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REVISÃO ANATO PATO I

FÍGADO E PÂNCREAS

Elisa Nicolsky - 151


Patologias do Fígado
Fígado
Fígado
• 8 segmentos:
Fígado
• Nutrição:
• Artéria hepática: 30% do sangue e 50% do O2
• Veia porta: 70% do sangue e 50% do O2

• Unidade funcional: lóbulo hepático


Fígado
• Ácino hepático:
Fígado

• Tipos celulares:
• Hepatócitos

• Células dos ductos biliares

• Células de Kupffer (sistema fagocitário mononuclear)

• Células estreladas (acumuladoras de gordura) → têm habilidade de se transformarem


em miofibroblastos e produzirem colágeno
Fígado

• Funções:
• Síntese: albumina, globulinas, fatores de coagulação, complemento, lipoproteínas,
colesterol, bile
• Metabolismo: glicose, proteínas, lipídeos, bilirrubina
• Catabolismo: NH3 → ureia, xenobióticos, hormônios (sexuais, insulina etc)
• Armazenamento: glicogênio, vitaminas, lipídeos, Fe, Cu
• Excreção: bile, colesterol
Fígado
• Enzimas:
• Aminotransferases
• ALT = TGP → totalmente citosólica → 1ª a alterar (mais específica)
• AST = TGO → citosólica e mitocondrial → altera depois (menos específica)
• Fosfatase alcalina
• GGT (gama glutamil-transpeptidase)

• Provas de função hepática:


• Albumina sérica
• Hemostasia: protrombina, tromboplastina, teste após vitamina K
• Bilirrubinas
Hepatites
• Conceito: quadro inflamatório que tem como principal alvo o hepatócito
• Específica: etiologia infecciosa
• VHA, VHB, VHC, VHD, VHE, VHF, VHG
• Vírus não hepatotrópicos: EBV, CMV, adenovírus, herpes vírus, febre amarela

• Inespecífica: etiologia não infecciosa


• Autoimune
• Alcoólica e por drogas
• Medicamentosa
• Doenças metabólicas
• Doenças de depósito
Hepatites
• Aguda:
• Maioria assintomática
• Quando sintomática:
• Icterícia
• Náuseas, vômitos, anorexia, fraqueza,
cefaleia, febre
• Fulminante: insuficiência hepática aguda
• Microscopia:
• Degeneração e apoptose de hepatócitos
• Necrose: focal, zonal, em ponte, panacinar
• Hiperplasia de células de Kupffer
• Colestase
• Regeneração
Hepatites
• Crônica:
• Alterações bioquímicas e sorológicas por mais de 6 meses
• Pode evoluir para cirrose
• Microscopia:
• Atividade inflamatória → indica progressão
• Fibrose (portal, septal)
• Necrose saca-bocados ou lesão de interface
• Degeneração e apoptose de hepatócitos
• Regeneração
Hepatite A
• Picornavírus RNA
• TEM VACINA!
• Transmissão fecal-oral
• Incubação: 15 a 50 dias
• Doença autolimitada na maioria das vezes → NÃO CRONIFICA
• 25% hepatite aguda → icterícia em 5-10% das crianças e 70-80% dos adultos
• <1% hepatite fulminante

• Marcadores:
• IgM anti-vírus A → infecção aguda
• IgG anti-vírus A → imunidade
Hepatite Fulminante
Hepatite Fulminante
Hepatite B
• Hepadnaviridae (vírus DNA)
• TEM VACINA!!!
• Incubação: 15 a 180 dias
• Transmissão:
• Parenteral
• Sexual
• Vertical
• Desconhecida (1/3 dos casos)
Hepatite B
• Vários padrões histológicos de lesão
• Marcadores:
• HBsAg → envelope
• HBcAg → core
• HBeAg → pré-core
• HBV DNA
• HBV DNA polimerase
• Ac anti-HBs, Ac cnti-HBc, Ac anti-HBe
• Proteína da região X
Hepatite B Óbito

~ 1%

35% Hepatite Aguda


Infecção por HBV Hepatite Crônica
Sintomática ~ 10%
65% 20-30%

Infecção ~ 90%
70-80% Cirrose
Subclínica
Transitória

100%
2-3%
2–6% Portador
Recuperação Carcinoma Hepatocelular
Assintomático
Hepatite D
• Vírus RNA defectivo
• Só infecta quando envelopado pelo VHB → CO-INFECÇÃO
• Causa de cirrose em crianças e jovens
• Marcador: Ac anti-VHD
• Distribuição geográfica:
• Amazônia
• Mediterrâneo
• Oriente Médio
Hepatite C
• Flaviridae (vírus RNA)
• Instabilidade genômica → NÃO TEM VACINA!!!
• Incubação: 15 a 150 dias
• Transmissão:
• Parenteral
• Sexual (5%)
• Vertical (4-8%)

• Marcadores:
• Ac anti-HCV
• HCV RNA
Hepatite C

Recuperação
20%

Hepatite Aguda 2-5% Carcinoma


Cirrose Hepatocelular
20%
80%
Infecção Persistente

80%
Infecção por HCV Hepatite Crônica

Obs.: É a hepatite crônica mais frequente e causa comum de transplante!


Hepatite C
• Microscopia:
• Infiltrado portal mais intenso
• Esteatose
• Folículos linfoides
Hepatite E
• Incubação: 15 a 60 dias
• Transmissão fecal-oral
• Doença autolimitada
• Pode haver formas graves em gestantes
• Distribuição geográfica:
• Ásia
• África
• Oriente Médio (Índia)
Hepatite Medicamentosa

• Fígado é o principal órgão metabolizador

• Amplo espectro de lesões

• Representa 10% das hepatites agudas

• Previsível (dose-dependente) X Não previsível


Hepatite Autoimune
• Predisposição genética
• Mais comum em mulheres
• Geralmente associada a outras doenças autoimunes: vasculites, artrites,
tireoidite, sjogren

• 10% das hepatites crônicas em adultos


• 20% das hepatites crônicas em crianças
• Clínica:
• Manifestações hepáticas (agudas ou crônicas)
• Auto-anticorpos séricos: anti-LKM
Hepatite Autoimune
• Tratamento: imunossupressores
• Evolução se não tratada:
• 40% óbito em 6 meses
• 40% cirrose

• Histologia das lesões:


• Necrose de hepatócitos
• Infiltrado inflamatório com muitos
plasmócitos
• Regeneração
Hepatite Alcoólica
• Geralmente crônica
• 10 a 15% evoluem para cirrose
• Fatores de risco:
• GENÉTICA (para adicção e para metabolização do álcool)
• Quantidade de álcool ingerida
• Continuidade
• Duração
• Sexo feminino
• Substâncias hepatotóxicas na bebida (o que se bebe)
• Desnutrição
• Outras condições associadas: obesidade, outra hepatite
Hepatite Alcoólica

ESTEATOSE

FÍGADO SAUDÁVEL CIRROSE

ESTEATO-HEPATITE
Hepatite Alcoólica
• Patogenia:

• Consome NAD, que é necessário


para oxidação de lipídeos
• Aumenta acetil-CoA, que é usada
na síntese de ácidos graxos
• O metabolismo gera radicais livres
• O metabolismo lesa mitocôndrias,
usadas na oxidação de lipídeos
Esteatose Hepática

• Macroscopia:

• Volume aumentado

• Cor amarelada
Esteatose Hepática

• Microscopia: acúmulo de
lipídeos no citoplasma dos
hepatócitos, empurrando
núcleo para a periferia
Esteato-Hepatite
• Microscopia:

• Acúmulo de lipídeos no
citoplasma dos
hepatócitos, empurrando
núcleo para a periferia
• Degeneração baloniforme
(hidrópica exacerbada)

• Infiltrado Inflamatório
• Corpúsculo de Mallory
(precipitação de proteínas do citoesqueleto)

• Fibrose: perivenular →
sinusoidal
Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica

• 25% Doença Hepática Gordurosa (NAFLD) → Esteato-Hepatite Não


Alcoólica (NASH)
• Prevalência: 20-30%
• 80% dos obesos e diabéticos
• Lesões: esteatose → esteato-hepatite
Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica
• Patogenia:
Obesidade → ↓ Adiponectina → Resistência à insulina (periférica e no fígado)

Promoção do crescimento
↑ Uso de lipídeos como fonte de energia (lipólise) celular (possível relação com
neoplasia)

↑ Aporte de ácidos graxos


Açúcares e
para o fígado
↑ Glicemia (não capta da + gorduras da dieta ESTEATOSE
alimentação e ainda libera (fontes de AG)
mais da lipólise)
Doença Hepática Gordurosa Não Alcoólica
Metabólitos da via de produção do triglicerídeo lesam hepatócitos por:
• Estresse do retículo endoplasmático
• Estresse mitocondrial → ROS → Promoção de inflamação pelas células de Kupffer

Transformação em miofibroblastos

Fibrose

ESTEATO-HEPATITE
Cirrose
• É o maior fator de risco para Carcinoma Hepatocelular!
• Causas:
• Hepatites:
• Alcoólica
• Virais (VHB, VHC)
• Drogas hepatotóxicas
• Autoimunes
• Obstrução biliar
• Doenças Metabólicas
• Idiopática
Cirrose
• Macroscopia: nódulos difusos formados por grupos de hepatócitos e envolvidos
por tecido conjuntivo, causando endurecimento do órgão
Cirrose
Cirrose
• Microscopia: septos de tecido conjuntivo, envolvendo grupos de hepatócitos em
regeneração e subvertendo a arquitetura lobular
Cirrose

• Microscopia: septos
de tecido conjuntivo
que conectam tratos
portais e envolvem
grupos de hepatócitos
em regeneração,
subvertendo a
arquitetura lobular
Esquistossome Hepática

• Formas de evolução:

• Forma hepatintestinal: formação de granulomas no intestino e fígado é capaz de conter


de conter os ovos e não cursa com fibrose portal
• Obs.: pode evoluir para FHE

• Forma hepatesplênica:
• 5 a 10% dos casos
• ↓ incidência ↓ prevalência ↓ mortalidade
Esquistossomose Hepática
• Macroscopia:
• Fibrose restrita aos tratos portais (Symmers-Bogliolo)
• Volume aumentado ou diminuído
• Saliências na superfície
Esquistossomose Hepática
• Microscopia:
• Fibrose restrita aos tratos portais (Symmers-Bogliolo)
• Presença de ovo e/ou granulomas
• Arquitetura lobular preservada
• Neoformação vascular
• Pigmento esquistossomótico
Esquistossomose Hepática
Esquistossome Hepática

• Complicações:
• Hipertensão portal → Varizes esofágicas → Hemorragia digestiva alta → Choque
hipovolêmico

Obs.: FUNÇÃO HEPÁTICA ESTÁ PRESERVADA!!!


Síndromes Hepáticas

• Icterícia:

• Conceito: pele e mucosas amareladas devido à hiperbilirrubinemia


• Etiologia:
• Hemólise (↑BI indireta/não conjugada)
• Defeitos de captação e transporte da bilirrubina
• Defeitos de conjugação na conjugação da bilirrubina
• Doença de Crigler-Najjar (tipos I e II)
• Doença de Gilbert
• Colestase
Colestase

• Conceito: dificuldade de drenagem da bile

• Sintomas:
• Acolia fecal
• Colúria
• Prurido
• ↑ FA ↑ GGT
Colestase
• Causas:
• Obstrução do canalículo biliar:
lesão hepatocelular (fármacos,
gravidez)
• Obstrução do dúctulo biliar:
colangiolite
• Obstrução do ducto biliar do
espaço porta: cirrose biliar primária,
atresia biliar intra-hepática
• Obstrução dos ductos biliares
interlobulares médios e grandes:
colangite esclerosante,
colangiocarcinoma
• Obstrução do ducto colédoco:
litíase biliar
Síndromes Hepáticas

• Hipertensão Portal:

• Conceito: aumento da pressão da veia porta acima de 17 mmHg


• Causas:
• Pré-hepáticas: trombose da veia porta, trombose da veia esplâncnica
• Hepáticas:
• Pré-sinusoidal: fibrose do espaço porta (esquistossomose, fibrose hepática congênita)
• Sinusoidal: vasoconstrição (↑endotelinas ↓NO) e deposição de colágeno no sinusoide (cirrose)
• Pós-sinusoidal: fibrose perivenular (cirrose)
• Pós-hepáticas: insuficiência cardíaca direita, síndrome de Budd-Chiari (trombose de veia
cava inferior)
Síndromes Hepáticas
• Hipertensão Portal:

• Manifestações:
• Ascite
fibrose → vasodilatadores (NO) → aumento
intenso do volume de sangue na circulação
abdominal + fluxo lentificado (+
hipoalbuminemia no caso de cirrose) →
extravasamento
• Esplenomegalia
• Varizes de esôfago
• Varizes do plexo hemorroidário
• Varizes periumbilicais (cabeça de
medusa)
• Shunt porto-sistêmico
Síndromes Hepáticas

• Hipertensão Portal:

• Manifestações:

• Congestão Hepática (fígado em noz moscada)


Síndromes Hepáticas

• Síndrome Hepatorrenal:

Fibrose + hipertensão portal → vasodilatadores (NO)

→ vasodilatação esplâncnica → hipoperfusão renal

→ rim interpreta como hipovolemia → ativação do

SRAA → vasoconstrição renal (com objetivo de diminuir a

filtração e preservar a volemia) → Insuficiência Renal Aguda


Síndromes Hepáticas

• Miocardiopatia Cirrótica:

Fibrose + hipertensão portal → vasodilatadores (NO) → diminuição da

RVP e saída de líquido para o espaço extravascular → redução da PA →

aumento do trabalho cardíaco (força e frequência) → hipertrofia →

descompensação → Insuficiência Cardíaca


Síndromes Hepáticas

• Síndrome Hepatopulmonar:

Fibrose + hipertensão portal → vasodilatadores (NO) → vasodilatação de

capilares pulmonar → desequilíbrio da relação ventilação/perfusão →

baixa oxigenação sanguínea → Hipoxemia


Síndromes Hepáticas

• Síndrome Hepatopulmonar:
Síndromes Hepáticas

• Encefalopatia Hepática:

Insuficiência Hepática (perda significativa de hepatócitos funcionais) →

redução da metabolização de amônia em ureia + shunt porto-sistêmico

→ acúmulo de amônia no SNC → desorientação, torpor, perda de

consciência → Óbito
Insuficiência Hepática

• Outras manifestações:

• Icterícia
• Hipoalbuminemia → edema
• Hemorragia
• Hiperestrogenismo → ginecomastia, atrofia testicular, infertilidade
• Hálito hepático (amônia)
Tumores Hepáticos
• Primários:
• Benignos:
• Adenoma hepatocelular
• Hemangioma
• Condições tumor-like:
• Hiperplasia nodular focal
• Nódulo macrorregenerativo
• Malignos:
• Carcinoma hepatocelular (CHC)
• Carcinoma fibrolamelar
• Hepatoblastoma
• Colangiocarcinoma

• Secundários: Metástases
Adenoma Hepatocelular
• Nódulo normalmente solitário de 5 a 15 cm (se múltiplos, adenomatose hepática)
• Muito comum em mulheres em idade fértil
• Associações:
• Estrógenos (anticoncepcionais, anabolizantes)
• Glicogenose tipo I e III
• Diabetes
• Obesidade

• Há indicação de ressecção
• Risco de hemorragia impede muitas biópsias
Adenoma Hepatocelular
• Macroscopia:

• Nódulo solitário de 5 a 15 cm
• Geralmente apresenta hemorragia

• Microscopia:

• Proliferação de hepatócitos em
trabéculas (1 ou 2 por trabécula)
• Não apresenta a estrutura de
espaço porta
Hemangioma
• Tumor benigno mais comum do fígado (acomete cerca de 5% da população)
• Malformação vascular: emaranhado de vênulas dilatadas com possível presença
de trombos

• Geralmente assintomático
• NUNCA DEVE SER BIOPSIADO!
• Ressecção em casos muito específicos:
• Paciente sintomático
• Crescimento rápido
• Síndrome de Kasabach-Merritt (sequestro de plaquetas)
Hemangioma

• Diagnóstico: exames de imagem


• Hiperecoico no US
• Capta contraste na TC e RM
Hiperplasia Nodular Focal

• Nódulo solitário de aproximadamente 5cm

• Mais comum em mulheres de 20 a 40 anos

• Assintomático

• NÃO É RESSECÁVEL!
Hiperplasia Nodular Focal

• Macroscopia:

• Nódulo solitário menor do que 5 cm

• Cicatriz central estrelada


Hiperplasia Nodular Focal

• Microscopia:

• Proliferação de hepatócitos
histologicamente normais em
placas

• Ausência de estrutura lobular

OBS.: teoria da artéria nutridora


Hiperplasia Nodular Focal
• Diagnóstico por imagem
Hiperplasia Nodular Focal
• Diagnóstico por imagem
Hiperplasia Nodular Focal
• Diagnóstico por imagem
Nódulo Macrorregenerativo
• Associado à cirrose
• Nódulos de 0,5 a 1,o cm
Nódulo Macrorregenerativo

• Microscopia: hepatócitos em
regeneração

• Hipercromasia
• Aumento da densidade nuclear
• Ausência de atipia significativa
Carcinoma Hepatocelular (CHC)
• 90% dos tumores hepáticos primários
• No Brasil, tem baixa prevalência com variações regionais
• Etiologia:
• Cirrose (70% do casos)
• VHB: é independentemente oncogênico (seu DNA se integra ao dos hepatócitos) e através
da cirrose
• VHC: é independentemente oncogênico (partes do ser genoma são oncogênicas por
mecanismo ainda não esclarecido) e através da cirrose
• NASH
• Aflatoxinas (toxinas de fungos presentes em amendoins, cereais etc)
• Substâncias químicas (pesticidas, solventes orgânicos, hidrocarbonetos etc)
• Anabolizantes: é independentemente oncogênico e causa cirrose
• Efeito carcinogênico permanece 10 a 15 anos após interrupção do uso
CARCINOMA HEPATOCELULAR

Célula Precursora
de Hepatócito
Hepatócito Colangiócito
Maduro

Célula Hepática
Precursora
TUMOR MISTO

Colangiócito
Maduro

Célula Precursora do
Colangiócito
COLANGIOCARCINOMA
Carcinoma Hepatocelular

• O carcinoma responde ao tratamento de forma diferente dependendo


da origem das células

• Num mesmo carcinoma, há populações diferentes de células que


tiveram origens diferentes → DESAFIO PARA O TRATAMENTO
Carcinoma Hepatocelular
• Patogênese: Inativação de genes
supressores de tumor
(p53, PTEN, Rb, RUNX3,
Inflamação crônica receptor tipo II TGF-β)
Regeneração constante

Hepatócito normal → Dano ao DNA → Nódulo displásico → CHC

Ativação de fatores
de crescimento Ativação de gene
(IGF-2, TGF-α) imortalizador (Raf, myc)
Carcinoma Hepatocelular
• Macroscopia:
• Nodular (65%): nódulos únicos ou múltiplos
Carcinoma Hepatocelular

• Macroscopia:

• Maciço (23%): lesão volumosa,


mal delimitada
Carcinoma Hepatocelular

• Macroscopia:

• Difuso (12%): pequenos nódulos


difusos que se confundem com
cirrose
Carcinoma Hepatocelular
• Microscopia:
• Trabecular: muitos hepatócitos por trabécula
Carcinoma Hepatocelular
• Microscopia:
• Trabecular: muitos hepatócitos por trabécula
Carcinoma Hepatocelular

• Microscopia:

• Pseudoglandular:
• Disposição dos hepatócitos
lembra ácinos (trabéculas
com centros amplos)
• Ductos biliares muito
dilatados
Carcinoma Hepatocelular
• Microscopia:
• Sólido:
• Desorganização da arquitetura pela proliferação intensa de hepatócitos
• Não visualização dos sinusoides
Carcinoma Hepatocelular

• Padrão “wash out”: o contraste


não permanece na lesão no tempo
seguinte ao aórtico
Carcinoma Hepatocelular

• Evolução:

• Altamente maligno
• Disseminação precoce:
• Próprio fígado
• Linfonodos regionais
• Veia porta
• Sobrevida curta
Carcinoma Fibrolamelar

• É uma variante do CHC

• Acomete majoritariamente adolescentes e jovens

• Não tem relação com cirrose, VHB/VHC ou alcoolismo

• Apresenta crescimento lento


Carcinoma Fibrolamelar

• Macroscopia:
• Massa volumosa e solitária
• Fibrose exuberante
Carcinoma Fibrolamelar
• Microscopia: grupos ou trabéculas de hepatócitos separados por traves fibrosas
Carcinoma Fibrolamelar
Hepatoblastoma
• Associado a anomalias congênitas
• Geralmente manifesta-se aos 2 anos de vida
• Mais comum no sexo masculino
• Prognóstico ruim se diagnóstico não for precoce:
Ruptura → insuficiência hepática → disseminação

• Subtipos:
• Epitelial
• Misto: epitelial e mesenquimal
• Anaplásico
Hepatoblastoma

• Macroscopia:

• Nódulo único de 5 a 25 cm
• Geralmente localizado em
lobo direito
• Pode apresentar cistos,
necrose e hemorragia
Hepatoblastoma

• Microscopia:

• Hepatócitos imaturos
• Deposição de colágeno
Hepatoblastoma
• Microscopia:

• Hepatócitos
imaturos
• Deposição de
colágeno
• Hematopoese
extramedular
Hepatoblastoma
• Microscopia:

• Hepatócitos imaturos

• Deposição de colágeno

• Hematopoese extramedular

• Atipias nucleares

• Nucléolos evidentes
Hepatoblastoma

• Áreas mixoide:

• Cartilagem

• Células musculares
Colangiocarcinoma
• Origem: epitélio dos ductos intra ou extra-hepáticos
• É um adenocarcinoma
• 10% dos tumores primários do fígado
• Mais comum após a 5ª década de vida
• Não tem associação com cirrose
• Etiologia pouco conhecida:
• Exposição Thorotrast (usado como contraste antigamente)
• Clonorchis sinensis (platelminto)
• Doenças de vias biliares: cisto colédoco, Doença de Caroli, colangite esclarosante
Colangiocarcinoma

• Intra-hepático: periférico

• Extra-hepático:
• Hilar
• Ducto hepático comum até borda superior do duodeno
• Ducto biliar distal (entre borda superior do duodeno e ampola de Vater)
Colangiocarcinoma

• Macroscopia:

• Lesão branca e firme de


tamanho variado
• Fígado esverdeado
• Disseminação intra-hepática
relacionada às vias biliares
Colangiocarcinoma

• Microscopia:
adenocarcinoma desmoplásico
(fibrose intensa)
Colangiocarcinoma

• Disseminação precoce → prognóstico ruim


Questão

Qual é o diagnóstico?

Quais características macroscópicas te permitem chegar a ele?


Metástases Hepáticas
• Nódulos difusos de tecido diferente do
hepático em meio a tecido hepático
preservado
• Geralmente apresentam áreas de
umbilicação (necrose) central
• Maioria hipovascular em exames de
imagem
• Exceções: carcinomas de células renais, de
tireóide, de mama, tumores carcinoides,
neuroendócrinos e melanoma
Patologias do Pâncreas
Pâncreas

• Exócrino: ácinos e ductos


• Endócrino: ilhotas de
Langerhans
Pâncreas Exócrino

• Produção de enzimas inativadas (zimogênios):


• Tripsina
• Lipase Ativadas por:
• Enterocinase intestinal
• Amilase • Tripsina
• Outras: elastases, fosfolipases etc.
Inibidores da tripsina:
• Produção de bicarbonato • Autoclivagem
• SPINK1
Fibrose Cística
• Herança autossômica recessiva → defeito no gene CTRF (codificador de canais
iônicos, principalmente de cloretos)

• Doença sistêmica que afeta glândulas exócrinas


• Cerca de 85% dos pacientes têm algum nível de acometimento
pancreático
• Mais prevalente em brancos
• Manifestações se iniciam na infância
• Grande número de mutações → amplo espectro de apresentação clínica
• ∆F 508 mais prevalente
Fibrose Cística
• Efeitos sistêmicos:
• ↑ Secreção de NaCl no suor
• Secreções mais viscosas → rolhas/tampões proteicos → OBSTRUÇÃO
• No pulmão: retenção de muco viscoso → infecções de repetição → bronquiectasia
• No intestino: íleo meconial → obstrução intestinal
• No fígado: fibrose → cirrose
• No pâncreas: obstrução ductal → hipotrofia → má absorção intestinal → desnutrição
esteatorreia/diarreia
Diabetes Mellitus (casos mais avançados)
Fibrose Cística
• Macroscopia:
• Redução do volume
• Fibrose e endurecimento
• Formação de pequenos cistos

• Microscopia:
• Secreção acidófila na luz dos ductos
• Dilatação de ductos e ácinos (epitélio afinalado)
• Desaparecimento do parênquima
• Fibrose
Fibrose Cística

• Triagem neonatal: teste do pezinho

• Melhor prognóstico → maior sobrevida


Pancreatite Aguda

• Apresentação:
• Forma leve: edematosa ou intersticial (80%)
• Forma grave: necro-hemorrágica (20%)

• Vias:
• Obstrução ductal
• Lesão de células acinosas
• Transporte intracelular defeituoso
Pancreatite Aguda
• Etiologia:
• LITÍASE BILIAR → obstrução da papila de Vater
• Álcool → estímulo para maior produção de enzimas + lesão das células acinosas +
obstrução do esfíncter de Oddi
• Medicamentos → lesão das células acinosas
• Traumatismos → lesão das células acinosas
• Infecções: caxumba → lesão das células acinosas
• Mutações: genes codificadores de tripsinogênio e de SPINK1 → defeito na inativação da
tripsina
• Autoimune: doença associada à IgG4
• Idiopática
Pancreatite Aguda

• Mecanismo forma edematosa:

Refluxo do conteúdo duodenal


ou do conteúdo biliar

Liberação e ativação das enzimas → vasodilatação + aumento da permeabilidade

vascular → exsudação → Edema + Reação inflamatória


Pancreatite Aguda
• Mecanismo forma necro-hemorrágica:
tripsina Necrose parenquimatosa
quimiotripsina
fosfolipases A
lisolecitina

lipase
Liberação e ativação das enzimas → Autodigestão Necrose adiposa

elastase
Refluxo do conteúdo duodenal
ou do conteúdo biliar
Necrose da parede vascular → Hemorragia
Pancreatite Aguda
Macroscopia: esteatonecrose ou “necrose em pingo de vela”: destruição do
parênquima com hemorragia (aspecto enegrecido) e áreas amareladas de saponificação
(precipitação de gordura e cálcio através da ação da lipase)
Pancreatite Aguda

• Microscopia:

• Necrose do parênquima
• Infiltrado inflamatório
intenso
• Hemorragia
• Pseudocistos
Pancreatite Aguda
• Aspectos clínicos:

• Dor abdominal em faixa, que se irradia para o dorso, contínua e intensa


• Náuseas e vômitos
• Febre
• Taquicardia e hipotensão
• Equimoses no flanco (sinal de Gray Turner)
• Equimoses periumbilicais (sinal de Cullen)
• Icterícia (obstrução do ducto colédoco)
• Aumento intenso de amilase e lipase
• Redução do cálcio sérico
Pancreatite Aguda

• Complicações:

• Choque hipovolêmico
• Dano alveolar difuso (SARA)
• Coagulação intravascular difusa → consome os fatores de coagulação →
hemorragia
• Insuficiência renal aguda
• Abcesso pancreático
• Obstrução duodenal e do colédoco
Pancreatite Crônica
• Inflamação persistente do pâncreas
• Principal causa: ALCOOLISMO
• Patogênese:

Toxicidade direta às células acinares → suco pancreático litogênico (mais espesso) →

estresse oxidativo → ativação prematura dos zimogênios

Obs.: uma pancreatite crônica estabelecida pode ter episódios de agudização


Pancreatite Crônica

• Macroscopia:

• Órgão endurecido pela


fibrose
• Aumento da gordura
peripancreática
Pancreatite Crônica

• Microscopia:

• Fibrose intensa
• Necrose do parênquima
• Pouco infiltrado
inflamatório
• Dilatação de ductos
(cistos)
• Pode haver calcificações
Pancreatite Crônica

• Aspectos clínicos:

• Período assintomático
• Dor abdominal contínua ou recorrente pós alimentar
• Icterícia (obstrução do colédoco por fibrose)
• Insuficiência exócrina → esteatorreia/diarreia (precoce)
• Insuficiência endócrina → diabetes (tardia)
• Emagrecimento
• Aumento discreto de amilase e lipase séricas
Pancreatite Crônica

• Complicações:

• Estenose de vias biliares


• Trombose de veia porta
• Hemorragia digestiva
• Neoplasia pancreática??? → CONTROVERSO
• Exceção: pancreatite crônica hereditária
Adenocarcinoma Ductal do Pâncreas
• 90 a 95% dos tumores pancreáticos
• Mais frequente na 7ª década de vida
• Predomina em homens e negros
• Geralmente diagnosticado tardiamente
• Principais fatores de risco:
• Tabagismo
• Dieta rica em gordura e pobre em fibras
Adenocarcinoma Ductal do Pâncreas
• Carcinogênese: neoplasia intraepitelial pancreática
Adenocarcinoma Ductal do Pâncreas

• Microscopia:

• Formação glandular atípica


• Estroma desmoplásico
• Comumente há invasão
vascular precoce
Adenocarcinoma Ductal do Pâncreas

• Microscopia:
• Invasão perineural
Adenocarcinoma Ductal do Pâncreas
• Macroscopia: lesão esbranquiçada de tamanhos variados e contornos irregulares
Adenocarcinoma Ductal do Pâncreas
• Sedes:
• Cabeça e corpo (70%) → sinais mais precoces
• Cauda → sinais mais tardios

• Aspectos clínicos:
• Dor abdominal (50% dos casos)
• Emagrecimento (50% dos casos)
• Icterícia (20% dos casos)
• Pancreatite
• Diabetes Mellitus de início recente

• Prognóstico muito ruim: sobrevida em 5 anos menor do que 5%


Boa Prova!

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