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ANÁPOLIS, GO
2022
FACULDADE METROPOLITANA DE ANÁPOLIS
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
ANÁPOLIS, GO.
2022.
RESUMO
ASSIS, I. L. Diagnóstico e tratamento de pancreatite em cães. 2022. 27f. Trabalho de
Conclusão de Curso (Graduação em Medicina Veterinária) – Faculdade Metropolitana de
Anápolis, Anápolis, Goiás, 2022.
O pâncreas é um órgão com função endócrina onde se produz a insulina, glucagon e a função
exócrina que tem a produção de enzimas digestivas, suco pancreático. A porção exócrina tem
como sua principal enfermidade a Pancreatite que consiste em uma inflamação do pâncreas, já
na porção endócrina a Diabete é o principal problema. A pancreatite pode ocorrer por mau
funcionamento da produção de hormônios ou por distúrbio que envolvem a produção
insuficiente de enzimas digestivas. O diagnóstico desta doença é um desafio para os médicos
veterinários, já que os sinais clínicos são comuns e podem abranger diversas doenças do Trato
Gastrointestinal, tornando difícil o tratamento. O objetivo deste trabalho é mostrar que tanto o
diagnóstico quanto o tratamento não precisa ser difícil e que existem sinais que facilitam o
que seria anteriormente um desafio.
The pancreas is an organ with endocrine function where insulin, glucagon is produced and the
exocrine function that has the production of digestive enzymes, pancreatic juice. The exocrine
portion has Pancreatitis as its main disease, which consists of an inflammation of the
pancreas, while in the endocrine portion Diabetes is the main problem. Pancreatitis can occur
from a malfunction of hormone production or from a disorder involving insufficient
production of digestive enzymes. The diagnosis of this disease is a challenge for veterinarians,
since the clinical signs are common and can cover several diseases of the gastrointestinal
tract, making treatment difficult. The aim of this work is to show that both diagnosis and
treatment need not be difficult and that there are signs that facilitate what would previously be
a challenge.
1. INTRODUÇÃO
O pâncreas é um órgão que desempenha função endócrina e exócrina, onde a parte
exócrina fica responsável pela produção de enzimas digestivas, já a parte endócrina é
responsável pela produção de hormônio como insulina, glucagon e somatostatina (LOPES,
2011).
De acordo com Paula Ferreira (2014) pancreatite, que é considerada uma doença
pancreática exócrina, se deve a vários fatores, porém, o mais comum se deve a uma
alimentação incorreta, o uso de medicamentos, além da presença de tumores. Dividida em
aguda e crônica, a pancreatite aguda é uma doença que tem um processo inflamatório da
glândula pancreática, proveniente da ação de enzimas inadequadamente ativadas, já a
pancreatite crônica é uma inflamação progressiva, caracterizada por fibrose e destruição do
parênquima, em suas duas formas. (TRIVIÑO; TORREZ; LOPES, 2002).
2. OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
A presente trabalho que tem como tema Pancreatite canina: Diagnóstico e Tratamento,
apresentará com clareza, através de estudos e pesquisas realizadas e até mesmo por
experiência própria em estágio de clinica medica de pequenos animais quais são as formas de
identificar e diagnosticar com mais facilidade a pancreatite e tratamento da mesma.
3. REVISÃO DE LITERATURA
3.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DO PÂNCREAS
O pâncreas é constituído de dois lobos, direito e esquerdo, ligados pelo corpo
(BERFORD, 2004). O tecido pancreático é constituído por lobulos, onde a maior parte do
órgão está localizada na parte canial ao duodeno (Figura 1). O lobo direito acompanha o
duodeno estendendo-se até uma porção do ceco, já o lobo esquerdo é continuo a uma porção
do estômago (piloro) e está ligado ao fígado, ao cólon transverso, rim esquerdo e baço
(CULLEN; MACLACHLAN,2001). Possui coloração amarelada e de consistência mais
amolecida. (DYCE et al., 2010).
especifico (Timperman, 2015). Já o pâncreas exócrino é uma glândula acinosa típica que
constitui a maior parte do pâncreas onde suas porções terminais, os chamados ácinos, estão
ligados por ramificações através dos ductos (Heardt & Sayegh, 2013).
Apresentando tanto funções endócrinas quanto exócrinas, o pâncreas atua
principalmente na secreção das enzimas digestivas, que são responsáveis pela quebra de
proteínas, gorduras e carboidratos, atuando ainda na produção de insulina e alguns hormônios
que ajudam na metabolização de carboidratos (GRECO; STABENFELD).
De acordo com Silva (2006) apesar da pancreatite poder ser causada por outros
fatores, a má alimentação e dietas com rico teor em gorduras por um período prolongado
aumenta a susceptibilidade do animal adquirir essa doença.
Deve ser considerada grave de modo geral quando envolver falha multissistémica ou
apresentar complicações que requerem um tratamento intensivo. No demais pode ser
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3.4 DIAGNÓSTICO
Para ser estabelecido o diagnóstico de pancreatite é necessário reunir todos os dados
possíveis referentes ao histórico, anamnese, exame clínico e principalmente exames
laboratoriais e de imagem, determinando assim a melhor conduta terapêutica a ser
estabelecida. (SILVA, 2017).
para triagem. Do mesmo modo, ROSA (2019) garante que os exames laboratoriais de triagem
podem indicar anemia, leucocitose por neutrofilia e trombocitopenia; adicionalmente, é
comum identificar aumento da atividade sérica nas enzimas hepáticas (alanina
aminotransferase e fosfatase alcalina), também podendo apresentar hiperbilirrubinemia e
alterações eletrolíticas.
O diagnóstico definitivo deve ser feito através da avaliação histopatológica, obtido por
biopsia pancreática, no entanto não é muito utilizado por ser um exame invasivo. Uma ampla
avaliação é necessária, pois aspectos clínicos da pancreatite podem ser difíceis de identificar
(BUNCH et al., 2006). Esse tipo de exame, juntamente com a BAAF (Biopsia Aspirativa por
Agulha Fina) geralmente só é feito quando os exames complementares não são suficientes
para se fechar o diagnóstico, já que é um exame invasivo e doloroso (BUNCH, 2006).
Atualmente novos testes laboratoriais, como a TAP que é a dosagem de peptídio de ativação
do tripsinogênio, imunorreatividade sérica da tripsina e tripsinogênio (TLI) estão sendo
abordados como tentativa para obter um diagnóstico mais fidedigno da doença, no entanto
ainda está sob fase de teste sendo assim não ainda não esta disponível em todos os
laboratórios (BUNCH et al., 2006).
tecidos moles permitindo a visualização das estruturas afetadas. Para resultados fidedignos e
confiáveis um bom profissional se faz necessário, além do uso de um aparelho
ultrassonográfico de qualidade. (XENOULIS & STEINER, 2010).
De acordo com SCHAER (2003) o pâncreas dentro de sua normalidade tem uma
difícil visualização nos exames de imagem, no entanto a ultrassonografia é a mais sensível e
com melhor funcionalidade para diagnóstico, pois quando se encontra inflamado adquire
hipoecogenidade (Figura 3) podendo ainda apresentar possível formação de nódulo de
contorno regular e hipoecogênico, além da presença de aumento de linfonodo pancreático
(Figura 4). Segundo AVANTE (2018), na forma crônica, o pâncreas pode apresentar
hiperecogenicidade, estando assim diminuído de tamanho. Um espessamento também é
bastante comum quando se tem a doença.
3.5 TRATAMENTO
Toda e qualquer alteração encontrada deverá ser corrigida o mais rapidamente
possível, nomeadamente desidratação e alterações eletrolíticas, de modo a manter o paciente o
mais estável possível (STEINER, 2008). O tratamento inicial da pancreatite aguda é
sintomatológico. As medidas iniciais utilizadas são geralmente caracterizadas por: jejum total
(geralmente de 12 a 24 horas), hidratação via soro, e analgesia sistêmica. Se tem ainda em
discussão o fato da utilização rotineira de sonda nasogástrica, bloqueadores da secreção
gástrica, bloqueadores da secreção pancreática, análogos da somatostatina (TRIVIÑO;
TORREZ; LOPES, 2002.) e (LEAL e ALMEIDA, 2019).
Encontrar e resolver a possível causa, restaurar e manter o volume vascular e a
perfusão pancreática, além de aliviar a dor e estabelecer um suporte nutricional adequado são
objetivos para a funcionalidade do tratamento. (BUNCH, 2006).
JERICÓ, 2015 diz ser necessário uma reposição volêmica, analgésicos devido a
grande dor abdominal, antieméticos para que se possa controlar os vômitos, nutrição
específica e controlada e antibioticoterapia quando se tem uma infecção detectada nos exames
de sangue, essas são métodos terapêuticos indicados, no entanto ainda há outros menos usuais
como a transfusão de plasma e tratamento cirúrgico. WILIANS (1994) recomenda o uso de
ranitidina e de omeprazol como protetores gástricos já que alguns cães podem apresentar
ulcerações na mucosa gástrica. O esvaziamento gástrico é necessário afim de oferecer
conforto gástrico e entérico, para depois ser feita uma reintrodução alimentar adequada.
Em relação à reposição hipovolêmica, se torna necessária a utilização de solução de
ringer com lactato ou NaCl a 0,9% (JERICÓ et al., 2015). De acordo com SIMPSON (2013),
a quantidade de fluidoterapia a ser administrada deve ser calculada em um período de 24
horas, onde deve ser calculada reidratação, manutenção e em caso que o paciente apresenta
vômitos e/ou diarreia deve ser calculada a perda hídrica.
BOREHAM & AMMORI (2003), descreve que a dieta deve possuir um baixo teor de
gordura devido ao grau de insuficiência pancreática exócrina. Algumas vezes são utilizadas da
nutrição parenteral em pacientes cujo curso da doença segue prolongado período de anorexia.
A glutamina parece exercer importante função na proteção da mucosa intestinal, podendo ser
um grande auxiliar nesse processo. (JERICÓ et al., 2015).
Os alimentos devem ser reintroduzidos de forma lenta e com teores de calorias,
lipídeos e proteínas controlados, assim evitando que tenha estimulação de secreção
pancreática da secretina e colecistoquinina (QIN, 2002; QIN, 2007). A dosagem de alimento
no primeiro dia corresponde a 1/5 das necessidades para o peso ideal do animal para que não
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sobrecarregue. Segundo JENSEN (2014), a dieta adequada pode ser realizada de duas formas,
a primeira é feita com a ração apropriada com baixo teor de gordura, já a segunda é a
alimentação natural feita propriamente para cada animal adequando-se as necessidades de
cada um.
Sobre a analgesia no animal com pancreatite, GOLDBERG (2015), diz que a dor
abdominal é caracterizada pela ação das enzimas digestivas tanto no pâncreas quanto no
estomago e intestino. Os critérios para a classificação de dor aguda são a frequência cardíaca
e respiratória e a pressão arterial, com base nisso a analgesia poderia ser feita a base de
dipirona para dores mais “leves” e tramadol para classificação de dores moderadas ou até
mesmo uma associação no caso de dores intensas. (POLLIGAND, 2016).
Para se fazer o controle de vômitos, deve ser utilizado antieméticos como
metoclopramida, ondansetrona ou bromoprida, sendo utilizados BID OU TID, no caso de
vômitos mais intensos em que as medicações anteriores não conseguem controlar pode ser
usado cerenia (SIMPSON, 2003).
Tendo em vista a redução do estimulo a secreção pancreática, MAZZAFERRO (2005)
diz que deve ser retirado todo alimento, medicamento de uso oral, inclusive agua afim de
suprir o estimulo da secreção pancreática. A antibioticoterapia deve ser feita apenas quando o
animal apresentar quadros de infeções sistêmicas, sepse. Em casos como esse a Clindamicina
ou Metronidazol tem um efeito positivo para o tratamento das infecções e que não terá
agravamento na pancreatite, ao contrario disso ele terá um efeito positivo sobre o tratamento
(BASTOS, 2005).
Segundo SIMPSON (2003), a intervenção cirúrgica deve ser pensada apenas para
aqueles pacientes onde mesmo com o tratamento clínico agressivo e adequado, esse esteja
apenas piorando, não tendo nenhum sinal de melhora, já que a cirurgia e indicada para
remover tecidos desvitalizados e com áreas de necrose.
Apesar de nenhum estudo comprovar o benefício no prognóstico da pancreatite, alguns
autores que tiveram a oportunidade de utilizar da transfusão de plasma, recomendam que seja
feita para potencializar o tratamento da pancreatite aguda grave, através da administração EV
de um volume de 10 a 20ml/kg durante um período de 4 a 6 horas. O volume e a velocidade
da infusão deve ser ajustados em função do estado cardiovascular do paciente
(WEATHERTON, 2009). Quanto a realização da cirurgia não existe nenhum estudo que
mostra melhora da taxa de sobrevivência após ser feita, portanto ela costuma ser evitada.
Situação ainda mais importante porque muitos animais com pancreatite grave são
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4. MATERIAIS E MÉTODOS
O Trabalho foi realizado com base em um levantamento bibliográfico que deu
sustentação para a produção de uma revisão de literatura. Através de recursos de materiais
didáticos, foram realizadas consultas em bibliotecas virtuais, sites especializados (Revista
Veterinária em Foco; Brazilian jornal of Veterinary Pathology), livros como: “ Consulta
veterinária em 5 minutos: espécie canina e felina”; Terapêutica Veterinária; Casos de Rotina;
Tratado de Anatomia Veterinária: cães e gatos; Fisiologia Veterinária, artigos, dissertações e
teses tirados de diversos sites como Scielo, artigos encontrados no Google Acadêmico,
VetTeses, World Veterinária. Também foram usados prontuários de casos acompanhados por
mim, para agregar material de conhecimento e sustentação de teses.
Além de livros, a pesquisa se valeu de fontes alternativas para somar em seu corpus
teórico como publicações inerentes ao assunto, de naturezas diversas, tais como artigos de
jornais e revistas de cunho científico e acadêmico. Também foi levado em conta boletins
informativos, dados estáticos de órgão como o Conselho Federal de Medicina Veterinária.
Deste modo, o trabalho consta com uma pesquisa ampla para a composição de um
trabalho de conclusão de curso na área de Medicina Veterinária. A modalidade de pesquisa na
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qual o estudo se enquadra em uma análise é a revisão de literatura, cuja finalidade é colocar
em evidencia conceitos, teorias baseadas em vários outros estudos, abrangendo vários
trabalhos científicos publicados por vários autores, sendo observados de muitos ângulos e
pontos de vistas e dando base para este trabalho.
Dados de pesquisa feita com comparações entre os animais no modo como foram
aplicados tratamentos e em exatidão e facilidade de se chegar a um diagnóstico foram de
extrema importância para compor essa revisão, para isso foi feito pesquisa em revistas
cientificas.
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pancreatite tem uma alta prevalência em cães que afeta a funcionalidade metabólica.
Pode ir de um prognóstico Favorável ao desfavorável em pouco tempo, isso irá depender do
tempo em que se demora para chegar ao diagnóstico e começar o tratamento. (TOMPSOM,
2014).
Alguns animais apresentam sinais como anorexia (91% dos casos), vómito (90%),
fraqueza (79%), dor abdominal (58%), desidratação (46%) e diarreia (33%) (HESS, 1998). Os
sinais clínicos na pancreatite crônica podem resultar de disfunções endócrinas ou exócrinas,
sendo que além de dor abdominal, o paciente pode vim a desenvolver outras doenças como a
diabetes mellitus ou insuficiência pancreática exócrina (WATSON, 2003).
HESS (2000) diz que a pancreatite pode afetar cães de qualquer idade, apesar de
ocorrer com mais incidência em indivíduos adultos e obesos. No ato da anamnese deve atentar
se ao uso de medicação em curso, ou seja, se o animal faz o uso de algum medicamento como
anticonvulsivos, medicamentos cardíacos ou medicação para tratamento de alguma doença
pré-existente, além disso também é preciso se atentar a qual é a dieta do paciente, já que uma
das possíveis causas da pancreatite seja uma alimentação rica em gordura ou com
desequilíbrios alimentares, assim como outros fator predisponente que são doenças
concomitantes.
de serem exames dispendiosos e que precisam de anestesia o que dificulta o seu uso rotineiro
no diagnóstico da pancreatite, por isso é descartada por muitos veterinários, que preferem não
expor o paciente a esta conduta. (XENOULIS, 2015).
A dor pode causar stress biológico que pode ser responsável por efeitos negativos nas
funções biológicas primárias, pelo que o tratamento da dor, para além de prevenir e mitigar o
sofrimento do animal, é também um objetivo médico de tratamento muito importante
(MOSES, 2017). Assim, devemos assumir que existe algum grau de dor em todos os cães com
pancreatite aguda (MANSFIELD & BETHS, 2015, STEINER, 2017) e os analgésicos devem
ser usados (STEINER, 2017).
tratada ou removida (WATSON, 2014) e, caso o animal tome medicação, deve-se avaliar se a
medicação que está a tomar é essencial ou se pode ser reduzida, interrompida ou substituída
(STEINER, 2017).
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A maior dificuldade em descobrir essa doença está no fato de não observar todos os
fatores e ângulos cuidadosamente. Ao juntar histórico com sinais clínicos apresentados deve
se ter um pensamento filtrado naquelas doenças que tem mais compatibilidade com o está
sendo apresentado em sua frente, seguido dos pedidos de exames de forma compatível.
REFERÊNCIAS
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incidence, etiology, clinical manifestation, diagnosis, treatment of pathology or its forms
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jul./aug. 2020.
TILLEY, L. P.; SMITH JR, F.W. K. Consulta veterinária em 5 minutos: espécie canina e
felina. 3ed. São Paulo 2008. p.238-239, p 370-371.
SOUZA, et.al. Pancreatite canina: O perigo na rotina dos médicos veterinários: Revisão.
PUBVET. v.15, n.03, a769, p.1-9, Mar., 2021.
WILLIAMS DA, STEINER JM. Canine exocrine pancreatic disease. In: Ettinger SJ,
Feldman EC. Textbook of veterinary internal medicine: diseases of the dog and cat. 6ª ed.
Philadelphia: W.B. Saunders; 2005. p.834-9.