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GASTROENTEROLOGIA Prof.

Isabella Parente Almeida | Anatomia e Fisiologia do Pâncreas e Neoplasias Pancreáticas 2

INTRODUÇÃO:

PROF. ISABELLA
PARENTE

Olá, estimado (a) aluno (a),


Que maravilha vê-lo (a) por aqui, disposto (a) a estudar e
aprender mais sobre Gastroenterologia com foco nas provas de
Residência Médica! Hoje, estudaremos resumidamente sobre
“Anatomia e Fisiologia do Pâncreas”, “Neoplasias Císticas
do Pâncreas” e “Neoplasia Maligna Sólida do Pâncreas”.
De fato, esses não estão entre os temas mais cobrados da
Gastroenterologia. Entretanto, queremos você lá, residente na
instituição que sempre sonhou e não vamos deixar que nenhum
tema o impeça de alcançar esse objetivo. Vamos nessa?!

Prof. Isabella Parente

@profaisabella

Estratégia MED /estrategiamed

@estrategiamed t.me/estrategiamed

Estratégia
MED
GASTROENTEROLOGIA Anatomia e Fisiologia do Pâncreas e Neoplasias Pancreáticas Estratégia
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SUMÁRIO

1.0 ANATOMIA DO PÂNCREAS EXÓCRINO 4


2.0 LESÕES CÍSTICAS DO PÂNCREAS 8
2 .1 CONHECENDO AS LESÕES CÍSTICAS DO PÂNCREAS 10

2.1.2 PSEUDOCISTO PANCREÁTICO 10

2.1.3 NEOPLASIA CÍSTICA SEROSA 11

2.1.4 NEOPLASIA CÍSTICA MUCINOSA 11

2.1.5 NEOPLASIA MUCINOSA PAPILAR INTRADUCTAL 12

2.1.6 NEOPLASIA SÓLIDA PSEUDOPAPILAR 13

2 .2 DIFERENCIANDO AS LESÕES CÍSTICAS DO PÂNCREAS 14

2 .3 TABELA RESUMO 16

3.0 NEOPLASIA MALIGNA SÓLIDA DO PÂNCREAS 18


3 .1 INTRODUÇÃO 18

3 .2 FATORES DE RISCO 19

3 .3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 20

3 .4 DIAGNÓSTICO 21

3.4.1 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL 21

3.4.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM 22

3 .5 ESTADIAMENTO 23

3 .6 TRATAMENTO 25

3 .7 PROGNÓSTICO 26

3 .8 TRATAMENTO PALIATIVO 26

4.0 LISTA DE QUESTÕES 27


5.0 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 28
6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS 30

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CAPÍTULO

1.0 ANATOMIA DO PÂNCREAS EXÓCRINO


A anatomia do pâncreas é pouco cobrada nas provas é responsável pela secreção de suco pancreático produzido
de Residência Médica, mas não se engane: os conceitos que pelas células acinares pancreáticas e secretado através do ducto
revisaremos a partir de agora são fundamentais para a adequada pancreático para a cavidade duodenal. Já o pâncreas endócrino,
compreensão de todas as demais doenças pancreáticas que através das ilhotas pancreáticas, produz hormônios como insulina
estudaremos. Seremos breves e assertivos no que você precisa e glucagon, que são lançados diretamente na corrente sanguínea.
saber!
O pâncreas é um órgão glandular totalmente retroperitoneal.
Apresenta um formato alongado e situa-se atrás do estômago,
sendo margeado pelo duodeno à direita e pelo baço à esquerda.
Trata-se de uma glândula mista, ou seja, apresenta uma porção
EXÓCRINA e uma porção ENDÓCRINA. O pâncreas exócrino

Figura 01. Representação esquemática do pâncreas enquanto glândula mista, com suas ilhotas de Langerhans produtoras de insulina e glucagon e suas células
acinares, produtoras do suco pancreático.

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Anatomicamente, o pâncreas divide-se em cabeça, colo, corpo e cauda. A cabeça do pâncreas é circundada pela curvatura em “C” do
duodeno e exibe uma projeção em sua porção inferior que recebe o nome de processo uncinado. Fica mais fácil entender com uma imagem,
não é mesmo?! Então dedique alguns segundos à apreciação da Figura 02.

Figura 02. Representação esquemática das partes do pâncreas: cabeça (com processo uncinado), colo, corpo e cauda.

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E como é feito o suprimento sanguíneo arterial desse órgão? Esse tema “decoreba” também já foi cobrado
em questões de prova...

IRRIGAÇÃO ARTERIAL DO PÂNCREAS

O pâncreas é irrigado por uma rede arterial originária do tronco celíaco e artéria mesentérica superior.
• Cabeça, processo uncinado → artérias pancreaticoduodenais superior (ramo da artéria gastroduodenal)
e inferior (ramo da artéria mesentérica superior), as quais emitem artérias pancreaticoduodenais ante-
rior e posterior.
• Colo, corpo e cauda → artérias pancreáticas, ramos originários da artéria esplênica, irrigam a porção
superior do órgão. A porção inferior é irrigada pela artérica pancreática inferior, originária da artéria
pancreática dorsal, também ramo da artéria esplênica.

Figura 03. Representação esquemática da irrigação pancreática.

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E quanto à drenagem venosa?!

DRENAGEM VENOSA DO PÂNCREAS

A drenagem venosa do pâncreas acompanha a irrigação arterial


• Cabeça e processo uncinado → veias pancreaticoduodenais anteriores e posteriores, originárias das
veias pancreaticoduodenais inferiores e superiores.
- Veia pancreaticoduodenal superior anterior desemboca na veia mesentérica superior.
- Veia pancreaticoduodenal superior posterior desemboca na veia porta
- Veias pancreaticoduodenais inferiores anterior e posterior desembocam na veia mesentérica superior.
• Colo, corpo e cauda → veias pancreáticas drenam para a veia esplênica.

Figura 04. Representação esquemática da drenagem venosa pancreática.

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Quanto à embriologia, leia rapidamente o box abaixo:

EMBRIOLOGIA
O pâncreas exócrino desenvolve-se a partir da quarta semana de gestação e, durante a organogênese, ocorre a fusão
dos chamados brotos dorsal e ventral do pâncreas até a oitava semana, originando o ducto pancreático comum. Alterações no
desenvolvimento embrionário pancreático darão origem a algumas alterações anatômicas clinicamente relevantes.
A mais cobrada delas é o chamado PÂNCREAS DIVISUM, na qual há uma fusão deficitária entre os brotos dorsal e ventral,
originando um ducto pancreático ventral que desemboca no duodeno através da papila maior juntamente com o ducto biliar comum,
e um ducto pancreático dorsal que desemboca através da papila menor. Essa má formação está presente em 10% dos indivíduos e é
questionado se seria um fator de risco para a pancreatite aguda e crônica.

CAPÍTULO

2.0 LESÕES CÍSTICAS DO PÂNCREAS

As neoplasias císticas do pâncreas correspondem à segunda neoplasia pancreática exócrina mais comum, perdendo apenas para
o adenocarcinoma do pâncreas, que estudaremos adiante. Apesar do termo “neoplasias císticas do pâncreas” ser comumente utilizado,
preferimos adotar o termo “lesões císticas do pâncreas”, justamente porque nem toda lesão cística do pâncreas é necessariamente uma
neoplasia. Ficando confuso (a)? Calma! Começaremos esclarecendo os fatos com uma adequada definição do que será estudado.

DEFINIÇÃO
“Lesão cística do pâncreas” é o termo usado para caracterizar toda e qualquer lesão bem definida localizada
no pâncreas que apresente conteúdo líquido.

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As lesões císticas do pâncreas são divididas em coleções inflamatórias fluidas (por exemplo, pseudocistos), cistos não neoplásicos e
cistos neoplásicos. Hoje, focaremos no estudo dos pseudocistos e dos cistos pancreáticos neoplásicos, que são as lesões císticas cobradas
nas provas de Residência Médica.
E qual é a importância do estudo dessas lesões? Elas são cada vez mais frequentes como achados incidentais nos exames de imagem
(tomografia computadorizada ou ressonância magnética), sendo assintomáticas na maioria dos casos. A grande questão é que algumas
delas podem ser malignas, justificando a necessidade de uma melhor avaliação! Nesses casos, pode ser necessária a realização de uma
ultrassonografia endoscópica com coleta de material da lesão cística para análise macro e microscópica.

E como esse tema é cobrado nas provas de


Residência Médica, professora?

Aqui temos a missão de ser francos com o (a) aluno (a), então vamos lá: as lesões císticas do pâncreas não estão entre os temas mais
cobrados nas provas de Residência Médica, ok?! Uma minoria das bancas o aborda. No entanto, elas caem. E, se caem, nós vamos ensiná-lo,
porém de forma focada, didática e objetiva, mostrando aquilo que já caiu. Então, o que você precisa saber?

→ Qual é a lesão cística pancreática mais comum?


→ Que lesões císticas têm maior risco de malignidade?
→ Como diferenciar as lesões císticas pelos níveis de CEA, amilase e mucina?
→ Que lesões se comunicam com o ducto pancreático e quais não se comunicam?
→ Qual é a conduta diante de uma lesão suspeita para malignidade?

Se, ao final da nossa leitura, você souber responder a todos esses questionamentos, teremos uma professora feliz, com a sensação de
dever cumprido! Agora que temos uma meta e sabemos no que focar, que tal prosseguirmos no nosso estudo?!

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2 .1 CONHECENDO AS LESÕES CÍSTICAS DO PÂNCREAS

Neste tópico, falaremos brevemente sobre as cinco lesões mais cobradas nas provas de Residência Médica, divididas conforme o
esquema a seguir:

Coleções fluidas
Pseudocisto
inflamatórias

Neoplasia cística
serosa
LESÕES CÍTICAS DO
PÂNCREAS

Neoplasia cística
mucinosa
Neoplasias císticas
do pâncreas

Neoplasia mucinosa
papilar intraductal

Neoplasia sólida
pseudopapilar

Agora, falaremos brevemente sobre cada uma delas:

2.1.2 PSEUDOCISTO PANCREÁTICO

O pseudocisto é a lesão cística do pâncreas mais comum formada por tecido fibroso e de granulação secundária ao processo
dentre todas. No entanto, ele NÃO é considerado uma neoplasia inflamatório que o originou.
cística do pâncreas, ok?! Pseudocistos são coleções líquidas Pode ser único, múltiplo e a maioria apresenta comunicação
sempre BENIGNAS que surgem em pacientes com pancreatite ou com o sistema ductal pancreático. Por esse motivo, o pseudocisto
após um trauma abdominal, resultantes de inflamação e necrose é rico em amilase e lipase, enzimas digestivas presentes no suco
pancreáticas. Costumam exibir regressão espontânea, mas podem pancreático. Ocorre em homens e mulheres, por volta dos 40
complicar com infecção, ruptura, sangramento, obstrução das vias aos 60 anos de idade e pode localizar-se em qualquer porção do
biliares etc. O pseudocisto recebe esse nome porque sua parede é pâncreas, sem predileção por parte específica.

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Figura 05. Representação esquemática de imagem de tomografia


computadorizada no corte transversal exibindo um volumoso pseudocisto
pancreático. Você poderá deparar-se com imagens como essa na sua prova
de Residência Médica. Nesse caso, lembre-se sempre das lesões císticas
do pâncreas! Fonte: Prova de Residência Médica do Sistema Único de
Saúde (SUS) – São Paulo – Acesso Direto, ano 2019.

2.1.3 NEOPLASIA CÍSTICA SEROSA

Dentre as neoplasias císticas serosas, o cistoadenoma seroso é a mais cobrada nas provas, então iremos tomá-lo como protótipo.
Correspondem a 20% a 30% das neoplasias císticas do pâncreas. Acometem mais frequentemente mulheres (75%) em torno dos 50 anos.
Apresentam baixíssimo risco de malignização e localizam-se igualmente em qualquer porção do pâncreas. A maioria dos cistoadenomas
serosos é completamente assintomática.

2.1.4 NEOPLASIA CÍSTICA MUCINOSA

As neoplasias císticas mucinosas têm maior percentual de malignidade em relação às serosas, uma vez que 10% a 50% delas são
malignas. Dentre as neoplasias císticas mucinosas, destaca-se o CISTOADENOMA MUCINOSO, o qual tomaremos como protótipo. Trata-se
da neoplasia cística pancreática mais comum, correspondendo a 40% do total! Acomete quase exclusivamente mulheres por volta dos 40
anos (40 a 60 anos). Ocorre mais frequentemente no CORPO e na CAUDA do pâncreas e apresenta uma taxa de malignização de 10% a 17%,
considerada MODERADA. A neoplasia cística mucinosa, como o próprio nome já diz, cursa com produção de mucina e raramente costumam
exibir comunicação com sistema pancreático ductal.
Pelo maior risco de transformação maligna, a conduta frente às neoplasias mucinosas do pâncreas têm sido a RESSECÇÃO PANCREÁTICA.
Como a maioria das lesões apresenta localização no corpo e na cauda, a pancreatectomia distal tem sido o procedimento de escolha.
Pancreatoduodenectomia com preservação pilórica tem sido realizada sem tumores localizados na cabeça do pâncreas.

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2.1.5 NEOPLASIA MUCINOSA PAPILAR INTRADUCTAL

As neoplasias mucinosas papilares intraductais (NMPI) Já as lesões císticas do tipo NMPI-RL apresentam risco
também são neoplasias císticas pancreáticas produtoras de baixo a moderado para malignização e, portanto, não se justifica
MUCINA e exibem diversas atipias celulares. Entretanto, como o a realização de pancreatectomia parcial para todos os portadores.
próprio nome já nos diz, as NMPI envolvem o sistema pancreático Assim, para definição da conduta mais adequada frente a um caso
ductal, promovendo sua dilatação. As NMPI ocorrem em ambos os de NPMI-RL, é importantíssimo que saibamos se estamos diante
gêneros (masculino e feminino) e costumam manifestar-se na sexta de uma lesão com alta chance de ser maligna ou não. Para isso,
ou sétima décadas de vida. Acometem principalmente a CABEÇA trouxe essa tabela adaptada do Tratado de Cirurgia do Sabiston,
do pâncreas. As NMPI podem envolver apenas o ducto pancreático 20ª edição, uma das principais referências da prova. Ela objetiva
principal (NMPI tipo ducto principal), seus ramos laterais (NMPI responder à seguinte pergunta:
tipo ramo lateral) ou ambos (NMPI mistas).
As lesões císticas do tipo NMPI-DP e NMPI-M são consideradas Quais são as características preocupantes
e de alto risco para a neoplasia mucinosa papilar
de alto risco para malignidade (38% a 68%) e, portanto, devem intraductal do tipo ramo lateral?!
ser abordadas cirurgicamente, geralmente com pancreatectomia
parcial.

Características preocupantes e de alto risco para NMPI-RL


segundo exames de imagem
(Segundo Associação Internacional de Pancreatologia)

Características preocupantes Características de alto risco

Ducto principal 5 mm a 9 mm Ducto principal > 1 cm

Nódulo na parede que não fixa contraste Componente sólido que fixa contraste

Parede espessada que fixa contraste Icterícia Obstrutiva

NMPI > 3 cm

Mudança abrupta do calibre do ducto


principal com atrofia a montante

Linfadenopatia

Pancreatite

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2.1.6 NEOPLASIA SÓLIDA PSEUDOPAPILAR

Também chamados de neoplasias epiteliais sólidas e papilares, tumores papilares císticos do pâncreas, tumores sólidos e císticos ou
tumor de Frantz. Trata-se de uma neoplasia rara que ocorre sobretudo em mulheres (80% dos casos) jovens com aproximadamente 35 anos
e que apresentam um componente sólido e um componente cístico (sua principal característica). Atenção! Esse conhecimento é MUITO
COBRADO nas provas!
Acometem principalmente o CORPO e a CAUDA do pâncreas e apresentam comportamento mais benigno que as neoplasias mucinosas,
entretanto apresentam taxa de malignização de 8% a 20%. Raramente comunicam-se com o ducto pancreático principal. Frequentemente
exibem grandes dimensões.

Figura 06. Representação ilustrativa de imagem de NSPP em tomografia computadorizada de abdome (seta). Observe o conteúdo líquido (hipodenso) e o conteúdo
sólido, de maior densidade, presentes na mesma lesão. Fonte: Arquivo pessoal Profª Renatha Paiva.

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2 .2 DIFERENCIANDO AS LESÕES CÍSTICAS DO PÂNCREAS

Quando nos deparamos com uma lesão cística no pâncreas, é importante que identifiquemos diante de que lesão estamos, uma vez
que algumas delas têm um alto potencial de malignidade. Essa diferenciação se baseará nos achados dos exames de imagem (tomografia
computadorizada ou ultrassonografia de abdome). Quando esses achados não permitirem uma conclusão ou quando houver suspeição de
malignidade, devemos lançar mão da ultrassonografia endoscópica (USE) com punção da lesão cística para análise micro e macroscópica do
seu conteúdo.
A tabela abaixo sintetiza as principais características de cada uma dessas lesões císticas nos exames de imagem. Que tal analisá-la com
carinho?!

Neoplasias císticas do pâncreas

Neoplasia cística Neoplasia cística Neoplasia intraductalmucinosa Neoplasia sólida


Pseudocisto
serosa (NCS) mucinosa (NCM) papilar (NMPI) pseudopapilar

Cistoadenoma
seroso
microcístico (mais
comum):
Lesão cística múltiplos cistos Lesão policística, mal
Cisto grande
grande, pequenos com delimitada, lobulada.
unilocular ou
de parede aspecto de “favo NPMI-DP: DP dilatado (> 5 Lesão grande,
septado, com
espessa. de mel”, mm). sólida e cística
Imagem parede espessa,
Única ou podendo conter NPMI-RL: ramo (s) do DP com ou sem
com ou sem
múltipla, calcificações dilatados (>= 10 mm). calcificações.
calcificação da
com ou sem estelares centrais. NPMI-M: DP e ramos
parede.
calcificação. Cistoadenoma dilatados.
seroso
oligocístico:
poucos cistos
maiores.

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Perceba que, algumas vezes, apenas a clínica associada aos achados nos exames de imagem podem não ser suficientes para termos
segurança diante de que tipo de lesão cística estamos. Nesses casos, a análise do líquido cístico obtido através de USE é fundamental.
Quando analisamos o conteúdo de uma lesão cística, basicamente avaliaremos o aspecto macroscópico, sabendo que líquido mais
espesso fala a favor da presença de mucina, e o aspecto microscópico, analisando o tipo de célula encontrado, a presença de coloração
positiva para mucina e os níveis de amilase e de CEA.
Para facilitar sua vida, trouxe mais uma tabela com o resumo das principais características de cada uma dessas lesões.

Neoplasias císticas do pâncreas

Neoplasia N e o p l a s i a
Neoplasia cística Neoplasia sólida
Pseudocisto cística serosa intraductalmucinosa
mucinosa (NCM) pseudopapilar
(NCS) papilar (NMPI)

Comunicação
Sim Não Muito rara Sim Rara
com ductos

A s p e c t o Líquido Líquido Sanguinolento


m a c ro s có p i co fluido e fluido e Líquido viscoso Líquido viscoso e claro com debris
do líquido amarronzado sanguinolento necróticos

Células
Papilas
Células colunares com
Células Células colunares altas ramificadas
Citologia cuboidais ricas atipia variável
inflamatórias com atipia variável com estroma
em glicogênio Estroma
mixoide
ovariano-símile

Mucina Negativa Negativa Positiva Positiva Negativa

<5 - 20 ng/mL > 200 ng/mL na


Nível CEA <5 - 20 ng/mL > 200 ng/mL na maioria Inconclusivo
na maioria maioria

Amilase Muito alta Baixa Baixa Alta Baixa

Taxa de NMPI DP e M:38% - 68%


Benigno 0,1% 10% a 17%
malignidade | NMPI RL: 12% - 47%

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Antes que você se desespere, CALMA! Vou ensiná-lo como deduzir as principais características de cada uma dessas lesões de uma
forma bastante intuitiva. Assim, você não precisará DECORAR, mas, apenas, RACIOCINAR.
Leia com atenção o quadro abaixo, ele contém duas frases. Através delas, você conseguirá entender o que esperar em relação à
coloração para mucina, níveis de amilase e CEA de cada uma das lesões.

FRASE 1: “Quem se comunica com o sistema ductal pancreático (SDP) tem conteúdo de amilase
elevado”

Pseudocisto: Comunica com SDP | Amilase

NCS: NÃO Comunica com SDP | Amilase

NCM: NÃO Comunica com SDP | Amilase

NPMI: Comunica com SDP | Amilase

FRASE 2: “O nível de CEA acompanha a presença de Mucina”

Pseudocisto: CEA | Mucina

NCS: CEA | Mucina

NCM: CEA | Mucina

NPMI: CEA | Mucina

2 .3 TABELA RESUMO

Para fecharmos com chave de ouro esse assunto que é tão específico, gostaria de presenteá-lo (a) com essa incrível tabela resumo.
Assim, quando você quiser revisar esse assunto de uma forma rápida, é só correr aqui! O que essa professora não faz para lhe ver feliz e
aprovado, hein?!

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Neoplasias císticas do pâncreas

Neoplasia
N e o p l a s i a
N e o p l a s i a c í s t i c a Neoplasia sólida
Pseudocisto intraductalmucinosa
cística Serosa (NCS) mucinosa pseudopapilar
papilar (NMPI)
(NCM)

Feminino
Feminino = Feminino (75%) >> Feminino = Feminino (80%)
Gênero >>>Masculino
Masculino Masculino Masculino >> Masculino
(10:1)

Idade 40 - 60 anos 50 - 70 anos 40 - 60 anos 60 - 70 anos 20 - 40 anos

Cistoadenoma
seroso microcístico
(mais comum): Lesão policística,
Lesão cística múltiplos cistos Cisto grande mal delimitada,
grande, pequenos com unilocular lobulada.
de parede aspecto de “favo de ou septado, NPMI-DP: DP Lesão grande,
espessa. mel”, com parede dilatado (> 5mm). sólida e cística
Imagem
Única ou podendo conter espessa, NPMI-RL: ramo (s) com ou sem
múltipla, calcificações com ou sem do DP dilatados (>= calcificações.
com ou sem centrais. calcificação 10 mm).
calcificação. Cistoadenoma da parede. NPMI-M: DP e
seroso oligocístico: ramos dilatados.
poucos cistos
maiores.

Sem
Localização Sem localização
localização Corpo/cauda Cabeça Corpo/cauda
preferencial preferencial
preferencial

Comunicação
Sim Não Muito rara Sim Rara
com ductos

A s p e c t o Líquido Sanguinolento
Líquido fluido e Líquido Líquido viscoso e
macroscópico fluido e com debris
sanguinolento viscoso claro
do líquido amarronzado necróticos

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Células
colunares
Papilas
com atipia Células colunares
Células Células cuboidais ramificadas
Citologia variável altas com atipia
inflamatórias ricas em glicogênio com estroma
Estroma variável
mixoide
ovariano-
símile

Mucina Negativa Negativa Positiva Positiva Negativa

<5 - 20 ng/mL na > 200 ng/mL > 200 ng/mL na


Nível CEA <5 - 20 ng/mL Inconclusivo
maioria na maioria maioria

Amilase Muito alta Baixa Baixa Alta Baixa

NMPI DP e M:38%
Taxa de ma-
Benigno 0,1% 10% a 17% - 68% | NMPI RL: 10% a 17%
lignidade
12% - 47%

CAPÍTULO

3.0 NEOPLASIA MALIGNA SÓLIDA DO PÂNCREAS

3 .1 INTRODUÇÃO

As neoplasias malignas do pâncreas são divididas muito, infelizmente, o prognóstico do ACDP permanece desfavorável
em NEOPLASIAS MALIGNAS DO PÂNCREAS ENDÓCRINO e a maior parte dos pacientes com câncer de pâncreas já descobre
e NEOPLASIAS MALIGNAS DO PÂNCREAS EXÓCRINO. As a doença como metastática ou localmente avançada. Assim,
NEOPLASIAS MALIGNAS DO PÂNCREAS EXÓCRINO correspondem apenas 15% a 20% dos pacientes é candidato à pancreatectomia
a 95% de todas as neoplasias malignas do pâncreas. Dentre ao diagnóstico e, até o momento, a ressecção cirúrgica é a única
elas, o adenocarcinomaductal infiltrante do pâncreas (ACDP) é a proposta curativa para essa neoplasia.
neoplasia mais comum, representando aproximadamente 80% de O ACDP acomete mais comumente HOMENS e IDOSOS,
todas as neoplasias pancreáticas. Isso faz com que, usualmente, sendo mais comum nos países DESENVOLVIDOS. Segundo dados
o termo “câncer de pâncreas” seja utilizado como sinônimo do do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de pâncreas é
adenocarcinoma ductal do pâncreas, mesmo não sendo o ideal. responsável por 2% de todos os diagnósticos oncológicos e por 4%
O ACDP é uma neoplasia maligna com alta taxa de das mortes causadas por câncer no Brasil.
letalidade. Embora o tratamento dessa neoplasia tenha avançado

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3 .2 FATORES DE RISCO

O principal fator de risco para o câncer de pâncreas é o de “câncer pancreático familiar”, porém não apresentam uma
TABAGISMO. Quanto maior o número de cigarros fumados e por síndrome genética identificável.
mais tempo, maior o risco de evoluir com essa neoplasia, de forma PANCREATITE CRÔNICA, OBESIDADE e SEDENTARISMO
que cerca de 30% dos casos ocorrem entre tabagistas. também são fatores de risco para ACDP. Dentição precária, diabetes
A IDADE, como já vimos anteriormente, também é um e alcoolismo são fatores de risco questionáveis.
dos principais fatores de risco. Considerando-se gênero e etnia,
HOMENS e NEGROS apresentam maior incidência e mortalidade
por câncer de pâncreas. Consumo elevado de GORDURA, CARNE
VERMELHA e BEBIDAS GASEIFICADAS RICAS EM AÇÚCAR parece
ser fator de risco para o ACDP, ao passo que o alto consumo de
frutas e vegetais atua como fator de proteção.
FATORES HEREDITÁRIOS também apresentam importância
no desenvolvimento do ACDP, respondendo por 10% a 16% dos
casos de câncer de pâncreas. Existem várias mutações genéticas
que se associam a um risco de aumento do câncer de pâncreas,
como: BRCA1, PALB2, CDKN2A, SPINK 11, CTFR etc. As síndromes
genéticas conhecidas representam cerca de 20% dos casos de câncer
pancreático hereditário, os outros 80% recebem a denominação

Epidemiologia e fatores de risco para câncer de pâncreas sempre caem nas questões envolvendo o tema, então VALE O RESUMO:

Epidemiologia e Fatores de Risco – Câncer de Pâncreas

EPIDEMIOLOGIA:
Homem | Idoso | Países desenvolvidos

FATORES DE RISCO:
Tabagismo (principal)
Idade | Homem | Negro | Consumo de gordura, carne vermelha, bebidas gaseificadas |
Genética | Pancreatite crônica | Obesidade | Sedentarismo
Controversos: Dentição precária | Diabetes mellitus | Álcool

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3 .3 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS

Primeiramente, preciso que você internalize o seguinte:

Sempre que se deparar com um paciente que apresente DOR ABDOMINAL, PERDA DE
PESO e ICTERÍCIA, você deverá considerar a possibilidade de estar diante de um adenocarcinoma
ductal do pâncreas.

Esses sinais/sintomas são considerados a tríade clássica do ACDP! No entanto, uma importante ressalva deverá ser feita: a icterícia
pode estar ausente, uma vez que ela é mais comum nos pacientes com tumores localizados na cabeça do pâncreas.
É preciso que você entenda que as manifestações clínicas variam de acordo com a localização do tumor e que cerca de 60% a 70%
das neoplasias do pâncreas exócrino se localizam na CABEÇA do pâncreas, ao passo que 20% a 25% ocorrem no CORPO e na CAUDA.
→ TUMORES LOCALIZADOS NA CABEÇA DO PÂNCREAS: cursam com icterícia com padrão colestático (75% dos tumores), que pode
ser indolor ou não, perda de peso (50% dos tumores) e dor abdominal (39% dos tumores). Esteatorreia também é um sintoma comumente
observado nos tumores de cabeça de pâncreas e ocorre pela perda da habilidade do pâncreas de secretar enzimas digestivas de gordura ou
devido ao bloqueio do ducto pancreático principal.
→ TUMORES LOCALIZADOS NO CORPO E NA CAUDA: costumam cursar mais comumente com dor abdominal e perda de peso.
Lembre-se de que a dor abdominal, no contexto do ACDP, costuma ocorrer na região mesoepigástrica ou lombar. A dor na região
lombar está associada à invasão retroperitoneal do plexo nervoso esplâncnico pelo tumor. Ela pode apresentar irradiação para lateral do
abdome ou para o dorso. Fatores de piora: alimentação, decúbito dorsal e piora noturna.

Outros sinais e sintomas relevantes serão descritos a seguir:


• Diabetes de início recente: início de diabetes mellitus
nos últimos um a dois anos está presente em 25% dos
casos de ACDP. Essa pode ser, inclusive, a primeira
manifestação da doença.

• Sinal de Courvoisier-Terrier: vesícula biliar palpável


e indolor está presente em um terço dos tumores
periampulares.

• Síndrome de Trousseau: tromboflebite superficial


migratória, que ocorre devido ao estado de
hipercoagulabilidade associado ao câncer de pâncreas. Figura 07. Tromboflebite superficial: inflamação e
trombose em veia da perna. Fonte: Shutterstock.

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• Alterações cutâneas: penfigoide bolhoso paraneoplásico, representado por múltiplas lesões bolhosas tensas, pode ocorrer nesses
pacientes. Outro achado cutâneo descrito é a “paniculite pancreática”, caracterizada por múltiplos nódulos eritematosos nas
pernas.

• Esplenomegalia: ocorre por trombose da veia porta, também devido ao estado de hipercoagulabilidade.

• Alterações linfonodais: algumas alterações linfonodais podem ser vistas nos pacientes portadores de ACDP e significam doença
mais avançada. São elas:

Nódulo de Virchow → linfonodo palpável supraclavicular esquerdo

Nódulo da Irmã Maria José → linfonodomegalias periumbilicais

• Prateleira de Blummer: nome dado à disseminação peritoneal do tumor, com envolvimento perirretal, palpável por meio do
toque retal.

E quais são os principais locais de metástase do ACDP?!

LOCAIS DE METÁSTASE DO ACDP


Fígado
Peritônio
Pulmões
Ossos

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3.4 DIAGNÓSTICO

Na suspeita de adenocarcinomaductal do pâncreas, preconiza-se a realização de alguns exames laboratoriais, exame de imagem
abdominal e biópsia para confirmação do tipo histológico.

3.4.1 DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Questões envolvendo marcadores tumorais SEMPRE caem nas provas de Residência Médica. No contexto do ACDP, o marcador mais
utilizado é o antígeno carboidrato 19-9, ou CA19-9. O CA 19-9 é o melhor marcador para câncer de pâncreas, apresentando sensibilidade de
79% a 81% e especificidade de 80% a 90% em pacientes sintomáticos, porém apresenta um baixo valor preditivo positivo, o que o torna um
marcador ruim para rastreio. Assim, o CA 19-9 é excelente e muito indicado para avaliar prognóstico e para seguimento do paciente, porém
não é útil para o rastreio do câncer de pâncreas.

3.4.2 DIAGNÓSTICO POR IMAGEM

E aí, qual é o primeiro exame de imagem que você pediria multidetectores com estudo trifásico, cuja sensibilidade será
para seu paciente suspeito portador de ACDP?! de 89% a 97%. O adenocarcinomaductal do pâncreas apresenta-
Nessa situação, o ideal é guiar-se pela clínica do doente. se como uma lesão hipoatenuante durante a fase venosa portal
Assim, se o paciente apresentar ICTERÍCIA, o ideal seria a solicitação da imagem. Outros achados tomográficos possíveis seriam:
de uma ultrassonografia abdominal como primeiro exame, a dilatação do ducto pancreático ou ducto biliar comum, atrofia do
fim de descartar doenças das vias biliares. A ultrassonografia parênquima e anormalidade no contorno pancreático.
abdominal é um exame de baixo custo, excelente para avaliar A ultrassonografia endoscópica (USE), como bem estudamos
pacientes com alterações colestáticas diversas e apresenta nas lesões císticas do pâncreas, tem excelente utilidade do
sensibilidade superior a 95% para detecção de massas tumorais contexto do câncer de pâncreas para guiar a biópsia, possibilitando
maiores que 3 cm. A tomografia computadorizada de abdome é confirmação histológica. A aspiração por agulha fina (AAF) guiada
realizada posteriormente para melhor caracterização da neoplasia, por USE tem sensibilidade de 87% e especificidade de 98% para
auxiliando no estadiamento. tumores pancreáticos malignos. Outro excelente uso destina-
Já no paciente com DOR ABDOMINAL e PERDA DE se aos casos em que o tumor não é visualizado na tomografia
PESO SEM ICTERÍCIA, o exame ideal seria uma tomografia computadorizada, porém a suspeita clínica é alta. Nesses casos,
computadorizada do abdome contrastada (TC). A sensibilidade da a ultrassonografia endoscópica auxilia na avaliação de tumores
tomografia computadorizada depende da técnica utilizada, sendo muito pequenos, podendo delinear mais claramente lesões
ideal a realização da tomografia computadorizada helicoidal suspeitas com menos de 2 cm.

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Figura 08. Corte transversal de tomografia computadorizada do abdome


mostrando câncer localizado na cabeça do pâncreas. O pâncreas está
delimitado de vermelho na imagem. Fonte: Imagem do Shutterstock.

IMPORTANTE!
Pacientes com achados de imagem típicos e com tumor potencialmente ressecável podem dispensar a realização de biópsia.

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3 .5 ESTADIAMENTO

O estadiamento do adenocarcinoma ductal do pâncreas é baseado no sistema TNM (acrônimo para tumor, linfonodo e metástase) do
American Joint Committee on Cancer (AJCC). Para que o adequado estadiamento dessa neoplasia seja feito, devemos realizar TC de abdome
e pelve com contraste trifásico e radiografia de tórax.
A partir dos achados frente a tais exames, o paciente é classificado segundo o TNM e seu estágio é determinado. O estágio tem
importância no tratamento e prognóstico dos pacientes. Pacientes nos estágios IA a IIB poderão ser candidatos à cirurgia, ao passo que
pacientes a partir do estágio III não são candidatos imediatos a um tratamento cirúrgico.
Infelizmente, questões de estadiamento ainda insistem em cair nas provas de Residência Médica e não nos resta outra opção senão
memorizá-lo. Portanto, trago abaixo o estadiamento TNM para neoplasias malignas do pâncreas exócrino.

Estadiamento – Neoplasia Maligna do Pâncreas Exócrino – AJCC 8ª edição

Categoria Subcategoria Critérios

TX Tumor primário não pode ser avaliado

T0 Não há evidência de tumor primário

Tis Carcinoma in situ

T1 Tumor com 2 cm ou menos na sua maior dimensão

T1a Tumor ≤ 0,5 cm

T
T1b Tumor 0,5 – 1 cm

T1c Tumor 1 – 2 cm

T2 Tumor > 2 cm até 4 cm na sua maior dimensão

T3 Tumor maior do que 4 cm na sua maior dimensão

Tumor envolve o tronco celíaco, artéria mesentérica superior e/ou artéria


T4
hepática (independentemente do tamanho)

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NX Linfonodo regional não avaliado

N0 Sem metástase linfonodal


N
N1 Metástase em 1 a 3 linfonodos regionais

N2 Metástase em 4 ou mais linfonodos regionais

M0 Sem metástase a distância


M
M1 Presença de metástase a distância

Após a determinação do TNM por meio da tabela acima, utilize-se da tabela abaixo para determinar qual é o estágio exato daquele
tumor. À direita, consta a sobrevida em 5 anos segundo o estágio inicial do paciente.

Estágios Prognósticos das Neoplasias Malignas do


Pâncreas Exócrino (AJCC 8ª edição)

T N M Estágio Sobrevida em 5 anos

Tis N0 M0 Estágio 0

T1 N0 M0 Estágio IA 39%

T2 N0 M0 Estágio IB 34%

T3 N0 M0 Estágio IIA 28%

T1, T2 ou T3 N1 M0 Estágio IIB 21%

T1, T2 ou T3 N2 M0
Estágio III 11%
T4 Qualquer N M0

Qualquer T Qualquer N M1 Estágio IV

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3 .6 TRATAMENTO

A ressecção cirúrgica ainda é o único tratamento com potencial curativo. Infelizmente, devido à apresentação tardia da doença,
apenas 15% a 20% dos pacientes são candidatos à pancreatectomia. Assim, é fundamental, ao fazermos o diagnóstico de um paciente com
câncer de pâncreas, que avaliemos a operabilidade e a ressecabilidade desse tumor. A operabilidade diz respeito às condições do paciente e
ao seu status performance: “será que esse paciente tem condições clínicas de ser submetido a uma cirurgia?”.
Já a ressecabilidade se refere ao tumor propriamente dito, ou seja, se aquela lesão é passível de ser totalmente removida com cirurgia.
Confira abaixo os critérios para ressecabilidade segundo o National Comprehensive Cancer Network (NCCN). Sim! São muitos critérios e eles
não costumam ser TÃO cobrados. Mas, eventualmente acontece. Então, que tal dar uma olhadinha?!

CRITÉRIOS DE IRRESSECABILIDADE SEGUNDO A POSIÇÃO DA LESÃO NO PÂNCREAS

Contato do tumor sólido com a artéria mesentérica superior > 180 graus
Contato do tumor sólido com o tronco celíaco > 180 graus
CABEÇA/PROCESSO Contato do tumor sólido com o primeiro ramo jejunal da artéria mesentérica superior
UNCINADO Veia mesentérica superior ou veia porta sem possibilidade de reconstrução devido ao
envolvimento ou oclusão do tumor (pode ser devido a tumor ou trombo tumoral)
Contato com o ramo jejunal de drenagem mais proximal da veia mesentérica superior

Contato do tumor sólido > 180 graus com a artéria mesentérica superior ou tronco celíaco
Contato sólido do tumor com o tronco celíaco e envolvimento da aorta
CORPO E CAUDA
Veia mesentérica superior ou veia porta sem possibilidade de reconstrução devido ao
envolvimento do tumor ou oclusão

Para esses tumores, o tratamento inicial é a quimioterapia primeiros 15 cm do jejuno, do ducto biliar comum e da vesícula
ou a quimiorradioterapia. biliar e uma gastrectomia parcial. Trata-se de um procedimento
Importante pontuar que nem sempre a doença metastática complexo e de alto risco.
de baixo volume é percebida nos exames de imagem. Assim, para os Já naqueles tumores localizados no corpo e na cauda do
tumores de corpo e cauda de pâncreas, com doença potencialmente pâncreas, a maioria acaba sendo inoperável devido ao diagnóstico
ressecável, a laparoscopia pré-operatória está indicada nos tumores tardio. Para os 5% a 7% dos tumores passíveis de ressecção, realiza-
grandes (> 3 cm), imagem sugestiva de doença metastática oculta se pancreatectomia subtotal distal, geralmente combinada com
ou naqueles pacientes com valores elevados de CA 19-9 na ausência esplenectomia.
de icterícia. O objetivo desse procedimento é identificar doença Quimioterapia adjuvante está indicada para todos os
metastática. pacientes com adenocarcinomaductal pancreático ressecado que
Para os tumores ressecáveis, estaria indicado o tratamento não receberam terapia neoadjuvante (antes da cirurgia), incluindo
cirúrgico, cuja técnica vai variar dependendo da localização do aqueles com doença T1N0 ressecada. O esquema quimioterápico
tumor. Assim, para um câncer de pâncreas localizado na cabeça ou para pacientes com excelente status performance é o FOLFIRINOX
no processo uncinado, preconiza-se a duodenopancreatectomia. (oxaliplatina, irinotecano, leucovorin e fluoracil). Nos paciente
A duodenopancreatectomia convencional (cirurgia de Whipple) menos “fit”, a opção é a gencitabina associada à capecitabina.
envolve a remoção da cabeça pancreática, do duodeno, dos

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3.7 PROGNÓSTICO

O prognóstico do câncer de pâncreas, mesmo após a ressecção, não é favorável. O fator prognóstico mais importante relacionado
ao câncer de pâncreas ressecado é o status linfonodal. A sobrevida em cinco anos após a duodenopancreatectomia é de apenas
aproximadamente 10%, com linfonodos positivos para o adenocarcinoma (mesmo se apenas um linfonodo for positivo), enquanto é de
aproximadamente 30% para a doença linfonodo negativa.

3 .8 TRATAMENTO PALIATIVO

Como estamos diante de uma neoplasia maligna com alta morbimortalidade, é indispensável que se discuta o tratamento paliativo dos
doentes sem proposta cirúrgica curativa. Os cuidados paliativos aumentam a qualidade de vida desses doentes, além de reduzirem os custos
e as taxas de hospitalizações desnecessárias, intervenções de diagnóstico e tratamento não BENÉFICOS, e internações em terapia intensiva
quando os pacientes estão perto do fim da vida.

Vamos pincelar, agora, sobre o tratamento paliativo em algumas situações específicas:


• Doença metastática e irressecável: nos pacientes em que não há indicação de ressecção e que apresentam performance status
que suporte terapia citotóxica, o tratamento consiste em quimioterapia paliativa. Nos pacientes que não são candidatos a quimioterapia
paliativa, o tratamento deve ser direcionado aos sintomas.

• Paliação da dor: a base do manejo da dor é tipicamente a medicação com opioides, e a paliação da dor muitas vezes pode ser
alcançada com sucesso apenas através de tais medicamentos. No entanto, a dor também pode ser tratada com procedimentos locais
visando o plexo celíaco, densa rede de nervos que inerva os órgãos abdominais superiores. A dor pode ser aliviada pela inibição das vias
sinápticas no plexo sem destruição do nervo (ou seja, bloqueio do plexo celíaco usando uma injeção em bolus de anestésico local) ou
destruição química das vias e gânglios usando álcool desidratado (neurólise do plexo celíaco).

• Paliação da icterícia: pode ser feita através da colocação de um stent na área de obstrução do trato biliar ou através de by-pass
cirúrgico (colecistojejunostomia ou coledocojejunostomia).

• Paliação da obstrução gástrica: na maioria dos casos, pode ser feita através de stent duodenal endoscópico. No entanto, a cirurgia
(gastroenteroanastomose) pode ser realizada quando o procedimento endoscópico não é possível ou naqueles pacientes em que se
identifica critérios de irressecabilidade durante a cirurgia.

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6.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS


Parabéns, Guerreiro (a)!
Mais um resumo “derrotado”, hein?! A sensação de concluir um assunto é maravilhosa, e será melhor ainda quando você perceber o
quanto seu estudo vai ter valido a pena. Espero que tenha gostado de estudar comigo hoje. Tentei ser didática e trazer um conteúdo condizente
com o que é cobrado nas provas de Residência Médica. Coloco-me inteiramente à sua disposição para o que você tiver de dúvidas, sugestões
e críticas. Abaixo, disponibilizo meu e-mail e Instagram. Você também pode me encontrar através do Fórum de Dúvidas do Estratégia MED ou
através das minhas redes sociais.
Espero vê-lo (a) em breve!

Instagram: @profaisabella

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