros no plano- MRC 2
(classificação B).
Pacientes com diagnóstico de DPOC e sintomáticos precisam iniciar broncodilatador de longa
duração. Como neste caso o paciente nunca utilizou nenhuma medicação inalatória podemos iniciar
um LABA ou um LAMA isolados e avaliar resposta do paciente. Não existe qualquer indicação de
manter SABA sob demanda como tratamento isolado ou iniciar corticoide inalatório pois não há relato
de exacerbações ou eosinofilia. Profa. Ana Carolina Rodrigues
Referência: GLOBAL INITIATIVE FOR CHRONIC OBSTRUCTIVE LUNG DISEASE. Global strategy
for Diagnosis, Management and Prevention of Chronic Obstructive Pulmonary Disease 2023
REPORT. Disponível em: <https://goldcopd.org/2023-gold-report-2/>

29
TPI – 2023/2

49- Mulher, 44 anos, apresenta-se à consulta com queixa de plenitude epigástrica e saciedade
precoce há 4 meses Na última consulta há 6 meses, recebeu prescrição de bromoprida 10 mg VO
20 minutos antes das refeições e omeprazol 20 mg VO antes do café e jantar por 2 meses, sem
sucesso Relata alimentação pobre em fibras, rica em processados. Fuma 5 cigarros por dia.
Consome 2 latas de cerveja ao dia e 3 copos de café durante o trabalho. Nega perda de peso,
hemorragia digestiva e disfagia. O exame físico apresenta-se sem alterações. Qual a conduta para
o caso?

a) Introduzir hidróxido de alumínio associado à famotidina 150mg VO.


b) Solicitar internação hospitalar e avaliação da cirurgia geral
c) Prescrever tratamento com claritromicina, amoxicilina e omeprazol por 14 dias
d) Solicitar endoscopia digestiva alta com urgência
e) Trocar bromoprida por domperidona 10mg antes do café e jantar por mais 3 meses

Resposta: C
Comentário: O caso desta questão é muito comum no consultório de clínica
médica/gastroenterologia. E testa os conhecimentos sobre quando solicitar endoscopia digestiva alta
e como tratar a dispepsia funcional ou orgânica. No caso mencionado, a paciente é jovem, sem sinais
de alarme, sem indicação de endoscopia, já com um tratamento com prova terapêutica com
bromoprida e omeprazol em dose dobrada, sem resposta. Vale considerar o tratamento (“Test and
Treat”) para o H. pylori devido à alta prevalência da infecção pela bactéria em nosso meio. O
tratamento é realizado com antibioticoterapia em esquema tríplice por 14 dias (nova orientação da
diretriz brasileira para tratamento do H. pylori) contida na letra D. Prof. Rafael Kahwage
Referência: Medicina Interna de Harrison [recurso eletrônico] / [Dennis L.] Kasper...[et al.]; tradução:
Ademar Valadares Fonseca... et al.; [revisão técnica: Alessandro Finkelsztejn...et al]. -19 ed. – Porto
Alegre: AMGH, 2017. In: Seção 6 – Alterações na Função Gastrointestinal.; MARTINS, Mílton de A.;
CARRILHO, Flair J.; ALVES, Venâncio Avancini F.; CASTILHO, Euclid. Clínica Médica, Volume 4:
Doenças do Aparelho Digestivo, Nutrição e Doenças Nutricionais. [Digite o Local da Editora]: Editora
Manole, 2016. E-book. ISBN 9788520447741; Tratado de Gastroenterologia - Da Graduação à Pos-
Graduação, Schilioma Zaterka, Jayme Natan Eisig, eds. 2ª ed, São Paulo: Editora Atheneu, 2016. D.
COELHO, Luiz Gonzaga Vaz et al. IV Consenso Brasileiro sobre a infecção por Helicobacter pylori.
Arq. Gastroenterol. [online]. 2018, vol.55, n.2, pp.97-121. http://dx.doi.org/10.1590/s0004-
2803.201800000-20.

50- Um paciente com suspeita de hepatite B foi submetido a testes sorológicos específicos. Os
resultados mostraram a presença de anti-HBs positivo, anti-HBc IgG positivo, anti-HBc IgM negativo
e HBsAg negativo. Qual é a interpretação desses resultados?

a) O paciente está curado de hepatite B


b) Os resultados são inconclusivos e é necessário repetir os testes
c) O paciente está em fase aguda da hepatite B, apresentando replicação viral ativa
d) O paciente está atualmente infectado com o vírus da hepatite B
e) O paciente está com imunidade conferida pela vacinação para a hepatite B

Resposta: A
Comentário: A alternativa correta é: O paciente teve uma infecção anterior pelo vírus da hepatite B,
mas atualmente está curado.
A interpretação dos resultados sorológicos é a seguinte:
HBsAg positivo: Indica que o paciente teve exposição ao vírus da hepatite B e foi infectado
anteriormente.

30
TPI – 2023/2
Anti-HBs positivo: O surgimento de anticorpos contra o antígeno de superfície (Anti-HBs) sugere que
o paciente desenvolveu imunidade protetora contra o vírus da hepatite B. Isso pode acontecer após
a cura da infecção ou após a vacinação contra a hepatite B.
Anti-HBc positivo: A presença de anticorpos contra o antígeno core (Anti-HBc) indica que o paciente
teve uma infecção pelo vírus da hepatite B no passado.
Juntos, esses resultados sorológicos sugerem que o paciente teve uma infecção anterior pelo vírus
da hepatite B, mas atualmente está curado e possui imunidade protetora contra a doença devido à
presença de Anti-HBs. O Anti-HBc IgG positivo indica que houve uma infecção passada, enquanto o
HBsAg negativo indica ausência do antígeno de superfície e, portanto, não há infecção viral ativa.
As outras alternativas estão incorretas:
“O paciente está atualmente infectado com o vírus da hepatite B”: Essa interpretação seria sugerida
se o HBsAg fosse positivo, mas não o Anti-HBs.
“O paciente está curado da hepatite B e possui imunidade protetora”: Essa é a interpretação correta
dos resultados sorológicos fornecidos.
“O paciente está em fase aguda da hepatite B, apresentando replicação viral ativa”: Essa
interpretação seria sugerida se o HBsAg fosse positivo, mas não o Anti-HBs.
“Os resultados são inconclusivos e é necessário repetir os testes”: Os resultados são conclusivos e
indicam que o paciente teve uma infecção passada pelo vírus da hepatite B e agora está curado,
com imunidade protetora. Não há necessidade de repetir os testes nesse contexto. Prof. Alessandro
Amorim
Referência: Medicina Interna de Harrison, 20ª edição, capítulo 422.

51- Homem, 45 anos, usuário de álcool desde os 16 anos. Aos 40 anos, por incentivo dos
familiares, busca atendimento com psiquiatra pois passou a beber com maior frequência, em
quantidade aumentada e numa das ocasiões bateu o carro, precisando de hospitalização breve. O
psiquiatra realizou aconselhamento, introduziu medicação e orientou quanto a necessidade de
seguimento ambulatorial, o qual paciente não realizou. No último ano o consumo de bebida alcoólica
ficou ainda mais acentuado, paciente passou a ficar heteroagressivo, tanto no ambiente doméstico
quanto fora de casa. Acabou perdendo emprego e foi ameaçado com arma de fogo por pessoa
desconhecida após briga em um bar. Paciente é levado novamente para avaliação psiquiátrica sendo
que profissional indica internação involuntária (com a qual família concordou), que acabou se
concretizando em situação de crise (familiares chamaram ambulância e paciente foi levado após
contenção física e química).
É correto afirmar:

a) é vedado ao médico “deixar de garantir ao paciente o exercício do direito de decidir livremente


sobre sua pessoa” e, o paciente, não deveria ter sido submetido a contenção física e química.
b) o paciente precisa ter um seguimento médico a fim de que haja bom vínculo estabelecido e,
assim, ser encaminhado para internação de forma voluntária.
c) o direito do paciente é soberano ao de sua família e, portanto, o médico não poderia ter
fundamentado sua decisão na autorização dos familiares.
d) a internação involuntária já deveria ter sido indicada no momento da primeira avaliação
psiquiátrica devido a exposição ao acidente.
e) devido ao risco de heteroagressão e exposição social, a internação involuntária foi
devidamente indicada na segunda vez em que paciente foi avaliado pelo psiquiatra.

Resposta: E
Comentário e referência: No artigo “Internação Involuntária em Psiquiatria: legislação e
legitimidade, contexto e ação”, publicado no caderno “Ética em Psiquiatria”, do Cremesp, Lima
lembra que determinadas condições clínicas podem possibilitar ao psiquiatra que interne
compulsoriamente seu paciente – decisões estas respaldadas pela Lei Federal 10.216/01, que
dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona
o modelo assistencial em saúde mental.

31
TPI – 2023/2
A primeira corresponde à presença de transtorno mental (exceto transtorno de personalidade
antissocial) além de, no mínimo, uma das seguintes condições: a) risco de autoagressão; b) risco de
heteroagressão (agressão a outros); c) risco de agressão à ordem pública; d) risco de exposição
social; e) incapacidade grave de autocuidados.
O Art. 24 do Código de Ética Médica (Direitos Humanos) veda ao médico “deixar de garantir ao
paciente o exercício do direito de decidir livremente sobre sua pessoa ou seu bem-estar, bem como
exercer sua autoridade para limitá-lo”.
Já o Art. 31 (Capítulo V, relação com pacientes e familiares) proíbe: Desrespeitar o direito do paciente
ou de seu representante legal de decidir livremente sobre a execução de práticas diagnósticas ou
terapêuticas, salvo em caso de iminente risco de morte. Profa. Marina Deienno

52- Homem, 72 anos de idade, procurou atendimento na UPA de Ribeirão Preto, referindo febre
de até 38,3°C, forte dor nas articulações das mãos, punhos, joelhos e pés há 7 dias, que dificultava
suas atividades diárias. Negava ser portador de doenças reumáticas ou ósseas. Ao exame clínico
apresenta edema, rubor e calor nas articulações, pressão arterial de 130 x 90 mmHg. Nos exames
laboratoriais foi observado hematócrito pouco aumentado, creatinina de 1,2 mg/dl, leucopenia com
linfopenia, plaquetas de 110.000/mm³, elevação do nível de TGP e de proteína C reativa. Foi feita a
hipótese de infecção pelo vírus Chikungunya (CHIKV). Sobre este caso, considere as afirmações
abaixo:

I. Nesta fase da infecção, o paciente deve retornar à unidade de saúde caso persista com febre
por mais de 5 dias, apresente sinais de choque ou persistência dos danos articulares.
II. Uma vez que o paciente se encontra na fase aguda da infecção, está indicado o uso de
analgésicos para alívio da dor e de corticosteroide para controle do processo inflamatório.
III. A confirmação etiológica neste caso pode ser feita através do isolamento do vírus, pesquisa
do RNA viral ou pela pesquisa de anticorpos específicos através de testes sorológicos.

a) Apenas I correta
b) Apenas II correta
c) Apenas III correta
d) Apenas I e II corretas
e) Apenas II e III corretas

Resposta: D
Comentário: Na fase aguda da infecção não está indicado o uso de antinflamatórios hormonais que
podem favorecer a multiplicação viral e o surgimento de complicações, bem como os não hormonais
(AINH), devido ao risco de sangramento. Prof. Gilson Silva
Referência: Chikungunya: manejo clínico / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde,
Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. – Brasília: Ministério da Saúde, 2017.

Área Básica
53- Mulher, 73 anos, é admitida no hospital com diagnóstico de câncer de mama, e os exames
indicaram metástase nos ossos que liberam um peptídeo semelhante ao PTH, o qual também ativa
o receptor de PTH. Quais dos seguintes achados laboratoriais (níveis séricos) poderiam ser
compatíveis com esse cenário clínico?

a) Aumento de PTH e fosfato, e redução de cálcio


b) Aumento de PTH e cálcio, e redução de fosfato
c) Redução de PTH, fosfato e cálcio
d) Redução de PTH e cálcio, e aumento de fosfato

32
TPI – 2023/2
e) Redução de PTH e fosfato, e aumento de cálcio

Resposta: E
Comentário: A liberação de um peptídeo semelhante ao PTH irá promover efeitos fisiológicos
semelhantes ao do PTH, ou seja, irá aumentar a reabsorção óssea, promovendo a liberação de cálcio
para o plasma. Ao mesmo tempo irá aumentar a reabsorção renal de cálcio e inibir a de fosfato (efeito
fosfatúrio), aumentando o cálcio plasmático e reduzindo o fosfato plasmático. Com aumento do cálcio
plasmático, a liberação de PTH pelas paratireoides será inibida e os níveis plasmáticos de PTH serão
reduzidos. Profa. Marina Durand
Referência: Berne e Levy. Fisiologia. 6ª Ed. Cap. 39

54- Observe a imagem:

(Fonte: https://www.lecturio.com/pt/concepts/mecanica-da-respiracao-ventilacao/ Licença: CC BY-NC-SA 4.0. Acesso em: 29 Ago 2023.)

A ventilação pulmonar é influenciada pela força gravitacional e pela anatomofisiologia do sistema


respiratório. A influência da gravidade na complacência pulmonar torna o ápice do pulmão menos
complacente devido à gravidade, que “estica” as suas fibras elásticas, enquanto a base é mais
complacente devido à mesma força e aos limites da cavidade torácica que comprimem as suas fibras
elásticas. Analisando a imagem acima e considerando as informações apresentadas, avalie as
asserções a seguir e a relação proposta entre elas.

I. A ventilação é maior nos ápices pulmonares.


PORQUE
II. A relação ventilação/ perfusão (V/Q) é maior no ápice do pulmão em relação à base.

A respeito dessas asserções, assinale a opção correta.

a) As asserções I e II são falsas.


b) A asserção I verdadeira e a asserção II é falsa.
c) A asserção I é falsa e a II é verdadeira.
d) As asserções I e II são verdadeiras, mas a II não é justificativa correta da I.
e) As asserções I e II são verdadeiras, e a II é uma justificativa correta da I.

Resposta: C
Comentário: Em comparação ao ápice pulmonar, tanto a ventilação, quanto a perfusão são
maiores na base, como justificado no enunciado, pela ação da gravidade e anatomofisiologia do
sistema respiratório; estando os alvéolos do ápice em sua abertura máxima, cheios de ar,
impedindo que haja mais ventilação; o contrário, ocorre nos alvéolos da base, que estão mais

33
TPI – 2023/2
complacentes, ventilando mais. Referente à relação V/Q, a variação na perfusão é muito menor
que a ventilação, fato este que justifica a melhor relação ↑V/↓Q no ápice. Nos ápices dos pulmões,
a ventilação excede o fluxo sanguíneo, resultando em uma alta V/Q (aproximadamente 3,3), uma
alta PO2 (132 mmHg) e uma baixa PCO2 (32 mmHg). Mais para baixo do pulmão, o fluxo
sanguíneo aumenta mais que a ventilação, devido à gravidade. Em direção ao meio, as duas são
aproximadamente iguais (V/Q = 1,0). Na base do pulmão, o fluxo sanguíneo é maior que a
ventilação, resultando em uma baixa ↓V/↑Q (aproximadamente 0,66), uma baixa PO2 (89 mmHg) e
uma PCO2 ligeiramente mais alta (42 mmHg). Profa. Eloisa Regueiro
Referência: AIRES, M. M. Fisiologia. 5 ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2019.

55- Mulher, 20 anos, nuligesta, procura atendimento para prescrição de método contraceptivo.
Atualmente faz uso de método de barreira irregularmente e deseja um método adicional mais efetivo.
Paciente tem história de trombose venosa profunda idiopática há 8 meses. Nega outras
comorbidades, tabagismo e uso de medicamentos. Sem alterações ao exame físico geral e
ginecológico. Qual o método mais eficaz para a paciente acima?

a) Anel vaginal
b) Injetável mensal
c) DIU de cobre
d) Adesivo transdérmico
e) Contraceptivo oral combinado

Resposta: C
Comentário: Devido ao histórico de TVP, métodos hormonais estão contraindicados. Profa. Daniela
Malzone
Referência: FEBRASGO, Febrasgo - Tratado de Ginecologia. Rio de Janeiro: GEN Guanabara
Koogan, 2018. E-book. ISBN 9788595154841.

56- Mulher, 19 anos, foi encaminhada para atendimento, pois sempre apresentou astenia, mas
teve piora no quadro nos últimos meses. Uma biópsia muscular demonstrou acúmulo lipídico com a
hipótese de uma miopatia metabólica. Na sequência, foram solicitadas dosagens de carnitina e
creatino-cinase (CK) séricas cujos resultados mostraram respectivamente: diminuição e aumento em
relação aos valores referenciais. A respeito da situação exposta, analise as afirmativas:

I. O acúmulo lipídico no músculo da paciente pode ser explicado pelo aumento nos níveis
séricos da enzima CK, pois essa é a enzima-chave na lipogênese.
II. A diminuição na concentração de carnitina sérica pode explicar o quadro apresentado, pois
esse composto tem papel fundamental no catabolismo dos ácidos graxos de cadeia longa,
III. A enzima CK está envolvida na fermentação láctica e, seu aumento na circulação na situação
apresentada pode indicar uma lesão muscular.

É correto apenas o que se afirma em:


a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III

Resposta: E
Comentário: Carnitina está envolvida no transporte de ácidos graxos de cadeia longa para a
mitocôndria, local da beta oxidação. Esse processo faz parte da lipólise e gera energia na via aeróbia

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TPI – 2023/2
para o trabalho das fibras de contração lenta ou tipo I. A enzima CK está envolvida na fermentação
láctica e nas lesões musculares há escape para a circulação. Profa. Adriana Pinho
Referência: Ferrier - Bioquímica Ilustrada - capítulos 8 e 16. McArdle - Fisiologia do exercício cap.
18

57- Na gestação é possível observar várias alterações fisiológicas clássicas e, portanto,


esperadas nas gestantes. Acerca deste tema analise as afirmações abaixo:

I. A taxa metabólica basal da gestante diminui consideravelmente durante a última metade da


gravidez.
II. Na gravidez ocorre diminuição da utilização periférica da glicose.
III. A progesterona aumenta o limiar de contração da musculatura lisa.

É correto apenas o que se afirma em:


a) I
b) II
c) I e II
d) I e III
e) II e III

Resposta: E
Comentário: Nessa fase, além do aumento de peso uterino (que sobrecarrega a mãe na ambulação,
e outras atividades), o aumento da atividade metabólica é causado devido a elevação das
necessidades energéticas da vida intrauterina, da placenta e da própria gestante. Prof. Cassiano
Neiva
Referência: BEREK, Jonathan S. Tratado de Ginecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2014.
E-book. ISBN 978-85-277-2398-5.

58- Durante o ciclo cardíaco, haverá um constante bombeamento sanguíneo entre as câmaras
cardíacas, o que é modulado por fatores como, retorno venoso, força de ejeção das câmaras e
pressão e resistência arterial. Assim, podemos considerar que a queda do inotropismo ventricular
pode:

a) Elevar a pressão na contração ventricular isovolumétrica


b) Elevar a P.A. diastólica
c) Elevar a pressão atrial esquerda
d) Elevar a pressão atrial direita
e) Diminuir o retorno venoso

Resposta: D
Comentário: A diminuição da força de ejeção ventricular ou o aumento da resistência vascular
sistêmica e principalmente na aorta, produzirá um aumento do volume sistólico final e
consequentemente um represamento sanguíneo nas cavidades atriais e o aumento a pressão nessa
câmara. Prof. Cassiano Neiva
Referência: AIRES, Margarida de Mello. Fisiologia. 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
c2012. xiv, 1335 p. ISBN 9788527721004.

59- O veganismo tem se tornado popular nos últimos anos, mas também é uma preocupação
médica sob certa medida. Acerca desta conduta alimentar, julgue as assertivas abaixo:

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TPI – 2023/2
I. O veganismo estrito em crianças pode prejudicar o desenvolvimento ósseo e muscular, que
após o fechamento das epífises jamais poderá ser recuperado. Também pode levar a anemia
ferropriva;
II. O veganismo estrito no idoso não deve ser uma preocupação médica importante, uma vez
que a absorção de nutrientes, incluindo ferro e aminoácidos nos intestinos, não se modifica
significativamente com o avanço da idade;
III. As proteínas vegetais são mais ricas e diversas em aminoácidos essenciais e apresentam
uma digestão mais fácil do que as proteínas animais em virtude das fibras dietéticas que
contém.

São verdadeiras, apenas:

a) I
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) I, II e III

Resposta: A.
Comentário: Após o fechamento da epífise, o que um garoto eventualmente teve de atraso em
termos de crescimento, não poderá ser recuperado. Por isso, o veganismo em criança não é um
estilo de vida (sobretudo se forçado), mas um problema de saúde pública. A deficiência de ferro
acontece por conta da potencial deficiência em B12/Fator intrínseco, importante na absorção
intestinal de ferro. Os idosos tendem a apresentar deficiências absortivas, seja do ferro ou de
aminoácidos essenciais, que no caso do veganismo estariam já em baixas quantidades. Assim,
devem ser orientados para possíveis suplementação de ferro, B12 e aminoácidos essenciais. As
proteínas animais é que são mais diversas e ricas em aminoácidos essenciais, e tem maior
digestibilidade, pois não tem o empecilho das fibras que dificultam o acesso de proteases digestivas
no conteúdo proteico ingerido. Prof. Renê Beleboni
Referências: CHAMPE, Pamela C; HARVEY, Richard A; FERRIER, Denise R. Bioquímica Ilustrada.
5a. ed. Porto Alegre, RS: Artmed, c2012. 519 p. (Biblioteca Artmed) ISBN9788536317137 (broch.).;
LEHNINGER, Albert L.; NELSON, David L; COX, Michael M. Princípios de bioquímica de Lehninger.
6a ed. Porto Alegre, RS: Artmed, 2014. 1273 p. ISBN: 9788582710722 (enc.); SILVERTHORN, Dee
Unglaub; JOHNSON, Bruce R (Colab.). Fisiologia humana: uma abordagem integrada. 5. ed. Porto
Alegre, RS: Artmed, c2010. xxxiv, 957 p. + 1 CD-ROM. ISBN 9788536322841.

60- Homem, 23 anos, pedreiro, apresenta-se à UBS queixando-se de visão turva. Relata que é
portador de toxoplasmose desde os 16 anos, quando teve contato com fezes de gato desconhecido.
Na ocasião, houve o aparecimento de uveíte ocular (s.i.c.), com visão turva e manchas pretas no
campo visual do olho esquerdo. A visão voltou gradativamente, porém, ainda persistiram algumas
moscas volantes escuras no campo de visão. Após exames, verifica-se perda de 90% da visão e
confirmação de toxoplasmose ocular.

Leia as afirmativas sobre o caso clínico apresentado.

I. O paciente se contaminou através da ingestão de oocistos presentes nas fezes de gatos.


II. A toxoplasmose crônica se inicia pela diferenciação dos bradizoítos em taquizoítos que se
multiplicam dentro de cistos.
III. O quadro de uveíte grave ocorreu pela recidiva de toxoplasmose ocular em paciente crônico.

É correto apenas o que se afirma em:


a) I
b) II

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c) I e II
d) I e III
e) I, II e III

Resposta: D
Comentário: A toxoplasmose crônica se inicia pela diferenciação dos taquizoítos em bradizoítos que
se multiplicam dentro de cistos. Profa. Adriana Coelho
Referência: NEVES, David Pereira. Parasitologia humana. 13. ed. p.186.

61- Homem com diabetes melito tipo I não tratado é levado ao serviço de emergência. Pode-se
esperar que o tratamento com insulina causará aumento:

a) da concentração sanguínea de corpos cetônicos


b) da concentração sanguínea de aminoácidos
c) da concentração sanguínea de ácidos graxos
d) do pH sanguíneo
e) do nível de glicemia

Resposta: D
Comentário: Pessoas com diabetes melito tipo I necessitam de insulina exógena para aumentar a
captação de glicose, aminoácidos e ácidos graxos pelos tecidos (reduzindo os níveis sanguíneos
desses macronutrientes) e prevenir a cetoacidose que causa queda do pH (acidose metabólica).
Assim ao injetar insulina, isso reduz a formação de corpos cetônicos e aumenta o pH. Profa. Marina
Durand.
Referência: Berne e Levy. Fisiologia. 6ª Ed. Cap. 38

62- Gestante com 30 semanas de gestação chega em pronto atendimento referindo contrações
dolorosas, que cessam com repouso e antiespasmódico. Nega perdas líquidas.
Quais outras características podem-se atribuir a essas contrações?

a) Intensidade de 2 a 4 mmHg.
b) Intensidade de 10 a 20 mmHg.
c) Intensidade de 40 a 50 mmHg.
d) Alta frequência.
e) Baixa amplitude.

Resposta: B
Comentário: “O útero apresenta atividade contrátil durante toda a gestação. Essas contrações são
de dois tipos; de alta frequência e baixa amplitude (tipo A), geralmente localizadas, com frequência
de 1 contração/ min e intensidade de 2 a 4 mmHg; e de alta amplitude (contrações de Braxton Hicks
ou tipo B), cuja intensidade é de 10 a 20 mmHg e se difundem de forma parcial ou total pelo útero.
Até por volta de 28 semanas de gestação, as contrações predominantes são as do tipo A, quando
então as do tipo B tornam-se mais frequentes. As contrações do tipo B constituem motivo frequente
de queixas por parte das gestantes, e a conduta frente a queixas de incômodo por causa dessas
contrações é simplesmente a administração de antiespasmódicos e o repouso relativo. Assim, essas
contrações absolutamente fisiológicas devem ser bem distinguidas das contrações dolorosas que de
fato modificam o colo, constituindo trabalho de parto.” Profa. Juliana Arenas
Referência: ZUGAIB, Marcelo; FRANCISCO, Rossana Pulcineli Vieira. Zugaib obstetrícia 4a ed..
Barueri: Manole, 2019. E-book. ISBN 9788520458105.

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63- Um indivíduo ao tentar retirar um resíduo de alimento entre seus dentes utilizando um palito,
provou um sangramento. No dia seguinte sua gengiva estava inchada, dolorida e mais vermelha que
o normal. Foi ao dentista e esse constatou um edema com início de infecção na gengiva. Assinale a
alternativa que indica um evento que deve estar ocorrendo no local da lesão e seu respectivo
mediador:

a) aumento da expressão de integrinas - Histamina


b) quimiotaxia de neutrófilos - LTB4
c) vasodilatação - LTC4
d) opsonização e fagocitose de bactérias - C5a
e) aumento da proliferação de eosinófilos - IL-2

Resposta: B
Comentário: C5a não é uma opsonina; IL-2 não tem ralação com proliferação de eosinófilos, mas
sim de linfócitos; Histamina não aumenta a expressão de integrinas; LTC4 provoca brônquio-
constrição. Prof. Nicolau Heluy
Referência: ABBAS, Abul K; LICHTMAN, Andrew H; PILLAI, Shiv. Imunologia celular e molecular.
8./9. ed Rio de Janeiro: Elsevier, c2015/2020 . xii, 536 p. ISBN 9788535247442

64- Em relação à síntese do DNA bacteriano:

a) Tem a participação da enzima beta-tubulina que atua como sítio de ação de antibiótico do
grupo dos beta-lactâmicos;
b) Tem a participação da enzima DNA girase que pode ser antagonizada pela ação de
antibióticos do grupo das sulfas;
c) É dependente da redução do ácido fólico por ação da enzima folato redutase que atua como
sítio de ação de antibióticos do grupo das quinolonas;
d) É dependente do ácido para-amino-benzoico (PABA) que atua como sítio de ação de
antibióticos do grupo dos macrolídeos;
e) É dependente do ácido para-amino-benzoico (PABA) que pode ser antagonizado pela ação
de antibióticos do grupo das sulfas;

Resposta: E
Comentário: Beta-lactâmicos atuam na inibição da síntese da parede celular bacteriana; As
quinolonas atuam sobre a enzima DNA-girase bacteriana; As sulfas atuam antagonizando a ação do
ácido para-amino-benzoico (PABA); Os macrolídeos atuam sobre a subunidade 50S ribossomal
bacteriano. Prof. Lucélio Couto
Referência: TRABULSI, Luiz Rachid; ALTERTHUM, Flavio. Microbiologia. 6. ed. São Paulo:
Atheneu, c2015. 888 p. (Biblioteca biomédica). ISBN 9788538806776 (broch.).

65- O metilsulfato de neostigmina tem o uso indicado em doenças musculares, como a miastenia,
ou como antagonista de drogas que induzam a um relaxamento muscular excessivo. Este efeito
decorre porque a neostigmina, na placa motora:

a) Estimula diretamente receptores adrenérgicos muscarínicos;


b) Estimula receptores beta-adrenérgicos nicotínicos;
c) Estimula diretamente receptores colinérgicos nicotínicos;
d) Inibe a enzima colina-acetil-transferase, responsável pela síntese da acetilcolina;
e) Inibe a enzima acetilcolinesterase, responsável pela degradação da acetilcolina;

Resposta: E

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Comentário: A neostigmina e a fisostigmina combina-se por várias horas com a acetilcolinesterase,
responsável pela degradação da acetilcolina na placa motora, inativando-a e levando a uma
estimulação sustentada da placa motora. Prof. Lucélio Couto
Referência: GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Guyton & Hall Tratado de Fisiologia Médica. 14 ed. Rio de
Janeiro: Elsevier, c2021.xxi, 1121 p. 2021.

66- Uma paciente de 55 anos e com história familiar de AVC e infarto agudo do miocárdio, foi
diagnosticada com dislipidemia. O médico, além de orientar sobre modificações do estilo de vida,
enfatizou a necessidade de:

I. Diminuir seus níveis de VLDL, pois a sua redução causaria diminuição na absorção de
colesterol.
II. Aumentar seus níveis de HDL; pois ele mobiliza o colesterol dos tecidos para o fígado, onde
é metabolizado e, em parte, excretado como sais biliares no intestino.
III. Aumentar seus níveis de LDL; pois esta lipoproteína transporta o colesterol ao tecido adiposo,
sem induzir a formação de ateromas.

É correto apenas o que está em:

a) I
b) II
c) I e II
d) I e III
e) II e III

Resposta: B
Comentário: Altos níveis de HDL têm efeito protetor à formação de ateromas, pois essa lipoproteína,
entre outras funções, remove colesterol livre de células espumosas que podem originar
aterosclerose. A redução do VLDL não diminui a absorção de colesterol. Altos níveis de LDL são
fator de risco para aterosclerose, uma vez que estão diretamente relacionados à formação de células
espumosas e acúmulo de colesterol livre no endotélio.
Referência: Lehninger p. 864-873

67- Menino de 6 anos de idade, apresentando atraso de crescimento e fraqueza muscular, foi
levado ao pediatra devido a convulsão, sendo constatada hipoglicemia. A ultrassonografia
demonstrou aumento do fígado, que foi então biopsiado e submetido a exames genéticos. Os
resultados demonstraram uma condição genética rara, a glicogenose tipo IIIa (Doença de Cori), uma
doença hereditária recessiva caracterizada por deficiência da 4-α-glicanotransferase e da amilo α (1
→ 6) glicosidase
De acordo com o texto, é possível afirmar que esta condição prejudica a:

a) Utilização do glicogênio muscular como fonte de glicose para o cérebro.


b) Captação de glicose pelo tecido esquelético.
c) Degradação do glicogênio hepático durante o jejum de curto e médio prazo.
d) Digestão/absorção de glicogênio presente nos alimentos de origem animal.
e) Síntese de glicogênio hepático, diminuindo os estoques energéticos do organismo.

Resposta: C
Comentário: As glicogenoses ocorrem por deficiência de enzimas (tais como a de desramificação)
que são responsáveis pela glicogenólise para a produção de glicose que mantém o normal a glicemia
durante os períodos de jejum de curto e médio prazo. Prof. Eduardo Clímaco
Referência: Harvey (CHAMPE) 128-135; LEHNINGER 612-18

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68- Bombeiro de 33 anos é levado ao pronto atendimento após aspirar quantidades consideráveis
de fumaça durante um atendimento. O paciente se queixava de dor de cabeça e apresentava
confusão mental, torpor e fraqueza. Diante do caso, espera-se que a frequência respiratória esteja:

a) Normal – pois os quimiorreceptores periféricos não são afetados pelos baixos níveis de oxi-
hemoglobina ou pelos altos níveis de carboxi-hemoglobina.
b) Baixa – pois os quimiorreceptores centrais são inibidos pelos baixos níveis de oxi-
hemoglobina.
c) Baixa – pois os quimiorreceptores centrais são inibidos pelos altos níveis de carboxi-
hemoglobina.
d) Alta – pois os quimiorreceptores periféricos são estimulados pelos altos níveis de carboxi-
hemoglobina.
e) Alta – pois os quimiorreceptores periféricos são estimulados pelos baixos níveis de oxi-
hemoglobina.

Resposta: A
Comentário: Os quimiorreceptores periféricos, responsáveis pelo controle rápido (agudo) da
frequência ventilatória responde a alterações na concentração de H+ e, indiretamente aos níveis de
O2 dissolvidos no plasma e não à oxi-hemoglobina ou carboxi-hemoglobina. Prof. Eduardo Clímaco
Referência: Egan p.689-690

69- Considere a tabela a seguir que evidencia o resultado resumido de um hemograma de uma
jovem de 25 anos.

Com base no exame, quais consequências que essa jovem pode apresentar?

I. Diminuição da produção de anticorpos


II. Diminuição no transporte de gases
III. Dificuldade no controle da perda sanguínea

Está correto o que é afirmado apenas em:

a) I
b) II
c) III
d) II e III
e) I e III

Resposta: C

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Comentário: O número reduzido de plaquetas pode alterar a hemostasia primária. Como o número
de linfócitos está normal, seria difícil ocorrer queda da produção de anticorpos, e não nenhuma
informação na tabela nada que aponte diminuição essa diminuição. O número de eritrócitos está
normal, e não há indicativo se a Hb esteja alterada, para se ter redução do transporte de gases. Prof.
Nicolau Elias.
Referência: HOFFBRAND, A. V.; MOSS, P. A. H. Fundamentos em hematologia de Hoffbrand. 7.
ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.

Cirurgia
70- Paciente de 65 anos, diabético, procurou urologista devido estar perdendo urina quando
sentia vontade de urinar. Informava também que o jato urinário estava fino e fraco, que não esvaziava
a bexiga completamente, levantava a noite para urinar 2-3 vezes e demorava para começar urinar.
O toque da próstata mostrou que estava aumentada com cerca de 60 gramas, lisa, fibroelástica e
sem nódulos. O diagnóstico provável é:

a) Infecção urinária
b) Litíase 1/3 inferior do ureter
c) Incontinência urinaria de urgência
d) Incontinência urinária por transbordamento
e) Incontinência urinária de esforço

Resposta: C
Comentário: A incontinência urinaria de urgência ocorre independente de esforço ou de enchimento
excessivo da bexiga. Geralmente está associada a hipertrofia da próstata. Infecção urinária e litíase
não estão diretamente associadas à incontinência. Prof. Haylton Suaid
Referência: UROLOGIA BRASIL. SBU

71- Paciente de 60 anos foi ao hospital devido estar com hematúria franca e com eliminação de
coágulos na urina. Não tinha outras queixas urinárias. Foi pintor durante muitos anos e fumante. Qual
a hipótese diagnóstica?

a) Infecção urinária
b) Tumor de próstata
c) Tumor renal
d) Tumor ureteral
e) Tumor vesical

Resposta: E
Comentário: na presença de hematúria franca em paciente idoso a causa mais frequente e a
primeira a ser investigada é o tumor vesical. Prof. Haylton Suaid
Referência: UROLOGIA BRASIL. SBU

72- Mulher, 60 anos, refere sensação vertiginosa, angustiante, com giro dos objetos do ambiente
em torno de si. Outros episódios já ocorreram outrora. Geralmente tinnitus e hipoacusia (plenitude
auricular) são sintomas associados às crises. Qual das assertivas abaixo é correta:

a) O diagnóstico mais provável para esse caso clínico é Vertigem Postural Paroxística Benigna
b) Náuseas, vômitos, sudorese, palidez podem estar presentes na sintomatologia durante as
crises

41
TPI – 2023/2
c) Habitualmente os achados audiométricos demonstram disacusia condutiva nesses casos
d) O teste do glicerol está contraindicado como exame para elucidar o diagnóstico
e) A Doença de Meniére está descartada como hipótese diagnóstica

Resposta: B
Comentário: A Doença de Meniére (crise hipertensiva endolinfática) manifesta-se em crises de
vertigem giratória boa parte das vezes com a tríade sintomatológica: vertigem, tinnitus (zumbido),
hipoacusia. O teste do glicerol pode auxiliar na elucidação diagnóstica. A audiometria pode
demonstrar hipoacusia neurossensorial. Durante as crises é comum surgirem sintomas de excitação
vagal (sudorese, palidez). Não há relação da sintomatologia com a movimentação do pescoço. Prof.
Guido Bighetti
Referência: Otorrinolaringologia – Hungria, cap 49, pág. 435-447

73- Paciente de 70 kg é atendido na UPA, vítima de queimadura de 2º grau por chama com
comprometimento de todo o membro superior direito e face anterior do tórax. Qual conduta correta
para o caso?

a) Intubação endotraqueal, hidratação com 3.500ml de cristaloide/24h, antibioticoprofilaxia


venosa, curativos e solicitar vaga de enfermaria
b) Intubação endotraqueal, hidratação inicial com 4.000ml de cristaloide/24h e curativos
c) Intubação endotraqueal, hidratação com 3.500ml de cristaloide/24h e solicitar transferência
d) Avaliar via aérea, hidratação com 3.500ml de cristaloide/24h, curativos e solicitar vaga de
Unidade de tratamento de queimados
e) Avaliar via aérea, hidratação com 3.500ml de cristaloide/24h e antibioticoprofilaxia venosa

Resposta: D
Comentário: Prosseguir ao protocolo conforme o ATLS, hidratar conforme a regra de Parkland e
solicitar transferência para UTQ devido à grande área queimada (25%). Prof. Guido Bighetti
Referência: ATLS

74- Mulher, 65 anos, chega ao serviço de emergência com dor no quadrante superior direito do
abdome, persistente, irradiada para as costas, há 12 horas. Ela está afebril e com discreta icterícia.
A ultrassonografia demonstra colelitíase, espessamento da parede da vesícula biliar e um colédoco
dilatado medindo 12 mm. Os exames laboratoriais revelam: leucocitose leve, TGO de 120 U/L, TGP
de 140 U/L, fosfatase alcalina de 385 U/L e bilirrubina direta de 4 mg/dl. Qual o tratamento apropriado
para esse caso?

a) Analgesia e ainda no setor de emergência e seguimento ambulatorial


b) Programar colecistectomia laparoscópica e biópsia hepática da paciente.
c) Internação, hidratação, antibioticoterapia e colangiopancreatografia retrograda endoscópica
d) Internação, hidratação e verificar os valores da sorologia para hepatite.
e) Internação, hidratação e colecistectomia videolaparoscopia.

Resposta: C
Comentário: Hospitalização, administração intravenosa de líquidos e antibióticos mais CPRE são
apropriadas para o tratamento dessa paciente. Suas manifestações são altamente sugestivas de
coledocolitíase. A CPRE deve preceder a colecistectomia para confirmar o diagnóstico e
descomprimir a via biliar evitando o risco de colangite. Prof. Marcelo Engracia
Referência: SABISTON text book of surgery 2018

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TPI – 2023/2
75- Homem, 28 anos, há cinco dias com dor abdominal que se agrava de maneia progressiva,
náuseas e vômitos, é diagnosticado com pancreatite aguda. Além da internação, observação e
analgesia, é fundamental para o tratamento:

a) Antibioticoterapia para prevenir a formação de abscesso pancreático.


b) Solução de glicose hipertônica para prevenir hipoglicemia.
c) Laparoscopia exploradora para ver se há complicações peripancreáticas.
d) Hidratação intravenosa vigorosa para evitar hipovolemia
e) Dieta hipogordurosa de imediato para evitar estímulo do pâncreas

Resposta: D
Comentário: Observação e monitoração para determinar a gravidade da pancreatite, hidratação
vigorosa (baseada na monitorização) e analgesia parenteral são fundamentais para o tratamento. A
antibioticoterapia não diminui a incidência de complicações pancreáticas a menos que haja necrose
pancreática significativa. A cirurgia só é indicada se houver necrose infectada. Prof. Marcelo
Engracia
Referência: SABISTON text book of surgery 2018

76- Homem, 32 anos, vítima de atropelamento, estável, com dificuldade respiratória e


escoriações torácicas. Múltiplas fraturas de costelas e redução de murmúrio vesicular no terço médio
do hemitórax direito. Qual a primeira conduta a ser tomada?

a) Avaliar a gasometria arterial


b) Avaliar a necessidade de inserir um dreno de tórax
c) Obter a radiografia de tórax
d) Administrar oxigênio suplementar
e) Intubar o paciente

Resposta: D
Comentário: As prioridades de atendimento de um paciente vítima de trauma devem ser sempre
mantidas. Apesar de evidente trauma torácico, na vigência de “drive” respiratório, devemos iniciar o
atendimento pelas Vias Aéreas com a oferta de oxigênio suplementar com máscara não reinalante à
100% 10-12L/min.
Referência: AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. ATLS – Advanced Trauma Life Support for
Doctors. 10. ed. Chicago: Committee on Trauma, 2018.

77- Um doente vítima de trauma chega ao seu departamento de emergência com estridores
respiratórios e suspeita de lesão cervical. A saturação de oxigênio é de 87% com máscara de O 2 de
alto fluxo unidirecional. O próximo passo é:

a) Restringir a mobilidade de coluna cervical e estabelecer a via aérea definitiva


b) Manter oxigênio à 100% e obter imediatamente radiografia de coluna cervical
c) Aplicar tração cervical
d) Realizar drenagem torácica bilateral
e) Realizar traqueostomia imediatamente

Resposta: A
Comentário: Paciente com suspeita de lesão cervical e sinais clínicos de má ventilação sem
resposta adequada à oxigenioterapia suplementar, ou seja, sem melhora da saturação para valores
> 96%, devem ser submetidos à intubação orotraqueal com proteção de coluna cervical. Prof. Rafael
Kahwage

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TPI – 2023/2
Referência: AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. ATLS – Advanced Trauma Life Support for
Doctors. 10. ed. Chicago: Committee on Trauma, 2018.

78- Paciente trazido ao departamento de emergência com colar cervical e imobilizado em prancha
rígida após uma colisão automobilística. Está consciente e não apresenta nenhum sinal externo
evidente de trauma. Ao exame: PA: 63x44 mmHg, FC: 69 bpm e com a pele quente. Qual das
afirmações é verdadeira?

a) A hipotensão pode ser controlada apenas com volume


b) Exames de imagem em flexão e extensão da coluna cervical devem ser feitos precocemente.
c) Lesões de vísceras abdominais podem ser descartadas como causa da hipotensão.
d) Medicações vasoativas estão contraindicadas no manejo desse paciente.
e) Flacidez das extremidades inferiores e perda dos reflexos profundos do tendão são
esperadas.

Resposta: E
Comentário: Paciente vítima de trauma com hipotensão, bradicardia e pele quente, somados à um
mecanismo de trauma compatível (acidente automobilístico= lesão por desaceleração) tem como
principal lesão o traumatismo raquimedular e choque neurogênico. Dessa forma, alterações motoras
e sensitivas devem estar presentes no exame físico primário. Prof. Rafael Kahwage
Referência: AMERICAN COLLEGE OF SURGEONS. ATLS – Advanced Trauma Life Support for
Doctors. 10. ed. Chicago: Committee on Trauma, 2018.

79- Homem, adulto jovem, com dor na coluna e rigidez matinal nos últimos 10 anos e com
diagnóstico de espondilite anquilosante em tratamento. Vem em consulta ortopédica de rotina para
avaliação. O mais adequado para avaliar a limitação dos movimentos da coluna lombar neste caso
é o teste de:

a) Laségue
b) Oppenheim
c) Hoover
d) Patrick
e) Schober modificado

Resposta: E
Comentário: O teste de Schober modificado auxilia na identificação dos pacientes que apresentam
limitação verdadeira dos movimentos da coluna lombar. Profa. Carla Oliveira
Referência: DEFINO, Helton A.; CRISTANTE, Alexandre Fogaça; MEVES, Robert; FILHO, José
Antônio Mancuso. Coluna Lombar. In: FILHO, T; LECH, O. Exame Físico em Ortopedia. São Paulo:
Savier, 2014. p. 70.

80- Mulher, 50 anos, apresenta deformidade em hálux, com dificuldade para calçar sapato
fechado e dor na primeira metatarsofalangeana. Considerando o exame abaixo, o diagnóstico será
confirmado pela prova de McBride, que consiste em:

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TPI – 2023/2

a) Extensão máxima de todos os artelhos


b) Alinhamento do hálux com o eixo do metatarso
c) Compressão do terço médio da perna, a fíbula contra a tíbia
d) Extensão passiva da articulação metatarsofalângica do hálux
e) Compressão manual vigorosa da massa muscular da panturrilha

Resposta: B
Comentário: Considera-se normal quando o hálux se alinha com o eixo do metatarso. Profa. Carla
Oliveira
Referência: NERY, Caio Augusto de Souza; SOUZA, Frederico Zatti Lima; MIRANDA, Ricardo
Horta. Tornozelo e Pé. In: FILHO, T; LECH, O. Exame Físico em Ortopedia. São Paulo: Savier, 2017.
p. 351.

81- Homem, 47 anos, com disfagia progressiva há 5 anos. Nega perda de peso. Refere ter
morado em zona rural em casa de pau a pique. Exame físico sem alterações. Exames radiológico
mostrando dilatação de 5 cm em terço distal de esôfago. Manometria de esôfago com presença de
motilidade alterada no corpo e aumento de pressão de esfíncter esofágico inferior. Machado
Guerreiro positivo. Qual a conduta adequada e duradoura neste caso?

a) Tratamento medicamentoso com bloqueadores de canal de cálcio


b) Esofagocardiomiotomia a Heller com válvula antirrefluxo
c) Aplicação de toxina botulínica no esfíncter esofágico inferior
d) Esofagectomia Subtotal com tubo gástrico isoperistáltico
e) Esofagectomia total com interposição de cólon transtorácico

Resposta: B
Comentário: Caso clássico de megaesôfago chagásico. Pelo exame de EED e manometria
classifica-se em grau 2 (Mascarenhas). Tratamento poderia ser feito pela dilatação esofágica, porém
o mais duradouro seria a cirurgia de Heller, cirurgia que deve ser acompanhada de válvula
antirrefluxo. O tratamento medicamentoso e a aplicação de toxina botulínica têm efeito passageiro.
As esofagectomias não são indicadas nesse grau de megaesôfago. Prof. Gilcimar Dantas

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TPI – 2023/2
Referência: Sabiston Tratado de Cirurgia A Base Biológica da Prática Cirúrgica Moderna, cap 41,
pag. 1544-1545

82- Sobre hemorragia digestiva podemos afirmar:

a) A probabilidade de novo episódio de sangramento em pacientes com uma lesão ulcerada


gástrica com vaso visível à endoscopia é baixo
b) Na terapia endoscópica não há necessidade de manutenção do paciente internado após o
procedimento.
c) Na hemorragia digestiva baixa a origem do sangramento sempre vai ser identificada pela
colonoscopia
d) Na hemorragia digestiva baixa a colonoscopia pode ser substituída pela angiografia visceral
e) Nas lesões agudas de mucosas gástricas o sangramento pode ser difuso e maciço, não
permitindo a terapia endoscópica.

Resposta: E
Comentário: Vaso visível indica alto risco se hemorragia. Após o controle endoscópico da
hemorragia o paciente deve ser mantido internado A HDB pode ocorrer em qualquer ponto a partir
do ângulo de Treitz e, portanto, pode não ser acessível à colonoscopia. A angiografia visceral está
indicada em pacientes com sangramento ativo quando a endoscopia falhar em identificar e controlar
o sangramento. Prof. Gilcimar Dantas
Referência: Sabiston Tratado de Cirurgia A Base Biológica da Prática Cirúrgica Moderna, Cap 12
pag. 497 e Cap 48, pag. 1827-1833

83- Homem, 72 anos, submetido a herniorrafia inguinal bilateral há 2 anos, vem para consulta
referindo abaulamento nas regiões inguinais há 3 meses. Ao exame: recidiva bilateral das hernias
inguinais. O que pode ter causado essas recidivas?

a) Hipertensão arterial
b) Tosse crônica
c) Sarcopenia
d) Idade avançada
e) Esforço físico precoce

Resposta: B
Comentário: Não há referências que relacionem idade com risco de recidiva. O esforço físico
precoce poderia causar recidiva nos primeiros 2 meses e não após quase 2 anos. A tosse crônica,
assim como outras causas de aumento da pressão intra-abdominal é causa de recidiva importante.
Sarcopenia e hipertensão não tem relação. Prof. Luís Fernando
Referência: Sabiston. Tratado de cirurgia. 20ª Edição, pg 1106

84- Homem, 35 anos, atendido por ferimento por arma branca no abdome há 45 minutos.
Consciente. Exame físico do tórax e abdome sem alterações. PA= 135 x 85. FC= 88 bpm. TEC= 2
segundos. Qual a conduta imediata?

a) Realizar o FAST (Ultrassom focado no trauma)


b) Exploração digital da ferida
c) Cirurgia se apresentar hemoglobina baixa ou leucocitose
d) Laparotomia exploradora
e) Realizar LPD (Lavagem peritonial diagnóstica)

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TPI – 2023/2
Resposta: B
Comentário: Se a exploração digital identificar lesão superficial, não atingindo a cavidade peritoneal,
não há necessidade de nenhum outro procedimento. Prof. Wagner Carlucci
Referência: Cirurgia do trauma. Dario Birolini

85- Qual das situações abaixo representa uma contraindicação para a apendicectomia por
videolaparoscopia?

a) Desnutrição acentuada
b) Uso de anticoagulante
c) Insuficiência cardíaca grave
d) Idade avançada
e) Foco infeccioso intra-abdominal

Resposta: C
Comentário: O pneumoperitônio aumenta a PIA (pressão intra-abdominal), diminuindo o retorno
venoso ao coração e diminuindo o DC, o que pode ser fatal em cardiopatas. Além disso a retenção
de gás carbônico pode produzir arritmias cardíacas. Prof. Wagner Carlucci
Referência: Sabiston. Tratado de cirurgia. 20ª Edição, capítulo 50, pg1307

86- Frente à suspeita clínica de apendicite aguda, em qual dos casos abaixo a realização do
ultrassom de abdome é mais importante para a confirmação diagnóstica?

a) Mulher, 27 anos
b) Mulher, 55 anos
c) Homem, 19 anos
d) Homem, 62 anos
e) Criança, 12 anos

Resposta: A
Comentário: o acerto do diagnóstico, exclusivamente clínico, é de mais de 95% em homens,
independentemente da idade. Já em mulheres em idade fértil ele cai para 75% ou menos. Prof. Luís
Fernando di Tullio
Referência: Sabiston. Tratado de cirurgia. 20ª Edição. Capítulo 50, página 1299

Saúde Coletiva
87- Homem, 62 anos, é trazido à consulta pela esposa que mora no mesmo domicílio que o
marido. Queixa-se de tosse produtiva com escarro esverdeado há́ três meses. Refere anorexia e que
perdeu 6 kg de forma espontânea. Durante o exame tem febre baixa e há́ estertores pulmonares
esparsos nos campos médios à esquerda e fracos sibilos à direita. O exame de baciloscopia de
escarro mostrou-se positivo para bacilo álcool-ácido-resistente. Analise as afirmativas abaixo sobre
a patologia diagnosticada acima:

I. É possível que a esposa desenvolva a doença anos após o contato com o agente etiológico
da patologia.
II. No sétimo dia de tratamento, o paciente em questão não é mais transmissor de bacilos.
III. Uma vez tratado, o paciente está protegido da reinfecção exógena, pois adquire a chamada
imunidade natural.

É correto apenas o que se afirma em:

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TPI – 2023/2
a) I
b) I e II.
c) I e III.
d) II e III.
e) I, II e III.

Resposta: A
Comentário: A Tuberculose Primária ocorre em indivíduos que nunca haviam tido contato com o
bacilo e desenvolvem TB após este primo-contato, sendo mais comum em crianças. A Tuberculose
Secundária ou Pós-primária ocorre em indivíduos que já haviam tido contato com o bacilo, por meio
de ativação de algum foco já existente no organismo, a chamada Reativação Endógena; ou ao
receber nova carga bacilar, a chamada Reinfecção Exógena. Profa. Fernanda de Almeida Andriotti
Referência: GUSSO, G.; LOPES, J.M.C., DIAS, L.C., organizadores. Tratado de Medicina de Família
e Comunidade: Princípios, Formação e Prática. Porto Alegre: ARTMED, 2019.; DUNCAN, Bruce B.
Medicina ambulatorial: condutas de atenção primária baseadas em evidências. 5. ed. Porto Alegre:
Artmed, c2022. 973 p.

88- Mulher, 43 anos, G2P2, assintomática, comparece para consulta ginecológica com o desejo
de realizar mamografia. Nega antecedentes de câncer de mama familiar. Ao exame: IMC: 30, mamas
simétricas, sem abaulamentos ou retrações. Ausência de nódulos à palpação. Expressão mamilar
negativa. Segundo as Diretrizes para Detecção Precoce do Câncer de Mama do Brasil (Ministério da
Saúde/INCA 2015), além do exame clínico das mamas anualmente, deve-se solicitar:

a) Mamografia de rastreamento bianual, com início aos 50 anos.


b) Mamografia de rastreamento bianual com início imediato.
c) Mamografia diagnóstica de imediato.
d) Ultrassonografia de mamas para rastreamento bianual com início imediato.
e) Ultrassonografia de mamas para rastreamento bianual, com início aos 50 anos.

Resposta: A
Comentário: Segundo a referência citada, o início do rastreamento do câncer de mama em mulheres
sem risco elevado para a neoplasia se inicia aos 50 anos, com periodicidade bianual. No caso acima,
temos uma mulher assintomática, sem risco elevado para câncer mama com exame clínico normal.
Devemos apenas iniciar o rastreamento mamográfico (método de escolha adotado pela referência)
aos 50 anos, realizando o exame clínico anual e orientando a paciente quanto aos sinais de alerta.
Prof. Duílio Perosa
Referência: Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama do Brasil- Ministério da Saúde/
INCA 2015; Páginas 13 a 65.

89- Em reunião de uma Unidade de Saúde da Família, a Agente Comunitária de Saúde (ACS)
apresenta em discussão uma família do território. A pessoa índice é um homem de 83 anos, portador
de doença crônica em cuidados paliativos, viúvo, que mora com a filha, sua cuidadora. Há dois
meses, está mais restrito ao quarto, choroso e pouco comunicativo. A ACS solicita, então, uma visita
domiciliar. Segundo a Atenção Domiciliar no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), analise as
afirmativas abaixo quanto ao caso:

I. A equipe de saúde deve priorizar esta família, considerando o grau de autonomia, mobilidade,
fragilidade e suporte social da pessoa.
II. A equipe de Saúde deve avaliar aspectos tais como condição do domicílio, acesso a água
tratada, hábitos de higiene e hábitos alimentares.

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TPI – 2023/2
III. A equipe de saúde deve ter o cuidador da pessoa também como foco de atenção durante a
visita.

É correto apenas o que se afirma em:

a) I
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) I, II e III

Resposta: E
Comentário:

Devem ser considerados e sistematizados, também, aspectos relacionados aos determinantes


sociais, tais como condição do domicílio, acesso a água tratada, hábitos de higiene, saneamento
básico, hábitos alimentares, entre outros, pois são relevantes na definição da vulnerabilidade.
É função da equipe esclarecer e orientar sobre as ações do cuidador, o que deve e como deve fazer,
bem como deixar claras as atribuições próprias dos profissionais de Saúde. É fundamental, ainda,
que cuidadores sejam orientados sobre sinais de alerta do quadro clínico do usuário que indiquem
necessidade de acionamento da equipe da APS ou mesmo de Serviços de Urgência. Prof. André
Rodrigues Funayama
Referência: Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção Especializada à Saúde.
Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência. Atenção Domiciliar na Atenção
Primária à Saúde [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção Especializada à

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TPI – 2023/2
Saúde, Departamento de Atenção Hospitalar, Domiciliar e de Urgência – Brasília: Ministério da
Saúde, 2020. 98 p.: il. Acesso em 09 de março de 2023:
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_domiciliar_primaria_saude.pdf
ISBN 978-85-334-2776-1

90- A Estratégia Saúde da Família (ESF) tem o trabalho em equipe como um dos princípios
básicos para o exercício do processo de trabalho na Atenção Primária à Saúde (APS). Analise as
afirmativas abaixo relativas às atribuições comuns a todos os membros das Equipes que atuam na
Atenção Básica:

I. Participar das atividades de planejamento e avaliação das ações da equipe.


II. Envolver-se nas atividades de educação permanente.
III. Promover a participação comunitária buscando efetivar o controle social.

É correto apenas o que se afirma em:

a) I
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) I, II e III

Resposta: E
Comentário: Todas as afirmativas são atribuições comuns a todos os membros das Equipes que
atuam na Atenção Básica. Profa. Daniely Machado Lourenço Rossmann
Referência: Bibliografia: Tratado de Medicina de Família e Comunidade. 2ª edição (GUSSO, G;
LOPES, JMC; DIAS, LC). Vol I e II. Cap 42. Pág 1097-1100.

91- A Estratégia Saúde da Família (ESF) é um modelo de atenção primária que prioriza a atuação
de equipes multidisciplinares em áreas adscritas. Qual é o objetivo principal da adscrição de uma
área de atuação da equipe de saúde?

a) Monitorar as condições de saúde da população adscrita.


b) Evitar a saída dos pacientes para buscar serviços em outras unidades de saúde.
c) Reduzir o custo dos serviços de saúde.
d) Reduzir o tempo de espera para o atendimento na unidade de saúde.
e) Ampliar o acesso aos serviços de saúde.

Resposta: A
Comentário: A adscrição de uma área de atuação da equipe de saúde na Estratégia Saúde da
Família tem como objetivo principal o monitoramento das condições de saúde da população adscrita,
para identificar as principais necessidades e problemas de saúde da população local e planejar ações
de saúde mais adequadas à realidade local. Profa. Natalia de Souza Zinezi Gobbi
Referência: Gusso, Gustavo; Lopes, José Mauro Ceratti. Tratado de Medicina de Família e
Comunidade: Princípios, Formação e Prática (pp. 336-337). Artmed. Edição do Kindle.

92- A melhoria do tratamento em hemodiálise aumentou a sobrevida média de 5 anos para mais
de 15 anos em função do aprimoramento das técnicas de diálise e do aprendizado fisiopatológico do
paciente urêmico. Tendo isso em vista, o que se espera que aconteça com a prevalência dos
pacientes em terapia renal substitutiva na população?

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TPI – 2023/2
a) Aumentar, devido ao aumento da sobrevida dos pacientes em diálise
b) Aumentar, pois o diagnóstico precoce de doença renal aumentou.
c) Diminuir, pois essas medidas irão diminuir o número de doentes na comunidade
d) Permanecerá a mesma, pois o tratamento clínico não se correlaciona com a prevalência de
uma doença.
e) Permanecerá a mesma, pois os casos novos irão acontecer na mesma frequência

Resposta: A
Comentário: As medidas descritas na questão por se tratar de doença crônica não transmissível,
não terão impacto na incidência da doença, pois não altera seus determinantes de base. Portanto, a
doença irá ocorrer na mesma frequência. No então, as medidas terão o efeito de prolongar a vida
dos pacientes, o que aumenta o número de pessoas convivendo com a doença. Isso impacta na
prevalência da doença, que aumenta. Prof. Pedro Silveira Carneiro
Referência: FRANCO, Laercio Joel; PASSOS, Alfonso Diniz Costa. (orgs) Fundamentos de
epidemiologia. Barueri, SP: Manole, 2005. 380 p. Cap 6 – Coeficientes e índices mais usados em
epidemiologia.

93- A Metanálise abaixo avalia a eficácia de uma vacina na prevenção de uma determinada
doença com base no risco relativo. Em relação a estes resultados, podemos afirmar:

a) No estudo Primário 1 a casuística foi maior que no Estudo Primário 9


b) No estudo Primário 2 a vacinação apresentou benefício na prevenção da doença
c) No estudo Primário 3 o intervalo de confiança foi menor que no Estudo Primário 4
d) No estudo Primário 5 a vacinação apresentou efeito nulo
e) No estudo Primário 10 a vacinação não apresentou benefício

Resposta: E
Comentário: Quando o intervalo de confiança de risco relativo inclui o valor “1” significa efeito nulo
da exposição sobre o desfecho. É o que ocorreu no Estudo Primário 10, onde o intervalo de confiança
inclui o valor “1” e, portanto, “a vacinação não apresentou benefício”. Prof. Gustavo Salata

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TPI – 2023/2
Referência: FLETCHER, Robert H; FLETCHER, Suzanne W. Epidemiologia clínica: elementos
essenciais. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006. Capítulo 13 “Resumindo as evidências”, incluindo a
Figura 13.3.

94- Chega em meu consultório um homem de 68 anos, com queixa de dispneia progressiva aos
mínimos esforços, sem tosse, sem expectoração, sem rinorreia, há mais ou menos 10 anos. AP:
nega etilismo, nega tabagismo, vacinação em dia (apresentou carteira), trabalhou por 30 anos em
construção civil. Ao exame físico: REG, hipocorado, hidratado, anictérico, com baqueteamento
digital, ausculta cardíaca: hipofonese de bulhas, ausculta pulmonar: estertores crepitantes. Ao Raio
-X: pequenas opacidades irregulares.

A doença cujo caso clínico se refere é:

a) Silicose
b) Asma ocupacional
c) Neoplasia pulmonar
d) Tuberculose
e) Asbestose

Resposta: E
Comentário: Por ter trabalhado em construção civil por 30 anos o paciente ficou exposto a asbesto,
estabelecendo nexo causal com o quadro clínico (dispneia aos mínimos esforços, baqueteamento
digital, estertores crepitantes à ausculta pulmonar, pequenas opacidade irregulares ao RX de tórax)
chegamos à conclusão que se trata de um caso de asbestose. Profa. Sofia Banzatto
Referência: Cadernos de Atenção Básica nº5- Saúde do Trabalhador-2ª Edição. Disponível em:
http://bvsms.saúde.gov.br/bvs/publicações/saúde_trabalhadorcab5_2ed.pdf

95- Mulher, 44 anos, admitida da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) levada por familiares.
Informam que a encontraram trancada no banheiro, desacordada, ao lado de 2 (duas) cartelas vazias
de Propranolol (40 mg), cada uma com capacidade para 30 comprimidos. Ao exame: inconsciente,
SpO2= 65% (ar ambiente), FR= 5 irpm (superficial), PA= 70x50 mmHg, FC= 45 bpm. Assinale a
alternativa correta em relação ao manejo inicial do caso acima descrito.

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TPI – 2023/2
a) ofertar O2 à 100%, sob máscara facial com reservatório, com fluxo de O2 de 10 a 15 litros por
minuto.
b) ofertar O2 à 100%, com máscara laríngea.
c) intubação orotraqueal e ventilação com balão valvulado.
d) administrar Flumazenil.
e) administrar epinefrina 1mg intravenosa em bolus.

Resposta: C
Comentário: Trata-se de intoxicação por betabloqueador - Flumazenil é antagonista
benzodiazepínico. A epinefrina I.V. 1 mg em bolus é indicada se o paciente estivesse em PCR.
Paciente apresenta hipoventilação grave (FR < 10) - indicado ventilação com dispositivo bolsa-
válvula-máscara conectado ao sistema de oxigenoterapia 10 – 15 L/min. O dispositivo de escolha
para proteção e controle definitivo das vias aéreas é o tubo traqueal (intubação traqueal). Prof. Cesar
Eduardo Pedersoli
Referência: Brandão Neto RA, Souza HP, Marino LO, Marchini JFM, Alencar JCG, Turaça K.
Medicina de Emergência: Abordagem Prática. 17ª edição. Manole, 2023.

96- Homem, 35 anos, comparece para consulta de rotina na Unidade de Saúde da Família do
seu bairro. Nega problemas de saúde anteriormente ou qualquer cirurgia prévia. Deseja apenas fazer
os exames de rastreio recomendados. Durante o exame físico, é notada queimadura de segundo
grau em antebraço esquerdo. Quando questionado, o paciente fica surpreso, pois não sabia que
havia se queimado. Diante da suspeita diagnóstica, analise as afirmativas a seguir e assinale a
correta:

a) O padrão do acometimento neurológico é assimétrico;


b) Deve-se paramentar toda a equipe para seguir o atendimento;
c) O diagnóstico deve ser confirmado através de baciloscopia ou histopatologia;
d) O tratamento atualmente preconizado é: Rifampicina, Clofazimina e Isonianizida;
e) O Brasil é o país com o maior número de casos no mundo;

Resposta: A
Comentário: A PQTU é composta por: Rifampicina, Clofazimina e Dapsona. O Brasil é o segundo
país com o maior número de casos. Não é necessária a paramentação: só ocorre o contágio com
contato próximo e prolongado. O diagnóstico pode ser apenas clínico. Prof. Gabriel Andreghetto
Ribeiro
Referência: Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Hanseníase (Ministério da Saúde, 2021)

97- Você é secretário de saúde de uma cidade com uma população de aproximadamente 43 mil
habitantes, com uma população predominantemente jovem, porém com uma população idosa que
“necessita de muita atenção”, e deseja instaurar uma Rede de Atenção Psicossocial (RAPS).
Analise as afirmativas abaixo em relação à(s) principal(is) medida(s) a ser(em) tomada(s) para este
fim:

I. criar um CAPS1
II. treinar adequadamente a rede de atenção básica
III. criar um CAPS AD

Está(ão) correta(s) a(s) afirmativa(s):

a) Apenas I
b) Apenas II

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TPI – 2023/2
c) Apenas III
d) Apenas I e II
e) I, II e III

Resposta: D
Comentário: A implantação dos CAPS se baseia nas necessidades das populações adstritas, porém
o principal fator de implantação é a população em números, ou seja, quantos habitantes residem no
município, sendo assim:
Municípios de Até 20 mil habitantes, atendimento pela rede básica de saúde.
De 20 até 70 mil habitantes, CAPS I e rede básica de saúde.
De 70 até 200 mil habitantes, CAPS II, CAPS AD e rede básica de saúde.
Acima de 200 mil habitantes, CAPS II, CAPS III, CAPS AD, CAPSi rede básica de saúde equipe do
SAMU com capacitação em atendimento básico ao PQU.
Lembrando que sempre a ABS dos municípios deve ser competente para o auxílio aos CAPS,
formando uma rede de Referência e Contrarreferência adequada para atender corretamente a
população do Município. Prof. Jose Rodolfo Tasqueti Porto
Referência: Centros De Atenção Psicossocial E Unidades De Acolhimento como Lugares da
Atenção Psicossocial nos Territórios. Orientações para elaboração de projetos de construção,
reforma e ampliação de CAPS e de UA. MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Atenção à Saúde
Departamento de Atenção Especializada e Temática. Brasília – DF 2015; Tratado De Medicina De
Família E Comunidade: Princípios, Formação E Prática - 2 Volumes Autor: Gusso, Gustavo | Lopes,
Jose Mauro Ceratti | Dias, Leda Chaves

98- Homem, 59 anos, motorista de caminhão, é atendido pelo Serviço de Resgate ao sofrer
múltiplas lesões após colisão frontal com outro veículo. No oitavo dia de internação é transferido para
a Unidade de Terapia Intensiva (UTI), com o diagnóstico de Broncopneumonia, evoluindo para
choque séptico e posteriormente óbito. Qual profissional é responsável pela elaboração da
Declaração de Óbito?

a) O Diretor Clínico do Hospital.


b) O Médico do Serviço de Verificação de Óbito (SVO).
c) O Médico do Instituto Médico Legal (IML).
d) O Médico que recepcionou o paciente.
e) O Médico responsável pela UTI.

Resposta: C
Comentário: Sempre que ocorrer um óbito no qual a causa básica, ou seja, o fato que gerou
inicialmente o óbito for uma “causa externa” (nesta situação um acidente de trânsito) é necessário
que a declaração de óbito seja confeccionada pelo “IML”. O fato de ter adquirido uma
broncopneumonia, não exclui o fato de que a causa da internação foi um acidente de trânsito, pois
se não estivesse internado não adquiriria a broncopneumonia, hospitalar. Prof. Jose Rodolfo
Tasqueti Porto
Referência: A declaração de óbito: documento necessário e importante. – Brasília: DF 2009 – (Série
A. Normas e Manuais Técnicos); tratado de medicina de família e comunidade: princípios, formação
e prática - 2 volumes autor: Gusso, Gustavo | Lopes, Jose Mauro Ceratti | Dias, Leda Chaves

99- Criança foi levada a uma UBS com 35 dias de vida, devido à presença de linfonodo axilar
direito, medindo 1,5 cm de diâmetro, móvel e sem sinais flogísticos ou fistulização, atribuído a uma
reação à vacina BCG aplicada na primeira semana de vida. Hoje, a criança tem 2 meses de idade,
está assintomática e o linfonodo continua móvel e sem sinais flogísticos ou fistulização, mas tem 2,2
cm de diâmetro. Avaliada pelo pediatra, a conduta correta, nesse caso de adenomegalia pela BCG,
é:

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TPI – 2023/2
a) Vacinar com reforço da BCG.
b) Tratar com Isoniazida.
c) Fazer retirada do gânglio e levar para exame anatomopatológico.
d) Agendar retorno para reavaliação clínica.
e) Programar biópsia do gânglio para avaliar sensibilidade a antibióticos.

Resposta: D
Comentário: Em comunicantes domiciliares de hanseníase, independentemente da forma clínica,
uma segunda dose pode ser aplicada com intervalo mínimo de 6 meses após a primeira dose.
Durante evolução normal da lesão, pode haver enfartamento ganglionar único ou múltiplo (axilar,
supra ou infraclavicular). Ocorre em cerca de 10% dos vacinados e aparece em torno da 3ª a 6ª
semana após a vacinação. O gânglio é homolateral à aplicação da vacina, móvel, indolor e mede,
em geral, até 3 cm de diâmetro, não sendo acompanhado de sintomas sistêmicos. Este gânglio tende
a permanecer por 2 a 3 meses, quando então começa a involuir espontaneamente, sem necessidade
de tratamento. Prof. Luciano Mega
Referência: Tratado de Pediatria - 5ª Edição – 2021. Sociedade Brasileira de Pediatria. Autores:
Campos Júnior, Dioclécio; Burns, Dennis Alexander Rabelo; Lopez, Fabio Ancona

100- Mulher, 30 anos, residente em área rural, lida com animais domésticos, incluindo cães e
cavalos, onde há abundância de carrapatos, procura atendimento médico no hospital local com os
seguintes sintomas: febre há 10 dias, dor de cabeça intensa e persistente, dores musculares
generalizadas e fraqueza. Ao exame: apresenta exantema cutâneo máculo-papular difuso. Conforme
as diretrizes do Ministério da Saúde, qual dos sistemas de informação abaixo será utilizado na
notificação do caso pelo Serviço de Vigilância Epidemiológica?

a) SIAB
b) SISVAN
c) SISCAN
d) SINASC
e) SINAN

Resposta: E
Comentário:

Profa. Andrea Vieira


Referência: capítulo 45 do Tratado de Medicina de Família e Comunidade - VIGILÂNCIA EM SAÚDE

101- Foi desenvolvido um estudo epidemiológico com 200 idosos para avaliar a acurácia de um
novo teste para detectar demência. Para isso, foi utilizado como padrão-ouro um teste de referência
que identificou nesses idosos uma prevalência de 25% de síndrome demencial. Em 48 pessoas tanto
o novo teste como o teste de referência foram positivos, enquanto em 120 indivíduos os testes foram
ambos negativos. Os demais 32 testes apresentaram resultados inacurados. Considerando os
resultados deste estudo, podemos afirmar:

a) O valor preditivo positivo foi de 98%, fazendo do novo teste uma ferramenta adequada para
confirmação dos casos de demência.

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TPI – 2023/2
b) Considerando a especificidade encontrada, o novo teste pode ser considerado inadequado
para descartar a demência, pois a quantidade de falso positivos é elevada.
c) A especificidade do teste foi de 98%, o que faz do novo teste uma ferramenta adequada para
confirmação dos casos com demência.
d) Considerando a sensibilidade encontrada, o novo teste é útil para descartar a presença de
demência, pois a proporção de falso negativos é pequena.
e) A sensibilidade do teste foi 80%, portando considerado inadequado para identificar os casos
com síndrome demencial.

Resposta: D
Comentário: Para responder a questão é necessária a construção da tabela 2x2:

A sensibilidade do novo teste foi 48 / 50 = 96%


Especificidade 120 / 150 = 80%
VPP: 48/78 = 61,5% VPN: 120/122 = 98,3%
Portanto, as alternativas demais alternativas estão incorretas pois apresentaram valores
equivocados das medidas calculadas acima. Além disso, a quantidade de falso positivos é base para
avaliação da capacidade de confirmação de um teste, e não do descarte, conforme apresentado em
outra alternativa. A sensibilidade do teste é elevada (96%), fazendo com que numa população com
25% de prevalência da doença, os resultados negativos do novo teste acertem 98,3% dos casos que
de fato não estão doentes, o que faz deste teste uma boa ferramenta para descartar a presença da
demência. Prof. Daniel Cardoso de Almeida e Araujo
Referência: Fletcher, GS. Epidemiologia clínica – Elementos essenciais. 6ª edição (2021)

102- O programa Previne Brasil é o modelo atual de financiamento da Atenção Primária à Saúde
(APS) e foi instituído pela Portaria de 2.979 de 12 de novembro de 2019. Considera quatro
componentes para fazer a transferência financeira federal a municípios e ao Distrito Federal:
incentivo com base em critério populacional; captação ponderada; pagamento por desempenho
(indicadores de saúde) e incentivo para ações estratégicas. A que o termo 'Capitação Ponderada' se
refere no modelo atual de financiamento da Atenção Primária à Saúde (Programa Previne Brasil)?

a) Um modelo de remuneração que considera a vulnerabilidade socioeconômica, o perfil de


idade e a classificação geográfica do município, de acordo com o IBGE.
b) Uma estratégia de financiamento exclusiva para hospitais.
c) Um sistema de financiamento que varia de acordo com a renda per capita da região.
d) Uma taxa fixa de financiamento para todas as regiões do país.
e) Um sistema de financiamento baseado no número de médicos disponíveis.

Resposta: A

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TPI – 2023/2
Comentário:

Prof. Valdomiro de Freitas Sampaio


Referência: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/portaria-n-2.979-de-12-de-novembro-de-2019-
227652180

103- As ações de Vigilância em Saúde estão inseridas nas atribuições de todos os profissionais
da Atenção Básica e envolvem práticas e processos de trabalho voltados para a vigilância da
situação de saúde da população adscrita. Analise as afirmativas abaixo relativas às atribuições da
equipe da Estratégia de Saúde da Família e responda:

I. Identificar parceiros e recursos na comunidade que possam potencializar ações intersetoriais;


II. Garantir a atenção à saúde da população adscrita, buscando a integralidade;
III. Delegar a coordenação do cuidado para a equipe especializada referenciada;

É correto apenas o que se afirma em:

a) I
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) I, II e III

Resposta: B
Justificativa: Conforme a Política Nacional de Atenção Básica são atribuições comuns aos membros
das equipes de Atenção Básica todos os itens listados (páginas 43, 44 e 45 da referência utilizada),
com exceção do item 3, pois a coordenação do cuidado é atribuição da Atenção Básica, mesmo
quando o usuário faz segmento em serviços especializados, conforme consta na página 44, item VIII,
da referência utilizada. Profa. Sônia Mara Neves Ferri
Referência: BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Básica. Brasília: Editora do
Ministério da Saúde, 2012. 110p. Disponível em:
http://189.28.128.100/dab/docs/publicacoes/geral/pnab.pdf.

Urgência e Emergência
104- Homem com diagnóstico de sepse de foco pulmonar, apresentou a seguinte gasometria
arterial:

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TPI – 2023/2
- pH sanguíneo: 7,20
- PaO2 (pressão arterial de oxigênio): 80 mmHg
- PaCO2 (pressão arterial de dióxido de carbono): 30 mmHg
- HCO3- (bicarbonato): 12 mEq/L
- SatO2 95%
- Lactato: 6 mmol/L

Com base nos resultados da gasometria arterial, qual interpretação e manejo desse paciente?

a) Acidose metabólica compensada; iniciar bicarbonato intravenoso.


b) Acidose metabólica com alcalose respiratória; administrar oxigênio suplementar.
c) Acidose metabólica parcialmente compensada; iniciar tratamento para sepse.
d) Acidose respiratória aguda; ajustar a ventilação mecânica.
e) Alcalose respiratória aguda; administrar bicarbonato intravenoso.

Resposta: C
Comentário: Neste caso, os valores da gasometria arterial indicam uma acidose metabólica (baixo
pH, bicarbonato normal) associada a um alto nível de lactato (4,5 mmol/L), o que é um sinal de
disfunção orgânica severa. Essa combinação de achados é altamente sugestiva de sepse. Portanto,
o tratamento prioritário deve ser direcionado à sepse, com administração de fluidos intravenosos,
antibióticos e outras medidas de suporte. A correção da acidose metabólica será parte do tratamento
subsequente, não necessitando de bicarbonato no momento. Prof. Alessandro Prudêncio de
Amorim
Referência: Medicina de emergência. Editora Manole; 16ª edição

105- Mulher, 22 anos, dá entrada no pronto atendimento com queixa de ardor para urinar, febre e
dor lombar. Não apresenta alterações hemodinâmicas. Qual a conduta correta?

a) Coleta de urina rotina e tratamento com levofloxacino;


b) Considera-se como ITU complicada e inicia-se antibiótico solicitando urina rotina, cultura e
hemograma;
c) Procede-se à internação imediata em Unidade de Terapia Intensiva;
d) Tratamento antibiótico após resultado de cultura;
e) Trata-se de ITU baixa e deve ser solicitado exame de urina rotina, cultura e hemograma e
tratado com ciprofloxacino;

Resposta: B
Comentário: A presença de dor lombar e febre denotam sintoma de ITU que, por definição, é
complicada, com a necessidade de antibioticoterapia imediata. Prof. Alessandro Amorim
Referência: HARRISON, Tinsley Randolph (Editor) et al. Medicina interna de Harrison. 19. ed. Porto
Alegre: AMGH, McGraw-Hill, c2017. 2 v. ISBN 9788580555868 (enc.: completa). Número de
chamada: 616 M489 19.ed. v.2; MARTINS, Herlon Saraiva et al. Emergências clinicas: abordagem
pratica. 10. ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, c2015. xviii, 1402 p. ISBN 9788520441503 (broch.).

106- Homem, 35 anos, com tosse, febre e dor torácica direita há 2 semanas dá entrada no pronto
socorro. Ao exame físico encontra-se dispneico, taquipneico, desidratado, com febre de 39°C. RX de
tórax demonstrou imagem com hipotransparência na pleura direita. Indicada toracocentese que deu
saída a líquido turvo, com grumos, cujo pH foi de 7,0, a citometria de 10000 cél/mL (80% de
polimorfonucleares). Qual a conduta correta?

a) Iniciar anfotericina e realizar drenagem da pleura em sistema fechado;


b) Iniciar antibiótico contra gram negativos e anaeróbios;

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TPI – 2023/2
c) Iniciar antibióticos contra Pneumococcus e anaeróbios;
d) Drenar a pleura em sistema fechado e iniciar esquema para tuberculose;
e) Drenar a pleura em sistema fechado e iniciar antibiótico de amplo espectro;

Resposta: E
Comentário: Trata-se de empiema que impõe drenagem fechada e antibiótico de largo espectro.
Prof. Alessandro Amorim
Referência: HARRISON, Tinsley Randolph (Editor) et al. Medicina interna de Harrison. 19. ed. Porto
Alegre: AMGH, McGraw-Hill, c2017. 2 v. ISBN 9788580555868 (enc.: completa). Número de
chamada: 616 M489 19.ed. v.2; MARTINS, Herlon Saraiva et al. Emergências clínicas: abordagem
prática. 10. ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, c2015. xviii, 1402 p. ISBN 9788520441503 (broch.).

107- Homem, 20 anos, com febre e cefaleia chega ao Pronto Atendimento. Há a suspeita de
meningite, sendo realizada a coleta de líquor, cujo exame apresentou o seguinte resultado:
Células: 1200 células/mm3 (70% de neutrófilos);
Glicorraquia: 1 mg/dL;
Proteinorraquia: 200 mg/dL;
Gram: diplococos gram negativos;
Qual o diagnóstico associado ao agente etiológico, tratamento específico e medida especifica a ser
adotada, respectivamente?

a) Meningite viral, aciclovir, internação no CDC de Atlanta com urgência;


b) Meningite bacteriana por meningococo, penicilina cristalina, não necessita de precauções
para gotículas;
c) Meningite bacteriana por meningococo, penicilina cristalina, necessita de precauções para
gotículas;
d) Meningite bacteriana por pneumococo, ceftriaxone, necessita de precauções para gotículas;
e) Meningite bacteriana por pneumococo, ceftriaxone, não necessita de precauções para
gotículas;

Resposta: C
Comentário: Líquor com alta celularidade com predomínio de neutrófilos associado a glicorraquia
baixa e proteinorraquia alta denota meningite bacteriana. A presença de diplococos gram negativos
é altamente sugestiva de meningococo, cuja transmissão é por gotículas. Prof. Alessandro Amorim
Referência: HARRISON, Tinsley Randolph (Editor) et al. Medicina interna de Harrison. 19. ed. Porto
Alegre: AMGH, McGraw-Hill, c2017. 2 v. ISBN 9788580555868 (enc.: completa). Número de
chamada: 616 M489 19.ed. v.2; MARTINS, Herlon Saraiva et al. Emergências clínicas: abordagem
prática. 10. ed. rev. e atual. Barueri, SP: Manole, c2015. xviii, 1402 p. ISBN 9788520441503 (broch.).

108- Mulher, 64 anos, é internada com dispneia há 1 dia, que evolui progressivamente nas últimas
horas, sendo heparinizada na admissão. Segundo o escore de Wells, a paciente apresenta
probabilidade intermediária pré-teste para Trombo Embolismo Pulmonar. Exame de angiotomografia
torácica, realizada no dia seguinte, mostra-se normal. Qual conduta está indicada para esta
paciente?

a) Trocar heparinização plena por anticoagulação oral;


b) Indicar trombólise;
c) Solicitar dosagem de D-dímeros.
d) Realizar arteriografia pulmonar;
e) Suspender heparinização plena;

Resposta: E

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Comentário: Nos casos de pacientes estáveis, estratificados com risco intermediário, com a
realização de angio-CT sem identificação do trombo/êmbolo, exclui-se o diagnóstico e indica-se a
suspensão da anticoagulação. Comissão TPI
Referência: HARRISON medicina interna. 17.ed. Rio de Janeiro: McGraw-Hill, c2009. 2 v.

109- Homem, 26 anos, entra na emergência com quadro convulsivo de difícil controle.
Considerando tratar-se de Mal Epiléptico, o que é possível afirmar?

a) A fenitoína não mostrou bons resultados;


b) Bloqueadores neuromusculares são drogas de uso comum;
c) Anestesia geral é contraindicada, mesmo em pacientes refratários;
d) É uma condição benigna de baixa mortalidade;
e) A droga de primeira linha é um benzodiazepínico endovenoso;

Resposta: E
Comentário: O lorazepan ainda não é disponibilizado no Brasil por via endovenosa. O diazepan é
eficaz em abortar crises em cerca de 80% dos casos. Deve ser administrado em uma velocidade de
1-2 mg/min em dose total de 10 a 20 mg. Profa. Rosemary Furlan
Referência: MARTINS, Herlon Saraiva et al. Emergências clínicas: abordagem prática. 7. ed. rev. e
atual. Barueri, SP: Manole, c2012. cxvii, 1086 p. ISBN 9788520434574 (broch.).

110- Mulher, 42 anos, hipertensa, obesa, queixa-se de cefaleia latejante. Nega tontura, síncope,
dor precordial, diplopia ou visão turva. Nega queixas urinárias e intestinais. Ao exame PA 200 x 110
mmHg sem alterações em exame do sistema respiratório e cardíaco. Fundo de olho evidenciando
papilas normais com pequeno estreitamento arterio-venular. Nega acompanhamento médico
recorrente. Diante do quadro clínico, assinale a resposta correta de diagnóstico e melhor conduta:

a) Pseudocrise hipertensiva; Diazepam 10 mg - 1 comprimido VO.


b) Urgência hipertensiva; Clonidina 0,15 mg - 1 comprimido VO.
c) Urgência hipertensiva; Furosemida 20 mg - 2 ampolas IV.
d) Emergência hipertensiva; Clonidina 0,15 mg - 1 comprimido VO.
e) Emergência hipertensiva; Nitroprussiato de Sódio 3 mcg/Kg/min.

Resposta: B
Comentário: Trata-se de um atendimento em unidade de pronto atendimento de uma crise
hipertensiva (PAS > 180 e/ou PAD > 120 mmHg), diante da anamnese, é relatado antecedentes
pessoais, onde percebemos a paciente previamente hipertensa e sem queixas que levaria a pensar
em lesão de órgãos-alvo (coração, rim, cérebro e retina) já que a mesma nega tontura, síncope, dor
precordial, diplopia ou visão turva.
Além disso, é descrito o fundo de olho da paciente com sinais de hipertensão arterial crônica, com
papilas normais, sem exsudato ou papiledema que poderiam estar presente na emergência
hipertensiva. Profa. Ana Luiza Ceccarello Franco
Referência: Velasco, IT. - Medicina de Emergência: Abordagem Prática. São Paulo, 17ª edição.

111- Avalie as sentenças abaixo:

I. Em um paciente instável, com hipotensão, é preferível o uso de etomidato e não o midazolam.


II. Em pacientes grávidas, é preferível o uso de propofol como hipnótico.
III. Succinilcolina demora 10 minutos para agir.
IV. Quetamina pode causar alucinações, por isso há tráfico ilegal desta droga.

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a) F-F-V-F
b) F-V-F-V
c) V-F-F-V
d) V-V-F-V
e) V-V-F-F

Resposta: D
Comentário: Durante a sedação do paciente em necessidade de intubação orotraqueal, há uma
queda da pressão arterial maior com o uso de midazolam em comparação ao etomidato;
Quando comparamos os hipnóticos disponíveis no Brasil, uma excelente opção para usar como
sedativo de gestantes, é o propofol, visto que sua molécula não ultrapassa a barreira hemato-
placentária;
O tempo de ação da succinilcolina se feita intravenosa, temos um tempo de início de ação em menos
de 60 segundos e uma duração entre 4 e 6 minutos e se feita intramuscular temos então o tempo de
início de ação entre 120-180 segundos e uma duração de 10 a 30 minutos.
Dos possíveis efeitos colaterais da quetamina, um dos mais comuns é a alucinação e devido a tal
efeito, foi percebido na última década um aumento significativo do uso recreativo dela, mesmo sendo
ilegal. Profa. Ana Luiza Ceccarello Franco
Referência: Velasco, IT. - Medicina de Emergência: Abordagem Prática. São Paulo, 17ª edição.

112- Homem, 57 anos, é atendido no PA de hospital de referência devido a quadro de dor na fossa
ilíaca esquerda. Encontra-se em bom estado geral e sinais de irritação peritoneal localizada. A
ultrassonografia à beira do leito evidenciou imagem sugestiva de abscesso na fossa ilíaca esquerda.
Frente ao caso clínico, pode-se afirmar que:

a) Trata-se de diverticulite aguda Hinchey IV, existe indicação cirúrgica em caráter de urgência;
b) Trata-se de caso de diverticulite aguda Hinchey II e o tratamento a princípio deve ser com
antibiótico e drenagem percutânea guiada por tomografia
c) A suspeita é de síndrome do intestino irritável e o paciente deve ser orientado a procurar um
gastroenterologista de forma eletiva.
d) A suspeita é de doença inflamatória intestinal e o paciente deve ser internado para realização
de colonoscopia.
e) Devido a presença de sinais de irritação peritoneal, há indicação de lavagem da cavidade
abdominal e drenagem, preferencialmente por laparoscopia.

Resposta: B
Comentário:

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TPI – 2023/2

Profa. Ana Normanha


Referência: Medicina de Emergência, 14ª edição, Cap. 2

113- Homem, 66 anos, é levado ao PS por apresentar há 5 dias dor abdominal, seguida de olhos
amarelos e urina escura. Há 2 dias, febre de 39ºC. Hoje está confuso e sonolento. Exame físico:
ictérico ++/4+, desidratado +/4+, tórax semiologicamente normal, coração rítmico, FC: 108 bpm, PA
= 90 x 60 mmHg. Abdome: Obeso dificultando a palpação do fígado e baço. Apresenta dor à palpação
difusa no andar superior do abdome. US demonstra dilatação de via biliar intra e extra-hepática,
vesícula biliar com presença de inúmeros cálculos no interior. Ascite de pequeno volume. Qual a
conduta a ser tomada?

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TPI – 2023/2
a) Drenagem da via biliar
b) Biópsia Hepática
c) Ecoendoscopia
d) Realizar paracentese para diagnóstico
e) Colecistectomia

Resposta: A
Comentário: A colangite é causada por obstrução e estase biliar secundárias a cálculo ou
estreitamento, evoluindo com infecção bacteriana ascendente. A tríade de Charcot, caracterizada
por dor em quadrante superior direito, febre e icterícia está presente em 50 a 75% dos casos. A
Pêntade de Reynold é composta pela tríade de
Charcot associada a hipotensão e confusão mental e indica quadros de maior gravidade. Achados
laboratoriais incluem leucocitose e aumento de fosfatase alcalina e GamaGT. Transaminases têm
aumento discreto, sempre menor do que enzimas colestáticas, com predominância de AST, as
provas inflamatórias como proteína C reativa estão aumentadas. Outras características incluem:
● USG de abdome é diagnóstico em 90% dos casos.
● CPRE é um exame diagnóstico definitivo e garante intervenção terapêutica. A abordagem
preferencial é a drenagem biliar com esfincterotomia por CPRE.
O diagnóstico de colangite deve ser suspeitado se o paciente apresentar pelo menos um dos
seguintes:
● Febre ou calafrios.
● Evidência laboratorial de aumento de provas inflamatórias, leucocitose significativa (> 15.000
● leucócitos/mm3) ou leucopenia (< 4.000 leucócitos/mm3). E os dois seguintes:
● Evidência de colestase.
● Imagem com dilatação de vias biliares A antibioticoterapia inicial deve ser feita com:
● Metronidazol ou clindamicina + ceftriaxone ou ciprofloxacino
● Ampicilina/sulbactam
● Piperacilina/tazobactam
Todos os pacientes devem ser submetidos a drenagem de vias bilares idealmente com
esfincteroscopia endoscópica com ou sem colocação de stent de vias biliares. Caso ainda assim não
ocorra, a descompressão das vias biliares é recomendada; pode ser realizada colangiografia
percutânea transhepática. A descompressão cirúrgica deve ser reservada apenas para caso com
falhas com os outros procedimentos, pois é associada à alta morbidade e mortalidade. Profa. Ana
Normanha
Referência: Medicina de Emergência, 14ª edição, Cap. 28)

114- Homem, 68 anos, procura a urgência relatando que há dois meses está apresentando
dispneia progressiva e usa três travesseiros para conseguir dormir. É hipertenso, diabético e já teve
infarto há 5 anos. Ao exame físico: consciente e orientado, corado, hidratado, tempo de enchimento
capilar < 3 segundos; PA 140/70 mmHg, Fc 100 bpm, saturação de 96% em uso de cateter de
oxigênio a 1 l/min; ausculta pulmonar com estertores bibasais até terço médio; ausculta cardíaca
com duas bulhas rítmicas e normofonéticas, sem sopros audíveis; abdome globoso, sem
visceromegalias e sem dor a palpação, RHA normoativos; membros inferiores com edema 4+/4+.
Considerando este quadro, qual perfil hemodinâmico o paciente se encontra?

a) Perfil A
b) Perfil B
c) Perfil C
d) Perfil D
e) Perfil L

Resposta: B
Comentário:

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TPI – 2023/2

Profa. Flávia Belezin Lima Becker


Referência: Medicina de Emergência- Abordagem Prática do HC – 16ª edição- capítulo 37.

115- Mulher, 60 anos, chega no pronto atendimento relatando precordialgia de forte intensidade
iniciada há 30 minutos, com irradiação para mandíbula e membro superior esquerdo, associado a
dispneia e sudorese fria. É hipertensa e tabagista de longa data. Ao exame físico: consciente e
orientada; PA 100x60 mmHg, Fc 110 bpm, saturação de 98% em ar ambiente; demais exames sem
alteração. É traçado o ECG a seguir:

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TPI – 2023/2

Qual o diagnóstico?

a) Infarto agudo do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST.


b) Infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST de parede anterior.
c) Infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST de parede inferior.
d) Infarto agudo do miocárdio com supradesnivelamento do segmento ST de parede lateral alta.
e) Angina instável

Resposta: C
Comentário:
Profa. Flávia Belezin Lima Becker
Referência: Medicina de Emergência- Abordagem Prática do HC – 16ª edição- capítulo 33.

116- Mulher, 30 anos, consumiu energético associado a álcool. Após algumas horas iniciou
sensação de taquicardia e mal-estar geral. Procurou o pronto atendimento com 30 minutos do início
da taquicardia. Ao exame físico: consciente e orientada, corada, hidratada, tempo de enchimento
capilar < 3 segundos; PA 120x60 mmHg, Fc 166 bpm, saturação de 98% em ar ambiente. Traçado
ECG demonstrado a seguir.

Qual a primeira conduta neste caso?

a) Realizar manobra vagal, se não reverter, utilizar adenosina.


b) Anticoagular a paciente e realizar a cardioversão elétrica sincronizada imediatamente.

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TPI – 2023/2
c) Cardioversão elétrica sincronizada imediatamente.
d) Desfibrilação imediata.
e) Realizar betabloqueador e anticoagular a paciente por pelo menos 4 semanas.

Resposta: A.
Comentário:
Profa. Flávia Belezin Lima Becker
Referência: Medicina de Emergência- Abordagem Prática do HC – 16ª edição- capítulo 35.

117- Homem, 40 anos, chega ao Pronto-Socorro com quadro de confusão mental, letargia e
sonolência, iniciado há 1 dia. Ao exame laboratorial, foi detectado sódio sérico de 112 mEq/L.
Descartadas outras causas para o quadro, iniciou-se a reposição do sódio por via intravenosa.
Assinale a alternativa correta quanto ao diagnóstico e tratamento indicado.

a) hiponatremia crônica, a reposição de sódio objetiva elevar o sódio sérico para 130 mEq/L em
até 4 horas.
b) hiponatremia aguda levando a mielinólise pontinha, além da reposição de sódio imediata, o
paciente deverá ser internado em CTI.
c) hiponatremia aguda, repor o sódio de forma rápida, elevando-o 3 mEq/L a cada hora até
alcançar 135 mEq/L.
d) hiponatremia de instalação insidiosa, a reposição de sódio deverá alcançar 135 mEq/L. em
24 horas.
e) hiponatremia de instalação aguda, a reposição de sódio não deve superar 10 mEq/L nas
primeiras 24 horas.

Resposta: E
Comentário: O aumento abrupto de sódio no sangue, se não for corrigido com cuidado, pode causar
sérios problemas neurológicos devido à desmielinização das fibras nervosas. É importante tratar a
hipernatremia com atenção para evitar essas complicações. Na literatura não se deve aumentar em
níveis maiores que 8 a12 mEq em 24 horas de sódio. Prof. Alessandro Amorim
Referência: Medicina de emergência. Editora Manole; 16ª edição (26 abril 2022)

118- Homem, 75 anos, tabagista, com bronquiectasia e demência grave. Recebeu alta hospitalar
há 30 dias após tratamento de infecção urinária. Volta ao pronto socorro hoje por queixa de tosse
produtiva, dispneia e febre com início há 2 dias e piora progressiva dos sintomas. Ao exame
apresenta: FC: 105 bpm/ Sat: 92% aa / T:37,9 C / FR: 23 irpm. Tórax com leve esforço respiratório e
estertor fino em base direita. Em relação ao paciente em questão assinale a alternativa adequada:

a) Alta com ceftriaxona diária na UPA


b) Alta com amoxicilina + clavulanato de potássio
c) Internar paciente e iniciar ceftazidima
d) Internar paciente e iniciar ceftriaxona + azitromicina
e) Internar paciente e solicitar angiotomografia

Resposta: C
Comentário: Resposta correta= D. Paciente com pneumonia grave. Tendo em vista internação
recente, necessidade de O2 suplementar e diagnóstico prévio de bronquiectasia paciente com alto
risco para pseudomonas.
Referência: MARTINS, Herlon Saraiva; BRANDÃO NETO, Rodrigo Antônio; VELASCO, Irineu
Tadeu. Medicina de emergência: abordagem prática. 12. ed. rev., atual. e ampl. Barueri, SP: Manole,
2017. xxi, 1557 p. ISBN 9788520452981 (broch.)

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TPI – 2023/2
119- Mulher, 77 anos, viúva, totalmente acamada, hipertensa, diabética tipo 2 e Alzheimer em fase
avançada. O cuidador relata que a paciente tem ficado mais sonolenta nos últimos dias. Ao exame
físico: Paciente desidratada, PA 110x80 mmHg, FC: 105 bpm, FR:21 irpm, Sat: 94% em ar ambiente,
Glasgow: 8, Dextro: Hi (não mensurável), Tórax e cardiovascular sem alterações. Abdome sem dor
à palpação e sem visceromegalias. Lesão por pressão em região sacral de 3x4 cm grau 2 sem
secreção. Em relação à paciente em questão qual é o achado esperado?

a) Bicarbonato sérico reduzido


b) Aumento na taxa de filtração glomerular
c) Cetoacidose
d) Osmolaridade sérica aumentada
e) Sódio urinário aumentado

Resposta: D
Comentário: Paciente com quadro clínico muito sugestivo de estado hiperglicêmico hiperosmolar.
O único achado possível é a osmolaridade sérica aumentada. O sódio urinário nesses pacientes é
baixo devido ao estado de desidratação e ativação do ADH e aldosterona. Também pela
desidratação ocorre redução na taxa de filtração.
Referência: MARTINS, Herlon Saraiva; BRANDÃO NETO, Rodrigo Antônio; VELASCO, Irineu
Tadeu. Medicina de emergência: abordagem prática. 12. ed. rev., atual. e ampl. Barueri, SP: Manole,
2017. xxi, 1557 p. ISBN 9788520452981 (broch.)

120- Homem, 27 anos, sem comorbidades prévias se apresenta ao pronto atendimento por queixa
de lesões de pele tipo eritema maculopapular disseminado e edema de lábios que iniciaram após
ingesta de amendoim há 30 minutos. Relata piora importante dos sintomas com leve sensação de
falta de ar nos últimos minutos e sonolência. Ao exame apresenta pressão arterial: 90x50 mmHg,
FC: 115 bpm, FR:26 irpm, Sat: 95% em ar ambiente. Extremidades frias com tempo de enchimento
maior que 3 segundos. Diante do paciente em questão qual a conduta inicial?

a) Hidrocortisona endovenosa
b) Cetoprofeno endovenoso
c) Adrenalina intramuscular
d) Intubação orotraqueal
e) Prometazina endovenosa

Resposta: C
Comentário: Paciente com choque anafilático evoluindo com lesões de pele, alterações de via aérea
e choque. Conduta inicial é adrenalina intramuscular na tentativa de reversão do quadro. A intubação
seria no caso de refratariedade à medida inicial com piora da insuficiência respiratória.
Referência: MARTINS, Herlon Saraiva; BRANDÃO NETO, Rodrigo Antônio; VELASCO, Irineu
Tadeu. Medicina de emergência: abordagem prática. 12. ed. rev., atual. e ampl. Barueri, SP: Manole,
2017. xxi, 1557 p. ISBN 9788520452981 (broch.)

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TPI – 2023/2
TPI – 2023/2
PROVA 4
GABARITO
1 41 81
2 42 82
3 43 83
4 44 84
5 45 85
6 46 86
7 47 87
8 48 88
9 49 89
10 50 90
11 51 91
12 52 92
13 53 93
14 54 94
15 55 95
16 56 96
17 57 97
18 58 98
19 59 99
20 60 100
21 61 101
22 62 102
23 63 103
24 64 104
25 65 105
26 66 106
27 67 107
28 68 108
29 69 109
30 70 110
31 71 111
32 72 112
33 73 113
34 74 114
35 75 115
36 76 116
37 77 117
38 78 118
39 79 119
40 80 120

Quadro para rascunho – Sem validade oficial

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